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Atendimento
Pré-Hospitalar
Atendimento
Pré-Hospitalar
Jefferson Luiz
Atendimento
Pré-Hospitalar
Natal/RN
2016
presidente
PROF. PAULO DE PAULA
diretora acadêmica
PROFA. LEIDEANA BACURAU
FICHA TÉCNICA
projeto gráfico
ADAUTO HARLEY SILVA
diagramação
MAURIFRAN GALVÃO
designer instrucional
PROFA. ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
ilustração
RAFAEL EUFRÁSIO DE OLIVEIRA
ISBN 978-85-68100-93-6
Inclui referências
O material didático do Sistema de Aprendizado itb propõe ao aluno uma linguagem objetiva, sim-
ples e interativa. Deseja “conversar” diretamente, dialogar e interagir, garantir o suporte para o es-
tudante percorrer os passos necessários a sua aprendizagem. Os ícones são disponibilizados como
ferramentas de apoio que direcionam o foco, identificando o tipo de atividade ou material de estudo.
Observe-os na descrição a seguir:
Curiosidade – Texto para além da aula, explorando um assunto abordado. São pitadas de conheci-
mento a mais que o professor pode proporcionar ao aluno.
Importante! – Destaque dado a uma parte do conteúdo ou a um conceito estudado, que seja con-
siderado muito relevante.
Querendo mais – Indicação de uma leitura fora do material de estudo. Vem ao final da competência,
antes do resumo.
Vocabulário – Texto explicativo, normalmente curto, sobre novos termos que são apresentados no
decorrer do estudo.
Você conhece? – Foto e biografia de uma personalidade conhecida pelas suas obras relacionadas
ao objeto de estudo.
Atividade – Resumo do conteúdo praticado na competência em forma de exercício. Pode ser apre-
sentado ao final ou ao longo do texto.
Mídias – Contém material de estudo auxiliar e sugestões de filmes, entrevistas, artigos, podcast e
outros, podendo ser de diversas mídias: vídeo, áudio, texto, nuvem.
Diálogos – Convite para discussão de assunto pelo chat do ambiente virtual ou redes sociais.
Sumário
Apresentação institucional....................................................................................................11
Palavra do professor autor......................................................................................................13
Apresentação das competências...........................................................................................15
Competência 01
Contextualizar a Importância do Atendimento Pré-Hospitalar (APH)............................. 19
Histórico e Fundamentação Legal para o Atendimento Pré-Hospitalar.........................19
Histórico de APH:...............................................................................................................21
Atributos do Socorrista......................................................................................................22
Legislação Pertinente........................................................................................................23
Preservação do local do acidente....................................................................................25
Direitos da pessoa que estiver sendo atendida..............................................................25
Equipamentos e Materiais de Suporte para APH............................................................26
Suporte para proteção individual.....................................................................................26
Suporte para avaliação geral do acidentado..................................................................27
Suporte para Reanimação Cardiopulmonar (RCP).........................................................29
Suporte para imobilização, remoção e transportes de vítimas..................................... 31
Suporte para curativos......................................................................................................33
Suporte para demais serviços operacionais...................................................................34
Resumo..............................................................................................................................34
Autoavaliação.....................................................................................................................35
Competência 02
Aplicar a Biossegurança no APH....................................................................................... 39
Objetivos da Biossegurança no APH................................................................................39
Objetivos específicos da Biossegurança no APH............................................................40
Portas de entrada dos microrganismos...........................................................................40
Medidas de prevenção e controle de infecção............................................................... 41
Limpeza, descontaminação, desinfecção e esterilização..............................................43
Limpeza..............................................................................................................................43
Descontaminação.............................................................................................................43
Desinfecção.......................................................................................................................45
Esterilização.......................................................................................................................46
Higiene e antissepsia das mãos......................................................................................46
Resumo..............................................................................................................................48
Autoavaliação.....................................................................................................................49
Competência 03
Realizar a avaliação geral do acidentado......................................................................... 53
Conceitos de Anatomia Humana......................................................................................54
Posição Anatômica............................................................................................................54
Divisões do Corpo Humano..............................................................................................55
Termos de Relação ou Comparação................................................................................56
Realizar avaliação geral do acidentado...........................................................................58
Princípios da Avaliação Primária......................................................................................58
Avaliação Primária.............................................................................................................59
Protocolo Operacional.......................................................................................................60
Resumo..............................................................................................................................65
Autoavaliação.....................................................................................................................65
Competência 04
Realiza a reanimação cardiopulmonar............................................................................. 69
Sistema Respiratório.........................................................................................................70
Sistema Cardiovascular....................................................................................................72
Obstrução Parcial das Vias Aéreas (VVAA).......................................................................76
Obstrução Total das VVAA.................................................................................................76
Realizar Reanimação Cardiopulmonar (RCP)..................................................................79
Princípios da RCP..............................................................................................................79
RCP Eficiente......................................................................................................................81
Especificidades da RCP (bebê, criança, adulto e afogados...........................................84
Resumo..............................................................................................................................86
Autoavaliação.....................................................................................................................87
Competência 05
Prestar atendimento a vítimas de choque elétrico.......................................................... 91
O choque elétrico e seus efeitos no organismo humano............................................... 91
Conduta em emergências envolvendo o choque elétrico..............................................92
Epiderme e tratamento de queimaduras........................................................................95
Conduta APH em queimaduras........................................................................................98
Resumo............................................................................................................................101
Autoavaliação...................................................................................................................101
Competência 06
Atuar em ocorrências de traumas................................................................................... 107
Sistema Musculoesquelético..........................................................................................107
Sistema Muscular............................................................................................................107
Sistema Esquelético........................................................................................................109
Entorse, luxação e fratura...............................................................................................112
Condutas de APH para Fraturas.....................................................................................115
Protocolo em caso de fraturas.......................................................................................116
Resumo............................................................................................................................ 117
Autoavaliação................................................................................................................... 117
Competência 07
Realizar Curativos............................................................................................................ 121
Sistema Tegumentar.......................................................................................................121
Hemorragias....................................................................................................................122
Conduta do APH para hemorragias................................................................................124
Conduta APH para curativos...........................................................................................128
Resumo............................................................................................................................129
Autoavaliação...................................................................................................................129
Competência 08
Aplicar as técnicas para transporte e remoção de vítimas............................................ 133
Técnicas de transporte e remoção de vítimas..............................................................133
Remoção e transporte de vítimas: com o próprio corpo..............................................134
Riscos ergonômicos para o socorrista nas operações de remoção e
transporte de vítimas......................................................................................................134
Remoção e transporte de vítimas: com meios de fortuna...........................................135
Remoção e transporte de vítimas: com equipamentos e materiais
técnicos de APH...............................................................................................................136
Resumo............................................................................................................................140
Autoavaliação...................................................................................................................140
Referências.............................................................................................................................142
Gabarito..................................................................................................................................144
Conheça o autor.....................................................................................................................145
Apresentação institucional
Atendimento Pré-Hospitalar
O Instituto Tecnológico Brasileiro (itb) foi construído a partir do sonho de educadores e
empreendedores reconhecidos no cenário educacional pelas suas contribuições no desen-
volvimento econômico e social dos Estados em que atuaram, em prol de uma educação de
qualidade nos níveis básico e superior, nas modalidades presencial e a distância.
Esta experiência volta-se para a educação profissional, sensível ao cenário de desen-
volvimento econômico nacional, que necessita de pessoas devidamente qualificadas para 11
ocuparem vagas de trabalho e garantirem suporte ao contínuo crescimento do setor pro-
dutivo da nação.
O Sistema itb de Aprendizado Profissional privilegia o desenvolvimento do estudante a
partir de competências profissionais requeridas pelo mundo do trabalho. Está direcionado
a você, interessado na construção de uma formação técnica que lhe proporcione rapida-
mente concorrer aos crescentes postos de trabalho.
No Sistema itb de Aprendizado Profissional o estudante encontra uma linguagem clara
e objetiva, presente no livro didático, nos slides de aula, no Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem e nas videoaulas. Neste material didático, um verdadeiro diálogo estimula a leitura, o
projeto gráfico permite um estudo com leveza e a iconografia utilizada lembra as modernas
comunicações das redes sociais, tão acessadas nos dias atuais.
O itb pretende estar com você neste novo percurso de qualificação profissional, con-
tribuindo decisivamente para a ampliação de sua empregabilidade. Por fim, navegue no
Sistema itb: um estudo prazeroso, prático, interativo e eficiente o conduzirá a um posicio-
namento profissional diferenciado, permitindo-lhe uma atuação cidadã que contribua para
o seu desenvolvimento pessoal e do seu país.
Palavra do professor autor
Atendimento Pré-Hospitalar
Meu amigo ou minha amiga especialista. Se você me permite, é assim que gostaria de me
dirigir a você, pois acredito que para adentrar neste mundo de conhecimento técnico e cientí-
fico, executando com eficácia e eficiência procedimentos que podem salvar vidas, temos que
ser realmente especialistas.
Este livro tem como foco o intuito de dar um suporte básico à vida, quando esta apresentar-
-se num momento de risco ou ameaça: estou falando da arte de prestar Primeiros Socorros. 13
Acredito que todo mundo um dia já passou pela experiência de viver, observar ou ouvir
um caso de um acidente com risco iminente à vida ou à saúde. Sabemos que é um momento
tenso, que inspira medo, dúvida e insegurança. Para tanto, as personagens desse Teatro de
Operações - termo comumente utilizado - necessitam de diretrizes e conhecimentos mínimos
para que saibam como se comportar nessa situação de crise, sejam essas personagens os
curiosos, as vítimas, os socorristas etc., enfim, todos os envolvidos.
Muitas vezes somos ingênuos em pensar de que isso nunca vai acontecer conosco, mas é
natural e muito provável que um dia possamos passar por acidentes, e isso pode ocorrer em
qualquer lugar: em nossos lares, nas ruas, nos locais de trabalho, nos momentos de lazer;
e com qualquer pessoa: nossos amigos, familiares, conhecidos e também desconhecidos.
E então, Especialista, como está você? Será que está preparado? Em qualquer momento al-
guém pode precisar de Primeiros Socorros. Será que você estará disponível e apto pra ajudar?
Com esse material didático temos a honra de poder assessorá-lo na construção de com-
petências que poderão mudar a sua vida e a de muitos outros, no exercício de prestar assis-
tência de primeiros socorros em situações de risco iminente à vida ou à saúde do acidentado,
demonstrando assim uma grande missão de amor ao próximo.
Bons estudos!
Atendimento Pré-Hospitalar
14
Apresentação das competências
Atendimento Pré-Hospitalar
Vamos conhecer as competências que tornarão você capaz de prestar atendimento pré-
-hospitalar em situações de emergência.
Na competência 1 iremos contextualizar a importância do Atendimento Pré-Hospitalar
(APH), conhecendo sua história e identificando os materiais e equipamentos básicos que
ajudarão você a desempenhar um melhor atendimento às vítimas das diversas ocorrências
que possam surgir. 15
Em APH é fundamental garantir nossa aptidão, conjuntamente com a possibilidade de
nos manter livre de contaminações e infecções. Esse conhecimento conseguiremos atra-
vés da aplicação da Biossegurança no APH, apresentada na competência 2.
Na competência 3 realizaremos a avaliação geral do acidentado. No estudo da deso-
bstrução das Vias Aéreas, você terá a oportunidade de identificar os vários tipos de obs-
truções das vias respiratórias, bem como saberá como realizar a desobstrução específica
para cada caso.
Na 4ª competência você aprenderá a realizar uma reanimação cardiopulmonar, com-
preendendo como se dá uma parada cardíaca e, acima de tudo, vai saber também como
proceder a reanimação e todas as suas particularidades. Nessa competência também ire-
mos conhecer e aprender a manusear um equipamento com alto nível tecnológico capaz
de fazer o coração voltar a bater em tempo hábil com apenas um toque: o Desfibrilador
Externo Automático (DEA).
Prestar o primeiro atendimento às vítimas de choque elétrico será o objetivo de nossa
5ª competência.
Após a 6ª competência, você estará apto a atuar em ocorrências de traumas. Você verá
como minimizar os efeitos provocados por diversos traumas utilizando-se de técnicas de
imobilizações e contenção de grandes sangramentos.
Na competência 7 iremos realizar curativos, e você aprenderá como proceder no caso
de queimaduras e ferimentos diversos, realizando curativos e técnicas específicas.
Por fim, iremos aplicar as técnicas para transporte e remoção de vítimas na 8ª e última
competência, de forma que as lesões não sejam agravadas nessa etapa tão importante do
atendimento.
Esse componente tem por objetivo criar condições para que você possa desenvolver
conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para a realização de um atendimento
pré-hospitalar adequado mesmo em situações de emergência.
Esse livro foi desenvolvido pautado nos protocolos internacionais da American Heart
Association, nos Protocolos Operacionais do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco
(Manual de Primeiros Socorros do Major BM Edson Marconni), bem como nas Literaturas
Desenvolvidas pelo Programa de Ensino e Pesquisa em Emergências, Acidentes e Violên-
cias da Universidade de Pernambuco.
E então, amigo especialista, animado para desbravar este conteúdo tão importante
para nossas vidas?
Vamos adiante!
Competência
01
Contextualizar
a Importância do Atendimento
Pré-Hospitalar (APH)
Contextualizar
a Importância do Atendimento
Pré-Hospitalar (APH)
Olá, especialista, vamos iniciar nossa construção de conhecimento. Imagine que atu-
almente inúmeras pessoas são vítimas de violência e de acidentes, mas não só isso, tam-
bém são vítimas de um socorro mal feito e que contribui para hospitalizações prolongadas,
Atendimento Pré-Hospitalar
lesões permanentes ou até a morte. Talvez você já tenha presenciado algumas situações
de emergências que tenham requerido assistência pré-hospitalar.
