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Jefferson Luiz

Atendimento
Pré-Hospitalar
Atendimento
Pré-Hospitalar
Jefferson Luiz

Atendimento
Pré-Hospitalar

Natal/RN
2016
presidente
PROF. PAULO DE PAULA

diretora acadêmica
PROFA. LEIDEANA BACURAU

diretora de produção de projeto


PROFA. JUREMA DANTAS

FICHA TÉCNICA

gestão de produção de materiais didáticos


PROFA. LEIDEANA BACURAU

coordenação de design instrucional


PROFA. ANDRÉA CÉSAR PEDROSA

projeto gráfico
ADAUTO HARLEY SILVA

diagramação
MAURIFRAN GALVÃO

designer instrucional
PROFA. ANDRÉA CÉSAR PEDROSA

revisão de língua portuguesa


IURY MAZZILI GOMES DANTAS

revisão das normas da ABNT


LUÍS CAVALCANTE FONSECA JÚNIOR

ilustração
RAFAEL EUFRÁSIO DE OLIVEIRA

Catalogação da Publicação na Fonte (CIP).


Ficha Catalográfica elaborada por Luís Cavalcante Fonseca Júnior - CRB 15/726.

L952a Luiz, Jeferson.


Atendimento pré-hospitalar / Jeferson Luiz ; edição e
revisão do Instituto Tecnológico Brasileiro (ITB). – Natal,
RN : 2016.
42 p. : il.

ISBN 978-85-68100-93-6
Inclui referências

1. Primeiros socorros. 2. Biossegurança.


3. Atendimento pré-hospitalar. I. Instituto Tecnológico
Brasileiro. II.Título.

RN/ITB/LCFJ CDU 616-08


“A vida não acaba para alguém quando seu coração para.
Se houver um socorrista, ainda há esperança”.
(Jefferson Luiz)
Índice iconográfico

Atividades Vocabulário Importante

Mídias Curiosidade Querendo mais

Você conhece? Diálogos


Internet

O material didático do Sistema de Aprendizado itb propõe ao aluno uma linguagem objetiva, sim-
ples e interativa. Deseja “conversar” diretamente, dialogar e interagir, garantir o suporte para o es-
tudante percorrer os passos necessários a sua aprendizagem. Os ícones são disponibilizados como
ferramentas de apoio que direcionam o foco, identificando o tipo de atividade ou material de estudo.
Observe-os na descrição a seguir:

Curiosidade – Texto para além da aula, explorando um assunto abordado. São pitadas de conheci-
mento a mais que o professor pode proporcionar ao aluno.

Importante! – Destaque dado a uma parte do conteúdo ou a um conceito estudado, que seja con-
siderado muito relevante.

Querendo mais – Indicação de uma leitura fora do material de estudo. Vem ao final da competência,
antes do resumo.

Vocabulário – Texto explicativo, normalmente curto, sobre novos termos que são apresentados no
decorrer do estudo.

Você conhece? – Foto e biografia de uma personalidade conhecida pelas suas obras relacionadas
ao objeto de estudo.

Atividade – Resumo do conteúdo praticado na competência em forma de exercício. Pode ser apre-
sentado ao final ou ao longo do texto.

Mídias – Contém material de estudo auxiliar e sugestões de filmes, entrevistas, artigos, podcast e
outros, podendo ser de diversas mídias: vídeo, áudio, texto, nuvem.

Internet – Citação de conteúdo exibido na Internet: sites, blogs, redes sociais.

Diálogos – Convite para discussão de assunto pelo chat do ambiente virtual ou redes sociais.
Sumário
Apresentação institucional....................................................................................................11
Palavra do professor autor......................................................................................................13
Apresentação das competências...........................................................................................15

Competência 01
Contextualizar a Importância do Atendimento Pré-Hospitalar (APH)............................. 19
Histórico e Fundamentação Legal para o Atendimento Pré-Hospitalar.........................19
Histórico de APH:...............................................................................................................21
Atributos do Socorrista......................................................................................................22
Legislação Pertinente........................................................................................................23
Preservação do local do acidente....................................................................................25
Direitos da pessoa que estiver sendo atendida..............................................................25
Equipamentos e Materiais de Suporte para APH............................................................26
Suporte para proteção individual.....................................................................................26
Suporte para avaliação geral do acidentado..................................................................27
Suporte para Reanimação Cardiopulmonar (RCP).........................................................29
Suporte para imobilização, remoção e transportes de vítimas..................................... 31
Suporte para curativos......................................................................................................33
Suporte para demais serviços operacionais...................................................................34
Resumo..............................................................................................................................34
Autoavaliação.....................................................................................................................35
Competência 02
Aplicar a Biossegurança no APH....................................................................................... 39
Objetivos da Biossegurança no APH................................................................................39
Objetivos específicos da Biossegurança no APH............................................................40
Portas de entrada dos microrganismos...........................................................................40
Medidas de prevenção e controle de infecção............................................................... 41
Limpeza, descontaminação, desinfecção e esterilização..............................................43
Limpeza..............................................................................................................................43
Descontaminação.............................................................................................................43
Desinfecção.......................................................................................................................45
Esterilização.......................................................................................................................46
Higiene e antissepsia das mãos......................................................................................46
Resumo..............................................................................................................................48
Autoavaliação.....................................................................................................................49

Competência 03
Realizar a avaliação geral do acidentado......................................................................... 53
Conceitos de Anatomia Humana......................................................................................54
Posição Anatômica............................................................................................................54
Divisões do Corpo Humano..............................................................................................55
Termos de Relação ou Comparação................................................................................56
Realizar avaliação geral do acidentado...........................................................................58
Princípios da Avaliação Primária......................................................................................58
Avaliação Primária.............................................................................................................59
Protocolo Operacional.......................................................................................................60
Resumo..............................................................................................................................65
Autoavaliação.....................................................................................................................65

Competência 04
Realiza a reanimação cardiopulmonar............................................................................. 69
Sistema Respiratório.........................................................................................................70
Sistema Cardiovascular....................................................................................................72
Obstrução Parcial das Vias Aéreas (VVAA).......................................................................76
Obstrução Total das VVAA.................................................................................................76
Realizar Reanimação Cardiopulmonar (RCP)..................................................................79
Princípios da RCP..............................................................................................................79
RCP Eficiente......................................................................................................................81
Especificidades da RCP (bebê, criança, adulto e afogados...........................................84
Resumo..............................................................................................................................86
Autoavaliação.....................................................................................................................87

Competência 05
Prestar atendimento a vítimas de choque elétrico.......................................................... 91
O choque elétrico e seus efeitos no organismo humano............................................... 91
Conduta em emergências envolvendo o choque elétrico..............................................92
Epiderme e tratamento de queimaduras........................................................................95
Conduta APH em queimaduras........................................................................................98
Resumo............................................................................................................................101
Autoavaliação...................................................................................................................101

Competência 06
Atuar em ocorrências de traumas................................................................................... 107
Sistema Musculoesquelético..........................................................................................107
Sistema Muscular............................................................................................................107
Sistema Esquelético........................................................................................................109
Entorse, luxação e fratura...............................................................................................112
Condutas de APH para Fraturas.....................................................................................115
Protocolo em caso de fraturas.......................................................................................116
Resumo............................................................................................................................ 117
Autoavaliação................................................................................................................... 117

Competência 07
Realizar Curativos............................................................................................................ 121
Sistema Tegumentar.......................................................................................................121
Hemorragias....................................................................................................................122
Conduta do APH para hemorragias................................................................................124
Conduta APH para curativos...........................................................................................128
Resumo............................................................................................................................129
Autoavaliação...................................................................................................................129

Competência 08
Aplicar as técnicas para transporte e remoção de vítimas............................................ 133
Técnicas de transporte e remoção de vítimas..............................................................133
Remoção e transporte de vítimas: com o próprio corpo..............................................134
Riscos ergonômicos para o socorrista nas operações de remoção e
transporte de vítimas......................................................................................................134
Remoção e transporte de vítimas: com meios de fortuna...........................................135
Remoção e transporte de vítimas: com equipamentos e materiais
técnicos de APH...............................................................................................................136
Resumo............................................................................................................................140
Autoavaliação...................................................................................................................140

Referências.............................................................................................................................142
Gabarito..................................................................................................................................144
Conheça o autor.....................................................................................................................145
Apresentação institucional

Atendimento Pré-Hospitalar
O Instituto Tecnológico Brasileiro (itb) foi construído a partir do sonho de educadores e
empreendedores reconhecidos no cenário educacional pelas suas contribuições no desen-
volvimento econômico e social dos Estados em que atuaram, em prol de uma educação de
qualidade nos níveis básico e superior, nas modalidades presencial e a distância.
Esta experiência volta-se para a educação profissional, sensível ao cenário de desen-
volvimento econômico nacional, que necessita de pessoas devidamente qualificadas para 11
ocuparem vagas de trabalho e garantirem suporte ao contínuo crescimento do setor pro-
dutivo da nação.
O Sistema itb de Aprendizado Profissional privilegia o desenvolvimento do estudante a
partir de competências profissionais requeridas pelo mundo do trabalho. Está direcionado
a você, interessado na construção de uma formação técnica que lhe proporcione rapida-
mente concorrer aos crescentes postos de trabalho.
No Sistema itb de Aprendizado Profissional o estudante encontra uma linguagem clara
e objetiva, presente no livro didático, nos slides de aula, no Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem e nas videoaulas. Neste material didático, um verdadeiro diálogo estimula a leitura, o
projeto gráfico permite um estudo com leveza e a iconografia utilizada lembra as modernas
comunicações das redes sociais, tão acessadas nos dias atuais.
O itb pretende estar com você neste novo percurso de qualificação profissional, con-
tribuindo decisivamente para a ampliação de sua empregabilidade. Por fim, navegue no
Sistema itb: um estudo prazeroso, prático, interativo e eficiente o conduzirá a um posicio-
namento profissional diferenciado, permitindo-lhe uma atuação cidadã que contribua para
o seu desenvolvimento pessoal e do seu país.
Palavra do professor autor

Atendimento Pré-Hospitalar
Meu amigo ou minha amiga especialista. Se você me permite, é assim que gostaria de me
dirigir a você, pois acredito que para adentrar neste mundo de conhecimento técnico e cientí-
fico, executando com eficácia e eficiência procedimentos que podem salvar vidas, temos que
ser realmente especialistas.
Este livro tem como foco o intuito de dar um suporte básico à vida, quando esta apresentar-
-se num momento de risco ou ameaça: estou falando da arte de prestar Primeiros Socorros. 13
Acredito que todo mundo um dia já passou pela experiência de viver, observar ou ouvir
um caso de um acidente com risco iminente à vida ou à saúde. Sabemos que é um momento
tenso, que inspira medo, dúvida e insegurança. Para tanto, as personagens desse Teatro de
Operações - termo comumente utilizado - necessitam de diretrizes e conhecimentos mínimos
para que saibam como se comportar nessa situação de crise, sejam essas personagens os
curiosos, as vítimas, os socorristas etc., enfim, todos os envolvidos.
Muitas vezes somos ingênuos em pensar de que isso nunca vai acontecer conosco, mas é
natural e muito provável que um dia possamos passar por acidentes, e isso pode ocorrer em
qualquer lugar: em nossos lares, nas ruas, nos locais de trabalho, nos momentos de lazer;
e com qualquer pessoa: nossos amigos, familiares, conhecidos e também desconhecidos.
E então, Especialista, como está você? Será que está preparado? Em qualquer momento al-
guém pode precisar de Primeiros Socorros. Será que você estará disponível e apto pra ajudar?
Com esse material didático temos a honra de poder assessorá-lo na construção de com-
petências que poderão mudar a sua vida e a de muitos outros, no exercício de prestar assis-
tência de primeiros socorros em situações de risco iminente à vida ou à saúde do acidentado,
demonstrando assim uma grande missão de amor ao próximo.
Bons estudos!
Atendimento Pré-Hospitalar

14
Apresentação das competências

Atendimento Pré-Hospitalar
Vamos conhecer as competências que tornarão você capaz de prestar atendimento pré-
-hospitalar em situações de emergência.
Na competência 1 iremos contextualizar a importância do Atendimento Pré-Hospitalar
(APH), conhecendo sua história e identificando os materiais e equipamentos básicos que
ajudarão você a desempenhar um melhor atendimento às vítimas das diversas ocorrências
que possam surgir. 15
Em APH é fundamental garantir nossa aptidão, conjuntamente com a possibilidade de
nos manter livre de contaminações e infecções. Esse conhecimento conseguiremos atra-
vés da aplicação da Biossegurança no APH, apresentada na competência 2.
Na competência 3 realizaremos a avaliação geral do acidentado. No estudo da deso-
bstrução das Vias Aéreas, você terá a oportunidade de identificar os vários tipos de obs-
truções das vias respiratórias, bem como saberá como realizar a desobstrução específica
para cada caso.
Na 4ª competência você aprenderá a realizar uma reanimação cardiopulmonar, com-
preendendo como se dá uma parada cardíaca e, acima de tudo, vai saber também como
proceder a reanimação e todas as suas particularidades. Nessa competência também ire-
mos conhecer e aprender a manusear um equipamento com alto nível tecnológico capaz
de fazer o coração voltar a bater em tempo hábil com apenas um toque: o Desfibrilador
Externo Automático (DEA).
Prestar o primeiro atendimento às vítimas de choque elétrico será o objetivo de nossa
5ª competência.
Após a 6ª competência, você estará apto a atuar em ocorrências de traumas. Você verá
como minimizar os efeitos provocados por diversos traumas utilizando-se de técnicas de
imobilizações e contenção de grandes sangramentos.
Na competência 7 iremos realizar curativos, e você aprenderá como proceder no caso
de queimaduras e ferimentos diversos, realizando curativos e técnicas específicas.
Por fim, iremos aplicar as técnicas para transporte e remoção de vítimas na 8ª e última
competência, de forma que as lesões não sejam agravadas nessa etapa tão importante do
atendimento.
Esse componente tem por objetivo criar condições para que você possa desenvolver
conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para a realização de um atendimento
pré-hospitalar adequado mesmo em situações de emergência.
Esse livro foi desenvolvido pautado nos protocolos internacionais da American Heart
Association, nos Protocolos Operacionais do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco
(Manual de Primeiros Socorros do Major BM Edson Marconni), bem como nas Literaturas
Desenvolvidas pelo Programa de Ensino e Pesquisa em Emergências, Acidentes e Violên-
cias da Universidade de Pernambuco.
E então, amigo especialista, animado para desbravar este conteúdo tão importante
para nossas vidas?
Vamos adiante!
Competência
01
Contextualizar
a Importância do Atendimento
Pré-Hospitalar (APH)
Contextualizar
a Importância do Atendimento
Pré-Hospitalar (APH)

Olá, especialista, vamos iniciar nossa construção de conhecimento. Imagine que atu-
almente inúmeras pessoas são vítimas de violência e de acidentes, mas não só isso, tam-
bém são vítimas de um socorro mal feito e que contribui para hospitalizações prolongadas,

Atendimento Pré-Hospitalar
lesões permanentes ou até a morte. Talvez você já tenha presenciado algumas situações
de emergências que tenham requerido assistência pré-hospitalar.

E ainda hoje, a cada instante, continua assim: o Senhor Vítima envolvido em acidentes
automobilísticos, violências urbanas, catástrofes naturais, acidentes de trabalho, até mes-
mo acidentes domésticos durante o lazer.

O Senhor Vítima sempre existiu e vai existir, e com toda certeza ele vai precisar de um
socorrista especializado, como eu ou você, para ajudá-lo a minimizar seus traumas e até 19
mesmo eliminar o risco de morte durante as emergências.

Neste primeiro momento você vai se ambientar com o modelo de estudos aqui espe-
cificado, bem como vai se familiarizar aprendendo alguns enunciados e termos que vão
ajudá-lo a contextualizar a importância do Atendimento Pré-Hospitalar (APH).

Histórico e Fundamentação Legal para o


Atendimento Pré-Hospitalar
O Atendimento Pré-Hospitalar no Brasil começa a surgir com mais propriedade e nor-
matizações a partir da década de oitenta, sendo comumente ligado à instituição militar.
Porém, tem-se conhecimento de que o primeiro registro pode ser observado em 1899,
quando o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro (CBMRJ), capital do país na época, ativou
a primeira ambulância de tração animal, que começou a desenvolver o serviço de emer-
gência fora de uma unidade hospitalar.
Atendimento Pré-Hospitalar

Primeira Ambulância de Tração Animal do Brasil


Fonte: <http://static.wixstatic.com/media/07d744_4b8abca053bb4306
e17738265a99fcd6.jpg_1024>. Acesso em: 30 maio 2016

Por volta de 1900 surgiram os modelos motorizados precursores, então as ambulâncias


foram sendo adaptadas ao serviço específico para emergências, e as equipes especiali-
zadas, como a Cruz Vermelha Internacional, iniciaram este serviço, sendo posteriormente
20 copiadas pelos Corpos de Bombeiros do Brasil.

Curiosidade
Cruz Vermelha: o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Cres-
cente Vermelho é um movimento internacional humanitário com aproxi-
madamente 97 milhões de voluntários em todo o mundo. Seu objetivo é
proteger a vida e a saúde humana, prevenindo e aliviando sofrimento hu-
mano, sem discriminação baseada em nacionalidade, raça, sexo, religião,
classe social ou opiniões políticas. Esse movimento emprega cerca de 97
milhões de pessoas, sendo a grande maioria voluntária e cerca de 12 mil
trabalhadores em tempo integral. A missão oficial do Comitê Internacio-
nal da Cruz Vermelha é atuar como uma organização imparcial, neutra e
independente para proteger a vida e a dignidade das vítimas de conflitos
armados internos e externos.
Saiba mais em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_In-
ternacional_da_Cruz_Vermelha_e_do_Crescente_Vermelho>.

Atendimento Pré-Hospitalar
<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/d6/Emblem_of_the_ICRC_pt.svg/461px-Emblem_of_the_
ICRC_pt.svg.png>. Acesso em: 30 maio 2016.

Histórico de APH: 21
Em 1960 uma segunda tentativa de implantar o serviço de atendimento pré-hospitalar
ocorreu no Brasil, a partir de uma política nacional intitulada Serviço de Atendimento Mé-
dico Domiciliar de Urgência (SAMDU). O SAMDU tinha por finalidade prestar o atendimento
nas residências com a presença de um médico ou acadêmico de medicina na ambulância
coordenando a equipe. No âmbito federal, destaca-se a proposta da Política Nacional de
Atenção às Urgências e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) do Sistema
Único de Saúde.

Por volta da década de noventa a Organização Mundial da Saúde (OMS) e vários progra-
mas em âmbito federal estavam alertas para buscar a redução da morbimortalidade dos
acidentes de trânsito. Desse modo, surgiram em vários estados brasileiros muitos serviços
de Atendimento Pré-Hospitalar devidamente regulamentados e protocolados pela Associa-
ção Americana do Coração (AHA), com a finalidade de prestar primeiros socorros às vítimas
de traumas diversos em vias públicas.
Internet
Aprofunde-se um pouco mais visitando o site que fala da Organização Mun-
dial da Saúde (OMS) e da Organização Pan Americana da Saúde (OPAS),
acesse: <http://www.paho.org/bra/>.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) desenvolveu um seminário para discutir


a questão, que ocorreu no prédio da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordes-
te (SUDENE), sediado no Estado de Pernambuco. O referido seminário aconteceu em 1990,
no primeiro trimestre, quando foi criada, no Ministério da Saúde, a Coordenação Nacional
Atendimento Pré-Hospitalar

de Emergência e Trauma, que orientou às Secretarias Estaduais de Saúde para que crias-
sem uma estrutura semelhante.

Todas essas manobras foram extremamente importantes para o surgimento e a forma-


ção de Socorristas dos serviços de Resgate e Atendimento Pré-Hospitalar civis e militares,
os quais se especializam constantemente para que possam permanecer sempre atualiza-
dos e atuando até os dias atuais no intuito único de salvar vidas.

22

Curiosidade
A ideia do primeiro museu de Bombeiros do Brasil surgiu na Alemanha,
em 1976, quando o Comandante Geral do Corpo de Bombeiros do Rio de
Janeiro (CBMERJ), o Coronel Evaristo Antônio Brandão Siqueira, partici-
pou do Congresso Internacional do Fogo. Ele mobilizou os quartéis do
Estado e em 02 de Julho de 1977 nascia o Museu do CBMERJ, que hoje
possui um acervo virtual: <http://www.museu.cbmerj.rj.gov.br>.

Atributos do Socorrista
Quem se propõe a prestar primeiros socorros deve aprender a controlar suas emoções e
a lidar com pessoas descompensadas emocionalmente que possam estar no local do sinis-
tro ou acidente. Por fim, ter capacidade de liderança para, em situações adversas, propiciar
segurança para todos os envolvidos, principalmente para a vítima ou paciente.
Um bom socorrista deve possuir os seguintes atributos:
1. Autocontrole;
2. Raciocínio rápido mediante emoções fortes;
3. Liderança;
4. Responsabilidade.

Independentemente das circunstâncias, o socorrista deve ter em mente que, a partir


do momento em que presta socorro a alguém, ele é responsável pelo acidentado até que
transfira a responsabilidade ao médico ou à equipe pré-hospitalar profissional.

O socorrista deve ser dotado de:

Atendimento Pré-Hospitalar
1. Conhecimentos técnicos específicos - Ter domínio dos procedimentos operacionais
em emergência, conhecer funções e sistemas do corpo humano, bem como enten-
der os procedimentos legais e administrativos que envolvem um acidente.

2. Conhecimentos práticos - Executar com propriedade todas as condutas de suporte


básico à vida com táticas e técnicas, estar dotado de materiais e equipamentos.

3. Condições psicológicas equilibradas - Ter controle emocional e saber agir mediante


crises e pressões externas diversas, bem como abandonar todos os preconceitos 23
para priorizar o atendimento à vítima, valorizando a vida acima de tudo.

4. Experiência com APH em situações de crise - Buscar vivências práticas nos exercí-
cios simulados, assistindo ocorrências ou mesmo atuando na atividade operacional
de atendimentos pré-hospitalar, os quais vão garantir a tranquilidade necessária no
local do acidente.

Legislação Pertinente
Para que você realmente possa desenvolver suas atividades em âmbito profissional
nas diversas áreas que o mercado apresenta, tanto em instituições civis como milita-
res, é importante conhecer algumas legislações específicas (normas, leis, portarias e
artigos), as quais podem propiciar-lhe segurança em meio à aplicabilidade de garantias,
direitos e deveres.

Vamos conhecer as principais referências legais pertinentes ao APH:

• A Constituição da República Federativa do Brasil estabelece em seu Capítulo II, dos


Direitos Sociais:
Art.7. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros
que visem à melhoria de sua condição social;

XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de


saúde, higiene e segurança. [...]

