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Universidade Eduardo Mondlane

Faculdade de Engenharia
Departamento de Engenharia Química
Licenciatura Engenharia Química

ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA

Tema
ÉTICA E ÉTICA NA ENGENHARIA

Estudante:
Guimarães, Milena Helena
Oliveira, Ilídio Fernando Moisés
Tamele, Valente
Tsinine, Henriques Jonas
Zacarias, Paulino Zezé

Docentes:
Dr. Baltazar Transvaal

Maputo, Outubro de 2019


Índice

I. Introdução ................................................................................................................................ 1
II. Objectivos ............................................................................................................................ 2
III. Metodologia ......................................................................................................................... 2
IV. Ética: Definição etimológica................................................................................................ 3
V. Ética vs Moral ...................................................................................................................... 4
VI. Ética, antropologia e metafísica ........................................................................................... 6
VII. Teorias Éticas ....................................................................................................................... 6
a. Deontologia .......................................................................................................................... 6
b. Ética da virtude .................................................................................................................... 8
c. Consequencialisimo ............................................................................................................. 9
VIII. Ética Profissional............................................................................................................ 10
a. Ética na engenharia ........................................................................................................ 10
b. Exemplo de um caso sobre ética na engenharia* ........................................................... 13
IX. Conclusão........................................................................................................................... 14
X. Bibliografia ........................................................................................................................ 15
I. Introdução
Ao falar da ética, à maioria dos homens remetem-se a uma consciência. Utilizam os seus conceitos
e regras quando ajuíza a outros homens ou quando julga que está sofrendo uma injustiça; contudo,
gostaria de poder agir para além do bem e do mal no que respeita aos seus interesses. Uma coisa
é, porém, verdadeira, ninguém se pode furtar à ética, pois sabe-se que homem é um animal social,
ou seja, vive em sociedade, e, para subsistir, qualquer sociedade precisa de normas, que criam um
vínculo com os indivíduos e regulam os seus comportamentos quando estes se relacionam nos seus
vários papeis ou domínios de intervenção (familiar, social, profissional, etc.) de forma a manter a
coesão e a integração social harmoniosas. Portanto a ética é muito importante para uma
determinada sociedade, visto que, constitui uma ferramenta que permite uma busca contínua no
aperfeiçoamento do homem como um ser e fornece directrizes pelas quais o homem, enquanto ser
racional e livre, rege o seu comportamento.

Estudar ética, é procurar ser especialista em “ser humano”, é descobrir rumos para o
deslanchamento das potencialidades da pessoa, é não somente respeitar a dignidade humana, mas
principalmente ajudar a construí-la a partir de si mesmo e junto com outras pessoas ( Camargo
1999).

O engenheiro é membro de um grupo profissional com importância determinante para o progresso


económico e social de uma sociedade. Porque, por vocação, está apto a resolver problemas práticos
e complexos, desenvolvendo, produzindo e melhorando produtos e processos. Para contribuir com
a sua quota-parte na boa governação, como cidadão ativo, o engenheiro técnico do século XXI,
para além de possuir uma sólida formação técnica, deve também possuir uma cultura geral sólida
e ter consciência da importância do seu papel na sociedade.

O presente trabalho tem em vista fazer uma descricao do que é a ética de uma forma geral como
uma corrente filosofica e a sua aplicacao profissional na area de engenharia.

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II. Objectivos
 Fazer a análise e reflexão dos conceitos da ética geral e das teorias referentes a mesma;
 Fazer a descrição e análise do enquadramento da ética na engenharia.

III. Metodologia
Para a realização do presente trabalho, fez-se revisão bibliografica e pesquisas em artigos
filosoficos.

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IV. Ética: Definição etimológica
A palavra ética deriva do grego e possui dois significados: Éthos – que significa hábitos e costumes
e Êthos – que significa morada, portanto Heideger define o Êthos como sendo a morada do ser,
logo a ética estuda a morada do ser, ou seja, a essência do homem como pessoa, como um ser que
possui a sua própria dignidade, e que usa da sua racionalidade para fazer a avaliação de condutas
humanas.

Definição da ética

A ética é definida de diversas formas, apresenta-se a seguir algumas definições propostas por
alguns autores.

