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Arquitetura e
Urbanismo para
Corretores de Imóveis
Arquitetura e
Urbanismo para
Corretores de Imóveis
Marcio Henrique Yacyszyn Rodrigues
Arquitetura e
Urbanismo para
Corretores de Imóveis
Natal/RN
2015
presidente
PROF. PAULO DE PAULA
diretor geral
PROF. EDUARDO BENEVIDES
diretora acadêmica
PROFA. LEIDEANA BACURAU
FICHA TÉCNICA
projeto gráfico
ADAUTO HARLEY SILVA
diagramação
MAURIFRAN GALVÃO
designer instrucional
PROFA. SÍLVIA BARBALHO BRITO
ilustração
RAFAEL EUFRÁSIO DE OLIVEIRA
ISBN 978-85-68100-39-4
Inclui referências
O material didático do Sistema de Aprendizado itb propõe ao aluno uma linguagem objetiva, sim-
ples e interativa. Deseja “conversar” diretamente, dialogar e interagir, garantir o suporte para o es-
tudante percorrer os passos necessários a sua aprendizagem. Os ícones são disponibilizados como
ferramentas de apoio que direcionam o foco, identificando o tipo de atividade ou material de estudo.
Observe-os na descrição a seguir:
Curiosidade – Texto para além da aula, explorando um assunto abordado. São pitadas de conheci-
mento a mais que o professor pode proporcionar ao aluno.
Importante! – Destaque dado a uma parte do conteúdo ou a um conceito estudado, que seja con-
siderado muito relevante.
Querendo mais – Indicação de uma leitura fora do material de estudo. Vem ao final da competência,
antes do resumo.
Vocabulário – Texto explicativo, normalmente curto, sobre novos termos que são apresentados no
decorrer do estudo.
Você conhece? – Foto e biografia de uma personalidade conhecida pelas suas obras relacionadas
ao objeto de estudo.
Atividade – Resumo do conteúdo praticado na competência em forma de exercício. Pode ser apre-
sentado ao final ou ao longo do texto.
Mídias – Contém material de estudo auxiliar e sugestões de filmes, entrevistas, artigos, podcast e
outros, podendo ser de diversas mídias: vídeo, áudio, texto, nuvem.
Diálogos – Convite para discussão de assunto pelo chat do ambiente virtual ou redes sociais.
Sumário
Apresentação institucional 09
Palavra do professor autor 11
Apresentação das competências 13
Competência 01
Identificar a visão gráfica dos imóveis 17
Arquitetura e Urbanismo, ou arquitetura E urbanismo? 18
A linguagem da representação gráfica de projetos 19
Plantas, cortes, fachadas... O que são? 21
Resumo 29
Autoavaliação 30
Competência 02
Distinguir os estilos arquitetônicos 35
Definindo estilos arquitetônicos 35
Características dos principais estilos arquitetônicos 37
Os estilos arquitetônicos nos dias de hoje 46
Resumo 47
Autoavaliação 48
Competência 03
Identificar a cidade e a sua ocupação 53
Os conceitos de ocupação da cidade 53
A influência do terreno e da infraestrutura 60
Resumo 62
Autoavaliação 62
Competência 04
Definir o conforto ambiental no imóvel e na cidade 67
Conforto ambiental térmico e acústico 67
Quando as construções são confortáveis 70
O conforto ambiental urbano 73
A acústica nos imóveis 74
Resumo 76
Autoavaliação 76
Competência 05
Reconhecer a legislação urbana que influência nos imóveis e na cidade 81
Leis Federais 82
Planos Diretores e outras Leis Municipais 85
Resumo 87
Autoavaliação 87
Competência 06
Aplicar as prescrições urbanísticas 93
Os elementos de prescrições 93
Resumo 99
Autoavaliação 100
Competência 07
Definir os impactos de ocupação urbana 105
Impactos ambientais urbanos 105
Impactos econômicos e sociais 108
Resumo 109
Autoavaliação 110
Competência 08
Identificar a influência dos outros setores de projeto nos imóveis 115
Os projetos complementares 115
Os materiais utilizados em um imóvel 118
Resumo 118
Autoavaliação 118
Referências 122
Gabarito 124
Conheça o autor 125
Apresentação institucional
12
Corretores de Imóveis
Apresentação das competências
Corretores de Imóveis
Nesta primeira competência, você será apresentado a essas formas de comunicação,
não apenas do projeto arquitetônico, mas da Arquitetura e do Urbanismo de maneira geral.
Aqui, você encontrará o ponto de partida para o nosso estudo, afinal precisamos, compre-
ender o que é Arquitetura e o que é Urbanismo, para então saber como eles podem in-
fluenciar na atuação de um corretor de imóveis. Também entenderemos esse “mundo” do
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desenho técnico, sabendo ler e analisar a forma como os imóveis são colocados no papel.
É importante lembrar que você não vai aprender a desenhar como um arquiteto.
Você não está aqui para isto! O mais importante nesse caso é compreender o dese-
nho do arquiteto, saber o que aquele “pedaço de papel” quer nos dizer e conseguir
explicar isso para o seu cliente.
Então, qual será o conhecimento que você deve ter quando terminar de estudar o nosso
conteúdo? É isso que chamamos de objetivos de estudos. Eles são:
Uma vez que você compreendeu que são dois estudos diferentes (e está curioso!), po-
demos então ir ao primeiro ponto. Vamos entender o que é arquitetura.
A arquitetura, como uma atividade profissional, é uma atuação que busca produzir edi-
Arquitetar: é ide- fícios (casas, escolas, hospitais e todo o tipo de edificação) da melhor forma possível. Essa
alizar, programar,
“melhor forma” tem de considerar fatores como: a necessidade de espaço que aquela
Arquitetura e Urbanismo para
projetar qualquer
plano que será edificação terá; como os ambientes internos devem ser posicionados dentro da edificação;
posto em prática.
obedecer às leis e normas existentes para as edificações; como estas edificações podem
Corretores de Imóveis
ficar confortáveis; e várias outras influências voltadas ao melhor funcionamento das ativi-
dades que sejam feitas na edificação. Além dessas ações, deve-se sempre buscar “beleza”,
não criar um conflito com o local que receberá esta nova construção, e também agradar
aqueles que contratam o trabalho do arquiteto.
18
Importante
É comum a sociedade associar a Arquitetura apenas com a construção bela.
Mas, esta atividade envolve muitos elementos de funcionalidade que preci-
sam estar à frente da beleza. Outro ponto sobre essa discussão é que “be-
leza” é algo que pode variar muito de pessoa para pessoa. Então, o padrão
estético das construções precisa ser estudado com muito cuidado para que
esteja o mais próximo possível de agradar o máximo de pessoas, levando o
arquiteto a analisar padrões e tendências da sociedade.
Essa explicação sobre o que é arquitetura deixa uma pequena dúvida: “se a Arquitetura
está tão relacionada à edificação, o que sobra para o Urbanismo?” Ele trata justamente
do estudo do espaço urbano, a cidade em si. Como ela cresce, se desenvolve e acontece
no seu dia a dia. É um estudo que procura entender toda a complexidade de uma cidade,
tentando fazer com que este espaço se torne melhor a cada atuação das pessoas que
vivem nele.
Corretores de Imóveis
achasse melhor, nossos livros seriam verdadeiras confusões e ninguém se entenderia, não
é verdade? Da mesma maneira, se qualquer projetista desenhasse seus imóveis da forma
que bem entendesse, esses projetos seriam indecifráveis. Ninguém conseguiria compreen-
der as informações ali postas.
As pranchas devem ser organizadas sempre com uma margem, que determina o espa-
ço disponível para que o projeto seja desenhado. Também devem ter um elemento de iden-
tificação do projeto, onde ficam descritos os seus principais dados, que são os carimbos.
Arquitetura e Urbanismo para
Figura 1 – Carimbo
Fonte: autoria própria (2014).
Corretores de Imóveis
Projetos diferentes vão exigir informações diferentes. Sendo assim, os dados presentes
no carimbo de um projeto de uma reforma residencial serão diferentes dos dados presen-
tes no carimbo de um projeto de construção de uma escola.
20
Importante
Os carimbos possuem sempre as informações mínimas: identificação do au-
tor do projeto, a data que o projeto foi elaborado, identificação do projeto,
conteúdo da prancha (quais são os desenhos que estão nela), escala do
desenho e numeração de identificação da prancha (quando houver mais de
uma prancha por projeto).
Além da padronização dos elementos de desenho, a NBR 6492 esclarece quais são as
fases de um projeto. Nesse momento, você deve estar se perguntando: “e por que eu teria
que saber sobre as fases de um projeto?” A importância desse conhecimento é que, em
algumas fases, as informações são previsões e podem não acontecer na construção, e, em
outras, as informações são certas de acontecer. Dessa maneira, na hora de apresentar um
projeto ao seu cliente, é importante saber em que fase ele está, para que as informações
sejam dadas dentro da realidade.
Corretores de Imóveis
DE NORMAS TÉCNICAS, 1994). É o projeto em totais condições de ser executado, com Inerente: algo que
está ligado a outra
todas as informações para a sua construção;
coisa de forma
inseparável. Exem-
• Projeto como construído – “Constitui-se na revisão final, pós-obra, de todos os docu-
plo: a ligação de
mentos do projeto executivo” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994). energia da rede
elétrica é inerente
Muitas vezes, durante a obra, alguns pontos precisam ser modificados, por diversos
a construção de 21
motivos (condições de terreno, vontade do proprietário...), e o imóvel se torna diferente uma casa.
do que estava posto no projeto. Isto leva a necessidade de uma atualização do projeto,
para que ele reflita a realidade do imóvel. Esta fase de projeto também é conhecida
como as built, que pode ser traduzido em “como construído”. Sua produção tem pa-
drões definidos pela série NBR’s 14.645 (1, 2 e 3).
22
A planta de locação informa como o projeto está disposto dentro do terreno. Não ape-
nas o imóvel, mas também outros elementos como: calçadas de circulação; área de lazer;
guarita; vegetação etc. Esta planta sempre terá informações sobre as distâncias desses
elementos representados. A planta de locação também é conhecida como planta de im-
plantação.
Arquitetura e Urbanismo para
Corretores de Imóveis
23
As plantas que você acabou de estudar são essenciais a um projeto, mas não têm a
mesma importância que a planta baixa. Esta planta possui a maior quantidade de infor-
mações do projeto e existe para poder mostrar como o imóvel é por dentro – justamente
por isso que seu nome é baixa.
24 Uma vez que as plantas de situação, de locação e de cobertura mostram a edificação
por cima, a planta baixa mostra o imóvel em uma visão mais baixa do que as demais. É
como se fosse feito um corte na edificação a 1,50m de altura do piso e a parte de cima
fosse arrancada.
É nesse momento, com uma planta que traz uma grande quantidade de informações,
que nós sentimos como as padronizações de pequenos elementos de representação gráfi-
ca se tornam essenciais.