(BRASIL, 1988)

• A Norma Regulamentadora / NR-7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupa-


cional (PCMSO) (Portaria n.º3214/78):
7.5.1 Todo estabelecimento deverá estar equipado com material neces-
sário à prestação dos primeiros socorros, considerando-se as caracte-
rísticas da atividade desenvolvida; manter esse material guardado em
Atendimento Pré-Hospitalar

local adequado e aos cuidados de pessoa treinada para esse fim.

(BRASIL, 1978)

• Da Portaria Ministerial n.º 2048/2002:

Datada de 05 de novembro de 2002, aprova o Regulamento Técnico dos Sistemas


Estaduais de Urgência e Emergência, que apresenta os seguintes pontos principais:
24
• Propõe currículos mínimos.

• Estimula a criação de núcleos de ensino de urgências.

• Atua na identificação de situações de risco e comando das ações de proteção am-


biental, da vítima e dos profissionais envolvidos no seu atendimento. Orienta como
proceder com o resgate de vítimas de locais ou situações que impossibilitam o aces-
so da equipe de saúde.

• Instrui a realização suporte básico de vida, com ações não invasivas e sob supervi-
são médica direta ou à distância, obedecendo aos padrões de capacitação e atua-
ção previstos na Portaria.

• Trata da Omissão de Socorro (Art. 135 do Código Penal):

Segundo o artigo 135 do Código Penal, a omissão de socorro consiste em "Deixar de


prestar assistência”, e possui como pena a detenção de um a seis meses ou multa. A pena
é aumentada em metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, ou tri-
plicada, se resulta em morte.
Importante: o fato de chamar o socorro especializado, nos casos em que a pessoa não
possui um treinamento específico ou não se sente confiante para atuar, já descaracteriza
a ocorrência de omissão de socorro.

Preservação do local do acidente


Todo local de acidente é potencialmente um local de crime e alvo de investigação, razão
pela qual deve ser preservado para análise e perícia por autoridades competentes e de
responsabilidade legal.

Dentre as causas que justificam a alteração do local estão:


1. Necessidade de socorro imediato às vítimas;

Atendimento Pré-Hospitalar
2. Risco de morte para vítimas;
3. Risco de morte para socorristas;
4. Risco de morte para outros envolvidos;
5. Risco de novos eventos de acidentes;
6. Impossibilidade física de acesso às vítimas;
7. Impossibilidade de outras formas de socorro e salvamento.

25

Quando necessário, o socorrista pode adentrar e até mesmo descaracterizar todo o lo-
cal do acidente para socorrer, remover e transportar qualquer pessoa vitimada. Além disso,
o socorrista também poderá modificar o cenário da ocorrência quando precisar de acesso
ao local onde estiver a vítima, quando necessitar promover formas alternativas de socorro
e também para manter a segurança dos socorristas e de todos os envolvidos na ocorrência,
inclusive curiosos. Isso se dá pelo valor prioritário à vida.

Direitos da pessoa que estiver sendo atendida


O prestador de socorro deve ter em mente que a vítima possui o direito de recusar o
atendimento. No caso de adultos, esse direito existe quando eles estiverem conscientes e
com clareza de pensamento. Isso pode ocorrer por diversos motivos, tais como crenças re-
ligiosas ou falta de confiança no prestador de socorro. Nesses casos, a vítima não pode ser
forçada a receber os primeiros socorros, e o socorrista deve certificar-se de que o socorro
especializado foi solicitado e continuar monitorando a vítima, enquanto tenta ganhar a sua
confiança através do diálogo.
Tipos de Consentimento:
• Implícito, é concedido quando a vítima não pode tomar decisões sozinha, devi-
do ao fato de estar em estado grave e inconsciente, ou por ser menor de idade;
• Explícito, é o consentimento dado por um membro da família ou responsável
legal, em situações onde a vítima não corra risco de morte, mas que esteja de-
bilitada e sem capacidade de tomar decisões.

Atividade 01
Atendimento Pré-Hospitalar

Verifique as atribuições do socorrista e descreva como você pode adquiri-las


ou aprimorá-las para exercer melhor um bom atendimento pré-hospitalar.
Mesmo realizando o socorro de vítimas, o socorrista pode ser processado
pela família da vítima ou acidentado? Descreva o que você acha.

26
Equipamentos e Materiais de Suporte para APH
É muito importante que o socorrista conheça e use adequadamente os equipamentos
e materiais aplicados no APH, os quais chamaremos de suporte. Para melhor observação
e entendimento, saiba que todos eles poderão ser utilizados numa mesma ocorrência e ao
mesmo tempo por uma determinada equipe, a depender da necessidade.

Suporte para proteção individual


Amigo especialista, este é um momento muito precioso, pois nós vamos abordar um
assunto que deve nos acompanhar em todos os momentos de nossa vida: os cuidados com
nossa proteção individual.

Os materiais e equipamentos de Suporte para proteção individual são compostos de:


barreiras de proteção e Equipamentos de Proteção Individual (EPI), os quais visam garantir
principalmente a biossegurança do socorrista para que ele não se contamine com secre-
ções e fluidos corpóreos da vítima. Além disso, o uso de materiais como luvas de procedi-
mento, que são utilizadas exclusivamente para uma única vítima durante uma ocorrência,
impedem que haja infecção cruzada.

Compõem o Suporte para proteção individual: luvas de procedimento cirúrgicas, máscara


de proteção facial, óculos de proteção facial, capote, avental ou uniforme de mangas longas.

Figura 1 – Luvas Figura 2 – Óculos de proteção Figura 3 – Uniforme socorrista


<http://www.revistahospitaisbrasil.com. <http://www.spawer.com.br/equipa- <https://encrypted-tbn1.gstatic.com/
br/rhb/wp-content/uploads/img_home. mentos/adm/produtos/OC023.jpg>. images?q=tbn:ANd9GcRnbogndhxRcW-
png>. Acesso em: 30 maio 2016. Acesso em: 30 maio 2016. -ixv1FOBlNSuQzuFXBqliIZN-

Atendimento Pré-Hospitalar
tWfN7kHGyetsB_9w>.
Acesso em: 30 maio 2016.

Suporte para avaliação geral do acidentado


Os materiais e equipamentos de suporte para avaliação geral do acidentado visam au-
xiliar principalmente na checagem dos sinais vitais, tais como a pressão arterial sistêmica
e a temperatura. Além disso, com eles também podemos identificar alterações pupilares, 27
como conferir se as pupilas estão fotorreagentes.

Compõem o suporte para proteção e avaliação geral do acidentado:

• Estetoscópio - serve para auscultar batimentos cardíacos em algumas artérias, bem


como incursões respiratórias em ambos hemitórax. Auscultar : refere-
-se ao exame dos
sons internos do
corpo com o uso do
estetoscópio.

Fonte: <http://www.casaevideo.com.br/wcsstore/ExtendedSites
CatalogAssetStore/JPG1000/saude/2086212.jpg>. Acesso em: 30 maio 2016.
• Esfigmomanômetro - serve para executar aferição da pressão arterial juntamente
com o Estetoscópio.
Atendimento Pré-Hospitalar

Fonte: <http://www.lojaterrazul.com.br/lojas/00007850/prod/esfigglico400.gif>. Acesso em: 30 maio 2016.

• Termômetro - serve para realizar a aferição da temperatura corporal.


28

Fonte: <http://www.saudemelhor.com/wp-content/uploads/2014/04/termometros.jpg>. Acesso em: 30 maio 2016.

• Lanterna pupilar - serve para checar o diâmetro, a simetria e a fotorreação das pupilas.
Curiosidade
Você sabia que as pupilas são fotorreagentes e regulam a intensidade da
luz que chega a retina de seus olhos? Quando suas pupilas estão sob a
luz do sol ao meio dia, elas se contraem e ficam com 1,5 milímetros de di-
âmetro. Já na escuridão da noite, as pupilas ficam até sete vezes maiores
na tentativa de enxergar mais. Em latim, pupila significa “bonequinha” e
também é chamada de menina dos olhos porque ela reflete uma imagem
reduzida da pessoa para quem se olha.

Atendimento Pré-Hospitalar
29

Fonte: <http://jubileu-porto.com/images/Lanterna%20Pupilar%20Aluminio2.jpg>.
Acesso em: 30 maio 2016.

Suporte para Reanimação


Cardiopulmonar (RCP)
Os materiais e equipamentos de Suporte para RCP visam assessorar a equipe de so-
corristas durante a reanimação de vítimas em parada cardiorrespiratória, para manter a
vítima viva até o atendimento avançado.

Compõem o Suporte para Reanimação Cardiopulmonar:

• Máscara para demanda de ar com válvula unidirecional;


Fonte: <http://www.hospitalardistribuidora.com.br/ecommerce_
site/arquivos4241/arquivos/1364501505_2.jpg>. Acesso em: 30 maio 2016.

• Jogo de cânulas de Guedel ou orofaríngeas;


Atendimento Pré-Hospitalar

30

Fonte: <http://img.medicalexpo.es/images_me/photo-g/juego-canulas-guedel-67771-148705.jpg>.
Acesso em: 30 maio 2016.

• Desfibrilador externo automático;

Fonte: <http://dianacionaldareanimacao.late-ma.com.br/wp-content/uploads/2014/08/Untitled-18-2-1024x477.png>.
Acesso em: 30 maio 2016.
• Respirador ou ressuscitador manual (ambu);

Fonte: <http://www.ambu.com/Files/Billeder/Product%20Images/MarkIVLarge.jpg>. Acesso em: 30 maio 2016.

Atendimento Pré-Hospitalar
• Respirador ou ressuscitador manual (ambu);

31

Fonte: <http://www.multstock.com.br/multstockwp/wp-content/uploads/multstock/2012/03/MG_02001.jpg>.
Acesso em: 30 maio 2016.

Suporte para imobilização, remoção e


transportes de vítimas
Os materiais e equipamentos de suporte para imobilização, remoção e transporte de
vítimas visam propiciar condições para que a vítima seja transportada devidamente imobi-
lizada e estabilizada.

Compõem o suporte para imobilização, remoção e transporte de vítimas:

• Colar cervical;
Fonte: <http://www.ambu.com/Files/Billeder/Product%20Images/Media/EMC/
ECperfitMedia1.jpg>. Acesso em: 30 maio 2016.

• Coxim;
Atendimento Pré-Hospitalar

32

Fonte: <http://www.extinseg.com.br/tb_produtos/283/tn_imobilizlatcabea.png>. Acesso em: 30 maio 2016.

• Prancha longa;

Fonte: <http://www.resgatecnica.com.br/wp-content/uploads/2014/10/Prancha-de-imobiliza%C3%A7%C3%A3o-Baxstrap.
jpg>. Acesso em: 30 maio 2016.
• Colete de imobilização dorsal (KED);

Atendimento Pré-Hospitalar
Fonte: <http://www.sossul.com.br/sossul/public/ecommerce/produtos/2320008.jpg>. Acesso em: 30 maio 2016.

• Talas para imobilizações de fraturas.

33

Fonte: <http://www.aphsul.com/media/catalog/product/cache/
1/image/640x468/ce62fc9c76933b6d83634d347c6af792/t/a/tala_eva_com_estojo_2_1.jpg>.
Acesso em: 30 maio 2016.

Suporte para curativos


Os materiais e equipamentos de suporte para curativos visam ajudar na confecção de
curativos para diversas situações, como queimaduras e hemorragias.

O kit de suporte para curativos deverá conter os seguintes itens: ataduras de crepom,
algodão, solução antisséptica, compressas de gaze, tesoura ponta romba e micropore ou
esparadrapo.
Fonte: <http://cdn1.vaicomtudo.com/wp-content/uploads/2013/05/Kit-de-primeiros-socorros-1.jpg>.
Acesso em: 30 maio 2016.

Suporte para demais serviços operacionais


Atendimento Pré-Hospitalar

Os materiais e equipamentos de Suporte para demais serviços operacionais visam pro-


teger e garantir a segurança do socorrista durante o atendimento operacional.

Compõem o suporte para demais serviços operacionais: luvas de raspa e/ou algodão,
capacete com visor e proteção facial, coturno e/ou bota específica para cada serviço ope-
racional, uniforme operacional e/ou antichamas, equipamento de proteção respiratória au-
tônomo com demanda de ar e cobertor aluminizado.
34

Atividade 02
Estando tecnicamente preparado para socorrer vítimas sangrando e sem
nenhum tipo de barreira de proteção ou EPI, um socorrista pode prestar
atendimento de APH sem risco de se contaminar? Justifique sua resposta.

Resumo
Nesse capítulo você teve a oportunidade de ver um pouco da história e origem do Aten-
dimento Pré-Hospitalar, além de também vários itens necessários ao nosso conhecimento
no que diz respeito à legislação vigente, pois um socorrista deve atuar com propriedade
e ciência de que não está agindo de forma imprudente ou negligente. Tal atuação só é
possível quando sabemos os atributos pertinentes ao serviço de APH, o que realmente se
enquadra como omissão de socorro e os fatores sobre violação do local do acidente e direi-
tos individuais de uma vítima. Também conheceu os equipamentos e materiais específicos
para proteção que devem ser usados durante o atendimento pré-hospitalar nas emergên-
cias. Tais informações são muito preciosas para que possamos desempenhar as funções
de socorrista com propriedade, tendo em vista que muitas empresas investem em vários
recursos que propiciam um melhor suporte de utensílios para o atendimento às vítimas.

Autoavaliação
01. Uma criança diz que não quer ser socorrida, e seus pais e/ou responsáveis não estão
presentes. Tomando por base de que você é um socorrista competente e capacitado a
prestar primeiros socorros, você:

a) Tentaria acalmar a vítima e chamaria alguém que pudesse encontrar seus pais.

Atendimento Pré-Hospitalar
b) Prestaria os primeiros socorros com base no consentimento implícito.

c) Não daria nenhum tipo de atendimento com base no consentimento explícito.

d) Chamaria a pessoa mais próxima pra servir de testemunha e logo em seguida acionava
o Conselho Tutelar.

35
02. Quais as situações em que o socorrista pode alterar o local do acidente?

a) Quando o local estiver desarrumado e com muita sujeira.

b) Quando a vítima estiver mostrando partes íntimas de seu corpo.

c) Quando houver risco de morte para vítima, socorristas e todos os envolvidos

d) Quando houver um consentimento implícito de que é necessário realizar a alteração no


local para melhor atender a vítima e assim deixar o ambiente mais arejado.

03. Identifique se as proposições são verdadeiras (V) ou falsas (F), assinalando a alternati-
va que corresponde à sequência correta:

( ) O socorrista deve ter liderança, autocontrole, raciocínio rápido e responsabilidade.

( ) Não é necessário que o socorrista tenha atributos e sim boa vontade.

( ) Para efeito de socorro a vítimas, os tipos de consentimento são: implícito e explícito.

( ) O local do acidente deve ser sempre preservado e nunca alterado, mesmo que seja pra
socorrer vítimas.
a) V – V – F – F.

b) V – F – V – F.

c) F – F – V – V.

d) F – V – V – F.

04. Quais os materiais/barreiras de proteção e EPIs que você poderia usar como socorrista
para atender uma vítima de atropelamento em via pública, visando a sua própria bios-
segurança?

a) Cânula orofaríngea, ambu e laterna pupilar.

b) Estetoscópio, tala fixa de imobilização e soro fisiológico.

c) Esfigmomanômetro, seringa e colírio.


Atendimento Pré-Hospitalar

d) Luvas de procedimento, óculos e máscara de proteção facial.

36
Competência
02
Aplicar
a Biossegurança no APH
Aplicar
a Biossegurança no APH

Agora imagine você, nobre amigo especialista, que não é dotado de visão microscópi-
ca e nem tem sensor nas extremidades dos dedos para identificar se o local onde você
vai colocar suas mãos tem ou não agentes biológicos ou microrganismos patogênicos
que podem contaminá-lo. Então, como se proteger desse mal invisível a olhos nus? Va- Microrganismos
patogênicos:
mos descobrir?
micróbios ou

Atendimento Pré-Hospitalar
germes capazes de
Biossegurança deve ser entendida como o conjunto de condutas que visam proteger
provocar doenças.
todo aquele que auxilie ou preste socorro ao vitimado do contato direto com agentes bioló-
gicos, microrganismos patogênicos.

Outro conceito mais abrangente diz que:

Entende-se por biossegurança o conjunto de medidas voltadas para a prevenção, 39


minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, desenvol-
vimento tecnológico e prestação de serviços que possam comprometer a saúde do
homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos.
Fonte: <http://www.fiocruz.br/biossegurancahospitalar/dados/material10.htm>.
Acesso em: 30 maio 2016.

Objetivos da Biossegurança no APH


No atendimento de emergência, o profissional de saúde pode entrar em contato com
sangue e com outras substâncias corporais sem a devida proteção. A necessidade de uma
atuação imediata faz com que as normas de biossegurança sejam esquecidas ou mesmo
conscientemente desrespeitadas.

Nós vivenciamos um eterno combate. Segundo o filósofo espanhol George Santayana


(1863-1952), “a doença que destrói um homem não é menos natural do que os instintos
que o preservam”.
A biossegurança em APH objetiva proteger todo aquele que auxilie ou preste socorro ao
vitimado do contato direto com agentes biológicos, com vistas a:

• Resguardar a saúde dos profissionais que atuam no atendimento, bem como das
pessoas que porventura auxiliem a equipe de alguma forma.

• Resguardar a saúde do vitimado à medida que são utilizadas barreiras, evitando o


contato direto.

• Adotar medidas que excluam a possibilidade de infecção cruzada.

Objetivos específicos da Biossegurança no APH


O campo de atuação da Biossegurança é extremamente vasto, e está presente em di-
versos âmbitos científicos e biológicos, com vistas a garantir a integridade física e a saúde
Atendimento Pré-Hospitalar

das pessoas. Para tanto elencamos alguns objetivos específicos:

• Conscientizar o profissional da necessidade das medidas de biossegurança à sua


saúde.

• Elencar ações de biossegurança visando despertar a necessidade de sua implemen-


tação.

• Orientar ações e condutas que resguardem a saúde dos envolvidos no atendimento


40
pré-hospitalar.

Você conhece?
O francês Louis Pasteur (1822-1895) provou que os micróbios causadores
de doenças estão presentes no ambiente, acrescentando também que não
são resultado de geração espontânea.

Portas de entrada dos microrganismos


Todo o pessoal que trabalha em serviços de saúde e primeiros socorros está exposto
a uma grande variedade de microrganismos provenientes do sangue, de secreções ou
dos tecidos de vítimas. Esses microrganismos podem causar doenças infecciosas como
gripe, pneumonia, tuberculose, herpes, hepatite ou mesmo AIDS. Todos os pacientes
devem ser considerados como potencialmente infectadas, pois no ato do atendimento
pré-hospitalar não há possiblidade de conhecer o seu histórico de saúde e os respectivos
exames de laboratório.

Você conhece?
A penicilina é um antibiótico que tem poder bactericida, e é uma substância
extraída de um fungo que foi descoberto acidentalmente por um biólogo
escocês chamado Alexander Fleming (1881-1955).

Atendimento Pré-Hospitalar
Portas de entrada dos microrganismos:

• Orifícios naturais (olhos, ouvidos, nariz, boca, uretra, ânus).

• Ferimentos e outras portas de entrada para corrente sanguínea.

Medidas de prevenção e controle de infecção


São medidas que devem ser adotadas como forma de promoção do controle de infecção. 41

Princípios do controle de infecção:

Princípio I – Tome precauções para manter-se saudável. Todo o pessoal que está em risco
de se expor a sangue, saliva ou outras secreções humanas deve estar e manter-se devida-
mente imunizado (vacinação e lavagem de mãos).

Princípio II – Evite contato com sangue ou secreções. Um princípio fundamental para a


prevenção de infecção é fazer uso de barreiras protetoras sempre que houver risco de
contato com sangue, saliva ou qualquer fluido corpóreo ou secreção humana. A proteção
eficaz e eficiente só pode ser obtida quando esses princípios forem seguidos no tratamento
de todas as vítimas (EPI).

Princípio III – Limite a dispersão de sangue e de secreções. Devem-se seguir as técnicas


adequadas para evitar contaminações: deixe tudo preparado antes de iniciar o atendimen-
to; minimize respingos de fluidos corpóreos e/ou secreções humanas com o manuseio
de EPIs e de barreiras de proteção, bem como, com uma correta e adequada posição da
vítima, cubra superfícies que não podem ser facilmente descontaminadas, como equipa-
mentos e materiais permanentes de maior porte.
Princípio IV – Torne os objetos seguros para uso. Objetos críticos: penetram no tecido
entrando em contato com sangue. Ex.: agulhas, bisturis, etc.. Todo o instrumental crítico
deve ser esterilizado pelo calor. Objetos semicríticos: tocam na membrana mucosa, mas
não penetram no tecido. Ex.: cânulas de guedel ou orofaríngeas. O instrumental semicrítico
que não puder ser esterilizado deve sofrer uma desinfecção de alto nível. Objetos não críti-
cos: não entram em contato com sangue, secreções ou fluidos corpóreos, mas podem ser
contaminados por eles. Ex.: fardas ou uniformes, calçados, etc.. Tais objetos podem sofrer
desinfecção de nível intermediário ou baixo.

Algumas medidas devem ser observadas e seguidas no cotidiano do profissional em


Atendimento Pré-Hospitalar:

• Utilizar todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e Coletiva (EPC) necessá-


rios para realizar as intervenções pré-hospitalares;
Atendimento Pré-Hospitalar

• Todos os socorristas que manusearem a vítima deverão usar, no mínimo, luvas;

• O profissional que estabilizar a cabeça da vítima e a coluna cervical (pescoço) deverá


utilizar máscara, óculos de proteção e luvas de látex, além de outros EPI julgados
necessários;

• Trocar sempre as luvas antes de avaliar outro acidentado;

• Utilizar demais EPI necessários;


42
• Cuidar da higiene pessoal (as unhas devem estar cortadas e limpas, as fardas ou
uniformes limpos e em bom estado de conservação etc.);

• Obrigatoriamente, lavar as mãos e antebraços até os cotovelos após cada atendi-


mento, mesmo que não tenha tido contato com fluidos corpóreos ou secreções;

• Trocar o uniforme ou farda sempre que necessário;

• Sempre assumir o serviço dispondo de pelo menos um uniforme ou farda sobressa-


lente;

• Destinar atenção especial quando se fizerem presentes fluidos corpóreos ou secre-


ções (sangue, urina, fezes, vômito, esperma, secreções vaginais, saliva);

• Considerar toda vítima como provável fonte de transmissão de doença infectocon-


tagiosa: utilizar luvas de látex, óculos e máscara e não realizar a respiração boca a
boca, em vez disso, utilizar ventilador manual, a bolsa valva-máscara (ambu);

• Acondicionar materiais e equipamentos contaminados em sacos apropriados para


posterior limpeza e desinfecção antes da sua reutilização;

• Depositar perfurocortantes em recipientes apropriados para posterior descarte;


• Encaminhar materiais e equipamentos utilizados para limpeza e descontaminação,
garantindo substituição imediata;

• Descontaminar o compartimento de transporte ou ambulância após cada atendi-


mento e antes de atender a próxima vítima;

• Recolher o lixo pré-hospitalar, empacotá-lo em sacos apropriados e depositá-los no


lixo infectante do hospital ou da ambulância.

