Você está na página 1de 15

RAVEN – International Security Academy, Lda.

Ética na Protecção Pessoal

ÉTICA NA PROTECÇÃO PESSOAL

Objectivos específicos:

A. Ética Geral / Pessoal


1. Definição de Ética
2. Diferença entre Ética e Moral
3. Diferença entre Ética e Deontologia Profissional
4. Diferença entre a Ética e a Lei.
5. A Ética e o comportamento pessoal na vida quotidiana

B. Ética Profissional
1. Noção de Ética Geral / Pessoal
1.2 Noção de Ética Profissional
1.3 Trabalho Profissional
1.4 Sigilo Profissional
1.5 Profissionalismo e Dimensão Humana
1.6 Gestão de Conflitos Interpessoais
2. Direitos e Deveres do Profissional
2.1 As Classes Profissionais
2.2 As Virtudes Profissionais
3. O Código de Ética Profissional
3.1 Normas de conduta
a) A Protecção dos “Guardados” (do Principal)
b) O Interesse Público
c) A Salvaguarda dos Bens Patrimoniais
d) A Lealdade
e) Confidencialidade e Sigilo Profissional
f) Responsabilidade Profissional
g) Relações Interpessoais
h) Relações com o “Guardado” (o Principal)
i) Relação com Terceiros
j) Relações com a Comunicação Social

DG.038/02 Página 1 de 15
RAVEN – International Security Academy, Lda. Ética na Protecção Pessoal

Objectivos Principais da Ética:

1º Transmitir a Ética aos formandos com vista à sua vida pessoal e com vista ao seu
comportamento profissional;

2º Integrar os formandos nos objectivos de uma empresa de segurança

3º Incutir nos formandos a responsabilidade concreta da protecção pessoal

ÉTICA PESSOAL

ÉTICA PESSOAL, MORAL E ÉTICA PROFISSIONAL

A palavra Ética é originada do grego ethos, que significa modo de ser, carácter. Através do
latim mos (ou no plural mores), que significa costumes, derivou-se a palavra moral. Em
Filosofia, Ética significa o que é bom para o indivíduo e para a sociedade, e o seu estudo
contribui para estabelecer a natureza dos deveres no relacionamento indivíduo - sociedade.

Define-se Moral como um conjunto de normas, princípios, preceitos, costumes, valores que
norteiam o comportamento do indivíduo no seu grupo social. Moral e ética não devem ser
confundidos: enquanto a moral é normativa, a ética é teórica e procura explicar e justificar os
costumes de uma determinada sociedade, bem como fornecer subsídios para a solução dos
seus dilemas mais comuns. Porém, deve deixar-se claro que etimologicamente "ética" e
"moral" são expressões sinónimas, sendo a primeira de origem grega, enquanto a segunda é a
sua tradução para o latim.

A ética também não deve ser confundida com a Lei, embora com certa frequência a lei tenha
como base princípios éticos. Ao contrário do que ocorre com a lei, nenhum indivíduo pode ser
compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer
qualquer sanção pela desobediência destas; por outro lado, a lei pode ser omissa quanto a
questões abrangidas no escopo da ética.

Modernamente, a maioria das profissões têm o seu próprio Código de Ética Profissional, que é
um conjunto de normas de cumprimento obrigatório, derivadas da ética, frequentemente
incorporados à lei pública. Nesses casos, os princípios éticos passam a ter força de lei; note-se
que, mesmo nos casos em que esses códigos não estão incorporados à lei, o seu estudo tem
alta probabilidade de exercer influência, por exemplo, em julgamentos nos quais se discutam

DG.038/02 Página 2 de 15
RAVEN – International Security Academy, Lda. Ética na Protecção Pessoal

factos relativos à conduta profissional. Além disso, o seu não cumprimento pode resultar em
sanções executadas pela sociedade profissional, como censura pública e suspensão temporária
ou definitiva do direito de exercer a profissão.

Tanto “ethos” (carácter) como “mos” (costume) indicam um tipo de comportamento


propriamente humano que não é natural, o homem não nasce com ele como se fosse um
instinto, mas que é “adquirido ou conquistado por hábito” (VÁZQUEZ). Portanto, ética e moral,
pela própria etimologia, diz respeito a uma realidade humana que é construída, histórica e
socialmente, a partir das relações colectivas dos seres humanos nas sociedades onde nascem e
vivem.

