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INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ / IFCE


CURSO TÉCNICO EM AQUICULTURA
DISCIPLINA: ÉTICA E RELAÇÕES INTERPESSOAIS
PROFESSOR VANILSON PORTELA SOUSA

ÉTICA E RELAÇÕES INTERPESSOAIS

IFCE – ARACATI

2014
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SUMÁRIO página
Apresentação da Disciplina 3

1.0 - Importância da Ética 6


1.1 – Importância da Ética para a Sociedade 8
1.2 – Importância da Ética para o Profissional da Aquicultura 9

2.0 – Conceitos sobre a Ética e a Moral 11


2.1 – Processos de Conhecimento da Ética 14
2.2 – Objetos de Estudo da Ética com a Moral 16
2.3 – Relações entre a Ética e a Moral 17

3.0 – Teoria dos Atos Humanos 19


3.1 – Conceito de Ato 20
3.2 – Classificação de Atos 21

4.0 – Teoria das Normas 24


4.1 – Conceito e finalidade das Normas 24
4.2 – Classificações das Normas 25
4.3 – Normas de Controle Social 26
4.4 – Considerações sobre as Normas de Controle Social 28

5.0 - Breve Histórico da Ética e da Moral 31

6.0 - Deontologia 34
6.1 – Conceito de Ética Profissional 35
6.2 - Ética aplicada ao campo da Aquicultura 35

7.0 – Relacionamentos Interpessoais 38


7.1 – Interação, Relacionamento e Convivência 40
7.2 – Processos Sociais - Isolamento e Contato 41
7.3 – Dinâmica Social - Cooperação, Competição e Conflito. 44
7.4 – Mecanismos de Interatividade – Adaptação, Acomodação e Assimilação. 45
7.5 – Convivência e Motivação 45

Referências Bibliográficas 48
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ÉTICA E RELAÇÕES INTERPESSOAIS

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Esta não é uma disciplina técnica, informativa e típica do eixo de formação


profissional deste curso que você faz nesta instituição.

Esta é uma disciplina humanista, formativa e típica do eixo de formação pessoal


da vida que você tem na sua família e demais grupos sociais que você frequenta e está
inserido, incluindo nesta instituição e no atual e futuro ambiente profissional que você
atua ou irá atuar.

Não é uma disciplina que se aprenda apenas com leitura de textos, assistência de
vídeos ou participação de debates e palestras. Tais recursos são bastante importantes
para a construção didática na dimensão do saber pedagógico, sobretudo doutrinário,
mas é na observação dos fatos da vida cotidiana, seja no âmbito pessoal ou social, que
nós verdadeiramente aprendemos e apreendemos o que é a Ética.

A Ética, como base construtiva e diretiva da Moral, dos Costumes; é lecionada


lenta e gradativamente pela própria vivência e convivência humana com os membros
da própria espécie, a Humana. Não há outro eixo de construção moral e ética que não
seja o próprio Ser Humano.

No entanto, os humanos, com o decorrer das épocas e civilizações, construíram


um verdadeiro patrimônio ético e moral, para realizar o controle social dos seus
grupos e de outros grupos com que se relacionam; servindo de base propedêutica para
outras doutrinas, dogmas e estatutos como as religiões, as etiquetas (pequenas éticas)
de convivência e os códigos legais de cada povo em cada era.

Estudar a Ética não é conhecer tais as regras e convenções éticas e morais do seu
povo, ou de outros. Isto só é possível vivendo e convivendo entre estes. Estudar a Ética
é basicamente, conhecer os parâmetros de formação da consciência Ética, a sua
evolução histórica e as relações com outras importantes instituições como o Direito e a
Religião.
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Este será o nosso objetivo com esta disciplina. Mas cabe ressaltar, que os
estudiosos da ética não estancaram nestas primeiras dimensões de compreensão do
fenômeno ético. Pode-se estudar a Ética pelos seus objetos de estudo, pela formação
da consciência ética (em nível cerebral, mental e psicológico); pela sua interferência
nas instituições sociais (Leis, Política, Sexualidade, Mercado de Consumo, etc.) e tantas
sejam as relações humanas, que caibam uma escala de valores humanos. Aliás, já a
escala de valores e a sua atuação entre as pessoas e os seus grupos, já rende uma boa
observação e análise, cognitiva e discursiva; sejam na escala filosófica ou científica.

A respeito do tipo de conhecimento e metodologia aplicada nesta disciplina, que


particularmente eu prefiro chamar de curso; adotaremos uma metodologia mista de
conhecimentos científicos, quando utilizarmos os textos de cunho científico, quando
abordamos em debates coletivos, a reflexão individual de cada aluno presente,
construindo cada um, o seu próprio saber sobre o fenômeno da Ética e da Moral, e
compartilhando com todos, tal saber.

Nesta missão, iniciaremos conhecendo uma Teoria Geral sobre a Ética e a Moral.
Depois, faremos breves ilações sobre a Teoria dos Atos Humanos, a Teoria das Normas
(de Controle Social), um Breve Histórico sobre a Ética e a Moral e a Deontologia
Profissional. Sem mais. No entanto, é necessário ressaltar que existem muitas outras
dimensões do estudo da ética que merecem ser conhecidos e estudados. Mas porque
não iremos estudar a Ética em outras dimensões?

Porque esta disciplina não tem um único objeto de estudo, a Ética. Esta disciplina
aborda a Ética e as Relações Interpessoais. Ou seja, não se trata apenas de estudar a
Ética, mas também o fenômeno das Relações Interpessoais.

Para esta outra dimensão desta única disciplina, dividida em dois conteúdos
distintos; este curso foi estruturado em duas partes distintas, mas interligadas, visto
que as Relações Interpessoais se baseiam nas normas e convenções de conduta, seja
na escala ética, seja na escala moral, seja na vida pessoal, seja na vida profissional.

Depois da construção da base de conhecimento ético e moral, que corresponde à


primeira fase deste curso, iremos em seguida construir a base de conhecimento dos
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relacionamentos humanos (sobretudo na seara da interpessoalidade) e para tanto, é


bastante importante o conhecimento sobre a formação dos Processos Sociais, a
respeito do isolamento e contato humano e os mecanismos de interações humanas
entre os grupos humanos (sejam entre indivíduos ou entre grupos, ou ainda entre
indivíduos e grupos).

Por último, derivando da construção destes dois saberes, a Ética (e a Moral) e os


Relacionamentos Interpessoais, podemos então concluir o nosso curso, com o estudo
da Motivação e a aplicabilidade deste conhecimento para cada pessoa humana, como
um fator de otimização e melhoria de vida pessoal e profissional de cada um.

Por fim, agradeço a oportunidade poder participar da formação pessoal e


profissional de cada um de vocês, enquanto espero em Deus, o melhor desempenho
acadêmico a todos enquanto faço votos do melhor sucesso profissional.

Salvo melhor juízo, são estas as minhas considerações.

Professor Vanilson Portela Sousa


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AULA 1 – Importância da Ética

Esta aula apresenta os conceitos e definições gerais sobre a ética e a moral,


tratando sobre a importância da ética para a sociedade e para o profissional da
Aquicultura.

Objetivos da Aula

 Apresentar os principais institutos que formulam a teoria geral da ética e da


moral.
 Discorrer sobre os a importância da ética no contexto global societário e
específico voltado ao profissional da Aquicultura.
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1.0 – Importância da Ética

O filósofo grego Aristóteles (384 a 322, a.C.) definiu o Homem como o “animal
pensante”. De fato, não há nenhuma outra espécie animal com as mesmas
características que detém o humano comparado às outras espécies, muito embora
cada uma tenha as suas próprias peculiaridades biológicas.

Particularmente eu prefiro discordar do iminente sofista grego tanto quanto


afirmo que as outras espécies também pensam, mas pensares diferenciados,
específicos. Da mesma forma, também os humanos pensam pensares diferenciados e
específicos. Não fosse assim, a humanidade teria produzido outros tantos
“Aristóteles”, “Sócrates” e até você mesmo, desocupado (a) leitor (a).

Todavia, somos todos obrigados a concordar num fato: o Humano possui


características ímpares como a consciência da existência, da subjetividade,
individualidade e finitude. Condições estas que sintetizamos na terminologia cultural
definida pela palavra simples e bonita denominada: Espírito.

Somos dotados de qualidades mentais e cerebrais, que nos permitem investigar


e conhecer o mundo, analisando deste; cada “objectum” corpóreo e incorpóreo,
abstrato ou concreto; classificando-o segundo os critérios culturais e vernaculares, e
armazenando em nossos bancos de dados individuais e coletivos (consciência
individual e coletiva) em conceitos ideais que tipificam as suas representatividades
cognitivas.

