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UNIDADE I

Ética e Intervenção
Profissional em
Educação Física
Profa. Ma. Tatyane Perna
Conteúdo da disciplina

 Fundamentos da ética
 Fundamentos da bioética
Unidade I
 Deontologia
 Resoluções e Diretrizes do Conselho Federal de Educação Física

 Código de Ética dos Profissionais de Educação Física


 Atuação do profissional de Educação Física em equipes multidisciplinares
Unidade II
 Casos específicos em ética profissional
 Equipes esportivas: regras, respeito e violência
Apresentação da disciplina

 Discussões de temas atuais da profissão, abrangendo os valores éticos e morais que


permeiam o exercício do profissional em Educação Física.

São objetivos:
 Refletir sobre a atuação profissional;
 Discutir comportamentos esperados no exercício da profissão;
 Conhecer o Código de Ética dos Profissionais de Educação Física;
 Debater a ética profissional a partir de casos específicos.

 Ao final da disciplina, você será capaz de pautar sua própria


atuação profissional nos direitos e nos deveres da categoria,
comprometendo-se com o exercício ético da profissão nas
mais diversas áreas que a compõem.
Fundamentos da Ética

 Os estudos sobre ética são resultantes da Filosofia; Filósofos gregos


 Estudo da ética é atrelado ao estudo da sociedade;
 Pode ser entendida como uma reflexão filosófica sobre as ações humanas;
 Nossos comportamentos são julgados de acordo com o que é socialmente aceito em
diversos aspectos;
 Os valores éticos e morais são aprendidos a partir do convívio em sociedade.

Fonte:
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/c
ommons/4/49/IMportante-731x445.png

 “Os valores éticos de uma comunidade variam de acordo com


o ponto de vista histórico e dependem de circunstâncias
determinadas. O que é considerado ético em um contexto
pode não ser considerado da mesma forma em outro”
(MARCONDES, 2007, p. 10).
Aspectos históricos e filosóficos relacionados à ética

 A ética está pautada nos conhecimentos filosóficos, buscando fundamentar as normas de


conduta da sociedade, comumente designada como código de ética ou moral;
 Foi no período entre, aproximadamente, 500 a 300 anos a.C. que surgem ideias e definições
sobre o que seria ética;
Sócrates Platão Aristóteles

Fonte: livro-texto.

 É importante registrar que as práticas e os costumes do


mundo antigo são, em diversos elementos, muito diferentes
daquilo que se encontra atualmente.
Platão

 Deixa registrado em seus diálogos discussões à volta de conceitos éticos;


 Parte do princípio de que todos os homens buscavam a felicidade, sendo que ético é aquele
que tem capacidade de autocontrole;
 Aponta também que a possibilidade de agir eticamente depende do conhecimento do Bem;

 Anel de Giges
 Diálogo: A República
 Alegoria da Caverna

 “O Anel de Giges” expõe a tese de que os homens somente


agem com justiça por temerem o castigo caso ajam
de forma contrária.
Platão

 Alegoria da Caverna.
 Em análise a esse diálogo, é possível notar que uma pessoa só poderá tornar-se justa e com
virtudes a partir de um processo de transformação pelo qual deve passar, afastando-se das
aparências e do preconceito para adquirir conhecimento, sendo considerado sábio aquele
que consegue atingir essa percepção.
 “O sábio é o único capaz de se soltar das amarras que o obrigam a ver apenas sombras e,
dirigindo-se para fora, contempla o sol, que representa a ideia do Bem” (ARANHA;
MARTINS, 2003).

Fonte: livro-texto.
Aristóteles

 As discussões de Aristóteles sobre ética rumam para uma pesquisa sobre os bens concretos
para o homem, em contraponto ao Sumo Bem proposto por Platão, assim, considera-se que
a ética aristotélica é marcada pelo que deve ser alcançado com o objetivo de atingir
a felicidade;
 A ética é um saber prático, cuja intenção é estabelecer as condições necessárias para que
seja possível agir da melhor forma possível, visando à felicidade ou à realização pessoal;
 A ética a Nicômaco apresenta discussões sobre a investigação ética, sendo a publicação
reconhecida como uma obra-prima da filosofia moral.

 Na concepção do filósofo, a felicidade é relativa à realização


humana e ao sucesso, que só existirá caso aquilo que se
pretende fazer seja bem feito.
Idade Média

 Foi marcada por uma visão teocêntrica, monoteísta, o que fez com que os valores religiosos
infiltrassem as discussões sobre ética, vinculando os critérios da moral à fé.