ÉTICA E DEONTOLOGIA
Do grego “ethiké” ou do latim “ethica” (ciência relativa aos costumes), ética é o domínio da
filosofia que tem por objectivo o juízo de apreciação que distingue o bem e o mal, o
comportamento correcto e o incorrecto. Os princípios éticos constituem-se enquanto
directrizes, pelas quais o homem rege o seu comportamento, tendo em vista uma filosofia
moral dignificante. Os códigos de ética são dificilmente separáveis da deontologia profissional,
pelo que não é pouco frequente os termos ética e deontologia serem utilizados
indiferentemente.

O termo Deontologia surge das palavras gregas “déon, déontos” que significa dever e “lógos”
que se traduz por discurso ou tratado. Sendo assim, a deontologia seria o tratado do dever ou
o conjunto de deveres, princípios e normas adoptadas por um determinado grupo profissional.
A deontologia é uma disciplina da ética especial adaptada ao exercício da uma profissão.

Existem inúmeros códigos de deontologia, sendo esta codificação da responsabilidade de


associações ou ordens profissionais. Regra geral, os códigos deontológicos têm por base as
grandes declarações universais e esforçam-se por traduzir o sentimento ético expresso nestas,
adaptando-o, no entanto, às particularidades de cada país e de cada grupo profissional. Para
além disso, estes códigos propõem sanções, segundo princípios e procedimentos explícitos,
para os infractores do mesmo. Alguns códigos não apresentam funções normativas e
vinculativas, oferecendo apenas uma função reguladora. A declaração dos princípios éticos dos
psicólogos da Associação dos Psicólogos Portugueses, por exemplo, é exclusivamente um
instrumento consultivo. Embora os códigos pretendam oferecer uma reserva moral ou uma
garantia de conformidade com os Direitos Humanos, estes podem, por vezes, constituir um

DG.038/02 Página 3 de 15
RAVEN – International Security Academy, Lda. Ética na Protecção Pessoal

perigo de monopolização de uma determinada área ou grupo de questões, relativas a toda a


sociedade, por um conjunto de profissionais.

O Código de Ética é uma referência para a prática profissional. É uma declaração de princípios
que terá a sua expressão na concepção e na execução das mais diversas tarefas, nos
comportamentos e nos contextos do exercício da actividade.

RESUMO

1. O que é a Ética Pessoal / Geral?

2. O que é e para que serve um Código de Ética profissional?

ÉTICA GERAL OU PESSOAL – É um domínio da Filosofia (teoria) que tem por objectivo o juízo de
apreciação que distingue o bem e o mal, o comportamento correcto e incorrecto, o modo de
ser, o carácter, o comportamento, a postura das pessoas.

MORAL – É o conjunto de normas morais, princípios, preceitos, costumes, valores que


norteiam o comportamento do indivíduo no seu grupo social, na sociedade.

LEI – É um conjunto de normas estabelecidas pelo Estado, cuja desobediência traz


sanções/penas para os infractores.

CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL – É um conjunto de normas de cumprimento obrigatório com


a aprovação da Lei Pública, cujo não cumprimento pode resultar em sanções executadas pela
sociedade profissional.

ÉTICA PROFISSIONAL

ÉTICA PROFISSIONAL
Muitos autores definem a Ética Profissional como sendo um conjunto de normas de conduta
que deverão ser postas em prática no exercício de qualquer profissão. Seria a acção
"reguladora" da ética agindo no desempenho das profissões, fazendo com que o profissional
respeite o seu semelhante quando no exercício da sua profissão.
A ética profissional estudaria e regularia o relacionamento do profissional com a sua clientela,
visando a dignidade humana e a construção do bem-estar no contexto sócio-cultural onde
exerce a sua profissão.

DG.038/02 Página 4 de 15
RAVEN – International Security Academy, Lda. Ética na Protecção Pessoal