E ainda hoje, a cada instante, continua assim: o Senhor Vítima envolvido em acidentes
automobilísticos, violências urbanas, catástrofes naturais, acidentes de trabalho, até mes-
mo acidentes domésticos durante o lazer.
O Senhor Vítima sempre existiu e vai existir, e com toda certeza ele vai precisar de um
socorrista especializado, como eu ou você, para ajudá-lo a minimizar seus traumas e até 19
mesmo eliminar o risco de morte durante as emergências.
Neste primeiro momento você vai se ambientar com o modelo de estudos aqui espe-
cificado, bem como vai se familiarizar aprendendo alguns enunciados e termos que vão
ajudá-lo a contextualizar a importância do Atendimento Pré-Hospitalar (APH).
Curiosidade
Cruz Vermelha: o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Cres-
cente Vermelho é um movimento internacional humanitário com aproxi-
madamente 97 milhões de voluntários em todo o mundo. Seu objetivo é
proteger a vida e a saúde humana, prevenindo e aliviando sofrimento hu-
mano, sem discriminação baseada em nacionalidade, raça, sexo, religião,
classe social ou opiniões políticas. Esse movimento emprega cerca de 97
milhões de pessoas, sendo a grande maioria voluntária e cerca de 12 mil
trabalhadores em tempo integral. A missão oficial do Comitê Internacio-
nal da Cruz Vermelha é atuar como uma organização imparcial, neutra e
independente para proteger a vida e a dignidade das vítimas de conflitos
armados internos e externos.
Saiba mais em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_In-
ternacional_da_Cruz_Vermelha_e_do_Crescente_Vermelho>.
Atendimento Pré-Hospitalar
<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/d6/Emblem_of_the_ICRC_pt.svg/461px-Emblem_of_the_
ICRC_pt.svg.png>. Acesso em: 30 maio 2016.
Histórico de APH: 21
Em 1960 uma segunda tentativa de implantar o serviço de atendimento pré-hospitalar
ocorreu no Brasil, a partir de uma política nacional intitulada Serviço de Atendimento Mé-
dico Domiciliar de Urgência (SAMDU). O SAMDU tinha por finalidade prestar o atendimento
nas residências com a presença de um médico ou acadêmico de medicina na ambulância
coordenando a equipe. No âmbito federal, destaca-se a proposta da Política Nacional de
Atenção às Urgências e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) do Sistema
Único de Saúde.
Por volta da década de noventa a Organização Mundial da Saúde (OMS) e vários progra-
mas em âmbito federal estavam alertas para buscar a redução da morbimortalidade dos
acidentes de trânsito. Desse modo, surgiram em vários estados brasileiros muitos serviços
de Atendimento Pré-Hospitalar devidamente regulamentados e protocolados pela Associa-
ção Americana do Coração (AHA), com a finalidade de prestar primeiros socorros às vítimas
de traumas diversos em vias públicas.
Internet
Aprofunde-se um pouco mais visitando o site que fala da Organização Mun-
dial da Saúde (OMS) e da Organização Pan Americana da Saúde (OPAS),
acesse: <http://www.paho.org/bra/>.
de Emergência e Trauma, que orientou às Secretarias Estaduais de Saúde para que crias-
sem uma estrutura semelhante.
22
Curiosidade
A ideia do primeiro museu de Bombeiros do Brasil surgiu na Alemanha,
em 1976, quando o Comandante Geral do Corpo de Bombeiros do Rio de
Janeiro (CBMERJ), o Coronel Evaristo Antônio Brandão Siqueira, partici-
pou do Congresso Internacional do Fogo. Ele mobilizou os quartéis do
Estado e em 02 de Julho de 1977 nascia o Museu do CBMERJ, que hoje
possui um acervo virtual: <http://www.museu.cbmerj.rj.gov.br>.
Atributos do Socorrista
Quem se propõe a prestar primeiros socorros deve aprender a controlar suas emoções e
a lidar com pessoas descompensadas emocionalmente que possam estar no local do sinis-
tro ou acidente. Por fim, ter capacidade de liderança para, em situações adversas, propiciar
segurança para todos os envolvidos, principalmente para a vítima ou paciente.
Um bom socorrista deve possuir os seguintes atributos:
1. Autocontrole;
2. Raciocínio rápido mediante emoções fortes;
3. Liderança;
4. Responsabilidade.
Atendimento Pré-Hospitalar
1. Conhecimentos técnicos específicos - Ter domínio dos procedimentos operacionais
em emergência, conhecer funções e sistemas do corpo humano, bem como enten-
der os procedimentos legais e administrativos que envolvem um acidente.
4. Experiência com APH em situações de crise - Buscar vivências práticas nos exercí-
cios simulados, assistindo ocorrências ou mesmo atuando na atividade operacional
de atendimentos pré-hospitalar, os quais vão garantir a tranquilidade necessária no
local do acidente.
Legislação Pertinente
Para que você realmente possa desenvolver suas atividades em âmbito profissional
nas diversas áreas que o mercado apresenta, tanto em instituições civis como milita-
res, é importante conhecer algumas legislações específicas (normas, leis, portarias e
artigos), as quais podem propiciar-lhe segurança em meio à aplicabilidade de garantias,
direitos e deveres.
(BRASIL, 1988)
(BRASIL, 1978)
• Instrui a realização suporte básico de vida, com ações não invasivas e sob supervi-
são médica direta ou à distância, obedecendo aos padrões de capacitação e atua-
ção previstos na Portaria.
Atendimento Pré-Hospitalar
2. Risco de morte para vítimas;
3. Risco de morte para socorristas;
4. Risco de morte para outros envolvidos;
5. Risco de novos eventos de acidentes;
6. Impossibilidade física de acesso às vítimas;
7. Impossibilidade de outras formas de socorro e salvamento.
25
Quando necessário, o socorrista pode adentrar e até mesmo descaracterizar todo o lo-
cal do acidente para socorrer, remover e transportar qualquer pessoa vitimada. Além disso,
o socorrista também poderá modificar o cenário da ocorrência quando precisar de acesso
ao local onde estiver a vítima, quando necessitar promover formas alternativas de socorro
e também para manter a segurança dos socorristas e de todos os envolvidos na ocorrência,
inclusive curiosos. Isso se dá pelo valor prioritário à vida.
Atividade 01
Atendimento Pré-Hospitalar
26
Equipamentos e Materiais de Suporte para APH
É muito importante que o socorrista conheça e use adequadamente os equipamentos
e materiais aplicados no APH, os quais chamaremos de suporte. Para melhor observação
e entendimento, saiba que todos eles poderão ser utilizados numa mesma ocorrência e ao
mesmo tempo por uma determinada equipe, a depender da necessidade.
Atendimento Pré-Hospitalar
tWfN7kHGyetsB_9w>.
Acesso em: 30 maio 2016.
Fonte: <http://www.casaevideo.com.br/wcsstore/ExtendedSites
CatalogAssetStore/JPG1000/saude/2086212.jpg>. Acesso em: 30 maio 2016.
• Esfigmomanômetro - serve para executar aferição da pressão arterial juntamente
com o Estetoscópio.
Atendimento Pré-Hospitalar
• Lanterna pupilar - serve para checar o diâmetro, a simetria e a fotorreação das pupilas.
Curiosidade
Você sabia que as pupilas são fotorreagentes e regulam a intensidade da
luz que chega a retina de seus olhos? Quando suas pupilas estão sob a
luz do sol ao meio dia, elas se contraem e ficam com 1,5 milímetros de di-
âmetro. Já na escuridão da noite, as pupilas ficam até sete vezes maiores
na tentativa de enxergar mais. Em latim, pupila significa “bonequinha” e
também é chamada de menina dos olhos porque ela reflete uma imagem
reduzida da pessoa para quem se olha.
Atendimento Pré-Hospitalar
29
Fonte: <http://jubileu-porto.com/images/Lanterna%20Pupilar%20Aluminio2.jpg>.
Acesso em: 30 maio 2016.
30
Fonte: <http://img.medicalexpo.es/images_me/photo-g/juego-canulas-guedel-67771-148705.jpg>.
Acesso em: 30 maio 2016.
Fonte: <http://dianacionaldareanimacao.late-ma.com.br/wp-content/uploads/2014/08/Untitled-18-2-1024x477.png>.
Acesso em: 30 maio 2016.
• Respirador ou ressuscitador manual (ambu);
Atendimento Pré-Hospitalar
• Respirador ou ressuscitador manual (ambu);
31
Fonte: <http://www.multstock.com.br/multstockwp/wp-content/uploads/multstock/2012/03/MG_02001.jpg>.
Acesso em: 30 maio 2016.
• Colar cervical;
Fonte: <http://www.ambu.com/Files/Billeder/Product%20Images/Media/EMC/
ECperfitMedia1.jpg>. Acesso em: 30 maio 2016.
• Coxim;
Atendimento Pré-Hospitalar
32
• Prancha longa;
Fonte: <http://www.resgatecnica.com.br/wp-content/uploads/2014/10/Prancha-de-imobiliza%C3%A7%C3%A3o-Baxstrap.
jpg>. Acesso em: 30 maio 2016.
• Colete de imobilização dorsal (KED);
Atendimento Pré-Hospitalar
Fonte: <http://www.sossul.com.br/sossul/public/ecommerce/produtos/2320008.jpg>. Acesso em: 30 maio 2016.
33
Fonte: <http://www.aphsul.com/media/catalog/product/cache/
1/image/640x468/ce62fc9c76933b6d83634d347c6af792/t/a/tala_eva_com_estojo_2_1.jpg>.
Acesso em: 30 maio 2016.
O kit de suporte para curativos deverá conter os seguintes itens: ataduras de crepom,
algodão, solução antisséptica, compressas de gaze, tesoura ponta romba e micropore ou
esparadrapo.
Fonte: <http://cdn1.vaicomtudo.com/wp-content/uploads/2013/05/Kit-de-primeiros-socorros-1.jpg>.
Acesso em: 30 maio 2016.
Compõem o suporte para demais serviços operacionais: luvas de raspa e/ou algodão,
capacete com visor e proteção facial, coturno e/ou bota específica para cada serviço ope-
racional, uniforme operacional e/ou antichamas, equipamento de proteção respiratória au-
tônomo com demanda de ar e cobertor aluminizado.
34
Atividade 02
Estando tecnicamente preparado para socorrer vítimas sangrando e sem
nenhum tipo de barreira de proteção ou EPI, um socorrista pode prestar
atendimento de APH sem risco de se contaminar? Justifique sua resposta.
Resumo
Nesse capítulo você teve a oportunidade de ver um pouco da história e origem do Aten-
dimento Pré-Hospitalar, além de também vários itens necessários ao nosso conhecimento
no que diz respeito à legislação vigente, pois um socorrista deve atuar com propriedade
e ciência de que não está agindo de forma imprudente ou negligente. Tal atuação só é
possível quando sabemos os atributos pertinentes ao serviço de APH, o que realmente se
enquadra como omissão de socorro e os fatores sobre violação do local do acidente e direi-
tos individuais de uma vítima. Também conheceu os equipamentos e materiais específicos
para proteção que devem ser usados durante o atendimento pré-hospitalar nas emergên-
cias. Tais informações são muito preciosas para que possamos desempenhar as funções
de socorrista com propriedade, tendo em vista que muitas empresas investem em vários
recursos que propiciam um melhor suporte de utensílios para o atendimento às vítimas.
Autoavaliação
01. Uma criança diz que não quer ser socorrida, e seus pais e/ou responsáveis não estão
presentes. Tomando por base de que você é um socorrista competente e capacitado a
prestar primeiros socorros, você:
a) Tentaria acalmar a vítima e chamaria alguém que pudesse encontrar seus pais.
Atendimento Pré-Hospitalar
b) Prestaria os primeiros socorros com base no consentimento implícito.
d) Chamaria a pessoa mais próxima pra servir de testemunha e logo em seguida acionava
o Conselho Tutelar.
35
02. Quais as situações em que o socorrista pode alterar o local do acidente?
03. Identifique se as proposições são verdadeiras (V) ou falsas (F), assinalando a alternati-
va que corresponde à sequência correta:
( ) O local do acidente deve ser sempre preservado e nunca alterado, mesmo que seja pra
socorrer vítimas.
a) V – V – F – F.
b) V – F – V – F.
c) F – F – V – V.
d) F – V – V – F.
04. Quais os materiais/barreiras de proteção e EPIs que você poderia usar como socorrista
para atender uma vítima de atropelamento em via pública, visando a sua própria bios-
segurança?
36
Competência
02
Aplicar
a Biossegurança no APH
Aplicar
a Biossegurança no APH
Agora imagine você, nobre amigo especialista, que não é dotado de visão microscópi-
ca e nem tem sensor nas extremidades dos dedos para identificar se o local onde você
vai colocar suas mãos tem ou não agentes biológicos ou microrganismos patogênicos
que podem contaminá-lo. Então, como se proteger desse mal invisível a olhos nus? Va- Microrganismos
patogênicos:
mos descobrir?
micróbios ou
Atendimento Pré-Hospitalar
germes capazes de
Biossegurança deve ser entendida como o conjunto de condutas que visam proteger
provocar doenças.
todo aquele que auxilie ou preste socorro ao vitimado do contato direto com agentes bioló-
gicos, microrganismos patogênicos.