Dois pensadores principais:


 Santo Agostinho (Agostinho de Hipona).
 São Tomás de Aquino.

Fonte: livro-texto.

 Valls (2013) acredita que a religião foi responsável por grande


parte do progresso moral da humanidade, porém ressalta que
o fanatismo religioso, por diversas vezes, contribuiu para
obscurecer “[...] a mensagem ética profunda da liberdade, do
amor, da fraternidade universal” (p. 37).
Santo Agostinho (354-430)

 Abordou questões éticas em seus diálogos, apoiando-se na filosofia grega, especialmente


em Platão, tratando-as baseado nos conhecimentos do cristianismo;
 No cristianismo, os valores éticos e morais se identificam com os valores religiosos; o
homem deve viver para amar e servir a Deus, o ideal de vida é uma vida de acordo com as
doutrinas e os dogmas religiosos;
 O livre-arbítrio é tema central nas argumentações de Santo Agostinho e, de acordo com o
teólogo, é a característica humana responsável pelas escolhas e ações, permitindo que se
haja de forma ética ou não.
São Tomás de Aquino (1224-1274)

 Suas concepções éticas foram baseadas na filosofia grega, mais especificamente nas
contribuições de Aristóteles, procurando mostrar que as ideias do filósofo grego eram
compatíveis com o cristianismo;
 Fica claro que, na Idade Média, a moral e a ética eram transmitidas por uma experiência
religiosa, ou seja, seguir as doutrinas e os mandamentos era obedecer a Deus, e os
preceitos éticos eram apresentados como leis divinas;
 Não havia uma diversidade de códigos morais conforme a diversidade de povos, mas sim um
código ético universal.
Interatividade

Sobre os fundamentos da ética, podemos julgar como incorreta a alternativa:

a) Os estudos sobre ética são resultantes da Filosofia.


b) Estudo da ética não está atrelado ao estudo da sociedade.
c) Pode ser entendida como uma reflexão filosófica sobre as ações humanas.
d) Os valores éticos e morais são aprendidos a partir do convívio em sociedade.
e) Foi no período entre, aproximadamente, 500 a 300 a.C. que surgem ideias e definições
sobre o que seria ética.

Fonte:
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/common
s/thumb/0/0b/Did_you_know_%28dyk%29.svg/
600px-Did_you_know_%28dyk%29.svg.png
Resposta

Sobre os fundamentos da ética, podemos julgar como incorreta a alternativa:

a) Os estudos sobre ética são resultantes da Filosofia.


b) Estudo da ética não está atrelado ao estudo da sociedade.
c) Pode ser entendida como uma reflexão filosófica sobre as ações humanas.
d) Os valores éticos e morais são aprendidos a partir do convívio em sociedade.
e) Foi no período entre, aproximadamente, 500 a 300 a.C. que surgem ideias e definições
sobre o que seria ética.

Fonte:
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/common
s/thumb/0/0b/Did_you_know_%28dyk%29.svg/
600px-Did_you_know_%28dyk%29.svg.png
Renascimento

 Momento de transição da Idade Média para a Idade Moderna, fica marcado por grandes
transformações no pensamento científico e filosófico.
Immanuel Kant (1724-1804):
 idealiza a ética com o ideal da autonomia individual;
 suas obras procuraram formular conceitos sobre uma filosofia moral pura e com questões
morais concretas e aplicação prática dos princípios éticos;
 para ele, o agir de maneira moral e ética se fundamenta apenas na razão, ou seja, rejeita as
concepções que até então eram predominantes das filosofias grega e cristã, não aceitando
que a ação moral deve se orientar a partir da felicidade, por exemplo.
Suponhamos a norma moral “não roubar”:
 para a concepção cristã, o fundamento da norma se encontra
no sétimo mandamento de Deus;
 para Kant, a norma se enraíza na própria natureza da razão,
se todos podem roubar, não há como manter posse
do que foi furtado.
Friedrich Nietzsche (1844-1900)

 Propõe um rompimento com a moral cristã e com a tradição grega, até então prevalecentes
no campo da ética;
 Orienta seu pensamento na direção de recuperar questões relacionadas ao inconsciente e
instintivas, que foram subjugadas pela razão por tanto tempo;