Ela atinge todas as profissões e quando falamos de ética profissional estamos a referir-nos ao
carácter normativo e até jurídico que regulamenta determinada profissão a partir de estatutos
e códigos específicos. Assim, temos a ética médica, do advogado, do biólogo, etc.
Acontece que, em geral, as profissões apresentam a ética firmada em questões muito
relevantes que ultrapassam o campo profissional em si. Questões como o aborto, pena de
morte, sequestros, eutanásia, SIDA, por exemplo, são questões morais que se apresentam
como problemas éticos - porque pedem uma reflexão profunda - e, um profissional, ao
debruçar-se sobre elas, não o faz apenas como tal, mas como um pensador, um "filósofo da
ciência", ou seja, da profissão que exerce. Desta forma, a reflexão ética entra na moralidade de
qualquer actividade profissional humana.
Sendo a ética inerente à vida humana, a sua importância é bastante evidenciada na vida
profissional, porque cada profissional tem responsabilidades individuais e responsabilidades
sociais, pois envolvem pessoas que dela se beneficiam.
A ética é ainda indispensável ao profissional, porque na acção humana "o fazer" e "o agir"
estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à eficiência que todo o profissional deve
possuir para exercer bem a sua profissão. O agir refere-se à conduta do profissional, ao
conjunto de atitudes que deve assumir no desempenho da sua profissão.
A Ética baseia-se numa filosofia de valores compatíveis com a natureza e o fim de todo o ser
humano, por isso, "o agir" da pessoa humana está condicionado a duas premissas
consideradas básicas pela Ética: "o que é" o homem e "para que vive", logo toda a capacitação
científica ou técnica precisa de estar em conexão com os princípios essenciais da Ética.
Constata-se, então, o forte conteúdo ético presente no exercício profissional e a sua
importância na formação de recursos humanos.

INDIVIDUALISMO E ÉTICA PROFISSIONAL


Parece ser uma tendência do ser humano, como tem sido objecto de referências de muitos
estudiosos, a de defender, em primeiro lugar, os seus interesses próprios e, quando esses
interesses são de natureza pouco recomendável, ocorrem seríssimos problemas.
O valor ético do esforço humano é variável em função do seu alcance face à comunidade. Se o
trabalho executado é só para auferir renda, em geral, tem o seu valor restrito. Por outro lado,
nos serviços realizados com amor, visando o benefício de terceiros, dentro de um vasto raio de
acção, com consciência do bem comum, passa a existir a expressão social do mesmo.
Aquele que só se preocupa com os lucros, geralmente, tende a ter menor consciência de
grupo. Fascinado pela preocupação monetária, a ele pouco importa o que ocorre com a sua
comunidade e muito menos com a sociedade.

DG.038/02 Página 5 de 15
RAVEN – International Security Academy, Lda. Ética na Protecção Pessoal

Como o número dos que trabalham que visam primordialmente o rendimento é grande, as
classes procuram defender-se contra a dilapidação de seus conceitos, tutelando o trabalho e
zelando para que uma luta encarniçada não ocorra na disputa dos serviços. Isto porque ficam
vulneráveis ao individualismo. A consciência de grupo tem surgido, então, quase sempre, mais
por interesse de defesa do que por altruísmo. A tutela do trabalho, pois, processa-se pelo
caminho da exigência de uma ética, imposta através dos conselhos profissionais e de
agremiações classistas. As normas devem ser condizentes com as diversas formas de prestar o
serviço de organizar o profissional para esse fim.
Dentro de uma mesma classe, os indivíduos podem exercer as suas actividades como
empresários, autónomos e associados. Podem também dedicar-se a partes menos ou mais
refinadas do conhecimento. A conduta profissional, muitas vezes, pode tornar-se agressiva e
inconveniente e esta é uma das fortes razões pelas quais os códigos de ética quase sempre
procuram uma maior abrangência.

Sabemos que a conduta do ser humano pode tender ao egoísmo, mas, para os interesses de
uma classe, de toda uma sociedade, é preciso que se acomode às normas, porque estas devem
estar apoiadas em princípios de virtude. Como as atitudes virtuosas podem garantir o bem
comum, a Ética tem sido o caminho justo, adequado, para o benefício geral.

VOCAÇÃO PARA O COLECTIVO


Ao ingressar numa vida inculta, desorganizada, baseada apenas em instintos, o Homem foi-se
organizando na busca de maior estabilidade vital. Foi cedendo parcelas do referido
individualismo para se beneficiar da união, da divisão do trabalho, da protecção da vida em
comum. A organização social foi um progresso, como continua a ser a evolução da mesma, na
definição, cada vez maior, das funções dos cidadãos e tal definição acentua, gradativamente, o
limite de acção das classes.
Parece pouco entendido, por um número expressivo de pessoas, que existe um bem comum a
defender e do qual elas dependem para o bem-estar próprio e o de seus semelhantes,
havendo uma inequívoca interacção que nem sempre é compreendida pelos que possuem
espírito egoísta. Quem lidera entidades de classe bem sabe a dificuldade para reunir colegas,
para delegar tarefas de utilidade geral. Tal posicionamento termina, quase sempre, numa
oligarquia dos que se sacrificam, e o poder das entidades tende sempre a permanecer nas
mãos desses grupos, por longo tempo.
Como o progresso do individualismo gera sempre o risco da transgressão ética, imperativa se
faz a necessidade de uma tutela sobre o trabalho, através de normas éticas. É sabido que uma