Como representar alguma coisa que esteja a uma altura maior do que 1,50m? Como
diferenciar uma parede que fica a uma altura de 0,70m e outra que vá até a cobertura?
Esses são alguns dos questionamentos que você pode estar fazendo agora.
Tenha certeza: todos os elementos existentes e possíveis em um imóvel têm uma forma
padronizada de serem representados. Os tipos de linhas do desenho têm uma importância
muito grande na representação de um projeto, tanto que algumas representações ainda
possuem textos para identificá-las. Se formos nos aprofundar em todas elas, vamos encer-
rar nosso estudo apenas com esse conteúdo. Mas, como essa não é a nossa intenção, na
tabela abaixo você pode conhecer as principais representações de uma planta baixa.
Arquitetura e Urbanismo para
Corretores de Imóveis
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Todas as informações presentes em uma planta são postas pelo fato de serem ele-
mentos de representação gráfica técnica. Sendo assim, elas devem fornecer o máximo de
informações possíveis. Porém, existem formas de representação do imóvel com um pouco
menos de informações técnicas, mais voltadas ao aspecto visual do projeto. São as plan-
tas de ilustração, que têm um propósito mais comercial, elaboradas justamente para que
os possíveis compradores que, na maioria das vezes, não se interessam por toda informa-
ção técnica. Assim, eles podem visualizar o imóvel de uma maneira mais clara.
Arquitetura e Urbanismo para
Figura 7 – Planta de ilustração
Fonte: Madrid (2014).
Corretores de Imóveis
Retornando ao nosso conhecimento sobre a representação gráfica de projetos, preci-
samos fazer a seguinte pergunta: através das plantas, eu posso saber as informações de
altura deste imóvel?
Cortes são visualizações internas da edificação, assim como as plantas baixas. Porém,
enquanto as plantas consideram uma visualização de cima do imóvel, os cortes apresen-
tam uma visualização lateral do imóvel, como se fosse feito literalmente um corte na edifi-
cação e fosse determinado para que lado olhar.
Figura 9 – Corte
Fonte: Montenegro (1978).
Para facilitar a compreensão dos cortes, eles devem ser marcados nas plantas, através
do que se chama chave de corte. Essas marcações indicam a identificação do corte com
letras (corte A-A, corte A-B...) ou números (corte 1-1, corte 1-2...) e também o sentido para
onde o corte está. Elas ainda podem indicar em que prancha o corte será representado.
Arquitetura e Urbanismo para
Corretores de Imóveis
Então, quando se divide 1 metro em 50 partes iguais, cada parte dessa passa a repre-
sentar 1 metro nessa escala de proporção 1/50. Da mesma maneira acontece quando
essa divisão é feita por 100 partes iguais (1/100) ou por 20 partes iguais (1/20), sendo
que a variação de divisores indica quanto o desenho será reduzido da realidade. Logo, um
mesmo desenho feito nas escalas de 1/100 e de 1/50 estará representado em tamanhos
diferentes, mas manterá a sua proporcionalidade.
Figura 11 – Escalas diferentes de um mesmo desenho
Fonte: autoria própria (2014).
A definição da escala parte da dimensão que o projeto vai possuir e sempre busca que
o desenho tenha a melhor representação possível.
Corretores de Imóveis
mento escrito (não desenhado) chamado de memorial descritivo. Este memorial indica to-
dos os elementos do projeto, apresentando as questões de descrição do imóvel, elementos
da construção (materiais e técnicas) e padrões estéticos de acabamento.
Atividade 01
Para desenvolver esta atividade você precisará ir até uma empresa do mer-
cado imobiliário (incorporadora, corretora ou até mesmo construtora) para
solicitar alguns modelos de memoriais descritivos de imóveis (entre 2 e 3).
De posse desses modelos, estude-os e faça um relatório com os itens mais
importantes de um memorial (aqueles que deverão ser informados a um
possível comprador). Esse modelo auxiliará você a ter atenção nestes itens
quando estiver vendo um novo memorial. Compartilhe seu trabalho no nos-
so fórum.
Resumo
Nesta competência, você estudou a forma como os projetos são representados. Mais
do que isso, você compreendeu o que é Arquitetura e o que é Urbanismo, e observou a im-
portância que estas duas áreas de estudo têm para a atividade de um corretor imobiliário.
Sua vida profissional sempre estará ligada aos trabalhos desenvolvidos nelas.
Após essa primeira parte, o estudo passou a explicar sobre a padronização na repre-
sentação gráfica dos projetos e o quanto ela é importante. Vendo que os projetos têm uma
grande quantidade de informações a passar e que várias pessoas estão envolvidas com
ele, a padronização permite o entendimento por todos e garante a exatidão da informação.
Tendo esse conhecimento visto no início da competência, você estudou a representação
dos projetos propriamente dita, passando a compreender os elementos dessa representa-
ção, a função de cada um deles e também as diferenças.
Autoavaliação
Arquitetura e Urbanismo para
Sendo assim, um corretor deve conhecer essa área buscando sempre uma melhor atu-
ação no mercado imobiliário. Este conhecimento visa:
b) Entender as edificações em todas as suas etapas, para dar informações mais comple-
30 tas aos clientes;
02. Assinale a alternativa que expressa melhor à relação entre a Arquitetura e o Urbanismo:
a) Arquitetura e Urbanismo são áreas totalmente distintas e não possuem qualquer rela-
ção entre elas;
03. A padronização da linguagem de projeto foi desenvolvida visando uma melhor compre-
ensão de seus elementos. No Brasil, qual é o órgão que controla esta padronização?
d) O Ministério da Infraestrutura.
c) Carimbo;
Corretores de Imóveis
d) Margem.
a) Fachada;
b) Planta baixa;
c) Cortes;
d) Planta de cobertura.
Competência
02 33
Distinguir os estilos
arquitetônicos
Distinguir os estilos
arquitetônicos
Existem situações na atividade de transações imobiliárias que muitas vezes podem dei-
xar o corretor desconcertado, até mesmo envergonhado, se ele não tiver o conhecimento
certo para atender a algumas solicitações feitas, principalmente pelos clientes.
Não é difícil acontecer de um cliente pedir ao corretor: “eu gostaria que você me mos-
trasse uma casa em estilo moderno”, ou ainda: “este edifício é de qual estilo?”. Muitas ve-
zes o profissional não sabe atender a esses pedidos, responder a esses questionamentos
ou até sabe que se trata de estilos arquitetônicos, mas não sabe como eles são.
Corretores de Imóveis
profissional – até o profissional ter de admitir que não conhece os estilos e que não sabe
como encontrar esses imóveis, que leva aos clientes a perderem a confiança no corretor.
Devido a situações como esta, é importante que você estude sobre os estilos arquite-
tônicos, principalmente aqueles que estão mais presentes nas cidades brasileiras. Assim,
nesta competência, você entenderá o que são os estilos arquitetônicos, sabendo o que os
35
define e como você pode conhecê-los. É lógico que ninguém irá cobrar que você identifi-
que cada estilo como se fosse um arquiteto ou um historiador, mas que você conheça as
características básicas dos principais estilos e saiba como se informar rapidamente sobre
os estilos menos comuns.
Agora, você vai começar a aprender sobre estes elementos, considerados como “rou-
pas” dos imóveis da cidade.
Importante
As vantagens – e até mesmo a necessidade dos corretores conhecerem os
estilos arquitetônicos – estão associadas a várias situações do dia a dia pro-
fissional. Dentre elas, podemos chamar atenção para a capacidade de for-
necer mais informações sobre os imóveis negociados e de atender a solicita-
ções específicas, aumentando ainda mais sua credibilidade profissional. Por
Arquitetura e Urbanismo para
Os estilos são caracterizados, principalmente, por elementos formais, que podem ser
desde formatos totais das construções, passando por detalhes específicos, e chegando
até aos materiais utilizados em estruturas e acabamentos. Sendo possível, muitas vezes,
36
identificar um estilo arquitetônico de um imóvel apenas por sua janela ou pela grade de
guarda-corpo (balaustrada, parapeito) de uma varanda.
Os estilos arquitetônicos faziam, ou fazem, parte dos estilos artísticos. Sendo a arqui-
tetura considerada uma arte, ela partilha das características e padrões que são adota-
dos pelos elementos como pintura, escultura, e outros tantos, principalmente em épocas
antigas, em que as escolas e academias de artes formavam os arquitetos com bases em
seus conceitos.
Portanto, quando se fala em arte gótica, podem ser abordados elementos como a escul-
tura, a música e também a arquitetura.
Então, se os estilos têm características determinadas nas épocas em que foram de-
senvolvidos, é possível determinar o período de uma edificação a partir de seu estilo
arquitetônico.
Importante
Fique alerta! Você não pode adotar como uma regra a possibilidade de de-
finir o período de uma edificação a partir de seu estilo arquitetônico. Afinal,
construções podem ser feitas atualmente seguindo as características de al-
gum estilo antigo. E qual seria a solução? Sempre pesquise sobre o histórico
do imóvel e do local (bairro, região) onde ele está.
É importante saber que os estilos arquitetônicos marcaram épocas. Mas, esses mes-
mos estilos não são exclusivos das épocas que eles foram desenvolvidos, principalmente
Corretores de Imóveis
conjunto de
elementos que
Características dos principais estilos ar- não possuem
um padrão. Uma
quitetônicos sociedade é
considerada hete-
Agora que você já conhece o que são estilos arquitetônicos, vamos estudar um pouco rogênea por sua
diversidade de
as características deles. Não de todos eles, afinal existem livros inteiros descrevendo os opiniões, gostos e 37
estilos arquitetônicos, mas falaremos dos principais estilos, aqueles que tiveram grande preferências.
Estilo grego
Corretores de Imóveis
Abóbadas: cober-
Figura 12 – Entablamento sustentado por colunas e apoiando o
turas arqueadas frontão: estilo grego
que sustentam Fonte: Navarro (2013).
seu próprio peso e
podem se apoiar Estilo romano
em colunas ou em
paredes.
Este estilo tem como destaque a presença dos arcos e das abóbadas, que permitiram a
utilização de grandes espaços nas construções, com a diminuição das colunas. Os grandes
espaços internos se tornaram marcas determinantes.
39
Curiosidade
A obra “De Architectura” – 10 volumes escritos pelo arquiteto romano Mar-
cos Vitrúvio Polião, em aproximadamente 27 a 16 a.C. – é o único tratado
do período greco-romano que sobreviveu até os nossos dias. Ela inspira di-
versas produções sobre Arquitetura, Urbanismo, Hidráulica e Engenharia,
uma vez que a sua proposta de proporções e os seus princípios conceitu-
ais – utilidade (utilitas), beleza (venustas) e solidez (firmitas) –, estabele-
ceram a base da Arquitetura clássica.