A ética é a ciência que tem por objecto a finalidade da vida humana, e os meios para que isto seja
alcançado ( Silva 1994)

Martins (1990), complementa a definição do Silva dizendo que a ética como caminho para busca
do aperfeiçoamento humano.

A ética preocupa-se com o desenvolvimento das potencialidades humanas, desenvolvimento de


suas virtualidades. Portanto o homem antes de perguntar : O que devo fazer? Como me devo
comportar? , deve perguntar : O que sou? , quais são as minhas energias humanas que não podem
ficar represadas, mas devem ser impulsionadas?

Como descobrir isto? Através da razão. O homem deve usar a razão, para descobrir a sua essência,
seus valores e princípios universais, suas faculdades ou capacidades, determinando também como
vive-las, portanto o objetivo da ética é orientar o homem para este possa se sentir realizado, busca
constante pelo enriquecimento do seu ser.

Segundo Francisco (2002), o termo ética, recobre um fenômeno da existência social que nasce
com a humanidade, a partir do momento em que o homem toma a consciência de seu ser com o
outro. A ética, assim, esta relacionada ao momento fundante do perceber-se e sentir-se em relação
com outro ser que é semelhante e que portanto, deve também perceber-se e sentir-se como
semelhante. Essa tomada de consciência de ser e de estar entre iguais exige a formulação de
princípios que resguardem a individualidade e sua integridade no colectivo, concebendo a todos
os de mesma origem como sendo iguais na relação com o mundo.

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A ética é o domínio da filosofia responsável pela investigação dos princípios que orientam o
comportamento humano. Ou seja, que tem por objecto o juízo de apreciação que distingue o bem
e o mal, o comportamento correto e o incorreto.

a. Viver de acordo com os padrões éticos


O autor Peter defende que se vive de acordo com os padrões éticos quando se pode justificar, ou
dar razão para praticar as acções.

A justificação das acções não é um parâmetro suficiente para se dizer que se vive de acordo com
os padrões éticos, pois é necessário mostrar que as acções motivadas pelo interesse pessoal são
compactíveis com princípios éticos de base mais ampla para serem defensíveis, porque a noção de
ética traz consigo a ideia de algo mais vasto do que o individual. Se se pretende defender o
comportamento de acordo com princípios éticos, não se deve pensar somente nos benefícios
pessoais, mas sim preocupar-se com um grupo mais vasto.

Segundo Peter, Desde a antiguidade que os filósofos e os moralistas têm expressado a ideia de que
o comportamento ético é aceitável de um ponto de vista que é, de alguma forma, universal.

Deve-se atribuir os interesses alheios a mesma importância que os interesses pessoais .

Os Estóicos defendiam que a ética decorre de uma lei natural universal. Kant compartilhava do
mesmo raciocínio através da seguinte premissa: Age apenas segundo as máximas que possas ao
mesmo tempo querer que se tornem leis universais. R.M.Hare, considera a universabilidade como
uma característica lógica dos juízos morais.

V. Ética vs Moral
Os conceitos de moral e ética, ainda que diferentes, são com frequência usados como sinónimos.
No entanto pode-se estabelecer algumas diferenças entre eles, embora essas definições variem
conforme o filosofo.

Etimologicamente a palavra moral deriva do latim “mos, moris” que significa “costume”, “maneira
de se comportar regulada pelo uso”; e moralis, morale, adjectivo referente ao que é “relativo aos
costumes”.

Moral é o conjunto de regras que determinam o comportamento dos indivíduos em um grupo


social. De modo simplificado, o sujeito moral é aquele que age bem ou mal na medida em que

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acata ou transgride as regras morais admitidas em determinada época ou um grupo de pessoas. Diz
respeito à acção moral concreta, quando nos perguntamos: O que devo fazer? Como devo agir
nessa situação? O que é certo? O que é condenável? E assim por diante.

Ética ou filosofia moral é a reflexão sobre as noções e princípios que fundamentam a vida moral.
Essa reflexão orienta-se nas mais diversas direções, dependendo da concepção de ser humano
tomada como ponto de partida. Por exemplo, à pergunta “O que é o bem e o mal?” responde-se
diferentemente, caso o fundamento da moral esteja na ordem cósmica, na vontade de Deus ou em
nenhuma ordem exterior à própria consciência humana.