DG.038/02 Página 6 de 15
RAVEN – International Security Academy, Lda. Ética na Protecção Pessoal

disciplina de conduta protege todos, evitando o caos que pode imperar quando se outorga ao
indivíduo o direito de tudo fazer, ainda que prejudicando terceiros. É preciso que cada um
ceda alguma coisa para receber muitas outras e esse é um princípio que sustenta e justifica a
prática virtuosa perante a comunidade. O homem não deve construir o seu bem à custa de
destruir o de outros, nem admitir que só existe a sua vida em todo o universo.
Em geral, o egoísta é um ser de curta visão, pragmático quase sempre, isolado na sua
perseguição de um bem que imagina ser só seu.

ÉTICA PROFISSIONAL, PESSOAL E ETIQUETA


A etiqueta integra-se ao exercício de ética profissional, que pauta as relações em todos os
níveis de trabalho em diferentes latitudes, explicando a sua inclusão em formação de pessoal.
É na conceituação da ética como filosofia, que melhor se deduz a importância da prática da
etiqueta e o que ela significa para o desenvolvimento das potencialidades do indivíduo, à
medida que confere segurança aos seus relacionamentos. A ética mexe com a moral, que
parte do núcleo da liberdade pessoal projectando-se nas formas de agir do homem na
sociedade como, por exemplo, roubar e matar são actos, que infringem no mais alto grau as
leis morais. Ética é definida como a acção dos actos humanos, aplicável ao comportamento do
indivíduo em diversos níveis, agindo correctamente em relação a si próprio e ao seu
semelhante. A ética e a etiqueta tratam de comportamento e a sua diferença está ao nível da
acção. A etiqueta como código de regras, que rege o comportamento do ser social fica no nível
mais superficial. É a forma e o jeito de se conduzir de acordo com as normas pré-estabelecidas
numa sociedade visando ser agradável aos outros, como, por exemplo, utilizar a cortesia com
todas as pessoas. Etiqueta é um conjunto harmónico de atitudes, que traz uma estreita relação
entre a parte interna e externa de uma pessoa. Existem ocasiões em que a etiqueta está
presente mesmo quando ninguém conhece as suas regras. Inconscientemente, faz-se uso da
etiqueta quando é agradável e marca positivamente a presença num determinado lugar ou
situação de modo discreto e distinto.
Lembrando que a maioria das pessoas não dá importância devida à etiqueta, nós não nos
devemos enquadrar neste grupo. É imprescindível fazermos parte de um grupo sem mácula e
em certas ocasiões, exige-se comportamentos adequados com pessoas íntimas e estranhas.
Por isso, a etiqueta é sinónimo de elegância, boas maneiras, bons costumes, estilo e distinção
características, que emprestam a vida quotidiana mais harmonia e bem-estar nos ambientes
sociais, profissionais e domésticos determinando um comportamento ideal de todos os
indivíduos.

DG.038/02 Página 7 de 15
RAVEN – International Security Academy, Lda. Ética na Protecção Pessoal

No trabalho e noutras outras situações sociais, convivemos com muitas pessoas diferentes,
portanto, precisamos manter um clima agradável e cordial.

CLASSES PROFISSIONAIS
Uma Classe Profissional caracteriza-se pela homogeneidade do trabalho executado, pela
natureza do conhecimento exigido preferencialmente para tal execução e pela identidade de
habilitação para o exercício da mesma. A classe profissional é, pois, um grupo dentro da
sociedade, específico, definido pela sua especialidade de desempenho de tarefa.
A questão, pois, dos agrupamentos específicos, sem dúvida, decorre de uma especialização,
motivada por selecção natural ou habilidade própria, e hoje constitui-se em inequívoca força
dentro das sociedades.
A formação das classes profissionais decorreu de forma natural, há milénios, e dividiram-se
cada vez mais. Historicamente, atribui-se à Idade Média a organização das classes
trabalhadoras, notadamente as de artesãos, que se reuniram em corporações. A divisão do
trabalho é antiga, ligada que está à vocação e cada um para determinadas tarefas e às
circunstâncias que obrigam, às vezes, a assumir este ou aquele trabalho; ficou prático para o
homem, em comunidade, transferir tarefas e executar a sua.
A união dos que realizam o mesmo trabalho foi uma evolução natural e hoje acha-se não só
regulada por lei, mas consolidada em instituições fortíssimas de classe.