Estilo românico
Uma vez que o período medieval, na Europa, foi marcado pela influência da religião
católica, as igrejas eram as construções de maior destaque, e que mais apoiavam o desen-
volvimento das artes e da arquitetura. O que, obviamente, levou a uma “preferência” dos
estilos arquitetônicos a estes monumentos. A arquitetura românica se fazia presente pelo
grande uso de abóbadas (conhecidas por “de berço”) e de pilares sólidos, formando um
conjunto grandioso e sólido, com a intenção de serem chamadas de “fortalezas de Deus”.
Figura 14 – Basílica de Siant-Sernin: estilo românico
Fonte: Kayli (2011).
Arquitetura e Urbanismo para
Estilo gótico
Corretores de Imóveis
Estilo renascentista
A arquitetura renascentista buscou uma diferença crucial em relação a sua anteces-
sora, a arquitetura gótica, que foi a criação de espaços mais proporcionais, baseados em
relações matemáticas, que permitissem a quem estivesse em seu interior não se sentir
perdido ou desorientado.
Estilo barroco
As construções deste estilo rompiam a relação com a lógica científica, que era o foco
no estilo renascentista, e davam uma maior importância as expressões de sentimentos e
41
decorações. Isso estimulou outra característica, que foi a visão de que a edificação não
era apenas o único elemento de influência na obra, mas também o espaço onde ele está
inserido, provocando o desenvolvimento de espaços como jardins e praças.
Estilo rococó
Arquitetura e Urbanismo para
Esse estilo que procura ser mais decorativo do que seus antecessores, utiliza de uma
decoração carregada e até mesmo exagerada, tanto na fachada quanto nos interiores.
Corretores de Imóveis
As edificações não buscam mais ser grandiosas, apesar dos palácios e das igrejas não
serem pequenos, mas seus ambientes internos são menos espaçosos e mais decorados,
principalmente com móveis que adotam as mesmas características das construções.
42
Estilo neoclássico
O estilo neoclássico seguia os estilos greco-romano e renascentista, assumindo que
esses modelos foram a mais alta expressão da arquitetura e que podiam continuar a aten-
der à sociedade. Porém, algumas mudanças se fizeram notar nas construções do período,
como a crescente industrialização, que trazia uma necessidade urbana maior por fábricas
e indústrias do que por palácios e templos.
O estilo não rompeu totalmente com as características dos estilos passados, mas pro-
curou, ao utilizá-las, realizar uma adaptação as suas novas possibilidades, principalmente
adotando as curvas e o ferro.
Estilo moderno
O estilo moderno é considerado o ponto principal de evolução da arquitetura deste pe-
ríodo. Tendo como princípio a funcionalidade da edificação, onde a forma era secundária e
deveria seguir a função, os edifícios deveriam ser feitos para cumprir com seu papel e não
para serem belos.
Você conhece?
Oscar Niemeyer (1907-2012) é o arquiteto mais conhecido do Brasil e um
dos nomes mais influentes da Arquitetura moderna internacional. Pionei-
ro da técnica de construção com concreto armado, ele assinou cerca de
500 projetos pelo mundo e deixou 14 livros publicados. Para conhecer suas
obras, acesse: http://www.niemeyer.org.br/.
Se destacaram as construções dos arranha-céus que buscavam otimizar o uso do espa-
ço urbano, cada vez mais caro, e também dos espaços multifuncionais, que poderiam ser-
vir a mais de um tipo de ocupação. Esses destaques são frutos dos princípios de: plantas
e fachadas livres (independentes da estrutura de sustentação); pilotis (edificação apoiada
em pilares e suspensa do solo); teto jardim e janelas horizontalizadas (“em fita”).
Estilo minimalista
Um estilo que quebra com alguns padrões da arquitetura, principalmente em relação
aos elementos decorativos. No minimalismo, vale o dito de que “menos é mais”, dando 45
uma atenção ao que realmente importa para a construção e evitando elementos desne-
cessários, mesmo que sejam decorativos. Sendo assim, conhecido como uma construção
“limpa” e lógica.
Nas construções minimalistas, a simetria não é um padrão adotado. Ela se volta para
o uso da iluminação, principalmente a iluminação natural, e de elementos geométricos
que compõem os volumes das construções. A simplicidade de traços e a falta de detalhes
decorativos não implicam em construções desprovidas de beleza estética.
Curiosidade
O uso das características que lembram os estilos também é feito de acordo
com a finalidade da edificação que vai recebê-las. Por exemplo: edificações
relacionadas ao uso jurídico costumam utilizar elementos da arquitetura
clássica, devido a relação entre o direito clássico e a sociedade da Roma
antiga.
Em uma sociedade cada vez mais variada, composta por pessoas diversas, manter um
único padrão construtivo se torna cada vez mais difícil. Os padrões pessoais, as tendências
variadas e a velocidade de evolução tecnológica são fatores que contribuem para uma gran-
de variedade de elementos característicos de estilos.
Corretores de Imóveis
A evolução da tecnologia, dos materiais e das maneiras de construção são
pontos de grande importância nesta variedade. A cada ano, novas opções de
formas de construção e de materiais de acabamento surgem, dando mais al-
ternativas para reformular e refazer os estilos arquitetônicos do passado, dan-
do aos elementos antigos uma aparência totalmente diferente do costume.
47
Devido a estas possibilidades, não podemos mais procurar por imóveis puramente ca-
racterísticos dos estilos do passado. Eles vão existir apenas nas construções originais. Nas
construções atuais, o que você encontrará serão edifícios influenciados pelos antigos estilos.
Muitas vezes, as características dos estilos são mescladas, formando edificações em que se
torna impossível identificar uma predominância entre elas.
Resumo
Nesta competência, você aprendeu sobre os principais estilos arquitetônicos. Compreen-
deu primeiro o que são os estilos, estudando o seu conceito, sua função e como os mesmos
aconteceram. Após isto, você pôde conhecer os principais estilos arquitetônicos e suas ca-
racterísticas, entendendo um pouco do que faz de uma edificação pertencente a um deter-
minado estilo e como os estilos podem ser reconhecidos em seus principais elementos cons-
trutivos. Por último, você compreendeu que, mesmo com toda a sua importância, os estilos
se mantiveram em suas épocas e que na cidade de hoje eles são reinventados e renovados
constantemente, não sendo fiéis as suas origens, mas mantendo as suas características
principais.
Nosso estudo sobre estilos arquitetônicos foi concluído com uma relação entre as adap-
tações dos estilos, nos dias atuais, e a variedade de possibilidades dadas pela evolução
tecnológica. E também pela dinâmica de nossa sociedade, que a cada dia torna-se mais
múltipla e diversa.
Autoavaliação
01. Sendo os estilos arquitetônicos “conjuntos de características construtivas ou decorativas
que marcam as construções de um determinado período”, qual das alternativas abaixo
seria possível em uma visita com prováveis compradores de imóveis a um condomínio
residencial que acabou de ser construído?
Arquitetura e Urbanismo para
de uma casa;
c) Considerar que por ser um condomínio construído recentemente, todas as casas pos-
suem as mesmas características arquitetônicas;
48
d) É impossível identificar estilos arquitetônicos sem a presença de um arquiteto ou his-
toriador.
02. Um advogado procura os seus serviços de corretor imobiliário para comprar um imóvel.
Este será utilizado como escritório de suas atividades profissionais. Ele deseja que este
imóvel possua características da arquitetura clássica, para que seja relacionado com a
justiça. Quais das características abaixo podem estar presentas neste imóvel?
c) Colunas e arcos;
03. Tendo sido o estilo moderno um dos principais destaques na arquitetura brasileira, o
MASP é um ícone deste estilo na cidade de São Paulo. Quais características do estilo
podem ser encontradas neste imóvel?
a) Pilotis e planta livre;
d) Arcos e abóbadas.
04. No estilo moderno, a planta livre é uma característica presente devido a uma inovação
nas técnicas de construção. Que inovação foi essa?
c) Simetria de planta;
Corretores de Imóveis
05. Nos dias atuais, os estilos arquitetônicos são adaptados em suas características, sendo
renovados e criando novas possibilidades. Esta tendência de renovação surgiu em qual
estilo antigo?
a) Românico;
49
b) Neoclássico;
c) Rococó;
d) Pós-moderno.
Arquitetura e Urbanismo para
50
Corretores de Imóveis
Competência
03 51
Identificar a cidade
e a sua ocupação
Identificar a cidade
e a sua ocupação
Ao atuar como corretor de imóveis, a sua área de trabalho será a cidade, os imóveis
dela e os seus espaços. É importante para a sua profissão que você saiba como esta
cidade está se desenvolvendo, onde está crescendo e por que este crescimento está
acontecendo. Você, como corretor, deve possuir este conhecimento para que possa sa-
ber as tendências de ocupação da cidade, que influenciam diretamente na valorização
dos imóveis.
Corretores de Imóveis
Isto fará com que possa atender melhor seus clientes, informando a eles os motivos da
valorização dos imóveis e a tendência de crescimento do local.
Devido a essa condição de modificações, é importante que você conheça como a cida-
de altera suas ocupações. Quer entender como esse conhecimento pode ser necessário
a um corretor? Imagine que um grupo de investidores procura por espaços específicos
para construir um centro comercial. Isto significa que a área precisa ter características
voltadas ao empreendimento, ou ele será um fracasso. O corretor precisa conhecer quais
bairros e setores da cidade possuem as características ocupacionais certas para esse
caso (passagem de pessoas, comércio etc.) e ainda se estas áreas estão em processo
de ocupação ou de esvaziamento. Então, o conhecimento do corretor sobre a cidade terá
Arquitetura e Urbanismo para
Importante
Esta necessidade por novos espaços leva aos conhecidos fenômenos de cres-
54 cimento urbano, que são as formas em que a cidade cresce e se desenvolve
com o passar do tempo. E também são esses fenômenos que, muitas vezes,
determinam as tendências de ocupação do espaço e de valorização dos imó-
veis e das áreas que eles estão inseridos.
Então, vamos estudar esses fenômenos e seus conceitos, para que você possa enten-
der melhor como a cidade se comporta em seu processo de evolução.
Crescimento horizontal
A cidade, muitas vezes, possui uma área maior do que seu espaço urbano, que nor-
malmente é sua área rural, ou apenas uma área desocupada. Estes espaços desocu-
pados, na maioria das vezes, são afastados dos centros urbanos e não possuem vários
serviços (saneamento, transporte etc.), o que os tornam mais baratos de se adquirir e,
consequentemente, construir.
Arquitetura e Urbanismo para
Figura 25 – Vista das áreas rural e urbana de uma mesma cidade
Fonte: Google Earth (2014).
Corretores de Imóveis
Essa condição de área mais barata contribui para que estes locais sejam alvo das
novas edificações e espaços construídos da cidade, levando a um crescimento horizon-
talizado e fazendo com que sua área urbanizada seja ampliada, resultando em cidades
cada vez mais extensas e com deslocamentos maiores.