Do ponto de vista da ética, podemos ainda perguntar: Há uma hierarquia de valores a obedecer?
Se houver, o bem supremo é a felicidade? O prazer? A utilidade? O dever? A justiça? Igualmente,
é possível questionar: Os valores são essenciais? Têm conteúdo determinado, universal, válido em
todos os tempos e lugares? Ou, ao contrario, são relativos: “verdade aquém, erro alem dos
Pireneus”, como criticava Pascal? Haveria possibilidade de superação das posições contraditórios
do universalismo e do relativismo?

Em linhas gerais a ética é uma reflexão sobre a acção, a moral é, portanto, um conjunto de regras
de conduta consideradas válidas, de modo absoluto ou relativo, para uma sociedade, um grupo de
pessoas ou um individuo. Uma atitude amoral é aquela que se situa fora da moral, não sendo
suscetível de julgamento normativo do ponto de vista do bem e do mal. Uma pessoa amoral não
se pauta pelas regras vigentes de um dado tempo e lugar, seja por ignorância ou pela indiferença
em relação aos valores morais. Imoral, por outro lado, tem um sentido de conduta ou doutrina que
contraria a regra moral prescrita para um dado tempo e lugar, ou seja, pode-se dizer que um imoral
é um desonesto, um libertino.

A ética procura o fundamento do valor que norteia o comportamento, é uma filosofia moral que
tem como problema definir o comportamento moral, enquanto que a moral, aponta para a
possibilidade de realização de um projecto de felicidade, esta ligada a cultura onde as normas, os
valores, os hábitos são passados através da linguagem, dos ritos e tradições. A moral tem como
finalidade de organizar as relações entre os sujeitos sociais, ao passo que a ética implica relação
de si para consigo.

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A moral é algo pratico, esta relacionada aos hábitos e costumes colectivos ou particulares, está
mais próxima da ideia de regras do que a ética, que está mais próxima da filosofia e das ideias de
reflexões e decisões em ambientes complexos.

VI. Ética, antropologia e metafísica


Pode-se afirmar que, <<de acordo com a espécie de homem que se é, assim se escolhe uma ética>>.
Conforme se é essencialmente gozador ou se aspira a uma harmonia interna ou se é consciente do
dever ser, assim se escolhe um outro tipo. Talvez não haja um ramo do saber que que tão
profundamente ilumine o homem inteiro. Daí a consequência: a ética filosófica e a antropológica
filosófica estão em relação de dependência recíproca. A pergunta: o que deve o homem fazer ou
ser? Pode, não sem motivos, ser respondida suficientemente por outra questão: O que é o homem?
Reciprocamente, a discussão a cerca do ser exige um complemento pela questão do dever ser. Uma
vez que o homem por seu turno não vive num espaço vazio, mas na terra, no universo e por último,
no ser, as questões metafísicas acerca da posição do homem nos cosmos e do sentido de ser. Por
outro lado, as teses metafísicas sobre se a realidade é essencialmente matéria ou, pelo contrário
espírito, incluem decisões valorativas. Há, portanto, uma dependência recíproca entre ética e
metafísica.

VII. Teorias Éticas


a. Deontologia
A ética deontológica ou deontologia (do grego δέον, deon, "obrigação, dever"; e -λογία, -logia) é
uma abordagem da ética que determina a bondade ou a justiça ao examinar actos ou regras e
deveres que a pessoa que fez o acto se esforçou para cumprir. Isso contrasta com o
consequencialismo, no qual a rectidão é com base nas consequências de um acto, e não no acto
por si só. Na deontologia, um acto pode ser considerado certo mesmo que o acto produza uma
consequência ruim, se segue a regra de que "alguém deve fazer aos outros como eles teriam feito
a eles ", e mesmo que a pessoa que pratica o acto não tenha virtude e tenha uma má intenção em
fazer o acto. De acordo com a deontologia, temos o dever de agir de uma maneira que faça essas
coisas que são inerentemente boas como actos ("dizer a verdade", por exemplo) ou seguem uma
regra objectivamente obrigatória (como em utilitarismo das regras). Para os deontologistas, os
fins ou consequências de nossas acções não são importantes e de si mesmos e nossas intenções
não são importantes por si só.