VIRTUDES PROFISSIONAIS
Não obstante os deveres de um profissional, os quais são obrigatórios, devem ser levadas em
conta as qualidades pessoais que também concorrem para o enriquecimento da sua actuação
profissional, algumas delas facilitando o exercício da profissão. Muitas destas qualidades
poderão ser adquiridas com esforço e boa vontade, aumentando, neste caso, o mérito do
profissional que, no decorrer de sua actividade profissional, consegue incorporá-las à sua
personalidade, procurando vivenciá-las ao lado dos deveres profissionais.
Num artigo publicado na Revista EXAME o consultor dinamarquês Clauss MOLLER (1996,
p.103-104), faz uma associação entre as virtudes lealdade, responsabilidade e iniciativa como
fundamentais para a formação de recursos humanos. Segundo Clauss Moller o futuro de uma
carreira depende dessas virtudes. Vejamos porquê.

Responsabilidade
O senso de responsabilidade é o elemento fundamental da empregabilidade. Sem
responsabilidade a pessoa não pode demonstrar lealdade, nem espírito de iniciativa. Uma

DG.038/02 Página 8 de 15
RAVEN – International Security Academy, Lda. Ética na Protecção Pessoal

pessoa que se sinta responsável pelos resultados da equipa terá maior probabilidade de agir
de maneira mais favorável aos interesses da equipa e dos seus clientes, dentro e fora da
organização. A consciência de que se possui uma influência real constitui uma experiência
pessoal muito importante.
É algo que fortalece a auto-estima de cada pessoa. Só pessoas que tenham auto-estima e um
sentimento de poder próprio são capazes de assumir responsabilidade. Elas sentem um
sentido na vida, alcançando metas sobre as quais concordam previamente e pelas quais
assumiram responsabilidade real, de maneira consciente.
As pessoas que optam por não assumir responsabilidades podem ter dificuldades em
encontrar um significado nas suas vidas. O seu comportamento é regido pelas recompensas e
sanções de outras pessoas - chefes e pares. Pessoas desse tipo jamais serão boas integrantes
de equipas.

Lealdade
A lealdade é o segundo dos três principais elementos que compõe a empregabilidade. Um
funcionário leal alegra-se quando a organização ou o seu departamento é bem sucedido,
defende a organização, tomando medidas concretas quando ela é ameaçada, tem orgulho de
fazer parte da organização, fala positivamente sobre ela e a defende contra críticas.
Lealdade não quer dizer, necessariamente, fazer o que a pessoa ou organização à qual se quer
ser fiel quer que façamos. Lealdade não é sinónimo de obediência cega. Lealdade significa
fazer críticas construtivas, mas mantê-las dentro do âmbito da organização. Significa agir com
a convicção de que o nosso comportamento vai promover os legítimos interesses da
organização. Assim, ser leal às vezes pode significar recusar fazer algo que a pessoa acha que
poderá prejudicar a organização, a equipa de funcionários.
No Reino Unido, por exemplo, essa ideia é expressa pelo termo "Oposição Leal a Sua
Majestade". Noutras palavras, é perfeitamente possível ser leal a Sua Majestade - e, mesmo
assim, fazer parte da oposição. Do mesmo modo, é possível ser leal a uma organização ou a
uma equipa mesmo que se discorde dos métodos usados para se alcançar determinados
objectivos. Na verdade, seria desleal deixar de expressar o sentimento de que algo está errado,
se é isso que realmente sentimos.
As virtudes da responsabilidade e da lealdade são completadas por uma terceira, a iniciativa,
capaz de colocá-las em movimento.

DG.038/02 Página 9 de 15
RAVEN – International Security Academy, Lda. Ética na Protecção Pessoal

Iniciativa
Tomar a iniciativa de fazer algo no interesse da organização significa, ao mesmo tempo,
demonstrar lealdade pela organização. Num contexto de empregabilidade, tomar iniciativas
não quer dizer apenas iniciar um projecto no interesse da organização ou da equipa, mas
também assumir a responsabilidade pela sua complementação e implementação.