 Em sua obra Além do bem e do mal, de 1886, Nietzsche indaga sobre a dicotomia bem/mal e
verdadeiro/falso, em que se encontrava baseada a tradição do conhecimento. Para ele,
esses conceitos, até então tratados como objetivos e oriundos da razão universal, são, na
verdade, fruto dos sentimentos humanos, resultantes da cultura, da história e da educação;

 Crítica à ideia de que os valores morais são universais e


objetivos, defendendo que esses valores possuem origem em
uma cultura e um momento histórico específicos.
Sigmund Freud (1856-1939)

 Pensador e criador da psicanálise, influenciou campos da ciência, filosofia, artes e religião;


 Com a formulação do conceito de inconsciente, Freud passa a questionar a fundamentação
dos valores morais e éticos na razão, mostrando que as ações humanas não
necessariamente são baseadas totalmente no controle racional;

 A ação humana é determinada em grande parte pelos elementos inconscientes, como os


instintos, desejos e traumas, dos quais não se tem consciência plena.

 Freud não se propôs a pensar novos conceitos para ética e


moral, e sim “[...] desvendar a gênese da consciência moral e
dos sentimentos éticos nos indivíduos e na sociedade”
(JUNQUEIRA; COELHO JÚNIOR, 2005, p. 107).
Michel Foucault (1926-1984)

 O autor entende por moral o conjunto de regras ou valores que são propostos às pessoas e
grupos por instituições educativas;

 “[...] por ‘moral’ entende-se igualmente o comportamento real


dos indivíduos em relação às regras e aos valores que lhes
são propostos: designa-se, assim, a maneira pela qual eles se
Fonte:
https://upload.wiki
submetem mais ou menos completamente a um princípio de
media.org/wikipedi conduta; pela qual eles obedecem ou resistem a uma
a/commons/7/76/
Michel_Foucault_ interdição ou a uma prescrição; pela qual eles respeitam
ou negligenciam um conjunto de valores” (FOUCAULT,
1974_Brasil.jpg

1998, p. 26).
Conceitos contemporâneos de ética e moral

 Aranha e Martins (2003, p. 301) definem ética, também chamada de filosofia moral, como “a
parte da filosofia que se ocupa com a reflexão a respeito das noções e princípios que
fundamentam a vida moral”;
 Para Marcondes (2007), a ética está relacionada com os valores que adotamos, os atos que
praticamos e como tomamos nossas decisões;
 Luiz (2018) acredita que a ética se constitui como uma análise reflexiva da moral, analisando
seus fundamentos, implicações e consequências nos elementos ambientais
e socioculturais;

 Cotrim (1998) define ética como sendo a parte da filosofia


dedicada à reflexão sobre os fundamentos da vida moral.
Ética x Moral

Origem etimológica:

Ética:
 Ethos, palavra grega que possui o mesmo significado de “costume”;
 Êthos significando “morada” ou “caráter ou índole”, e éthos se relacionando a
“hábitos, costumes”;

 O termo ethos foi traduzido para o latim mos ou mores, que quer dizer costume;
 Assim derivou-se a palavra “moral”.

 Desta forma, etimologicamente, os termos possuem


conteúdos idênticos e por isso são muitas vezes utilizados
como sinônimos;
 Apesar disso, são estabelecidas algumas diferenças entre
esses conceitos.
Ética x Moral

Ética:
 a filosofia ou ciência da moral.
Moral:
 conjunto de regras de conduta admitidas em determinada época ou por um grupo
de pessoas;
 conjunto de regras que determinam o comportamento dos indivíduos em um grupo social.

 É importante lembrar que os valores morais (ou a própria moral) acompanham as


transformações sofridas pela sociedade.

 Observamos, contudo, que apesar de esses conceitos serem


distintos, existe uma estreita articulação entre si, na medida
em que a ética tem como objeto de estudo a própria moral,
não existindo desligada uma da outra, mas sendo
independentes entre si.
Ética e liberdade

O que se entende por liberdade?


 pode-se dizer que livre é aquele que pensa e age por si mesmo, que não é obrigado a
realizar o que não quer e que não seja escravo ou prisioneiro;

 A ideia de liberdade ética diz respeito ao sujeito moral, capaz de decidir com autonomia em
relação a si mesmo e aos outros;
 Alguns filósofos defendiam que o ser humano não é livre, seja pelo fato de estar fadado ao
destino imutável, seja pelo discurso científico que sujeita o indivíduo ao determinismo;