55
Adensamento urbano
Este fenômeno é responsável por uma situação quase oposta ao crescimento hori-
zontal. O adensamento urbano acontece quando um maior número de pessoas passa
a habitar a cidade em áreas que já existiam ou já eram ocupadas. Normalmente, esse Adensar: tornar
um local mais
fenômeno se dá a partir da verticalização da cidade, com a substituição de edificações ocupado, sem
térreas e de pequeno porte (por exemplo, casas ou lojas) por construções de grande por- aumentar a sua
área. Pode se di-
te, com elevado número de pavimentos. zer que é colocar
mais pessoas
O adensamento é impulsionado por vários atrativos do local: por se tratar de uma em um mesmo
área central da cidade, pela proximidade do local com comércios e serviços ou até mes- espaço.
mo por possuir uma vista privilegiada, como a praia. Esses fatores estimulam as pessoas
a procurarem ocupar essa mesma área e com isso, podem fazer com que haja uma valo-
rização dos imóveis do local.
Arquitetura e Urbanismo para
Desenvolvimento urbano
O desenvolvimento urbano é um termo bem conhecido e escutado em todas as mí-
56 dias. Porém, você deve ter muito cuidado ao utilizá-lo, pois é muito comum que se use
este termo de maneira errada, em associação, na maioria das vezes, ao crescimento
urbano ou à inovação tecnológica. O fenômeno do desenvolvimento urbano está direta-
mente relacionado à melhoria do espaço urbano, como a instalação de sistemas de dre-
nagem, esgotamento sanitário e pavimentação de vias de circulação. Afinal, desenvolver
é evoluir. Então, quando uma cidade está crescendo, ela pode estar piorando as suas
condições de moradia e de trabalho, o que não pode ser considerado uma evolução. Nem
o uso de uma nova tecnologia de transportes pode ser considerado desenvolvimento,
caso essa tecnologia não esteja resultando em uma benfeitoria das condições da cidade
de maneira geral.
Sendo assim, devemos analisar com muita calma antes de dizer se uma cidade ou
espaço urbano está realmente se desenvolvendo. Crescimento não é, obrigatoriamente,
evolução.
Atividade 01
Agora que você já conhece como funcionam esses três fenômenos de ocu-
pação urbana, vamos fazer uma rápida atividade. Estude um espaço urbano
da cidade onde você mora, verificando o que aconteceu com ele nos últi-
mos dez anos. Você deve apontar se este espaço urbano cresceu horizon-
talmente, adensou, ou se desenvolveu – lembre-se que um fenômeno pode
acontecer junto ao outro. Produza a sua análise como um breve relatório,
justificando o porquê da sua opinião e partilhe-a em nosso fórum.
Corretores de Imóveis
Toda cidade possui fenômenos de ocupação urbana, como vimos a pouco. Porém, es-
ses fenômenos acontecem em função de espaços que são ou serão ocupados. Essa ocu-
pação pode ser organizada de algumas formas diferentes e, com isso, surgem elementos
de organização da ocupação urbana que buscam garantir certa ordem, principalmente
administrativa.
A forma mais comum de organização da ocupação urbana é o bairro, que é uma aglo- 57
meração de espaços da cidade, formado por ruas, quadras e lotes. Estes elementos de
ocupação têm a função de ser uma unidade administrativa da cidade e, normalmente, é
definido a partir de um conjunto de ocupações iniciais e de características semelhantes
de relevo.
Não existe área mínima ou máxima para que um bairro seja definido. Eles podem ser
pequenos (com aproximadamente 30 hectares) ou grandes (com 1.300 hectares), sendo
então delimitados por questões político-administrativas.
Curiosidade
Você sabia que um hectare (abreviado é 1 ha) é uma área de medida equi-
valente a 10.000m²? O que leva a um bairro de 1.300 hectares, ou 1.300
ha, ser uma área igual a 13.000.000m², que é aproximadamente igual a
3.210 campos de futebol.
Um bairro pode ser formado por vários tipos de ocupação, algumas muito parecidas
com as outras. Mas, cabe a você, corretor de imóveis competente, saber a diferença
entre os tipos para informar seus clientes de maneira completa, uma vez que esta infor-
mação pode afetar diretamente alguns elementos do imóvel que está sendo negociado,
como o IPTU e as características de manutenção.
ções contribuíram para o crescimento horizontal das cidades e a expansão de suas áreas
urbanizadas. Por vezes, devido à necessidade de construção de um elevado número de
Corretores de Imóveis
58
As vilas são aglomerações populacionais que podem ou não estar inseridas na cida-
de, e que possuem algum tipo de comércio e serviços. Normalmente, com o passar do
Corretores de Imóveis
Podemos citar o exemplo do bairro de Ponta Negra, na cidade de Natal, no Rio Grande
do Norte, que teve sua origem em uma vila de pescadores. Com o passar dos anos, ela
recebeu os conjuntos habitacionais Ponta Negra e Alagamar, ampliando sua área ocupa-
da e estrutura urbanizada. Ainda hoje, a Vila de Ponta Negra permanece como compo-
nente do bairro e mantém algumas das suas características originais.
59
Nos dias atuais, é comum serem denominadas de vilas as pequenas aglomerações
ocupacionais (que possuam uma mesma característica) existentes na cidade e que sejam
um pouco isoladas do espaço urbano onde estão inseridas. Essas vilas residenciais não
chegam a ser fechadas com muros e grades, mas estão em uma condição de privacidade
elevada, o que faz com que os demais habitantes da cidade não adentrem o seu espaço.
Atividade 02
Corretores de Imóveis
Corretores de Imóveis
solo: é o termo
utilizado para
identificar a
• Escoamento de águas pluviais; maneira como um
• Iluminação pública; terreno é dividido
em ruas, quadras
• Esgotamento sanitário; e lotes.
• Abastecimento de água potável;
• Energia elétrica domiciliar; 61
• Vias de circulação.
Apesar dessa definição, não são todos os espaços urbanos, mesmo os já ocupados,
que possuem todos esses elementos de infraestrutura. Muitas vezes, alguns serviços
tornam-se inviáveis de se instalar, por questões estruturais de maior porte ou por fa-
lhas administrativas nas cidades.
Sei que você já sabe, mas preciso lembrá-lo: um corretor competente deve ser sem-
pre muito bem informado sobre as condições de infraestrutura, não só do imóvel, mas
do local onde este se encontra, pois esta informação orienta as escolhas do cliente no
momento da compra. Por isso, estude sempre e procure se informar sobre essas con-
dições junto às prefeituras e secretarias municipais.
Querendo mais
Para conhecer um pouco mais sobre esse tema, você pode estudar os
textos e conceitos existentes no site “Urbanidades” (disponível no endere-
ço <http://www.urbanidades.arq.br>). Nele, você poderá encontrar infor-
mações de vários níveis e referências para outros sites que contêm mais
informações sobre o assunto.
Arquitetura e Urbanismo para
Corretores de Imóveis
Resumo
Nesta terceira competência, você estudou as condições de ocupação das cidades
identificando as formas de organização e influências nas ocupações. Começamos pe-
las definições e conceitos das maneiras como a ocupação do espaço urbano pode
acontecer. Neste ponto, você entendeu que as condições de crescimento de uma cida-
62
de podem afetar – e serem afetadas – diretamente a valorização imobiliária.
Autoavaliação
01. Qual das alternativas representa o princípio do desenvolvimento urbano?
03. Os condomínios residenciais são considerados espaços não democráticos por quê?
Corretores de Imóveis
04. As vilas se diferenciam dos conjuntos habitacionais por vários elementos. Podemos
citar como um deles:
b) É uma forma de ocupação que não possui a mesma qualidade de organização de seu 63
espaço;
05. Segundo a Lei Federal nº 6.766, qual das alternativas abaixo não representa um item
de infraestrutura básica?
a) Iluminação pública;
b) Transporte coletivo;
c) Abastecimento de água;
d) Vias de circulação.
Arquitetura e Urbanismo para
64
Corretores de Imóveis
Competência
04 65
Mas, para quê estudar isso? Qual é a importância desse conhecimento na atividade
de um corretor de imóveis? Para responder essas perguntas, observe a seguinte situação:
Um cliente procura um corretor de imóveis em busca de uma casa onde ele consi-
Corretores de Imóveis
que o sol da tarde chegue a sua moradia. O que o profissional precisará saber
para selecionar um imóvel que atenda às solicitações do cliente? Ele precisa co-
nhecer como as construções e os elementos ao redor da casa afetarão a ventila-
ção e a insolação sobre ela, bem como deverá identificar se a posição da casa no
terreno favorece a ventilação.
67
Esses são alguns dos elementos que exigem um conhecimento do corretor sobre con-
forto ambiental. Mas eles não são os únicos. Questões sobre acústica ou sobre como os
locais podem gerar ruídos que prejudiquem as edificações próximas, são outras necessida-
des que levam um profissional do ramo imobiliário a estudar esses conteúdos.
O conforto térmico está totalmente voltado aos estudos das condições climáticas e de
temperatura, associadas às construções e ao espaço urbano. Para entendê-lo melhor, você
precisa conhecer um pouco sobre todos os elementos estudados por essa área.
A radiação solar é um dos elementos que influenciam no conforto térmico, tendo gran-
de relação com a temperatura de um determinado local. Ambientes que recebem mais
radiação solar estão propensos a possuírem uma temperatura mais elevada do que os
ambientes que recebem menos sol. A quantidade de radiação possui uma ligação com a
movimentação do planeta ao longo dos dias e dos anos. Conforme a terra realiza seu movi-
mento diário de rotação, a posição do sol vai se modificando e, com isso, a radiação solar
Arquitetura e Urbanismo para
68
A presença de corpos d’água (lagos, rios, açudes) e oceanos tem uma grande influência
nas temperaturas. Isso acontece porque a água é mais resistente ao aumento de tempe-
ratura do que a terra. Quando comparamos a necessidade de energia (vinda da radiação
solar) necessária para aumentar em um grau a terra e a água, vemos que a água precisa 69
do dobro de energia em relação à terra. É isso que faz com que os corpos d’água e oceanos
sejam mais difíceis de esquentar. Além disso, quando a terra é aquecida, ela emite calor
de volta para o meio ambiente. Já a água evapora e faz com que o aumento de umidade
auxilie a tornar as brisas de ventilação mais agradáveis a sensação de temperatura. Essa
umidade pode ser fruto não apenas da evaporação de rios e outros elementos de água,
mas também da transpiração das plantas.
Além destes elementos, existe também a influência dos ventos. Em conjunto com todos
esses fatores, ele contribui para as características do clima de uma determinada área.
Todos esses elementos que você estudou aqui contribuem não apenas para as condições
Arquitetura e Urbanismo para
associadas ao conforto térmico, mas também para caracterização do próprio clima de uma
área. Nesse sentido, ainda precisamos estudar as características dos climas no Brasil, para
Corretores de Imóveis
que você conheça melhor como eles influenciam nas condições das cidades e dos imóveis.
