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ANTERO DE QUENTAL

SONETOS
IGNOTO DEO
Que beleza mortal se te assemelha,
Ó sonhada visão desta alma ardente,
Que refletes em mim teu brilho ingente,
Lá como sobre o mar o sol se espelha?

O mundo é grande — e esta ânsia me aconselha


A buscar-te na terra: e eu, pobre crente,
Pelo mundo procuro um Deus clemente,
Mas a ara só lhe encontro… nua e velha…

Não é mortal o que eu em ti adoro.


Que és tu aqui? olhar de piedade,
Gota de mel em taça de venenos…

Pura essência das lágrimas que choro


E sonho dos meus sonhos! se és verdade,
Descobre-te, visão, no céu ao menos!
IGNOTO DEO “entidade” que “aparece quase
sempre sob contornos vagos ou
Que beleza mortal se te assemelha,
indefinidos”
Ó sonhada visão desta alma ardente,
Que refletes em mim teu brilho ingente,
Lá como sobre o mar o sol se espelha?

O mundo é grande — e esta ânsia me aconselha


A buscar-te na terra: e eu, pobre crente,
Pelo mundo procuro um Deus clemente,
Mas a ara só lhe encontro… nua e velha…

Não é mortal o que eu em ti adoro.


Que és tu aqui? olhar de piedade,
Gota de mel em taça de venenos…

Pura essência das lágrimas que choro


E sonho dos meus sonhos! se és verdade,
Descobre-te, visão, no céu ao menos!
IGNOTO DEO
Que beleza mortal se te assemelha,
Ó sonhada visão desta alma ardente,
Que refletes em mim teu brilho ingente, “incessante inquietação espiritual”
Lá como sobre o mar o sol se espelha?

O mundo é grande — e esta ânsia me aconselha


A buscar-te na terra: e eu, pobre crente,
Pelo mundo procuro um Deus clemente,
Mas a ara só lhe encontro… nua e velha…

Não é mortal o que eu em ti adoro.


Que és tu aqui? olhar de piedade,
Gota de mel em taça de venenos…

Pura essência das lágrimas que choro


E sonho dos meus sonhos! se és verdade,
Descobre-te, visão, no céu ao menos!
IGNOTO DEO
Que beleza mortal se te assemelha,
Ó sonhada visão desta alma ardente,
Que refletes em mim teu brilho ingente,
Lá como sobre o mar o sol se espelha?

O mundo é grande — e esta ânsia me aconselha


A buscar-te na terra: e eu, pobre crente, “infinita procura de qualquer coisa
Pelo mundo procuro um Deus clemente, capaz de conceder um sentido ou uma
Mas a ara só lhe encontro… nua e velha… finalidade à existência humana”

Não é mortal o que eu em ti adoro.


Que és tu aqui? olhar de piedade,
Gota de mel em taça de venenos…

Pura essência das lágrimas que choro


E sonho dos meus sonhos! se és verdade,
Descobre-te, visão, no céu ao menos!
IGNOTO DEO
Que beleza mortal se te assemelha,
Ó sonhada visão desta alma ardente,
Que refletes em mim teu brilho ingente,
Lá como sobre o mar o sol se espelha?

O mundo é grande — e esta ânsia me aconselha


A buscar-te na terra: e eu, pobre crente,
Pelo mundo procuro um Deus clemente, “sujeito de certo modo entregue a si
Mas a ara só lhe encontro… nua e velha… próprio e vítima de uma sensação de
abandono”
Não é mortal o que eu em ti adoro.
Que és tu aqui? olhar de piedade,
Gota de mel em taça de venenos…

Pura essência das lágrimas que choro


E sonho dos meus sonhos! se és verdade,
Descobre-te, visão, no céu ao menos!
IGNOTO DEO
Que beleza mortal se te assemelha,
Ó sonhada visão desta alma ardente,
Que refletes em mim teu brilho ingente,
Lá como sobre o mar o sol se espelha?

O mundo é grande — e esta ânsia me aconselha


A buscar-te na terra: e eu, pobre crente,
Pelo mundo procuro um Deus clemente,
Mas a ara só lhe encontro… nua e velha…

Não é mortal o que eu em ti adoro. “insatisfação perante um real sentido


Que és tu aqui? olhar de piedade, como demasiado frustrante ou limitado”
Gota de mel em taça de venenos…

Pura essência das lágrimas que choro


E sonho dos meus sonhos! se és verdade,
Descobre-te, visão, no céu ao menos!
IGNOTO DEO
Que beleza mortal se te assemelha,
Ó sonhada visão desta alma ardente, “irreprimível desejo de sonhar”
Que refletes em mim teu brilho ingente,
Lá como sobre o mar o sol se espelha?

O mundo é grande — e esta ânsia me aconselha


A buscar-te na terra: e eu, pobre crente,
Pelo mundo procuro um Deus clemente,
Mas a ara só lhe encontro… nua e velha…

Não é mortal o que eu em ti adoro.


Que és tu aqui? olhar de piedade,
Gota de mel em taça de venenos…

Pura essência das lágrimas que choro


E sonho dos meus sonhos! se és verdade,
Descobre-te, visão, no céu ao menos!

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