Limpeza, descontaminação, desinfecção e


esterilização
O socorrista deve considerar que qualquer situação que envolva exposição a fluídos
representa potencial risco de transmissão tanto para o socorrista quanto para a vítima.

Atendimento Pré-Hospitalar
Uma das principais dúvidas está nas diferenças entre limpeza, descontaminação, de-
sinfecção e esterilização. Vamos especificar cada um detalhadamente:

Limpeza
Assegura a remoção do material biológico, e é indicada na presença de respingo ou de-
posição de matéria orgânica, secreção, descarga de excreta ou exsudação nas superfícies 43
de materiais. Exsudação: refere-
-se à sudorese
A limpeza manual deve ser feita, de maneira enérgica, com água corrente e sabão lí- pouco abundante,
também chamada
quido ou detergente, eliminando material biológico. Os instrumentos devem ser limpos o
transpiração.
quanto antes depois do uso, para que o material orgânico não seque e fique aderido aos
instrumentos, criando um meio propício para a proliferação de microrganismos.

Depois da limpeza, orienta-se enxaguar bem os instrumentos com água fervida para
retirar os resíduos detergentes.

Microrganismos:
são organismos

Descontaminação que só podem ser


vistos ao micros-
cópio.
Refere-se às medidas adotadas para assegurar que a manipulação de um instrumento
seja inócua ao reduzir a contaminação por microrganismos. Esse passo permite a inativa-
ção dos vírus Hepatite B e HIV.
Curiosidade
Hepatite B: A probabilidade de infecção por esse vírus após exposição percu-
tânea é significativamente maior do que a probabilidade de infecção pelo HIV.
No Brasil, a utilização da vacina para hepatite B é recomendada para todos
os profissionais da saúde. Após exposição ocupacional a material biológico,
mesmo para profissionais não imunizados, o uso da vacina é uma medida
que comprovadamente reduz o risco de infecção.
HIV: O risco médio de se adquirir o HIV é de aproximadamente 0,3% após ex-
posição percutânea e de 0,09 % após exposição mucocutânea. Esse risco foi
avaliado em situações de exposição a sangue: o risco de infecção associado
Atendimento Pré-Hospitalar

a outros materiais biológicos é inferior, ainda que não seja definido. O risco
de transmissão após exposição da pele íntegra a sangue infectado pelo HIV é
estimado como menor do que o risco após exposição mucocutânea.
Fonte:<http://143.107.206.201/restauradora/etica/manuexp.html>.
Acesso em: 30 maio 2016.

44 Em geral, esses procedimentos são realizados pelo pessoal técnico, de limpeza, ou


mesmo da enfermagem, e a descontaminação propicia proteção da infecção inadvertida.
Tais procedimentos inativam a maioria dos microrganismos, como os vírus anteriormente
mencionados nesse tópico.

A descontaminação é feita basicamente com tempo predeterminado utilizando solução


à base de cloro e água fervida, conforme protocolo estabelecido, visando evitar descolora-
ção e/ou corrosão dos instrumentos metálicos.

Curiosidade
AIDS: Os acidentes de trabalho com socorristas envolvendo sangue e outros
fluidos potencialmente contaminados devem ser tratados como casos de
emergência médica, uma vez que as intervenções para profilaxia da infecção
pelo HIV necessitam ser iniciadas logo após a ocorrência do acidente para a
sua maior eficácia. Os procedimentos recomendados em caso de exposição a
material biológico incluem cuidados locais na área exposta, recomendações
específicas para imunização contra tétano, aplicação de meios tendentes
a evitar as doenças ou a sua propagação (quimioprofilaxia) e acompanha-
mento sorológico para Hepatite e HIV. Quando indicada, a quimioprofilaxia
deverá ser iniciada o mais rápido possível, idealmente dentro de 1 a 2 horas
após o acidente.

Desinfecção
Uma desinfecção de alto nível destrói todas as formas microbianas, exceto esporos bac-
terianos. Ela é realizada quando não se dispõe do equipamento de esterilização ou não se

Atendimento Pré-Hospitalar
pode esterilizar tal instrumento.

A desinfecção implica na redução da carga microbiana de um instrumento, mas não


na sua eliminação completa. O grau dessa redução depende do processo de desinfecção
usado e da resistência das formas microbianas presentes.

O processo para se realizar a desinfecção também utiliza, como na descontaminação,


solução a base de cloro e água fervida, contudo com protocolo diferenciado e específico de
45
tempo e secagem.

Importante
NÍVEL BAIXO DE DESINFECÇÃO: É o processo de desinfecção menos efi-
caz, não eliminando esporos ou o “Mycobacterium Tuberculosis”.
NÍVEL INTERMEDIÁRIO DE DESINFECÇÃO: Processo de desinfecção que
elimina o Mycobacterium Tuberculosis (que é quase tão resistente quanto
esporos). Dessa maneira destrói outros microrganismos mais fáceis de se-
rem eliminados, como o causador da Hepatite B e AIDS. Mycobacterium
Tuberculosis:
NÍVEL ALTO DE DESINFECÇÃO: Processo de desinfecção que destrói espo-
também conhecido
ros, mas não necessariamente todos. Elimina Mycobacterium Tuberculosis, como Bacilo de
Koch, é uma bac-
assim como outras bactérias, fungos e vírus.
téria que provoca a
tuberculose.
Esterilização
É a destruição de todos os microrganismos, inclusive esporos bacterianos, em um
determinado instrumento. Para garantir a reutilização segura dos instrumentos, devemos
Esporos bacteria- compreender que é necessário limpar, descontaminar, desinfetar e esterilizar, armazenar e
nos: são a forma
manipular, de maneira adequada e protocolada. A inobservância desses processos expõe
de microrganismo
mais difícil de se os usuários de tais instrumentos à contaminação por agentes infecciosos.
inativar. O esporo é
uma camada que Na prática, considera-se que a esterilidade foi obtida se a probabilidade de um
protege a bactéria
microrganismo sobreviver for menor do que um em um milhão. A esterilização é efe-
e é responsável
pela resistência ao tuada por meio de autoclaves e estufas, bem como por substâncias químicas, e são
ataque dos agentes
seguidos protocolos de pressões calibradas e concentrações químicas com tempo
físicos e químicos
da esterilização e pré-estabelecido.
desinfecção.
Atendimento Pré-Hospitalar

Higiene e antissepsia das mãos


Querido especialista, comumente ouvimos falar na assepsia, mas o foco aqui é outro:
vamos falar de antissepsia. Vejamos então a diferença entre eles:
Autoclave: é um
equipamento
indicado para
esterilização de
46 materiais e utensí-
Assepsia é o processo pelo qual se conseguem afastar os germes patogênicos de
lios diversos.
determinado local ou objeto. Refere-se à limpeza de matérias, equipamentos, uten-
sílios etc.. Antissepsia é a destruição de microrganismos existentes nas camadas
superficiais ou profundas da pele, mediante a aplicação de um agente germicida, ge-
ralmente de baixa causticidade, hipoalergênico e passível de ser aplicado em tecido
vivo. Refere-se à limpeza de organismos vivos.

Lavar as mãos frequentemente é o procedimento mais simples, mais eficiente e mais


importante para proteger a saúde e prevenir infecções. Deve-se ter sempre em mente
quando e como lavar as mãos:

• A lavagem de mãos tem recebido atenção nas publicações clássicas mais importan-
tes sobre controle de infecção.

• Parece inacreditável que ainda não tenhamos nos conscientizado da importância


desse ato que vem sendo comprovado como fundamental.

• Com o incentivo à utilização das precauções universais houve um incremento


na utilização de luvas que oferece uma falsa sensação de segurança a quem
as usa. Quem usa luvas não sente o desconforto da mão úmida ou suja, o que
psicologicamente causa certa urgência de lavar as mãos. Se o indivíduo não es-
tiver conscientizado dessa necessidade acaba contaminando objetos, pessoas,
ambientes e a si próprio. Tenha em mente que as mãos se constituem na maior
fonte de infecção cruzada.

Importante
O uso de sabonetes ou sabões em pedaços é uma forma de infecção cru-
zada para lavagem das mãos. Se um pedaço de sabão, após ter sido usado

Atendimento Pré-Hospitalar
pelo socorrista no local de trabalho, for pressionado sobre uma placa de
agar e incubado, crescerão colônias de bacilos gram-positivo e gram-ne-
gativo. Da mesma maneira, tem sido demonstrado nos testes que, após o
quarto uso, as toalhas de pano apresentam cultura positiva para um grande
número de bactérias presentes na boca.

47
Desse modo, uma normatização clara para a lavagem das mãos deve ser observada
para qualquer procedimento.

Técnica de lavagem das mãos para procedimentos de rotina:

• Retire anéis, relógios e pulseiras.

• Ensaboe as mãos com sabão líquido hipoalergênico por aproximadamente 15 se-


gundos em todas as suas faces, espaços interdigitais, articulações, unhas e extremi-
dade dos dedos;

• Enxágue as mãos dos punhos para a extremidade dos dedos retirando totalmente a
espuma e os resíduos do sabão;

• Seque-as com papel toalha descartável;

• Feche a torneira com um acionador de pedal ou com toalhas de papel, tomando


cuidado para não tocar na torneira depois de lavar as mãos.
Atendimento Pré-Hospitalar

Figura 4 – Lavagem correta das mãos


Fonte: <http://www.fgm.ind.br/blog/wp-content/uploads/2013/06/higiene_maos.jpg>. Acesso em: 30 maio 2016.

48 Atividade 01
Nobre especialista, baseado no conhecimento que você já adquiriu até
aqui, diga-me: Quais seriam os riscos e as complicações que poderiam
ocorrer com um socorrista que usasse as mesmas luvas de procedimen-
tos para avaliar três vítimas acidentadas em um acidente automobilístico
em que todas elas apresentavam hemorragias?

Resumo
Estamos indo muito bem até aqui, não é verdade, especialista? É interessante notarmos
que evoluímos e já estamos descobrindo maneiras de nos mantermos saudáveis por meio
dos cuidados pessoais e das orientações estipuladas pelas normas de biossegurança. A
partir dessas informações, já sabemos quais as portas de entrada para as contaminações
e infecções em nosso organismo, além de como adotar medidas para minimizar e/ou elimi-
nar os riscos por meio de métodos e técnicas de limpeza, descontaminação, desinfecção e
esterilização, as quais podem garantir nossa integridade física.
Autoavaliação
01. Qual dos itens abaixo não corresponde aos cuidados com proteção individual do socorrista?

a) Máscara facial.

b) Óculos de proteção facial.

c) Chuveiro lava-olhos.

d) Lavagem e higienização das mãos.

02. Qual dos cuidados abaixo não faz referência à biossegurança do socorrista?

a) Técnica de lavagem das mãos.

b) Proteção das mucosas para evitar contato com secreções e fluidos corpóreos da vítima.

Atendimento Pré-Hospitalar
c) Usar a mesma luva para avaliar mais de uma vítima acidentada.

d) Não realizar respiração boca-a-boca em vítimas que o socorrista não conhece.

03. Assinale as alternativas a seguir como: (F) para falso e (V) para verdadeiro. ( ) Entende-
-se por biossegurança a segurança da biologia;

( ) Entre alguns objetivos, a biossegurança visa adotar medidas que excluam a possibili- 49
dade de infecção cruzada;

( ) As vias por onde o indivíduo pode se contaminar são: vias aéreas, sensoriais e cutâneas;

( ) Um dos princípios de Controle de Infecção é tomar precauções para manter-se saudável;

( ) Para eliminar esporos bacterianos utilizamos a desinfecção junto com a limpeza.

a) F, V, F, V, F.

b) F, F, V, V, F.

c) V, V, F, V, F.

d) F, F, F, F, F.

04. O que se pode dizer sobre a Lavagem de Mãos em APH:

a) Só deve-se fazê-lo antes e depois de comer e das necessidades fisiológicas.

b) É o procedimento mais simples, mais eficiente e mais importante para proteger a saúde
e prevenir infecções.

c) Não se consegue prevenir contaminações e infecções com tal técnica.

d) A única lavagem de mãos eficiente é feita com álcool a 70%.


Competência
03
Realizar a avaliação
geral do acidentado
Realizar a avaliação
geral do acidentado

Caro especialista, agora vamos construir bases de alicerces que serão fundamentais
para a execução de vários procedimentos futuros na condição de socorrista.

Para que possamos realizar uma boa avaliação geral do acidentado, é fundamental
conhecermos alguns princípios básicos da anatomia humana. Vamos prosseguir?

As orientações e procedimentos a serem adotados devem seguir uma avaliação da ca-

Atendimento Pré-Hospitalar
beça aos pés (ou cefalocaudal): esse exame, ou anamnese, serve para avaliar lesões e
alterações na pele, nos músculos, nos ossos, nos pontos de pressão arterial e em todos os Anamnese: Inves-
tigação do médico
órgãos adjacentes.
ao paciente procu-
rando detalhes que
Quando se faz a avaliação secundária, inicia-se pela cabeça, seguindo para o pescoço, tó-
possam auxiliar no
rax, abdome, pelve, membros inferiores, membros superiores e, por fim, a região dorsal da ví- diagnóstico.

tima. Para isso, deve-se utilizar a polpa digital (extremidade dos dedos) e fazer a palpação em
busca de traumas, ferimentos, sinais e sintomas que definam o quadro da pessoa vitimada. 53
Os olhos da vítima devem ter atenção especial, pois é através das pupilas que o socor-
rista consegue verificar alterações importantes que associadas a outras evidências podem
determinar o nível de emergência.

As pupilas são fotorreagentes, pois reagem à luz. Vejamos algumas características que
elas podem ter:

Fonte: <http://image.slidesharecdn.com/treinamentocirculantesite-130410210323-phpapp01/95/treinamento-circulan-
te-21-638.jpg?cb=1365627865 >. Acesso em: 30 maio 2016.
Quando contraídas e em diâmetro menor, diz-se que as pupilas estão em miose. Quan-
do dilatadas e com diâmetro aumentado além do normal, diz-se que estão em midríase.
Pupilas em simetria são chamadas isocórias, enquanto pupilas assimétricas e desiguais
são denominadas anisocóricas.

Em situações anormais e adversas, as pupilas podem apresentar distorções: quando


o indivíduo está sob efeito de drogas, quando foi acometido por traumas cranianos e/ou
quando o cérebro sofre diminuição ou ausência de oxigenação cerebral proveniente de
algumas patologias neurológicas, como o Acidente Vascular Encefálico (AVE ou derrame).

Conceitos de Anatomia Humana


Vamos agora entender e nos familiarizar com alguns termos:

• Anatomia: do grego antigo άνατομή (anatome = seccionar), é o ramo da biologia no


Atendimento Pré-Hospitalar

qual se estudam a estrutura e organização dos seres vivos, tanto externa quanto
internamente.

• Sinais: são informações que o examinador poderá obter fazendo uso dos sentidos –
visão, tato, audição e olfato.

• Sintomas: são sensações que a vítima experimenta e é capaz de descrever.

54
Posição Anatômica
É a posição padronizada de descrição do organismo, em que se empregam os termos
posição e direção.

Na posição anatômica o corpo humano deverá estar em posição ortostática (em pé e ere-
to), com a face voltada à frente, os membros superiores (braços) estendidos ao longo do tron-
co, as palmas das mãos voltadas para frente e com os membros inferiores (pernas) unidos.

Fonte: <http://image.slidesharecdn.com/treinamentocirculantesite-130410210323-phpapp01/95/treinamento-circulan-
te-21-638.jpg?cb=1365627865 >. Acesso em: 30 maio 2016.
Divisões do Corpo Humano
O Corpo Humano está dividido em quatro partes principais:

• Cabeça;

• Pescoço;

• Tronco;

• Membros.

Atendimento Pré-Hospitalar
Fonte: <http://files.cienciasmorfologicas.webnode.pt/200000070-a9693aa631/Divis%C3%A3o%20do%20corpo1.jpg>.
Acesso em: 30 maio 2016. 55

Cabeça:

Constituída pelo crânio e pela face.

O crânio é uma caixa sólida que protege o encéfalo.

Pescoço (Coluna Cervical):

Constituída por sete vértebras cervicais.

Pela coluna cervical passa a medula espinhal (continuidade do Sistema Nervoso Central).

Tronco:

Eixo corporal onde se articulam a cabeça e os membros.

É formado pela coluna vertebral, pelas costelas e pelo esterno.

O tronco com a coluna vertebral e a cabeça formam o esqueleto axial.


Membros:

Os membros superiores e inferiores formam o esqueleto apendicular.

Ossos do membro superior

Constituídos por braço, antebraço, pulso e mão.

Ossos do membro inferior

Constituídos por coxa, perna, tornozelo e pé.

Termos de Relação ou Comparação


Atendimento Pré-Hospitalar

56

Fonte: <http://1.bp.blogspot.com/-UTsP-b6q-FY/Utl8wowGpzI/AAAAAAAAAFc/uGznMDBA_30/s1600/decubito.png>.
Acesso em: 30 maio 2016.

• Posição de decúbito dorsal – o indivíduo está deitado de costas (com a barriga


para cima);

• Posição de decúbito ventral – o indivíduo está deitado com a barriga para baixo
(de bruços);

• Posição de decúbito lateral – o indivíduo está deitado de lado (direito ou esquerdo);

Vamos conhecer mais algumas posições de referências do corpo humano.


Atendimento Pré-Hospitalar
Fonte: <https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/736x/7b/94/d3/7b94d3397e6565b97a66695421ea7320.jpg>.
Acesso em: 30 maio 2016.

• Superior – em direção à cabeça;

• Inferior (Caudal) – em direção aos pés;

• Anterior – em direção à frente; 57


• Posterior – em direção ao dorso;

• Medial – em direção à linha mediana ou centro do corpo;

• Lateral – para a esquerda ou direita da linha mediana;

• Proximal – próximo ao ponto usado como referência;

• Distal – longe do ponto usado como referência;

• Superficial – próximo à superfície;

• Profundo – distante da superfície;

• Interno – do lado de dentro;

• Externo – do lado de fora.

Toda essa nomenclatura deve ser bem conhecida pelos socorristas e especialistas que
atuam com operações de APH, pois é usual e de emprego rotineiro pelos profissionais da
área de saúde. Uma vez que os serviços estão intimamente interligados, é essencial o do-
mínio dessa linguagem técnica para estreitar o relacionamento dos profissionais de saúde
e de Atendimento Pré-Hospitalar.

Realizar avaliação geral do acidentado


Estamos chegando a um ponto crucial, em que teremos de aprender informações pecu-
liares da atividade prática. Você está pronto? Então vamos lá.

Inúmeros são os casos que requerem nossa atenção: acidentes de trânsito, situações
de acidentes de trabalho, violência urbana, desastres decorrentes de ações da natureza,
acidentes domésticos, doenças, distúrbios clínicos etc..

Em meio a tais emergências, é necessário manter o controle emocional e ter um conhe-


cimento prévio de primeiros socorros para saber como direcionar as ações e os procedi-
Atendimento Pré-Hospitalar

mentos de um atendimento correto.

Também é bom lembrar que não somos seres insulares, devemos sempre buscar ajuda
e trabalhar em equipe para ajudar o acidentado ou vítima. Para tanto, devemos sempre
acionar os serviços especializados: Corpo de Bombeiros, SAMU, Resgatistas, etc..

58
Princípios da Avaliação Primária
O princípio fundamental do Atendimento Pré-Hospitalar é reduzir a mortalidade e os
agravos decorrentes de acidentes diversos. Para tanto, é importante conhecermos tam-
bém alguns conceitos e princípios.

A aplicação de protocolos corretos em primeiros socorros nos momentos iniciais após


a ocorrência da lesão é um fator determinante na recuperação da vítima, e poderá até
mesmo significar a diferença entre sua vida ou morte, além de eliminar a possibilidade da
ocorrência de sequelas pós-traumáticas.

A Hora de Ouro preconiza que nos primeiros sessenta minutos de ocorrido o acidente a
vítima deverá receber os três níveis de atenção:

1. Tempo para Avaliação Primária: Do minuto zero (momento em que aconteceu o evento)
até quarenta e cinco segundos, no máximo, deve ser feita a avaliação primária: verificar
se a vítima respira, se tem pulso e se tem grandes hemorragias externas;

2. Tempo de Platina ou Minutos de Platina: do minuto zero até os dez minutos, a vítima
deverá estar recebendo os primeiros socorros que garantam oxigenação cerebral;

3. Hora de Ouro: de dez a sessenta minutos, a vítima deverá estar recebendo atendimento
pré-hospitalar e ser levada a uma unidade hospitalar para que seja atendida adequada-
mente por médicos.

O atendimento dessas regras e princípios implica em diminuição de 60% na morbimor-


talidade das inúmeras vítimas dos acidentes diversos

Avaliação Primária
A avaliação primária é o exame rápido que permite averiguar rapidamente as funções
vitais e o risco de morte. Na avaliação primária, devemos nos focar em:

• Identificar a presença de respiração, de pulsação e de grandes hemorragias exter-


nas nas vítimas;

• Identificar situações que comprometam ou que venham a comprometer a vida do

Atendimento Pré-Hospitalar
acidentado nos instantes imediatamente após o acidente, dentro do menor tempo
possível;

• Adotar condutas que evitem o comprometimento dos sistemas respiratório e circula-


tório.

Marconni, cita em sua obra alguns objetivos específicos:

• Identificar lesões que comprometam ou venham a comprometer a vida do vitimado


59
nos instantes imediatamente após o acidente.

• Adotar condutas de suporte básico de vida que garantam permeabilidade da via


respiratória, ventilação e circulação adequada, promovendo condições de perfusão
cerebral e manutenção da vida.

• Quando necessário, utilizar técnicas de desobstrução das vias aéreas, ventilação


artificial, controle de grandes sangramentos externos e reanimação cardiopulmonar
cerebral.

• Estabilizar a coluna cervical com vistas a não agravar lesões existentes, preservando
a integridade da medula cérebro-espinhal nas vítimas politraumatizadas que não
apresentem situações de ameaça à vida.

Os passos da avaliação primária estão descritos em tópicos que são regidos pelos prin-
cípios do suporte básico de vida. O grande desafio é reconhecer as gravidades e estabele-
cer prioridades de tratamento das vítimas com múltiplas lesões.

Compreende-se que tal avaliação deve ser completada em no máximo quarenta e cinco
segundos, procurando identificar rapidamente condições de risco de morte.

Vamos estabelecer aqui, conforme protocolo internacional padrão, o passo a passo que
você deve seguir para todas as ocorrências. É óbvio que nunca teremos eventos de aci-
dentes iguais, mas podemos ter alguns semelhantes. Com o exercício e experiência da sua
vivência em APH, você poderá discernir o que fazer com seus conhecimentos já adquiridos
ou mesmo suprimir algum item do protocolo para adequar a situação real da ocorrência
em que você está envolvido.