Tais características transformam o animal humano no Humano, garantindo a


cada ser, enquanto Ser Sapiente, a hominalidade e humanidade que os iguala a todos,
e segundo Ariano Suassuna, “num só rebanho...”! Por outro lado, os Humanos criam as
suas variações individuais e coletivas, no intuito de construir uma identidade virtual e
ficta, construindo assim, o elemento universal que identificamos de forma generalista
pelo termo Cultura.

Neste ínterim, surge o paradoxo da universalidade biológica do Homo Sapiens


versus Homo Socius, com seus mais diversos padrões de diferenciação sociológica.
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Cabe dizer que este fenômeno (diversificação social e cultural) se deu lento e
gradativamente com o passar das eras e das civilizações humanas sobre a crosta da
Terra.

Ou seja, da necessidade de criar um habitat modelado aos interesses da própria


espécie, os humanos não somente transformaram o meio ambiente natural, mas
também, construíram o seu próprio ambiente humano, dotado de edifícios,
vestimentas, instrumentos, hábitos e costumes.

É isto que faz o Humano ser humano, não necessariamente um bom ou mau
humano, mas somente e bastante, Humano!

Na ânsia de conhecer o mundo (natural ou artificial), cada Humano desde o


nascer, enquanto o crescer e até o morrer recebe, constantemente e insistentemente,
“gigabytes” de informações necessárias para a sobrevivência biológica e social.
“downloads” que transformam o “ homem tabula rasa” no algoritmo social apto a
interagir nas mais variadas relações interpessoais e institucionais que chamamos, em
síntese, por Sociedade.

Para tanto, os Humanos elaboram códigos de condutas para regular sem


contudo necessariamente normatizar, tais relações que mesmo estando nos bastidores
das instituições e seus papéis, são e sempre serão humanas.

1.1 – Importância da Ética para a Sociedade:

Seria correto afirmar que a Ética é importante para o Homem ou para a


Sociedade. De fato, a Ética é um dos mais importantes institutos criados pela espécie
humana e a sua importância reside muito mais por ser uma das grandes normas
reguladoras do Controle Social, aproveitando assim muito á Sociedade (enquanto
organismo único) do que ao Humano em, propriamente dito, pessoa física em questão.

Com isto, não estamos afirmando que a Ética não é importante para o Humano.
Ao contrário. Se o é para a sociedade, síntese macrorrelacional dos aglomerados e
coletividades humanas, da mesma forma também o é para cada indivíduo em questão.
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Suetônio, historiador romano da era Juliana, em seus escritos citou uma antiga
frase do general romano Cícero, então senador; de que em suas andanças e viagens,
conhecera quase todo o mundo civilizado daquela época. Ele teria dito que conhecera
povos sem escritas, povos sem leis, povos sem dinheiro, mas que nunca conheceu
nenhum povo sem deus.

Parafraseando o ilustre latino, eu refaço as suas palavras dizendo que não existe
nenhum povo, sem Deus e sem a Ética. Preciso esclarecer que a existência de Deus, ou
de deuses, neste caso, nada tem a ver com o surgimento e a existência da Ética nestes
povos, muito embora estas duas grandes instituições humanas (deus e costumes)
tratem de formas distintas diferentes objetos cognoscíveis humanos, mas objetivos em
comum. O sempre necessário controle social seja pela Sociedade (através dos seus
grupos sociais) ou seja pelo Estado, através das instituições e normas públicas.

Posto isto, necessário dizer que a Ética, agindo na escala social e psíquica, age
tanto externamente quanto internamente sobre o Humano. Por fora, enquanto código
de valores e de parâmetros de conduta. Por dentro, enquanto mecanismo de
autocontrole e de vigilância alheia.

1.2 – Importância da Ética para o Profissional da Aquicultura:

A Ética é um importante mecanismo de controle social dos humanos, agindo nas


mais variado searas de interações e relacionamentos humanos.

Sendo assim, não seria diferente dispor que a Ética, enquanto base teórica para a
normatização das relações humanas pessoais é imprescindível para a regulagem de
controle social dos fenômenos relacionais, religiosos, políticos e, por conseguinte,
também os laborais.

Logo, é salutar e conveniente ressaltar que a Ética é bastante relevante a todas


as atividades, sobretudo, as oficiosas e profissionais. Sendo assim, não poderia ser
diferente para com os profissionais da Aquicultura; visto que os mesmos irão lidar
humanamente com outras pessoas em suas relações presenciais e comunitárias, seja
na coleta extrativista pesqueira, seja nas culturas de cultivo aquífero comunitário ou
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empresarial; também através das redes sociais da internet e com os diversos agentes
típicos dos seus diversos ambientes profissionais, sejam estes clientes, patrões ou
empregados, concorrentes e com o mercado propriamente dito.

Exercício de Fixação

1 – Escolha 01 caso de postura antiética e imoral seja no contexto social seja no


contexto profissional; conhecido ou hipotético; e discorra em 10 linhas sobre as
repercussões sociais do caso.
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AULA 2 – CONCEITOS DE ÉTICA E DE MORAL

Esta aula está reservada ao estudo introdutório dos conceitos da ética e da


moral, além das primeiras observações didáticas sobre a relação destes dois institutos
entre si.

Objetivos da Aula

• Apresentar os conceitos de ética e de moral, sua base etimológica e o uso


sinônimos destes dois institutos, entre si, nas linguagens cotidianas.
• Discorrer sobre o processo de formação do conhecimento ético confrontando
com a teoria do conhecimento.
• Esclarecer as diferenças e semelhanças entre estes dois institutos.
• Dimensionar os objetos de estudo e tutela da ética e da moral, tanto na teoria
quanto na práxis consuetudinária cotidiana.
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2.0 – Conceito de Ética e Moral:

Mas finalmente o que é Ética?

Ética é o conjunto de Valores Morais e Princípios que Norteiam a Conduta


Humana na Sociedade, estabelecendo os parâmetros da moralidade aceita e tolerada.

Do ponto de vista meramente doutrinário, Ético é o ramo do Conhecimento


Filosófico e Científico que contempla, observa e deduz os diversos fenômenos que
rodeiam o comportamento humano.

Estes são apenas alguns dos muitos conceitos da Ética, que estabelecem as
muitas dimensões, que a Ética tem. No entanto, eu particularmente considero esta
definição a mais importante para se conceituar a ética, relacionando a Ética com a
Moral; pois não há como se falar em Ética, sem antes e necessariamente, ligar o seu
conceito ao da Moral.

Em verdade, a maioria das pessoas, em seus cotidianos discursos sobre as


questões éticas, comumente confundem estas duas expressões usando os dois termos,
Ética e Moral, como sinônimos um do outro ou mesmo confundindo para si e para os
outros, os objetos significados destes dois conceitos, que são diferentes, mas paralelos
e complementares entre si.

Logo, cabe esclarecer que Ética é uma “coisa” e Moral é outra “coisa”.

De forma mais simplista, posso afirmar que a Ética é o estudo da Moral. De


caráter reflexivo, especulativo e teórico, a Ética é o conjunto de valores e parâmetros
que predispõe o comportamento e a conduta humana.

A respeito do que é o comportamento e conduta, outros termos também


considerados sinônimos por muitos de nós, prefiro considerar que Conduta é a
manifestação do indivíduo num dado grupo social, independente se este indivíduo se
relaciona consciente ou não.
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Comportamento é a manifestação autônoma do indivíduo consigo mesmo. A


Ética regula tanto um (Conduta) quanto o outro (Comportamento) e tem diversos
objetos de estudos. Destes, o mais importante é a Moral.

Moral é o conjunto de atos praticados pelos indivíduos, que são aceitos e


tolerados pelo grupo social imediatamente próximo a este. O termo Moral, deriva do
latim Mores e traduzindo vocabulário, significa Costume.

Logo, é correto afirmar que o que está em consonância com o Costume, É Moral
da mesma forma que é imoral, o que não está de acordo com o Costume local.

Cabe lembrar que também Costume e Hábito, são também bastante confundidos
e igualmente utilizados como sinônimos. Costume é social enquanto Hábito é
individual. São diferentes e bastante próximos, mas não são necessariamente os
mesmos institutos.

Uma pessoa pode ter hábitos que sejam divergentes dos Costumes locais, mas
muitas vezes, os Costumes transformam os nossos Hábitos, pela grande força
coercitiva que dispõem, sobretudo quando atingem a grande seara da Ética.

Por fim, cabe ressaltar que o Costume, em si, possui variações macrossociais,
quando atingem em escala global, cada sociedade transformando-se no que,
comumente definimos por Tradições.

