T2 2 Semana

Ética e Deontologia I
ESEnfC 2023-2024 - 1º Ano 1º Semestre
Licenciatura em Enfermagem
2023-2024
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Sumário (2h):
1. Fundamentos da ética
1.1. Conceitos (ética, moral, direito, deontologia e bioética)
1.2. Valores pessoais e profissionais
1.3. Perspetivas teóricas em Ética
1.3.1. Teoria utilitarista
1.3.2. Modelo principialista (princípios de beneficência, não maleficência, respeito pela
autonomia e justiça)
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1.1. Conceitos (ética; moral; direito; deontologia, bioética)
Questões
1- Quando ouve a palavra ética, em que outras palavras pensa, e o que é que essas
palavras significam para si?
(Anote as suas respostas)
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Ética e Moral
Originalmente “ética” e “moral” significavam a mesma coisa:
referiam-se aos costumes sociais, ao certo e ao errado do comportamento humano.
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ÉTICA provém do grego ethos, tem dois significados:
Aristóteles considerava os dois termos

Êthos - modo ser ou carácter
inseparáveis, sendo dos hábitos e costumes
que se desenvolvia no homem o seu modo de
Éthos - hábito ou costume
ser ou personalidade.
Foi o primeiro a situar a ética como ramo da
filosofia (“Ética a Nicómaco”).
Ética e deontologia I 2021-2022 04/45
Ética
Sócrates
A ética procura que os atos humanos se orientem na procura da retidão,

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estudando os atos que contribuem para o aperfeiçoamento do Homem.
A retidão será a concordância das ações humanas com a verdade e o bem, e

apresenta-se como o referencial apropriado para o desenvolvimento da
natureza humana.
Uma “ética geral” é uma ciência normativa sobre a retidão dos atos humanos
que trata de explicar questões como a liberdade; o bem e o mal; a virtude…
A ética profissional enquadra-se num âmbito especial/particular.

Ética
Reporta-se à ciência ou ao estudo dos princípios que estão subjacentes às normas, questionando-se
acerca do seu sentido para o desenvolvimento dos indivíduos e da sociedades. É designada por filosofia
moral.
Adaptado de Thompson et al. (2008)
Dedica-se à racionalização do comportamento humano:
- Define parâmetros sobre o que é agir bem
- Fornece um conjunto de princípios e enunciados criados pela razão, e que orientam a ação

Moral
“Refere-se às normas de comportamento atualmente aceites ou seguidas por indivíduos ou grupos”.
Thompson et al. (2008:5)
Do grego Mos, Moris que significa hábito ou costume social
- Julgamento de valor imposto pelos costumes sociais e ideologias (religiosas, políticas, …) que se
relacionam com a distinção entre o bem e o mal
- Conjunto de regras de comportamento consideradas como universalmente válidas, que orientam o

comportamento das pessoas nas diversas sociedades

Ética vs. Moral
ÉTICA MORAL
Refere-se ao agir humano-racionalidade do agir Refere-se à normatividade da ação

(que princípios devem orientar a vida humana) (como devo agir em tal circunstância concreta)
É universal É cultural
É intemporal
≠ É temporária
É apreendida É imposta
Expressa-se a partir das opções do indivíduo É externa ao indivíduo

Deontologia
Aglutinação das palavras gregas Déon e Logos

significa Dever + Ciência
 Quadro de valores, de regras, no sentido de orientar e Google Imagens
disciplinar a actividade profissional;

 Conjunto de deveres a que estão obrigados os profissionais no
cumprimento da sua função;
 No caso específico dos enfermeiros essas normas estão
expressas no Estatuto da Ordem os Enfermeiros
(Lei n.º 156/2015, de 16 de setembro).
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Relação entre ética, moral e deontologia
Fonte: Mattar, J. Introdução à filosofia. Ed. Pearson. 2010. ISBN 978-85-7605-697-3 (p.241)
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Direito
- Estabelece as regras de uma sociedade delimitada pelas fronteiras do Estado;
- As leis tem uma base territorial, valem apenas para aquela área geográfica onde
uma determinada população vive;
- O Direito Civil, referencial utilizado em Portugal, baseia-se na lei escrita;
- A Common Law, dos países anglo-saxónicos, baseia-se na jurisprudência. As

