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INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA (ISTA)

POLO-CAXITO
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

ÉTICA DEONTOLÓGICA PROFISSIONAL

ÉTICA DAS VERDADES

Grupo nº:
2º Ano
Período:
Curso:
Sala nº

Docente
____________________

CAXITO-2022/2023
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA (ISTA)
POLO-CAXITO
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

ÉTICA DEONTOLÓGICA PROFISSIONAL

ÉTICA DAS VERDADES

Trabalho apresentado ao ISTA/Bengo como parte


necessária do requisito parcial para a obtenção de uma nota
na Disciplina de Neurofisiologia, orientado pelo Professor
******************.

Autores:

CAXITO-2022/2023
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................................01
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................02
1.1. Definição de Termos e Conceitos......................................................................................02
1.1.1. Ética................................................................................................................................02
1.1.2. A Moral...........................................................................................................................03
1.1.3. A verdade........................................................................................................................04
1.1.3.1. A verdade filosófica.....................................................................................................04
1.1.3.2. Leibniz, Kant e Husserl................................................................................................05
CAPÍTULO II: A ÉTICA DAS VERDADES..........................................................................06
2.1. A ética das verdades em suas relações com os outros.......................................................06
2.2. A Intuição...........................................................................................................................06
2.3. A Autoridade......................................................................................................................06
2.3.1. Tipos de Autoridade........................................................................................................07
2.4. A Tradição..........................................................................................................................08
2.5. O Bom Senso.....................................................................................................................08
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................10
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................11
RESUMO

A presente pesquisa salienta sobre a ética das verdades, quando se trata da verdade ela
exige de nós a liberdade de pensamento para o conhecimento, também exige que seus frutos
propiciem a liberdade e a emancipação de todos, não é suficiente que nossos juízos sejam
verdadeiros, precisamos da certeza de que o são.

A ética das verdades grita pela autenticidade, pela transparência, pela coerência em
tais relações. Tudo começa com a verdade de si mesmo. Acontece no duplo nível da
consciência e do inconsciente. Logo, a função da Ética é investigar e explicar o
comportamento das pessoas ao longo de sua existência, visando à fixação de comportamentos
“básicos” para diminuir o nível de conflitos morais dentro dos diversos sectores da sociedade.

Palavras Chaves: Ética, verdade, moral e sociedade.


INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como pretensão abordar sobre a Ética da verdade. É um


assunto bastante vasto o que não nos permite desenvolver cabalmente, porem, nos
limitaremos em abordar apenas alguns assuntos achados por nós como digno de realce. A
ética da verdade é a essência da consciência humana e ninguém lhes pode ser indiferente, pois
é impossível viver em uma sociedade onde não há ética, para isso é vital que a sociedade seja
justa, livre e solidária, pois assim está eticamente comprometida com o respeito e a dignidade
humana.

A verdade por si só é a ética, não apresenta, nem representa valores quaisquer, ela
reflete a realidade seja esta social, mental ou física, ela é sempre natural e imanente em sua
amplitude. A moral reflete nossos princípios culturais e pessoais, são valores que atribuímos
as coisas e também são valores que atribuímos ou atribuiremos as verdades que conhecemos
ou que venhamos a conhecer. A ética e a moral nascem da necessidade humana de conviver
em sociedade e em buscar dignificar nossa condição humana e social.

Para melhor compressão o presente trabalho está estruturado em dois (2) capítulos:

I capítulo, abordou-se sobre a fundamentação teórica, onde definimos alguns termos e


conceitos fundamentais relacionados ao tema em estudo. II capítulo, aborda a ideia central da
nossa pesquisa, que trata da Ética das verdades e suas principais fontes denominadamente a
intuição, a autoridade, a tradição e o bom senso.

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CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1. Definição de Termos e Conceitos

Ao abordar-se uma temática deste género obriga-nos a recorrer a uma série de definições e
conceitos a fim de permitir uma melhor compreensão do conteúdo que orientam a presente
pesquisa.

1.1.1. Ética

A ética seria então uma espécie de teoria sobre a prática moral, uma reflexão teórica
que analisa e critica os fundamentos e princípios que regem um determinado sistema moral. O
dicionário Abbagnado, entre outras considerações nos diz que a ética é "em geral, a ciência da
conduta" (ABBAGNANO, sd, p.360) e Sanchez VASQUEZ (1995, p.12) amplia a definição
afirmando que "a ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em
sociedade”. Ou seja, é ciência de uma forma específica de comportamento humano.