Não se constitui objeto de estudo deste curso, o estudo das Tradições, assim
como o impacto dos Costumes sobre os hábitos individuais, assim como outras
importantes dimensões analíticas igualmente necessárias para um estudo completo e
aprofundado sobre a Ética.

Mas se a Ética é estudo, quais os seus objetos de estudo e quais os níveis


metodológicos de compreensão deste fenômeno?

A seguir, estudaremos os Objetos de Estudo da Ética e o Processo de


Conhecimento destes objetos.
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2.1 - Processos de Conhecimento da Ética

É preciso esclarecer que a Ética, enquanto conjunto de regras e convenções


criadas e adaptadas para a prática Moral; existem e sempre existirão em todos os
povos, culturas e civilizações humanas, independente do tempo e local que estejam.

No entanto, quando passamos a observar a Ética enquanto Processo de


Conhecimento específico, com seus próprios objetos de análise e apreensão cognitiva,
esta possui condições específicas de existência propedêutica que irão variar conforme
a modalidade do conhecimento aplicado.

Sabemos que a priori, existem ao menos cinco “tipos” (níveis ou graus segundo a
unanimidade doutrinadora) de Conhecimento: o Senso Comum, comumente
confundindo com o Empírico, o Religioso (variando do Misticismo à Teologia), o Mito
(que compreende o Folclore e as Lendas), o Científico (que não se confunde com o
Tecnológico) e o Filosófico (que varia entre as Sapiências e os grandes Postulados).

A Ética, como já foi dito, está em, todas as searas de atuação humana, seja
individualmente, socialmente ou institucionalmente. Isto não quer dizer que todas as
ações que o Humano venha a praticar ou produzir, sejam absolutamente de cunho
ético. Apenas as de cunho axiológico (ou valorativo).

Na seara da produção e utilização do Processo do Conhecimento Ético,


basicamente são utilizados três níveis do Conhecimento Humano: o Senso Comum, o
Filosófico e o Científico.

Vejamos, portanto quais as suas ocorrências doutrinárias.

A cerca do coletivo Conhecimento do Senso Comum, é imprescindível afirmar


que é de extrema importância, pois é através deste importante meio de produção do
Conhecimento, que a Ética é construída, remodelada; e mais que isso, repassada de
pessoa a pessoa, de família a família, de grupo a grupo, de instituição a instituição, de
sociedade a sociedade; de geração a geração.
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Acrescentem a esta realidade, o fato de que é exatamente pelo Senso Comum


que todos os outros conhecimentos migram e fluem por entre os povos além do fato, é
a maior fonte prática do conteúdo ético, visto que são os mores (costumes) um dos
pilares de sustentação do conhecimento ético.

Outro importante método de produção do Conhecimento Ético é a


Conhecimento Filosófico. A respeito desta pauta, cabe aqui apontar, que foi
exatamente através da formação do conhecimento filosófico grego, que a Ética foi
produzida. (Etimologicamente, a palavra Ética provém do grego antigo ethos, donde
derivam os termos: ética, ethos e eticidade).

A Ética surgiu na antiga Grécia através do método contemplativo e reflexivo


sobre a construção do Caráter humano, (ethos) e de suas qualidades positivas, neutras
ou negativas postas naquele contexto sociocultural de então.

Sabemos que tanto a Ética quanto o conhecimento Ético são universais a todas
as culturas humanas, mas cabe dizer que o “berço” do nosso conhecimento Ético no
Ocidente (e em algumas paragens médio-orientais) foi a ética filosófica grega. De lá e
desde aquele tempo, não se parou mais de produzir conhecimentos éticos através dos
métodos filosóficos, sendo ainda, a melhor fonte crítica para a imensa fortuna didática
que a humanidade dispõe, colecionada nas diversas bases culturais e institucionais de
cada povo, cada civilização.

Com o decorrer dos séculos, os conhecimentos filosóficos foram sendo


adaptados ao processo de experimentação e observação sistemática comprovada e
fundamentada em leis universais derivando a modalidade de conhecimento
denominado Científico. Não foi diferente ao conhecimento ético. A Ciência, através
das diversas modalidades do conhecimento científico, sobretudo nas diversas áreas
das ciências humanas e sociais, rapidamente adaptou e criou métodos científicos para
a observação sistemática dos diversos padrões morais e éticos buscando as suas
“verdades” nos campos das ciências que estudam o comportamento e a conduta
humana, como a Psicologia, a Sociologia, a Política, a Teologia, o Direito e outras mais
modernas ainda como a Medicina e outras.
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Sobre os conhecimentos mítico e religioso, suas relações são existentes, mas não
são íntimas com a Ética como os demais supracitados, senso comum, filosófico e
científico e não porque querer afirmar a supremacia de algum desses tipos de
conhecimento, frente aos demais pois cada qual tem o seu grau de relevância ao ser
humano ou a sua respectiva sociedade.

2.2 – Objetos de Estudo da Ética

Conforme vimos, enquanto modalidade de conhecimento formal, a Ética tem os


seus próprios objetos de estudo, seja na modalidade de conhecimento filosófico, seja
na modalidade de conhecimento científico.

Mas quais são os objetos de estudo da Ética?

A Ética possui diversos objetos de estudo, a saber: a Moral, os Valores Humanos


e Axiomas Sociais, as Virtudes e os Vícios da Alma, a Formação da Consciência Ética e o
Patrimônio Moral e os Comportamentos e as Condutas Aceitáveis (e Toleráveis).

De todos, é o indubitável o fato que a Moral seja o mais importante objeto de


estudo, pois são os costumes, enquanto conjunto de atos humanos compartilhados,
que traduzem os valores e axiomas, as virtudes e os vícios da pessoa e os
comportamentos aceitáveis de cada ser frente ao julgamento ético e moral do Outro
(seja indivíduo ou grupo social determinado ou não).

Para fins didáticos, convenentemente nós estudaremos a neste curso, a ética


sempre atrelada ao fenômeno da Moral, mas cientes que não são os mesmos
institutos, mas tão somente, interligados a tal ponto, que sejam aqui adotados, como o
são na vida real, um o sinônimo do outro.
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2.3 - Relações entre a Ética e a Moral:

Ética e Moral estão tão próximos um do outro, que é bastante comum


observarmos nas falas e textos cotidianos, mesmo doutrinários, confusões conceituais
e literárias.

Mas finalmente, quais as íntimas relações entre a Ética e a Moral?

A respeito dos campos de atuação, é preciso dizer que ambos (Ética e Moral)
estão bastante próximos e atuam nas mais diversas esferas relacionais (como a
amizade, relacionamentos amorosos e/ou sexuais, etc.) bem como nos mais diversos
cenários ou ambientes sociais (escolar, profissional, corporativo, etc.) estabelecendo
normas e convenções nas mais diversas dimensões como a construção da
personalidade, a formação política e outras.

Mas finalmente, quais estas relações e como se procedem?

De forma a simplificar a compreensão do binômio Ética x Moral, apresento


algumas dimensões comparativas entre uma e outra no que tange aos aspectos da
atuação, da temporalidade, da essência e do uso pelos indivíduos e grupos sociais
(inclusive a própria sociedade).

Enquanto a Ética atua na dimensão dos Princípios (axiomas) a Moral aborda os


aspectos da Conduta propriamente dita, prescrevendo o que e não é aceitável.

Quanto à questão da temporalidade, a Ética é Permanente (ou quase) enquanto


a Moral é Temporal. Ou seja, a Moral pode sofrer mutações conceituais em tempos
específicos como a guerra, catástrofes, contextos socioeconômicos ou políticos e etc.

Por esta característica acima apontada, podemos dizer então que a essência
Ética é de caráter universalista enquanto a Moral é de caráter cultural sofrendo mais
influências dos contatos e contágios sociais.

Quanto ao aspecto do uso da Ética e da Moral, podemos dizer que a primeira é


regra, portanto teórica enquanto a última é prática, ou seja, conduta.
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Exercício de Revisão

1 – Quais as semelhanças entre a ética e a moral enquanto institutos sociais?

2 – Aponte 02 objetos de tutela da ética e discorra sobre os seus atributos


institucionais.

3 – Qual o principal objeto de estudo da ética? Justifique a sua resposta.

4 – Aponte 01 campo de atuação da ética ou da moral e discorra sobre as suas


características básicas.

5 – Pesquise na internet ou em literaturas específicas o conceito etimológico de ethos


e mores.

6 – Qual a diferença básica entre Costume e Tradição?

7 – É correto afirmar que Hábitos e Costumes possuem a mesma essência e dimensão?


Justifique a sua resposta.