 Determinismo na filosofia é uma teoria que acredita que todos


os acontecimentos possuem uma relação de causa, ou seja,
tudo acontece por necessidade de acontecer e obedece
a leis imutáveis.
Ética e liberdade

Mito das Três Moiras:


 Senhoras do destino na filosofia grega.
 Cloto (klothó): responsável por fiar o fio da vida;
 Láquesis (láchesis): enrolava o fio na roda da fortuna, dando os “altos e baixos” da vida
das pessoas;
 Átropos (átropos): responsável por findar a vida.

 Os gregos antigos acreditavam que elas eram responsáveis por tecer o fio da vida, assim, o
destino das pessoas era determinado por elas e imutável.

 Nessa perspectiva, nenhuma das escolhas realizadas pelas


pessoas teria qualquer influência em sua vida, já que o seu
destino estava nas mãos das Moiras.
Interatividade

Sobre ética e moral, escolha a alternativa que contém apenas informações corretas:

a) Ética é a filosofia ou ciência da moral.


b) A origem etimológica de ética vem da palavra mos ou mores, do latim.
c) Moral é a filosofia ou ciência da moral.
d) A palavra moral deriva do termo grego ethos.
e) Ética é o conjunto de regras de conduta admitidas em determinada época ou por um grupo
de pessoas.

Fonte:
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Resposta

Sobre ética e moral, escolha a alternativa que contém apenas informações corretas:

a) Ética é a filosofia ou ciência da moral.


b) A origem etimológica de ética vem da palavra mos ou mores, do latim.
c) Moral é a filosofia ou ciência da moral.
d) A palavra moral deriva do termo grego ethos.
e) Ética é o conjunto de regras de conduta admitidas em determinada época ou por um grupo
de pessoas.

Fonte:
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Fundamentos da Bioética

 É uma área de conhecimento proveniente da ética, que transita diante das questões
relacionadas à preservação da vida e consequentemente discute a atividade dos
profissionais da área da saúde;
 Disciplina norteadora de questões que afetam a dignidade da vida e a integridade dos seres
vivos em suas dimensões biológicas, sociais e culturais;
 debruçou-se sobre questões relativas ao relacionamento do profissional de saúde
com o paciente/cliente.

 O marco fundamental da regulação para as pesquisas


científicas com seres humanos ocorreu no Julgamento de
Nüremberg – agosto de 1945 a outubro de 1946 – no qual
foram condenados, junto com oficiais nazistas, médicos que
desrespeitaram os direitos humanos de prisioneiros nos
campos de concentração nazistas.
Fundamentos da Bioética

 Estudo da Sífilis não Tratada de Tuskegee (Tuskegee Syphilis Study) – 1932-1972;


 pesquisadores reuniram 600 homens negros, 399 com sífilis e 201 sem a doença, com o
objetivo de observar a evolução da doença sem o tratamento adequado;
 antes mesmo do estudo ser iniciado, em 1929 já existiam estudos publicados sobre casos
de sífilis não tratados;
 a partir da década de 1950 já havia tratamento estabelecido para a doença, mesmo assim
o estudo perdurou até 1972.

 A inadequação inicial da pesquisa se deu pelo fato de os


participantes não terem conhecimento de que tinham sífilis e
nem dos efeitos por ela causados, o diagnóstico dado era
o de “sangue ruim”.
Fundamentos da Bioética

 Na década de 1970 foi criada nos Estados Unidos a Comissão Nacional para a Proteção dos
Seres Humanos da Pesquisa Biomédica e Comportamental;
 objetivo principal de identificar os princípios éticos básicos que deveriam orientar a
experimentação em seres humanos nas ciências humanas e da saúde.
 Em 1978, essa Comissão publicou o Relatório Belmont, o qual apresentou as diretrizes
básicas da ética principialista:
 Autonomia;
 Beneficência;
 Justiça;

 Um ano depois, o princípio da não maleficência


foi acrescentado.
Princípio da Autonomia (ou consentimento)

 Assegura o direito das pessoas de terem pontos de vista próprios, fazer escolhas e tomar
decisões embasadas em seus próprios valores e crenças pessoais;

São características desse princípio:


 existência do consentimento implícito ou
 a necessidade de anuência individual.