Vejamos, ainda, outras qualidades que consideramos importantes no exercício de uma


profissão. São elas:

Honestidade
A honestidade está relacionada com a confiança que nos é depositada, com a responsabilidade
perante o bem de terceiros e a manutenção dos seus direitos.
É muito fácil encontrar a falta de honestidade quanto existe a fascinação pelos lucros,
privilégios e benefícios fáceis, pelo enriquecimento ilícito em cargos que outorgam autoridade
e que têm a confiança colectiva de uma colectividade. Já ARISTÓTELES (1992, p.75) na sua
"Ética a Nicómanos" analisava a questão da honestidade.
Outras pessoas excedem-se no sentido de obter qualquer coisa e de qualquer fonte - por
exemplo os que fazem negócios sórdidos, os proxenetas e demais pessoas desse tipo, bem
como os usurários, que emprestam pequenas importâncias a juros altos. Todas as pessoas
deste tipo obtêm mais do que merecem e de fontes erradas. O que há de comum entre elas é
obviamente uma ganância sórdida, e todas carregam um aviltante por causa do ganho - de um
pequeno ganho, aliás. Com efeito, aquelas pessoas que ganham muito em fontes erradas, e
cujos ganhos não são justos - por exemplo, os tiranos quando saqueiam cidades e roubam
templos, não são chamados de avarentos, mas de maus, ímpios e injustos.

São inúmeros os exemplos de falta de honestidade no exercício de uma profissão. Um


psicanalista que abusa da sua profissão para induzir um paciente a cometer adultério, está a
ser desonesto. Um contabilista que, para conseguir aumentos de honorários, retém os livros
de um comerciante, está a ser desonesto.

A honestidade é a primeira virtude no campo profissional. É um princípio que não admite


relatividade, tolerância ou interpretações circunstanciais.

DG.038/02 Página 10 de 15
RAVEN – International Security Academy, Lda. Ética na Protecção Pessoal

Sigilo
O respeito aos segredos das pessoas, dos negócios, das empresas, deve ser desenvolvido na
formação dos futuros profissionais, pois trata-se de algo muito importante. Uma informação
sigilosa é algo que nos é confiado e cuja preservação de silêncio é obrigatória.
Revelar detalhes ou mesmo frívolas ocorrências dos locais de trabalho, em geral, nada
interessa a terceiros e ainda existe o agravante de que planos e projectos de uma empresa,
ainda não colocados em prática, possam ser copiados e colocados no mercado pela
concorrência antes que a empresa que os concebeu tenha tido oportunidade de lançá-los.
Documentos, planos de marketing, pesquisas científicas, hábitos pessoais, entre outros, devem
ser mantidos em sigilo e a sua revelação pode representar sérios problemas para a empresa ou
para os clientes do profissional.

Competência
Competência, sob o ponto de vista funcional, é o exercício do conhecimento de forma
adequada e persistente a um trabalho ou profissão. Devemos buscá-la sempre. "A função de
um citarista é tocar cítara, e a de um bom citarista é tocá-la bem." (ARISTÓTELES, p.24).
É de extrema importância a busca da competência profissional em qualquer área de actuação.
Os recursos humanos devem ser incentivados a buscar a sua competência e maestria através
do aprimoramento contínuo das suas habilidades e conhecimentos. O conhecimento da
ciência, da tecnologia, das técnicas e práticas profissionais é pré-requisito para a prestação de
serviços de boa qualidade.
Nem sempre é possível acumular todo conhecimento exigido por determinada tarefa, mas é
necessário que se tenha a postura ética de recusar serviços quando não se tem a devida
capacitação para executá-lo.

Pacientes que morrem ou ficam aleijados por incompetência médica, causas que são perdidas
pela incompetência de advogados, prédios que desabam por erros de cálculo em engenharia,
são apenas alguns exemplos de quanto se deve investir na busca da competência.

Prudência
Todo trabalho, para ser executado, exige muita segurança.
A prudência, fazendo com que o profissional analise situações complexas e difíceis com mais
facilidade e de forma mais profunda e minuciosa, contribui para a maior segurança,
principalmente das decisões a serem tomadas. A prudência é indispensável nos casos de
decisões sérias e graves, pois evita os julgamentos apressados e as lutas ou discussões inúteis.