Os principais tipos de climas no Brasil são: equatorial, tropical e semiárido. Mas, não
são os climas que nós estudaremos aqui e sim suas principais características que influen-
ciam nos tipos de imóveis adequados a cada um deles. Vejamos:
70 • Quentes e secos – Climas com grande variação de temperatura ao longo do dia (devido
a pouca umidade do ar), podendo a temperatura ir de 15 graus durante a noite a 31
graus durante o dia. Normalmente, seus ventos assumem as condições do horário, se
tornando quentes pela manhã e frios à noite;
• Quentes e úmidos – São climas que possuem uma maior uniformidade de temperaturas
ao longo do dia, não chegando a se tornarem frios durante a noite, mas amenizando o
calor do dia.
Todas essas características devem ser analisadas para que os imóveis estejam bem
adequados às condições climáticas dos locais que estão inseridos, fazendo com que estas
edificações apresentem condições agradáveis ao seu usuário.
Outro fator de grande importância para estes casos é o tamanho das aberturas (janelas,
cobogós, pergolados etc.), uma vez que a ventilação durante o dia se torna quente e esfria
rapidamente durante a noite. É essencial que elas sejam pequenas e evitem a ventilação
excessiva, que pode ser tão prejudicial para o conforto interno quanto as paredes que per-
mitem a passagem de calor, fator comentado anteriormente. Aberturas pequenas também
evitam que aconteça incidência excessiva de radiação solar.
Corretores de Imóveis
de afastamento entre o telhado e a laje da edificação, formando um tipo de isolante natural
do ambiente interno com relação ao ambiente externo. Esse espaço faz com que o calor da
manhã que incide sobre o telhado perca temperatura e não consiga esquentar, ou esfriar,
o ambiente interno.
71
Outro ponto de grande atenção é a posição dos ambientes em relação a insolação. Am-
bientes de grande permanência e de descanso, como quartos e salas, devem ter o mínimo
possível de paredes voltadas ao lado do poente, fazendo com que a influência da radiação
solar seja a menor possível no interior do imóvel.
Neste tipo de clima, a ventilação natural é um fator benéfico às edificações, visto que
não existe um esfriamento noturno que seja prejudicial (conforme vimos no estudo ante-
rior) e o vento transporta a umidade, refrescando o calor do dia. Dessa maneira, os imóveis
devem buscar o máximo de sombreamento possível e permitir a entrada da ventilação
natural, através de janelas e aberturas.
72 É importante perceber que a ventilação natural possui uma predominância. Na lingua-
gem popular é muito comum escutar as pessoas falarem: “aqui, o vento sopra do leste”.
Isto que dizer que na região em que a pessoa está situada, o vento tem a predominância
vinda do leste. Entretanto, a forma mais precisa de indicar a orientação do vento é falar
não apenas de onde ele vem, mas também para onde ele vai. Por exemplo: “nesta região,
o vento é predominante no sentido sudeste-noroeste”.
Para as casas e edificações térreas é comum o uso de varandas que permitam o som-
breamento ao redor do imóvel. Ou ainda, proteções da incidência solar nas janelas, que
não impeçam a entrada de ventos.
Uma vez que nesse tipo de clima a umidade é um fator marcante, deve-se ter atenção
e cuidado com a mesma. Espaços que sejam desprovidos de ventilação e também de um
mínimo de insolação podem desenvolver fungos e mofo. Sendo assim, sempre é bom que
os ambientes recebam alguma insolação ao longo do dia.
Devido a esta condição é importante observar que áreas urbanas de uso mais intenso
costumam ser mais quentes do que aquelas que são menos densas. As cidades mais arbo-
rizadas têm ambientes urbanos mais amenos. Nestes casos, estes espaços da cidade que
possuem temperatura mais elevada, são chamados de ilhas de calor.
Corretores de Imóveis
vegetação e elementos de água (chafarizes e fontes) que, através da evaporação,
amenizam o clima seco e ajudam a combater o calor. Já as cidades em áreas de clima
quente e úmido devem dar preferência a ventilação natural, favorecendo a passagem
dos ventos entre as edificações, com um maior afastamento entre elas e uma varia-
ção nas alturas dos imóveis.
73
Importante
Estas questões que você estudou aqui demonstram a importância de uma
observação cuidadosa, sobre os elementos de influência térmica nos imó-
veis que serão negociados. Apresentar as informações corretas sobre o
conforto do imóvel é essencial para que um corretor faça um trabalho cor-
reto e seguro.
Assim, a análise das condições de conforto deve ser feita mais de uma vez, em horá-
rios e dias diferentes, para saber se existe alguma variação que deva ser considerada.
Estes fatores contribuem para que exista uma relação de maior segurança entre o corre-
tor e seus clientes.
Atividade 01
Realize uma pesquisa sobre casas construídas em regiões de climas tem-
perados. Analise suas características construtivas de coberturas, janelas
e aberturas e materiais utilizados. Faça uma comparação com as infor-
mações vistas aqui, para saber as diferenças e semelhanças em relação
às construções dos climas já estudados. Lembre-se de compartilhar seu
trabalho no AVA.
Arquitetura e Urbanismo para
Se o conforto térmico tem como foco o estudo das questões voltadas ao clima e a tem-
peratura, o conforto acústico está voltado ao estudo dos efeitos sonoros, dos ruídos e das
formas de evitá-los ou reduzi-los.
A poluição sonora é um elemento constante nas cidades, com origem nas atividades
humanas. Ela gera vários problemas de saúde, como dores de cabeça e tensões muscula-
74 res, e causa grande incomodo a população das cidades, o que leva a necessidade de um
controle cuidadoso deste elemento urbano.
Querendo mais
Acesse <http://www.semace.ce.gov.br/wp-content/uploads/2012/01/Av
alia%C3%A7%C3%A3o+do+Ru%C3%ADdo+em+%C3%81reas+Habitadas.
pdf> e <http://www.vilavelha.es.gov.br/midia/paginas/NBR_10152-1987.
pdf> para conhecer as NBR’s 10.151 e 10.152 na íntegra.
Os níveis de ruídos, tecnicamente conhecidos como níveis de pressão sonora, são
medidos por uma escala chamada de decibel, ou dB. Estes níveis são aceitos mais
altos ou mais baixos, conforme o local onde estiver acontecendo. Áreas abertas, ou
com um uso específico para atividades que precisem de ruídos, têm a possibilidade de
permitirem níveis mais elevados. Já os ambientes fechados, ou que tenham atividades
que exijam silêncio, devem ter níveis de ruídos mais baixos.
Ao estudar essas informações, você pode se perguntar: “como fazer para que o alto
ruído, permitido em locais como as ruas, não chegue a locais fechados e que exigem
silêncio, como bibliotecas?” Bem, nestas situações são utilizadas técnicas de isola-
mento acústico, que buscam impedir a influência de ruídos em ambientes que devem
ser silenciosos, normalmente através de materiais e formas construtivas que não per-
mitem a passagem do som. Lembro-lhe que o isolamento não impede apenas a entrado
Corretores de Imóveis
Sabendo destas informações sobre ruídos, existem algumas situações que devem
ser observadas no momento que um imóvel é negociado. São elas:
• Uso das edificações vizinhas e próximas: alguns imóveis próximos àquele que está
sendo negociado podem ser utilizados para fins que gerem ruídos elevados, como
academias de ginástica, fábricas, casas de eventos e outros semelhantes. Isto im-
plica em um cuidado com a necessidade de um tratamento de isolamento acústico,
para evitar a influência desses ruídos no imóvel;
Essas são algumas situações que provocam problemas do ponto de vista acústico e
que podem exigir que seja feita alguma reforma para evitar esses problemas. Normal-
mente, essas reformas são projetadas e gerenciadas por arquitetos que atuam espe-
cificamente na área de acústica. Cabe a você, corretor, identificar as necessidades de
seus clientes e aconselhá-los quanto às providências que podem ser tomadas.
Resumo
Nesta competência, você estudou questões relacionadas com o conforto ambiental,
como este componente técnico afeta às edificações e ao espaço urbano, e quais são as
áreas importantes de serem estudadas, dando atenção específica às áreas do conforto
térmico e acústico.
ruídos aceitáveis em espaços ocupados. Também viu que algumas situações da cidade
podem afetar diretamente o conforto acústico dos imóveis e que isso pode levar a necessi-
Corretores de Imóveis
dade de alguma intervenção, para melhoria das condições habitacionais desta edificação.
Autoavaliação
01. Dos elementos citados abaixo, qual não exerce influência nas condições do conforto
76 térmico?
a) Radiação solar;
b) Ventos;
c) Movimentação do planeta;
02. Das características vistas no clima quente e seco, a variação de temperatura é apon
tada como um problema. Qual é a situação menos indicada para evitar esse problema
em uma edificação?
b) Paredes finas;
c) Ventos úmidos;
d) Sombreamento de vegetação.
Corretores de Imóveis
d) Vegetação em seu interior.
05. Em relação ao conforto acústico de um imóvel, qual situação não tem importância para
ser observada?
78
Corretores de Imóveis
Competência
05 79
Reconhecer a legislação
urbana que influência nos imóveis e na cidade
Arquitetura e Urbanismo para
80
Corretores de Imóveis
Reconhecer a legislação
urbana que influência nos imóveis
e na cidade
As cidades são espaços democráticos em que a população que mora ou trabalha realiza
mudanças, conforme seus desejos e necessidades. O ordenamento do solo é de grande
importância para que o espaço urbano não se torne uma “grande confusão”, onde cada Ordenamento: é
o ato de colocar
pessoa faz o que bem entende, resultando em um local sem condições de oferecer servi- ordem em algum
ços essenciais e qualidade de vida aos moradores. lugar. No caso
urbano é o mesmo
Considerando a grande variedade de pessoas, opiniões, desejos e necessidades em que não deixar
Corretores de Imóveis
ter o espaço minimamente organizado, de forma em que todos que estão ali saibam o que pado de qualquer
forma.
existe, o que acontece e o que pode ser feito naquela cidade.
Imagine se, em uma mesma rua, fosse instalado um hospital sem considerar a ne-
cessidade de estacionamentos e acessos de ambulâncias, e que, além disto, existissem
nela bares e casas de shows sem um mínimo de tratamento e isolamento acústico, para
evitar que os sons e a música afetassem o espaço externo. Morar nessa rua seria algo 81
extremamente desagradável: problemas de acesso às casas (com os veículos do hospital
e dos bares parados na rua), ruídos incômodos tarde da noite, conflitos entre o hospital
(que necessita de silêncio) e as casas de shows etc. Este é apenas um exemplo simples
do que pode acontecer a uma cidade caso não exista algum instrumento de controle e
organização os seus espaços deverão ser utilizados e ocupados..
Importante
É importante que você perceba que utilização e ocupação do espaço ur-
bano são aspectos diferentes. Quando você ocupa, está construindo uma
edificação ou uma estrutura temporária em determinada área. Já a utiliza-
ção acontece sem a necessidade de que alguma estrutura seja construída.
Exemplo: um imóvel é uma ocupação. Já um estacionamento em terreno
baldio é uma utilização.