• Resguardar a saúde dos profissionais que atuam no atendimento, bem como das
pessoas que porventura auxiliem a equipe de alguma forma.
Você conhece?
O francês Louis Pasteur (1822-1895) provou que os micróbios causadores
de doenças estão presentes no ambiente, acrescentando também que não
são resultado de geração espontânea.
Você conhece?
A penicilina é um antibiótico que tem poder bactericida, e é uma substância
extraída de um fungo que foi descoberto acidentalmente por um biólogo
escocês chamado Alexander Fleming (1881-1955).
Atendimento Pré-Hospitalar
Portas de entrada dos microrganismos:
Princípio I – Tome precauções para manter-se saudável. Todo o pessoal que está em risco
de se expor a sangue, saliva ou outras secreções humanas deve estar e manter-se devida-
mente imunizado (vacinação e lavagem de mãos).
Atendimento Pré-Hospitalar
Uma das principais dúvidas está nas diferenças entre limpeza, descontaminação, de-
sinfecção e esterilização. Vamos especificar cada um detalhadamente:
Limpeza
Assegura a remoção do material biológico, e é indicada na presença de respingo ou de-
posição de matéria orgânica, secreção, descarga de excreta ou exsudação nas superfícies 43
de materiais. Exsudação: refere-
-se à sudorese
A limpeza manual deve ser feita, de maneira enérgica, com água corrente e sabão lí- pouco abundante,
também chamada
quido ou detergente, eliminando material biológico. Os instrumentos devem ser limpos o
transpiração.
quanto antes depois do uso, para que o material orgânico não seque e fique aderido aos
instrumentos, criando um meio propício para a proliferação de microrganismos.
Depois da limpeza, orienta-se enxaguar bem os instrumentos com água fervida para
retirar os resíduos detergentes.
Microrganismos:
são organismos
a outros materiais biológicos é inferior, ainda que não seja definido. O risco
de transmissão após exposição da pele íntegra a sangue infectado pelo HIV é
estimado como menor do que o risco após exposição mucocutânea.
Fonte:<http://143.107.206.201/restauradora/etica/manuexp.html>.
Acesso em: 30 maio 2016.
Curiosidade
AIDS: Os acidentes de trabalho com socorristas envolvendo sangue e outros
fluidos potencialmente contaminados devem ser tratados como casos de
emergência médica, uma vez que as intervenções para profilaxia da infecção
pelo HIV necessitam ser iniciadas logo após a ocorrência do acidente para a
sua maior eficácia. Os procedimentos recomendados em caso de exposição a
material biológico incluem cuidados locais na área exposta, recomendações
específicas para imunização contra tétano, aplicação de meios tendentes
a evitar as doenças ou a sua propagação (quimioprofilaxia) e acompanha-
mento sorológico para Hepatite e HIV. Quando indicada, a quimioprofilaxia
deverá ser iniciada o mais rápido possível, idealmente dentro de 1 a 2 horas
após o acidente.
Desinfecção
Uma desinfecção de alto nível destrói todas as formas microbianas, exceto esporos bac-
terianos. Ela é realizada quando não se dispõe do equipamento de esterilização ou não se
Atendimento Pré-Hospitalar
pode esterilizar tal instrumento.
Importante
NÍVEL BAIXO DE DESINFECÇÃO: É o processo de desinfecção menos efi-
caz, não eliminando esporos ou o “Mycobacterium Tuberculosis”.
NÍVEL INTERMEDIÁRIO DE DESINFECÇÃO: Processo de desinfecção que
elimina o Mycobacterium Tuberculosis (que é quase tão resistente quanto
esporos). Dessa maneira destrói outros microrganismos mais fáceis de se-
rem eliminados, como o causador da Hepatite B e AIDS. Mycobacterium
Tuberculosis:
NÍVEL ALTO DE DESINFECÇÃO: Processo de desinfecção que destrói espo-
também conhecido
ros, mas não necessariamente todos. Elimina Mycobacterium Tuberculosis, como Bacilo de
Koch, é uma bac-
assim como outras bactérias, fungos e vírus.
téria que provoca a
tuberculose.
Esterilização
É a destruição de todos os microrganismos, inclusive esporos bacterianos, em um
determinado instrumento. Para garantir a reutilização segura dos instrumentos, devemos
Esporos bacteria- compreender que é necessário limpar, descontaminar, desinfetar e esterilizar, armazenar e
nos: são a forma
manipular, de maneira adequada e protocolada. A inobservância desses processos expõe
de microrganismo
mais difícil de se os usuários de tais instrumentos à contaminação por agentes infecciosos.
inativar. O esporo é
uma camada que Na prática, considera-se que a esterilidade foi obtida se a probabilidade de um
protege a bactéria
microrganismo sobreviver for menor do que um em um milhão. A esterilização é efe-
e é responsável
pela resistência ao tuada por meio de autoclaves e estufas, bem como por substâncias químicas, e são
ataque dos agentes
seguidos protocolos de pressões calibradas e concentrações químicas com tempo
físicos e químicos
da esterilização e pré-estabelecido.
desinfecção.
Atendimento Pré-Hospitalar
• A lavagem de mãos tem recebido atenção nas publicações clássicas mais importan-
tes sobre controle de infecção.
Importante
O uso de sabonetes ou sabões em pedaços é uma forma de infecção cru-
zada para lavagem das mãos. Se um pedaço de sabão, após ter sido usado
Atendimento Pré-Hospitalar
pelo socorrista no local de trabalho, for pressionado sobre uma placa de
agar e incubado, crescerão colônias de bacilos gram-positivo e gram-ne-
gativo. Da mesma maneira, tem sido demonstrado nos testes que, após o
quarto uso, as toalhas de pano apresentam cultura positiva para um grande
número de bactérias presentes na boca.
47
Desse modo, uma normatização clara para a lavagem das mãos deve ser observada
para qualquer procedimento.
• Enxágue as mãos dos punhos para a extremidade dos dedos retirando totalmente a
espuma e os resíduos do sabão;
48 Atividade 01
Nobre especialista, baseado no conhecimento que você já adquiriu até
aqui, diga-me: Quais seriam os riscos e as complicações que poderiam
ocorrer com um socorrista que usasse as mesmas luvas de procedimen-
tos para avaliar três vítimas acidentadas em um acidente automobilístico
em que todas elas apresentavam hemorragias?
Resumo
Estamos indo muito bem até aqui, não é verdade, especialista? É interessante notarmos
que evoluímos e já estamos descobrindo maneiras de nos mantermos saudáveis por meio
dos cuidados pessoais e das orientações estipuladas pelas normas de biossegurança. A
partir dessas informações, já sabemos quais as portas de entrada para as contaminações
e infecções em nosso organismo, além de como adotar medidas para minimizar e/ou elimi-
nar os riscos por meio de métodos e técnicas de limpeza, descontaminação, desinfecção e
esterilização, as quais podem garantir nossa integridade física.
Autoavaliação
01. Qual dos itens abaixo não corresponde aos cuidados com proteção individual do socorrista?
a) Máscara facial.
c) Chuveiro lava-olhos.
02. Qual dos cuidados abaixo não faz referência à biossegurança do socorrista?
b) Proteção das mucosas para evitar contato com secreções e fluidos corpóreos da vítima.
Atendimento Pré-Hospitalar
c) Usar a mesma luva para avaliar mais de uma vítima acidentada.
03. Assinale as alternativas a seguir como: (F) para falso e (V) para verdadeiro. ( ) Entende-
-se por biossegurança a segurança da biologia;
( ) Entre alguns objetivos, a biossegurança visa adotar medidas que excluam a possibili- 49
dade de infecção cruzada;
( ) As vias por onde o indivíduo pode se contaminar são: vias aéreas, sensoriais e cutâneas;
a) F, V, F, V, F.
b) F, F, V, V, F.
c) V, V, F, V, F.
d) F, F, F, F, F.
b) É o procedimento mais simples, mais eficiente e mais importante para proteger a saúde
e prevenir infecções.
Caro especialista, agora vamos construir bases de alicerces que serão fundamentais
para a execução de vários procedimentos futuros na condição de socorrista.
Para que possamos realizar uma boa avaliação geral do acidentado, é fundamental
conhecermos alguns princípios básicos da anatomia humana. Vamos prosseguir?
Atendimento Pré-Hospitalar
beça aos pés (ou cefalocaudal): esse exame, ou anamnese, serve para avaliar lesões e
alterações na pele, nos músculos, nos ossos, nos pontos de pressão arterial e em todos os Anamnese: Inves-
tigação do médico
órgãos adjacentes.
ao paciente procu-
rando detalhes que
Quando se faz a avaliação secundária, inicia-se pela cabeça, seguindo para o pescoço, tó-
possam auxiliar no
rax, abdome, pelve, membros inferiores, membros superiores e, por fim, a região dorsal da ví- diagnóstico.
tima. Para isso, deve-se utilizar a polpa digital (extremidade dos dedos) e fazer a palpação em
busca de traumas, ferimentos, sinais e sintomas que definam o quadro da pessoa vitimada. 53
Os olhos da vítima devem ter atenção especial, pois é através das pupilas que o socor-
rista consegue verificar alterações importantes que associadas a outras evidências podem
determinar o nível de emergência.
As pupilas são fotorreagentes, pois reagem à luz. Vejamos algumas características que
elas podem ter:
Fonte: <http://image.slidesharecdn.com/treinamentocirculantesite-130410210323-phpapp01/95/treinamento-circulan-
te-21-638.jpg?cb=1365627865 >. Acesso em: 30 maio 2016.
Quando contraídas e em diâmetro menor, diz-se que as pupilas estão em miose. Quan-
do dilatadas e com diâmetro aumentado além do normal, diz-se que estão em midríase.
Pupilas em simetria são chamadas isocórias, enquanto pupilas assimétricas e desiguais
são denominadas anisocóricas.
qual se estudam a estrutura e organização dos seres vivos, tanto externa quanto
internamente.
• Sinais: são informações que o examinador poderá obter fazendo uso dos sentidos –
visão, tato, audição e olfato.
54
Posição Anatômica
É a posição padronizada de descrição do organismo, em que se empregam os termos
posição e direção.
Na posição anatômica o corpo humano deverá estar em posição ortostática (em pé e ere-
to), com a face voltada à frente, os membros superiores (braços) estendidos ao longo do tron-
co, as palmas das mãos voltadas para frente e com os membros inferiores (pernas) unidos.
Fonte: <http://image.slidesharecdn.com/treinamentocirculantesite-130410210323-phpapp01/95/treinamento-circulan-
te-21-638.jpg?cb=1365627865 >. Acesso em: 30 maio 2016.
Divisões do Corpo Humano
O Corpo Humano está dividido em quatro partes principais:
• Cabeça;
• Pescoço;
• Tronco;
• Membros.
Atendimento Pré-Hospitalar
Fonte: <http://files.cienciasmorfologicas.webnode.pt/200000070-a9693aa631/Divis%C3%A3o%20do%20corpo1.jpg>.
Acesso em: 30 maio 2016. 55
Cabeça:
Pela coluna cervical passa a medula espinhal (continuidade do Sistema Nervoso Central).
Tronco:
56
Fonte: <http://1.bp.blogspot.com/-UTsP-b6q-FY/Utl8wowGpzI/AAAAAAAAAFc/uGznMDBA_30/s1600/decubito.png>.
Acesso em: 30 maio 2016.
• Posição de decúbito ventral – o indivíduo está deitado com a barriga para baixo
(de bruços);
Toda essa nomenclatura deve ser bem conhecida pelos socorristas e especialistas que
atuam com operações de APH, pois é usual e de emprego rotineiro pelos profissionais da
área de saúde. Uma vez que os serviços estão intimamente interligados, é essencial o do-
mínio dessa linguagem técnica para estreitar o relacionamento dos profissionais de saúde
e de Atendimento Pré-Hospitalar.
Inúmeros são os casos que requerem nossa atenção: acidentes de trânsito, situações
de acidentes de trabalho, violência urbana, desastres decorrentes de ações da natureza,
acidentes domésticos, doenças, distúrbios clínicos etc..
Também é bom lembrar que não somos seres insulares, devemos sempre buscar ajuda
e trabalhar em equipe para ajudar o acidentado ou vítima. Para tanto, devemos sempre
acionar os serviços especializados: Corpo de Bombeiros, SAMU, Resgatistas, etc..
58
Princípios da Avaliação Primária
O princípio fundamental do Atendimento Pré-Hospitalar é reduzir a mortalidade e os
agravos decorrentes de acidentes diversos. Para tanto, é importante conhecermos tam-
bém alguns conceitos e princípios.
A Hora de Ouro preconiza que nos primeiros sessenta minutos de ocorrido o acidente a
vítima deverá receber os três níveis de atenção:
1. Tempo para Avaliação Primária: Do minuto zero (momento em que aconteceu o evento)
até quarenta e cinco segundos, no máximo, deve ser feita a avaliação primária: verificar
se a vítima respira, se tem pulso e se tem grandes hemorragias externas;
2. Tempo de Platina ou Minutos de Platina: do minuto zero até os dez minutos, a vítima
deverá estar recebendo os primeiros socorros que garantam oxigenação cerebral;
3. Hora de Ouro: de dez a sessenta minutos, a vítima deverá estar recebendo atendimento
pré-hospitalar e ser levada a uma unidade hospitalar para que seja atendida adequada-
mente por médicos.