DG.038/02 Página 11 de 15
RAVEN – International Security Academy, Lda. Ética na Protecção Pessoal

Coragem
Todo profissional precisa ter coragem, pois "o homem que evita e teme a tudo, não enfrenta
coisa alguma, torna-se um covarde" (ARISTÓTELES, p.37).
A coragem ajuda-nos a reagir às críticas, quando injustas, e a defender-nos dignamente
quando estamos conscientes do nosso dever. Ajuda-nos a não ter medo de defender a verdade
e a justiça, principalmente quando estas forem de real interesse para outrem ou para o bem
comum. Temos que ter coragem para tomar decisões, indispensáveis e importantes, para a
eficiência do trabalho, sem levar em conta possíveis atitudes ou actos de desagrado dos chefes
ou colegas.

Perseverança
Qualidade difícil de ser encontrada, mas necessária, pois todo o trabalho está sujeito a
incompreensões, insucessos e fracassos que precisam ser superados, prosseguindo o
profissional no seu trabalho, sem se entregar a decepções ou mágoas. É louvável a
perseverança dos profissionais que precisam enfrentar os problemas do subdesenvolvimento.

Compreensão
Qualidade que ajuda muito um profissional, porque é bem aceite pelos que dele dependem,
em termos de trabalho, facilitando a aproximação e o diálogo, tão importante no
relacionamento profissional. É bom, porém, não confundir compreensão com fraqueza, para
que o profissional não se deixe levar por opiniões ou atitudes nem sempre válidas para
eficiência do seu trabalho, para que não se percam os verdadeiros objectivos a serem
alcançados pela profissão.
Vê-se que a compreensão precisa ser condicionada, muitas vezes, pela prudência. A
compreensão que se traduz, principalmente em “calor humano” pode realizar muito em
benefício de uma actividade profissional, dependendo de ser convenientemente dosada.

Humildade
O profissional precisa ter humildade suficiente para admitir que não é o “dono da verdade” e
que o bom senso e a inteligência são propriedade de um grande número de pessoas.
Representa a auto-análise que todo o profissional deve praticar em função da sua actividade
profissional, a fim de reconhecer melhor as suas limitações, procurando a colaboração de
outros profissionais mais capazes, se tiver esta necessidade, dispor-se a aprender coisas novas,
numa busca constante de aperfeiçoamento. A humildade é uma qualidade que carece de
melhor interpretação, dada a sua importância, pois muitos a confundem com subserviência,

DG.038/02 Página 12 de 15
RAVEN – International Security Academy, Lda. Ética na Protecção Pessoal

dependência… quase sempre lhe é atribuído um sentido depreciativo. Como exemplo, ouve-se
frequentemente, a respeito determinadas pessoas, frases com: “Fulano é muito humilde,
coitado!”. Humildade significa, em frases como esta, pessoa carente que aceita qualquer coisa,
dependente e até infeliz. Conceito erróneo que precisa de ser superado, para que a Humildade
adquira definitivamente a sua autenticidade.

Imparcialidade
É uma qualidade tão importante que assume as características do dever, pois destina-se a
contrapor-se aos preconceitos, a reagir contra os mitos (em nossa época dinheiro, técnica,
sexo...), a defender os verdadeiros valores sociais e éticos, assumindo principalmente uma
posição justa nas situações que terá que enfrentar. Para ser justo é preciso ser imparcial, logo
a justiça depende muito da imparcialidade.

Optimismo
Perante as perspectivas das sociedades modernas, o profissional precisa e deve ser optimista,
para acreditar na capacidade de realização da pessoa humana, no poder do desenvolvimento,
enfrentando o futuro com energia e bom-humor.

CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL


Cabe sempre, quando se fala em virtudes profissionais, mencionarmos a existência dos
Códigos de Ética Profissional.
As relações de valor que existem entre o ideal moral traçado e os diversos campos da conduta
humana podem ser reunidos num instrumento regulador. É uma espécie de contrato de classe
e os órgãos de fiscalização do exercício da profissão passam a controlar a execução de tal peça
magna. Tudo deriva, pois, de critérios de condutas de um indivíduo perante o seu grupo e o
todo social. Tem como base as virtudes que devem ser exigíveis e respeitadas no exercício da
profissão, abrangendo o relacionamento com usuários, colegas de profissão, classe e
sociedade.
O interesse no cumprimento do aludido código passa, entretanto a ser de todos. O exercício
de uma virtude obrigatória torna-se exigível de cada profissional, como se uma lei fosse, mas
com proveito geral.
Cria-se a necessidade de uma mentalidade ética e de uma educação pertinente que conduza à
vontade de agir, de acordo com o estabelecido. Essa disciplina da actividade é antiga, já
encontrada nas provas históricas mais remotas, e é uma tendência natural na vida das
comunidades.