sentenças dadas para cada caso em particular podem servir de base para a
argumentação de novos casos;
- O Direito Civil é mais estático e a Common Law mais dinâmica.
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Bioética
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Bioética
Bio (vida) + ethos (relativo à ética)
Significa uma ética aplicada à vida, é uma ética aplicada e transdisciplinar.
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Fundamentos da Ética
ÉTICA DEONTOLOGIA
Define o que é agir Condensa o quadro de
bem. Justifica as ações valores e o conjunto de
e norteia as escolhas deveres que orientam
humanas pretendidas o comportamento do
como boas ou justas homem no
para agir em cumprimento da sua
sociedade. atividade científica ou
função profissional.
MORAL
Conjunto de valores e
Direito
regras de
comportamento É uma normativa da
consideradas como ação, objetiva e
culturalmente válidas, universal, na medida
que orientam o em que se impõe a
comportamento das todos os membros de
pessoas entre elas e
entre elas e a uma comunidade.
sociedade.
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Os valores estão no cerne da diversidade do comportamento humano e são expressos

em cada decisão e ação humana.
Questões
1 - Escreva quatro valores fundamentais para si enquanto pessoa;
2 - Considere/escreva os motivos que o trouxeram para a enfermagem;
3 - Que valores são fundamentais para que seja um bom enfermeiro/a?
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Valores
Valores pessoais
- Norteiam, guiam e modelam a conduta dos indivíduos;
- Influenciam os comportamentos gerando impactos – positivos e negativos – Google Imagens
conforme o contexto vivido ou escolha realizada.

Ex: Disciplina, eficiência, bondade, fidelidade, cortesia, altruísmo, respeito…
Valores profissionais
- Norteiam o exercício profissional;
- No nosso caso definem a atuação do Enfermeiro na sua atividade profissional e, em
alguns casos (ver incompatibilidades), na sua vida pessoal;
- De forma geral, os enunciados nas normas deontológicas. Google Imagens
Ex: (estudar CAPÍTULO VI, Deontologia profissional, da Lei n.º 156/2015, de 16 de setembro)
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Valores (cont.)
Os valores estão no centro do mundo diversificado do comportamento humano e são expressos em
cada decisão e ação humana. Representam convicções básicas do que é certo, bom ou desejável, e
motivam o comportamento social e profissional. Rassin, M. (2008). Nurses´ professional and personal values. Nursing Ethics 2008 15 (5) (adaptado)
Valores
(Crenças,
princípios,
normas)
Prioridades e
comportamento
Guia,
Sustentam influencia, Impacto na
dirige qualidade dos
cuidados
Atitudes
Values, attitudes and behaviour in professional practice.
Adapted de “Professional Values in Nursing,” by L. Baillie, L. & S. Black, 2015, London: CRC Press, p.3.
Traduzido e adaptado
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Valores
O senhor José, de 85 anos, com demência moderadamente grave após um longo internamento numa
enfermaria de medicina, enquanto esperava por uma colocação numa UCC, teve alta clínica. Na manhã da
alta, uma enfermeira atendeu um telefonema de um superior que lhe comunicou que o senhor deveria aguardar
o transporte, para ser transferido para a UCC, na sala de espera.
A enfermeira argumentou que o senhor José ia ter um dia difícil pela frente e estava confuso pelo que era
injusto movê-lo para um ambiente desconhecido com pessoas que que ele não conhecia e com quem ele não
tinha relacionamento. O chefe exerceu pressão, dizendo que havia doentes deitados em macas no serviço de
urgência, mas a enfermeira manteve a sua posição.
O chefe acabou por concordar que o senhor não tinha condições para aguardar o transporte na sala de espera.
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Valores
O senhor José, de 85 anos, com demência moderadamente grave após um longo internamento numa
enfermaria de medicina, enquanto esperava por uma colocação numa UCC, teve alta clínica. Na manhã da
alta, uma enfermeira atendeu um telefonema de um superior que lhe comunicou que o senhor deveria aguardar
o transporte, para ser transferido para a UCC, na sala de espera.
A enfermeira argumentou que o senhor José ia ter um dia difícil pela frente e estava confuso pelo que era
injusto movê-lo para um ambiente desconhecido com pessoas que que ele não conhecia e com quem ele não
tinha relacionamento. O chefe exerceu pressão, dizendo que havia doentes deitados em macas no serviço de
urgência, mas a enfermeira manteve a sua posição.
O chefe acabou por concordar que o senhor não tinha condições para aguardar o transporte na sala de espera.
- respeito pela dignidade da pessoa humana;
- compromisso com a qualidade dos cuidados;
- trabalho em equipa.
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Teorias
Informam a tomada de decisão ética