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A teoria da ética de Immanuel Kant é considerada deontológica por várias razões diferentes.
Primeiro, Kant argumenta que, para agir da maneira moralmente correcta, as pessoas devem agir
do dever (deon). Segundo, Kant argumentou que não foram as consequências de acções que os
tornam certos ou errados, mas os motivos (máximo) da pessoa que realiza a acção.

O argumento de Kant de que para agir da maneira moralmente correta, é preciso agir a partir do
dever, começa com um argumento que o bem maior deve ser bom em si mesmo e bom sem
qualificação. Algo é 'bom em si mesmo" quando é intrinsecamente bom e " bom sem qualificação
" quando a adição dessa coisa nunca torna uma situação eticamente pior. Kant então argumenta
que aquelas coisas que geralmente são consideradas boas como a inteligência, perseverança e
prazer, deixam de ser intrinsecamente bons ou bons sem qualificação. O prazer, por exemplo,
parece não ser bom sem qualificação, porque quando as pessoas têm prazer em assistir alguém
sofrendo, isso parece tornar a situação eticamente pior. Ele conclui que há apenas uma coisa que
é realmente boa:

Nada no mundo - na verdade nada além do mundo - pode ser concebido que possa ser chamado
bom sem qualificação, exceto uma boa vontade.

A ética kantiana é deontológica, girando inteiramente em torno do dever, em vez de emoções ou


objetivos finais. Todas as ações são executadas de acordo com alguma máxima ou princípio
subjacente, profundamente diferentes entre si; é de acordo com isso que o valor moral de qualquer
ação é julgado. A ética de Kant baseia-se em sua visão da racionalidade como o bem último e em
sua crença de que todas as pessoas são seres fundamentalmente racionais. Isso levou à parte mais
importante da ética de Kant, a formulação do imperativo categórico, que é o critério para
determinar se uma máxima é boa ou ruim.

A ética de Kant concentra-se, então, apenas na máxima subjacente às ações e as julga boas ou más,
unicamente em como elas se adaptam à razão. Kant mostrou que muitas de nossas visões de senso
comum do que é bom ou ruim estão em conformidade com seu sistema, mas negou que qualquer
ação executada por outras razões que não as ações racionais possa ser boa (salvar alguém que está
se afogando simplesmente por uma grande pena por ela não é um ato moralmente bom). Kant
também negou que as consequências de um ato de alguma forma contribuam para o valor moral
desse ato, sendo seu raciocínio (altamente simplificado por uma brevidade) que o mundo físico

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está fora de nosso controle total e, portanto, não podemos ser responsabilizados pelos eventos que
ocorrer nele.

As regras de formulação do kantianismo são:

1. Aja apenas de acordo com a máxima pela qual você pode, ao mesmo tempo, querer que se torne
uma lei universal.

2. Aja para que você sempre trate os outros como um fim, e nunca como um meio apenas para um
fim.

b. Ética da virtude
A ética da virtude descreve o caráter de um agente moral como uma força motriz do
comportamento ético e é usada para descrever a ética de Sócrates, Aristóteles e outros primeiros
filósofos gregos. Sócrates (469 aC - 399 aC) foi um dos primeiros filósofos gregos a incentivar os
estudiosos e o cidadão comum a voltar sua atenção do mundo exterior para a condição da
humanidade. Nesta visão, o conhecimento que tem relação com a vida humana foi colocado mais
alto, sendo todos os outros conhecimentos secundários. O autoconhecimento foi considerado
necessário para o sucesso e inerentemente um bem essencial. Uma pessoa auto consciente agirá
completamente dentro de suas capacidades até o auge, enquanto uma pessoa ignorante se debaterá
e encontrará dificuldades. Para Sócrates, uma pessoa deve tomar consciência de todos os fatos (e
seu contexto) relevantes para sua existência, se desejar obter autoconhecimento. Ele afirmou que
as pessoas naturalmente farão o que é bom, se souberem o que é certo. As ações más ou más são
o resultado da ignorância. Se um criminoso estivesse realmente ciente das consequências mentais
e espirituais de suas ações, ele não cometeria nem sequer consideraria cometê-las. Qualquer
pessoa que sabe o que é verdadeiramente certo fará isso automaticamente, de acordo com Sócrates.
Embora ele correlacionasse conhecimento com virtude, ele igualou virtude com felicidade. O
homem verdadeiramente sábio saberá o que é certo, fará o que é bom e, portanto, será feliz.