Responda, justificando sua resposta: Quando você tiver de efetuar sozinho atendi-
mento pré-hospitalar em duas vítimas, quem você deverá socorrer primeiro? A víti-
ma com hemorragia externa de uma artéria calibrosa, como a femoral, ou a vítima
de parada respiratória por afogamento?
Atendimento Pré-Hospitalar

Sabemos que algumas dúvidas surgem com a publicação de novos protocolos, as quais
são facilmente dirimidas quando conhecemos e respeitamos os fundamentos de cada fon-
te e o nível de assistência.

60
Protocolo Operacional
1. Segurança: O primeiro passo é começar a avaliação primária, promovendo condições
seguras para o desenvolvimento das atividades pré-hospitalares, bem como para todos
os envolvidos no teatro de operações: vítimas, equipes de socorro, curiosos, etc..

O socorrista também deve isolar e sinalizar todo o perímetro da ocorrência, estando atento
à biomecânica do acidente para tentar verificar como aconteceu tal fato, a exemplo dos
procedimentos a seguir:

• observar os danos nos veículos ou objetos envolvidos;

• observar a distância da frenagem ou marcas características;

• observar a posição e lesões aparentes das vítimas;

• procurar por pessoas projetadas no raio de ação que circunda o cenário do acidente;

• observar se as vítimas usavam cinto de segurança, capacete ou EPI;

• acionar serviços e recursos adicionais.


2. Biossegurança: Reconhecimento, avaliação e controle de riscos.

O risco, onde quer que se encontre, deve e pode ser facilmente analisado, visando sua
eliminação ou controle. Desde que um conjunto de ações possa ser viabilizado, a com-
preensão de sua natureza pode ser levada a efeito. Esse conjunto de ações recebe o
nome de Investigação e Análise Ambiental. A tomada de decisão deve ser fundamenta-
da tecnicamente em três conceitos básicos, que são:

a) Reconhecer riscos: identificar, caracterizar, saber apontar qual dos agentes de risco
de dano à saúde estão presentes no local da ocorrência;

b) Avaliar riscos: saber quantificar e verificar, de acordo com determinadas técnicas, a


magnitude do risco. Se o risco é maior ou menor, se é grande ou pequeno, compara-
do a determinados padrões;

c) Controlar riscos: é adotar medidas técnicas, administrativas, preventivas ou correti-

Atendimento Pré-Hospitalar
vas de diversas naturezas, que tendem a eliminar ou atenuar os riscos existentes no
local da ocorrência.

3. Aproximação e Posicionamento: Na aproximação o socorrista deve, preferencialmen-


te, percorrer o sentido podal-cefálico, visando evitar que a vítima de trauma (estando
consciente) movimente o pescoço indevidamente para observar quem se aproxima, pois
61
isso pode acarretar em fraturas vertebrais, ou TRM (Traumatismo Raquimedular). Já a
posição mais adequada do socorrista deve ser aquela que proporcione estabilidade,
eliminando o risco de seu corpo ser acidentalmente projetado sobre a vítima e agravar
traumas na vítima durante a queda. Comumente utiliza-se a regra de posicionar-se ao
lado da vítima com dois joelhos no solo, uma vez que em grande parte dos acidentes a
vítima está no chão.

4. Avaliação da Responsividade: A análise que verifica se a vítima está responsiva. Visa


colher informações que sinalizem o nível de oxigenação encefálica. Esse diagnóstico
apontará qual conduta emergente deve ser adotada. A classificação segue o critério da
técnica AVDI, descrita a seguir:

• A (ALERTA) – vítima acordada com resposta adequada ao ambiente. Permite-


-nos estabelecer se a vítima está consciente, se as vias aéreas estão pérvias e
se ela respira;
Importante
Não é necessário constatar a presença da respiração através da técnica
ver, ouvir e sentir (até porque essa manobra não se utiliza mais conforme
protocolo atualizado) ou realizar manobra de abertura de vias aéreas, mas
é necessário estabelecer controle da coluna cervical.

• V (VERBAL) – vítima letárgica. Os olhos se abrem mediante estímulo verbal;

• D (DOLOROSO) – vítima com olhos fechados que só abrem sob estímulo doloroso,
Atendimento Pré-Hospitalar

aplicado sob forma de compressão intensa no músculo trapézio;

• I (INCONSCIENTE) – vítima não reage a nenhum estímulo.

Avaliação Primária (vítima responsiva):


Quando a vítima responde aos estímulos verbais, a sequência que deve ser respei-
tada é a ABC:
62
A = Airway - abertura das vias aéreas e controle da coluna cervical;
B = Breathing - respiração ou ventilação;
C = Circulation - circulação e controle de grandes hemorragias externas.

Avaliação Primária (vítima irresponsiva):

Vítima que não responde aos estímulos verbais e nem de dor. Deve-se observar se
a vítima respira repousando, sentindo com uma das mãos a linha do diafragma.
1. Se a vítima respira, deve-se seguir a sequência ABC;
2. Se a vítima não respira ou apresenta respiração deficiente (agônica/ gas-
ping), deve-se seguir a sequência CAB (diretrizes AHA 2010 – RCP: Reanima-
ção Cárdio Pulmonar):

C = Circulation: circulação e controle de grandes hemorragias externas;


A = Airway: abertura das vias aéreas e controle da coluna cervical;
B = Breathing: respiração ou ventilação.
Atendimento Pré-Hospitalar
Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/-o8RCED9L3Ng/U57lOxtiHmI/AAAAAAAAAeU/nZxKrr7zkDY/s1600/SBV.jpg>.
Acesso em: 31 maio 2016.

3. Abertura das vias aéreas e controle cervical: a abertura das vias aéreas (VVAA) deve
ser feita sempre de imediato nos casos em que a vítima apresenta respiração ine-
ficaz e ineficiente, ou mesmo quando não respira, pois na hipóxia o corpo humano
entra em falência, e o cérebro, em especial, pode apresentar lesões irreversíveis Hipóxia: diminui- 63
ção da oxigenação
(morte de neurônios, necrose tecidual etc.) em cerca de seis minutos. Após dez mi- cerebral.
nutos, a morte cerebral é quase certa, pois ocorre anoxia.

Anoxia: ausência
da oxigenação
cerebral.

Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/-o8RCED9L3Ng/U57lOxtiHmI/AAAAAAAAAeU/nZxKrr7zkDY/s1600/SBV.jpg>.
Acesso em: 31 maio 2016.
Ao cuidar das vias aéreas, a cabeça e o pescoço devem ser mantidos alinhados em po-
sição neutra (queixo alinhado com o osso esterno), e para realizar essa manobra a vítima
deve ser posicionada em decúbito dorsal (posição supina – barriga pra cima) sobre super-
fície plana e rígida. Se estiver em decúbito ventral (posição prona – barriga pra baixo), é
necessário posicioná-la na posição supina, realizando rolamento de todo o corpo em bloco.

Importante
Veja as técnicas para realizar abertura de VVAA:
• Vítima sem histórico de trauma – Manobra de extensão da cabeça e
elevação do queixo: O socorrista põe uma de suas mãos na testa (osso
Atendimento Pré-Hospitalar

frontal) da vítima, inclinando a cabeça para trás, e com os dedos indica-


dor e médio da outra mão posicionados no queixo (osso mento), eleva a
mandíbula, podendo também manter a boca aberta;
• Vítima com histórico de trauma – Manobra de elevação da mandíbula:
O socorrista mantém a coluna cervical da vítima alinhada numa posição
neutra, depois projeta apenas a mandíbula para cima, com os dedos

64 indicador e médio no vértice do ângulo da mandíbula. Enquanto isso,


o socorrista deve posicionar os dedos polegares nos ossos zigomáticos
(seios da face), pressionando-os para baixo. Isso deve ser feito sem rea-
lizar extensão da cabeça ou mover a coluna cervical.

Após a abertura das vias aéreas, a imobilização da coluna cervical deve ser realizada
por intermédio de estabilização manual ou da utilização de um colar cervical (neste último
caso apenas com a vítima respirando) durante todo o atendimento pré-hospitalar até que
a vítima seja entregue em ambiente hospitalar.

O Colar Cervical isoladamente não imobiliza o pescoço plenamente. Ele é um


dispositivo que permite um maior controle, contudo, seu uso deve estar asso-
ciado à estabilização manual ou mesmo imobilização mecânica, que pode ser
feita com o coxim (blocos laterais imobilizadores de cabeça que são presos à
prancha longa)
Resumo
Você já alcançou um nível em que pode iniciar atendimento pré-hospitalar de forma
qualitativa e efetiva, já que aprendemos como realizar avaliação primária e conhecemos
seus princípios. É sempre bom lembrar que respeitar princípios e protocolos permitirá a
você adquirir uma real experiência dentro de conceitos éticos, acadêmicos e profissionais,
permitindo indiscutíveis resultados e qualidade nas ocorrências atendidas.

Autoavaliação
01. O que o socorrista deve identificar na avaliação primária de uma vítima durante o APH?

a) Idade, sexo e endereço.

b) Respiração, pulsação e grandes hemorragias externas.

Atendimento Pré-Hospitalar
c) Peso, altura e filiação.

d) Endereço, nome completo e número de RG ou CPF.

02. Na avaliação primária, que posição de segurança o socorrista deve ter com uma vítima
deitada no solo?
65
a) Aproximando-se pela cabeça, em posição ortostática e com MMSS abduzidos.

b) Aproximando-se pelos pés, com joelhos no solo ao lado do tronco da vítima.

c) Aproximando-se pelo lado, sentado acima da cabeça da vítima.

d) Aproximando-se pela cabeça, sentado ao lado da vítima.

03. Durante a avaliação da responsividade de uma vítima de queda, qual deve ser a con-
duta do socorrista quando a vítima apresentar-se responsiva na avaliação primária?

a) Dispensar todos os órgãos de apoio e emergência (SAMU, Corpo de Bombeiros e etc.).

b) Orientar que a vítima levante-se com cautela e respire profundamente antes de liberá-la.

c) Instalar o colar cervical, checar a presença de grandes hemorragias externas e conduzir


ao hospital.

d) Levantar os MMII e dar água para a vítima manter-se hidratada.


04. Marque (F) para as alternativas falsas e (V) para as verdadeiras, assinalando a alterna-
tiva que corresponde à sequência correta:

( ) O princípio da Hora de Ouro é aquele que fala que o socorro deve ser feito em exata-
mente uma hora. Após uma hora, passa a contar a Hora de Prata.

( ) O princípio fundamental do atendimento pré-hospitalar é reduzir a mortalidade e os


agravos decorrentes de acidentes diversos.

( ) Manobra de elevação da mandíbula é aquela em que socorrista mantém a coluna cer-


vical da vítima alinhada ao mesmo tempo em que desloca a articulação da mandíbula
da vítima.

( ) Quando a vítima responde aos estímulos verbais, a sequência que deve ser respeitada
pelo socorrista é a ABC, conforme o protocolo internacional padrão.

a) F, V, F, V.
Atendimento Pré-Hospitalar

b) F, F, V, V.

c) V, F, F, V.

d) V, V, F, F.

66
Competência
04
Realiza
a reanimação cardiopulmonar
Atendimento Pré-Hospitalar

68
Realiza
a reanimação cardiopulmonar

O coração é visto como o órgão principal e responsável por coordenar todos os outros.
É bem verdade que ele é muito importante para o organismo humano, mas é apenas mais
um que faz parte da orquestra biológica regida pelas batutas do sistema nervoso central,
em que o cérebro é maestro.

Contudo, o coração é um músculo e pode sofrer alguns danos provocados pelo mau

Atendimento Pré-Hospitalar
uso, uso excessivo, ou mesmo por algum problema congênito ou de doenças. Quando sur-
gem essas intercorrências, o músculo cardíaco pode parar e deixar de cumprir sua função
de bombear sangue para todo o corpo, e quando isso acontece é necessária uma interven-
ção para reanimar o coração. Do contrário ele pode provocar morte generalizada de todos
os órgãos que precisam de sangue oxigenado para se manterem vivos.

O coração bombeia o sangue para todo o corpo humano e os pulmões fazem a troca
gasosa liberando o gás carbônico e absorvendo o oxigênio que será levado pelas célu- 69
las sanguíneas.

Curiosidade
Você sabia que a noradrenalina, um dos hormônios produzidos pelas glân-
dulas suprarrenais, pode elevar muito a pressão arterial? É por isso que
fortes emoções são causas de infarto em algumas pessoas que já tem pro-
pensão a ter problemas cardíacos.

Os casos de morte súbita cardíaca têm crescido de forma alarmante, e a estatística de


casos entre adultos até 55 anos tem aumentado muito devido a hábitos como descaso
com a própria saúde, tabagismo, alcoolismo, uso de drogas, estresse devido a hiperativi-
dade, poucas horas de sono, falta de exercícios físicos, aumento da ingestão de alimentos
hipercalóricos, predisposição genética e doenças como hipertensão, diabetes e obesidade.
Uma grande parte das ocorrências de morte súbita cardíaca se dá pelo infarto, que é o
entupimento das artérias coronárias que irrigam o coração, mais precisamente o músculo
cardíaco denominado de miocárdio. Isso se dá devido ao acúmulo de placas de gordura
(ateroma) nas paredes internas das artérias, o que provoca a obstrução total da passagem
de sangue. Quando a obstrução é parcial pela placa de gordura e há uma diminuição no
fluxo sanguíneo para o coração, pode acontecer uma dor característica no peito chamada
de angina. Rompida essa placa de gordura, alguns elementos do sangue, como as plaque-
tas, tentam parar o sangramento fazendo uma espécie de curativo, formando assim um
trombo que nada mais é do que um coágulo. Geralmente é esse coágulo o responsável
pela obstrução total da artéria, o que causa o infarto.

Em casos de infarto e outras situações de trauma em que ocorre a parada cardíaca, é


possível reverter a situação e proporcionar outra chance de vida para o vitimado. Para tan-
to, é necessário realizar manobras conforme procedimentos operacionais padrão de Rea-
Atendimento Pré-Hospitalar

nimação Cardiopulmonar (RCP), os quais devem ser feitos em tempo hábil e respeitando as
técnicas corretas conforme orientações da Associação Americana do Coração.

Importante
70
Os sinais vitais, para efeito de atendimento pré-hospitalar, são quatro. A
saber: respiração, pulsação, temperatura e pressão arterial.

Sistema Respiratório
Inspirar e expirar o ar é a função do organismo mais essencial à vida. Sem oxigênio seu
corpo não sobrevive. De todas as funções do corpo humano, nenhuma é tão associada à
própria existência quanto a respiração.

Curiosidade
Você sabia que o ar que respiramos possui proporções médias de 78% de
Nitrogênio, 21% de Oxigênio e 1% de Gases Nobres? Durante a respiração,
o nosso organismo só retém em média 5% de oxigênio.
A respiração é o intercâmbio de gases entre um organismo e o meio no qual esse or-
ganismo vive. Mais especificamente, trata-se da absorção de oxigênio, sua utilização nos
tecidos e a eliminação de dióxido de carbono pelo organismo.

Curiosidade
Você inspira e expira, a cada minuto, em média seis litros e meio de ar, o
suficiente para encher uma bola de basquete. Também é bom saber que,
ao contrário do que muita gente pensa, o ato de bocejar não é sinônimo
de tédio ou preguiça. É apenas um sinal de que seu organismo precisa de
uma dose extra de oxigênio. Para isso seu corpo provoca, por reflexo, uma
inalação profunda.

Atendimento Pré-Hospitalar
O sistema respiratório humano é constituído por um par de pulmões e por vários órgãos
que conduzem o ar para dentro e para fora das cavidades pulmonares. Esses órgãos são
as fossas nasais, a boca, a faringe, a laringe, a traqueia, os brônquios, os bronquíolos e os
alvéolos, estes três últimos localizados nos pulmões.

71

Fonte: <http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2009/08/sistema-respiratorio.jpg>.
Acesso em: 07 jun. 2016.

O propósito da respiração é realizar uma troca de gases essencial à vida humana cha-
Hematose: substi-
mada hematose, propiciando que seja levado oxigênio para as células de todo corpo hu- tuição do sangue
mano, bem como o recolhimento de volta do gás carbônico, produto resultante do processo rico em gás carbô-
nico pelo sangue
da respiração celular. rico em oxigênio.
Na inspiração, o diafragma (músculo situado logo abaixo dos pulmões que separa o
tórax do abdome) se contrai, movendo-se para baixo. Sem a pressão do diafragma, os pul-
mões se expandem para permitir a entrada do ar. As costelas também se expandem, para
cima e para fora, com a ajuda dos músculos intercostais. Tudo isso aumenta o volume da
caixa torácica e o ar entra nos pulmões por pressão negativa.

• Na expiração, ocorre o contrário. O diafragma relaxa, num movimento para cima,


voltando à sua posição original, em forma de arco. Os músculos intercostais também
se distendem. Esse conjunto de músculos faz pressão sobre os pulmões. Como a
pressão interna é maior do que a pressão ambiente, o ar escapa para fora.

Curiosidade
Atendimento Pré-Hospitalar

Você sabia que quando se sobe uma montanha ou quando se desce ao


fundo do mar o nosso organismo sofre mudanças em razão de alterações
na pressão atmosférica? Quanto maior a altitude, menor a concentração
de oxigênio, o ar é rarefeito. Já quando se desce abaixo do nível do mar a
pressão é acrescida de mais 1 atm (unidade atmosférica) a cada 10m de
72 profundidade mergulhados.

A frequência respiratória (incursões respiratórias por minuto = ipm) considerada normal


segundo a Associação Americana do Coração tem uma média de acordo com a idade de
um indivíduo. A saber:

• Bebê (de 0 a 1 ano de idade) = 20 a 50 ipm;

• Criança (de 1 a 8 anos de idade) = 15 a 30 ipm;

• Adulto (acima de 8 anos de idade) = 12 a 20 ipm.

Sistema Cardiovascular
É um sistema fechado, composto pelo coração e por uma rede de tubos denominados
artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias. Esse conjunto é o principal responsável pela
distribuição e transporte de todo o volume de sangue pelo organismo humano. O volume
de sangue no indivíduo adulto equivale a cerca de 7% de sua massa corporal, e em crian-
ças equivale a 9%. Ou seja, um indivíduo adulto com 70 Kg teria 4,9 litros de sangue (4
litros e 900 ml), e uma criança com 20 Kg teria 1,8 litros de sangue (1 litro e 800 ml), con-
forme os cálculos a seguir: 70 x 7% = 4,9 e 20 x 9% = 1,8.

Atendimento Pré-Hospitalar
Fonte: <http://s1.static.brasilescola.com/galeria/images/
14d9470ffdbc310d0c4021c39e978616.jpg>. Acesso em: 07 jun. 2016

A circulação no ser humano é dupla: pulmonar e sistêmica, conhecidas como pequena


e grande circulação. O sistema cardiovascular é como uma intrincada malha rodoviária. Se
você pudesse emendar todas as veias, artérias e capilares existentes no seu corpo, teria 73
uma linha de cento e sessenta mil quilômetros, o suficiente para dar a volta ao mundo
quatro vezes.

Seu coração não está nem do lado esquerdo nem do lado direito, e sim no centro do seu
peito, com a base inferior um pouco mais inclinada pra o lado esquerdo do peito. O coração
é mais ou menos do tamanho do seu punho fechado.

Curiosidade
Você sabia que o coração tem um marcapasso natural, que provoca uma
descarga elétrica de sessenta milivolts a cada pulsação? Isso equivale a 4%
de uma pilha pequena.

O coração é dividido em quatro câmaras (dois átrios e dois ventrículos) e faz o mesmo
trabalho de uma bomba hidráulica. Ou melhor, de duas bombas, pois enquanto a bom-
ba do lado esquerdo despacha sangue novo para o corpo inteiro, com oxigênio e outros
nutrientes, a do lado direito recolhe o sangue já rico em gás carbônico e o envia para os
pulmões. Essas são, respectivamente, as chamadas circulações Sistêmica e Pulmonar.

Curiosidade
Você sabia que as hemácias, leucócitos e plaquetas representam, em mé-
dia, 40% do volume total de sangue, e que o restante é formado pelo plas-
ma? Pois é. As hemácias, ou glóbulos vermelhos, contêm a hemoglobina
que dá cor ao sangue e transporta os gases, como o oxigênio tão precioso
à nossa vida. Já os leucócitos, ou glóbulos brancos, são a defesa do nosso
Atendimento Pré-Hospitalar

organismo no combate contra os anticorpos. As plaquetas são responsáveis


pela coagulação quando algum vaso se rompe ou ferimento acontece. O
plasma é composto basicamente de água e é responsável pelo transporte
de várias substâncias, como proteínas, hormônios, glicose e anticorpos.

A frequência cardíaca (batimentos cardíacos por minuto = bpm) considerada normal


74
segundo a Associação Americana do Coração também é baseada numa média de acordo
com a idade de um indivíduo. A saber:

• Bebê (de 0 a 1 ano de idade) = 100 a 160 bpm;

• Criança (de 1 a 8 anos de idade) = 75 a 120 bpm;

• Adulto (acima de 8 anos de idade) = 60 a 100 bpm.

Importante
Os batimentos cardíacos se dividem em duas etapas. Na primeira, a diásto-
le, o coração está relaxado para receber uma dupla remessa (o sangue rico
em gás carbônico trazido pelas veias e o sangue oxigenado procedente dos
pulmões). Na segunda, a sístole, ele se contrai e despacha o sangue que
será reciclado para os pulmões, e o sangue que já passou por esse proces-
so segue para todo o corpo humano pelas artérias.
A Pressão Arterial Sistêmica (PAS) considerada normal para o adulto é 120 por 80 (ou,
como muitos dizem, 12 por 8), contudo, a Associação Americana do Coração já considera
essa aferição como de um pré-hipertenso. Mas não é necessário tomar medicação para
baixar esses níveis e sim adotar medidas consideradas saudáveis de estilo de vida para
não deixar essa pressão elevar.

A pressão arterial é aferida como sendo a força que o sangue exerce nas artérias quan-
do bombeado pelo coração. Logo, a primeira a ser aferida é a pressão sistólica, que regis-
tra a contração do miocárdio, e a última a ser aferida é a pressão diastólica, que registra
o relaxamento dele. Também é importante registrar que a unidade de medida da pressão
arterial sistêmica é dada em milímetros de mercúrio (mmHg).

Os limites considerados aceitáveis de pressão arterial no indivíduo adulto vão de


até 20 mmHg ou acima ou abaixo da pressão sistólica considerada normal, e até 10

Atendimento Pré-Hospitalar
mmHg ou acima ou abaixo para a pressão diastólica. Então, sendo 120x80mmHg a
pressão considerada normal, os limites toleráveis para cima seriam até 140x90mmHg,
e os limites toleráveis para baixo seriam até 100x70mmHg. Extrapolando-se esses li-
mites considerados toleráveis, caracterizam-se então, indivíduos com hipertensão para
os casos de pressão arterial mais acima, e indivíduos com hipotensão para os casos
de pressão arterial abaixo.