8 – Quais os níveis do conhecimento humano mais se aproximam da formação do


conhecimento ético?
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AULA 3 – TEORIA DOS ATOS HUMANOS

Esta aula apresenta de forma simplificada, as bases teóricas de investigação


científica dos atos humanos, buscando compreender a sua relação como causa e
consequência das relações humanas.

Objetivos da Aula

• Compreender o conceito de Ato e as suas variações quanto ao sujeito que


pratica o ato, os tipos de ato e as suas classificações genéricas.
• Estabelecer a importância do Ato Humano para as relações humanas, nas suas
mais variadas apresentações tipológicas.
• Compreender a relação do Ato Ético e Ato Moral.
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3 – Teoria dos Atos Humanos

Ética e Moral são bases teóricas e práticas para se compreender o


comportamento e a conduta humana nas suas íntimas relações com o Outro, criando
assim, as bases das convenções deterministas da aceitabilidade relacional.

Tais relacionamentos podem ocorrer tanto na esfera individual (indivíduo x


indivíduo) quanto nas relações transversas (indivíduo x grupo social ou indivíduo x
sociedade) quanto nas relações coletivas (grupo x grupo ou sociedade x sociedade).

Mas é no campo das relações interpessoais que a Ética e a Moral são postas a
prova, pois é nestes colóquios que podemos observar cada objeto de forma mais
acurada. Não estamos negando a importância da observação dos fenômenos éticos e
morais na escala coletiva, sobretudo quando os mesmos são típicos dos fatos coletivos
como guerras, calamidades sociais, contextos religiosos e outros.

Mas a priori, é na observação do comportamento e da conduta humana que a


Moral e a Ética se destina, pois mesmos nos grupos sociais e nas sociedades, sempre
são os indivíduos que irão protagonizar o ato humano moral e/ou ético.

Decorre então, desta premissa, a necessidade de contemporizar a contento,


algumas ilações obre o Ato Humano.

3.1 - Conceito de Ato:

Mas o que é o Ato Humano?

Ato é a manifestação de um Ente. Qualquer ente pode celebrar um ato, mesmo


um ente, de agora em diante melhor definido como Ser, sendo este Ser, consciente ou
inconsciente dotado de animus, voluntas ou não.

Esclarecendo: o Ser (ente) que é aquele que irá manifestar (e geralmente esta
manifestação é uma prática), ou vice-versa; pode ser consciente ou não (como o
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Computador que é inconsciente ou o Animal que é) e ser dotado de animus e ter ou


não ter vontade.

Destas premissas classificatórias, podemos então dizer que a Chuva, o Cão ou


Computador, todos estes praticam atos. Alguns típicos, outros não destes respectivos
entes. Mas a chuva, não tem consciência ética, ânimo (motivação) ou vontade. O Cão,
não tem consciência ética, mas tem ânimo e vontade. Assim como o computador.

Mas o Homem, que sente a chuva, que cria o cão e constrói as máquinas, possui
todos estes atributos.

Logo, Ato Humano são todas as manifestações que o Humano pratica. Mas nem
todos os atos humanos são necessariamente atos éticos humanos, pois nem todos os
atos humanos, possuem reflexos na esfera da ética e da moral.

Isto se dá pelo fato de que ao analisarmos um ato humano, tanto o seu ato (já
que você é desta espécie ou de outros humanos), precisamos analisar os demais
contextos da avaliação ética do próprio sujeito humano praticante do ato ético, como
o grau de instrução, o berço cultural, a sua psiquê cronológica, dentre outros.

Mas estas são questões mais prolongadas que exigem um tempo maior,
secundário de aprofundamento estudioso sobre o fenômeno da ética e da moral,
dispensáveis nestas palavras intróitas.

3.2 – Classificação dos Atos:

Os atos humanos são o que o definem enquanto Humano.

Todos os humanos, mesmo ainda não tendo nascido (assim sendo pessoa),
durante toda a sua vida e mesmo após a morte biológica, ainda celebram atos. Atos
humanos.

Desta feita, todas as ciências humanas e sociais que estudam o humano,


estudam também os atos humanos e não é incomum encontrarmos diversas
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instituições humanas ou sociais, contemporizando o Ato Humano, classificando-o ou


tipificando-o pelas suas próprias nomenclaturas e conceitos.

O exemplo disso, podemos usar o ato Matar (outra pessoa, por exemplo).

O Ato de Matar é considerado pela grande maioria das Religiões como um ato
pecaminoso enquanto na esfera da juridicidade, a grande maioria dos Ordenamentos
Jurídicos o considera um ato criminoso. Neste ínterim, a grande maioria dos grupos
sociais considera este um ato imoral (moral ou amoral) ao tempo que a grande
maioria dos códigos de ética profissional considera este um ato antiético.

Logo, o ato de matar é pecado, é criminoso, imoral e antiético. Portanto é


classificado e tipificado conforme cada esfera de avaliação do ato humano.

Das inúmeras classificações tipológicas que observam doutrinariamente o ato


humano, apontamos algumas aqui, que embora também possam ser utilizadas por
outros ramos do conhecimento (Religião, Direito, etc.), são bastante úteis para a Ética.

Desta feita, o ato humano ético pode ser classificado mediante diversos critérios
de consideração, como a provocação do ato, suas manifestações ou pelos diversos
tipos de controle social.

Do ponto de vista da provocação do Ato Humano, este pode ser considerado


voluntário quando foi praticado pela iniciativa, deliberada, planejada ou não, de quem
o praticou. É o caso do Dolo, vislumbrado pela maioria dos estatutos criminais
hodiernos. Não se confunda com ato consciente ou não, pois na inconsciência, o
sujeito praticante do ato não sabe, não tem ciência que faz o ato diferente da
involuntariedade que este sabe que pratica o ato, mesmo não considerando
voluntariamente os seus resultados, decorrendo daí, a Culpa.

Do ponto de vista apenas das manifestações, os atos humanos podem ser


classificados como biológicos, quando gerados pela fisiologia ou por sua provocação,
psíquicos quando derivados da deliberação mental, religiosos quando repercutem no
campo da espiritualidade ou dos dogmas de fé (incluindo ritos, doutrinas e
comportamentos), jurídicos (quando interagem no campo da legalidade, sustentando
23

os atos jurídicos), políticos quando provocados ou atuados na seara das disputas de


poder, dos setores partidários, da governabilidade e seus institutos; dentre outros.

Das muitas manifestações dos atos humanos, nenhuma provoca tanta celeuma
quanto no campo da sexualidade, sendo guardados, observados e vigiados incontesti
por quase todas as instituições humanas e sociais e estatais unanimamente por todas
as sociedades organizadas.

Para nós, interessa aqui neste sumário curso ético, o estudo das classificações
dos tipos de controle sobre o Ato Humano. Nesta pauta, os atos são comumente
classificados como Controle Livre, quando o ato humano está completamente
tolerado, não sofrendo nenhum tipo de controle social; Controle Espontâneo, quando
o controle do ato se dá pela mera observação interna (de quem o pratica) e externa
(do Outro observador) e Controle Institucional, quando o Controle Social se dá por
instituições e/ou normas formais.

Destas formas de Controle Social, surgem as normas e suas respectivas


instituições.

Exercício de Revisão

01 - Conceitue Ato e diga quais os entes que podem praticar um ato.


02 – Qual a diferença entre o Ato Humano e o Ato Institucional.
03 – Classifique o Ato de Pensar, Chover e Morrer, conforme as classificações
propostas no texto.
04 – Qual a diferença entre ato imoral, moral e amoral?
05 – Qual a relação entre Ato e Controle Social?
06 – Qual a relação do Ato com a Ética?
07 – Exemplifique 01 Ato Ético e 01 Ato Moral.
24

AULA 4 – TEORIA DAS NORMAS

Esta aula tem a missão de estudar as normas de maneira geral e as normas de


controle social, estabelecendo a diferença entre as normas, observando as principais
características das normas de controle social e trazendo em pauta, a Ética e a Moral
enquanto normas de controle social.

Objetivos da Aula

• Conceituar Normas no sentido propedêutico e estabelecer as suas finalidades.


• Classificar as normas segundo os critérios de observação da teoria das normas
de controle social.
• Apresentar as normas de controle social e suas principais características e
classificações conceituais.
• Apresentar a Ética e a Moral como normas de controle social, (normas éticas e
normas morais) e as suas principais características estruturais.
25

4.0 - Teoria das Normas

A espécie humana tem criado, em senso coletivo, diversos institutos que


garantem e salvaguardam a sua sobrevivência social e indiretamente, biológica.