DG.038/02 Página 13 de 15
RAVEN – International Security Academy, Lda. Ética na Protecção Pessoal

É inequívoco que o Ser tenha a sua individualidade, a sua forma de realizar o seu trabalho, mas
também o é que uma norma comportamental deva reger a prática profissional no que
concerne à sua conduta, em relação aos seus semelhantes. Toda comunidade possui
elementos qualificados e alguns que transgridem a prática das virtudes; seria utópico admitir
uniformidade de conduta.
A disciplina, entretanto, através de um contrato de atitudes, de deveres, de estados de
consciência, e que deve formar um código de ética, tem sido a solução, notadamente nas
classes profissionais inerentes a cursos universitários (e.g. médicos, advogados, enfermeiros
etc.)
Uma Ordem deve existir para que se consiga eliminar conflitos e especialmente evitar que se
macule o bom nome e o conceito social de uma categoria. Se muitos exercem a mesma
profissão, é preciso que uma disciplina de conduta ocorra.

Os Códigos de Ética Profissionais têm por objectivo estabelecer os princípios ético-morais


pelos quais os profissionais devem seguir e aplicar. Elas regulam a actuação destes, sendo que
cada profissão possui o seu código.

Princípios Lógicos de um trabalhador:

• Evitar conflitos de interesses e assegurar que o meu empregador fica ciente de potenciais
conflitos.

• Proteger a privacidade e confidencialidade das informações que me foram confiadas.

• Não ocultar, nem apresentar de forma equívoca, informações essenciais.

• Não tentar usar os recursos do meu empregador em benefício pessoal ou outro, sem a
devida autorização.

• Não me aproveitar das debilidades dos sistemas informáticos em meu benefício pessoal
ou para minha auto-recreação.

Um profissional responsável deve:

• Agir com integridade.

• Aumentar a competência profissional.

DG.038/02 Página 14 de 15
RAVEN – International Security Academy, Lda. Ética na Protecção Pessoal

• Estabelecer padrões elevados de desempenho pessoal.

• Aceitar a responsabilidade pelo trabalho.

• Melhorar a saúde, a privacidade e o bem-estar público geral.

Na segurança pessoal os princípios são exactamente os mesmos, da mesma forma que um


vigilante deve confidencialidade com o seu empregador e com a entidade que contratou o
serviço que prestamos, também nós o devemos ao nosso cliente, mesmo que o serviço seja de
curta duração. Não existem serviços onde se deve ser mais ou menos profissional pois todos os
serviços devem ser tidos com a máxima responsabilidade e obter de nós todo o nosso
empenho e profissionalismo. Um pequeno deslize num serviço rotineiro pode muito bem
comprometer, não só a empresa, mas principalmente o elemento que falhou. No futuro as
pessoas podem nem saber o nome do elemento mas certamente a empresa não se irá
esquecer. Adopte sempre uma atitude profissional, não só irá “ganhar pontos” na empresa
como estará a salvaguardar-se de possíveis mal entendidos. Lembre-se sempre que quanto
maior o posto, maiores serão também as responsabilidades, por isso conheça bem os seus
limites para que não se venha a arrepender no futuro.

RESUMO

1. O que é a Ética Profissional?

R.: É um conjunto de normas de conduta que deverão ser postas em prática no exercício de
qualquer profissão.

2. Quais as virtudes/qualidades que caracterizam um bom profissional?

R.: Responsabilidade, lealdade, iniciativa, honestidade, sigilo, competência, prudência,


coragem, perseverança, compreensão, humildade, imparcialidade e optimismo.

3. Quais os deveres do profissional de Protecção Pessoal?

R.: Proteger; cumprir o interesse público (a legalidade, as leis); salvaguardar os bens


patrimoniais; ser leal; guardar sigilo; relacionar-se correctamente com os colegas; ter boa
relação com o Principal, com terceiros e com a Comunicação Social.

DG.038/02 Página 15 de 15

Você também pode gostar