Avaliação Primária
A avaliação primária é o exame rápido que permite averiguar rapidamente as funções
vitais e o risco de morte. Na avaliação primária, devemos nos focar em:
Atendimento Pré-Hospitalar
acidentado nos instantes imediatamente após o acidente, dentro do menor tempo
possível;
• Estabilizar a coluna cervical com vistas a não agravar lesões existentes, preservando
a integridade da medula cérebro-espinhal nas vítimas politraumatizadas que não
apresentem situações de ameaça à vida.
Os passos da avaliação primária estão descritos em tópicos que são regidos pelos prin-
cípios do suporte básico de vida. O grande desafio é reconhecer as gravidades e estabele-
cer prioridades de tratamento das vítimas com múltiplas lesões.
Compreende-se que tal avaliação deve ser completada em no máximo quarenta e cinco
segundos, procurando identificar rapidamente condições de risco de morte.
Vamos estabelecer aqui, conforme protocolo internacional padrão, o passo a passo que
você deve seguir para todas as ocorrências. É óbvio que nunca teremos eventos de aci-
dentes iguais, mas podemos ter alguns semelhantes. Com o exercício e experiência da sua
vivência em APH, você poderá discernir o que fazer com seus conhecimentos já adquiridos
ou mesmo suprimir algum item do protocolo para adequar a situação real da ocorrência
em que você está envolvido.
Responda, justificando sua resposta: Quando você tiver de efetuar sozinho atendi-
mento pré-hospitalar em duas vítimas, quem você deverá socorrer primeiro? A víti-
ma com hemorragia externa de uma artéria calibrosa, como a femoral, ou a vítima
de parada respiratória por afogamento?
Atendimento Pré-Hospitalar
Sabemos que algumas dúvidas surgem com a publicação de novos protocolos, as quais
são facilmente dirimidas quando conhecemos e respeitamos os fundamentos de cada fon-
te e o nível de assistência.
60
Protocolo Operacional
1. Segurança: O primeiro passo é começar a avaliação primária, promovendo condições
seguras para o desenvolvimento das atividades pré-hospitalares, bem como para todos
os envolvidos no teatro de operações: vítimas, equipes de socorro, curiosos, etc..
O socorrista também deve isolar e sinalizar todo o perímetro da ocorrência, estando atento
à biomecânica do acidente para tentar verificar como aconteceu tal fato, a exemplo dos
procedimentos a seguir:
• procurar por pessoas projetadas no raio de ação que circunda o cenário do acidente;
O risco, onde quer que se encontre, deve e pode ser facilmente analisado, visando sua
eliminação ou controle. Desde que um conjunto de ações possa ser viabilizado, a com-
preensão de sua natureza pode ser levada a efeito. Esse conjunto de ações recebe o
nome de Investigação e Análise Ambiental. A tomada de decisão deve ser fundamenta-
da tecnicamente em três conceitos básicos, que são:
a) Reconhecer riscos: identificar, caracterizar, saber apontar qual dos agentes de risco
de dano à saúde estão presentes no local da ocorrência;
Atendimento Pré-Hospitalar
vas de diversas naturezas, que tendem a eliminar ou atenuar os riscos existentes no
local da ocorrência.
• D (DOLOROSO) – vítima com olhos fechados que só abrem sob estímulo doloroso,
Atendimento Pré-Hospitalar
Vítima que não responde aos estímulos verbais e nem de dor. Deve-se observar se
a vítima respira repousando, sentindo com uma das mãos a linha do diafragma.
1. Se a vítima respira, deve-se seguir a sequência ABC;
2. Se a vítima não respira ou apresenta respiração deficiente (agônica/ gas-
ping), deve-se seguir a sequência CAB (diretrizes AHA 2010 – RCP: Reanima-
ção Cárdio Pulmonar):
3. Abertura das vias aéreas e controle cervical: a abertura das vias aéreas (VVAA) deve
ser feita sempre de imediato nos casos em que a vítima apresenta respiração ine-
ficaz e ineficiente, ou mesmo quando não respira, pois na hipóxia o corpo humano
entra em falência, e o cérebro, em especial, pode apresentar lesões irreversíveis Hipóxia: diminui- 63
ção da oxigenação
(morte de neurônios, necrose tecidual etc.) em cerca de seis minutos. Após dez mi- cerebral.
nutos, a morte cerebral é quase certa, pois ocorre anoxia.
Anoxia: ausência
da oxigenação
cerebral.
Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/-o8RCED9L3Ng/U57lOxtiHmI/AAAAAAAAAeU/nZxKrr7zkDY/s1600/SBV.jpg>.
Acesso em: 31 maio 2016.
Ao cuidar das vias aéreas, a cabeça e o pescoço devem ser mantidos alinhados em po-
sição neutra (queixo alinhado com o osso esterno), e para realizar essa manobra a vítima
deve ser posicionada em decúbito dorsal (posição supina – barriga pra cima) sobre super-
fície plana e rígida. Se estiver em decúbito ventral (posição prona – barriga pra baixo), é
necessário posicioná-la na posição supina, realizando rolamento de todo o corpo em bloco.
Importante
Veja as técnicas para realizar abertura de VVAA:
• Vítima sem histórico de trauma – Manobra de extensão da cabeça e
elevação do queixo: O socorrista põe uma de suas mãos na testa (osso
Atendimento Pré-Hospitalar
Após a abertura das vias aéreas, a imobilização da coluna cervical deve ser realizada
por intermédio de estabilização manual ou da utilização de um colar cervical (neste último
caso apenas com a vítima respirando) durante todo o atendimento pré-hospitalar até que
a vítima seja entregue em ambiente hospitalar.
Autoavaliação
01. O que o socorrista deve identificar na avaliação primária de uma vítima durante o APH?
Atendimento Pré-Hospitalar
c) Peso, altura e filiação.
02. Na avaliação primária, que posição de segurança o socorrista deve ter com uma vítima
deitada no solo?
65
a) Aproximando-se pela cabeça, em posição ortostática e com MMSS abduzidos.
03. Durante a avaliação da responsividade de uma vítima de queda, qual deve ser a con-
duta do socorrista quando a vítima apresentar-se responsiva na avaliação primária?
b) Orientar que a vítima levante-se com cautela e respire profundamente antes de liberá-la.
( ) O princípio da Hora de Ouro é aquele que fala que o socorro deve ser feito em exata-
mente uma hora. Após uma hora, passa a contar a Hora de Prata.
( ) Quando a vítima responde aos estímulos verbais, a sequência que deve ser respeitada
pelo socorrista é a ABC, conforme o protocolo internacional padrão.
a) F, V, F, V.
Atendimento Pré-Hospitalar
b) F, F, V, V.
c) V, F, F, V.
d) V, V, F, F.
66
Competência
04
Realiza
a reanimação cardiopulmonar
Atendimento Pré-Hospitalar
68
Realiza
a reanimação cardiopulmonar
O coração é visto como o órgão principal e responsável por coordenar todos os outros.
É bem verdade que ele é muito importante para o organismo humano, mas é apenas mais
um que faz parte da orquestra biológica regida pelas batutas do sistema nervoso central,
em que o cérebro é maestro.
Contudo, o coração é um músculo e pode sofrer alguns danos provocados pelo mau
Atendimento Pré-Hospitalar
uso, uso excessivo, ou mesmo por algum problema congênito ou de doenças. Quando sur-
gem essas intercorrências, o músculo cardíaco pode parar e deixar de cumprir sua função
de bombear sangue para todo o corpo, e quando isso acontece é necessária uma interven-
ção para reanimar o coração. Do contrário ele pode provocar morte generalizada de todos
os órgãos que precisam de sangue oxigenado para se manterem vivos.
O coração bombeia o sangue para todo o corpo humano e os pulmões fazem a troca
gasosa liberando o gás carbônico e absorvendo o oxigênio que será levado pelas célu- 69
las sanguíneas.
Curiosidade
Você sabia que a noradrenalina, um dos hormônios produzidos pelas glân-
dulas suprarrenais, pode elevar muito a pressão arterial? É por isso que
fortes emoções são causas de infarto em algumas pessoas que já tem pro-
pensão a ter problemas cardíacos.
nimação Cardiopulmonar (RCP), os quais devem ser feitos em tempo hábil e respeitando as
técnicas corretas conforme orientações da Associação Americana do Coração.
Importante
70
Os sinais vitais, para efeito de atendimento pré-hospitalar, são quatro. A
saber: respiração, pulsação, temperatura e pressão arterial.
Sistema Respiratório
Inspirar e expirar o ar é a função do organismo mais essencial à vida. Sem oxigênio seu
corpo não sobrevive. De todas as funções do corpo humano, nenhuma é tão associada à
própria existência quanto a respiração.
Curiosidade
Você sabia que o ar que respiramos possui proporções médias de 78% de
Nitrogênio, 21% de Oxigênio e 1% de Gases Nobres? Durante a respiração,
o nosso organismo só retém em média 5% de oxigênio.
A respiração é o intercâmbio de gases entre um organismo e o meio no qual esse or-
ganismo vive. Mais especificamente, trata-se da absorção de oxigênio, sua utilização nos
tecidos e a eliminação de dióxido de carbono pelo organismo.
Curiosidade
Você inspira e expira, a cada minuto, em média seis litros e meio de ar, o
suficiente para encher uma bola de basquete. Também é bom saber que,
ao contrário do que muita gente pensa, o ato de bocejar não é sinônimo
de tédio ou preguiça. É apenas um sinal de que seu organismo precisa de
uma dose extra de oxigênio. Para isso seu corpo provoca, por reflexo, uma
inalação profunda.
Atendimento Pré-Hospitalar
O sistema respiratório humano é constituído por um par de pulmões e por vários órgãos
que conduzem o ar para dentro e para fora das cavidades pulmonares. Esses órgãos são
as fossas nasais, a boca, a faringe, a laringe, a traqueia, os brônquios, os bronquíolos e os
alvéolos, estes três últimos localizados nos pulmões.
71
Fonte: <http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2009/08/sistema-respiratorio.jpg>.
Acesso em: 07 jun. 2016.
O propósito da respiração é realizar uma troca de gases essencial à vida humana cha-
Hematose: substi-
mada hematose, propiciando que seja levado oxigênio para as células de todo corpo hu- tuição do sangue
mano, bem como o recolhimento de volta do gás carbônico, produto resultante do processo rico em gás carbô-
nico pelo sangue
da respiração celular. rico em oxigênio.
Na inspiração, o diafragma (músculo situado logo abaixo dos pulmões que separa o
tórax do abdome) se contrai, movendo-se para baixo. Sem a pressão do diafragma, os pul-
mões se expandem para permitir a entrada do ar. As costelas também se expandem, para
cima e para fora, com a ajuda dos músculos intercostais. Tudo isso aumenta o volume da
caixa torácica e o ar entra nos pulmões por pressão negativa.
Curiosidade
Atendimento Pré-Hospitalar
Sistema Cardiovascular
É um sistema fechado, composto pelo coração e por uma rede de tubos denominados
artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias. Esse conjunto é o principal responsável pela
distribuição e transporte de todo o volume de sangue pelo organismo humano. O volume
de sangue no indivíduo adulto equivale a cerca de 7% de sua massa corporal, e em crian-
ças equivale a 9%. Ou seja, um indivíduo adulto com 70 Kg teria 4,9 litros de sangue (4
litros e 900 ml), e uma criança com 20 Kg teria 1,8 litros de sangue (1 litro e 800 ml), con-
forme os cálculos a seguir: 70 x 7% = 4,9 e 20 x 9% = 1,8.
Atendimento Pré-Hospitalar
Fonte: <http://s1.static.brasilescola.com/galeria/images/
14d9470ffdbc310d0c4021c39e978616.jpg>. Acesso em: 07 jun. 2016
Seu coração não está nem do lado esquerdo nem do lado direito, e sim no centro do seu
peito, com a base inferior um pouco mais inclinada pra o lado esquerdo do peito. O coração
é mais ou menos do tamanho do seu punho fechado.
Curiosidade
Você sabia que o coração tem um marcapasso natural, que provoca uma
descarga elétrica de sessenta milivolts a cada pulsação? Isso equivale a 4%
de uma pilha pequena.
O coração é dividido em quatro câmaras (dois átrios e dois ventrículos) e faz o mesmo
trabalho de uma bomba hidráulica. Ou melhor, de duas bombas, pois enquanto a bom-
ba do lado esquerdo despacha sangue novo para o corpo inteiro, com oxigênio e outros
nutrientes, a do lado direito recolhe o sangue já rico em gás carbônico e o envia para os
pulmões. Essas são, respectivamente, as chamadas circulações Sistêmica e Pulmonar.
Curiosidade
Você sabia que as hemácias, leucócitos e plaquetas representam, em mé-
dia, 40% do volume total de sangue, e que o restante é formado pelo plas-
ma? Pois é. As hemácias, ou glóbulos vermelhos, contêm a hemoglobina
que dá cor ao sangue e transporta os gases, como o oxigênio tão precioso
à nossa vida. Já os leucócitos, ou glóbulos brancos, são a defesa do nosso
Atendimento Pré-Hospitalar
Importante
Os batimentos cardíacos se dividem em duas etapas. Na primeira, a diásto-
le, o coração está relaxado para receber uma dupla remessa (o sangue rico
em gás carbônico trazido pelas veias e o sangue oxigenado procedente dos
pulmões). Na segunda, a sístole, ele se contrai e despacha o sangue que
será reciclado para os pulmões, e o sangue que já passou por esse proces-
so segue para todo o corpo humano pelas artérias.