Destas, podemos apontar as escrita, bastante importante para os processos de


comunicação, produção e acúmulo de conhecimentos. Outra importante criação foram
as Normas, escritas ou não, depositárias das permissões e orientações do que é
convencionado para o comportamento e conduta humana.

4.1 - Conceito e Finalidade das Normas

Mas o que são Normas?

Normas são os preceitos que regulam e normatizam os Atos Humanos para Si e


entre Si. Possuem a finalidade de prescrever comportamentos e condutas humanas,
regular as relações humanas e sociais; e tutelar os direitos e interesses individuais e
coletivos.

4.2 – Classificações das Normas

As normas poder ser classificadas mediante diversos critérios. Dentre estes,


podemos utilizar os seguintes parâmetros: quanto a sua natureza, quanto a sua
origem, quanto a estrutura, ao campo de atuação humana, quanto ao modo de ação,
quanto ao grau de organização e ao modo de operação.

Quanto à sua natureza, as Normas podem ser Técnicas (de caráter meramente
operacional), de Segurança (pois objetivam ampliar para os sujeitos envolvidos na
logística normativa) e de Controle Social (que buscam a regulagem das relações
sociais).
26

Quanto a sua origem, as Normas podem ser Públicas, quando oriundas do


Estado (ente público majoritário) ou Privadas, oriundas da Sociedade (em qualquer
uma de suas instituições).

Quanto a sua estrutura normativa, as normas ou são formais, expressas em letra


vernacular, ou são informais quando conhecidas apenas na consciência individual e
coletiva.

Do ponto de vista do campo de atuação humana, assim como o modo de ação,


respectivamente, as normas internas são aquelas agem dentro do humano por
introspecção enquanto as externas são aquelas que atuam pelas instituições externas
ao controle íntimo humano, sendo coercitivas (de caráter impositivo).

Quanto ao tipo de organização, as Normas podem ser simples quando


independem de outras normas e/ou instituições para a sua eficácia e complexas,
quando tais normas, dependem de outras normas ou instituições para i cumprimento
e eficácia normativa.

Por último, mas sem esgotar os sistemas classificatórios, as normas podem ser,
pelo modo de operação pelos sujeitos, objetivas quando estão “formalizadas” em
letra, codificadas ou não e subjetivas, quando são e estão, apenas na consciência
humana.

4.3 – Normas de Controle Social:

As Normas de Controle Social são aquelas normas criadas, pelas mais


importantes instituições que atuam na missão do Controle Social, visando o equilíbrio
das relações nas suas variadas dimensões interativas.

São estas as Normas Morais, as Normas religiosas, as Normas Jurídicas e as


Normas Éticas. Cada uma destas possui a sua própria natureza, origem, finalidade e
metodologia normativa, sendo também designadas a outros fins específicos que não
apenas o controle social, mas é destas Normas, que emanam as convenções que
garantem a sobrevivência de qualquer sociedade.
27

Cabe ressaltar que, tais normas, não são e estão na mesma medida e proporção,
igualmente distribuídas em todas as sociedades; sofrendo assim, grande variação
espaço-temporal de povo a povo.

Vejamos, portanto, as características mais básicas para cada uma destas.

Normas Morais são todas as normas e preceitos, acumulados historicamente


pela Sociedade (cabe aqui o conceito de povo, civilização, etc.) e produzidas pelos
diversos grupos sociais locais. Derivam da plasticidade das relações e a forma como os
indivíduos recepcionam e trabalham o determinismo cultural e as convenções sociais
do que é Costume ou deixa de ser. Atuam genericamente, pois são universais a todos
os indivíduos que estejam nesta, não necessariamente sendo desta.

Normas Religiosas são todas as normas e preceitos, produzidos pelas instituições


religiosas para a salvaguarda dos seus próprios institutos (fé, dogmas, doutrinas,
cultos, etc.). O controle social é secundário, pois deriva da necessidade mais do
controle interno do que para o controle externo dos indivíduos que nestes grupos
religiosos. São imperativas quando consideradas, mas são consideradas de pequena
repercussão, pois carecem de coesão, sofrendo de grande variação (de religião a
religião) e mutação (dentro de um mesmo grupo religioso).

As Normas Jurídicas são toso os estatutos legais criados e impostos pelo Estado,
comumente denominado por Direito, regulando tanto nos campos da moralidade (e
eticidade) quando na licitude, o que é convencionado pelos respectivos parlamentos
estatais, na forma da Lei escrita, positiva e codificada; a tutela dos direitos e
obrigações, interesses e relações jurídicas.

Normas Éticas são todas as normas e preceitos de cunho eminentemente moral,


mas positivadas em códigos e estatutos para a regulamentação de determinadas
atividades pelos seus respectivos órgãos colegiados. São bastante específicas e não
atingem a totalidade dos indivíduos de uma sociedade não sendo reservado ás outras
normas (de controle social) supracitadas, mas complementando-as sobremaneira.
28

4.4 – Considerações sobre as Normas de Controle Social

Como sabemos, existem basicamente quatro tipos de normas de controle social,


a Norma Moral, a Norma Religiosa, a Norma Jurídica e a Norma Ética.

Duas destas normas, a Norma Moral e a Norma Jurídica são generalistas, ou


seja, abrangem toda a sociedade (incluindo-se também o Estado e demais entes
públicos posto que o Estado, por definição, é a sociedade organizada politicamente).

As outras normas restantes, a Religiosa e a Ética, são específicas, pois só


abrangem como normas de controle regulamentar interno e de controle social
(controle externo) os seus respectivos “alvos”, ou seja, aqueles a quem está destinado
aquele tipo de norma de controle social.

Outra questão bastante interessante e que no interessa aqui, neste ponto do


nosso estudo, é a natureza das normas. As normas Religiosas e Jurídicas possuem a
sua própria natureza, específicas ao ambiente em que são criadas, destinadas e
operacionalizadas. De fato, estes dois tipos de normas são bastantes diferentes um do
ou outro e do restante.

Por outro lado, as normas Morais e Éticas tem um ponto bastante comum,
bastante relevante. Estes dois tipos de normas possuem a mesma natureza mesmo
sendo diferentes entre si.

Ou seja, as normas Morais e Éticas possuem pontos convergentes e pontos


divergentes, que ora as assemelha ora as diferencia uma da outra.

De fato, estas duas normas são bastante diferentes, pois enquanto a norma
Moral é generalista, a Ética é especifista. A norma Moral é informal, interna, subjetiva
e introspectiva. A norma Ética é formal, externa, objetiva e coercitiva.

Mas em comum, ambas tem a mesma natureza: a essência e o conteúdo


axiológico, ou seja, valorativo (axios, deriva do grego antigo e significa valor). São
normas construídas na carga valorativa, destinada ao ambiente valorativo, tem objetos
de tutela valorativos e destinada ás relações com interesse valorativo.
29

Quanto ao processo criativo, de manutenção e sustentação ideológica, existem


também outras diferenças. A norma Moral é da Sociedade enquanto a norma Ética é
dos micro-organismos sociais corporativos e de ofício.

Você deve estar se perguntando, porque existem dois tipos de normas


axiológicas, a Moral e a Ética, se até agora, nós aprendemos que a Ética é uma
macroestrutura teórica que engloba a Moral enquanto prática?

Perceba que quando nós falamos em normas de controle social, e assim


tratamos dos termos norma Moral e norma Ética, não estávamos falando
propriamente da Moral e da Ética enquanto instituição; mas tão somente por definição
de “tipos de normas” e neste caso, de controle social.

Particularmente eu prefiro denominar a norma Moral como Moral Social e a


norma Ética como Moral Profissional; termos que além de ser mais esclarecedores,
são mais fieis ao verdadeiro sentido conceitual destes dois tipos de normas de controle
social; mas mantive os termos utilizados, pois já são consagrados pelas doutrinas e
relevados pela crítica literária.

Necessário que se diga que as normas Morais surgiram bem antes, na história da
humanidade que a norma Ética, inclusive registrando o fato de que a grande maioria
das sociedades humanas, sequer tem este tipo de norma (Ética) visto ainda não terem
atingindo o necessário grau de desenvolvimento civilizatório para o controle social das
atividades éticas.