Segundo Sanchez (1995), a ética é uma característica inerente a toda ação humana e,
por esta razão, é um elemento vital na produção da realidade social. Todo homem possui um
senso ético, uma espécie de "consciência moral", estando constantemente avaliando e
julgando suas ações para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas.

Existem sempre comportamentos humanos classificáveis sob a ótica do certo e errado,


do bem e do mal. Embora relacionada com o agir individual, essas classificações sempre têm
relação com as matrizes culturais que prevalecem em determinadas sociedades e contextos
históricos. A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo com as
outras relações justas e aceitáveis. Está fundamentada nas idéias de bem e virtude, enquanto
valores perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa existência plena e
feliz.

O estudo da ética talvez tenha se iniciado com filósofos gregos há 25 séculos. Hoje em
dia, seu campo de atuação ultrapassa os limites da filosofia e inúmeros outros pesquisadores
do conhecimento dedicam-se ao seu estudo. Sociólogos, psicólogos, biólogos e muitos outros
profissionais desenvolvem trabalhos no campo da ética.

A ética também estuda a responsabilidade do ato moral, ou seja, a decisão de agir


numa situação concreta é um problema prático-moral, mas investigar se a pessoa pôde
escolher entre duas ou mais alternativas de ação e agir de acordo com sua decisão é um

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problema teórico-ético, pois verifica a liberdade ou o determinismo ao qual nossos atos estão
sujeitos. Se o determinismo é total, então não há mais espaço para a ética, pois se ela se refere
às ações humanas e se essas ações estão totalmente determinadas de fora para dentro, não há
qualquer espaço para a liberdade, para a autodeterminação e, consequentemente, para a ética.

A ética pode também contribuir para fundamentar ou justificar certa forma de


comportamento moral. Assim, se a ética revela uma relação entre o comportamento moral e as
necessidades e os interesses sociais, ela nos ajudará a situar no devido lugar a moral efetiva,
real, do grupo social. Por outro lado, ela nos permite exercitar uma forma de questionamento,
onde nos colocamos diante do dilema entre "o que é" e o "que deveria ser", imunizando-nos
contra a simplória assimilação dos valores e normas vigentes na sociedade e abrindo em
nossas almas a possibilidade de desconfiarmos de que os valores morais vigentes podem estar
encobrindo interesses que não correspondem às próprias causas geradoras da moral. A
reflexão ética também permite a identificação de valores petrificados que já não mais
satisfazem os interesses da sociedade a que servem.

Sendo a ética uma ciência, devemos evitar a tentação de reduzi-la ao campo


exclusivamente normativo. Seu valor está naquilo que explica e não no facto de prescrever ou
recomendar com vistas à ação em situações concretas. A ética também não tem caráter
exclusivamente descritivo, pois visa investigar e explicar o comportamento moral, traço
inerente da experiência humana. Não é função da ética formular juízos de valor quanto à
prática moral de outras sociedades, mas explicar a razão de ser destas diferenças e o porque de
os homens terem recorrido, ao longo da história, a práticas morais diferentes e até opostas.

1.1.2. A Moral

A palavra moral tem sua origem no latim "mos"/"mores", que significa


"costumes", no sentido de conjunto de normas ou regras adquiridas por hábito. Notar que a
expressão "bons costumes" é usada como sendo sinônimo de moral ou moralidade. A moral
pode então ser entendida como o conjunto das práticas cristalizadas pelos costumes e
convenções histórico-sociais. Cada sociedade tem sido caracterizada por seus conjuntos de
normas, valores e regras. São as prescrições e proibições do tipo "não matarás", "não
roubarás", de cumprimento obrigatório. Muitas vezes essas práticas são até mesmo
incompatíveis com os avanços e conhecimentos das ciências naturais e sociais. A moral tem
um forte caráter social, estando apoiada na tríade cultura, história e natureza humana. É algo
adquirido como herança e preservado pela comunidade (VASQUEZ 1995, p.15).

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1.1.3. A verdade

A nossa idéia contemporânea de verdade foi construída ao longo de séculos, desde a


antiguidade, misturando a concepção grega, latina e hebraica.