A Pressão Arterial Sistêmica (PAS) considerada normal para o adulto é 120 por 80 (ou,
como muitos dizem, 12 por 8), contudo, a Associação Americana do Coração já considera
essa aferição como de um pré-hipertenso. Mas não é necessário tomar medicação para
baixar esses níveis e sim adotar medidas consideradas saudáveis de estilo de vida para
não deixar essa pressão elevar.
A pressão arterial é aferida como sendo a força que o sangue exerce nas artérias quan-
do bombeado pelo coração. Logo, a primeira a ser aferida é a pressão sistólica, que regis-
tra a contração do miocárdio, e a última a ser aferida é a pressão diastólica, que registra
o relaxamento dele. Também é importante registrar que a unidade de medida da pressão
arterial sistêmica é dada em milímetros de mercúrio (mmHg).
Atendimento Pré-Hospitalar
mmHg ou acima ou abaixo para a pressão diastólica. Então, sendo 120x80mmHg a
pressão considerada normal, os limites toleráveis para cima seriam até 140x90mmHg,
e os limites toleráveis para baixo seriam até 100x70mmHg. Extrapolando-se esses li-
mites considerados toleráveis, caracterizam-se então, indivíduos com hipertensão para
os casos de pressão arterial mais acima, e indivíduos com hipotensão para os casos
de pressão arterial abaixo.
Curiosidade
Você sabia que o primeiro aparelho a registrar os impulsos elétricos do co-
ração foi montado em 1903 pelo fisiologista holandês Willem Einthoven,
que batizou o aparelho de Eletrocardiograma? Sua descoberta lhe valeu o
Prêmio Nobel em 1924 e até hoje esse equipamento é largamente utilizado
pela medicina para detectar problemas no coração.
Obstrução Parcial das Vias Aéreas (VVAA)
Nesta seção vamos aprender a reconhecer a Obstrução de Vias Aéreas por Corpos Es-
tranhos (OVACE) e também aprender técnicas de desobstrução de formas correta e proto-
colada.
A obstrução pode ser classificada como parcial ou total. O que difere as duas é que na
primeira ainda existe a passagem de ar pelas vias aéreas, e isso pode ser bem evidenciado
quando a vítima ainda consegue falar, tossir ou produzir alguns sons e ruídos de origem
gutural. Mas antes de sabermos as técnicas que devem ser aplicadas para a reanimação
Atendimento Pré-Hospitalar
Quando a pessoa está tossindo ainda está respirando, então nenhuma manobra exter-
na é necessária. Mas se isso se agrava e a respiração fica difícil, marcada por cianose (co-
loração azulada, lívida ou escura da pele por diminuição da perfusão capilar nos tecidos),
então há a necessidade de atuar com manobras específicas de desobstrução:
• Se a obstrução persistir por muito tempo e não houver sinais de agravamento, deve-
-se transportar a vítima ao hospital, sempre monitorando a respiração e, se possível,
administrar oxigênio por máscara facial com fluxo médio de sete a dez litros por
minuto.
Atendimento Pré-Hospitalar
77
Fonte: <http://saude.culturamix.com/blog/wp-content/uploads/2013/09/Confira-As-Dicas4.jpg>.
Acesso em: 07 jun. 2016.
Importante
As compressões abdominais não devem ser realizadas em lactentes ou
crianças muito pequenas devido ao alto risco de lesões viscerais.
A desobstrução das vias aéreas superiores para crianças menores de um ano de idade
deve ser feita por meio da técnica de Tapotagem e Compressão Torácica Externa:
• O socorrista deve segurar o bebê com a face voltada para baixo, repousando-o no
seu antebraço para segurar com firmeza a cabeça da vítima pela mandíbula;
• A cabeça do bebê deve ser mantida mais baixa que o tronco, momento em que o
socorrista fará até cinco golpes com a mão em forma de concha, no dorso da vítima,
mais especificamente entre as escápulas;
• Após os golpes, se o objeto ainda não foi expulso, o socorrista deve girar o bebê, ain-
da apoiando-o em seu antebraço, deixando-o com a face voltada pra cima, e efetuar
até cinco compressões torácicas com dois dedos, exatamente no centro do osso
esterno e abaixo da linha intermamilar da vítima;
• Ao final de cada manobra realizada, deve-se estar atento para inspecionar a cavida-
de oral e verificar se objeto obstrutivo foi expulso. Então, se ao final das sequências
o bebê ainda não voltou a respirar e continua engasgado, deve-se então efetuar dois
Atendimento Pré-Hospitalar
sopros no nariz e na boca (ao mesmo tempo) e ver se objeto é projetado para fora,
liberando a passagem das vias aéreas;
78
• Nos lactentes ou bebês que possam vir a se engasgar com secreções ou ali-
mentos pastosos, o socorrista deve, com sua boca, realizar sucção na boca e
nariz da vítima para liberar as vias aéreas, e depois conduzi-la ao hospital para
avaliação pediátrica.
Atendimento Pré-Hospitalar
Atividade 01
Muito bem, especialista, chegou a hora de realizarmos mais uma ativi-
dade. É possível realizar golpes de tapotagem para vítimas adultas com
OVACE? Justifique sua resposta.
79
Realizar Reanimação Cardiopulmonar (RCP)
Realizar Reanimação Cardiopulmonar é uma das técnicas mais importantes que todo
o socorrista deve dominar acerca das informações técnicas e condutas práticas. Então
vamos juntos aumentar nosso conhecimento nesse assunto.
Princípios da RCP
As manobras de reanimação cardiopulmonar visam instituir, mecanicamente, ventilação
e circulação, produzindo perfusão cerebral de uma vítima em parada cardiorrespiratória.
As condutas adotadas no suporte básico devem perdurar até que sejam implementadas
as medidas de suporte avançado de vida.
Atendimento Pré-Hospitalar
Fonte: <http://www.resgatetatico.com.br/Atac/imagens/imagens
%20geral1/EMERGE~1.JPG>. Acesso em: 07 jun. 2016.
A RCP tem alguns objetivos que devem ser sempre verificados com atenção:
A parada cardíaca também pode ser conceituada como sendo o cessar da atividade
mecânica do coração. É um diagnóstico clínico de Parada Cardiorrespiratória (PCR) con-
firmado pela falta de resposta a estímulos, ausência de pulso central detectável (artéria
carotídea) e apneia (ou mesmo respirações agônicas / gasping).
Agônico: diz-se do
As diretrizes da Associação Americana do Coração recomendam uma alteração espe-
estado de agonia
que precede a cífica na sequência de procedimentos do Suporte Básico de Vida (SBV): o que antes era
morte.
seguido pelo algoritmo ABC (Abertura de VVAA; Respiração; Circulação) passa agora para o
algoritmo CAB (Circulação; Abertura de VVAA; Respiração) para reduzir o tempo do início da
aplicação das compressões torácicas, as quais exigem prioridade.
Se a vítima não respira, apresenta respiração deficiente ou mesmo uma Parada Car-
diorrespiratória, deve-se imediatamente seguir a sequência CAB e fazer RCP corretamente,
conforme protocolo internacional padrão.
RCP Eficiente
Antes de iniciar a Reanimação Cardiopulmonar, o socorrista deve acionar um serviço de
emergência ou urgência para dar continuidade aos seus esforços e transportar a vítima ao
hospital com suporte avançado.
Atendimento Pré-Hospitalar
• Vítima posicionada em decúbito dorsal sobre superfície plana e rígida;
• Posicionar as partes da região tenar e hipotênar das mãos, com dedos entrelaçados
sobre o osso esterno e na linha intermamilar da vítima;
Fonte: <http://www.saudeeforca.com/wp-content/uploads/2010/09/01436318600_thumb.jpg>.
Acesso em: 07 jun. 2016.
• Abrir vias aéreas e realizar duas ventilações com devidas barreiras de proteção
(ambu ou máscara com válvula one-way), ou mesmo boca a boca se vítima for
íntima ou familiar;
Atendimento Pré-Hospitalar
• Repetir o ciclo cinco vezes para reavaliar os sinais vitais da vítima, caso persista a
PCR, manter a RCP até que a vítima seja entregue a um serviço de suporte avançado
ou hospitalar, minimizando sempre as interrupções;
82
• Observe a divulgação da publicação da nova Diretriz para RCP/ACE- 2015, cuja prévia
em português está sendo disponibilizada no link: <https://eccguidelines.heart.org/
wp-content/uploads/2015/10/2015-AHA-Guidelines-Highlights-Portuguese.pdf> A di-
retriz reforça o que é considerado fundamental para obtenção da qualidade na RCP;
Importante
O socorrista não deve levar mais do que dez segundos verificando respira-
ção ou pulso da vítima para iniciar a RCP. Caso não perceba tais sinais vitais,
deve iniciar imediatamente a reanimação devida, bem como não deve parar
por mais de dez segundos para realizar manobras como rolamento, remo-
ção, transporte ou reavaliação da vítima. Se houver necessidade de mais do
que dez segundos, o socorrista deve efetuar mais cinco ciclos de RCP para ter
mais dez segundos de parada nas manobras de reanimação.
No caso de vítimas não íntimas, quando o socorrista não dispõe de barreiras de prote-
ção para fazer ventilações artificiais, deve-se proceder a RCP apenas com as compressões
torácicas até que o serviço de suporte avançado chegue ao local, pois o protocolo segundo
a AHA proíbe o contato boca a boca devido ao alto risco de contaminação.
Atendimento Pré-Hospitalar
compressões torácicas para reanimar a vítima, mesmo sem oxigená-la? Funciona sim,
vamos entender melhor isso.
O fato de só efetuar compressões torácicas na vítima não tem relação direta com o
volume de oxigênio suficiente para realizar hematose no pulmão, pois a questão princi-
pal se dá devido à presença de volume residual de oxigênio nos alvéolos pulmonares,
antes mesmo da parada, prolongando-se ainda por alguns minutos durante a parada
cardiorrespiratória. Isso se dá porque o ser humano é incapaz de esvaziar totalmente 83
os alvéolos pulmonares mesmo com uma expiração forçada. Desse modo, o sangue
bombeado pelas massagens cardíacas vai propiciar a hematose com o oxigênio do
volume residual, e assim levará o sangue arterial pra todas as células dos principais
órgãos vitais por alguns minutos, mantendo ainda o organismo vivo e lutando contra a
falência total e/ou morte de neurônios.
Atividade 01
Por que o socorrista deve manter o sangue circulando através da RCP até
a chegada do suporte avançado de aph ou levar a vítima até o hospital
nas mãos de um médico, não devendo parar por mais de 10 segundos
as manobras de reanimação? Quais as complicações para o socorrista e
para a vítima se desobedecer tais preceitos?
Especificidades da RCP (bebê, criança, adulto
e afogados)
A RCP para crianças (de 1 a 8 anos de idade) e bebês (até 1 ano de idade) obedece o
mesmo protocolo para RCP em adultos - o CAB -, porém sofre algumas alterações específi-
cas: para crianças, utiliza-se apenas um braço durante as compressões e para bebês ape-
nas dois dedos, ambos com ponto da compressão no terço médio do osso esterno, sempre
respeitando a compleição física de cada vítima no momento de aplicar força durante as
massagens cardíacas.
A intensidade da insuflação a ser feita nas vítimas crianças e bebês deve ser sufi-
ciente para elevar o tórax da vítima, e a intensidade da compressão torácica é um pouco
menos do que cinco centímetros do que é deformado no tórax do adulto, pois o socorrista
Atendimento Pré-Hospitalar
deve ter bom senso e diminuir sua força. Uma maneira de identificar se a massagem está
surtindo o efeito desejado tanto em crianças quanto em adultos é palpar e verificar a
existência do pulso da artéria carotídea (localizada na face lateral da borda do músculo
do pescoço, conhecido como ECOM - Esternocleidomastoideo). Todavia, no bebê o pulso
a ser palpado é o da artéria braquial (abaixo do músculo bíceps braquial e próximo a
axila), durante as compressões.
84
Importante
O pulso mais indicado a ser palpado no bebê é o da artéria braquial. Caso
o socorrista venha a massagear o nervo vago que passa ao lado da artéria
carotídea existe o risco de se causar diminuição dos batimentos cardíacos
(bradicardia). Esse nervo, ao ser estimulado, pode determinar sensorial-
mente a bradicardia para o bebê, agravando possivelmente sua situação
hemodinâmica.
Fonte: <http://pad2.whstatic.com/images/thumb/d/d1/332313-6.jpg/670px-332313-6.jpg>.
Acesso em: 08 jun. 2016.
Atendimento Pré-Hospitalar
Curiosidade
Observe os prefixos e sufixos:
Prefixo Bradi= diminuição;
Prefixo Taqui = aceleração; 85
Prefixo Dis = dificuldade;
Prefixo A = ausência.
Sufixo Cardio = relativo aos batimentos cardíacos;
Sufixo Pnéia = relativo à respiração.
Se for necessário, realizar manobras de rolamento pra deixar a vítima em decúbito lateral,
com o intuito de eliminar secreções e líquidos regurgitados ou vomitados por ela. Tal rolamento
deve ser feito sempre para o lado direito da vítima, de forma a preservar mais o pulmão do lado
esquerdo, uma vez que o pulmão mais comprometido no caso de imersão em meio líquido
costuma ser o direito (há uma verticalização maior do brônquio direito em relação ao esquerdo,
Atendimento Pré-Hospitalar
motivo pelo qual os líquidos aspirados tendem a fluir primeiro para o pulmão direito).
c) Deitar a vítima no solo e pressionar a barriga de baixo pra cima várias vezes.
02. Marque (F) para as proposições falsas e (V) para as verdadeiras, marcando a alternati-
va que corresponde à sequência correta.
