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6. CONCLUSÃO....................................................................................................................10
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................11
7.1. Sites.................................................................................................................................11
1. INTRODUÇÃO
No presente trabalho temos como tema de pesquisa “o abuso do poder pelos órgãos da
Administração Pública tendo em vista a ética e deontologia profissional”.
O problema da ética no serviço público é tão antigo quanto o próprio governo. O problema pode
ser antigo, mas não pode ser considerado resolvido, sendo necessário revisitá-lo
permanentemente tanto em busca de soluções mais adequadas à realidade atual quanto para
discutir o “deve ser”, o ideal, o utópico (mas não impossível) em Administração Pública.
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2. UMA DELIMITAÇÃO DO CONCEITO DA ÉTICA
Falar de ética é abandonar a pretensão da neutralidade, pois o conceito exige uma tomada de
posição por parte do estudioso, que não apenas revela sua visão de como o mundo deveria ser,
mas também os valores que ele esposa e defende. Sendo um tema notoriamente difícil de se
abordar, a ética deve ser compreendida à luz da filosofia, e discutida dentro da realidade do
campo de conhecimento com o qual se trabalha. Esta seção examina inicialmente o conceito de
ética para, em seguida, partir para uma definição que norteará as discussões subsequentes.
Aristóteles, em sua “Ética a Nicómaco”, afirmou que toda arte e toda investigação buscam um
bem, que é a tendência para a qual todas as coisas convergem; esse bem é a finalidade suprema,
o “sumo bem”, para o qual, segundo ele, a ciência política (que pode discuti-lo para todas as
nações e cidades) se mostra como a discussão adequada (ARISTÓTELES, 1987). A felicidade é
identificada como esse bem supremo, e Aristóteles a discute a fundo, considerando-a o único
bem que é desejável por si mesmo, o único que não contribui para outras coisas, o único que é
bom em si. Dessa maneira, a ética é o conhecimento e a prática do bem, da felicidade que, uma
vez alcançada, leva o homem a ser bom e a agir bem. Desde que Aristóteles produziu essa
reflexão, verdadeiro “marco zero” da ética, inúmeros pensadores se debruçaram sobre o
problema e produziram suas próprias ideias, e não é tarefa deste artigo produzir uma visão,
mesmo que sumária, da história dessas reflexões. Mas era necessário recuperá-la, haja vista que a
concepção aristotélica é útil para trilhar o caminho que liga a ética à Administração Pública.
Para essa autora, as éticas aplicadas se referem a contextos específicos nos quais se desenvolvem
análises de consequências e decisões são tomadas. Ou seja, trata-se de uma ética circunscrita na
realidade, que abandona quaisquer pretensões de universalidade para focalizar em problemas
relevantes para a área à qual se aplica, mas não necessariamente às outras. Três características
das éticas aplicadas merecem destaque:
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a) Buscam responder problemas práticos e concretos relacionados a práticas profissionais e
sociais;
b) Exigem um diálogo multidisciplinar para poderem superar o paroquialismo e as
compartimentalizações da realidade;
c) Apresentam-se sob a forma de práticas e discursos que interagem fortemente.
A autora ainda observa, com base na primeira dessas características, que as éticas aplicadas se
opõem ao modelo dedutivista da filosofia moral – ou seja, os princípios e normas de uma ética
aplicada são produzidos de maneira indutiva, por meio de casos particulares, de situações
concretas específicas e de decisões tomadas; uma vez aplicados a outros casos e situações,
podem aspirar ao status de guias de ação para a área ou esfera da vida ao qual se aplicam.
Como não se tem a pretensão de esgotar a discussão sobre o conceito de ética, pode-se agora
apresentar uma definição própria, útil para os propósitos deste estudo: a ética é a reflexão
sistemática e rigorosa sobre os valores, as normas de conduta e os princípios morais que
norteiam a ação do ser humano junto aos seus semelhantes. A ética se aplica a toda esfera da
vida humana, a cada tipo de ação, dentro do quadro mais amplo dos valores morais da sociedade;
ou seja, não deveria haver tensão entre estes no sentido geral e sua aplicação a problemas
específicos, como a bioética, a administração ou o direito. Assim, a ética é uma reflexão sobre
como deveria ser o agir humano conforme uma determinada estrutura de valores.
A Administração Pública ao zelar pelos interesses de cada cidadão, zela pelos interesses gerais
da sociedade e seus valores e assume um compromisso social que lhe aporta responsabilidades:
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Melhorar a Administração Pública é a questão que está presente nas agendas governamentais.