A respeito da pauta histórica, trataremos a seguir, de forma breve e sucinta, a


evolução dos institutos da Ética e da Moral, respeitando os parâmetros clássicos da
divisão das fases históricas da humanidade ocidental; como sendo Antiguidade,
Medievo, Modernidade e Atualidade.
30

Exercício de Revisão

1. Conceitue Normas e estabeleça 01 finalidade prática


2. É correto afirmar que em tesi, todas as normas são de caráter técnico?
Justifique a sua resposta.
3. Para você, qual a principal característica das Normas: regular, controlar ou
normatizar? Justifique a sua resposta.
4. Classifique a norma religiosa segundo os critérios de classificação propostos na
apostila.
5. Quais as maiores e menores normas de controle social?
6. Quais as diferenças entre a norma ética e a norma moral?
7. Diferencie Moral Social da Moral Profissional.
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AULA 5 – BREVE HISTÓRIA DA ÉTICA E DA MORAL

Esta aula apresenta de forma sintética, a evolução histórica das características


conceituais e ideológicas mais marcantes da ética e da moral e leva em conta, apenas,
o desenvolvimento das etapas históricas da humanidade ocidental.

Objetivos desta aula

• Apresentar a evolução histórica da ética e da moral.


• Estabelecer as principais características da ética e da moral nas fases históricas
ocidentais.
• Introduzir o discurso da evolução das normas enquanto instituto social
civilizatório.
32

5.0 - Breve Histórico da Ética e da Moral

Na antiguidade clássica (Greco-romana), surgiu a “nossa ética”, a ética grega que


foi “espalhada” pelo mundo de então, tanto pelo grandioso processo de romanização
do velho mundo quanto pela emergente expansão arabesca, que trouxe em seu bojo,
o legado helênico sob a égide aristotélica.

Foi na “polis” grega, que surgiu tanto a necessidade da “philos sophia” da “polis”
quanto do “ethos”. Não por isso, tenha sido denominada de Ética Política, pois tinha
como marca maior, estimular a participação do “demos” na “cratia” para definir os
padrões da polis, seja no aspecto social quanto político.

Mas cabe ressaltar que na Grécia, também surgiu os pilares de todas as futuras
fases históricas da Ética e da Moral, sobretudo a antropocêntrica, visto que foi a partir
do grande filósofo Sócrates (469 a 399 a.C.), que os sofistas daquela época passaram a
estudar os valores humanos com relevância metodológica.

No obscuro tempo do medievo, a Ética evoluiu para os conceitos do cristianismo


primitivo o que gerou uma mudança nos padrões de comportamento (mores),
sobretudo quanto ao aspecto do comportamento quanto ao corpo. A Ética da
Interioridade sobressaltava os valores da alma e do espírito, metafísicas e divinas em
contrapartida aos valores mundanos, físicos e corpóreos.

Tais parâmetros foram decaindo, com o movimento renascentista, retornando o


antigo antropocentrismo helênico e restaurando novos parâmetros para um mundo
que se reformulava à beira das grandes revoluções culturais e industriais. Neste
processo modernista, a Ética evolui para o eixo laboral, produtivo, econômico,
desvalorizando o ideal de homem ocioso e valorizando o status produtivo classista e
utilitarista. Surgia a Ética Laboral, também denominada por alguns doutrinadores,
como a Ética Utilitarista ou mesmo Antropocêntrica.

Na atualidade, a Ética evolui bastante, para novos parâmetros de tutela


axiológica, sobretudo nos aspectos da saúde e dos ambientes e cenários profissionais,
33

surgindo daí, “éticas” bastante específicas e especiais, como a bioética e a ética


profissional.

Além disso, o conhecimento ético passou a ser estudado com maior rigor
metodológico, tanto filosófico quanto científico, surgindo então, um novo ramo do
conhecimento humano denominado Deontologia, o que veremos a seguir.

Exercício de Revisão

1. Quais as principais etapas da história ocidental e porque estão assim


dimensionadas?
2. Porque a Ética era considerada política na antiga Grécia?
3. É correto afirmar que na Grécia a ética era somente política? Justifique a sua
resposta.
4. É correto afirmar que a ética surgiu na Grécia? Justifique a sua resposta.
5. Porque no medievo a ética foi denominada de interiorista? Qual a sua principal
consequência deste comportamento ético?
6. Eleja 01 ética da atualidade e discorra sobre o tema em pauta.
7. É correto afirmar que cada etapa do desenvolvimento ético superou o seu
anterior? Justifique a sua resposta.
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AULA 6 – DEONTOLOGIA

Esta aula apresenta o estudo sobre as normas éticas e morais, ao tempo que
aponta para importância das normas éticas profissionais e aponta os princípios básicos
da ética aplicada ao campo da informática.

Objetivos desta Aula

• Apresentar a deontologia e diferencia-la da ética profissional.


• Discorrer sobre a história e a importância da ética profissional.
• Dimensionar os princípios gerais da ética aplicada ao campo da informática.
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6.0 – Deontologia

Por definição, Deontologia é o estudo das normas axiológicas, ou seja, o estudo


das normas que tutelam um senso de dever-ser nas condutas e comportamentos
humanos.

A deontologia surgiu como ramo do conhecimento filosófico, muito embora


possa o seu conteúdo possa ser investigado pelas regras sistemáticas do conhecimento
científico. O ramo da deontologia mais conhecido, atualmente, face os grandes
avanços e conquistas do mercado de produção de bens de consumo e de serviços, é o
da deontologia profissional surgindo então a expressão e o conceito de ética
profissional.

Logo, deontologia profissional é o estudo das éticas profissionais, expressão


cunhada por Jeremy Benthan, filósofo inglês; na sua obra Teoria do Dever (1834), mas
tornada clássica pelos EUA a partir da criação do Código de Ética Médica (1950).

6.1 - Conceito de Ética Profissional

Mas o que é Ética Profissional?

Ética Profissional é o Conjunto de Princípios, Regras e Deveres de Conduta


inerentes a uma Profissão.

Ou, é o Conjunto Codificado das Obrigações Impostas aos Profissionais de uma


determinada área, no Exercício e seu Ofício.

6.2 – Ética Profissional aplicada ao Profissional da Aquicultura

Atualmente, a Ética Profissional mais conhecida e “festejada” pela mídia social é


de fato, a ética profissional médica, mas são inúmeras as profissões que detém tais
36

estatutos, como o sacerdócio católico, mais antigo ainda; mas desprezado pela mídia
que não só se satisfaz com o que lhe chama a atenção.

Muitas profissões, por serem ainda novatas ou não terem ainda os seus
colegiados típicos, não dispõem ainda de normas éticas profissionais, ou quando as
tem, ainda não estão codificadas e positivadas em estatutos específicos.

É o caso das normas profissionais voltadas aos profissionais da aquicultura. Por


um equívoco de interpretação da Natureza e sua capacidade de recomposição de
estoques, os extrativistas pesqueiros acreditavam que os estoques eram inesgotáveis e
talvez isso, não se preocupavam com as questões da sustentabilidade e
responsabilidade ambiental; bem como no respeito humanitário e ético aos humanos
que coabitam nas regiões pesqueiras, na lisura dos tratos comerciais dos pescados e
mariscos. Daí, a grande demora em se instituir os códigos éticos de tutela da conduta
no trato pesqueiro e, por conseguinte; do cultivo hidróbio.

O Código de Pesca desportiva, só foi criado em 1939, mas não contemplava as


diversas dimensões da pesca e do cultivo aquífero de peixes, camarões e outros
organismos. Isso só ocorreu quando da estatização da tutela ambiental estatal, através
das codificações legais e dos ministérios governamentais que vem acompanhando esta
tarefa institucional.

Hodiernamente, foi criado o Código Latinoamericano da Pesca e do Cultivo


Aquífero, seguindo os padrões internacionais de tutela ambiental tanto do ponto de
vista ético quanto jurídico, sendo os dois estatutos, quase indissociáveis; o que no meu
ponto de visão, em nada invalida um ao outro. Ao contrário, um colabora com o outro.
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Exercício de Revisão

1. Eleja 01 princípio da ética aplicada ao profissional da aquicultura e discorra em


10 linhas, sobre a sua questão ética e seus efeitos na sociedade.
2. Compare a ética do profissional da Aquicultura e Pesca ao Código de Ética
Medica e diga as principais diferenças nestes dois estatutos éticos.
38

AULA 7 – RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS

Esta aula apresenta de forma didática, o conhecimento científico sistematizado


aplicado nas relações interpessoais, visando esclarecer os processos sociais, suas
etapas, mecanismos e práticas dinâmicas, voltadas no campo da convivência pessoal e
profissional e da motivação para estes dois institutos.