Atendimento Pré-Hospitalar
( ) Na obstrução parcial o socorrista deve incentivar a tosse da vítima.
( ) As obstruções das vias aéreas podem ser classificadas como parcial, semiparcial ou
total.
( ) Quando a obstrução das vias aéreas persiste por muito tempo e não há sinais de agra-
vamento, deve-se transportar a vítima ao hospital, sempre monitorando a respiração.
( ) Em uma obstrução total que persiste por um certo tempo, a vítima pode perder a cons-
87
ciência e até mesmo ter uma parada cardiorrespiratória com risco de morte. No caso
de a vítima entrar numa PCR, deve-se adotar a Manobra de Heimlich, ou Manobra de
Compressão Abdominal.
a) F, V, V, V.
b) V, F, V, F.
c) V, V, V, F.
d) F, F, V, F.
03. Em relação aos Princípios Básicos da RCP, qual o objetivo da Reanimação Cardiopulmo-
nar para uma vítima que se encontra com PCR (Parada Cardiorrespiratória)?
a) Se a vítima apresentar fratura de costelas a RCP não deve ser executada, pois durante
a execução da massagem o osso quebrado pode perfurar pulmão e/ou coração.
b) Quando a vítima apresentar pupilas dilatadas (midríase) já não se pode fazer mais
nada, pois essa vítima encontra-se com morte cerebral.
c) Durante a execução da RCP numa vítima, mesmo que ela volte ter respiração e batimen-
tos cardíacos espontâneos, o socorrista deve continuar realizando 30 compressões e 2
ventilações, conforme o protocolo de aph.
d) As condutas adotadas no suporte básico devem perdurar até que sejam implementadas
as medidas de suporte avançado de vida.
Atendimento Pré-Hospitalar
88
Competência
05
Prestar atendimento
a vítimas de choque elétrico
Atendimento Pré-Hospitalar
90
Prestar atendimento
a vítimas de choque elétrico
Imagine uma situação na qual você presencia um acidente com uma vítima de cho-
que elétrico.
Essa vítima apresenta-se da seguinte forma: caída ao solo, sem respirar, sem reação
de movimentos, com rigidez da musculatura da mandíbula (e assim sem possibilidades de
abertura da boca) e com a língua bloqueando a passagem do ar. Contudo, a vítima ainda
Atendimento Pré-Hospitalar
apresenta batimentos cardíacos.
Deve-se ter o devido cuidado durante o socorro das vítimas no que diz respeito à mo-
bilização de materiais, equipamentos e condutores energizados, bem como com a vítima,
que pode ter o corpo ainda sob a ação da corrente elétrica. É necessário utilizar materiais
isolantes como borracha, madeira, plástico etc., desde que isentos de umidade, para os ca-
sos de baixa tensão (que vão até a categoria de mil volts). Já para o caso de alta tensão são
necessários isolantes específicos, como porcelana e vidro com resistência de isolamento.
Curiosidade
Você sabia que não existe isolante ideal? Em outras palavras, quanto mais
elevada for a tensão, maiores devem ser os fatores de proteção e isolação.
Você sabia também que água pura, destilada e livre de impurezas não
é condutora de energia elétrica? A água não conduz corrente elétrica,
o que conduz a eletricidade na água são os sais minerais que a água
contém. Os átomos de uma molécula devem possuir uma carga de ele-
tricidade para que os elétrons passem por ela, e isso não acontece com
a água pura ou destilada.
Nosso organismo tem uma resistência chamada de Impedância, indicada pela letra Z e
com unidade de valores dada em ohms, cujo símbolo é Ω. A intensidade da corrente elétri-
ca que pode passar pelo corpo de alguém vai depender da impedância que seu organismo
ofereça, bem como de qualquer outra resistência que possa existir até a corrente elétrica
Atendimento Pré-Hospitalar
chegar ao solo. Na maioria dos acidentes por choque elétrico a corrente elétrica sai de um
potencial maior para um potencial menor (que geralmente é o solo). Nesse trajeto a corren-
te pode provocar efeitos muito danosos no corpo humano.
Também é bom registrar que a corrente elétrica sempre busca o caminho de menor resis-
tência para passar, e na ausência de um condutor que ofereça resistência abaixo da impe-
dância do organismo humano, esse passa a ser então uma ponte entre potenciais diferentes.
93
O choque elétrico no corpo humano provoca vários efeitos fisiológicos. Podemos citar
alguns principais:
• Hemorragias;
• Parada cardiorrespiratória.
A corrente elétrica tem uma frequência de 60 Hertz (Hz), que geralmente é utilizada pelos
sistemas de fornecimento de energia elétrica. Essa frequência se dá por um determinado nú-
mero de ciclos, ondas ou oscilações que a corrente faz por segundo. E por conta dessa frequ-
ência, durante o choque elétrico, os músculos também se contraem a 60 ciclos por segundo.
A corrente elétrica é dada como um fluxo de elétrons (partículas que carregam energia)
passando por um condutor. Se os elétrons se movimentam num único sentido, essa corren-
te é chamada de contínua (CC). Se eles mudam de direção constantemente, são denomi-
nados corrente alternada (CA). Em termos mais práticos podemos citar como exemplo que
a diferença entre elas está na capacidade de transmitir energia para locais mais distantes
(cidades) ou gerador próprio (eletrônicos).
O organismo humano já sente os efeitos da corrente elétrica a partir de 1mA (um mi-
liampère) para corrente alternada (CA), e de 5mA (cinco miliampères) para corrente contí-
nua (CC), e essa sensibilidade é chamada de Limiar de Sensação. Também existe o Limiar
de Não Largar, que se dá por um princípio excitatório dos nervos, causando um efeito de
agarramento devido às contrações musculares. Esse efeito ocorre nos homens entre 9mA
Atendimento Pré-Hospitalar
O corpo humano é mais sensível a CA do que a CC, e os efeitos delas no corpo humano
em geral são os mesmos. Existe apenas uma diferença na sensação provocada por cor-
rentes de baixa intensidade: a Corrente Contínua de valores imediatamente superiores a
5mA cria no organismo a sensação de aquecimento, ao passo que correntes acima de 1mA
causam a sensação de formigamento.
94 Para as frequências industriais (50 - 60Hz), desde que a intensidade não exceda o valor
de 9mA, o choque não produz alterações de consequências graves. Quando a corrente
ultrapassa 9mA, as contrações musculares tornam-se mais violentas e podem chegar ao
ponto de impedirem que a vítima se liberte do circuito.
Atendimento Pré-Hospitalar
imobilização das possíveis fraturas;
95
Atividade 01
Caso você se encontre sozinho com uma vítima que executava um serviço
de instalação elétrica numa escada e ficou presa, sofrendo um choque
elétrico, na fiação energizada numa altura de cerca de três metros acima
do solo, o que você faria antes de iniciar o atendimento dessa vítima?
Lembre-se que a vítima está presa por fiação energizada. Logo, se a fonte
de energia for desligada, a vítima despencará de uma altura considerável.
Além disso, a vítima apresenta queimadura de segundo grau nas mãos e
nos olhos, devido ao arco elétrico formado no curto circuito.
Curiosidade
[[Você sabe de onde vem a expressão “sangue azul”? Era uma expressão
Atendimento Pré-Hospitalar
Um dos fatores que pode afetar a pele é a queimadura, a qual pode produzir consequên-
cias gravíssimas e comprometer a qualidade de vida de uma pessoa, levando-a, em casos
extremos, à morte.
Segundo o poeta francês Paul Valéry (1871-1945), “a pele humana separa o mun-
do em dois espaços: de um lado, cores, do outro lado, dores”.
Tipos de queimaduras:
• Térmica: causada pela condução de calor ou frio intenso por meio de líquidos, sóli-
dos ou gazes;
• Química: causada por substâncias corrosivas e/ou produtos químicos que reagem
quando entram em contato com a pele;
Atendimento Pré-Hospitalar
Enchimento
Graus Profundidade Pele Capilar Dor
1º GRAU Epiderme Superficial Eritema, Quente Presente Leve a Moderada
2º GRAU Epiderme e Derme Eritema, Flictenas (bolhas) Presente Moderada
SUPERFICIAL Superficial
2º GRAU Epiderme e Derme Rósea ou Esbranquiçada,
Variável Severa
PROFUNDO Profunda Úmida
Ausente Ausente 97
3º GRAU Epiderme e Derme Branca, preta ou marrom,
totais, chegando aos
Seca
tecidos subcutâneos
Fonte: <http://vignette3.wikia.nocookie.net/infomedica/images/2/28/
Graus_queimadura.jpg/revision/latest?cb=20101202170215&path-prefix=pt-br>. Acesso em: 09 jun. 2016.
• A área ou extensão corporal afetada (quanto maior a área da pele atingida mais gra-
ve a queimadura);
• Queimaduras faciais;
• Inconsciência.
10. Retirar anéis, pulseiras, relógios ou quaisquer adereços que possam comprometer a
vascularização ante o edema a ser desenvolvido;
14. Queimaduras por ácidos penetram mais profundamente nos tecidos, portanto são con-
sideradas mais graves que queimaduras provocadas por ácidos:
Atendimento Pré-Hospitalar
de ou com soro fisiológico em jatos, para retirar toda substância cáustica;
• Evitar que o líquido escorra por áreas não queimadas, como por exemplo, em quei-
madura química nos olhos, irrigar com soro fisiológico ou água corrente do centro
para o canto externo do olho; 99
• Proteger-se do contato com o líquido que escoa;
• Procurar localizar ponto de entrada, circuito percorrido pelo corpo e ponto de saída
da corrente elétrica;
• O perigo não está na bolha colorida, azul ou rosa da caravela, que em geral fica na
superfície da água, o risco maior está nos tentáculos submersos;
• A água doce, ou gelo, se colocados na área da pele afetada, produzem uma diferen-
ça osmótica nas vesículas da caravela, rompendo-as e agravando a lesão;
lesão muscular e o tecido fica necrosado (morto), pois pode ocorrer um processo chamado
Rabdomiólise, que libera na corrente sanguínea uma proteína chamada de Mioglobina,
que pode levar a dependência de hemodiálise.
100 sanguínea. Alguns desses produtos, como a proteína mioglobina, são lesivos para os rins,
podendo causar insuficiência renal aguda, o que deixa a urina vermelho-marrom, também
chamada mioglubinúria.
Curiosidade
Você sabia que não é correto dizer que morreu eletrocutada uma pessoa
morreu por choque elétrico? O correto seria dizer que ela foi eletroplessio-
nada, ou seja, morreu por choque elétrico acidental, pois eletrocussão é o
termo utilizado para execução por choque elétrico, como no caso de cadeira
elétrica, que é pena de morte em alguns países.
Também existem as queimaduras especiais por inalação gases aquecidos. Nesses ca-
sos, as lesões vão desde tecidos acima da glote envolvendo boca e nariz até abaixo da
glote, podendo afetar brônquios, bronquíolos e pulmões, além da intoxicação por monóxido
de carbono (CO).
As queimaduras desse tipo devem receber atenção especial, pois exigem tratamento
avançado hospitalar o mais rápido possível. Para as queimaduras abaixo e acima da glote
é necessária uma intervenção com medicamentos para que não haja obstrução das vias
aéreas pelo edema que o organismo vai desenvolver. Já em relação à intoxicação pelo CO,
o organismo humano por ter uma afinidade 200 vezes maior pelo monóxido de carbono do
que pelo próprio oxigênio, correndo o risco de asfixia em poucos segundos, o que pode ser
letal se não for tratado em tempo hábil.
As condutas no aph desse tipo de ocorrência devem proceder conforme protocolo para
indivíduos em trauma, priorizando sempre a manutenção dos sinais vitais, respiração e
pulsação, bem como administrando oxigênio e conduzindo para um centro de tratamento
de queimados o mais breve possível.
Atendimento Pré-Hospitalar
Resumo
Você teve oportunidade de ver nesse capítulo um pouco mais sobre os traumas e as
lesões que envolvem acidentes com energia elétrica. As tensões que envolvem esse tipo
de ocorrência podem ser de alta tensão (acima de 1KV = 1000 Volts) ou baixa tensão
(até 1KV = 1000 Volts), por isso você deve respeitar as medidas de proteção e segurança
sabendo que sempre é necessário um fator isolante pra não entrar em contato direto com
101
nenhum dispositivo energizado - com risco de tornar-se parte do circuito elétrico. Lembre-
-se também que nas situações que envolverem queimaduras é sempre prudente zelar pela
proteção e uso de EPI (equipamento de proteção individual) ou de barreiras de proteção,
seja pra não se contaminar, ou mesmo para não contaminar o ferimento da queimadura.
Para tanto, sempre que possível deve-se utilizar materiais esterilizados.
Autoavaliação
01. Que cuidados um socorrista deve ter quando for socorrer e livrar alguém de um choque
elétrico?
a) Deve imediatamente jogar um balde de água em cima da vítima para dissipar a corrente
elétrica o mais breve possível.
b) Deve ligar pra companhia fornecedora de energia elétrica para bloquear a rede que vai
para o lugar onde está acontecendo o acidente ao mesmo tempo em que tenta liberar
a vítima com uma barra de ferro.
c) Deve desligar a fonte que de energia elétrica que está promovendo o choque elétrico e,
na impossibilidade, tentar afastar a vítima do circuito energizado com material isolante
de corrente elétrica.
d) Deve primeiro encostar o dorso da mão na vítima pra sentir se ela está levando choque
elétrico, pois o socorrista não corre o risco de levar choque ou fazer parte do circuito
energizado.