Sendo assim, nesta competência, você estudará a legislação urbana, que tem como fi-
nalidade ordenar o espaço da cidade, entendendo como estes instrumentos atuam e como
eles podem influenciar no crescimento e desenvolvimento do espaço, de uma maneira
que você aprenda como essa mesma legislação influência no trabalho de um corretor de
imóveis.
Leis Federais
Arquitetura e Urbanismo para
ser de três origens: nacional ou federal, estadual, e municipal ou local. As suas abrangên-
cias são determinadas de acordo com essas origens.
82 Constituição Federal
A Constituição Federal é um conjunto de leis, normas e regras que regula e organiza o
funcionamento da nação, definindo direitos e deveres de cada parte integrante da comu-
nidade, seja ela rural ou urbana. Determina os elementos da política de desenvolvimento
urbano e os direitos de acessibilidade dentre os princípios básicos de cidadania. Estes
elementos indicam a necessidade de regulamentações específicas que considerem as ca-
racterísticas de cada local onde serão aplicadas.
Código Civil
O Código Civil é a legislação, que teve sua última atualização em 2002, e que regula-
menta e disciplina a vida civil no país, desde direitos e atos diários até a realização de ne-
gócios. Como toda lei, o Código Civil tem base na Constituição Federal e trata , com relação
às questões imobiliárias, dos direitos de construção, em terrenos próprios ou terrenos de
outras pessoas; das disputas de imóveis; das possibilidades de perdas de propriedades;
dos direitos entre vizinhos e de construir, incluindo até questões específicas como janelas
e aberturas nas edificações; e do direito de superfície.
Parcelamento do solo urbano
No Brasil, existe uma lei específica que trata sobre o parcelamento do solo nas cidades
(Lei nº 6.766 de 1979), definindo questões como:
• De que formas a área das cidades pode ser parcelada? Através de loteamento, que divi-
de o espaço em quadras e lotes, também abrindo vias de circulação (ruas e calçadas);
ou através de desmembramento, que é a divisão de lotes e quadras em lotes menores,
sem a criação de novas vias de circulação, nem a modificação nas vias existentes;
• O que deve conter no projeto de parcelamento? As informações sobre a área a ser lotea-
da e de elementos de importância que já existam nela, como rios e lagos. A localização
dos elementos e equipamentos públicos, bem como os dados de cada lote novo.
A lei ainda define questões burocráticas de registro e contratos que envolverão o par-
celamento do solo. Porém, não elimina a obrigatoriedade de respeito e cumprimento ao
que regem as leis específicas do município, que tratam dessas questões.
O Estatuto das Cidades é baseado em diretrizes que, de maneira geral, buscam: a sus-
tentabilidade urbana e ambiental das cidades; a participação popular na definição dos ru-
mos da cidade; evitar usos e ocupações incompatíveis e inconvenientes do espaço urbano.
Arquitetura e Urbanismo para
Essa lei estabelece formas de operação e atuação de instrumentos que ajudam na ges-
tão e no ordenamento das cidades. Dentre eles, podemos destacar:
Corretores de Imóveis
Como as cidades são muito diferentes umas das outras, o Estatuto das Cidades de-
finiu esses instrumentos apenas de forma geral, deixando para que cada município de-
termine, através de leis específicas, os detalhes de aplicação para cada um deles. Isto
é: a maneira de calcular a outorga onerosa em São Paulo/SP, é diferente da forma que é
calculada em Curitiba/PR, por exemplo.
É interessante observar que cada cidade tem seu grau de complexidade nestas leis e
86 regulamentações, o que causa grandes variações nas suas formas de trabalhar com elas.
Algumas cidades podem ter estes elementos mais simplificados e reunir os mesmos em
uma legislação única, como o Plano Diretor. Outras cidades podem elevar o grau de abran-
gência e complexidade de cada instrumento e criar leis específicas para cada um.
Importante
Devido a isso, é importante que você se informe sobre as legislações que
regulamentam a ocupação e o espaço urbano de cada município em que
você trabalha. Observe o que cada uma delas traz de informações, de ma-
neira que possa conhecer bem a influência que estas leis têm sobre os
imóveis. Assim, você poderá atender às necessidades de seus clientes de
maneira mais segura e correta.
Com este cuidado, você evitará muitos erros. Por exemplo: um cliente procura um corre-
tor em busca de um terreno de grande área para construir uma casa de grande porte. Após
finalizada toda a negociação, é descoberto que este terreno está localizado em uma zona
limitação de construção do município, estabelecida pelo Plano Diretor, e que não se pode
construir imóveis do tamanho que o cliente deseja. Que confusão, não é? Isso poderia
ser evitado se o corretor conhecesse essa legislação e soubesse dessa informação para
passá-la ao cliente, antes que o negócio avançasse. Por isso, mantenha-se sempre bem
informado sobre a legislação urbana que influência nos imóveis e na cidade.
Resumo
Nesta competência, você estudou a influência da legislação urbana no espaço das ci-
dades, compreendendo como essas leis afetam na ocupação e no uso desses espaços e
Corretores de Imóveis
são mais generalistas, chegando a legislações municipais, mais específicas e detalhadas,
de maneira que foi possível compreender conceitos de grande importância sobre ordena-
mento, uso e ocupação do espaço urbano.
Autoavaliação
01. As legislações federais indicam regulamentações e instrumentos que afetam o espaço
urbano, além de servirem de base para as leis municipais que detalham esses assun-
tos conforme as características da cidade. Das leis abaixo, qual não se encaixa nessa
descrição?
b) Plano Diretor;
c) Código Civil;
02. Um cliente procura um corretor de imóveis em busca de um terreno para fazer um lote-
amento. Neste caso, o que ele procura é?
a) Um terreno de médio porte que seja possível construir um edifício de apartamentos;
b) Um terreno de grande porte para dividir em dois lotes menores, cada um com a frente
para as ruas que já existem;
d) Um terreno de grande porte para dividi-lo em vários terrenos menores e abrir novas ruas
de acesso por dentro dele.
88 04. O plano diretor de uma cidade é uma lei que tem por finalidade o desenvolvimento
urbano e a melhoria da qualidade de vida da população. Ele pode regulamentar instru-
mentos definidos no Estatuto das Cidades devido a:
a) Lei federal trata esses instrumentos de forma mais generalista e não considera os de-
talhes de cada cidade;
c) Os instrumentos do Estatuto das Cidades não são válidos para as cidades, apenas para
o Distrito Federal;
a) O plano diretor é a única legislação que pode regulamentar o uso do solo nas cidades;
b) Plano diretor e código de obras são a mesma coisa. Por isso, nenhuma cidade possui
essas duas legislações em conjunto;
c) O código de obras é uma legislação que complementa o plano diretor e traz regulamen-
tações sobre questões específicas dos imóveis;
90
Corretores de Imóveis
Competência
06 91
Aplicar as prescrições
urbanísticas
Arquitetura e Urbanismo para
92
Corretores de Imóveis
Aplicar as prescrições
urbanísticas
Você já aprendeu que as legislações municipais, como os planos diretores, podem espe-
cificar instrumentos e elementos que controlem as construções da cidade, tendo o objetivo
de contribuir com o desenvolvimento urbano e fazer com que a infraestrutura seja utilizada
de maneira correta.
Vale a pena imaginar agora a seguinte situação: um corretor de imóveis está agencian-
do a venda de um terreno da sua cidade. Ao se reunir com um cliente para apresentar esse
terreno, ele é questionado sobre quanto, em metros quadrados, pode ser construído nesse
Essas informações fazem parte do que se pode chamar de potencial construtivo do ter-
Corretores de Imóveis
reno, e são obtidas através da análise de informações existentes na legislação municipal,
principalmente no plano diretor, que são chamadas prescrições urbanísticas.
Prescrições: são
Nesta competência, você estudará essas prescrições urbanísticas possíveis de se en-
determinações, ou
contrar em uma cidade, analisando seus princípios de funcionamento e como elas atuam obrigações, exis-
tentes em algum
nas edificações. Você também aprenderá a realizar os cálculos que sejam necessários a
tema. Nesse caso,
algumas prescrições e como elas influenciam umas nas outras. Assim, será possível ofe- são obrigações a
93
serem cumpridas
recer um serviço imobiliário com mais – e melhores – informações ao cliente. Os objetivos
pelas construções.
deste estudo são:
Os elementos de prescrições
Existem vários elementos de prescrições urbanísticas, mas alguns são utilizados com
mais frequência, são mais comuns nas legislações das cidades brasileiras, o que promove
algumas variações na sua forma de utilização local, sem que seja modificado o seu princí-
pio de funcionamento.
Sendo assim, é importante que as definições das prescrições sejam estudadas com
calma em cada município que se trabalha, com a intenção de saber exatamente quais eles
são e como aquela cidade utiliza esses elementos. Lembro-lhe que as cidades não são
obrigadas a utilizá-los, mas normalmente o fazem, buscando um melhor controle do seu
espaço urbano.
Coeficiente de aproveitamento
O coeficiente de aproveitamento é uma prescrição que determina quanto, em área,
pode ser construído em um terreno. Ele também pode ser chamado de índice de aprovei-
tamento ou de utilização, e é indicado em valor numérico (1,0; 2,5 etc.), que normalmente
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muda entre bairros ou regiões da cidade. A sua principal função é controlar o total máximo
de área construída nos terrenos da cidade, de maneira que essas construções nunca ultra-
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94
Importante
O coeficiente de aproveitamento é utilizado realizando uma multiplicação
entre a área do terreno e o valor do coeficiente de aproveitamento, no bair-
ro ou região da cidade, de forma que o resultado é sempre expresso em
metros quadrados (m²).
Vamos ver um exemplo de como esse elemento pode funcionar: um cliente procura um
terreno em alguns bairros de sua cidade para construir um conjunto de escritórios. Ao ana-
lisar questões como localização e acesso, ele fica na dúvida entre dois terrenos em bairros
diferentes: o primeiro terreno tem 600,00m² e fica localizado em um bairro que possui um
coeficiente de aproveitamento de 1,0; o segundo terreno tem 400,00m² e fica localizado
em um bairro que possui um coeficiente de aproveitamento de 1,5.
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Taxa de ocupação
Essa prescrição urbanística é, muitas vezes, confundida com o coeficiente de aprovei-
tamento, mas elas possuem grandes diferenças. A taxa de ocupação é um elemento que
considera a área que um imóvel projeta no terreno e não a área de construção desse imó-
vel. É justamente essa área projetada que é chamada de área ocupada. Então a taxa de 95
ocupação é calculada sobre a área ocupada em relação à área do terreno, normalmente é
uma porcentagem da área do terreno.
96 Isso quer dizer que, apesar de possuírem capacidade de construção igual (600,00m²),
essa área só pode ser instalada em ocupações diferentes (480,00m² e 320,00m²), levan-
do a necessidade de verticalizar as construções, construindo em mais de um pavimento.