 Esse princípio se justifica pelo fato de o consentimento


expressar autoridade para resolver disputas morais em uma
sociedade pluralista.
 A permissão ou consentimento é a origem da autoridade, e o
respeito pelo direito de consentir é condição para a
sustentação de uma comunidade moral.
Princípio da Beneficência

 A finalidade de uma ação moral é alcançar o bem e evitar o dano aos indivíduos;
 Um compromisso com a beneficência é uma característica de uma ação moral e, sem essa
característica, o exercício da moral não tem essência;
 Em uma comunidade devem ter determinadas por acordo uma visão comum, uma ordenação
ou explicação a respeito do bem e dos prejuízos.

 O princípio da beneficência implica em buscar fazer o bem


para o paciente em todas as ações de assistência de saúde. A
beneficência se baseia na solidariedade para gerar benefícios
que garantam a integridade física, moral, intelectual e cultural
do paciente, evitando riscos, prevenindo o dano e
maximizando os benefícios.
Princípio da Não Maleficência

 Defende a obrigação de não causar dano intencionalmente;

 Embora muitos autores não o distingam diante do princípio de beneficência, o de não


maleficência gera a obrigação de não causar dano, incapacitar ou lesar, essa ação é
bastante diferente da obrigação de ajudar os outros;
 Está estreitamente vinculado com a máxima hipocrática: Primum non nocere;

 É um termo em latim da bioética que significa:


primeiro não prejudicar.
Princípio da Justiça

 Ações que visem fazer o bem de acordo com uma visão moral particular;
 A ideia é entender o que cabe a cada um fazer ou não fazer para que haja ação beneficente
para os participantes da comunidade moral;
 Refere-se à distribuição igualitária dos benefícios sociais, representa as necessidades da
sociedade garantindo o direito de todos a receber assistência de saúde;
 Os privilégios e os recursos na área da saúde devem ser distribuídos sem discriminação no
tratamento das pessoas, assegurando uma efetiva administração dos recursos comunitários.
Bioética aplicada ao exercício profissional da Educação Física

 O profissional de Educação Física tem a missão de levar informação e desenvolver hábitos


saudáveis que promovam a saúde e o bem-estar das pessoas;
 O professor de Educação Física deve ser um defensor das práticas saudáveis;
 Essa premissa deve preservar a dignidade da vida e a integridade biológica, social e cultural
de seus alunos;
 A bioética sugere a reflexão a respeito de questões morais humanas relativas à saúde, à
dignidade e à sobrevivência humana, respeitando-se as divergências circunstanciadas por
aspectos sociais, econômicos e culturais das pessoas.
A ética da pesquisa na história

 Como pesquisa pode-se compreender a produção e a propagação do conhecimento, a


inovação em científica e tecnológica no âmbito das ciências humanas, exatas, biológicas,
da comunicação e da arte;
 A ética na pesquisa se propõe a esclarecer os fundamentos históricos e filosóficos da relação
entre as atividades de pesquisa e as obrigações morais ao longo da história e até o
momento presente;
 O princípio fundamental da ética socrática se resumia na construção de uma ciência que
fosse capaz de gerar conhecimento;

 Para Platão, a regulação da ciência deveria ser estabelecida


pelos sábios filósofos e pela razão;
 Aristóteles defendia que a arbitragem ética competia
ao poder político, cuja finalidade é proporcionar a felicidade
dos cidadãos.
A ética da pesquisa na história

 No período medieval, a relação hierárquica entre Deus, clero e povo;


 A ciência foi conduzida ao patamar de instrumento de confirmação e legitimação dos
estatutos fixados pela teologia dogmática;
 A separação entre os dogmas católicos e a ciência laica foi fundamental para a definição de
novos paradigmas éticos (período do Renascimento para a Modernidade);
 Diante dessa nova perspectiva, livre da ação dogmática da Igreja, a ciência
avançou rapidamente;
 Sem qualquer filtro ético, a ciência avançou com experimentos
cruéis realizados nos campos de concentração nazista,
usando a vida humana como combustível para a
especulação científica.
A ética da pesquisa na história

 Muitos pensadores do século XX, Gramsci, Brecht, Sartre, entre outros, afirmaram a
necessidade de se restaurar o diálogo dialético entre virtude e ciência, entre ética
e pesquisa.
 Pesquisar sem saber o propósito não é ético!!
 O limite ético da pesquisa deve ser ponderado pelas margens dos códigos legais da
sociedade civil, pelo direcionamento da sociedade política e pela consciência individual.
Ética na pesquisa em Educação Física