Como?
Abrir mais canais para acesso à informação.
O mais importante é a ética de quem presta o serviço, o respeito por regras e valores.
Os funcionários, no exercício da sua actividade, devem tratar de forma justa e imparcial todos os
cidadãos, actuando segundo rigorosos princípios de neutralidade.
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3.1.4. Princípio da Igualdade
Os funcionários devem prestar informações e/ou esclarecimentos de forma clara, simples, cortês
e rápida.
Os funcionários, no exercício da sua actividade, devem agir de forma leal, solidária e cooperante.
A relação entre a ética e a Administração Pública pode ser compreendida, inicialmente, a partir
da discussão de Cortina e Martínez (2005) sobre os usos da moral como adjetivo e substantivo.
Uma ética (substantivo) da Administração Pública poderia ser concebida como a reflexão moral
sobre como deve ser a prática administrativa, ao passo que a Administração Pública ética
(adjetivo) seria uma qualificação dada à prática, conforme a reflexão de um agente que analise e
procure compreender a situação. Enquanto a primeira teria um caráter geral, a segunda poderia
ser simplesmente uma qualificação concedida por alguém, aplicada a uma situação específica.
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Não há tensão entre esses aspectos; códigos de ética para os servidores públicos, por exemplo,
personificam a busca por princípios de conduta moral que devem basear a prática profissional ao
mesmo tempo que permitem uma análise dessa prática e sua posterior adjetivação como “ética”
ou não.
Rawls (2005) fornece uma boa justificativa para a importância de tal análise, ao discutir os
elementos que nortearam a transformação da filosofia moral clássica em sua congênere moderna.
De acordo com ele, a Reforma Protestante, que gerou diferentes pluralismos, o desenvolvimento
da ciência moderna (especialmente da astronomia e do cálculo) e o Estado moderno, substituindo
as monarquias absolutistas e centralizadas dotadas de poder legitimado divinamente, uniram-se
em relações complexas que ajudam a compreender por que se mudou o foco da reflexão
filosófica sobre a moral. É interessante observar que Procopiuck (2013) considera o surgimento
do Estado centralizado e unificado sob uma monarquia absoluta uma das vertentes que originam
a moderna Administração Pública.
Segundo Sinai Nhatitima, membro da Comissão Central de Ética Pública, denuncia também o
incumprimento da lei de probidade pública, em vigor desde 2014.
“Com toda a legislação que existe, com as instituições que já estão criadas, para estancar este
mal, mas a verdade é que estamos ainda aquém, daquilo que nós desejaríamos que a
nossa realidade fosse”.
E mais, no dizer deste membro da Comissão central de Ética Pública, que fazia estas denúncias e
constatações durante uma conferência sobre ética e governação, ele disse que "o que é preciso
mudar, quando se fala de combate à corrupção, quem tem que combater a corrupção é o servidor
público."
Ainda segundo Sinai Nhatitima, membro da Comissão Central de Ética Pública "podemos passar
à fase de exigir a responsabilidade de quem não cumpre a própria lei que prevê estas situações."
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5.1. Resultados ou Causas da Corrupção
Que os homens bons são virtuosos, e que ser virtuoso quer dizer “estar em harmonia consigo
mesmo”, “querer sempre as mesmas coisas”, não ter uma vontade volúvel ou caprichosa, e
desejar ao mesmo tempo o que convém - e se deve- a si mesmo e o que convém - e se deve - aos
demais.
Que os homens maus, ao contrário, são viciosos que nem estão em harmonia consigo mesmos
pelo traço mudadiço de sua vontade, nem podem tê-la com os demais ao antepor
sistematicamente seus próprios interesses particulares do momento ao que se deve aos demais (e
a si mesmo no futuro).
Todos são corruptíveis – não corruptos ou depravados inatos –, crendo que a mais realista
maneira de desenhar instituições duradouras e à prova de corruptos e vilões (Hume).
A aplicação da lei;
A prevenção;
A criação de instituições e;
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As campanhas de consciencialização Existência de Códigos de Conduta ou de Ética.
A praga da corrupção só será definitivamente erradicada quando o último corrupto houver morto
estrangulado com as tripas do último sacerdote pedófilo (Jean Meslier por Atahualpa Fernandez,
s/d).