Atividade 01
Vamos então trabalhar para entender melhor esses dois elementos das
prescrições urbanísticas. Considere três terrenos em bairros diferentes,
onde encontramos as seguintes prescrições: o bairro do primeiro terreno
possui um coeficiente de aproveitamento de 2,5 e uma taxa de ocupação
de 60%; o bairro do segundo terreno tem um coeficiente de aproveitamen-
to de 1,2 e uma taxa de ocupação de 80%; e o bairro do terceiro terreno
tem o coeficiente de aproveitamento de 1,8 e a taxa de ocupação de 40%.
Faça os cálculos para identificar as capacidades de construção para esses
três terrenos. Compartilhe seus resultados no AVA.
Taxa de permeabilidade
A taxa de permeabilidade tem a função de garantir que o terreno sempre possua uma
área que permita a infiltração de águas, principalmente das águas de chuva, evitando as-
sim que todos os terrenos joguem suas águas para a rua e sobrecarreguem o sistema
público de drenagem. Além da função de infiltração, a área permeável contribui para a
redução do aquecimento dos terrenos, como você aprendeu na competência 04, uma vez
que áreas permeáveis não são pavimentadas e com isso refletem a radiação solar em
menor quantidade.
Da mesma maneira, um imóvel sobre pilotis pode ter parte do terreno abaixo da edifica-
ção, permeável. Essa área então seria ocupada e permeável ao mesmo tempo.
Gabarito
Já o gabarito é uma prescrição relacionada à altura das edificações. É justamente o con-
trole de quanto os imóveis podem ser altos em uma determinada área ou região da cidade.
Isso é necessário por vários motivos. Ao controlar a altura das edificações é possível fazer
com que elas não prejudiquem a ventilação natural na cidade. O controle da altura também
pode ser necessário para evitar que os imóveis prejudiquem a visão de áreas da cidade
como praias, montanhas e vales. É o chamado aspecto cênico-paisagístico.
As formas de controle de gabarito podem variar de cidade para cidade, como por
exemplo: pela quantidade de pavimentos; pela altura entre o piso do pavimento térreo
e o último elemento construído (caixa d’água, casa de máquinas de elevador etc.); ou
ainda pela altura entre as lajes de piso do térreo e do último pavimento.
Arquitetura e Urbanismo para
Corretores de Imóveis
98
Figura 36 – Gabarito
Fonte: autoria própria (2014).
A forma desse controle será definida pela legislação que estabelece o gabarito da cida-
de, por isso é importante a leitura cuidadosa dessa norma. Ela ainda pode conter elemen-
tos excluídos desse controle, como antenas, muretas de proteção e outras construções de
pequeno porte.
Recuo
Os recuos são os afastamentos que as edificações devem ter em relação ao limite do
terreno. É uma maneira de controlar a distância entre os imóveis.
Esses afastamentos são necessários por vários motivos. Eles facilitam a ventilação na-
tural, necessária em climas quentes e úmidos, ou ainda por questões de privacidade entre
os imóveis.
Os recuos, assim como o gabarito, não possuem uma forma padronizada para serem
determinados, como os cálculos do coeficiente de aproveitamento e das taxas. Mas, exis-
tem algumas regras comuns na maioria das cidades que adota essa prescrição, por exem-
plo: recuos dos limites dos terrenos que são voltados para as ruas, normalmente, são
maiores do que aqueles recuos que são voltados para outros terrenos; no térreo alguns
recuos podem ser ignorados e a edificação ficar colada nos limites do terreno.
É comum que em edificações verticalizadas o recuo precise ser ampliado para manter
a sua função. É o que se chama de recuo adicionado, ou adicional, que cresce conforme a
altura do imóvel também cresce.
Resumo
Você aprendeu nesta competência o que são as prescrições urbanísticas e a importân-
cia delas no controle ocupacional de uma cidade, estudando o princípio de funcionamento
delas e conhecendo as possibilidades de modificações entre as cidades que as utilizam.
Assim, você entendeu não apenas o que são, mas também como elas funcionam e ainda,
como fazer os cálculos exigidos, quando necessário.
Nosso estudo passou pelas quatro principais prescrições utilizadas nas cidades bra-
sileiras, verificando os conceitos, finalidades e funcionamentos de cada uma delas, de
maneira que você é capaz de entender e desenvolver as informações necessárias sobre os
imóveis, para passá-las aos seus clientes.
Autoavaliação
01. Dentre as funções das prescrições urbanísticas, qual das opções abaixo não está
correta?
a) 1.260,00m²;
b) 720,00m²;
c) 1.360,00m²;
d) 1.720,00m².
04. A taxa de ocupação é uma prescrição urbanística que atua em que elementos de um
terreno?
102
Corretores de Imóveis
Competência
07 103
Definir os impactos
de ocupação urbana
Definir os impactos
de ocupação urbana
Após conhecer todos esses elementos da Arquitetura e do Urbanismo que influenciam
nos imóveis, agora você irá estudar outra questão: a influência que a cidade pode causar
ao meio ambiente, e também à sociedade e à economia.
Ao conhecer essas influências, você será capaz de observar como a presença e a evo-
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no desenvolvimento do meio urbano.
Assim, nesta competência, você irá aprender sobre os impactos urbanos e a interfe-
rência no meio ambiente, compreendendo como a cidade se relaciona com as questões
ambientais e também como o meio ambiente pode estar presente no meio urbano. Você
também estudará sobre como a cidade e a sociedade interferem uma na outra, alterando
padrões da população de um determinado local e a sua economia.
105
Para compreender isso melhor, vamos entender cada um desses termos isoladamen-
te, para depois entender o que eles significam quando estão juntos. Neste caso, o termo
impacto se refere a uma alteração causada por uma ação, uma mudança no local ou no
objeto que sofreu esse impacto. Essas alterações podem ser mínimas ou máximas, às
vezes nem são sentidas. Por exemplo: o simples fato de um ser humano respirar causa um
impacto na atmosfera, mudando o oxigênio para gás carbônico. Isso quer dizer que nem
todo impacto pode ser sentido ou percebido.
Atividade 01
Arquitetura e Urbanismo para
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Assim como os impactos podem ser percebidos ou não, eles também não precisam ser,
106 obrigatoriamente, prejudiciais. Existem impactos que causam melhorias onde acontecem,
como plantação de vegetação nas margens de rios, que favorecem a proteção e evitam que
aconteça erosão. Isso faz com que os impactos sejam classificados em negativos ou positivos.
Com todas essas variações e definições de impactos, nós podemos ter uma grande
variedade deles. Vamos ver alguns casos:
• Impactos ambientais negativos – A instalação de sistemas de esgotos que
fazem despejo em rios e lagos, sem tratamento, tem como impacto negativo a
poluição;
• Impactos ambientais positivos – O plantio de vegetação nativa em uma área de-
vastada tem como impacto a recuperação da vegetação natural;
• Impactos urbanos negativos – O crescimento populacional de uma cidade sem o
aumento da condição de abastecimento de água, gerando como impacto a falta de
água para a população;
• Impactos urbanos positivos – A construção de vias que permitam que o trânsito de
veículos não fique congestionado, causando a fluidez no sistema viário.
Agora que você conhece esses conceitos relacionados aos impactos, podemos estudar
um pouco mais sobre como a ocupação de uma cidade pode gerar alterações nos espaços
ambientais e urbanos. Vamos dar uma atenção maior aos impactos negativos, para escla-
recer os efeitos ruins que uma cidade pode causar e com isso reforçar a necessidade de
maior cuidado com o crescimento urbano.
Os impactos ambientais que podem ser causados pela ocupação das cidades são
muito variados. Um exemplo é o desmatamento de vegetação nativa. Originalmente, os
ambientes naturais possuem alguma vegetação, que pode ser importante (Mata Atlântica,
Caatinga...) ou apenas uma vegetação comum. Muitas vezes, a vegetação precisa ser reti-
radas para dar lugar aos imóveis, ruas e outros elementos urbanos.
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Essa proximidade com os corpos d’água pode levar a outros impactos, como a poluição
dos mesmos. O descarte de lixo, os sistemas de drenagem de águas das chuvas, ou o
esgotamento sanitário, despejam suas cargas em rios e prejudicam a qualidade e limpeza
da água. As águas subterrâneas também podem ser prejudicadas com essa poluição, prin-
cipalmente quando não existem os sistemas de coleta de esgotos e os imóveis se utilizam
de fossas e sumidouros. Isso faz com que os dejetos sejam infiltrados no solo, causando
107
a contaminação de todo o subsolo. Em vários casos, as cidades se utilizam de águas sub-
terrâneas para o abastecimento da população, o que pode levar a graves problemas de
saúde.
O fato das cidades se tornarem muito densas leva a população de baixa ou nenhuma renda
a procurar áreas disponíveis para morar. Normalmente, essa ocupação acontece nos bairros
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periféricos, ou em espaços mais centrais, que são considerados áreas de risco. Essas áreas
possuem características físicas que geram algum risco para as construções (desabamento,
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alagamento, proximidade com ferrovias etc.) e não deveriam ser ocupadas de forma alguma.
O crescimento das cidades altera a vida da população de várias maneiras. E não apenas
a população urbana, mas também a população do campo, rural. As modificações podem
ser as mais variadas, acontecendo lentamente ou de forma rápida e inesperada, alterando
as possibilidades de rendimentos, salários e custo de vida, ou ainda beneficiando a convi-
vência e o lazer das pessoas.
Esses impactos urbanos atingem vários setores da sociedade, mas destacaremos ago-
ra os impactos econômicos, que podem ter influência em pessoas individuais, ou na po-
pulação de um bairro inteiro, por exemplo.
Nesse momento, você pode estar se perguntando: “como o crescimento da cidade pode
ter tanta influência na economia das pessoas?” Vejamos:
As cidades podem crescer em sua área física e com isso, cada vez mais, reduzir os
espaços rurais dos municípios, prejudicando a produção agrícola de famílias do campo e
fazendo com que sua renda seja reduzida ou até mesmo extinta. Isto pode ser conside-
rado um impacto econômico negativo do crescimento urbano.
Outro impacto econômico que pode acontecer dentro da dinâmica da cidade é o de-
senvolvimento de áreas que motivam a população a comprar moradias nesses espaços
específicos. Isso aumenta a demanda imobiliária e faz com que a área, ou o bairro, sejam
valorizadose os imóveis tenham seus preços elevados, aquecendo o mercado local. A valo-
rização imobiliária de um bairro da cidade pode resultar em um aumento de arrecadação
municipal através do IPTU, fazendo a capacidade de investimento da prefeitura maior.
IPTU: Imposto
Esses são apenas alguns exemplos de como a cidade pode trazer impactos econômicos Predial Territorial
à população e à administração pública. As chegadas ou saídas de empresas e indústriasou Urbano. É um
imposto municipal
apenas a necessidade de deslocamento destas são alguns outros exemplos de como o cobrado sobre a
desenvolvimento e o crescimento urbano podem trazer modificações econômicas. propriedade de
imóveis em zonas
Outro tipo de impacto que pode acontecer pelas ações existentes na cidade é o impacto urbanas.
social. Se nós analisarmos o exemplo que foi dado anteriormente (em que o crescimento
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que, sem renda, essas famílias podem migrar para as cidades e se tornarem mendigos,
aumentando a classe da população de baixa renda ou, até mesmo, de miseráveis.