Em grego, a verdade (aletheia) significa aquilo que não está oculto, o não escondido,
manifestando-se aos olhos e ao espírito, tal como é, ficando evidente à razão.

Em latim, a verdade (veritas) é aquilo que pode ser demonstrado com precisão,
referindo-se ao rigor e a exatidão.

Assim, a verdade depende da veracidade, da memória e dos detalhes. Em hebraico, a


verdade (emunah) significa confiança, é a esperança de que aquilo que é será revelado, irá
aparecer por intervenção divina.

Em outras palavras, a verdade é convencionada pelo grupo que possui crenças em


comum. A união destes conceitos fez com que Tomás de Aquino terminasse definindo a
verdade como expressão da realidade, a concepção em voga entre nós no senso comum até
hoje.

1.1.3.1. A verdade filosófica

Em filosofia, uma designação tradicional de verdade diriamos que é aquilo que


permanece inalterável a quaisquer contingências, um conceito que não está em concordância
com o senso comum e que trás um problema.

O conceito tradicional de verdade, do ponto de vista do senso comum e da filosofia,


contraria o objectivo da filosofia, uma busca pelo que está oculto por trás das aparências,
tornando a verdade relativa e provisória. Em outras palavras, a verdade espelha aquilo que é,
o problema é encontrar a essência do que as coisas são, adquirir a certeza incontestável sobre
algo, o que geraria uma atitude dogmática.

O grande problema é que a verdade não possui um significado único, tampouco


estático e definitivo, sendo influenciada por inúmeros factores. Destarte, a construção de um
sistema filosófico configura uma verdade dogmática que se contrapõem a outras verdades
dogmáticas. Neste sentido, em filosofia existem várias verdades, todas possíveis desde que
exista a ausência de contradições, já que somente elementos que se anulam mutuamente
poderiam invalidar a verdade, na filosofia e nas Ciências Humanas paradigmas coexistem e
não se anulam (GOLDSCHMIDT 1968, p.139-147).

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1.1.3.2. Leibniz, Kant e Husserl

A concepção de verdade foi objecto de estudo de diversos pensadores ao longo da


história da filosofia, mas três particularmente exerceram forte influência: Leibniz, Kant e
Husserl.

Para Leibniz seria necessário distinguir dois tipos de verdade: de um lado as verdades
de razão e de outro as verdades de facto. As verdades de razão enunciam que uma coisa é,
necessariamente e universalmente, não podendo ser diferente do que é, tal como as idéias
matemáticas, sendo inatas.

As verdades de facto, ao contrário, são aquelas que dependem da experiência,


expressando idéias obtidas através das sensações, percepção e memória, sendo, portanto,
empíricas. A relação entre verdades de razão e de facto, julgadas pela racionalização das
informações, permite conhecer a realidade.

Já para Kant, a verdade surge a partir da relação entre juízos analíticos e sintéticos,
expressando o primeiro operações intelectuais e o segundo as estruturas ou fenômenos
analisados. Em outras palavras, a realidade que conhecemos não corresponde aquilo que é,
mas sim ao que a razão interpreta.

Partindo do mesmo principio, Husserl criou a fenomenologia, uma ramo da filosofia


que estuda a leitura dos fenômenos pela razão, já que a realidade seria relativa e subordinada à
manifestação para consciência. O entendimento sofreria influencia dos sentidos e da razão,
além dos conhecimentos previamente presentes na mente e do contexto.

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CAPÍTULO II: A ÉTICA DAS VERDADES
Neste segundo capítulo aborda a ideia central da nossa pesquisa, que trata da Ética das
verdades e suas principais fontes denominadamente: a intuição, a autoridade, a tradição e o
bom senso.

2.1. A ética das verdades em suas relações com os outros

Tal como vimos no capítulo anterior, ao longo da história da humanidade, os seres


humanos buscaram sempre orientações de diversos modos como fonte de verdade possível
nas quais os indivíduos se baseiam para compreender os fenómenos que os rodeia e que são
anteriores ao método científico. Entre estas podemos citar: a intuição, a autoridade, a tradição
e o bom senso (HORTON e HUNT, 1980).

2.2. A Intuição

A intuição é a faculdade de compreender as coisas no momento, sem necessidade de


realizar raciocínios complexos. O termo também é usado para fazer referência ao resultado de
intuir. Na linguagem coloquial, a palavra intuição é usada como sinónimo de pressentimento
(ter a sensação de que algo vai acontecer ou adivinhar algo antes de acontecer).