Objetivos desta Aula:

• Conhecer o universo dos relacionamentos, o seu conceito e suas diversas


tipologias.
• Apresentar as etapas dos relacionamentos e a sua vinculação com a ética e a
moral.
• Dimensionar os processos sociais dinâmicos do associativismo e do
dissociativismo, resultantes dos relacionamentos humanos.
• Apresentar os mecanismos de interpessoalidade nos relacionamentos humanos
ou grupais.
• Estabelecer as bases doutrinárias da Convivência humana ou grupal.
• Conhecer o conceito de Motivação e a sua aplicabilidade no campo dos
relacionamentos e da convivência humana e social.
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7.0 – Relacionamentos Interpessoais

Relacionamento é um ato único da espécie humana. Embora esta espécie saiba


que outras espécies animais também matem relacionamentos, inclusive duradouros,
permanentes, monogâmicos, etc; os humanos não consideram o privilégio relacional
aos seus “irmãos menores” e elencam para si, como únicos personagens protagonistas
das uniões entre indivíduos, os cenários e ambientes que promovem estes encontros
de indivíduos.

Mais que encontros, os relacionamentos são uniões ou elos. Pense na palavra


“relacionar” como “re-elacionar” ou refazer, reconstruir, reunir elos, donde
“elacionar” seria o encontro e a união de elos entre seres.

Nem a expressão “relacionamentos interpessoais” está adequada a este


pensamento exclusivista, pois existem pessoas que não são humanas e por serem
pessoas, se relacionam como é o caso das pessoas jurídicas. Cabe aqui dizer que
pessoalidade e personalidade são atributos da pessoa, seja natural humana ou ficta
jurídica; bastante diferente.

A rigor, os doutrinadores deveriam utilizar a expressão “relacionamentos


humanos” para reservar os comentários exclusivos aos relacionamentos interpessoais
entre humanos, mas estes sempre confundem tudo... Sendo assim, também
utilizaremos as mesmas referências e terminologias para não nos diferenciarmos
muito correndo o risco de nos afastarmos do pensamento doutrinário dominante,
mesmo que incompleto.

Sobre os relacionamentos interpessoais, cabe aqui apontar que estas poucas


palavras que iremos estudar são aplicáveis e necessárias a todo e qualquer tipo de
relacionamento, seja no eixo pessoal (amizade, amor, sexo), seja no eixo doméstico
(parentalidade, fraternidade, etc.) ou mesmo nos ambientes oficiosos, profissionais e
corporativos.

Posto isto, trataremos agora, sobre os principais pontos sobre os diversos tipos
de Relacionamentos.
40

Os Relacionamentos podem ser entre pessoas humanas, neste caso,


denominaremos aqui de Relacionamentos Interpessoais (relacionamentos humanos).
Também podem ser entre pessoas e grupos, neste caso, prefiro chamar de
relacionamento pessoa-grupo. Em relacionamento entre grupos com outros grupos,
acho mais interessante a expressão relacionamentos inter-grupais e em caso de
relacionamento com qualquer tipo de instituição, pública ou privada, seja com outra
instituição, um grupo ou mesmo indivíduo, pondero que a expressão mais justa e
adequada seria a de relacionamentos institucionais.

Cada tipo de relacionamentos supracitados são bem diferentes um do outro,


embora alguns tenham características comuns, de outros tipos; o que é perfeitamente
normal, pois mesmo sofrendo variações de espécie, são todos do mesmo gênero
relacional.

No entanto, para fins didáticos deste curso, abordaremos apenas os


relacionamentos entre pessoas humanas, doravante denominadas por
relacionamentos interpessoais, respeitando o escopo doutrinário, conforme já
esclarecido anteriormente.

7.1 – Interação, Relacionamento e Convivência

Ab initio, é necessário esclarecer a diferença entre interação, relacionamento e


convivência.

Por interação, entendemos que sejam todas as ações entre sujeitos, que
demandam qualquer tipo de comunicação entre duas ou mais pessoas. Interagir é
“agir entre”, e interagimos quando nós, em resposta a qualquer estímulo relacional de
outra pessoa (ou mais), manifestamos nossos atos retrospectivos que podem não ser
necessariamente, mútuos ou recíprocos.

Em regra, a expressão “relacionamento” sugere no mínimo a duplicidade de


sujeitos (não contando pessoas, mas lados subjetivos relacionais) mas segundo alguns
autores, é possível o relacionamento unipessoal, com uma só pessoa relacionando-se
consigo mesma. No Direito e na Psicologia isto é bastante plausível, mas há quem
41

discorde que tal contexto seja cabível no campo da ética, o que sugere algum debate
sempre esclarecedor, pois falta a questão do “Outro – sujeito ético” para julgar o ato
que é imoral, in tesi.

No entanto, quando a expressão é utilizada como relacionamento interpessoal,


neste caso, é sempre com dois sujeitos sinalagmaticamente ladeados.

Retornando á questão da Interatividade versus relacionamentos, deve-se


esclarecer que não há relacionamento sem interatividades, condição imprescindível
relacional.

A respeito da Convivência, (convivere = viver com), muitas pessoas confundem


tal questão vislumbrando que são requisitos necessários um ao outro. Uma pessoa
pode se relacionar com alguém que não convive e isso é bastante comum não só na
vida pessoal quanto na vida virtual. Particularmente eu penso que na vida virtual, o Eu
Avatar não sou eu, mas se relaciona com o Tu Avatar que não é a pessoa que está ali.
Mas esta é uma questão de cunho identitário que não cabe aqui neste sucinto estudo
sobre relacionamentos interpessoais; e independente de quem é real ou verdadeiro
nas redes sociais, há relacionamentos (dede que haja interatividade) e definitivamente
não há convivência.

Definidos as questões iniciais sobre a interatividade, relacionamento e


convivência, comporta agora adentrar nos processos sociais para compreender a sua
dinâmica e os mecanismos de interatividade utilizados pelos Humanos para enfim,
compreendermos o sentido dos relacionamentos e da convivência.

7.2– Processos Sociais – Isolamento e Contato

Processos Sociais é o Conjunto de Dinâmicas e Mecanismos que permitem o


fluxo de relações entre as personalidades humanas ou grupais em movimentos
associativos ou dissociativos, gerando efeitos de isolamento ou contato.

As Dinâmicas Sociais se dão por processos como a Cooperação, Competição e o


Conflito entre os sujeitos que interagem enquanto os Mecanismos de efetivação dos
42

processos sociais ocorrem pela Adaptação, Acomodação e Assimilação de um sujeito


ao outro, seja este sujeito um indivíduo, grupo ou sociedade.

O resultado das dinâmicas ocorre a partir do Contato Social, que pressupõe a


superação do Isolamento social. Cabe apontar que um indivíduo posto em Contato,
pode retornar à condição de isolamento e vice-versa além de estar isolado para algum
sujeito específico, mas em contato com outro ou outros sujeitos específicos.

Vejamos então o que é o Isolamento Social.

Isolamento Social é a falta de Contato entre os indivíduos ou grupos sociais.

Pela causa do Isolamento ou o que deu origem ao Isolamento, podemos


classifica-lo em Natural ou Provocado, Voluntário ou Involuntário, Absoluto ou
Progressivo; Temporário ou Indeterminado.

E quanto aos diferentes tipos de Isolamento, podemos classificá-lo em:

 Espacial (Geofísico): Gregos, Aborígenes. Extraviados. (Tecnologia dos Grupos)

 Físico: Pessoas ou Grupos Confinados. Prisões, Manicômios, Conventos, Reality


Shows, Excursões, Eremitas, ...

 Estrutural (Biológicos): Sexo, Etnia, Idade. Muçulmanos. Guetos. Divisões


Industriais do Trabalho. Escolas. Igrejas. Asilos de Idosos. Juventudes Tribais...

 Funcional: PNEs. Cegos, Surdos, Autistas, Cadeirantes. Limitações Individuais


Associadas a Limitações Grupais.

 Psíquico: Cognição, Ideologias, Valores e Sentimentos. Cientista x Analfabeto.


Homem Rural x Urbano. Seitas. Religiões. Partidos Políticos. QI.

 Habitudinais: Hábitos e Costumes. Idioma. Cultura (Circuncisão, Canibalismo,


Apedrejamento, Higiene Corporal).

O Isolamento se em indivíduos ou em grupos (mesmo raramente em Sociedades


inteiras) provoca efeitos diferenciados. Em Indivíduos: Comprometimento Sistêmico,
Debilidade Funcional e Psíquica ou Morte. Em Grupos Sociais: Preservação,
43

Sedimentação e Cristalização dos Mores e os Maiorum. Maior Índice de Organização e


Estabilidade Social, além do Etnocentrismo.

Etnocentrismo é o conjunto de Valores, Ações (Condutas e Comportamentos) de


supervalorização endossocial de um determinado Grupo Social ou cultura e o combate
hostil ou rival a outro Grupo Social ou cultura alheia. Ex: Guerras, Times de Futebol,
Jihads.

Quando o indivíduo supera o estágio de Isolamento, é porque fez Contato.