Nos últimos anos, e sobretudo desde a viragem para a democracia, Moçambique tem aumentado
a sua reputação por causa da corrupção que percorre todos os sectores da sociedade e pelo facto
de que, apesar de ser uma realidade dramática, os doadores não terem ainda endurecido a sua
linguagem visando uma maior pressão sobre governantes.
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não foram acompanhadas de um redesenho institucional efectivo de modo a se acautelar o
desenvolvimento da corrupção. Quando falamos em redesenho institucional, referimo-nos à
introdução e aplicação prática de instituições que poderiam contribuir para a implantação da
transparência num quadro político diferente, como sejam as instituições de accountability.
A ausência de uma cultura de prestação de contas por parte do Governo está, no entanto, a mudar
paulatinamente a percepção dos doadores sobre Moçambique, apesar de que a apreciação relativa
ao desempenho macroeconómico e dos programas de alívio à pobreza se mantém mais ou menos
a mesma.
O presidente da República, desde que subiu ao poder sempre falou do combate a corrupção,
aliás, no primeiro mandato o discurso era: combate a corrupção, burocratismo, espírito de deixa
andar e pobreza absoluta. No segundo mandato o discurso é simplesmente combate a pobreza.
Porque esta mudança? Será estratégia política ou o presidente observou que não é tarefa fácil
combater a corrupção em Moçambique devido a conflitos de interesses dos dirigentes políticos?
É um dado relevante que a corrupção não baixou pelo contrário aumentou segundo dados da
Transparência Internacional. Neste momento a corrupção do alto nível é que está em voga, onde
os dirigentes públicos criam empresas privadas que vencem licitações, ou seja, um ministro cria
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uma empresa de prestação de serviços no ministério onde dirige. Existe ainda o aproveitamento
económico dos recursos naturais recentemente descobertos em Moçambique através de parcerias
entre os megaprojectos e as empresas dos dirigentes políticos ou então a recepção das comissões
para facilitar a entrada de empresas estrangeiras que exploram os recursos naturais, razão pela
qual os contratos com os megaprojectos não são tornados públicos.
6. CONCLUSÃO
Como qualquer área do conhecimento, a Administração Pública envolve questões éticas, que
dizem respeito não somente às suas ações e resultados, mas também aos princípios que a
governam. Essas questões são tangenciadas pelos modelos que foram produzidos ao longo do
tempo para lidar com o desafio de administrar as ações governamentais na busca do governo,
mas pode-se afirmar que o tratamento dado a elas por esses modelos é insatisfatório e exige
maior aprofundamento.
As diferentes teorias éticas construídas ao longo de mais de vinte séculos de reflexão moral
podem ajudar a superar este problema. Estudos mais aprofundados sobre os fundamentos dos
modelos de Administração Pública e sobre as consequências de sua adoção, orientados por uma
perspectiva ética, devem ser empreendidos para que se possa efetivamente chegar a uma
conclusão a respeito de como se pode equacionar o problema de bem administrar as atividades
públicas, isto é, de agir de acordo com as necessidades e interesses de uma população que clama
por serviços públicos. É inegável que a Administração Pública lida com problemas de fundo
moral; como esses problemas são trabalhados é, por outro lado, uma questão ainda em aberto.
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1987. (Coleção Os
Pensadores, vol. II).
CORTINA, Adela; MARTÍNEZ, Emilio. Ética. São Paulo: Loyola, 2005.DAVIS, Nancy
(Ann). Contemporary deontology. In: SINGER, Peter (Org.). A companionto ethics.
Oxford: Blackwell, 1997. p. 205 – 218.
PARIZEAU, Marie-Helène. Ética aplicada: as relações entre a filosofia moral e a ética
aplicada. In: CANTO-SPERBER, Monique (Org.). Dicionário de ética e filosofia moral.
São Leopoldo: Unisinos, 2003. vol. 1, p. 595 – 600
PROCOPIUCK, Mario. Políticas públicas e fundamentos da administração pública:
análise e avaliação, governança e redes de políticas, administração judiciária. São Paulo:
Atlas, 2013.
RAWLS, John. História da filosofia moral. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
WILLIAMS, Bernard. Moral: uma introdução à ética. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
7.1. Sites
http://jorgejairoce.blogspot.com/2012/05/sobre-corrupcao-em-mocambique-o-
debate.html: 27/04/17, 08:20.
https://pt.slideshare.net/csapura/corrupcao-e-etica-em-mocambique: 27/04/17, 9:04.
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