Para saber quais os níveis de pressão arterial sistêmica considerados normais em


75
bebês e crianças deve-se calcular a pressão sistólica como resultado de 90mmHg adi-
cionando duas vezes a idade, enquanto a pressão diastólica é o resultado de 70mmHg
adicionando duas vezes a idade do indivíduo. Logo, numa criança de 6 anos de idade
teríamos a pressão arterial de 102x82mmHg, conforme o cálculo a seguir: 90 + (2 x 6) =
102 e 70 + (2 x 6) = 82.

Curiosidade
Você sabia que o primeiro aparelho a registrar os impulsos elétricos do co-
ração foi montado em 1903 pelo fisiologista holandês Willem Einthoven,
que batizou o aparelho de Eletrocardiograma? Sua descoberta lhe valeu o
Prêmio Nobel em 1924 e até hoje esse equipamento é largamente utilizado
pela medicina para detectar problemas no coração.
Obstrução Parcial das Vias Aéreas (VVAA)
Nesta seção vamos aprender a reconhecer a Obstrução de Vias Aéreas por Corpos Es-
tranhos (OVACE) e também aprender técnicas de desobstrução de formas correta e proto-
colada.

Esse tipo de obstrução pode levar a inconsciência, parada cardiorrespiratória e até


mesmo a morte. No cotidiano, a maioria das obstruções acontece por alimento. Quando
o engasgo é testemunhado, uma intervenção adequada pode desobstruir as vias aéreas
facilitando a retomada da respiração ideal.

A obstrução pode ser classificada como parcial ou total. O que difere as duas é que na
primeira ainda existe a passagem de ar pelas vias aéreas, e isso pode ser bem evidenciado
quando a vítima ainda consegue falar, tossir ou produzir alguns sons e ruídos de origem
gutural. Mas antes de sabermos as técnicas que devem ser aplicadas para a reanimação
Atendimento Pré-Hospitalar

cardiopulmonar, vamos conhecer a fisiologia do sistema cardiorrespiratório.

Quando a pessoa está tossindo ainda está respirando, então nenhuma manobra exter-
na é necessária. Mas se isso se agrava e a respiração fica difícil, marcada por cianose (co-
loração azulada, lívida ou escura da pele por diminuição da perfusão capilar nos tecidos),
então há a necessidade de atuar com manobras específicas de desobstrução:

• O socorrista deve incentivar a tosse, observando se o objeto obstrutivo será elimina-


76
do, ou mesmo se há sinais de agravamento, como respiração ruidosa, inefetividade
de tosse, ausência de respiração ou desmaio.

• Se a obstrução persistir por muito tempo e não houver sinais de agravamento, deve-
-se transportar a vítima ao hospital, sempre monitorando a respiração e, se possível,
administrar oxigênio por máscara facial com fluxo médio de sete a dez litros por
minuto.

• Se a obstrução persiste e há sinais de agravamento, deve-se então considerar como


obstrução total e iniciar assistência com procedimentos adequados.

Obstrução Total das VVAA


Quando alguém leva as mãos ao pescoço, está incapaz de falar, tossir ou respirar, apre-
senta-se cianosada e faz esforços exagerados para respirar, pode ser uma obstrução total.
Se a situação persistir, essa pessoa pode perder a consciência e mesmo ter uma parada
cardiorrespiratória e morrer.

Nesse caso deve-se adotar a Manobra de Heimlich, ou Manobra de Compressão Abdominal:


• O socorrista posiciona-se ligeiramente atrás da vítima e envolve o seu tronco com os
braços, passando-os por baixo dos braços do vitimado;

• Depois a mão fechada do socorrista, mantendo a falange mais distal do polegar


proeminente, é apoiada entre o umbigo e o processo xifoide do vitimado;

• O socorrista deve manter a mão posicionada na parede abdominal da vítima, e com


a outra mão imprimir pressão ao abdome realizando movimentos sequenciados com
a trajetória da letra “J” (pra baixo, pra dentro e pra cima);

• As compressões visam lançar as vísceras contra o diafragma e, por consequência,


reduzir o volume e aumentar a pressão intratorácica juntamente com a pressão de
baixo para cima no esôfago (tubo digestivo) para expulsar o objeto obstrutivo;

• Deverão ser realizadas até cinco compressões abdominais, e sempre observar se


houve a desobstrução a cada manobra compressiva.

Atendimento Pré-Hospitalar
77

Fonte: <http://saude.culturamix.com/blog/wp-content/uploads/2013/09/Confira-As-Dicas4.jpg>.
Acesso em: 07 jun. 2016.

Importante
As compressões abdominais não devem ser realizadas em lactentes ou
crianças muito pequenas devido ao alto risco de lesões viscerais.

A desobstrução das vias aéreas superiores para crianças menores de um ano de idade
deve ser feita por meio da técnica de Tapotagem e Compressão Torácica Externa:
• O socorrista deve segurar o bebê com a face voltada para baixo, repousando-o no
seu antebraço para segurar com firmeza a cabeça da vítima pela mandíbula;

• A cabeça do bebê deve ser mantida mais baixa que o tronco, momento em que o
socorrista fará até cinco golpes com a mão em forma de concha, no dorso da vítima,
mais especificamente entre as escápulas;

• Após os golpes, se o objeto ainda não foi expulso, o socorrista deve girar o bebê, ain-
da apoiando-o em seu antebraço, deixando-o com a face voltada pra cima, e efetuar
até cinco compressões torácicas com dois dedos, exatamente no centro do osso
esterno e abaixo da linha intermamilar da vítima;

• Ao final de cada manobra realizada, deve-se estar atento para inspecionar a cavida-
de oral e verificar se objeto obstrutivo foi expulso. Então, se ao final das sequências
o bebê ainda não voltou a respirar e continua engasgado, deve-se então efetuar dois
Atendimento Pré-Hospitalar

sopros no nariz e na boca (ao mesmo tempo) e ver se objeto é projetado para fora,
liberando a passagem das vias aéreas;

• Os procedimentos devem ser reiniciados a partir do primeiro ciclo se a obstrução


persistir, enquanto a vítima é levada ao hospital.

78

Fonte: <http://bloggraodegente.com.br/wp-content/uploads/2014/04/manobra.jpg>. Acesso em: 07 jun. 2016.


• As normas de biossegurança proíbem realizar as manobras de boca a boca em víti-
mas desconhecidas, abrindo exceção para familiares e pessoas íntimas.

• Em crianças mais frágeis, gestantes, vítimas inconscientes e/ou obesos, as com-


pressões abdominais devem ser substituídas por compressões torácicas (na inter-
cessão da linha intermamilar com a linha do osso esterno), com a vítima deitada em
decúbito dorsal numa superfície plana e rígida.

• Nos lactentes ou bebês que possam vir a se engasgar com secreções ou ali-
mentos pastosos, o socorrista deve, com sua boca, realizar sucção na boca e
nariz da vítima para liberar as vias aéreas, e depois conduzi-la ao hospital para
avaliação pediátrica.

Atendimento Pré-Hospitalar
Atividade 01
Muito bem, especialista, chegou a hora de realizarmos mais uma ativi-
dade. É possível realizar golpes de tapotagem para vítimas adultas com
OVACE? Justifique sua resposta.

79
Realizar Reanimação Cardiopulmonar (RCP)
Realizar Reanimação Cardiopulmonar é uma das técnicas mais importantes que todo
o socorrista deve dominar acerca das informações técnicas e condutas práticas. Então
vamos juntos aumentar nosso conhecimento nesse assunto.

Reanimação Cardiopulmonar (RCP) é o conjunto de procedimentos técnicos e esforços


na vítima com Parada Cardiorrespiratória (PCR) na tentativa de restabelecer artificialmente
ou mecanicamente a ventilação pulmonar e a circulação sanguínea a fim de reanimá-la.

Princípios da RCP
As manobras de reanimação cardiopulmonar visam instituir, mecanicamente, ventilação
e circulação, produzindo perfusão cerebral de uma vítima em parada cardiorrespiratória.

As condutas adotadas no suporte básico devem perdurar até que sejam implementadas
as medidas de suporte avançado de vida.
Atendimento Pré-Hospitalar

Fonte: <http://www.resgatetatico.com.br/Atac/imagens/imagens
%20geral1/EMERGE~1.JPG>. Acesso em: 07 jun. 2016.

A RCP tem alguns objetivos que devem ser sempre verificados com atenção:

I. Reconhecer rapidamente a emergência: parada respiratória ou cardiorrespiratória;

80 II. Iniciar nas situações indicadas a reanimação respiratória: manobras de desobstru-


ção das VVAA ou manobra cardiorrespiratória;

III. Realizar precocemente desfibrilação utilizando desfibrilador automático externo (mó-


dulo específico adiante).

A parada cardíaca é a incapacidade de o coração de gerar fluxo sanguíneo e produzir


pulso. O coração deixa de bombear sangue efetivamente.

A parada cardíaca também pode ser conceituada como sendo o cessar da atividade
mecânica do coração. É um diagnóstico clínico de Parada Cardiorrespiratória (PCR) con-
firmado pela falta de resposta a estímulos, ausência de pulso central detectável (artéria
carotídea) e apneia (ou mesmo respirações agônicas / gasping).
Agônico: diz-se do
As diretrizes da Associação Americana do Coração recomendam uma alteração espe-
estado de agonia
que precede a cífica na sequência de procedimentos do Suporte Básico de Vida (SBV): o que antes era
morte.
seguido pelo algoritmo ABC (Abertura de VVAA; Respiração; Circulação) passa agora para o
algoritmo CAB (Circulação; Abertura de VVAA; Respiração) para reduzir o tempo do início da
aplicação das compressões torácicas, as quais exigem prioridade.

Se a vítima não respira, apresenta respiração deficiente ou mesmo uma Parada Car-
diorrespiratória, deve-se imediatamente seguir a sequência CAB e fazer RCP corretamente,
conforme protocolo internacional padrão.

RCP Eficiente
Antes de iniciar a Reanimação Cardiopulmonar, o socorrista deve acionar um serviço de
emergência ou urgência para dar continuidade aos seus esforços e transportar a vítima ao
hospital com suporte avançado.

A sequência recomendada conforme protocolo AHA 2010 é segundo o algoritmo CAB:


iniciar com trinta compressões, depois abertura de vias aéreas para que sejam dadas duas
ventilações, formando um ciclo. O procedimento deve ser fechado com um total de cinco
ciclos, de acordo como algoritmo a seguir para vítimas adultas:

Atendimento Pré-Hospitalar
• Vítima posicionada em decúbito dorsal sobre superfície plana e rígida;

• Posicionar as partes da região tenar e hipotênar das mãos, com dedos entrelaçados
sobre o osso esterno e na linha intermamilar da vítima;

• Manter os braços estendidos e perpendiculares ao osso esterno;

• Realizar trinta compressões no sentido anteroposterior comprimindo de um terço a


metade do diâmetro do tórax, ou seja, aproximadamente cinco centímetros.
81
• Manter frequência de compressões mínimas entre 100 e 120 por minuto, conforme
protocolo mais atualizado (2015). Pode-se contar de um até dez por três vezes em
ritmo acelerado, desde que permita o retorno total do tórax após cada compressão;

Fonte: <http://www.saudeeforca.com/wp-content/uploads/2010/09/01436318600_thumb.jpg>.
Acesso em: 07 jun. 2016.
• Abrir vias aéreas e realizar duas ventilações com devidas barreiras de proteção
(ambu ou máscara com válvula one-way), ou mesmo boca a boca se vítima for
íntima ou familiar;
Atendimento Pré-Hospitalar

Fonte: <http://www.sossul.com.br/sossul/public/ecommerce/produtos/2350005.jpg>. Acesso em: 07 jun. 2016.

• Repetir o ciclo cinco vezes para reavaliar os sinais vitais da vítima, caso persista a
PCR, manter a RCP até que a vítima seja entregue a um serviço de suporte avançado
ou hospitalar, minimizando sempre as interrupções;
82
• Observe a divulgação da publicação da nova Diretriz para RCP/ACE- 2015, cuja prévia
em português está sendo disponibilizada no link: <https://eccguidelines.heart.org/
wp-content/uploads/2015/10/2015-AHA-Guidelines-Highlights-Portuguese.pdf> A di-
retriz reforça o que é considerado fundamental para obtenção da qualidade na RCP;

• A formação da comunidade estimula a capacitação de pessoas. Quanto mais pesso-


as forem treinadas, maiores são as chances de intervenção e sobrevida;

• Os socorristas treinados são encorajados a verificarem respiração e pulso ao mesmo tempo.

Importante
O socorrista não deve levar mais do que dez segundos verificando respira-
ção ou pulso da vítima para iniciar a RCP. Caso não perceba tais sinais vitais,
deve iniciar imediatamente a reanimação devida, bem como não deve parar
por mais de dez segundos para realizar manobras como rolamento, remo-
ção, transporte ou reavaliação da vítima. Se houver necessidade de mais do
que dez segundos, o socorrista deve efetuar mais cinco ciclos de RCP para ter
mais dez segundos de parada nas manobras de reanimação.

No caso de vítimas não íntimas, quando o socorrista não dispõe de barreiras de prote-
ção para fazer ventilações artificiais, deve-se proceder a RCP apenas com as compressões
torácicas até que o serviço de suporte avançado chegue ao local, pois o protocolo segundo
a AHA proíbe o contato boca a boca devido ao alto risco de contaminação.

Agora pense comigo e analise o seguinte: em uma vítima desconhecida em que


não se pode realizar ventilação boca a boca e não se tem EPI ou barreiras de prote-
ção específicas para realizar ventilação artificial, realmente funciona apenas efetuar

Atendimento Pré-Hospitalar
compressões torácicas para reanimar a vítima, mesmo sem oxigená-la? Funciona sim,
vamos entender melhor isso.

O fato de só efetuar compressões torácicas na vítima não tem relação direta com o
volume de oxigênio suficiente para realizar hematose no pulmão, pois a questão princi-
pal se dá devido à presença de volume residual de oxigênio nos alvéolos pulmonares,
antes mesmo da parada, prolongando-se ainda por alguns minutos durante a parada
cardiorrespiratória. Isso se dá porque o ser humano é incapaz de esvaziar totalmente 83
os alvéolos pulmonares mesmo com uma expiração forçada. Desse modo, o sangue
bombeado pelas massagens cardíacas vai propiciar a hematose com o oxigênio do
volume residual, e assim levará o sangue arterial pra todas as células dos principais
órgãos vitais por alguns minutos, mantendo ainda o organismo vivo e lutando contra a
falência total e/ou morte de neurônios.

Atividade 01
Por que o socorrista deve manter o sangue circulando através da RCP até
a chegada do suporte avançado de aph ou levar a vítima até o hospital
nas mãos de um médico, não devendo parar por mais de 10 segundos
as manobras de reanimação? Quais as complicações para o socorrista e
para a vítima se desobedecer tais preceitos?
Especificidades da RCP (bebê, criança, adulto
e afogados)
A RCP para crianças (de 1 a 8 anos de idade) e bebês (até 1 ano de idade) obedece o
mesmo protocolo para RCP em adultos - o CAB -, porém sofre algumas alterações específi-
cas: para crianças, utiliza-se apenas um braço durante as compressões e para bebês ape-
nas dois dedos, ambos com ponto da compressão no terço médio do osso esterno, sempre
respeitando a compleição física de cada vítima no momento de aplicar força durante as
massagens cardíacas.

A intensidade da insuflação a ser feita nas vítimas crianças e bebês deve ser sufi-
ciente para elevar o tórax da vítima, e a intensidade da compressão torácica é um pouco
menos do que cinco centímetros do que é deformado no tórax do adulto, pois o socorrista
Atendimento Pré-Hospitalar

deve ter bom senso e diminuir sua força. Uma maneira de identificar se a massagem está
surtindo o efeito desejado tanto em crianças quanto em adultos é palpar e verificar a
existência do pulso da artéria carotídea (localizada na face lateral da borda do músculo
do pescoço, conhecido como ECOM - Esternocleidomastoideo). Todavia, no bebê o pulso
a ser palpado é o da artéria braquial (abaixo do músculo bíceps braquial e próximo a
axila), durante as compressões.

84

Importante
O pulso mais indicado a ser palpado no bebê é o da artéria braquial. Caso
o socorrista venha a massagear o nervo vago que passa ao lado da artéria
carotídea existe o risco de se causar diminuição dos batimentos cardíacos
(bradicardia). Esse nervo, ao ser estimulado, pode determinar sensorial-
mente a bradicardia para o bebê, agravando possivelmente sua situação
hemodinâmica.
Fonte: <http://pad2.whstatic.com/images/thumb/d/d1/332313-6.jpg/670px-332313-6.jpg>.
Acesso em: 08 jun. 2016.

Atendimento Pré-Hospitalar
Curiosidade
Observe os prefixos e sufixos:
Prefixo Bradi= diminuição;
Prefixo Taqui = aceleração; 85
Prefixo Dis = dificuldade;
Prefixo A = ausência.
Sufixo Cardio = relativo aos batimentos cardíacos;
Sufixo Pnéia = relativo à respiração.

Vejamos algumas construções:


Bradicardia = diminuição dos batimentos cardíacos;
Taquicardia = aceleração dos batimentos cardíacos;
Arritmia = ausência de ritmo cardíaco;
Bradipnéia= diminuição dos movimentos respiratórios;
Taquipnéia = aceleração dos movimentos respiratórios;
Dispnéia = dificuldade respiratória;
Apnéia = parada respiratória após a expiração;
Apneuse = parada respiratória após a inspiração;
Eupnéia = frequência respiratória normal.
Para vítimas de PCR por asfixia, em caso de afogamento, a prioridade é proceder com o
algoritmo CAB – AHA 2010, iniciando as massagens cardíacas e insuflações por cerca de
cinco ciclos (aproximadamente 2 minutos) antes de acionar o serviço avançado de atendi-
mento pré-hospitalar.

No atendimento às vítimas de afogamento em terreno inclinado, a vítima deve ser posi-


cionada de forma a ficar deitada em decúbito dorsal numa superfície plana e não inclinada,
nunca com a cabeça mais alta ou mais baixa que o restante do corpo.

Se for necessário, realizar manobras de rolamento pra deixar a vítima em decúbito lateral,
com o intuito de eliminar secreções e líquidos regurgitados ou vomitados por ela. Tal rolamento
deve ser feito sempre para o lado direito da vítima, de forma a preservar mais o pulmão do lado
esquerdo, uma vez que o pulmão mais comprometido no caso de imersão em meio líquido
costuma ser o direito (há uma verticalização maior do brônquio direito em relação ao esquerdo,
Atendimento Pré-Hospitalar

motivo pelo qual os líquidos aspirados tendem a fluir primeiro para o pulmão direito).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que afogamentos provoquem


450.000 mortes por ano em todo o mundo. O principal fator que influencia no
prognóstico da vítima após o afogamento é a duração da hipóxia cerebral, motivo
Hipóxia: diminui- pelo qual as prioridades no atendimento ao afogado devem ser as restaurações
86 ção do suprimento
de oxigênio no
imediatas da oxigenação/ventilação e perfusão através da RCP, tudo com atenção
cérebro; especial em manter preservado o estado neurológico da vítima.
Anóxia: ausência
de oxigênio no
cérebro;
Diagnóstico =
identificação de um
eventual mal ou
doença;
Resumo
Prognóstico = Nesse capítulo vimos que algumas técnicas bem aplicadas podem ser a solução de
previsão do curso
provável de um tantas emergências que deixam as pessoas desesperadas. Pudemos verificar que as obs-
mal ou doença truções, sejam elas parciais ou totais, se não forem tratadas com as técnicas que você já
tendo como base o
diagnóstico. conhece, podem evoluir para situações mais sérias, como uma parada cardiorrespiratória.
Tivemos a oportunidade de estudar sobre a parada cardíaca, que é a principal causa de
morte no mundo, e assim vimos também como estabelecer prioridades no atendimento
visando sempre estabilizar a condição cardiorrespiratória da vítima de PCR. Aprendemos
como realizar a manobra de Reanimação Cardiopulmonar, entendendo o passo a passo
para conduzir as ações durante o atendimento e também estudamos as particularidades
de casos considerados específicos.
Autoavaliação
01. Qual técnica o socorrista deve realizar quando se deparar com uma vítima adulta en-
gasgada por alimento que estiver ficando cianótica e não consiga respirar, expressando
isso com as mãos na garganta, olhos assustados e expressão de desespero?

a) Dar água para a vítima beber.

b) Pegar a vítima nos braços e levá-la ao hospital no primeiro carro disponível.

c) Deitar a vítima no solo e pressionar a barriga de baixo pra cima várias vezes.

d) Realizar manobra de compressão abdominal.

02. Marque (F) para as proposições falsas e (V) para as verdadeiras, marcando a alternati-
va que corresponde à sequência correta.

Atendimento Pré-Hospitalar
( ) Na obstrução parcial o socorrista deve incentivar a tosse da vítima.

( ) As obstruções das vias aéreas podem ser classificadas como parcial, semiparcial ou
total.

( ) Quando a obstrução das vias aéreas persiste por muito tempo e não há sinais de agra-
vamento, deve-se transportar a vítima ao hospital, sempre monitorando a respiração.

( ) Em uma obstrução total que persiste por um certo tempo, a vítima pode perder a cons-
87
ciência e até mesmo ter uma parada cardiorrespiratória com risco de morte. No caso
de a vítima entrar numa PCR, deve-se adotar a Manobra de Heimlich, ou Manobra de
Compressão Abdominal.

a) F, V, V, V.

b) V, F, V, F.

c) V, V, V, F.

d) F, F, V, F.

03. Em relação aos Princípios Básicos da RCP, qual o objetivo da Reanimação Cardiopulmo-
nar para uma vítima que se encontra com PCR (Parada Cardiorrespiratória)?

a) Melhorar a hidratação no sistema cardiovascular;

b) Realizar a massagem cardíaca apenas para dar ritmo ao coração;

c) Instituir mecanicamente, ventilação e circulação produzindo perfusão cerebral;


d) Aumentar a capacidade pulmonar total e acelerar batimentos cardíacos.

04. Assinale a alternativa que corresponde à proposição correta em relação à Reanimação


Cardiorrespiratória (RCP):

a) Se a vítima apresentar fratura de costelas a RCP não deve ser executada, pois durante
a execução da massagem o osso quebrado pode perfurar pulmão e/ou coração.

b) Quando a vítima apresentar pupilas dilatadas (midríase) já não se pode fazer mais
nada, pois essa vítima encontra-se com morte cerebral.

c) Durante a execução da RCP numa vítima, mesmo que ela volte ter respiração e batimen-
tos cardíacos espontâneos, o socorrista deve continuar realizando 30 compressões e 2
ventilações, conforme o protocolo de aph.

d) As condutas adotadas no suporte básico devem perdurar até que sejam implementadas
as medidas de suporte avançado de vida.
Atendimento Pré-Hospitalar

88
Competência
05
Prestar atendimento
a vítimas de choque elétrico
Atendimento Pré-Hospitalar

90
Prestar atendimento
a vítimas de choque elétrico

Imagine uma situação na qual você presencia um acidente com uma vítima de cho-
que elétrico.