02. Quando uma vítima respira gases aquecidos e tem queimadura internas nas vias res-
piratórias, o que é correto fazer? Marque a alternativa correta.
a) Dar bastante líquido pra vítima tomar. No mínimo, dois litros de água e depois um litro de leite.
c) O socorrista deve fazer o possível para a vítima vomitar e colocar todos os resíduos
contaminantes pra fora.
d) A vítima deve ser acalmada e levada pra um lugar onde possa colocar gelo em cima do
nariz e boca pra resfriar as vias aéreas.
102
03. Marque (V) para as alternativas verdadeiras e (F) para as falsas.
( ) Após um choque elétrico, um dos efeitos é a vítima ainda manter o corpo energizado
mesmo após o desligamento da corrente elétrica.
( ) Numa queimadura causada por caravela podemos utilizar a própria água do mar e/ou
vinagre pra promover alívio das dores.
( ) Nas queimaduras químicas, podemos utilizar produtos neutralizantes nos olhos, como
leite por exemplo.
( ) As bolhas nas queimaduras de segundo grau devem ser rompidas para fazer um me-
lhor curativo durante o atendimento de primeiros socorros pelo socorrista.
a) V, F, V, F, F.
b) V, V, F, V, F.
c) V, F, F, F, F.
d) F, F, F, V, V.
04. Indique qual a alternativa incorreta sobre queimaduras:
a) A profundidade das queimaduras no corpo humano pode ser de 1º, 2º, 3º, 4º e 5º graus.
b) Quanto maior a área da pele atingida pelas queimaduras, mais grave o ferimento.
d) Em relação à idade das vítimas, a queimadura é mais grave em bebês ou idosos, porque
a imunidade biológica não está totalmente fortalecida.
Atendimento Pré-Hospitalar
103
Competência
06
Atuar
em ocorrências de traumas
Atendimento Pré-Hospitalar
106
Atuar
em ocorrências de traumas
Atendimento Pré-Hospitalar
Sistema Musculoesquelético
É importante conhecer o sistema musculoesquelético a fim de obter total êxito no aten-
dimento das emergências envolvendo traumas. Vamos lá?
Os movimentos do corpo humano só são possíveis devido a uma parceria existente en-
tre os ossos e os músculos numa combinação bem harmonizada com as articulações, tudo
numa combinação bem associada, complexa e afinada. 107
Sistema Muscular
• Músculo estriado esquelético: é inervado pelo sistema nervoso central e, como este,
se encontra em parte sob controle consciente, sendo um músculo voluntário. As
contrações do músculo esquelético permitem os movimentos dos diversos ossos e
cartilagens do esqueleto.
• Músculo cardíaco: esse tipo de tecido muscular forma a maior parte do coração dos
Atendimento Pré-Hospitalar
Curiosidade
108 Você sabia que a cãibra, que causa muita dor, é o resultado de uma con-
tração involuntária e repentina? As causas mais frequentes ocorrem quan-
do alguns exercícios são feitos sem um aquecimento antes, quando há um
esforço excessivo ou fraqueza muscular, quando o músculo fica na mesma
posição por muito tempo e quando o músculo tem carência de potássio,
cálcio ou magnésio.
Temos 650 músculos e nem todos ligados aos ossos. Apenas os esqueléticos, que são
responsáveis pelos movimentos voluntários. Existem também os músculos involuntários,
que se localizam na parede dos órgãos internos. E há ainda um músculo especial, o cardí-
aco, que bombeia o sangue por todo o corpo humano.
Importante
Os músculos geralmente trabalham em pares. Enquanto um se contrai, o
outro relaxa. O primeiro recebe o nome de agonista, o outro, de antago-
nista. Na maioria das vezes, vários pares de músculos estão trabalhan-
do ao mesmo tempo. Mesmo quando você está parado, seus músculos
estão em atividade. Esse estado de semicontração é chamado de tônus
muscular. Para você ficar de pé, vários músculos trabalham para que seu
esqueleto não desabe.
Atendimento Pré-Hospitalar
Depois da morte, os músculos ficam rígidos por um período de 12 a 36 horas. É o “rigor
mortis”, um fenômeno químico causado pela falta de renovação das moléculas que abas-
tecem de energia os tecidos musculares.
Sistema Esquelético
109
Fonte: <http://static.todamateria.com.br/upload/55/55/55551cfbad99a-sistema-esqueletico.jpg>.
Acesso em: 09 jun. 2016.
É um conjunto de ossos e cartilagens que se unem através de articulações para formar
o arcabouço do corpo humano e desempenhar várias funções. O sistema esquelético é
composto por duzentos e seis ossos, os quais proporcionam firmeza, protegem os órgãos
vitais e servem de suporte para os movimentos.
Curiosidade
Os ossos, ao contrário do que parece, estão cheios de vida. No seu interior
funciona a fábrica das células de sangue: continuamente a medula óssea
produz plaquetas, glóbulos brancos e vermelhos.
Atendimento Pré-Hospitalar
Cabeça
Curiosidade
Você sabia que os três menores ossos do corpo humano estão na cabeça,
situados dentro do ouvido médio? Os nomes dos ossos são Estribo, Bigorna
e Martelo. Presos a esses ossos estão dois músculos bem pequenos, os
quais ajudam a abafar os sons que chegam muito elevados ao tímpano
Tronco
Coluna Vertebral
Atendimento Pré-Hospitalar
Cintura Escapular
Cintura Pélvica
O pulso é formado por ossos pequenos e maciços, os carpos. A palma da mão é forma-
da pelos metacarpos, e os dedos, pelas falanges.
O conjunto formado pelo calcanhar, o arco e a planta dos pés lembra a estrutura de uma
ponte em arco, com seus cabos e esteios.
Atendimento Pré-Hospitalar
Curiosidade
Quando um bebê nasce, o crânio ainda não está completamente formado.
As moleiras são regiões em que a cartilagem ainda não se transformou em
osso. Isso facilita a passagem da cabeça do bebê pelo canal vaginal e viabi-
liza o crescimento rápido do cérebro.
112
A Luxação acontece quando as epífises ósseas desarticulam e não voltam mais a posi-
ção inicial, perdendo muitas vezes a formatação anatômica original e comprometendo as
funções de movimento.
• Punho – Articulação que une os ossos do pulso com os do antebraço, e que ganha o
nome de junta elipsoidal.
• Ombro – Articulação que une o osso úmero com a escápula. Essa articulação tem
uma cavidade superficial, e por isso está mais sujeita a deslocamentos.
• Cotovelo – É uma articulação que também funciona como dobradiça e se forma com
a união dos ossos úmero e ulna.
• Tornozelo – Articulação formada por sete ossos com formato bastante irregular.
Esses ossos têm certa flexibilidade, porém com limitação determinada por vários
ligamentos.
Atendimento Pré-Hospitalar
Fonte: <http://www.ortopcuritiba.com.br/wp-content/uploads/2015/11/luxa%C3%
A7%C3%A3o-do-ombro-curitiba.jpg>. Acesso em: 09 jun. 2016.
Por mais resistente que seja o osso, às vezes ele se quebra. Porém, com exceção dos
ossos do crânio, ele pode se restaurar sozinho. O procedimento é imobilizar e manter o
114 osso na posição correta para que a fratura seja corrigida no local, com isso forma-se um
coágulo de sangue unindo as duas partes segmentadas. Em seguida, inicia-se a formação
de um calo ósseo, composto de uma mistura de fibras de colágeno e cartilagem, que aos
poucos vai preenchendo os espaços a serem restaurados, deixando, ao final, uma estrutu-
ra mais forte do que antes.
Fonte: <http://www.centraldafisioterapia.com.br/bd_imagens/1510201312729.jpg>.
Acesso em: 14 jun. 2016.
Condutas de APH para Fraturas
As fraturas classificam-se quanto ao foco em:
• Aberta ou Exposta: O osso quebrado atravessa a pele. Mesmo que a espícula óssea
que rompeu a pele retorne para dentro do corpo humano, a existência de uma ferida
já caracteriza como sendo aberta ou exposta.
Atendimento Pré-Hospitalar
pode estar apenas trincado ou com uma parte do plano apresentado quebrado.
• Fratura transversa;
• Fratura oblíqua;
• Fratura cominutiva.
Fonte: <http://fuiacampar.com.br/public/img/post/e94c2f530
2c18fac1771b754e330408b.jpg>. Acesso em: 14 jun. 2016
Característica das fraturas:
• Deformidade, Dor;
• Tumefação e equimose;
• Impotência funcional;
endoesqueleto:
trata-se de um • Fragmento exposto, Crepitação;
esqueleto interno,
tal como o humano, • Coloração do membro (perfusão).
que serve para
sustentar o corpo e Condutas pré-hospitalares:
proteger os órgãos.
Exoesqueleto, por • Conter as hemorragias;
sua vez, signifi-
ca literalmente • Retirar anéis, relógio e pulseiras, expondo o membro;
esqueleto externo,
e trata-se de uma • Imobilizar o membro com talas que ultrapassem as articulações distal e proximal,
Atendimento Pré-Hospitalar
epiderme resis-
levantando o membro segurando nas duas articulações;
tente, mas flexível,
que cobre algumas
• Substituir o endoesqueleto por um exoesqueleto, estabilizando a estrutura com talas.
criaturas, como os
insetos.].
• Checar pulso distal antes e após a imobilização;
116
Atividade 01
Numa fratura as complicações são diversas. Com base nos nossos estu-
dos, elenque quais os efeitos que causam desequilíbrio no organismo hu-
mano após uma fratura. Além do comprometimento ósseo, quais outros
desequilíbrios podemos citar?
• Caso as fraturas exijam talas maiores necessitem de emendas, devem ter uma mé-
dia de 20 cm de sobreposição.
Atendimento Pré-Hospitalar
Os ossos fraturados podem apresentar hemorragias, pois eles possuem medulas que
sangram em seu interior, e chegam a perder grande volume quando afetados:
Resumo
Nesse capítulo tivemos a oportunidade de estudar sobre diversos traumas que podem
ocorrer em diferentes acidentes que o corpo humano pode sofrer. Tivemos como base os
traumas em extremidades, como fratura, luxação e entorse. Tais traumas são considera-
dos secundários na maioria das vezes, por não ocasionarem, a princípio, risco de morte.
Contudo, se tais traumas não forem devidamente tratados e imobilizados para realização
de remoção e transporte, podem agravar, trazendo consequências gravíssimas e assim
promovendo risco iminente de morte.
Autoavaliação
01. Marque com um (X) a alternativa correta e identifique quais os tipos de músculos que
existem em nosso corpo:
a) Músculo Liso, Músculo Rugoso e Músculo Estirado.
02. Marque a alternativa que corresponde ao nome que se dá quando ocorre o fenômeno
químico causado após a morte pela falta de renovação das moléculas que abastecem
de energia os tecidos musculares.
04. Identifique a alternativa que corresponde aos tipos de fratura quanto ao foco e ao traço:
Realizar
Curativos
Realizar
Curativos
Os curativos são essenciais nos diversos ferimentos em que a pele é afetada, porque
é necessário manter o local limpo e livre de bactérias para evitar infecções. Existe um
grande número de bactérias no meio ambiente, bem como na nossa própria pele. Essas
bactérias podem provocar doenças ou mesmo, em casos mais extremos, causar uma
infecção generalizada.
Atendimento Pré-Hospitalar
Sistema Tegumentar
121
O tegumento humano, mais conhecido como pele, é formado por três camadas distin-
tas firmemente unidas entre si: a epiderme, a derme e o tecido subcutâneo. Esse sistema
inclui a pele e seus anexos, proporcionando ao corpo um revestimento protetor que contém
terminações nervosas sensitivas e participa da temperatura corporal, além de outras fun-
ções. Seus mais de 5 milhões de sensores captam os estímulos mais sutis.
A pele adulta tem aproximadamente dois metros quadrados de tecido humano da melhor
qualidade, apresentando espessura variável de um a quatro milímetros, conforme a região. A
distensibilidade também é outra característica da pele que varia de região para região.
Hemorragias
As hemorragias podem apresentar consequências maiores ou menores, a depender de
diversos fatores. De qualquer modo, os sangramentos devem ser contidos de imediato. Por
menores que sejam, eles podem, juntamente com outros traumas e lesões, comprometer
Atendimento Pré-Hospitalar
a saúde do vitimado e até trazerem risco de morte. Veremos nessa sessão quais os tipos
de hemorragias e como fazer para adotar medidas que eliminem ou diminuam a perda de
volume sanguíneo dos seus vasos condutores para o meio externo.
Uma hemorragia acontece quando o sangue é extraviado para fora dos vasos
122
sanguíneos por algum tipo de lesão, deixando de seguir o curso normal do fluxo
sanguíneo no corpo humano.
Além disso, as hemorragias também podem ser classificadas como arterial ou venosa,
a depender do tipo de vaso sanguíneo que foi seccionado. Quando a hemorragia é arterial,
o sangramento sai de uma artéria, e é caracterizado por ter uma coloração de tom verme-
lho vivo e um fluxo pulsátil em forma de jatos que se dá a cada pulsação. Já no caso da
hemorragia venosa, o sangramento é proveniente de uma veia, e apresenta-se com uma
coloração de tom vermelho escuro, com um fluxo de saída escorrendo ou gotejando no
local da ferida.
Algumas hemorragias são difíceis de conter por serem de grande extensão e profun-
didade ou por serem internas. A ação do socorrista deve ser de caráter emergencial para
levar vítimas com esses tipos de sangramentos para um atendimento avançado, em que
Atendimento Pré-Hospitalar
muitas vezes é necessário um procedimento cirúrgico para manter sinais vitais e/ou evitar
o estado de choque.