Existem diversos níveis e tipos de contato, mas de maneira geral, podemos definir
Contato Social como sendo o Conjunto de Mecanismos que Permitem o Dinamismo
Social através da Aproximação (Associação) ou o Distanciamento (Dissociação) de
Indivíduos ou Grupos.

O Contato Social é a primeira etapa após a superação do Isolamento, a partir


deste, é que surgem as interações. Para que haja o Contato, é imprescindível o
processo de troca ou compartilhamento de informações, fisiológicas (visuais, orais,
tácteis, etc.) e ideológicas, secundariamente, em regra.

Por Interação Social é o Conjunto de Ações Mutuamente Orientadas entre 02


Indivíduos ou grupos e o seu principal é a Comunicação, que pode ocorrer de várias
formas diferenciadas como a Não Vocal: Expressões, Fisionomias, Mímicas, Condições
de Resposta Fisionômica; os Sons Inarticulados: Verbalizações, Gracejos, “Gorilês”,
Inflexões de Voz e as Palavras e Símbolos: Orais, Gráficos, Escritos, Criptografados,
Ocultos, Sublimares.

Quanto as classificações tipológicas, assim como o Isolamento Social, os


Contatos Sociais também possuem classificações que tipificam um determinado
Contato Social como Natural ou Provocado, Direto ou Indireto, Voluntário ou
Involuntário, Visual, Físico, Relacional, Cordial, Hostil, Etnocêntrico, Beligerante,
Presencial, Virtual (Tecnológicos ou Instrumentais), Exploratório, Espoliativo, Cambial,
Negocial; Individuais, Grupais, Institucionais.
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7.3 – Dinâmica Social – Cooperação, Competição e Conflito.

Os processos sociais demandam um dinamismo que pode ser associativo, neste


caso temos a Cooperação como sendo o seu requisito maior ou dissociativos, assim
sendo, a Competição e o Conflito.

Cooperação Social é o processo social que 02 ou mais indivíduos ou grupos


atuam em conjunto para a consecução de um objetivo comum.

Tem como características marcantes a colaboração para tarefas com resultados


uni, bilateral ou transversal e a criação de Padrões de Solidariedade Social, bastante
comuns em sociedades com alto índice de desenvolvimento social e humano.

A Cooperação Social pode ser classificada como Temporária ou Contínua, Direta,


Indireta ou Transversal.

A Competição Social é o processo de interação social onde 02 ou mais indivíduos


ou grupos sociais disputam 01 mesmo objeto ou objetivo em comum.

Pode ser classificada como Temporária ou Contínua, Consciente ou Inconsciente,


Pessoal ou Impessoal e tem como características básicas a Rivalidade definida e
Seletiva.

Conflito Social é o processo social contencioso e hostil onde 01 pessoa ou grupo


disputa um mesmo objeto ou objetivo tentando anular o êxito da outra, ou a própria.

Os Conflitos poder ser por Rivalidade, Debate, Discussão, Litígio, Contenda ou


Guerras.

7.4 – Mecanismos de Interatividade – Adaptação, Acomodação e Assimilação.

Para a efetivação dos processos sociais, os Humanos comumente cumprem as


seguintes etapas que atuam como verdadeiros mecanismos de sociabilização e até
mesmo de socialização; são estes: a Adaptação, Acomodação e Assimilação.
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Adaptação Social é o processo social que o indivíduo desenvolve e pratica ao


manter Contatos Sociais com outros indivíduos ou grupos.
Pode ocorrer em diversos níveis a saber: o Biológico – Hábitos Pessoais,
Alimentares, Posturas Corporais, Alterações e Ajustes Fisiológicos, o Emocional –
Relacionamentos Afetivo e o Cognitivo – Incorporação de Elementos de Cultura,
Ideologias e Valores.
A Acomodação Social é o processo social de ajustamento formal e externo e
regulagem das diferenças e conflitos entre 02 Indivíduos ou grupos, que buscam um
mesmo objeto ou objetivo.
A Acomodação Social pode ocorrer de diversas formas: por Coerção,
Compromisso, Arbitragem e pode gerar os efeitos Tolerância e Conciliação de
interesses.
E por fim, temos a Assimilação Social.
Por Assimilação Social, podemos afirmar que é o processo social que 02 ou mais
indivíduos ou grupos aceitam e adquirem padrões comportamentais, valores,
sentimentos e atitudes da outra parte.
São muitos os fatores que influenciam a ocorrência deste importante estágio no
mecanismo de interações sociais, como a qualidade dos contatos entre os sujeitos com
a facilitação na Comunicação e nas Linguagens, a ausência de caracteres distintivos
entre os indivíduos, o prestígio da Cultura de uma parte à outra; e o Status
Sociográfico.

7.5 -Convivência e Motivação

Já tratamos por diversas vezes, da Convivência, mas neste último capítulo, a ideia
é estruturar os conteúdos já vistos num só contexto, a Motivação.
Todas as pessoas têm as suas Motivações e estudar e compreender as
Motivações, é o grande escopo de todas as ciências que estudam o comportamento, a
conduta e os atos humanos.
É assim na Ética, na Psicologia, na Religião, no Direito. No contexto da Ética e dos
Relacionamentos Interpessoais, é fundamental que sejam compreendidos sob a ótica
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da convivência para enfim se compreender, o papel da Ética nos relacionamentos, na


convivência e nos processos motivadores.
Mas antes, vejamos amiúde o que é a Convivência.
Convivência é o ato de compartilhar e integrar atividades e sentimentos por
determinado tempo considerável em um dado grupo social. Tem por finalidades o
Agrupamento (fins específicos), a Integração (fortalecimento e senso de coesão), a
Comunicação (Sentimentos, Valores) Operações Logísticas, o Compartilhamento de
Recursos.
Todos os processos de Convivência são baseados em regras de Trato Social como
as Etiquetas Comportamentais, a capacidade de criar Improvisos Circunstanciais e de
seguir os parâmetros convencionais das Condutas Relacionais.
Para que uma pessoa ter acesso ao estágio de Convivência da Outra, em regra
ela precisa cursar as etapas básicas da Sociabilidade que são os Rituais de Inclusão, a
adaptação ás Técnicas para o Diálogo (Corporal e Verbal) preexistentes e finalmente á
Oferta e Suborno de Recursos.
Para tanto, é preciso que o Humano conheça as necessidades que motivam o
Outro, para que o mesmo possa submeter-se aos processos de interatividade,
relacionamento e convivência.
Para isso, é preciso então compreender o que vem a ser a Motivação Humana.
Motivação (motivus, movere) é o conjunto de fatores, os quais agem entre si, e
determinam a conduta de um indivíduo. É a força, o impulso que nos move e direciona
ao comportamento de busca à satisfação de uma determinada necessidade.
As Motivações podem ser classificadas de várias formas: Biológicas ou Sociais,
Simples ou Combinadas, Endógenas (automotivação) ou Exógenas (Provocadas) e hoje,
são consideradas conforme uma base hierárquica que não é universal, pois cada
pessoa tem a sua própria escala de valores e necessidades que a motivam a realizar os
seus atos, sobretudo os relacionais.
No entanto, para fins didáticos, apresentamos um modelo padronizado pelo
estudioso Maslow, que se dedicou a construir um modelo ideal próximo do padrão
universal, baseado nas hierarquias das necessidades humanas.
Maslow apresentou uma hierarquia em forma de pirâmide, que particularmente
eu prefiro não trabalhar nesta mesma modalidade. Se fosse para apresentar o modelo
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de forma pan-óptica, particularmente eu penso que o “gráfico pizza” seria bem mais
eficiente.
Hierarquia das Necessidades de Maslow:

 Necessidades fisiológicas – domina o comportamento humano. As


necessidades de segurança só surgem se estas forem satisfeitas.

 Necessidades de segurança – procura de proteção ao meio (abrigo e vestuário)


e na busca de um ambiente estável.

 Necessidades de afeto e de pertença – desejo de associação, participação e


aceitação por parte dos outros.

 Necessidades de estima – procura a aceitação dos outros através da sua


prática (autoconfiança x inferioridade.

 Necessidades de auto-realização – concretização das capacidades pessoais.


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASHLEY, P.A. Ética e responsabilidade social nos negócios. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
2005.

FRITZEN, S.J. Relações humanas interpessoais: nas convivências grupais e comunitárias.


16. ed. Petrópoles: Vozes, 2007.

LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Maria de Andrade. Sociologia geral. Ed. Atlas, 9ª. ed.
São Paulo: 2009

RIBEIRO, L.T.F.; MARQUES, M.S.; RIBEIRO, M.A.P. Ética em três dimensões. Fortaleza:
Brasil Tropical, 2003.

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