Essa vítima apresenta-se da seguinte forma: caída ao solo, sem respirar, sem reação
de movimentos, com rigidez da musculatura da mandíbula (e assim sem possibilidades de
abertura da boca) e com a língua bloqueando a passagem do ar. Contudo, a vítima ainda

Atendimento Pré-Hospitalar
apresenta batimentos cardíacos.

O que fazer? É necessário ser eficaz e eficiente. Vamos aprender juntos.

O choque elétrico e seus efeitos no organismo


humano 91
O choque elétrico é uma alteração neuromusculoesquelética abrupta que acontece no
organismo humano quando ele é submetido a uma diferença de potencial (ddp) promovida
pela ação da corrente elétrica.

Os efeitos da passagem da corrente elétrica no corpo humano quando há uma diferença


de potencial são diversos e variam de acordo com alguns fatores específicos, quais sejam:

• A trajetória da corrente elétrica no corpo humano;

• O tempo de exposição e a Intensidade (i) da corrente elétrica;

• As especificidades biológicas de cada indivíduo.

• A Lei de Ohm estabelece que a intensidade da corrente elétrica que cir-


cula numa carga é diretamente proporcional a tensão;
• Lei de Ohm (V - Tensão em Volts = V), (I - Intensidade em Ampéres = A), (R
= Resistência em Ohms = Ω), [ V = I . R];
• Uma corrente elétrica é um fluxo de elétrons (partículas que carregam
energia) passando por um condutor. Se os elétrons se movimentam num
único sentido, essa corrente é chamada de contínua. Se eles mudam de
direção constantemente, estamos falando de uma corrente alternada. Na
prática, a diferença entre elas está na capacidade de transmitir energia
para locais mais distantes (cidades) ou gerador próprio (eletrônicos).

O choque elétrico pode ser dividido em três categorias:

• Por contato com circuito energizado;

• Por contato com corpo eletrizado;

• Por descargas atmosféricas.


Atendimento Pré-Hospitalar

Conduta em emergências envolvendo o choque


elétrico
Várias condições influenciam nos efeitos que o corpo humano pode ter quando sujeito
a um choque elétrico. Os maiores danos, sejam eles musculares, ósseos ou neurológicos,
92
dependerão do percurso que a corrente elétrica faz pelo organismo de uma pessoa; da
intensidade dessa corrente elétrica; do tempo pelo qual a vítima é submetida à corrente
elétrica; e também das condições orgânicas do indivíduo.

Deve-se ter o devido cuidado durante o socorro das vítimas no que diz respeito à mo-
bilização de materiais, equipamentos e condutores energizados, bem como com a vítima,
que pode ter o corpo ainda sob a ação da corrente elétrica. É necessário utilizar materiais
isolantes como borracha, madeira, plástico etc., desde que isentos de umidade, para os ca-
sos de baixa tensão (que vão até a categoria de mil volts). Já para o caso de alta tensão são
necessários isolantes específicos, como porcelana e vidro com resistência de isolamento.

Curiosidade
Você sabia que não existe isolante ideal? Em outras palavras, quanto mais
elevada for a tensão, maiores devem ser os fatores de proteção e isolação.
Você sabia também que água pura, destilada e livre de impurezas não
é condutora de energia elétrica? A água não conduz corrente elétrica,
o que conduz a eletricidade na água são os sais minerais que a água
contém. Os átomos de uma molécula devem possuir uma carga de ele-
tricidade para que os elétrons passem por ela, e isso não acontece com
a água pura ou destilada.

Nosso organismo tem uma resistência chamada de Impedância, indicada pela letra Z e
com unidade de valores dada em ohms, cujo símbolo é Ω. A intensidade da corrente elétri-
ca que pode passar pelo corpo de alguém vai depender da impedância que seu organismo
ofereça, bem como de qualquer outra resistência que possa existir até a corrente elétrica

Atendimento Pré-Hospitalar
chegar ao solo. Na maioria dos acidentes por choque elétrico a corrente elétrica sai de um
potencial maior para um potencial menor (que geralmente é o solo). Nesse trajeto a corren-
te pode provocar efeitos muito danosos no corpo humano.

Também é bom registrar que a corrente elétrica sempre busca o caminho de menor resis-
tência para passar, e na ausência de um condutor que ofereça resistência abaixo da impe-
dância do organismo humano, esse passa a ser então uma ponte entre potenciais diferentes.
93
O choque elétrico no corpo humano provoca vários efeitos fisiológicos. Podemos citar
alguns principais:

• Lesões musculares, ósseas e de órgãos vitais, desordens cardíacas;

• Contração tetânica dos músculos (efeito imediato);

• Amputações, fraturas e luxações (efeito retardado da corrente elétrica);

• Insuficiência renal aguda;

• Queimaduras internas e externas;

• Hemólise (destruição das células de sangue);

• Hemorragias;

• Parada cardiorrespiratória.

A corrente elétrica tem uma frequência de 60 Hertz (Hz), que geralmente é utilizada pelos
sistemas de fornecimento de energia elétrica. Essa frequência se dá por um determinado nú-
mero de ciclos, ondas ou oscilações que a corrente faz por segundo. E por conta dessa frequ-
ência, durante o choque elétrico, os músculos também se contraem a 60 ciclos por segundo.

A corrente elétrica é dada como um fluxo de elétrons (partículas que carregam energia)
passando por um condutor. Se os elétrons se movimentam num único sentido, essa corren-
te é chamada de contínua (CC). Se eles mudam de direção constantemente, são denomi-
nados corrente alternada (CA). Em termos mais práticos podemos citar como exemplo que
a diferença entre elas está na capacidade de transmitir energia para locais mais distantes
(cidades) ou gerador próprio (eletrônicos).

O organismo humano já sente os efeitos da corrente elétrica a partir de 1mA (um mi-
liampère) para corrente alternada (CA), e de 5mA (cinco miliampères) para corrente contí-
nua (CC), e essa sensibilidade é chamada de Limiar de Sensação. Também existe o Limiar
de Não Largar, que se dá por um princípio excitatório dos nervos, causando um efeito de
agarramento devido às contrações musculares. Esse efeito ocorre nos homens entre 9mA
Atendimento Pré-Hospitalar

e 23mA e nas mulheres entre 6mA e 14mA.

O corpo humano é mais sensível a CA do que a CC, e os efeitos delas no corpo humano
em geral são os mesmos. Existe apenas uma diferença na sensação provocada por cor-
rentes de baixa intensidade: a Corrente Contínua de valores imediatamente superiores a
5mA cria no organismo a sensação de aquecimento, ao passo que correntes acima de 1mA
causam a sensação de formigamento.

94 Para as frequências industriais (50 - 60Hz), desde que a intensidade não exceda o valor
de 9mA, o choque não produz alterações de consequências graves. Quando a corrente
ultrapassa 9mA, as contrações musculares tornam-se mais violentas e podem chegar ao
ponto de impedirem que a vítima se liberte do circuito.

Fonte: <http://www.sinal3.com.br/fotos/produtos/ab5cb13f4b.png>. Acesso em: 09 jun. 2016.


Depois do choque elétrico é importante socorrer a vítima, sempre zelando pelas normas
corretas de procedimentos e protocolos de atendimento pré-hospitalar:

• Cuide da segurança no local interrompendo o fluxo da corrente elétrica ou afastando


condutor e vítima com material isolante, sempre com cuidado para não tornar-se
parte do circuito energizado;

• Lembre-se de chamar a companhia fornecedora de energia elétrica nos casos de


acidentes em via pública;

• Realize o devido atendimento da vítima, garantindo prioritariamente vias aéreas e


circulação viáveis;

• Realize a Reanimação Cardiopulmonar (RCP) nos casos de Parada Cardiorrespirató-


ria (PCR);

• Efetue os curativos devidos nos casos de hemorragias e queimaduras, bem como

Atendimento Pré-Hospitalar
imobilização das possíveis fraturas;

• Transporte a vítima ao hospital monitorando sempre pulsação e respiração.

95
Atividade 01
Caso você se encontre sozinho com uma vítima que executava um serviço
de instalação elétrica numa escada e ficou presa, sofrendo um choque
elétrico, na fiação energizada numa altura de cerca de três metros acima
do solo, o que você faria antes de iniciar o atendimento dessa vítima?
Lembre-se que a vítima está presa por fiação energizada. Logo, se a fonte
de energia for desligada, a vítima despencará de uma altura considerável.
Além disso, a vítima apresenta queimadura de segundo grau nas mãos e
nos olhos, devido ao arco elétrico formado no curto circuito.

Epiderme e tratamento de queimaduras


Uma das possíveis consequências do choque elétrico é a queimadura. Vamos nos
apropriar dos conhecimentos necessários para construir a competência de atuar nesse
tipo de emergência.
Primeiro, é importante conhecermos algumas particularidades da nossa pele. A pele
é denominada epiderme na camada mais superficial, e é um tecido composto de células
mortas que descamam todo o tempo. A epiderme possui funções vitais para o organismo
humano: é responsável pelas nossas sensações, pela proteção contra infecções, por regu-
lar nossa temperatura e tem um papel importante na atividade metabólica, pois atua na
excreção e produção de vitamina D. Nossa pele tem, em média, 5 milímetros de espessura,
e corresponde à cerca de 15% do nosso peso.

Curiosidade
[[Você sabe de onde vem a expressão “sangue azul”? Era uma expressão
Atendimento Pré-Hospitalar

muito utilizada na aristocracia espanhola, pois os nobres, que já tinham a


pele muito branca, evitavam a exposição ao sol, de modo que se podia ver
suas veias sob à pele. Essa pele ficava com um tom azulado.

A pele é composta por três camadas: a epiderme, a derme e o tecido subcutâneo. Se


você pudesse separar 1 centímetro cúbico dessa pele pra analisar, veria que essa pequena
96
e microscópica porção tem mais ou menos 5 milhões de células, 4 metros de nervos, 1 me-
tro de vasos sanguíneos, 100 glândulas sudoríparas, 25 glândulas sebáceas e 5 folículos
pilosos. Ou seja, o organismo humano é um verdadeiro universo biologicamente infinito.

Um dos fatores que pode afetar a pele é a queimadura, a qual pode produzir consequên-
cias gravíssimas e comprometer a qualidade de vida de uma pessoa, levando-a, em casos
extremos, à morte.

Segundo o poeta francês Paul Valéry (1871-1945), “a pele humana separa o mun-
do em dois espaços: de um lado, cores, do outro lado, dores”.

Queimadura é uma agressão, em geral produzida por um mecanismo de trauma pro-


veniente de agentes com temperaturas extremas, seja com calor excessivo ou com frio
intenso, que a pele sofre juntamente com seus anexos.

Tipos de queimaduras:
• Térmica: causada pela condução de calor ou frio intenso por meio de líquidos, sóli-
dos ou gazes;

• Biológica: proveniente da exposição e/ou contato com organismos vivos;

• Elétrica: produzida pelo contato com eletricidade de baixa ou alta voltagem;

• Química: causada por substâncias corrosivas e/ou produtos químicos que reagem
quando entram em contato com a pele;

• Atrito: causada quando a pele é atritada ou friccionada de maneira brusca e violenta


em alta velocidade;

• Radiação: resulta da exposição à luz solar ou fontes nucleares.

Classificação das queimaduras:

Atendimento Pré-Hospitalar
Enchimento
Graus Profundidade Pele Capilar Dor
1º GRAU Epiderme Superficial Eritema, Quente Presente Leve a Moderada
2º GRAU Epiderme e Derme Eritema, Flictenas (bolhas) Presente Moderada
SUPERFICIAL Superficial
2º GRAU Epiderme e Derme Rósea ou Esbranquiçada,
Variável Severa
PROFUNDO Profunda Úmida
Ausente Ausente 97
3º GRAU Epiderme e Derme Branca, preta ou marrom,
totais, chegando aos
Seca
tecidos subcutâneos

Fonte: <http://vignette3.wikia.nocookie.net/infomedica/images/2/28/
Graus_queimadura.jpg/revision/latest?cb=20101202170215&path-prefix=pt-br>. Acesso em: 09 jun. 2016.

Classificação quanto à gravidade das queimaduras:

Alguns fatores definem a gravidade das queimaduras, sendo necessário observar:

• A profundidade das queimaduras no corpo humano (conforme tabela anteriormente


observada);

• A área ou extensão corporal afetada (quanto maior a área da pele atingida mais gra-
ve a queimadura);

• A localização em partes específicas do organismo (articulações, circulares, face, sola


dos pés, palma das mãos, órgãos genitais, etc.);

• A idade da vítima (bebês ou idosos necessitam de cuidados especiais devido à imu-


nidade biológica não estar totalmente fortalecida);
• A associação das queimaduras com outras lesões ou traumas (hemorragias, fratu-
ras, etc.);

• O indivíduo possuir doenças preexistentes (hipertensão, diabetes, doenças autoimunes);

• A possibilidade de queimaduras internas por inalação de gases aquecidos.

Conduta APH em queimaduras


Nas queimaduras jamais devemos utilizar receitas caseiras e produtos químicos sem
indicação médica: manteiga, creme dental, pó de café, clara de ovos, creme pra assaduras,
gelo, casca de banana etc.. O que devemos fazer deve estar sempre em conformidade com
o protocolo de APH:

1. Extinguir as chamas sobre a vítima ou suas roupas;


Atendimento Pré-Hospitalar

2. Remover a vítima do ambiente hostil;

3. Remover as roupas que não estejam aderidas a seu corpo;

4. Promover resfriamento da lesão e de fragmentos de roupas ou substâncias aderidos ao


corpo da vítima;

5. Iniciar a avaliação primária;


98 6. Observar a existência de traumas associados;

7. Acionar o suporte avançado de vida e hiperoxigenar sempre que existir indicativo de


lesões de vias aéreas:

• Queimaduras faciais;

• Queimaduras das sobrancelhas e vibrissas nasais (pelos do nariz);

• Depósito de fuligem na orofaringe ou vias aéreas (nariz e garganta);

• Faringe avermelhada ou edemaciada;

• Escarro com resíduos carbonáceos;

• Histórico de confinamento em ambiente incendiário e explosivo;

8. Hiperoxigenar em caso de suspeita de intoxicação por monóxido de carbono, quando


há histórico de confinamento em ambientes incendiários, explosivos ou quando existir
alteração de nível de consciência:

• Náuseas e cefaleia intensa;

• Pele vermelho framboesa;


• Confusão mental;

• Inconsciência.

9. Prevenir estado de choque e hipotermia nos grandes queimados;

10. Retirar anéis, pulseiras, relógios ou quaisquer adereços que possam comprometer a
vascularização ante o edema a ser desenvolvido;

11. Umedecer os curativos com soro fisiológico na ausência água destilada;

12. Os curativos devem ser espessos e firmes, mas não apertados;

13. Não romper flictenas (bolhas);

14. Queimaduras por ácidos penetram mais profundamente nos tecidos, portanto são con-
sideradas mais graves que queimaduras provocadas por ácidos:

• Irrigar a área queimada abundantemente com água corrente e em grande quantida-

Atendimento Pré-Hospitalar
de ou com soro fisiológico em jatos, para retirar toda substância cáustica;

• Não utilizar substâncias neutralizantes;

• Retirar roupas e sapatos da vítima enquanto proceder a irrigação;

• Evitar que o líquido escorra por áreas não queimadas, como por exemplo, em quei-
madura química nos olhos, irrigar com soro fisiológico ou água corrente do centro
para o canto externo do olho; 99
• Proteger-se do contato com o líquido que escoa;

• Substâncias cáusticas em forma de pó devem ser retiradas por escovação, só irrigar


as queimaduras se as lesões estiverem úmidas;

15. Nas queimaduras elétricas o dano tecidual é desproporcional a aparência da lesão:

• Monitorar respiração e pulso;

• Levantar dados sobre voltagem, amperagem e duração da exposição para repassar


a equipe médica;

• Procurar localizar ponto de entrada, circuito percorrido pelo corpo e ponto de saída
da corrente elétrica;

Algumas queimaduras especiais, provocadas por animais marinhos, exigem um trata-


mento diferenciado. Por exemplo, queimaduras provocadas por caravelas são bastante do-
lorosas, e devemos entender algumas informações importantes:

• O perigo não está na bolha colorida, azul ou rosa da caravela, que em geral fica na
superfície da água, o risco maior está nos tentáculos submersos;

• Os tentáculos da caravela são compostos por centenas de vesículas urticantes que


são compostas em seu interior por toxinas danosas à pele;

• A água doce, ou gelo, se colocados na área da pele afetada, produzem uma diferen-
ça osmótica nas vesículas da caravela, rompendo-as e agravando a lesão;

• As indicações para minimizar os efeitos desse tipo de queimadura é utilizar a própria


água do mar e/ou vinagre pra promover vasoconstricção, analgesia e degenerar a
proteína das vesículas, mantendo-as íntegras.

Outro tipo de queimaduras especiais são as de origem elétrica:

As queimaduras elétricas podem promover um agravo específico quando ocorre uma


Atendimento Pré-Hospitalar

lesão muscular e o tecido fica necrosado (morto), pois pode ocorrer um processo chamado
Rabdomiólise, que libera na corrente sanguínea uma proteína chamada de Mioglobina,
que pode levar a dependência de hemodiálise.

Rabdomiólise é a quebra (lise) rápida de músculo esquelético (rabdomio) por causa de


lesão no tecido muscular, e pode ser causada por fatores físicos, químicos ou biológicos.
A destruição do músculo leva à liberação de produtos das células musculares na corrente

100 sanguínea. Alguns desses produtos, como a proteína mioglobina, são lesivos para os rins,
podendo causar insuficiência renal aguda, o que deixa a urina vermelho-marrom, também
chamada mioglubinúria.

Curiosidade
Você sabia que não é correto dizer que morreu eletrocutada uma pessoa
morreu por choque elétrico? O correto seria dizer que ela foi eletroplessio-
nada, ou seja, morreu por choque elétrico acidental, pois eletrocussão é o
termo utilizado para execução por choque elétrico, como no caso de cadeira
elétrica, que é pena de morte em alguns países.

Também existem as queimaduras especiais por inalação gases aquecidos. Nesses ca-
sos, as lesões vão desde tecidos acima da glote envolvendo boca e nariz até abaixo da
glote, podendo afetar brônquios, bronquíolos e pulmões, além da intoxicação por monóxido
de carbono (CO).

As queimaduras desse tipo devem receber atenção especial, pois exigem tratamento
avançado hospitalar o mais rápido possível. Para as queimaduras abaixo e acima da glote
é necessária uma intervenção com medicamentos para que não haja obstrução das vias
aéreas pelo edema que o organismo vai desenvolver. Já em relação à intoxicação pelo CO,
o organismo humano por ter uma afinidade 200 vezes maior pelo monóxido de carbono do
que pelo próprio oxigênio, correndo o risco de asfixia em poucos segundos, o que pode ser
letal se não for tratado em tempo hábil.

As condutas no aph desse tipo de ocorrência devem proceder conforme protocolo para
indivíduos em trauma, priorizando sempre a manutenção dos sinais vitais, respiração e
pulsação, bem como administrando oxigênio e conduzindo para um centro de tratamento
de queimados o mais breve possível.

Atendimento Pré-Hospitalar
Resumo
Você teve oportunidade de ver nesse capítulo um pouco mais sobre os traumas e as
lesões que envolvem acidentes com energia elétrica. As tensões que envolvem esse tipo
de ocorrência podem ser de alta tensão (acima de 1KV = 1000 Volts) ou baixa tensão
(até 1KV = 1000 Volts), por isso você deve respeitar as medidas de proteção e segurança
sabendo que sempre é necessário um fator isolante pra não entrar em contato direto com
101
nenhum dispositivo energizado - com risco de tornar-se parte do circuito elétrico. Lembre-
-se também que nas situações que envolverem queimaduras é sempre prudente zelar pela
proteção e uso de EPI (equipamento de proteção individual) ou de barreiras de proteção,
seja pra não se contaminar, ou mesmo para não contaminar o ferimento da queimadura.
Para tanto, sempre que possível deve-se utilizar materiais esterilizados.

Autoavaliação
01. Que cuidados um socorrista deve ter quando for socorrer e livrar alguém de um choque
elétrico?

a) Deve imediatamente jogar um balde de água em cima da vítima para dissipar a corrente
elétrica o mais breve possível.

b) Deve ligar pra companhia fornecedora de energia elétrica para bloquear a rede que vai
para o lugar onde está acontecendo o acidente ao mesmo tempo em que tenta liberar
a vítima com uma barra de ferro.
c) Deve desligar a fonte que de energia elétrica que está promovendo o choque elétrico e,
na impossibilidade, tentar afastar a vítima do circuito energizado com material isolante
de corrente elétrica.

d) Deve primeiro encostar o dorso da mão na vítima pra sentir se ela está levando choque
elétrico, pois o socorrista não corre o risco de levar choque ou fazer parte do circuito
energizado.

02. Quando uma vítima respira gases aquecidos e tem queimadura internas nas vias res-
piratórias, o que é correto fazer? Marque a alternativa correta.

a) Dar bastante líquido pra vítima tomar. No mínimo, dois litros de água e depois um litro de leite.

b) Deve-se proceder conforme protocolo para indivíduos em trauma, priorizando a ma-


nutenção dos sinais vitais, respiração e pulsação, enquanto administra oxigênio e a
Atendimento Pré-Hospitalar

conduz para um centro de tratamento de queimados.

c) O socorrista deve fazer o possível para a vítima vomitar e colocar todos os resíduos
contaminantes pra fora.

d) A vítima deve ser acalmada e levada pra um lugar onde possa colocar gelo em cima do
nariz e boca pra resfriar as vias aéreas.

102
03. Marque (V) para as alternativas verdadeiras e (F) para as falsas.

( ) Um choque elétrico pode provocar Insuficiência Renal Aguda.

( ) Após um choque elétrico, um dos efeitos é a vítima ainda manter o corpo energizado
mesmo após o desligamento da corrente elétrica.

( ) Numa queimadura causada por caravela podemos utilizar a própria água do mar e/ou
vinagre pra promover alívio das dores.

( ) Nas queimaduras químicas, podemos utilizar produtos neutralizantes nos olhos, como
leite por exemplo.

( ) As bolhas nas queimaduras de segundo grau devem ser rompidas para fazer um me-
lhor curativo durante o atendimento de primeiros socorros pelo socorrista.

a) V, F, V, F, F.

b) V, V, F, V, F.

c) V, F, F, F, F.

d) F, F, F, V, V.
04. Indique qual a alternativa incorreta sobre queimaduras:

a) A profundidade das queimaduras no corpo humano pode ser de 1º, 2º, 3º, 4º e 5º graus.

b) Quanto maior a área da pele atingida pelas queimaduras, mais grave o ferimento.

c) Queimaduras em partes específicas do organismo são mais graves em articulações,


circulares, face, sola dos pés, palma das mãos, órgãos genitais, etc..

d) Em relação à idade das vítimas, a queimadura é mais grave em bebês ou idosos, porque
a imunidade biológica não está totalmente fortalecida.