Proporcionam
um marco de
referência Toda a atividade começa com um pensamento, um
para a reflexão plano ou, mais propriamente, uma intenção
sobre os atos
Até as decisões tomadas rapidamente em resposta a

uma situação urgente/emergente têm uma intenção
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Teorias
Teorias consequencialistas – o critério para avaliar a

moralidade das ações são as suas consequências.
Teorias deontológicas - o critério para avaliar a moralidade

das ações é a intenção, o seu respeito pelos princípios.
Modelo principialista.

Teorias consequencialistas
- Refere-se às teorias que consideram que uma ação correta ou

incorreta em função do equilíbrio entre as suas boas ou más
consequências.
- Fazem depender a Moralidade de uma ação das suas
consequências.
Jeremy Bentham 1748-1832 (Londres)
(Imagens Google)
Escolher a ação que tem as melhores consequências globais

Jeremy Bentham (1748-1832) e John Stuart Mill (1806-1873)
Beauchamp & Childress (2009)
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Teorias deontológicas
- O dever ou a obrigação moral para com os outros são a base para as nossas ações;
- Defende que cada pessoa é um fim em si mesmo e não apenas um meio para os fins de outra
pessoa;
Immanuel Kant 1724-1804 (Königsberg )
(Imagens Google)
-O valor moral de uma ação depende, única e exclusivamente da aceitação moral da regra. Devemos
agir por obediência a regras;
-Uma ação só tem valor moral se existir uma razão moralmente válida que a justifique.
Exemplo: para Kant omitir é errado ainda que do ato de omitir resultem benefícios.
Kant pergunta: qual foi a intenção da ação?

1.3.1. Teoria utilitarista
Teorias consequencialistas - Utilitarismo

É a teoria mais relevante baseada nas consequências.
Princípio do utilitarismo
Devemos proceder sempre de forma a obter o máximo benefício possível ou
o menor prejuizo possivel (quando só é possível obter resultados não desejados). John Stuart Mill 1806-1873
(Imagens Google)
- As ações devem ser medidas pelo bem maior para o maior número de pessoas.
- As ações são boas na medida em que se aproximam desta finalidade.
- O bem maior deve ser considerado em função do valor intrínseco total da ação.
S. Mill Pergunta: quais as consequências boas ou más desta ação, nestas circunstâncias?
Ex: Omitir informação não é errado por princípio, mas em função das consequências.
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1.3.2. Modelo principialista
Modelo principialista
Enuncia quatro princípios fundamentais do agir humano:
- Princípio da Beneficência
- Princípio da Não-maleficência
- Princípio da Justiça Ponto de partida para o
- Princípio do Respeito pela Autonomia processo de raciocínio …
“Os Princípios constituem referenciais que alertam para a necessidade de não ser maleficente, de ser justo, de
respeitar a autonomia das pessoas e de ser beneficente para com elas, porém determinar como essas
orientações se dão na realidade é tarefa para o discernimento e o equacionamento éticos.”
Oguisso & Zoboli, (2017, p.123)

Modelo principialista – Princípio da beneficência
Refere-se à obrigação moral de atuar em benefício do outro. Estabelece a primazia de fazer o

bem.
A beneficência é a razão fundamental do agir nos cuidados de saúde.
“…dever de fazer o bem, de ajudar o outro a obter o que é para seu benefício”
Ordem dos Enfermeiros (2005, p.90)
1. Deve prevenir-se o dano ou o mal

2. Deve evitar-se o dano ou o mal
3. Deve promover-se o bem
Beneficência Positiva - requer que o agente (profissional) forneça benefícios ao outro (utente).
Utilidade - requer que o agente (profissional) faça um balanço entre os benefícios, riscos e custos
para produzir os melhores resultados (no utente).

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Regras morais
1. Proteger e defender os direitos dos outros;
2. Prevenir que suceda algum dano aos outros;
3. Suprimir as condições que podem produzir prejuízo a outros;
4. Ajudar as pessoas com incapacidades;
5. Resgatar as pessoas em perigo.