As características essenciais da ética da virtude

a. Uma ação é correta se e somente se for o que um agente com caráter virtuoso faria nas
circunstâncias

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b. A bondade é anterior à retidão.
c. As virtudes são bens intrínsecos irredutivelmente plurais.
d. As virtudes são objetivamente boas.
e. Alguns bens intrínsecos são relativos ao agente.
f. Agir corretamente não exige que maximizemos o bem

c. Consequencialisimo
O consequencialisimo refere-se a teorias morais que sustentam que as consequências de uma ação
específica formam a base para qualquer julgamento moral válido sobre essa ação (ou cria uma
estrutura para o julgamento, veja o consequencialismo da regra). Assim, do ponto de vista
consequencialista, uma ação moralmente correta é aquela que produz um bom resultado ou
consequência. Essa visão é frequentemente expressa como o aforismo "Os fins justificam os
meios".

A característica definidora das teorias morais consequencialistas é o peso dado às consequências


na avaliação da correção e do erro das ações. Nas teorias consequencialistas, as consequências de
uma ação ou regra geralmente superam outras considerações. Além desse esboço básico, há pouco
mais que possa ser dito inequivocamente sobre o consequencialismo como tal. No entanto,
existem algumas questões que muitas teorias consequencialistas abordam:

 Que tipo de consequências contam como boas consequências?


 Quem é o principal beneficiário da ação moral?
 Como as consequências são julgadas e quem as julga?

Uma maneira de dividir vários consequencialismos é pelos tipos de consequências mais


importantes, isto é, quais consequências contam como bons estados de coisas. De acordo com o
utilitarismo hedonista, uma boa ação é aquela que resulta em um aumento do prazer, e a melhor
ação é aquela que resulta em mais prazer para o maior número. Intimamente relacionado é o
consequencialismo eudemónico, segundo o qual uma vida plena e próspera, que pode ou não ser a
mesma coisa que desfrutar de um grande prazer, é o objetivo final. Da mesma forma, pode-se
adotar um consequencialismo estético, no qual o objetivo final é produzir beleza. No entanto,
pode-se fixar em bens não psicológicos como o efeito relevante. Assim, pode-se buscar um

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aumento da igualdade material ou da liberdade política em vez de algo como o "prazer" mais
efêmero. Outras teorias adotam um pacote de vários bens, todos a serem promovidos igualmente.
Se uma teoria consequencialista específica se concentra em um único bem ou em muitos, conflitos
e tensões entre diferentes estados de coisas são esperados e devem ser julgados.

VIII. Ética Profissional


A filosofia grega faz a distinção entre o saber teórico e o saber prático.

O saber teórico ( Ética Geral) não tem somente como objeto de estudo a acção, enquanto que o
saber prático (Ética Aplicada) tem como objetivo específico orientar a conduta.

Segundo Emílio et al. (1997) , o saber prático possui diversas formas tais como : o saber técnico e
o saber moral. Portanto Aristóteles propõe a distinção entre a racionalidade prático-moral e a
prático-técnica.

O saber prático-moral tem como fim a acção propriamente dita, enquanto que o saber prático-
técnico tem como fim uma acção que se denomina produção.

A técnica tem por meta produzir um bem específico, enquanto que a moral consiste em conseguir
para o homem “o maior bem possível”. O técnico é habilidoso, ou seja, tem capacidades para a
produção de bens de acordo com a sua formação, o homem moral é o que sabe distinguir o bom
do mau, pois o saber moral aponta diretamente para o bem supremo e para o fim último, dado que,
esclarece-nos sobre o que é conveniente, no conjunto da nossa vida.

O sábio técnico, domina a arte de aplicar os meios adequados a um fim que se procura, seja este
fim bom ou não, enquanto que o sábio moral, é o prudente, o que delibera sobre os meios, mas
para conseguir um fim bom.

