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1. Introdução

Ética ou Moral, segundo Reis Monteiro (2005), é a disciplina cujo objeto são os valores
morais, referindo-se ambas às atitudes/comportamentos. Primeiramente, até meados do
século XX era utilizado o termo “moral”, sendo o de “ética” apenas para uso filosófico.
Nos dias de hoje, ambos os termos são utilizados como sinónimos. Existem alguns
autores que ainda hoje fazem a sua distinção usando o termo de “moral” para definir o
“quê das regras e comportamentos de uma comunidade humana” (p. 29) e de “ética”
para definir a “reflexão sobre o seu por que, em geral” (p. 29).

Os conceitos abordados neste trabalho são muito importantes nas acções do homem,
pois separam o mal do bem e regulam o comportamento humano no convívio social e
no ambiente de trabalho.

2. Objetivos

2.1. Geral

 Compreender o paralelismo entre a moral, a ética e a deontologia.

2.2. Específicos

 Conceituar os termos moral, ética e deontologia;


 Explicar a abordagem paralela de moral, ética e deontologia.

3. Metodologias

Para a realização deste trabalho a metodologia usada foi a consulta bibliográfica, que
consistiu na leitura de diversas obras que falam acerca do tema e alguns artigos e
manuais na internet procurando coletar informações sobre o assunto em estudo.
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4. Abordagem paralela de moral, ética e deontologia

4.1. Ética

4.1.1.Conceito de ética

Do ponto de vista etimológico, ética deriva da palavra “ethos” que significa “costumes”.
Mais tarde, este conceito veio também integrar as noções de bem, mal, certo e errado
(Marques, 2008).

Para Dórey da Cunha (1996), ética pode definir-se como “articulação racional do bem”,
estando sempre relacionada com uma determinada cultura. A ética pressupõe que exista
uma ligação com as ciências que estudam as relações e comportamentos dos seres
humanos em sociedade – psicologia, antropologia, sociologia.

Segundo Marques (2008), “as escolas são comunidades éticas, ou seja, onde as pessoas
se mantêm juntas e colaboram entre si através do respeito de um conjunto de costumes e
virtudes que dão coesão à comunidade e ajudam os seus membros a crescer como
pessoas (pp. 38-39)”.

Assim, a palavra ética pode utilizar-se em sentidos distintos. Por um lado, pode referir-
se à ordem moral, entendida como a totalidade do dever moral. Por outro lado, pode
ainda ser entendida no sentido de estrutura fundamental das ideias morais ou éticas, que
são reconhecidas por uma pessoa ou por um grupo. Por último, entende-se ainda no
sentido de conduta moral efetiva.

Ética e moral são conceitos que comumente são apresentados indistintamente na


linguagem corrente, mas que se podem distinguir. Estrela (2010) esclarece que a ética se
refere aos princípios gerais, ao passo que a moral aparece associada a normas e
obrigações, que resultam da aplicação desses princípios a situações específicas.

Os princípios éticos são diretrizes pelas quais o homem, enquanto ser racional e livre,
rege o seu comportamento. O que significa que a ética apresenta, em simultâneo, uma
dimensão teórica (estuda o "bem" e o "mal") e uma dimensão prática (diz respeito ao
que se deve fazer).
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Ajuda o indivíduo a explicar as razões das suas ações e a assumir as respetivas

consequências.

A ética é, assim, uma filosofia prática que procura regulamentar a conduta tendo em
vista o desenvolvimento humano. Porque procura aperfeiçoar o homem através da ação
e por isso procura que os atos humanos se orientem pela retidão, isto é, a concordância
entre as ações e a verdade ou o bem. Nesta medida, a ética é uma racionalização do
comportamento humano, ou seja, um conjunto de princípios obtidos através da razão e
que apontam o caminho certo para a conduta. Por isso se diz, como Aristóteles, que o
homem é um animal racional. Uma vez que não existem regras de comportamento
aplicáveis a todas as situações e a todo o momento, a ética tem a função de fornecer
princípios operativos, normas, valores para a atuação, que o homem vai aplicar, de uma
forma evolutiva, utilizando a sua razão, procurando em permanência as melhores
soluções para os problemas que se lhe colocam.

4.1.2. Tipos de Ética

Estudos teóricos da Filofofia Moral subdividem a Ética em diversas categorias, as


principais são três: Ética Descritiva, Ética Metaética e Ética Normativa. Entenda mais
sobre elas:

Ética Descritiva

Descreve o que é o Bem e o que é o Mal, através da apreensão empírica dos fenômenos
morais. Não há posicionamento normativo.

Metaética

É abstrata e epistemológica, seu objetivo é investigar a natureza dos valores, dos juízos
morais (bem/Mal); e os significados da linguagem avaliativa (das estruturas do
discurso), métodos e lógica.