Atendimento Pré-Hospitalar
103
Competência
06
Atuar
em ocorrências de traumas
Atendimento Pré-Hospitalar

106
Atuar
em ocorrências de traumas

Nos traumas musculoesqueléticos a funcionalidade geralmente é perdida total ou parcial-


mente. Mesmo que não haja aparentes deformidades, é prudente realizar a devida imobiliza-
ção e conduzir a vítima ao hospital para realizar um exame mais preciso. Além de outros exa-
mes complementares, é essencial fazer um exame radiológico, pois com o devido tratamento
o organismo humano tem capacidade de auto defesa e de superar dificuldades de movimen-
tação, mesmo após sofrer traumas incompatíveis com a capacidade de resistência humana.

Atendimento Pré-Hospitalar
Sistema Musculoesquelético
É importante conhecer o sistema musculoesquelético a fim de obter total êxito no aten-
dimento das emergências envolvendo traumas. Vamos lá?

Os movimentos do corpo humano só são possíveis devido a uma parceria existente en-
tre os ossos e os músculos numa combinação bem harmonizada com as articulações, tudo
numa combinação bem associada, complexa e afinada. 107

Sistema Muscular

Fonte: <http://www.afh.bio.br/sustenta/img/musculoesqueletico.gif>. Acesso em: 09 jun. 2016.


Os músculos são o motor do seu corpo. Tudo o que você faz, desde a subida de um
degrau aos movimentos inconscientes, como as contrações do estômago para digerir a
comida, é resultado do trabalho deles.

• Músculo liso: o músculo involuntário localiza-se na pele, nos órgãos internos, no


aparelho reprodutor, nos grandes vasos sanguíneos e no aparelho excretor. O
estímulo para a contração dos músculos lisos é mediado pelo sistema nervoso
vegetativo.

• Músculo estriado esquelético: é inervado pelo sistema nervoso central e, como este,
se encontra em parte sob controle consciente, sendo um músculo voluntário. As
contrações do músculo esquelético permitem os movimentos dos diversos ossos e
cartilagens do esqueleto.

• Músculo cardíaco: esse tipo de tecido muscular forma a maior parte do coração dos
Atendimento Pré-Hospitalar

vertebrados. O músculo cardíaco carece de controle voluntário, agindo involuntaria-


mente. É inervado pelo sistema nervoso vegetativo.

Curiosidade
108 Você sabia que a cãibra, que causa muita dor, é o resultado de uma con-
tração involuntária e repentina? As causas mais frequentes ocorrem quan-
do alguns exercícios são feitos sem um aquecimento antes, quando há um
esforço excessivo ou fraqueza muscular, quando o músculo fica na mesma
posição por muito tempo e quando o músculo tem carência de potássio,
cálcio ou magnésio.

Temos 650 músculos e nem todos ligados aos ossos. Apenas os esqueléticos, que são
responsáveis pelos movimentos voluntários. Existem também os músculos involuntários,
que se localizam na parede dos órgãos internos. E há ainda um músculo especial, o cardí-
aco, que bombeia o sangue por todo o corpo humano.
Importante
Os músculos geralmente trabalham em pares. Enquanto um se contrai, o
outro relaxa. O primeiro recebe o nome de agonista, o outro, de antago-
nista. Na maioria das vezes, vários pares de músculos estão trabalhan-
do ao mesmo tempo. Mesmo quando você está parado, seus músculos
estão em atividade. Esse estado de semicontração é chamado de tônus
muscular. Para você ficar de pé, vários músculos trabalham para que seu
esqueleto não desabe.

Atendimento Pré-Hospitalar
Depois da morte, os músculos ficam rígidos por um período de 12 a 36 horas. É o “rigor
mortis”, um fenômeno químico causado pela falta de renovação das moléculas que abas-
tecem de energia os tecidos musculares.

Sistema Esquelético
109

Fonte: <http://static.todamateria.com.br/upload/55/55/55551cfbad99a-sistema-esqueletico.jpg>.
Acesso em: 09 jun. 2016.
É um conjunto de ossos e cartilagens que se unem através de articulações para formar
o arcabouço do corpo humano e desempenhar várias funções. O sistema esquelético é
composto por duzentos e seis ossos, os quais proporcionam firmeza, protegem os órgãos
vitais e servem de suporte para os movimentos.

Curiosidade
Os ossos, ao contrário do que parece, estão cheios de vida. No seu interior
funciona a fábrica das células de sangue: continuamente a medula óssea
produz plaquetas, glóbulos brancos e vermelhos.
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Confira os principais ossos do corpo humano:

Cabeça

Constituída pelo crânio e pela face.

O crânio é uma caixa sólida que protege o encéfalo.


110

Curiosidade
Você sabia que os três menores ossos do corpo humano estão na cabeça,
situados dentro do ouvido médio? Os nomes dos ossos são Estribo, Bigorna
e Martelo. Presos a esses ossos estão dois músculos bem pequenos, os
quais ajudam a abafar os sons que chegam muito elevados ao tímpano

Tronco

Eixo corporal onde se articulam a cabeça e os membros.

É formado pela coluna vertebral, pelas costelas e pelo osso esterno.

O tronco, com a coluna vertebral e a cabeça formam o esqueleto axial.


Caixa Torácica

Protege o coração e os pulmões.

É formado pelas costelas e pelo esterno.

Os músculos das costas sustentam a coluna vertebral.

Coluna Vertebral

Constituída por 33 ossos chamados vértebras (7 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5


sacrais, 4 coccígenas).

A coluna vertebral se encaixa nos ossos da pélvis, nos quadris.

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Cintura Escapular

É a parte do esqueleto que une os membros superiores ao tronco.

É formada por dois ossos: clavícula e a escápula.

Cintura Pélvica

Popularmente conhecida como bacia. 111


É a parte do esqueleto que une os membros inferiores ao tronco.

É formada pelo sacro, um par de ossos ilíacos e pelo cóccix.

O quadril é formado pelo ossos ísquio, ílio e púbis.

Ossos do membro superior

Constituídos por braço, antebraço, pulso e mão.

O osso do braço é o úmero que se articula, no cotovelo, com os ossos do antebraço - o


rádio e a ulna.

O pulso é formado por ossos pequenos e maciços, os carpos. A palma da mão é forma-
da pelos metacarpos, e os dedos, pelas falanges.

Ossos do membro inferior

É constituído por coxa, perna, tornozelo e pé.


O osso da coxa é o fêmur, o mais longo do corpo.

Os músculos da perna se articulam no joelho a partir da patela, como os cabos passam


pela roldana num guindaste.

No joelho o fêmur articula-se com os dois ossos da perna, a tíbia e a fíbula.

O pé é formado por ossos pequenos e maciços: os tarsos e os metatarsos, enquanto os


dedos são formados pelas falanges.

O conjunto formado pelo calcanhar, o arco e a planta dos pés lembra a estrutura de uma
ponte em arco, com seus cabos e esteios.
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Curiosidade
Quando um bebê nasce, o crânio ainda não está completamente formado.
As moleiras são regiões em que a cartilagem ainda não se transformou em
osso. Isso facilita a passagem da cabeça do bebê pelo canal vaginal e viabi-
liza o crescimento rápido do cérebro.

112

Entorse, luxação e fratura


Vamos entender a diferença?

Os ossos longos do organismo humano têm partes distintas e bem classificadas. As


extremidades recebem o nome de “cabeça” ou “epífise” do osso, e a haste do osso é deno-
minada “diáfise”. Já as articulações são superfícies ósseas distintas que se encontram e
que propiciam o movimento. Tais superfícies em geral possuem cartilagens e membranas
sinoviais, acrescidas, entre outros, de um fluido que chama-se “líquido sinovial”, que ajuda
a diminuir o atrito entre as superfícies ósseas da articulação durante o movimento.

Uma Entorse ocorre quando as epífises ósseas deslocam-se da articulação, realizando


um movimento além do grau de amplitude normal. Isso pode causar danos e lesões nos
tecidos adjacentes a esta articulação, e acontece geralmente devido ao mecanismo de um
trauma. As extremidades ósseas voltam à posição inicial após realizarem esse movimento
de amplitude exagerado, mas é provável que haja comprometimentos.
Atendimento Pré-Hospitalar
Fonte: <http://cdn.doutissima.com.br/wp-content/uploads/2013/12/entorse2.png>. Acesso em: 09 jun. 2016.

A Luxação acontece quando as epífises ósseas desarticulam e não voltam mais a posi-
ção inicial, perdendo muitas vezes a formatação anatômica original e comprometendo as
funções de movimento.

As articulações em que mais acontecem entorses e luxações são:


113
• Joelho – O joelho possui a maior articulação do corpo humano. O osso chamado
patela tem a função de fortalecer essa articulação, juntamente com os poderosos
ligamentos. Também ajudam na estabilização do joelho duas cartilagens deno-
minadas de meniscos, que ajudam a reduzir o atrito entre os contatos dos ossos
fêmur e tíbia.

• Punho – Articulação que une os ossos do pulso com os do antebraço, e que ganha o
nome de junta elipsoidal.

• Ombro – Articulação que une o osso úmero com a escápula. Essa articulação tem
uma cavidade superficial, e por isso está mais sujeita a deslocamentos.

• Cotovelo – É uma articulação que também funciona como dobradiça e se forma com
a união dos ossos úmero e ulna.

• Tornozelo – Articulação formada por sete ossos com formato bastante irregular.
Esses ossos têm certa flexibilidade, porém com limitação determinada por vários
ligamentos.
Atendimento Pré-Hospitalar

Fonte: <http://www.ortopcuritiba.com.br/wp-content/uploads/2015/11/luxa%C3%
A7%C3%A3o-do-ombro-curitiba.jpg>. Acesso em: 09 jun. 2016.

Já uma Fratura é qualquer interrupção proveniente de trauma na continuidade de um


osso, em que a integridade óssea é comprometida parcial ou totalmente.

Por mais resistente que seja o osso, às vezes ele se quebra. Porém, com exceção dos
ossos do crânio, ele pode se restaurar sozinho. O procedimento é imobilizar e manter o
114 osso na posição correta para que a fratura seja corrigida no local, com isso forma-se um
coágulo de sangue unindo as duas partes segmentadas. Em seguida, inicia-se a formação
de um calo ósseo, composto de uma mistura de fibras de colágeno e cartilagem, que aos
poucos vai preenchendo os espaços a serem restaurados, deixando, ao final, uma estrutu-
ra mais forte do que antes.

Fonte: <http://www.centraldafisioterapia.com.br/bd_imagens/1510201312729.jpg>.
Acesso em: 14 jun. 2016.
Condutas de APH para Fraturas
As fraturas classificam-se quanto ao foco em:

• Fechada: A pele não foi perfurada pelas extremidades ósseas.

• Aberta ou Exposta: O osso quebrado atravessa a pele. Mesmo que a espícula óssea
que rompeu a pele retorne para dentro do corpo humano, a existência de uma ferida
já caracteriza como sendo aberta ou exposta.

Quanto ao traço, as fraturas classificam-se em:

• Completa: Quando o osso perde sua continuidade de um lado a outro. Ou seja, o


osso é quebrado totalmente;

• Incompleta: Quando o osso perde sua continuidade apenas parcialmente, o osso

Atendimento Pré-Hospitalar
pode estar apenas trincado ou com uma parte do plano apresentado quebrado.

Existem diversos tipos de fratura e ela se apresentam como:

• Fratura em galho ou ramo verde;

• Fratura transversa;

• Fratura espiralada; 115


• Fratura impactada;

• Fratura oblíqua;

• Fratura cominutiva.

Fonte: <http://fuiacampar.com.br/public/img/post/e94c2f530
2c18fac1771b754e330408b.jpg>. Acesso em: 14 jun. 2016
Característica das fraturas:

• Deformidade, Dor;

• Tumefação e equimose;

• Impotência funcional;
endoesqueleto:
trata-se de um • Fragmento exposto, Crepitação;
esqueleto interno,
tal como o humano, • Coloração do membro (perfusão).
que serve para
sustentar o corpo e Condutas pré-hospitalares:
proteger os órgãos.
Exoesqueleto, por • Conter as hemorragias;
sua vez, signifi-
ca literalmente • Retirar anéis, relógio e pulseiras, expondo o membro;
esqueleto externo,
e trata-se de uma • Imobilizar o membro com talas que ultrapassem as articulações distal e proximal,
Atendimento Pré-Hospitalar

epiderme resis-
levantando o membro segurando nas duas articulações;
tente, mas flexível,
que cobre algumas
• Substituir o endoesqueleto por um exoesqueleto, estabilizando a estrutura com talas.
criaturas, como os
insetos.].
• Checar pulso distal antes e após a imobilização;

116
Atividade 01
Numa fratura as complicações são diversas. Com base nos nossos estu-
dos, elenque quais os efeitos que causam desequilíbrio no organismo hu-
mano após uma fratura. Além do comprometimento ósseo, quais outros
desequilíbrios podemos citar?

Protocolo em caso de fraturas


• Utilizar uma tala que ultrapasse 20 cm antes e depois da articulação lesada;

• Retirar relógios, pulseiras, anéis e qualquer outro adereço do membro fraturado,


pois este pode edemaciar;

• Não movimentar o membro afetado desnecessariamente;

• Conter as hemorragias dos ferimentos provenientes de fraturas expostas com cura-


tivos específicos;
• Pode-se utilizar a crioterapia (terapia com gelo) por 20min para aliviar a sensação de dor;

• Jamais tentar colocar o osso no lugar;

• Manter o osso ferido em posição de repouso e movimentar cuidadosamente pelas


articulações para imobilizar;

• Não pressionar para identificar pontos dolorosos;

• Examinar o pulso do membro fraturado depois de realizar a imobilização, caso haja


um excesso de compressão, a circulação pode ser prejudicada;

• As extremidades dos dedos, em fraturas dos membros inferiores e superiores, de-


vem ficar expostas para que seja verificada a perfusão capilar periférica;

• Caso as fraturas exijam talas maiores necessitem de emendas, devem ter uma mé-
dia de 20 cm de sobreposição.

Atendimento Pré-Hospitalar
Os ossos fraturados podem apresentar hemorragias, pois eles possuem medulas que
sangram em seu interior, e chegam a perder grande volume quando afetados:

a) Fratura de costela: perde cerca de 130 ml de sangue;

b) Fratura de rádio ou ulna: perde cerca de 250 a 500 ml de sangue;

c) Fratura de úmero: perde cerca de 500 a 750 ml de sangue;

d) Fratura de fêmur: perde cerca de 1000 a 2000 ml de sangue; 117


e) Fratura dos ossos da pelve: perde cerca de 1000 ml de sangue.

Resumo
Nesse capítulo tivemos a oportunidade de estudar sobre diversos traumas que podem
ocorrer em diferentes acidentes que o corpo humano pode sofrer. Tivemos como base os
traumas em extremidades, como fratura, luxação e entorse. Tais traumas são considera-
dos secundários na maioria das vezes, por não ocasionarem, a princípio, risco de morte.
Contudo, se tais traumas não forem devidamente tratados e imobilizados para realização
de remoção e transporte, podem agravar, trazendo consequências gravíssimas e assim
promovendo risco iminente de morte.

Autoavaliação
01. Marque com um (X) a alternativa correta e identifique quais os tipos de músculos que
existem em nosso corpo:
a) Músculo Liso, Músculo Rugoso e Músculo Estirado.

b) Músculo Liso, Músculo Estriado Esquelético e Músculo Cardíaco.

c) Músculo Vermelho, Músculo Branco e Músculo Inervado.

d) Músculo Liso, Músculo Áspero e Músculo de Força.

02. Marque a alternativa que corresponde ao nome que se dá quando ocorre o fenômeno
químico causado após a morte pela falta de renovação das moléculas que abastecem
de energia os tecidos musculares.

a) Rigor Dentis, em que os músculos ficam rígidos por um período de 12 a 36 horas.

b) Rigor Muscularis, em que os músculos ficam rígidos por um período de 24 a 36 horas.

c) Livor Mortis, em que os músculos ficam rígidos por um período de 12 a 36 horas.


Atendimento Pré-Hospitalar

d) Rigor Mortis, em que os músculos ficam rígidos por um período de 12 a 36 horas.

03. Marque a alternativa que corresponde aos ossos da coluna vertebral:

a) 8 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais, 4 coccígenas.

b) 7 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 6 sacrais, 4 coccígenas.


118
c) 7 cervicais, 11 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais, 4 coccígenas.

d) 7 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais, 4 coccígenas.

04. Identifique a alternativa que corresponde aos tipos de fratura quanto ao foco e ao traço:

a) Fechada, Aberta, Inclinada, Completa e Incompleta.

b) Fechada, Aberta, Exposta, Completa e Incompleta.

c) Fechada, Aberta, Oculta, Completa e Incompleta.

d) Fechada, Ferida, Machucada, Completa e Incompleta.


Atendimento Pré-Hospitalar
Competência
07 119

Realizar
Curativos
Realizar
Curativos

Os curativos são essenciais nos diversos ferimentos em que a pele é afetada, porque
é necessário manter o local limpo e livre de bactérias para evitar infecções. Existe um
grande número de bactérias no meio ambiente, bem como na nossa própria pele. Essas
bactérias podem provocar doenças ou mesmo, em casos mais extremos, causar uma
infecção generalizada.

Atendimento Pré-Hospitalar
Sistema Tegumentar

121

Fonte: <http://www.afh.bio.br/sentidos/img/sentidos%20pele.jpg>. Acesso em: 14 jun. 2016.

O tegumento humano, mais conhecido como pele, é formado por três camadas distin-
tas firmemente unidas entre si: a epiderme, a derme e o tecido subcutâneo. Esse sistema
inclui a pele e seus anexos, proporcionando ao corpo um revestimento protetor que contém
terminações nervosas sensitivas e participa da temperatura corporal, além de outras fun-
ções. Seus mais de 5 milhões de sensores captam os estímulos mais sutis.

Toda a superfície cutânea possui terminações nervosas capazes de captar estímulos


térmicos, mecânicos ou dolorosos. Essas terminações nervosas são especializadas na re-
cepção de estímulos específicos, sendo algumas capazes de captar estímulos de natureza
distinta. Porém, na epiderme não existem vasos sanguíneos, de modo que os nutrientes e
o oxigênio chegam à pele por difusão, a partir de vasos de sangue da derme.

A pele adulta tem aproximadamente dois metros quadrados de tecido humano da melhor
qualidade, apresentando espessura variável de um a quatro milímetros, conforme a região. A
distensibilidade também é outra característica da pele que varia de região para região.

Hemorragias
As hemorragias podem apresentar consequências maiores ou menores, a depender de
diversos fatores. De qualquer modo, os sangramentos devem ser contidos de imediato. Por
menores que sejam, eles podem, juntamente com outros traumas e lesões, comprometer
Atendimento Pré-Hospitalar

a saúde do vitimado e até trazerem risco de morte. Veremos nessa sessão quais os tipos
de hemorragias e como fazer para adotar medidas que eliminem ou diminuam a perda de
volume sanguíneo dos seus vasos condutores para o meio externo.

Uma hemorragia acontece quando o sangue é extraviado para fora dos vasos
122
sanguíneos por algum tipo de lesão, deixando de seguir o curso normal do fluxo
sanguíneo no corpo humano.

Há dois tipos de hemorragia, a interna e a externa.

Na hemorragia interna não há rompimento do tecido da pele que envolve o organismo e


o sangue fica retido ou dentro deste ou em cavidades naturais, podendo em alguns casos
exteriorizar-se pelos orifícios naturais. Mesmo quando há essa exteriorização pelos orifícios
naturais não significa que a hemorragia deixa de ser interna.

Na hemorragia externa a epiderme apresenta um rompimento que permite que o san-


gue seja extravasado para o meio externo.

Além disso, as hemorragias também podem ser classificadas como arterial ou venosa,
a depender do tipo de vaso sanguíneo que foi seccionado. Quando a hemorragia é arterial,
o sangramento sai de uma artéria, e é caracterizado por ter uma coloração de tom verme-
lho vivo e um fluxo pulsátil em forma de jatos que se dá a cada pulsação. Já no caso da
hemorragia venosa, o sangramento é proveniente de uma veia, e apresenta-se com uma
coloração de tom vermelho escuro, com um fluxo de saída escorrendo ou gotejando no
local da ferida.

É importante conter as hemorragias o mais breve possível para que o organismo


humano não venha a ter outros comprometimentos que possam provocar colapso car-
díaco ou falecimento de órgãos e funções vitais, haja vista que o sangue leva nutrien-
tes e oxigênio necessários à manutenção de todas as células do corpo. Para tanto,
o socorrista deve estar bem atento ao socorrer vítimas e identificar de imediato os
sangramentos, realizando as contenções possíveis e transportando-as com brevidade
a uma unidade hospitalar.

Algumas hemorragias são difíceis de conter por serem de grande extensão e profun-
didade ou por serem internas. A ação do socorrista deve ser de caráter emergencial para
levar vítimas com esses tipos de sangramentos para um atendimento avançado, em que

Atendimento Pré-Hospitalar
muitas vezes é necessário um procedimento cirúrgico para manter sinais vitais e/ou evitar
o estado de choque.

Existem vários tipos de choque, a depender do tipo de comprometimento que alguns


sistemas do organismo podem sofrer:

• Choque Séptico: infecção do sistema imunológico;

• Choque Anafilático: reação alérgica; 123


• Choque Psicogênico: perda da consciência ou desfalecimento;

• Choque Neurogênico: lesão da medula espinhal que compromete o sistema nervoso;

• Choque Cardiogênico: comprometimento do coração, que não consegue bombe-


ar sangue;

• Choque Hipovolêmico: diminuição de volumes, podendo ser Hidropênico - decorren-


te de desidratação; Plasmopênico - decorrente da perda de plasma; ou Hemorrágico
- decorrente de perda de sangue.

Vamos nos deter no estudo do Choque Hipovolêmico do tipo Hemorrágico, que é um com-
prometimento do sistema cardiovascular por ocasião da perda de grande volume sanguíneo.

O choque hemorrágico é um grande risco à vida e geralmente pode apresentar sinais e


sintomas característicos, tais como:

• Taquicardia (aumento do número de batimentos cardíacos);


• Alteração do nível de consciência e/ou tontura;

• Hipotensão arterial (diminuição da pressão arterial);

• Vasoconstrição periférica (diminuição da circulação sanguínea nas extremidades,


Cianose: coloração pele fria, sudoréica e cianótica);
da pele azulada
ou arroxeada pela • Respiração alterada (lenta, superficial e rápida);
diminuição de cir-
culação sanguínea. • Midríase (pupilas dilatadas).

Para prevenir o estado de choque hipovolêmico do tipo hemorrágico nas vítimas é ne-
cessário controlar as hemorragias, afrouxar roupas e indumentárias que apertam o corpo,
agasalhar a vítima para impedir a hipotermia, elevar os membros inferiores cerca de 30
cm acima do solo, e, sob orientação médica, repor o volume perdido com administração de
Atendimento Pré-Hospitalar

soro num acesso venoso e realizar oxigenoterapia.