 Desde meados da década de 1980, os aspectos éticos em pesquisas envolvendo seres


humanos têm gerado debates no meio acadêmico;
 Em 1947, foi criado o Código de Nuremberg (pós-julgamentos de médicos alemães do
período nazista), em que foram instituídos princípios que impedem ações abusivas
envolvendo seres humanos em projetos de pesquisa;
 Ainda hoje não existe um consenso a respeito das ações que podem ser aplicadas em
projetos de pesquisa que usam seres humanos como amostra das experiências científicas;
 Por esse motivo, a instauração dos comitês de ética para a pesquisa em universidades é um
fator fundamental para garantir os princípios básicos da bioética;
 Essas medidas visam assegurar que os benefícios de
qualquer pesquisa serão maiores do que os riscos à
integridade física, mental e social dos sujeitos.
Ética na pesquisa em Educação Física

 No Brasil, as comissões éticas surgiram em 1985;


 Em 1996 foi criada a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) – Resolução n. 196;
 A Resolução n. 196 é considerada um divisor de águas na atividade das pesquisas
científicas brasileiras envolvendo humanos.
Existem duas espécies de deveres éticos aos quais o cientista deve se comprometer no
exercício profissional da pesquisa científica:
 valores universais relacionados à bioética;
 e os derivados de valores éticos (validade, credibilidade e justificação das pesquisas).

Fonte:
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/c
ommons/4/49/IMportante-731x445.png

 As pesquisas e as publicações vêm sendo usadas como


critério de avaliação e aprovação em programas de pós-
graduação, o que vem ocasionando uma série de fraudes e
abusos nelas.
Ética na pesquisa em Educação Física

 A pressão para publicar pode levar à negligência de alguns métodos e condutas;


 A exigência de publicações tem preocupado os pesquisadores com elevados gastos em
busca de espaço nas revistas indexadas nacionais e internacionais, produzindo a
fragmentação de seus trabalhos e a antecipação de suas conclusões, com propostas e
constatações mal elaboradas, trazendo poucas contribuições conceituais e interventivas;

 O plágio é um dos maiores e mais frequentes problemas éticos dentro das produções
acadêmicas. Com os recursos tecnológicos e com os avanços da internet, percebe-se uma
facilidade na ação de plágio.
Os comitês de ética

 As universidades têm comitês que analisam os projetos de pesquisa, para atender aos
princípios e códigos de ética;
 Os comitês são formados por professores da universidade e representantes de setores da
comunidade que cedem parte de seu tempo para analisar projetos de pesquisa;
 As pesquisas devem respeitar a Resolução n. 196 do CNS e criar um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE);
 Em pesquisas com seres humanos existe uma série de regras e procedimentos a serem
seguidos, na intenção de assegurar que os quatro princípios da bioética sejam respeitados;
 O pesquisador deve obter aprovação do comitê de ética antes
de começar a coleta de dados.
Interatividade

Assinale a alternativa que apresenta corretamente os conceitos da bioética:

a) Autonomia, não maleficência, individualidade e bondade.


b) Beneficência, justiça, não maleficência e individualidade.
c) Autonomia, beneficência, justiça e não maleficência.
d) Autonomia, individualidade, justiça e bondade.
e) Justiça, individualidade, bondade e não maleficência.

Fonte:
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/common
s/thumb/0/0b/Did_you_know_%28dyk%29.svg/
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Resposta

Assinale a alternativa que apresenta corretamente os conceitos da bioética:

a) Autonomia, não maleficência, individualidade e bondade.


b) Beneficência, justiça, não maleficência e individualidade.
c) Autonomia, beneficência, justiça e não maleficência.
d) Autonomia, individualidade, justiça e bondade.
e) Justiça, individualidade, bondade e não maleficência.

Fonte:
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s/thumb/0/0b/Did_you_know_%28dyk%29.svg/
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Deontologia e código de ética

 Deriva do grego deon ou deontos/logos, significa o estudo dos deveres;

 A deontologia das profissões é um conjunto de normas que identifica o posicionamento moral


de determinada profissão em relação à sociedade em que está inserida, incluindo o quadro
normativo que se espelha na consciência moral predominante numa sociedade, os valores
profissionais comuns e destaca os valores específicos de uma profissão;
 necessidade de um grupo profissional se autorregular, sendo submetido ao parecer de um
conselho formado por membros eleitos do grupo profissional e com a função de fiscalizar o
exercício profissional pelo cumprimento de regras preestabelecidas em um código.