Em suma, a ética profissional consiste na aplicação da ética geral na conduta humana durante a
exerção de uma determinada profissão.

a. Ética na engenharia
Para Donaldson (1996) a discussão dos fundamentos da ética é, provavelmente, uma actividade
interessante para os filósofos, sociólogos e outros especialistas em ciências sociais. Os engenheiros

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não estão, em geral, vocacionados para essas discussões, o que obviamente não os isenta de
atenderem às questões éticas que se encontram intimamente associadas à sua actividade
profissional, dada a elevada responsabilidade das suas funções que frequentemente desempenham.

Para engenheiros importa então um conhecimento do tópico que nas sociedades anglo-saxónicas
é designado por “Applied Ethics”, que não trata dos problemas éticos em geral, mas sim do
conjunto circunscrito do problema resultante do, ou envolvidos no exercício de determinada
actividade profissional. É assim que aparecem especializações, em função do objecto de cada
profissão. Por exemplo, um código de ética profissional de Engenharia aborda questões diferentes
das abordadas num código de ética profissional de Medicina.

Quando fala-se em engenharia, como sabemos e em sentido genérico, falamos da aplicação de


métodos (científicos ou empíricos) à utilização dos recursos naturais em benefício da humanidade.
Quer para desenvolver a tecnologia para combater a poluição, quer para projetar, construir e manter
grandes estruturas e redes hidráulicas e viárias, quer para desenvolver software ou projetos para
proteger e promover a saúde pública. Referimo-nos, naturalmente, à engenharia nas suas diversas
especialidades, cujo leque tem aumentado consideravelmente ao longo do tempo, para dar resposta
às diversas questões colocadas pelo desenvolvimento das sociedades.

O engenheiro move-se num universo complexo, constituído por todo o tipo de agentes: colegas de
profissão, colegas de outras profissões, gestores, clientes e consumidores, entidades públicas e,
inclusivamente, o próprio ambiente social e natural. As relações do engenheiro com este universo
são regidas por vários tipos de normas de comportamento, orientados pela ética.

ética na engenharia não é o estudo daquilo que os engenheiros podem fazer mas o estudo daquilo
que os engenheiros devem fazer, atendendo aos impactos sociais e ambientais do desenvolvimento
tecnológico.

A primeira obrigação dos engenheiros é proteger o bem estar público. Foi a sociedade que lhes
deu oportunidade de educação e as condições para o exercício da profissão. Em troca, os
engenheiros têm a responsabilidade de proteger a segurança e o bem estar do público no exercício
da sua profissão. Como afirmam alguns autores, esta é parte do contrato social implícito com o
público que os engenheiros aceitam quando são admitidos numa faculdade de engenharia.

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Em face dos riscos, os engenheiros devem estar preparados para tomar decisões coerentes. Uma
decisão de um engenheiro pode afetar inúmeras vidas. Por isso, é importante lembrar que a
primeira obrigação do engenheiro é para com a segurança das pessoas. O que se torna difícil
quando os engenheiros não são profissionais autónomos, trabalham em ambientes nos quais são
determinantes no processo de decisão fatores como os orçamentos e os prazos de resposta
apertados. O engenheiro deve definir, avaliar e gerir o risco à luz de obrigações para com o público,
o empregador e a sua profissão. Nestas circunstâncias, o engenheiro deve ser, em primeiro lugar,
um profissional da engenharia. Deve atender, em primeiro lugar, às exigências éticas e às
obrigações para com a segurança pública. O que lhe pode causar sérias dificuldades.

Por isso, para além de saber utilizar o seu engenho e arte, deve também preocupar-se com a
dimensão ética da sua conduta, aspeto que é atualmente tão importante na profissão como o
domínio das disciplinas técnicas. A consciência ética diz respeito aos valores que devem orientar
o comportamento do engenheiro nos contextos económicos, sociais e ambientais em que exerce a
sua atividade. Ao reger-se por elevados padrões éticos, o engenheiro técnico cria confiança no
público, eleva o seu estatuto profissional e contribui para a modernização da sociedade.