Vamos nos deter no estudo do Choque Hipovolêmico do tipo Hemorrágico, que é um com-
prometimento do sistema cardiovascular por ocasião da perda de grande volume sanguíneo.
Para prevenir o estado de choque hipovolêmico do tipo hemorrágico nas vítimas é ne-
cessário controlar as hemorragias, afrouxar roupas e indumentárias que apertam o corpo,
agasalhar a vítima para impedir a hipotermia, elevar os membros inferiores cerca de 30
cm acima do solo, e, sob orientação médica, repor o volume perdido com administração de
Atendimento Pré-Hospitalar
Para controlar as hemorragias, existem algumas técnicas e táticas que podem ser ado-
tadas, tais como:
Pressão direta
Atendimento Pré-Hospitalar
Curativo compressivo
Curativo realizado sobre o local do ferimento incorporando mais gazes quando as pri-
meiras camadas estiverem umedecidas de sangue. Para isso, utilizam-se ataduras de cre-
pe que, sob tensão, deverão manter compressão na lesão sem comprometer a perfusão
capilar periférica.
125
Fonte: <http://urgenciasfamiliares.com/wp-content/uploads/2014/02/ng87793C77-277F-4676-A90C-C151C8B25DCD.
jpg>. Acesso em: 30 jun. 2016.
Elevação do membro
Pressão indireta
Também denominada ponto de pressão, visa reduzir a luz da artéria que nutre o feri-
mento, diminuindo o fluxo sanguíneo sem impedir que o suprimento de sangue chegue à
extremidade.
126
Torniquete
Atendimento Pré-Hospitalar
Fonte: <http://heberthenrique.com.br/wp-content/uploads/2016/01/torniquete.png>.
Acesso em: 30 jun. 2016.
Curativo oclusivo
127
Realizado nos moldes do curativo compressivo, difere pela inexistência da compressão. O
objetivo do curativo oclusivo é cobrir o local do ferimento com gaze, bandagem ou compressas,
fixando-as sem realizar compressão com atadura ou esparadrapo, para facilitar a coagulação.
Fonte: <http://www.maxmedical.com.br/produtos/239grande.jpg>.
Acesso em: 30 jun. 2016.
Conduta APH para curativos
Algumas situações exigem curativos específicos:
É a perda de sangue pelo nariz devido à ruptura de vasos sanguíneos da mucosa nasal
e seus anexos. Nessa situação, deve-se posicionar a vítima com a cabeça inclinada à frente
e pressionar continuamente as narinas com os dedos, por um tempo médio de 5 minutos.
Também é possível utilizar compressa de gelo sobre as narinas e orientar a vítima a não
assoar o nariz. Não se deve permitir que a vítima posicione a cabeça pra trás, pois ela pode
deglutir sangue, o que pode provocar vômitos.
Atendimento Pré-Hospitalar
• Amputação
128 das anteriormente, como pressão direta, curativo compressivo, elevação do membro lesa-
do acima do coração e pressão indireta. Caso tais técnicas não controlem a hemorragia, o
torniquete poderá ser utilizado.
• Evisceração
Importante
Nunca empurrar as vísceras expostas de volta ao corpo.
• Ferida aspirante
Para uma ferida aspirante, deve-se realizar o curativo valvulado – ou curativo de três pon-
tos -, que consiste em utilizar um plástico quadrado ou retangular no orifício de um ferimento
torácico. Tal plástico tem uma fixação na base superior e nas laterais com esparadrapo, dei-
xando a base inferior aberta. Quando há inspiração de ar por parte da vítima, esse plástico
impede a entrada de ar para o espaço entre as membranas que envolvem o pulmão e o pró-
prio órgão, o que pode ocasionar traumas como o hemotórax e o pneumotórax.
Hemotórax:
Os dois traumas podem acontecer simultaneamente, promovendo acúmulo de ar e
derramamento de
sangue entre as membranas que envolvem os pulmões (chamadas pleuras). Nesse caso, sangue na cavida-
de das membranas
temos um Hemopneumotórax, em que o curativo de três pontos também se mostra eficaz,
que envolvem os
pois impede um acúmulo ainda maior de ar e sangue, o que ocasionaria um excesso de pulmões, provo-
cando dificuldade
pressão interna no órgão em tela, gerando um Hemotórax ou Pneumotórax hipertensivo.
respiratória.
Atendimento Pré-Hospitalar
Pneumotórax:
acúmulo de ar ou
gases na cavidade
das membranas
que envolvem os
Resumo
Aprendemos um pouco mais sobre hemorragias e curativos nos diversos tipos de feri-
mentos, e o quão importante é manter o sistema cardiovascular sempre funcionando em
perfeita ordem para que não haja risco de um colapso ou mesmo de parada das funções
dos diversos órgãos do corpo humano, que dependem de sangue oxigenado para o per-
feito funcionamento. Realizar curativos e contenções de hemorragias nas mais variadas
formas de lesões que se apresentam é questão emergencial, pois em casos extremos
podem levar a uma parada cardiorrespiratória. Um bom socorrista deve saber controlar
sangramentos, prevenir o estado de choque e conhecer os sinais e sintomas de uma
vítima com hemorragia.
Autoavaliação
01. Marque a alternativa correta sobre o curativo:
b) Não é necessário manter o local limpo e livre de bactérias para evitar infecções.
b) Reação alérgica.
04. Identifique a alternativa que contém orientações adequadas para prevenir o estado de
choque hipovolêmico:
c) Colocar a vítima sentada, dar água pra beber enquanto coloca sal embaixo da língua.
Por causa de um socorro mal prestado, muitas vítimas envolvidas em diversas ocorrên-
cias de acidentes perdem as chances de recuperação e agravam suas condições, podendo
chegar a ter traumas irreversíveis.
Se tivermos como exemplo uma vítima com uma simples fratura de membros e ela for
Atendimento Pré-Hospitalar
socorrida de forma inadequada, poderá correr até mesmo risco de morte. Uma fratura, sob
manuseio incorreto, pode seccionar uma artéria, promovendo uma grave hemorragia que se
não for contida ocasionará uma parada cardíaca. Assim, um processo adequado de imobili-
zação, remoção e transporte é imprescindível para a vítima.
134
Fonte: <https://lh6.googleusercontent.com/-BQ7WiUXEZsc/TYnZtRNnXOI/AAAAAAAAATo/
Yp0GnUKaqio/s1600/PS+1.gif>. Acesso em: 30 jun. 2016.
• Dores na coluna;
• Fadiga muscular.
Atendimento Pré-Hospitalar
1. Ao agachar-se, mantenha suas pernas flexionadas e a coluna ereta. Quando não fle-
xionamos as pernas a nossa coluna é sobrecarregada com o levantamento do peso,
e sendo a coluna uma estrutura frágil, que não foi projetada para suportar cargas,
será lesionada com o passar do tempo e repetição de posturas inadequadas no car-
regamento de peso.
2. Devemos trazer a carga o mais próximo de nosso corpo possível, a fim de equilibrar
o corpo e distribuir o peso de forma igualitária. 135
3. Caso não tenha condições de levantar o peso sozinho, peça ajuda. Não sobrecarre-
gue sua estrutura osteomuscular.
4. Analise o trajeto que irá fazer com a vítima, buscando o menor percurso e que esteja
com o mínimo de obstáculos possível.
É de extrema importância que o socorrista tenha um bom preparo físico, que deve ser
conquistado com uma alimentação equilibrada e prática rotineira de exercícios.
Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/_P-MzoBY5JIc/S_3huyUsHQI/AAAAAAAABQY/wzP3Tnu_tXA/s1600/
transporte+paciente+5.JPG>. Acesso em: 30 jun. 2016.
Fonte: <http://centercor.vteximg.com.br/arquivos/ids/160925-1000-1000/Prancha-em-Compensado-Naval-Curta--Chave--
-centercor-hospitalar-venda-de-produtos-hospitalares-1.jpg>. Acesso em: 30 jun. 2016.
Fonte: <http://www.aphsul.com/media/catalog/product/cache/1/image/
640x468/ce62fc9c76933b6d83634d347c6af792/k/e/ked_infatil_verde_1.jpg>. Acesso em: 30 jun. 2016.
O objetivo do Ked é imobilizar a coluna em toda sua dimensão, incluindo abas laterais
que asseguram a estabilização do tronco e da cabeça, impedindo que no transporte da
vítima essas estruturas movimentem-se, agravando ou causando lesões.
Atendimento Pré-Hospitalar
• Com prancha longa;
137
• Com padiola;
Atendimento Pré-Hospitalar
Fonte: <http://static.catalogohospitalar.com.br/img/produtos/10225/
imagem-de-padiola-dobravel-simples-pd-15_g.jpg>. Acesso em: 30 jun. 2016.
A maca tipo padiola tem estrutura metálica, podendo ser dobrável ou não, e é muito
utilizada para o transporte de vítimas.
138 • Com colchão a vácuo;
A maca retrátil é muito usada em ambulâncias e hospitais por ter uma estrutura rígida
de componentes metálicos e pernas retráteis, que podem ser ajustadas em alturas diversas.
Atendimento Pré-Hospitalar
Todas as técnicas de movimentação de vítimas mencionadas devem ser feitas resguar-
dando a individualidade biológica do socorrista e preservando sua postura, para que ele
não pegue um peso muito elevado e tenha prejuízos físicos como dores e traumas durante
e após a execução dos movimentos. Para tanto, tais manobras práticas devem ser treina-
das para que durante a execução em ocorrências reais todos os socorristas envolvidos
desenvolvam os procedimentos buscando sempre o alinhamento da coluna vertebral, bem
como um trabalho de respiração, força e postura ergonômica.
139
Atividade 01
Para se ter um melhor entendimento de como você deve fazer para re-
alizar levantamento de peso sem lesionar a coluna vertebral, faça uma
pesquisa mostrando qual a melhor postura para se levantar o peso de
um objeto do solo:
• Com peso equivalente a metade do peso do seu corpo;
• Com peso igual ao peso do seu corpo;
• Com peso entre uma vez e meia até duas vezes o peso do seu corpo.
Obs.: Você pode pesquisar e depois executar os movimentos com ajuda
de alguém, e em frente a espelhos ou com observadores, visando corrigir
posturas.
Resumo
Nesse capítulo estudamos a importância da remoção e transporte de vítimas, e tam-
bém a seriedade com que devemos executar tais procedimentos para que não venhamos
a desenvolver lesões por levantamento de peso com posturas inadequadas. Por se tratar
de um assunto em que o treinamento das práticas é imprescindível, recomendamos que
as orientações sejam seguidas à risca e que, caso o socorrista não consiga realizar o le-
vantamento do peso de uma vítima, procure apoio de outras pessoas para não se tornar
também uma vítima.
Autoavaliação
01. Marque a alternativa correta sobre remoção e transporte:
Atendimento Pré-Hospitalar
a) A prioridade é transportar ao hospital, não importa como, quanto mais rápido melhor.
b) Nunca se deve remover ou transportar uma vítima, pois essa é função do médico.
d) Por falta de remoção e transporte corretos, muitas vítimas perdem as chances de melhor
140 recuperação e agravam suas condições, podendo chegar a ter traumas irreversíveis.
b) Transporte feito erguendo a vítima pelas pernas e pelos braços, deixando cabeça livre.
03. Marque a alternativa que não corresponde a uma técnica de remoção e transporte com
equipamentos e materiais específicos em APH:
a) Com Ked.
b) Com Sked.
c) Com prancha longa.
04. Identifique a alternativa que diz corretamente o porquê de a vítima ser removida e
transportada com técnicas de aph:
d) Porque a equipe de socorro será presa por socorro indevido se não seguir as orienta-
Atendimento Pré-Hospitalar
ções do protocolo de remoção e transporte.
141
Referências
MARCONNI, Edson. Primeiros Socorros. Recife: Agência Brasileira do ISBN, Universidade
de Pernambuco – UPE, Núcleo de Gestão de Documentação e Bibliotecas, 2012.
Atendimento Pré-Hospitalar
143
Gabarito
Autoavaliação
Competência 01 Competência 05
1. b 1. c
2. c 2. b
3. b 3. c
4. d 4. a
Competência 02 Competência 06
1. c 1. b
Atendimento Pré-Hospitalar
2. c 2. d
3. a 3. d
4. b 4. b
Competência 03 Competência 07
1. b 1. a
144 2. b 2. b
3. c 3. c
4. a 4. d
Competência 04 Competência 08
1. d 1. d
2. b 2. a
3. c 3. d
4. d 4. c
Conheça o autor
Jefferson Luiz
Atendimento Pré-Hospitalar
Pós-Graduado em Docência do Ensino Superior pela Faculdade dos Guararapes e em
Saúde Coletiva com Ênfase em Saúde da Família pelo Instituto Stella Maris – Fundação de
Ensino Superior de Olinda (FUNESO), é também Especialista em Biossegurança, Bacharel
em Fisioterapia pela Faculdade dos Guararapes e Graduando no curso de pós-graduação
em Docência do Ensino Superior pela Faculdade dos Guararapes. É Técnico de Eletrotécni- 145
ca, Auxiliar Técnico de Enfermagem, Subtenente do Corpo de Bombeiros Militar de Pernam-
buco, Integrante do Programa de Ensino e Pesquisa em Emergências, Acidentes e Violên-
cias, além de Instrutor de Atendimento Pré-Hospitalar e Despachante do Centro Integrado
de Operações de Defesa Social.