Ainda que tida como uma expressão inconsciente, a intuição é desenvolvida com base
em experiências. Por exemplo: uma pessoa pode ter a intuição de que ir por aquele caminho
seja perigoso, sendo esse um caminho escuro, por onde poucos passam e onde já houve, há
algum tempo, um ato criminoso.

Para a psicologia, a intuição é um conhecimento ao qual se tem acesso por uma via
não racional; não se consegue explicar e, em certas ocasiões, nem sequer se consegue
verbalizar. Em suma, a intuição está relacionada com as reações repentinas ou mais com
sensações do que propriamente com pensamentos elaborados e abstratos.

2.3. A Autoridade

A palavra autoridade vem do latim auctoritas , derivado de auctor (“autor”). Na Roma


Antiga, esta última palavra não se referia apenas àqueles que criam algo ou dão origem a algo
de valor, como a entendemos hoje, mas também aos que se preocupam em fazer algo crescer
ou levá-lo no caminho certo.

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Assim, a auctoritas era o reconhecimento do poder benéfico que era exercido sobre
outro, ou seja, que um governante tinha auctoritas (“autoridade”) na medida em que seu
governo fosse bom e aceito por seu povo.

A autoridade é objecto de estudo de várias disciplinas como direito , política e


sociologia , entre outras, e também tem sido abordada filosoficamente por pensadores como
Max Weber (1864-1920) ou Alexandre Kojève (1902-1968).

2.3.1. Tipos de Autoridade

Segundo o postulado por Max Weber, a autoridade é classificada em três tipos


diferentes, de acordo com a forma como é recebida ou conquistada:

Autoridade tradicional. Baseia-se no princípio do costume (o costumeiro), ou seja,


na continuação da maneira como as coisas eram feitas antes. Esse tipo de autoridade se
adquire graças à tradição, ou seja, a normas e acordos que se reforçam na sociedade de
geração em geração ao longo do tempo, e permitem a gestão de poderes hereditários,
transmissíveis e irracionais, como é o caso das monarquias, cujo acesso ao trono é transmitido
de pai para filho.

Autoridade racional-legal. Baseia-se no pacto ou acordo, ou seja, no que as leis


estabelecem ( direito positivo ). Ele lida com o poder de acordo com o princípio da obediência
à lei, não à pessoa que governa, e responde a uma estrutura formal por meio da qual esse
poder deve ser exercido, assim como um presidente eleito para governar um país , cujo poder
é limitado por outros poderes políticos e devem necessariamente submeter-se ao Estado de
Direito.

Autoridade carismática. Baseia-se no respeito, na admiração e na devoção às


capacidades de uma pessoa, razão pela qual propõe um modelo de poder irracional e
personalista que, no entanto, acaba por se tornar uma autoridade tradicional. É o caso, por
exemplo, da autoridade de um pregador sobre sua congregação, ou de um capitão de uma
equipe esportiva.

Por outro lado, e lendo outros autores, também se pode distinguir entre formas
jurídicas de autoridade (que são impostas por obrigação) e formas morais de autoridade (que
são impostas por convicção).

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2.4. A Tradição

Tradição é uma palavra com origem no termo em latim traditio, que significa
"entregar" ou "passar adiante". A tradição é a transmissão de costumes, comportamentos,
memórias, rumores, crenças, lendas, para pessoas de uma comunidade, sendo que os
elementos transmitidos passam a fazer parte da cultura.

É uma das fontes da verdade que transmitem mais traquilidade, pois nela está
acumulada, pretensamente, a sabedoria das pessoas mais velhas, dos conhecimentos que
deram certo no passado. O antigo é reconhecido como o correcto na explicação dos factos,
simplesmente porque explicava e atendia às necessidades das pessoas no passado.

E para que algo se estabeleça como tradição, é necessário bastante tempo, para que o
hábito seja criado. Diferentes culturas e mesmo diferentes famílias possuem tradições
distintas. Algumas celebrações e festas (religiosas ou não) fazem parte da tradição de uma
sociedade. Muitas vezes certos indivíduos seguem uma determinada tradição sem sequer
pensarem no verdadeiro significado da tradição em questão.

No âmbito da etnografia, a tradição revela um conjunto de costumes, crenças, práticas,


doutrinas, leis, que são transmitidos de geração em geração e que permitem a continuidade de
uma cultura ou de um sistema social.