Ética Normativa

Procura racionalmente configurar o campo prático da moral num estudo “histórico-


filosófico ou conceitual” (Bitta) sobre normas morais das sociedades, desenvolvendo
critérios – o foco das problemáticas é a ação-moral.
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As principais correntes de pensamento e discussões ético-normativas podem ser


divididas em duas correntes de pensamento teórico: Ética Normativa Teleológica (ou
Ética Consequêncialista) e Ética Normativa Deontológica.

Ética Deontológica

Com origem do grego déon, dever – também chamada de Teoria do Dever, foca-se nas
intenções e no valor da ação/regra, que devem corresponder às aspirações morais
internas de cada indivíduo.

Foi o filósofo Immanuel Kant quem começou traçar os caminhos para uma
sistematização teórica da Ética Deontológica dentro da Filosofia Moral , argumentava
que nossas obrigações morais devem derivar do imperativo categórico formulado como
se fosse uma Lei Universal:

“Age somente em concordância com aquela máxima através da qual tu possas ao


mesmo tempo querer que ela venha a se tornar uma lei universal da humanidade. (Kant)

A Ética kantiana é compreendida como uma ética formal que apresenta indicações
gerais da ação, não normas rígidas de conduta. As indicações sugerem para pensarmos
em nós como legisladores autônomos, formadores de nossas próprias leis e máximas,
baseados nos imperativos categóricos. Defendia que uma ação era ética-moral quando
realizada com sentimento pleno de dever (moral), reconhecendo o outro sempre como
um fim em si mesmo, nunca como um meio. Nessa perspectiva o valor das
consequências é independente da ação.

Ética Teleológica

Do grego teleos, fim – também denominada de Ética Consequêncialista, é a ética, como


o próprio nome sugere, que valoriza as conseqüências, os fins da ação. Em oposição à
Ética Deontológica, na ação a intenção é o menos importante, as conseqüências é que
devem ser boas. E o bom é considerado o fim natural, a felicidade.

Os defensores desta ética – Aristóteles, Sócrates, Platão, Epicuro, Stuart Mill ,


Bentham, Hare, Singer e etc – alegavam que todos os homens se devem reger por esta
finalidade, as melhores opções são as que oferecem melhores resultados.
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A doutrina ética utilitarista é um bom exemplo da Ética Teleológica, seus pressupostos


prescreve que o objetivo último de toda ação humana é a felicidade – “Agir sempre de
forma a produzir a maior quantidade de bem-estar”.

4.2. Moral

4.2.1. Conceitos de Moral

Abordámos já o conceito de moral aquando da exploração do termo “ética”. São dois


conceitos que se relacionam, mas que importa distinguir. A origem etimológica da
palavra moral é “mos”, “mores”, que se refere ao conjunto de normas adquiridas por
hábito.

Para Baptista (2011) a moral corresponde “ao plano de realização histórica da ética,
remetendo para as dimensões normativas e imperativas da acção valorizadas pela
tradição deontológica de inspiração kantiana” (p.9)

4.2.2. Níveis de desenvolvimento moral

Segundo Lourenço (2002: 96-118), Kohlberg (1984) identificou três níveis de


desenvolvimento moral:

Moralidade pré-convencional é o primeiro nível que corresponde à moralidade


heterônoma de Piaget. Este primeiro nível divide-se em dois estádios: a moral do
castigo (orientação para o castigo e para a obediência), e a moral do interesse
(orientação calculista, pragmática e individualista). É, então, neste nível de raciocínio
moral que a justiça e a moralidade das pessoas se resumem a um conjunto de normas
externas a que se obedece para evitar o castigo.

Moralidade convencional é o segundo nível, tal como o anterior, também se subdivide


em dois estádios – a moral do coração (orientação para uma moralidade pessoal e
relacional), e a moral da lei (orientação para a manutenção da ordem, consciência e
imparcialidade do sistema social) – onde as pessoas já interiorizaram as normas e as
expectativas morais havendo conformidade em relação às normas sociais e morais
vigentes. Portanto, neste nível, o sujeito já pensa as questões morais de acordo com o
que a sociedade aceita e partilha, já procura cumprir os seus deveres e reclamar os seus
direitos, respeitando a ordem estabelecida.
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Moralidade pós-convencional é o último nível, divide-se em dois estádios – a moral


do relativismo da lei (orientação para o contrato social, o relativismo da lei e para a
universalidade dos princípios), e a moral da razão universal (orientação para os
princípios éticos universais, reversíveis, prescritivos e auto escolhidos). Neste nível, o
valor moral das ações das pessoas já depende mais da sua conformidade a princípios
éticos universais, por exemplo, o direito à vida, à liberdade. As normas já são
compreendidas na sua relatividade, salvaguardando o respeito em contextos concretos,
pelos princípios éticos morais.

4.2.3. Tipos de Moral

Existem quatro princípios relacionados com o termo moral, os quais são denominados
os tipos de moral conforme segue:

Imoralidade: o ato imoral é promovido por pessoas que sabem caracterizar moral,
porém não obedecem a seus princípios.

Amoralidade: a atitude amoral é exercida por indivíduos que praticam sem ao menos
saber quais são as características da moral, ou seja, pessoas não sabem ou não entendem
o que quer dizer moral.