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Modelo principialista – Princípio da não-maleficência
Obrigação moral de não causar dano com intencionalidade
“primum non nocere” - ”em primeiro lugar, não causar dano”
1. Não causar dano

2. Proteger do dano
(Dano no sentido de prejuízo objetivo, principalmente no estado de saúde)

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Modelo principialista – Princípio da justiça
Refere-se ao tratamento igual e justo dos indivíduos.
- Justiça distributiva - distribuição igual, equitativa e apropriada na sociedade, determinada por

normas justificadas que estruturam os termos da cooperação social.
Equidade: o que é merecido - igualdade de resultados para os grupos;
Titularidade: o que cada um tem direito.
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Modelo principialista – Princípio da justiça
- A pessoa tem de ser tratada como um fim em si mesma e não como um meio para
atingir um fim;
- Dever de evitar discriminação com base no sexo, idade, género, raça ou religião.

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Modelo principialista – Princípio do respeito pela autonomia
- Prescreve o respeito pela legítima autonomia do ser humano, pelas suas escolhas e decisões;
Ser autónomo é ≠ de ser respeitado como agente autónomo
- Respeitar a autonomia da pessoa deriva do reconhecimento de que toda a pessoa tem um valor
incondicional e a capacidade de determinar o seu próprio destino;
- Não respeitar a autonomia de um indivíduo significa tratá-lo como um simples meio, é não ter
em conta os seus objetivos e sim os objetivos dos outros.

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O Respeito pela Autonomia exige:
1. Que se reconheça o direito do sujeito moral a ter os seus próprios pontos de vista;
2. De fazer as suas próprias opções;
3. Decidir em conformidade com os seus valores e crenças.
Todas as teorias concordam que há 2 condições essenciais à autonomia:
Liberdade (atuar independentemente do controlo de influências);

Ser agente (ter a capacidade de atuar intencionalmente).

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- Uma pessoa autónoma atua livremente de acordo com um plano próprio.
- Uma pessoa com défice de autonomia ou é controlada por outros (pelo menos em algum
aspeto) ou é incapaz de deliberar ou agir em função dos seus desejos e planos.
- A pessoa com défice de autonomia no geral, pode em algumas ocasiões realizar atos autónomos.
Condições que podem limitar o exercício da Autonomia
Internas: Dor, fadiga, medo e ansiedade, falta de conhecimentos.

Externas: Dependência física, económica e psicológica de outras pessoas.
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(Princípios morais)
Princípios morais - Fidelidade
A relação estabelecida entre profissional e o cliente é baseada na lealdade e na confiança -

relação fiduciária.
O profissional tem a responsabilidade/obrigação de:

- zelar pelo bem-estar do cliente;
- cumprir com os compromissos;
- manter a confidencialidade.
Meara, Schmidt & Day (1996)
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Princípios morais - Veracidade
Refere-se à transmissão da verdade.

A informação devem ser transmitidas de forma precisa, abrangente e objetiva para
facilitar a sua compreensão e aceitação.
- Dever de dizer a verdade;
- Capacidade de alguém dizer a verdade.
Como, Quando, Quem
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Princípios morais - Veracidade
Respeito pela pessoa
Argumentos
Fidelidade e cumprimento de promessas
justificativos do dever
da veracidade
Confiança
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Princípios morais - Vulnerabilidade
Algumas pessoas (crianças, adolescentes, pessoas com doença mental, idosos,

pessoas em coma…) estão particularmente frágeis ao ponto da sua integridade
física e/ou psicológica estar ameaçada.
necessitam de cuidados especiais e de proteção permanente
Serrão & Nunes (1998)
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“Na aplicação e no avanço do conhecimento científico, da prática médica e das

tecnologias associadas, deve ser tomada em consideração a vulnerabilidade
humana. Indivíduos e grupos de vulnerabilidade especial devem ser protegidos e
a integridade pessoal de tais indivíduos deve ser respeitada.”
Artigo 8, “Respect for Human Vulnerability and Personal Integrity”, UNESCO, Universal Declaration on Bioethics and Human Rights, 2005
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O princípio da vulnerabilidade exprime uma obrigação da ação de:
- Proteção adequada da vulnerabilidade, numa ação positiva que varia de

acordo com as necessidades específicas da pessoa ou grupo;
- Respeito pela condição de vulnerabilidade, numa ação negativa de não

ferir e positiva de zelar, de cuidar.
Neves (2006)
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(Caso)
Caso: Dª Maria e os estudantes Ana e José