2.5. O Bom Senso

De acordo com Marcondes (2008), o bom senso é um conceito usado na argumentação


que está estritamente ligado às noções de sabedoria e de razoabilidade, e que define a
capacidade média que uma pessoa possui, ou deveria possuir, de adequar regras e costumes a
determinadas realidades considerando as consequências, e, assim, poder fazer bons
julgamentos e escolhas. Podendo, assim, ser definido como a forma de "filosofar" espontânea
do homem comum, também chamada de "filosofia de vida", que supõe certa capacidade de
organização, autocontrole e independência de quem analisa a experiência de vida cotidiana.

São verdades aceitas sem nenhuma abordagem critica baseada no nosso senso comum.
E que o bom senso generaliza, difundindo-se com certa facilidade. O bom senso estabelece
relações entre factos sem que se busque identificar as causas que provocam. O bom senso
muitas vezes se identifica com a tradição.
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O bom senso é por vezes confundido com a ideia de senso comum, sendo, no entanto,
muitas vezes o seu oposto. Ao passo que o senso comum pode refletir muitas vezes uma
opinião por vezes errônea e preconceituosa sobre determinado objeto. O bom senso está
ligado à ideia de sensatez, sendo uma capacidade intuitiva de distinguir a melhor conduta em
situações específicas que, muitas vezes, são difíceis de serem analisadas mais longamente.
Para Aristóteles, o bom senso é "elemento central da conduta ética. Uma capacidade virtuosa
de achar o meio termo e distinguir a ação correta, o que é em termos mais simples, nada mais
que bom senso."

O bom senso vai muito além da capacidade de distinguir o certo do errado. O bom
senso está diretamente ligado à capacidade intuitiva do ser humano de fazer a coisa certa. Ele
é um elemento que está ligado à moral, de maneira que o bom senso praticado por um cristão,
poderá ser interpretado de uma forma diferente por um islã ou judeu. Também reflete a
cultura e o meio a qual o ser humano vive. O bom senso não envolve tanto uma reflexão
aprofundada sobre um determinado tema, lugar ou situação (isso já entraria no campo da
reflexão), mas sim a capacidade de agir e interagir, obedecendo certos parâmetros da
normalidade, face uma situação qualquer, guiando-se por um senso comum e quase que
completamente intuitivo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a realização deste trabalho foi possível perceber que a Ética e verdade são dois
conceitos que parecem estar um tanto quanto próximos, pois enquanto aquela quer fundar-se
como válida para todos, esta precisa ser aceita por todos para obter o valor de verdade. Mas
esses dois conceitos não possuem a singularidade que aparentam, e tornam-se por demais
complexos quando tomados historicamente. Ainda, podem ser utilizados em determinadas
situações históricas quando justificam ou fundam uma ordem que se pretende única, racional
e verdadeira.

Considerando que o conceito de ética pode ser entendido como as “noções e princípios
que fundamentam a vida moral”, não podemos esquecer que se trata de fundamentos
estabelecidos pelos representantes de grupos ou classes sociais e que os valores que defendem
estão a elas vinculados - isto não representa dizer que existe um princípio ético para cada
classe ou grupo social, mas sim que as relações de dominação de umas sobre as outras fazem
prevalecer os valores caros àqueles como princípios gerais para a toda a sociedade. Assim a
verdade é a propriedade de algo, que, além de ser uma coisa, tem uma função a mais, além de
existir ou ser, que é referir-se a ideias, palavras, símbolos se refere a alguma coisa. [...] Só
uma coisa que tem função referencial pode ser chamada de verdadeira.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARANHA. Maria Lúcia de Arruda; MARTINS. Maria Helena Pires. Filosofando: uma
introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1993.

GOLDSCHMIDT, Victor. “Tempo histórico e tempo lógico na interpretação dos sistemas


filosóficos” In: GOLDSCHMIDT, V. A religião de Platão. São Paulo: Difusão Européia do
Livro, 1968, p.139-147.

JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de


Janeiro: Zahar, 2008.

PORTO EDITORA – autoridade na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult.
2023-05-09 02:22:23]. Disponível em https://www.infopedia.pt/$autoridade

WEBER, Max (1978), Economy and Society: An Outline of Interpretive Sociology, Berkeley,
University of California Press: 941-955.

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