Moralismo: os moralistas são pessoas que costumam pregar sobre a moral e praticá-la
rigorosamente, além de buscarem que todos os demais cumpram com os princípios da
mesma.

Falso moralismo: quando o indivíduo que fala sobre moral e prega os bons costumes
não pratica o que diz.

4.3. Deontologia

4.3.1. Conceito Deontologia

Do ponto de vista etimológico, o termo deontologia deriva do grego “deonta” (dever) e


“logos” (razão). Este conceito foi introduzido por Jeremy Bentham em 1834 (Baptista,
2011), tendo hoje do seu lado a expressão “Ética Profissional”. Estas duas são um
“código de princípios e deveres (com os correspondentes direitos) que se impõe a uma
profissão e que ela se impõe a si própria inspirada nos seus valores fundamentais” (Reis
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Monteiro, 2005, p. 24). Sublinha ainda que estes valores não podem ser distintos dos
valores da sociedade em que determinada profissão se insere, nem dos valores
universais.

Os conceitos de ética profissional e deontologia são muitas vezes utilizados


indiferentemente quando se reporta à teoria dos deveres profissionais. Estrela (2010)
apresenta uma distinção para as duas expressões, dizendo que a deontologia se pode
considerar como uma ética aplicada às situações profissionais, enquanto a ética tem um
carácter mais geral, distinguindo-se pela “anterioridade lógica [assim] como pela
extensão desta em relação à deontologia, visto que está presente nos mínimos aspectos
do acto educativo (…)” (pp. 69-70).

Atualmente, a deontologia refere-se ao conjunto normativo de imposições que deve


nortear uma atividade profissional, de modo a obter um tratamento constante e justo a
tantos quantos recorrem a esse bem ou serviço.

O objetivo da deontologia é reger os comportamentos dos membros de uma profissão


para alcançar a excelência no trabalho, tendo em vista o reconhecimento pelos pares,
garantir a confiança do público e proteger a reputação da profissão. Trata-se, em
concreto, do estudo do conjunto dos deveres profissionais estabelecidos num código
específico que, muitas vezes, propõe sanções para os infratores. Melhor dizendo, é um
conjunto de deveres, princípios e normas reguladoras dos comportamentos exigíveis aos
profissionais, ainda que nem sempre estejam codificados numa regulamentação jurídica.
Isto porque alguns conjuntos de normas não têm uma função normativa (presente nos
códigos deontológicos), mas apenas reguladora (como, por exemplo, as declarações de
princípios e os enunciados de valores).

Neste sentido, a deontologia é uma disciplina da ética especialmente adaptada ao


exercício de uma profissão. Em regra, os códigos de deontologia têm por base grandes
declarações universais e esforçam-se por traduzir o sentimento ético expresso nestas,
adaptando-o às particularidades de cada profissão e de cada país. As regras
deontológicas são adoptadas por organizações profissionais, que assume a função de
"legisladora" das normas e garante da sua aplicação. Os códigos de ética são
dificilmente separáveis da deontologia profissional, pelo que é frequente os termos ética
e deontologia serem utilizados como sinónimos, tendo apenas origem etimológica
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distinta. Muitas vezes utiliza-se mesmo a expressão anglo-saxônica Professional ethics


para designar a deontologia.
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5. Conclusão

Ser um indivíduo socialmente social é ter os princípios éticos dentro de si porque é a


capacidade de conhecer o mal e o bem e abster-se do mal e fazer sempre o bem de
acordo com a moral ou os códigos ou normas pré-estabelecidas numa determinada
sociedade.

A ética e moral são dois conceitos que andam sempre juntos, o primeiro conceito esta
relacionado com a parte da filosofia que estuda a moral e o segundo é a ciência que trata
do bem e das acções humanas em termos de bondade ou maldade.

Os conceitos de ética profissional e deontologia são muitas vezes utilizado


indiferentemente quando se reporta à teoria dos deveres profissionais. Estrela (2010)
apresenta uma distinção para as duas expressões, dizendo que a deontologia se pode
considerar como uma ética aplicada às situações profissionais, enquanto a ética tem um
carácter mais geral, distinguindo-se pela “anterioridade lógica [assim] como pela
extensão desta em relação à deontologia, visto que está presente nos mínimos aspectos
do acto educativo”.
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6. Referências bibliográficas

BAPTISTA, I. (2011).Ética, Deontologia e Avaliação do Desempenho Docente.

Coleção Cadernos do CCAP – 3. Lisboa: Ministério da Educaçã .

BOFF, Leonardo (2003). "A ética e a formação de valores na sociedade". In: Reflexão.

São Paulo: Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social.

BRANCO, Samuel Murgel (2002). "Ética e meio ambiente". In: José de Ávila Aguiar

Coimbra (org.). Fronteiras da Ética . São Paulo: Editora SENAC.

D’OREY DA CUNHA, P. (1996). Ética e Educação. Lisboa: Universidade Católica

Portuguesa.

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