 As normas deontológicas de uma profissão devem vir do


acervo científico e filosófico de cada profissão, evidenciando
sua identidade.
Deontologia e código de ética

 O objetivo da deontologia é regular a atuação profissional dos membros de uma profissão


para se obter a excelência no trabalho, visando conquistar a confiança do público e a
credibilidade da profissão;
 Geralmente, códigos de deontologia ou ética profissional têm por base grandes declarações
universais e buscam expressar o direcionamento ético desses documentos com adaptações
cabíveis às peculiaridades de cada profissão;
 No entanto, ética não se finda na deontologia, no cumprimento de regras de
conduta profissional;
 As ações dos profissionais não devem ser embasadas nas
normas, e sim nos valores de uma profissão.
Regulamentação da profissão e criação dos conselhos de Educação Física
(Confef/Cref)
 O que estamos chamando de regulamentação não é a formação de um campo de atuação
em Educação Física, visto que ele já existia, mas sim uma ideia de legitimação da profissão;

 A regulamentação da atuação profissional foi marcada pela criação dos conselhos de


Educação Física, em 1998, pela Lei n. 9696.

Como se deu essa regulamentação:


 1940: fundação da Federação Brasileira das Associações de
Professores de Educação Física;
 1950: profissionais renomados da área iniciaram as
discussões sobre a necessidade da regulamentação;
 1980: primeiros esforços começam a aparecer com a
tramitação do projeto de lei referente à regulamentação,
porém vetada pela presidência;
Regulamentação da profissão e criação dos conselhos de Educação Física
(Confef/Cref)
 1995: “Movimento pela Regulamentação do Profissional de Educação Física”;

 1998: o então Presidente da República,


Fernando Henrique Cardoso,
sancionou a Lei n. 9696.

Fonte: livro-texto
Regulamentação da profissão e criação dos conselhos de Educação Física
(Confef/Cref)
 O principal objetivo era limitar quem poderia atuar na área da Educação Física, além da
possibilidade de fiscalização do Conselho;
 É exposto que profissionais que já exerciam, comprovadamente, atividade remunerada em
alguma área da Educação Física, poderiam continuar exercendo em termos estabelecidos
pelo Conselho;
 Esses foram os chamados provisionados.

Fonte:
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/c
ommons/4/49/IMportante-731x445.png

 O Confef deve disciplinar a promoção das atividades físicas,


desportivas e similares por meio dos direitos e dos deveres
universalmente aceitos.
Conselhos Federal e Regionais e suas atribuições

 São órgãos de fiscalização da área da Educação Física;


 O Conselho Federal de Educação Física tem sua sede na cidade do Rio de Janeiro/RJ, com
abrangência nacional;
 O Confef tem os objetivos de normatizar, orientar, disciplinar, habilitar e fiscalizar o
exercício das atividades dos profissionais de Educação Física.

Curiosidade!  Em uma de suas resoluções, o


Conselho determinou que o símbolo da
Fonte: livro-texto
Educação Física é o Discóbolo, de
Myron, por ser uma das mais célebres
estátuas atléticas. Nessa mesma
resolução, considerou que a cor verde
representaria o curso.
 Instituiu também o dia 1º de setembro
como o Dia do Profissional de
Educação Física.
Conselhos Federal e Regionais e suas atribuições

 Os Crefs têm por finalidade orientar e fiscalizar o exercício da profissão, zelando pela
qualidade dos serviços prestados pelos profissionais de Educação Física, em defesa
da sociedade;
 Todos os profissionais de Educação Física que exercem a profissão devem estar
regularmente inscritos e registrados no Cref de sua região e portar a Cédula de Identidade
Profissional expedida e assinada pelo Presidente do seu respectivo Cref.

VÁLIDA EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

CÉDULA DE IDENTIDADE PROFISSIONAL


Conselho Regional de Educação Física - CREF

POLEGAR DIREITO
CATEGORIA ATUAÇÃO

EXPEDIÇÃO VALIDADE VIA

FILIAÇÃO C.P.F.