Conduta do APH para hemorragias


Para que as células continuem recebendo sangue oxigenado e glicose para sobreviver
e desempenhar suas funções, faz-se necessário:
124
• Identificar fontes de hemorragias;

• Controlar a hemorragia externa;

• Priorizar e agilizar o transporte da vítima ao hospital nos casos de hemorragia interna;

• Prevenir o estado de choque.

Para controlar as hemorragias, existem algumas técnicas e táticas que podem ser ado-
tadas, tais como:

Pressão direta

Pressão exercida com as mãos (socorrista devidamente paramentado) fazendo uso de


gaze, compressa e bandagens sobre o local sangrante.
Fonte: <http://www.fotosantesedepois.com/wp-content/uploads/2012/08/hemorragia.jpg>.
Acesso em: 30 jun. 2016.

Atendimento Pré-Hospitalar
Curativo compressivo

Curativo realizado sobre o local do ferimento incorporando mais gazes quando as pri-
meiras camadas estiverem umedecidas de sangue. Para isso, utilizam-se ataduras de cre-
pe que, sob tensão, deverão manter compressão na lesão sem comprometer a perfusão
capilar periférica.

125

Fonte: <http://urgenciasfamiliares.com/wp-content/uploads/2014/02/ng87793C77-277F-4676-A90C-C151C8B25DCD.
jpg>. Acesso em: 30 jun. 2016.

Elevação do membro

Auxilia no controle do sangramento nos membros superiores ou inferiores uma vez


que, sob a ação da gravidade, o sangue terá dificuldade de se exteriorizar, diminuindo a
hemorragia.
Fonte: <http://images.slideplayer.com.br/5/1625619/slides/slide_11.jpg>. Acesso em: 30 jun. 2016.
Atendimento Pré-Hospitalar

Pressão indireta

Também denominada ponto de pressão, visa reduzir a luz da artéria que nutre o feri-
mento, diminuindo o fluxo sanguíneo sem impedir que o suprimento de sangue chegue à
extremidade.

126

Fonte: <http://www.bombeirosemergencia.com.br/images/ferime1.gif>. Acesso em: 30 jun. 2016.

Torniquete

O torniquete é recomendado na existência de uma grande hemorragia não controlada


pelo curativo compressivo e, diferente das técnicas anteriores, não deve ser afrouxado.

O torniquete deve ser aplicado a 10 cm da extremidade atingida e, visa preservação


de hemácias (nova concepção do ATLS). Essa manobra só deve ser utilizada em último
caso, quando as manobras para a contenção de hemorragias em extremidades não es-
tão dando resultado.

O torniquete então é aplicado próximo à amputação com o objetivo de bloquear total-


mente a circulação e o fluxo sanguíneo para o coto.
Coto: local onde a
Para aplicação do torniquete, geralmente utilizam-se faixas largas ou bandagem trian-
amputação de um
gular com o apoio de uma haste ou bastão para efetuar a compressão e bloqueio total do membro acontece
no corpo humano.
fluxo sanguíneo.

Atendimento Pré-Hospitalar
Fonte: <http://heberthenrique.com.br/wp-content/uploads/2016/01/torniquete.png>.
Acesso em: 30 jun. 2016.

Curativo oclusivo
127
Realizado nos moldes do curativo compressivo, difere pela inexistência da compressão. O
objetivo do curativo oclusivo é cobrir o local do ferimento com gaze, bandagem ou compressas,
fixando-as sem realizar compressão com atadura ou esparadrapo, para facilitar a coagulação.

Tal curativo é mais utilizado em ferimentos de queimaduras e ferimentos na cabeça,


como o TCE (Traumatismo Cranioencefálico), em que não é recomendável o uso de com-
pressão, que pode ocasionar no aumento da pressão intracraniana.

Fonte: <http://www.maxmedical.com.br/produtos/239grande.jpg>.
Acesso em: 30 jun. 2016.
Conduta APH para curativos
Algumas situações exigem curativos específicos:

• Sangramento Nasal ou Epistaxe

É a perda de sangue pelo nariz devido à ruptura de vasos sanguíneos da mucosa nasal
e seus anexos. Nessa situação, deve-se posicionar a vítima com a cabeça inclinada à frente
e pressionar continuamente as narinas com os dedos, por um tempo médio de 5 minutos.

Também é possível utilizar compressa de gelo sobre as narinas e orientar a vítima a não
assoar o nariz. Não se deve permitir que a vítima posicione a cabeça pra trás, pois ela pode
deglutir sangue, o que pode provocar vômitos.
Atendimento Pré-Hospitalar

• Amputação

O procedimento para a conserva de um membro amputado consiste em envolvê-lo em


uma compressa cirúrgica estéril, acondicioná-lo num saco plástico e num berço de gelo -
uma solução de água e gelo em proporções de 50% cada.

No local da amputação devem-se realizar as técnicas de contenção de hemorragia cita-

128 das anteriormente, como pressão direta, curativo compressivo, elevação do membro lesa-
do acima do coração e pressão indireta. Caso tais técnicas não controlem a hemorragia, o
torniquete poderá ser utilizado.

A vítima e o membro amputado devem ser conduzidos a um hospital de complexidade


compatível a fim de realizar possível reimplante.

• Evisceração

O procedimento em caso de evisceração consiste em umedecer as vísceras com soro


fisiológico ou água destilada, e então cobrir as vísceras com compressa cirúrgica estéril
umedecida ou mesmo plástico estéril.

Importante
Nunca empurrar as vísceras expostas de volta ao corpo.
• Ferida aspirante

Para uma ferida aspirante, deve-se realizar o curativo valvulado – ou curativo de três pon-
tos -, que consiste em utilizar um plástico quadrado ou retangular no orifício de um ferimento
torácico. Tal plástico tem uma fixação na base superior e nas laterais com esparadrapo, dei-
xando a base inferior aberta. Quando há inspiração de ar por parte da vítima, esse plástico
impede a entrada de ar para o espaço entre as membranas que envolvem o pulmão e o pró-
prio órgão, o que pode ocasionar traumas como o hemotórax e o pneumotórax.
Hemotórax:
Os dois traumas podem acontecer simultaneamente, promovendo acúmulo de ar e
derramamento de
sangue entre as membranas que envolvem os pulmões (chamadas pleuras). Nesse caso, sangue na cavida-
de das membranas
temos um Hemopneumotórax, em que o curativo de três pontos também se mostra eficaz,
que envolvem os
pois impede um acúmulo ainda maior de ar e sangue, o que ocasionaria um excesso de pulmões, provo-
cando dificuldade
pressão interna no órgão em tela, gerando um Hemotórax ou Pneumotórax hipertensivo.
respiratória.

Atendimento Pré-Hospitalar
Pneumotórax:
acúmulo de ar ou
gases na cavidade
das membranas
que envolvem os

Atividade 01 pulmões, provo-


cando dificuldade
Pesquise e relate qual seria a prioridade para um único socorrista aten- respiratória.

dendo uma vítima com uma hemorragia ocasionada pela amputação de


um dos membros e com uma parada cardiorrespiratória. O que o socorris- 129
ta deve resolver primeiro? A hemorragia ou a parada cardiorrespiratória?
Explique o porquê e quais as consequências de um ou de outro procedi-
mento ser executado primeiro.

Resumo
Aprendemos um pouco mais sobre hemorragias e curativos nos diversos tipos de feri-
mentos, e o quão importante é manter o sistema cardiovascular sempre funcionando em
perfeita ordem para que não haja risco de um colapso ou mesmo de parada das funções
dos diversos órgãos do corpo humano, que dependem de sangue oxigenado para o per-
feito funcionamento. Realizar curativos e contenções de hemorragias nas mais variadas
formas de lesões que se apresentam é questão emergencial, pois em casos extremos
podem levar a uma parada cardiorrespiratória. Um bom socorrista deve saber controlar
sangramentos, prevenir o estado de choque e conhecer os sinais e sintomas de uma
vítima com hemorragia.
Autoavaliação
01. Marque a alternativa correta sobre o curativo:

a) É necessário manter o local limpo e livre de bactérias para evitar infecções.

b) Não é necessário manter o local limpo e livre de bactérias para evitar infecções.

c) Serve para cobrir o ferimento e evitar a coagulação do sangue.

d) O compressivo tem a função de cobrir o local sem apertar.

02. Marque a alternativa correta sobre hemorragias:

a) As hemorragias podem ser de sangue livre ou sangue preso.

b) As hemorragias podem ser internas ou externas, arteriais ou venosas.


Atendimento Pré-Hospitalar

c) A hemorragia arterial é oriunda das veias internas.

d) A hemorragia venosa é oriunda das veias externas.

03. Marque a alternativa que corresponde às consequências de um choque hipovolêmico


do tipo hemorrágico:
130 a) Infecção do Sistema Imunológico.

b) Reação alérgica.

c) Diminuição do volume de sangue por hemorragias.

d) Lesão do Sistema Nervoso Central.

04. Identifique a alternativa que contém orientações adequadas para prevenir o estado de
choque hipovolêmico:

a) Dar água pra beber em grande volume.

b) Fazer massagem cardíaca conforme orientação da RCP atualizada.

c) Colocar a vítima sentada, dar água pra beber enquanto coloca sal embaixo da língua.

d) Conter hemorragias, afrouxar roupas, agasalhar a vítima e elevar os membros inferiores


cerca de 30 cm acima do solo.
Competência
08
Aplicar as técnicas
para transporte e remoção de vítimas
Aplicar as técnicas
para transporte e remoção de vítimas

Por causa de um socorro mal prestado, muitas vítimas envolvidas em diversas ocorrên-
cias de acidentes perdem as chances de recuperação e agravam suas condições, podendo
chegar a ter traumas irreversíveis.

Se tivermos como exemplo uma vítima com uma simples fratura de membros e ela for

Atendimento Pré-Hospitalar
socorrida de forma inadequada, poderá correr até mesmo risco de morte. Uma fratura, sob
manuseio incorreto, pode seccionar uma artéria, promovendo uma grave hemorragia que se
não for contida ocasionará uma parada cardíaca. Assim, um processo adequado de imobili-
zação, remoção e transporte é imprescindível para a vítima.

Técnicas de transporte e remoção de vítimas


O transporte de vítimas pode ser feito pelos seguintes meios:
133

• Utilizando o próprio corpo com técnicas e táticas de remoção;

• Utilizando meios de fortuna, ou seja, improvisando equipamentos e materiais;

• Utilizando equipamentos e materiais técnicos e específicos industrializados.

As técnicas de remoção e transporte devem sempre buscar o alinhamento padrão para


que a vítima fique em posição anatômica. Deve-se ter um cuidado maior na coluna vertebral,
em especial na coluna cervical, para que se evitem situações de secção medular e agrava-
mento das lesões e traumas diversos que possam existir na vítima.

Antes de transportar a vítima acidentada, devem-se tomar todas as providências para


manter o vitimado estabilizado, principalmente no que diz respeito ao sistema cardior-
respiratório.

Também é importante registrar que a remoção e o transporte da vítima são geralmente


feitos por uma equipe, que possui em média de três ou quatro membros. Um deles, o líder da
equipe, encarrega-se de estabilizar a cabeça da vítima, enquanto o restante segue o coman-
do para realizar movimentos sempre em bloco, de forma firme, contínua e gradativa, até que
se coloque o vitimado na posição que se deseja para um transporte seguro.

Remoção e transporte de vítimas: com o próprio


corpo
Utilizando o próprio corpo, os socorristas podem realizar diversas técnicas, a depender do
tipo de trauma que a vítima apresenta:

• Rolamento de emergência (com um socorrista);

• Rolamento de 90º, 180º e 360º (com equipe de 2 ou 3 socorristas);

• Cadeirinha para vítima consciente (com 2 socorristas);


Atendimento Pré-Hospitalar

• Cadeirinha para vítima inconsciente (com 2 socorristas);

• Resgate nos ombros (com 1 socorrista);

• Resgate tipo mochila (com 1 socorrista);

• Remoção em bloco cavalgando (com 3 ou 4 socorristas);

• Resgate convencional com braços (com 1 socorrista).

134

Fonte: <https://lh6.googleusercontent.com/-BQ7WiUXEZsc/TYnZtRNnXOI/AAAAAAAAATo/
Yp0GnUKaqio/s1600/PS+1.gif>. Acesso em: 30 jun. 2016.

Riscos ergonômicos para o socorrista nas


operações de remoção e transporte de vítimas
As operações de remoção e transporte de vítimas, quando realizadas manualmente ou
com utilização de equipamentos, demandam do socorrista esforços físicos intensos, com
risco de comprometimento da estrutura osteomuscular do mesmo, caso os cuidados para
a prevenção não sejam adotados.

Riscos ergonômicos estão relacionados com as agressões sofridas pelo nosso


corpo quando não cuidamos de nossa postura e não respeitamos os limites do mesmo,
Osteomuscular:
impondo uma sobrecarga que pode causar: Estrutura relacio-
nada aos ossos e
• Dores musculares; músculos.

• Dores na coluna;

• Fadiga muscular.

Relacionamos abaixo, amigo especialista, algumas dicas de postura e posicionamento


durante a movimentação das vítimas:

Atendimento Pré-Hospitalar
1. Ao agachar-se, mantenha suas pernas flexionadas e a coluna ereta. Quando não fle-
xionamos as pernas a nossa coluna é sobrecarregada com o levantamento do peso,
e sendo a coluna uma estrutura frágil, que não foi projetada para suportar cargas,
será lesionada com o passar do tempo e repetição de posturas inadequadas no car-
regamento de peso.

2. Devemos trazer a carga o mais próximo de nosso corpo possível, a fim de equilibrar
o corpo e distribuir o peso de forma igualitária. 135
3. Caso não tenha condições de levantar o peso sozinho, peça ajuda. Não sobrecarre-
gue sua estrutura osteomuscular.

4. Analise o trajeto que irá fazer com a vítima, buscando o menor percurso e que esteja
com o mínimo de obstáculos possível.

É de extrema importância que o socorrista tenha um bom preparo físico, que deve ser
conquistado com uma alimentação equilibrada e prática rotineira de exercícios.

Remoção e transporte de vítimas: com meios


de fortuna
Utilizando meios de fortuna, os socorristas podem realizar diversas técnicas de remo-
ção, também dependentes do tipo de trauma sofrido pela vítima:

• Com cordas (4 socorristas);


• Com as próprias roupas da vítima (4 socorristas);

• Com lençol ou toalha (4 socorristas);

• Maca improvisada com madeira e roupas (2 ou 4 socorristas);

• Resgate tipo mochila com cordas (1 socorrista);

• Técnica de arrasto com cordas (1 socorrista);

• Técnica da rede com lençol e madeira (2 socorristas).


Atendimento Pré-Hospitalar

Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/_P-MzoBY5JIc/S_3huyUsHQI/AAAAAAAABQY/wzP3Tnu_tXA/s1600/
transporte+paciente+5.JPG>. Acesso em: 30 jun. 2016.

136 Remoção e transporte de vítimas: com equipa-


mentos e materiais técnicos de APH
Utilizando equipamentos técnicos, específicos e industrializados, os socorristas podem
realizar diversas técnicas:

• Com prancha curta;

• Com Ked (imobilizador da coluna vertebral);

Fonte: <http://centercor.vteximg.com.br/arquivos/ids/160925-1000-1000/Prancha-em-Compensado-Naval-Curta--Chave--
-centercor-hospitalar-venda-de-produtos-hospitalares-1.jpg>. Acesso em: 30 jun. 2016.
Fonte: <http://www.aphsul.com/media/catalog/product/cache/1/image/
640x468/ce62fc9c76933b6d83634d347c6af792/k/e/ked_infatil_verde_1.jpg>. Acesso em: 30 jun. 2016.

O objetivo do Ked é imobilizar a coluna em toda sua dimensão, incluindo abas laterais
que asseguram a estabilização do tronco e da cabeça, impedindo que no transporte da
vítima essas estruturas movimentem-se, agravando ou causando lesões.

Atendimento Pré-Hospitalar
• Com prancha longa;

137

Fonte: <http://ortosystem.ortopratika.com.br/media/img//produto/big/produto1_222.jpg>. Acesso em: 30 jun. 2016.

Disponíveis em madeira naval ou polietileno, devem conter um conjunto de cintos que


irá proteger a vítima de quedas ou deslizamento durante o transporte.

• Com maca envelope (Sked);

Fonte: <http://www.sossul.com.br/sossul/public/ecommerce/produtos/3680030.jpg>. Acesso em: 30 jun. 2016.


Confeccionada em plástico, tem por característica básica a flexibilidade, que permite o
resgate em ambientes de difícil acesso, espaços confinados e áreas florestais e marítimas.
Além dos cintos, também possui estrutura para fixação de ganchos para içamento, no caso
de resgates em altura.

• Com padiola;
Atendimento Pré-Hospitalar

Fonte: <http://static.catalogohospitalar.com.br/img/produtos/10225/
imagem-de-padiola-dobravel-simples-pd-15_g.jpg>. Acesso em: 30 jun. 2016.

A maca tipo padiola tem estrutura metálica, podendo ser dobrável ou não, e é muito
utilizada para o transporte de vítimas.
138 • Com colchão a vácuo;

Fonte: <http://www.brasimpex.com.br/imagens/produtos/f86f150856d2e89b1593b045e44bc7d9.jpg>. Acesso em: 30


jun. 2016.

A funcionalidade deste equipamento para movimentação de vítimas é propiciar imobili-


zação total com ausência dos pontos de pressão que podem causar dor nas vítimas.

• Com maca retrátil.


Fonte: <http://marimed.com.br/imagens/macaretratilbi.jpg>.
Acesso em: 30 jun. 2016.

A maca retrátil é muito usada em ambulâncias e hospitais por ter uma estrutura rígida
de componentes metálicos e pernas retráteis, que podem ser ajustadas em alturas diversas.

Atendimento Pré-Hospitalar
Todas as técnicas de movimentação de vítimas mencionadas devem ser feitas resguar-
dando a individualidade biológica do socorrista e preservando sua postura, para que ele
não pegue um peso muito elevado e tenha prejuízos físicos como dores e traumas durante
e após a execução dos movimentos. Para tanto, tais manobras práticas devem ser treina-
das para que durante a execução em ocorrências reais todos os socorristas envolvidos
desenvolvam os procedimentos buscando sempre o alinhamento da coluna vertebral, bem
como um trabalho de respiração, força e postura ergonômica.
139

Atividade 01
Para se ter um melhor entendimento de como você deve fazer para re-
alizar levantamento de peso sem lesionar a coluna vertebral, faça uma
pesquisa mostrando qual a melhor postura para se levantar o peso de
um objeto do solo:
• Com peso equivalente a metade do peso do seu corpo;
• Com peso igual ao peso do seu corpo;
• Com peso entre uma vez e meia até duas vezes o peso do seu corpo.
Obs.: Você pode pesquisar e depois executar os movimentos com ajuda
de alguém, e em frente a espelhos ou com observadores, visando corrigir
posturas.
Resumo
Nesse capítulo estudamos a importância da remoção e transporte de vítimas, e tam-
bém a seriedade com que devemos executar tais procedimentos para que não venhamos
a desenvolver lesões por levantamento de peso com posturas inadequadas. Por se tratar
de um assunto em que o treinamento das práticas é imprescindível, recomendamos que
as orientações sejam seguidas à risca e que, caso o socorrista não consiga realizar o le-
vantamento do peso de uma vítima, procure apoio de outras pessoas para não se tornar
também uma vítima.

Autoavaliação
01. Marque a alternativa correta sobre remoção e transporte:
Atendimento Pré-Hospitalar

a) A prioridade é transportar ao hospital, não importa como, quanto mais rápido melhor.

b) Nunca se deve remover ou transportar uma vítima, pois essa é função do médico.

c) Para remoção e transporte da vítima, deve-se priorizar a estabilização dos membros


inferiores e superiores, o restante não tem tanta necessidade.

d) Por falta de remoção e transporte corretos, muitas vítimas perdem as chances de melhor

140 recuperação e agravam suas condições, podendo chegar a ter traumas irreversíveis.

02. Marque a alternativa que corresponde às formas mais aconselháveis de transporte de


vítimas conforme o conteúdo estudado:

a) Deve-se remover e transportar estabilizando sempre a coluna vertebral com o próprio


corpo, com meios de fortuna ou com materiais e equipamentos específicos..

b) Transporte feito erguendo a vítima pelas pernas e pelos braços, deixando cabeça livre.

c) Transporte de vítima de atropelamento com fraturas erguendo pelos braços e colocan-


do-a em cima de um carro de mão.

d) Transportar a vítima antes de estabilizar.

03. Marque a alternativa que não corresponde a uma técnica de remoção e transporte com
equipamentos e materiais específicos em APH:

a) Com Ked.

b) Com Sked.
c) Com prancha longa.

d) Com levantamento em bloco (cavalgando).

04. Identifique a alternativa que diz corretamente o porquê de a vítima ser removida e
transportada com técnicas de aph:

a) Porque utilizando técnicas de aph a equipe de socorro melhora a respiração durante o


esforço.

b) Porque a vítima se sente mais confortável e pode dormir durante o socorro.

c) Porque evita o agravamento de traumas e minimiza o risco de secção medular da colu-


na vertebral.

d) Porque a equipe de socorro será presa por socorro indevido se não seguir as orienta-

Atendimento Pré-Hospitalar
ções do protocolo de remoção e transporte.

141
Referências
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de Pernambuco – UPE, Núcleo de Gestão de Documentação e Bibliotecas, 2012.

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PAIVA, J. H. Atendimento Pré-Hospitalar, Uma visão geral dos primeiros socorros.


Disponível em http://pt.slideshare.net/HernandoPaiva/primeiros-socorros-37583827

Atendimento Pré-Hospitalar
143
Gabarito
Autoavaliação
Competência 01 Competência 05
1. b 1. c
2. c 2. b
3. b 3. c
4. d 4. a

Competência 02 Competência 06
1. c 1. b
Atendimento Pré-Hospitalar

2. c 2. d
3. a 3. d
4. b 4. b

Competência 03 Competência 07
1. b 1. a
144 2. b 2. b
3. c 3. c
4. a 4. d

Competência 04 Competência 08
1. d 1. d
2. b 2. a
3. c 3. d
4. d 4. c
Conheça o autor
Jefferson Luiz

Atendimento Pré-Hospitalar
Pós-Graduado em Docência do Ensino Superior pela Faculdade dos Guararapes e em
Saúde Coletiva com Ênfase em Saúde da Família pelo Instituto Stella Maris – Fundação de
Ensino Superior de Olinda (FUNESO), é também Especialista em Biossegurança, Bacharel
em Fisioterapia pela Faculdade dos Guararapes e Graduando no curso de pós-graduação
em Docência do Ensino Superior pela Faculdade dos Guararapes. É Técnico de Eletrotécni- 145
ca, Auxiliar Técnico de Enfermagem, Subtenente do Corpo de Bombeiros Militar de Pernam-
buco, Integrante do Programa de Ensino e Pesquisa em Emergências, Acidentes e Violên-
cias, além de Instrutor de Atendimento Pré-Hospitalar e Despachante do Centro Integrado
de Operações de Defesa Social.

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