A D.ª Maria tem 69 anos e, até ao último outono, viveu e dirigiu sozinha a sua vida com apoio social. Atualmente está
internada, sofreu uma queda e foi operada (colocada uma prótese da anca) estando prevista a alta hospitalar muito em breve.
Tem indicação no processo de “ONR" ("Não reanimar") caso tenha uma paragem cardíaca, o que não foi discutido com ela.
Uma estudante de enfermagem, Ana, e um estudante de serviço social, José, estão familiarizados com o caso da D.ª Maria.
José acha que a Dª Maria deveria estar envolvida na decisão sobre se ela deseja que lhe façam as manobras de reanimação. Ele
acha que é uma discussão delicada mas permitiria descobrir a opinião da Dª Maria sobre o assunto. Ana acha que a Dª Maria
não deveria ser envolvida em tal discussão, e que ela pode ficar aborrecida se lhe for feita a pergunta, o que pode ser prejudicial
à sua recuperação.
Questão: Adaptado de: Hawley, G. (2007)

Quem em vosso entender tem razão, Ana ou José?
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(Caso)
Questões
- No caso, a D.ª Maria exerceu a sua autonomia na decisão sobre as manobras de reanimação?
- Consideram que a autonomia da senhora foi respeitada?
- Consideram que a proposta do José cumpria o princípio da beneficência?
- Consideram que o princípio da justiça seria cumprido?
- Consideram que o princípio da não-maleficência seria mantido?
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(Caso)
Proposta de resolução
A Dª Maria não foi respeitada na sua autonomia e, portanto, o princípio do respeito pela autonomia não foi
confirmado. A Dª Maria tem 69 anos e não é mencionado nenhum outro problema de saúde, logo, não havia
necessidade de colocar a indicação de ordem ONR no seu processo.
O José está correto, esta ordem precisa de ser discutida com ela, o que significa que o princípio da
beneficência seria então cumprido. Em relação à justiça, este princípio não foi cumprido, pois ao ser
colocada a indicação de ONR não foi tratada de igual forma a uma pessoa jovem.
Da mesma forma, não seria atendido o principio da não-maleficência, pois ao não serem realizadas as
manobras de reanimação em caso de paragem cardíaca súbita devido unicamente à ordem ONR estar-se-ia a
causar dano.
Analisar a situação através dos princípios éticos permite uma maior compreensão sobre a mesma.
Adaptado de: Hawley, G. (2007)
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Bibliografia
- Beauchamp, T., & Childress, J. (2002). Princípios de ética biomédica. São Paulo, Brasil: Loyola.
- Butts, J. B., & Rich, K. L. (2015). Nursing ethics: Across the curriculum and into practice (4th ed.). Boston, USA: Jones & Bartlett Publishers.
- Deodato, S. (2008). Responsabilidade profissional em enfermagem: valoração da sociedade. Coimbra, Portugal: Edições Almedina.
- Ellis, P. (2019). Understanding ethics for nursing students. London: Learning Matters
- Neves, M. C. P. (2016). Ética: dos fundamentos às práticas. Lisboa. Portugal: Edições 70.
- Lei nº 156/2015, de 16 de setembro. Diário da República nº 181/2015 - I Série. Assembleia da República. Lisboa, Portugal.
- Thompson, I. E., Melia, K. M., & Boyd, K. M. (2008). Ética em Enfermagem (4ª Ed.). Loures, Portugal: Lusociência.
- Rodrigues, R. (2022). Ética em cuidados de saúde. In M. Frederico & F. Sousa (Coord.), Gerir com Qualidade em Saúde (Cap. 3, pp.29-37). Lisboa: Portugal: Lidel- Edições Técnicas,
Lda
- Rodrigues, R., Tanqueiro, T., & Mendes, I. (2022). Ética e Responsabilidade Profissional. In P., Parreira et al. (Orgs.), Gestão nas Organizações de Saúde: Matriz Organizacional, Política
e Assessoria, Volume 1 (Cap. 7, pp.282-304).
- Dellis, P. (2019). Understanding ethics for nursing students. London: Learning Matters.
- Hawley, G. (2007). Ethics in Clinical Practice: An Inter-Professional Approach (1st ed.). Abingdon-on-Thames, UK: Routledge.
- Lei nº 156/2015 de 16 de setembro. Diário da República nº 181/2015 - I Série. Assembleia da República. Lisboa.
- Meara, N., Schmidt, L. & Day, J. (1996). Principles and virtues: a Foundation for ethical decisions, policies, and character. The counseling psychologist. 24(1), 4-77.
- Neves, A. (2006). Sentidos da vulnerabilidade: característica, condição, princípio. Revista Brasileira de Bioética, 2(2), 157-172.
- Oguisso, T., & Zoboli, E. (2017). Ética e bioética: desafios para a enfermagem e a saúde (2ª ed.). Barueri SP, Brasil: Editora Manole.
- Serrão, D. & Nunes, R. (1998). Ética em cuidados de saúde. Porto, Portugal: Porto Editora.
- UNESCO (2005). Universal Declaration on Bioethics and Human Rights,
recuperado de https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000146180_por
Trabalho autónomo proposto: 4 horas