Os impactos sociais das atividades urbanas têm um maior destaque em suas conse-
quências negativas. Seguindo também o outro exemplo citado, quando um bairro passa
por uma valorização imobiliária, as famílias de menor poder aquisitivo têm a tendência de
109
serem deslocadas, vendendo seus imóveis. Isso pode levar a uma elitização do bairro, que
contribua para a segregação entre classes sociais diferentes.
Esses impactos urbanos negativos acontecem devido a não serem considerados nas ações
da cidade. Muitas vezes, a dinâmica de alterações em uma cidade não leva em conta o que
pode acontecer com a população, como consequência do que está sendo feito.
Resumo
Nesta competência, você teve a oportunidade de estudar sobre os impactos causados
pela cidade, aprendendo suas diferenças, principalmente entre os impactos urbanos e os
impactos ambientais. Para isso, você aprendeu isoladamente o que são impactos e quais
tipos de impactos a cidade pode causar. Nosso estudo tratou tanto dos impactos positivos
quanto dos impactos negativos, e deu uma maior atenção à relação entre a cidade e o
meio ambiente. Outro fator destacado foram os demais tipos de impactos causados pela
cidade como os econômicos e os sociais, afetando a população e as relações diárias que
as pessoas têm com o espaço em que vivem.
Autoavaliação
01. A valorização imobiliária excessiva pode ser considerada que tipo de impacto?
a) Econômico positivo;
b) Ambiental negativo;
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c) Econômico negativo;
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d) Social positivo.
02. Em uma cidade turística que passou a receber estrangeiros como investidores, o in-
teresse por um bairro específico fez com que a população originária vendesse seus
imóveis para dar lugar a condomínios particulares internacionais. Isso pode ser consi-
110 derado que tipo de impacto?
a) Social negativo;
b) Econômico negativo;
c) Ambiental negativo;
d) Social positivo.
03. Foram verificadas várias possibilidades de impactos urbanos. Qual das opções abaixo
não se enquadra nelas?
b) Condições de insalubridade;
d) Desmatamento de vegetação.
04. Ao tratar de impactos que acontecem devido às atividades das cidades, podemos afir-
mar que a presença de uma zona industrial pode gerar que tipos de impactos?
a) Econômicos e sociais;
b) Apenas sociais;
c) Ambientais e econômicos;
b) Mesmo com o desmatamento de vegetação nativa, é possível que a cidade gere impac-
tos positivos;
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d) O sistema de trânsito e transporte urbano nunca geram impactos negativos.
111
Arquitetura e Urbanismo para
112
Corretores de Imóveis
Competência
08 113
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Identificar a influência dos
outros setores de projeto nos imóveis
Muitas vezes, o corretor imobiliário se preocupa com as informações do projeto arquite-
tônico, mas se esquece de que existem outros projetos que são envolvidos na construção
de uma edificação. São os chamados projetos complementares, que definem elementos
como a estrutura de sustentação da edificação ou as instalações elétrica e hidráulica, e
ainda outros pontos da construção.
É muito comum que um cliente faça a pergunta: “mas, eu vou poder reformar esse imó-
vel e derrubar paredes?”. Ou ainda: “posso colocar um armário nessa parede?” Essas são
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Neste caso, o importante é saber com qual profissional conversar para obter esses dados
e, principalmente, como conseguir compreender as informações para transmiti-las para os
clientes no momento em que acontecer o questionamento.
Portanto, nesta última competência, você irá estudar a importância dos projetos com-
plementares e quais informações podem ser obtidas a partir deles, verificando seus tipos
e quem são os responsáveis pela sua elaboração. Além disso, você aprenderá como esses 115
projetos podem interferir no uso da edificação, ou nos seus valores, de forma que será
possível compreender a complexidade dos projetos de construção de um imóvel e também
a importância dos mesmos.
Os projetos complementares
Conforme nosso estudo na competência 01, o projeto arquitetônico define como um
imóvel será, indicando suas características físicas (estéticas) e funcionais (localização dos
ambientes dentro da edificação). Mas, existem outras definições importantes e necessá-
rias que precisam ser informadas para que este imóvel esteja completamente em condi-
ções de construção e ocupação.
São vários os tipos de projetos complementares. Aqui você verá aqueles que são mais
comuns.
Projeto estrutural
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É o projeto que define todo o sistema de sustentação do imóvel. Fazendo uma analogia
Analogia: relação com o corpo humano, a estrutura seria semelhante ao esqueleto. Neste projeto são defini-
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de semelhança
entre coisas ou
dos elementos como: se as paredes terão a função de sustentar toda a edificação (chama-
fatos diferentes. da de alvenaria estrutural), ou se a construção utilizará pilares e vigas para sustentar essa
edificação (paredes apenas para fechar os ambientes); se a estrutura será de concreto, de
aço, ou de madeira; qual será o tamanho dos pilares e das vigas; quanto de peso a laje
pode aguentar; e várias outras coisas.
116
São essas informações do projeto elétrico que permite saber, por exemplo, se é permiti-
do instalar um chuveiro elétrico no banheiro (e qual tipo de chuveiro pode ser instalado), ou
em que posição os equipamentos elétricos devem ficar em um escritório. Outra influência
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Projeto de instalações hidráulico-sanitárias
Apesar de ser apresentado com um único nome, trata-se de dois projetos que são feitos
em conjunto. No projeto hidráulico são definidas as informações sobre o abastecimento e
uso de água na edificação, desde a chegada de água pela rede pública até o posiciona- 117
mento de torneiras.
Neste projeto, são postas informações sobre a caixa d’água (tamanho e localização),
sobre por onde passam os canos, tanto para água fria como para água quente. No caso da
água quente, se o aquecimento for feito por algum sistema central (caldeira ou aquecimen-
to solar), esses elementos também são definidos.
Assim como nos projetos elétricos, os projetos hidráulico-sanitários podem afetar modi-
ficações nas paredes da edificação, uma vez que as tubulações passam por elas. Devido a
isso, é muito comum que em imóveis de grande porte essas tubulações sejam concentra-
das em um mesmo local, que é chamado de shaft, fazendo que as interferências desses
projetos sejam menores e facilitando o trabalho de manutenção.
Projeto de instalações de ar-condicionado
Os projetos de ar-condicionado, também conhecidos como condicionamento de ar,
eram exclusivos de grandes edificações, que utilizavam sistema de ar-condicionado central
(com dutos de ventilação e grandes máquinas de refrigeração de ar). Porém, com o uso
dos aparelhos no modelo split, que pode ser instalado em ambientes pequenos, houve a
necessidade da elaboração de projetos para qualquer imóvel que se utilize desse sistema.
Uma vez que esse tipo de aparelho de ar-condicionado se utiliza de duas máquinas
(uma que fica dentro do ambiente e outra que fica fora da edificação) e essas máquinas
têm tubos ligando-as, os projetos definem a melhor localização para as máquinas e tam-
bém por onde devem passar os tubos.
Arquitetura e Urbanismo para
Importante
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Podemos ter como exemplo algumas situações que acontecem diariamente nos imó-
veis. Vamos ver algumas delas:
• Em um terreno que receba uma forte influência da maresia, escolher uma estrutura
em aço leva a necessidade de fazer uma manutenção preventiva contra a ferrugem em
períodos bem mais curtos do que se essa estrutura fosse de concreto;
• No caso das janelas de um imóvel serem de madeira posicionadas em uma parede que
receba uma alta incidência de radiação solar precisarão de uma manutenção constante
para que seu verniz não resseque e fique com uma aparência envelhecida;
• Revestimentos de fachadas feitos com cerâmicas têm uma durabilidade maior, po-
Corretores de Imóveis
rém quando se precisa de manutenção, o custo é mais alto do que o revestimento
em pintura.
E ainda existem vários outros exemplos como estes. Mas, o importante nessas infor-
mações é que, em todos os casos, haverá necessidade de manutenção mais frequente ou
menos frequente. Essa necessidade pode fazer com que o valor de mercado do imóvel se
119
torne mais – ou menos – alto. Afinal, o baixo gasto de manutenção com a edificação é uma
vantagem diária que o proprietário tem, e isso pode fazer com que o preço desse imóvel
suba em relação a outros com manutenções mais caras.
Atividade 01
Faça uma análise em um imóvel – que pode ser sua casa ou local de tra-
balho – verificando a presença de elementos dos projetos complementares
(tomadas, interruptores, tubulações de água, caixas de esgoto etc.). Procure
identificar a presença deles e como acontece a manutenção de cada um.
Verifique que esses elementos estão presentes no dia a dia do imóvel e que
têm influência no seu uso. Elabore um relatório e compartilhe-o no AVA.
Resumo
Nesta última competência, você estudou os projetos complementares, aprendendo o
que eles são e qual a sua utilidade em uma edificação, além de ter aprendido sobre os
elementos que afetam a manutenção dos imóveis. Para esse aprendizado, você primeiro
compreendeu a definição dos projetos complementares e a importância que eles têm para
os imóveis. Também conheceu os principais tipos de projetos complementares e como eles
podem afetar o projeto arquitetônico. Por último, você estudou como as definições de proje-
tos podem influenciar na manutenção da edificação, afetando não apenas a sua condição
física, mas também aos custos do imóvel no mercado.
Autoavaliação
Arquitetura e Urbanismo para
b) São projetos independentes que não possuem qualquer relação entre eles;
120
02. Na relação entre os projetos complementares e o projeto arquitetônico, qual afirmação
não é correta?
b) O projeto arquitetônico pode ser modificado por informações dos projetos complemen-
tares;
a) Paredes podem servir para sustentar a edificação ou apenas para fechar os ambientes;
b) Paredes de tijolos são mais grossas e permitem melhor isolamento dos ambientes;
a) Material definido para ser utilizado nas paredes. Pode ser encontrado no projeto arqui-
tetônico;
b) Material definido para ser utilizado na estrutura de sustentação. Pode ser encontrado
no projeto estrutural;
c) Material definido para ser utilizado na estrutura de sustentação. Pode ser encontrado
no projeto arquitetônico;
Corretores de Imóveis
sanitário.
05. Um corretor apresenta a um cliente um imóvel que o agrada. Mas, para que o negó-
cio seja fechado, existe a exigência que a casa seja toda climatizada com aparelhos
de ar-condicionado no modelo split. Quais projetos informam se é possível essa
climatização? 121
a) Apenas do projeto estrutural;
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Competência 02 Competência 06
1. b 1. c
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2. c 2. d
3. a 3. a
4. d 4. b
5. b 5. b
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1. d 1. c
2. b 2. c
3. a 3. b
4. c 4. b
5. c 5. d
Conheça o autor
Marcio Henrique Yacyszyn Rodrigues
Além disso, trabalha com a Gestão de Processos no Colégio CEI - Centro Integrado de
Educação, desde 2011.