Códigos Deontológicos da Engenharia

Segundo Harris (1996), geralmente os engenheiros debatem-se com problemas típicos, inerentes
ao ramo das suas actividades, no exercício das suas funções. Por exemplo:

 situação de conflitos de interesses;


 responsabilidade pela saúde e segurança do público;
 secretos industriais e propriedades intelectual;
 ofertas de fornecedores;
 honestidade na apresentação de resultados de estudos;
 etc.

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b. Exemplo de um caso sobre ética na engenharia*

Brad é engenheiro de produção de uma empresa de motos. Parte de seu trabalho inclui a inspeção
de motos quebradas e a elaboração dos planos de projeto para reparo.

Um dia, Brad recebe instruções de seu supervisor para consertar uma moto cujos cabos de freio
quebraram. Quando Brad inspeciona a moto, ele percebe que os cabos foram quebrados porque
foram feitos de um material de baixa qualidade. Ele suspeita que essa moto tenha sido projetada
sob medida e que o cliente simplesmente não sabia quais materiais seriam mais adequados para os
cabos de freio. Portanto, quando Brad elabora seus planos de projeto para o reparo da moto, ele
incorpora um material mais durável para os cabos.

Quando Brad vai consertar a moto, ele descobre que o cliente solicitou especificamente que a
moto fosse reparada, mas nenhuma alteração estética deve ser feita. O design de Brad para a moto
mudará a aparência da moto, mas também a tornará mais durável. Quando Brad vai ao gerente e
pergunta o que fazer, o gerente diz que “o cliente está sempre certo” e que ele deve consertar a
moto conforme solicitado pelo cliente.

Brad sabe que poderia consertar a moto de acordo com os desejos do cliente, mas, se o fizer, a
moto quebrará novamente em alguns meses, talvez perigosamente. No entanto, se ele implementar
suas melhorias de design, ele corre o risco d*e contrariar seu gerente e os desejos do cliente.

O que Brad deve priorizar? A segurança do cliente ou os desejos do cliente?

*
O problema será alvo de discussão na apresentação do trabalho

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IX. Conclusão
Apos analisar e fazer uma reflexão sobre a ética e a sua aplicação pratica na engenharia, pode se
afirmar que a ética pode ser entendida como as regras de conduta propostas por uma sociedade ou
reconhecidas com relação a uma classe específica de ações humanas ou a um grupo ou cultura
específico. O bem e o mal podem variar de contexto para contexto.
A Engenharia é o processo de desenvolvimento de um mecanismo eficiente que acelera e facilita
o trabalho usando recursos limitados, com a ajuda da tecnologia. Ética são os princípios aceitos
pela sociedade, que também se equiparam aos padrões morais dos seres humanos. Um engenheiro
com ética, pode ajudar a sociedade de uma maneira melhor.
Portanto, conclui-se que o estudo da ética em engenharia, onde essa implementada pelos
engenheiros, é necessário para o bem da sociedade esta é responsável pelo estudo de decisões no
que concerne na conciliação das normas legislativas, políticas e valores moralmente desejáveis,
com a prática e a pesquisa em engenharia.

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X. Bibliografia
SINGER, Peter. Ética Prática, 2aed. Lisboa.2002

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando, Introdução à
Filosofia. São Paulo, 2009.

NAVARRO, Emílio Martínez et al., As palavras chave em Ética.Coimbra.1997.

TORRES, Joao Carlos. Manual de ética teórica e aplicada. Petropolis, RJ: Vozes, 2014

CAMARGO, Marculino. Fundamentos de ética geral e profissional. 9a ed. Rio de Janeiro. 1999.

SOUSA, Francisco das chagas de. Ética e Deontologia. Florianópolis. 2002.

CARRAPETO, Carlos. FONSECA. Fátima. Ética e Deontologia: Manual de formação. Lisboa.


2002.

SILVA, Tupinambá Pedro Paraguassu Amorim. Ética na vida cotidiana. Rio de Janeiro. 1994.

MARTINS, Noed Bittencourt. Á ética como credro. Paraná. 1990.

HEINEMANN, Fritz. A filosofia do século XX. 4ª Edição, Fundação Calouste Gulbenkian, 1993

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