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Licenciatura em Enfermagem
2023-2024
Bom estudo!
45/45

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Ética e Deontologia I

ESEnfC 2023-2024 - 1º Ano 1º Semestre

(Anote as suas respostas)

ÉTICA provém do grego ethos, tem dois significados:

Aristóteles considerava os dois termos

A ética procura que os atos humanos se orientem na procura da retidão,

A retidão será a concordância das ações humanas com a verdade e o bem, e

A ética profissional enquadra-se num âmbito especial/particular.

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Dedica-se à racionalização do comportamento humano:

- Define parâmetros sobre o que é agir bem

Ética e deontologia I 2021-2022 06/45

Do grego Mos, Moris que significa hábito ou costume social

- Conjunto de regras de comportamento consideradas como universalmente válidas, que orientam o

Ética e deontologia I 2021-2022 07/45

Ética vs. Moral

Refere-se ao agir humano-racionalidade do agir Refere-se à normatividade da ação

Ética e deontologia I 2021-2022 08/45

Aglutinação das palavras gregas Déon e Logos

disciplinar a actividade profissional;

Ética e deontologia I 2021-2022 09/45

Relação entre ética, moral e deontologia

- Estabelece as regras de uma sociedade delimitada pelas fronteiras do Estado;

- O Direito Civil, referencial utilizado em Portugal, baseia-se na lei escrita;

- A Common Law, dos países anglo-saxónicos, baseia-se na jurisprudência. As

- O Direito Civil é mais estático e a Common Law mais dinâmica.

Bio (vida) + ethos (relativo à ética)

Significa uma ética aplicada à vida, é uma ética aplicada e transdisciplinar.

Os valores estão no cerne da diversidade do comportamento humano e são expressos

1 - Escreva quatro valores fundamentais para si enquanto pessoa;

2 - Considere/escreva os motivos que o trouxeram para a enfermagem;

3 - Que valores são fundamentais para que seja um bom enfermeiro/a?

conforme o contexto vivido ou escolha realizada.

Informam a tomada de decisão ética

Até as decisões tomadas rapidamente em resposta a

Teorias consequencialistas – o critério para avaliar a

Teorias deontológicas - o critério para avaliar a moralidade

Ética e deontologia I 2021-2022 21/45

- Refere-se às teorias que consideram que uma ação correta ou

Escolher a ação que tem as melhores consequências globais

Beauchamp & Childress (2009)

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Teorias consequencialistas - Utilitarismo

Enuncia quatro princípios fundamentais do agir humano:

Beauchamp & Childress (2009)

Ética e deontologia I 2021-2022 25/45

Modelo principialista – Princípio da beneficência

Refere-se à obrigação moral de atuar em benefício do outro. Estabelece a primazia de fazer o

1. Deve prevenir-se o dano ou o mal

Modelo principialista – Princípio da beneficência

Beauchamp & Childress (2009)

Modelo principialista – Princípio da beneficência

Beauchamp & Childress (2009)

Modelo principialista – Princípio da não-maleficência

Obrigação moral de não causar dano com intencionalidade

“primum non nocere” - ”em primeiro lugar, não causar dano”

1. Não causar dano

(Dano no sentido de prejuízo objetivo, principalmente no estado de saúde)

Beauchamp & Childress (2009)

Modelo principialista – Princípio da justiça

Refere-se ao tratamento igual e justo dos indivíduos.

- Justiça distributiva - distribuição igual, equitativa e apropriada na sociedade, determinada por

Equidade: o que é merecido - igualdade de resultados para os grupos;