R.G. ÓRGÃO EXPEDIÇÃO/RG


NOME REGISTRO
NASCIMENTO NACIONALIDADE NATURALIDADE/UF
Esta Cédula tem fé pública, como documento de identidade, nos termos da Lei 6.206 de 07/05/75.

Assinatura do Portador Assinatura do Presidente do CREF


LEI 6.206 DE 07/05/75 REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Fonte: adaptado de: https://www.confef.org.br/confef/resolucoes/167


Conselhos Federal e Regionais e suas atribuições

 Hoje são 21 Conselhos Regionais de


Educação Física, enumerados e
divididos por estados e/ou regiões do
país. Cada um conta com seu próprio CREF 18 CREF 16
CREF 10
Estatuto, conselheiros e departamentos CREF 8
CREF 21 CREF 5

para registro, orientação e fiscalização


CREF 15 CREF 12
das atividades profissionais em
CREF 14
Educação Física. CREF 17 CREF 13
CREF 19
CREF 20

CREF 6

CREF 11
CREF 4 CREF 1

CREF 9

CREF 3 CREF 7

CREF 2

Fonte: adaptado de: livro-texto.


Regimento interno – Confef

 O Conselho Federal de Educação Física possui um Regimento Interno em que são


apontadas e explicadas a estrutura e a organização do Conselho, bem como a composição
de conselheiros, mandatos, cargos e outros;
 O Conselho é composto por vinte e oito conselheiros, sendo vinte efetivos e oito suplentes,
com mandato de quatro anos; são eleitos pelos presidentes dos Crefs e pelo ex-presidente
do Confef;
 O Conselho possui uma estrutura dividida em: I – Plenário; II – Diretoria; III – Presidência; IV
– Órgãos de Assessoramento.
Regimento interno – Confef

I. Plenário: é o poder máximo do Confef, sendo composto por vinte membros eleitos, pelos
presidentes dos Crefs e pelo último presidente do Confef. O plenário tem a função de
deliberar sobre os assuntos colocados em pauta.

II. Diretoria: é o órgão que exerce funções administrativas, constituída pelo presidente,
1º e 2º vice-presidentes, 1º e 2º secretários e 1º e 2º tesoureiros.

III. Presidência: a presidência será exercida por um presidente e dois vice-presidentes

IV. Órgãos de assessoramento: são comissões e grupos de


trabalho competentes para analisar, instruir e emitir
pareceres sobre determinados assuntos. Podem ser
permanentes ou temporários.

 Exemplos: Comissão de Controle e Finanças; Comissão de


Ética Profissional; Comissão de Orientação e Fiscalização.
Interatividade

Sobre as atribuições dos Crefs e do Confef, escolha a alternativa incorreta:


a) O Confef deve disciplinar a promoção das atividades físicas, desportivas e similares por
meio de direitos e deveres universalmente aceitos.
b) São órgãos de fiscalização da área da Educação Física.
c) O Confef tem os objetivos de normatizar, orientar, disciplinar, habilitar e fiscalizar o
exercício das atividades dos profissionais de Educação Física.
d) Aos Crefs não é atribuída a finalidade de orientar e fiscalizar o exercício da profissão.
e) Todos os profissionais de Educação Física que exercem a profissão devem estar
regularmente inscritos e registrados no Cref.

Fonte:
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/common
s/thumb/0/0b/Did_you_know_%28dyk%29.svg/
600px-Did_you_know_%28dyk%29.svg.png
Resposta

Sobre as atribuições dos Crefs e do Confef, escolha a alternativa incorreta:


a) O Confef deve disciplinar a promoção das atividades físicas, desportivas e similares por
meio de direitos e deveres universalmente aceitos.
b) São órgãos de fiscalização da área da Educação Física.
c) O Confef tem os objetivos de normatizar, orientar, disciplinar, habilitar e fiscalizar o
exercício das atividades dos profissionais de Educação Física.
d) Aos Crefs não é atribuída a finalidade de orientar e fiscalizar o exercício da profissão.
e) Todos os profissionais de Educação Física que exercem a profissão devem estar
regularmente inscritos e registrados no Cref.

Fonte:
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/common
s/thumb/0/0b/Did_you_know_%28dyk%29.svg/
600px-Did_you_know_%28dyk%29.svg.png
Referências

 ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 3. ed. São Paulo:


Moderna, 2003.
 COTRIM, G. Fundamentos da filosofia: história e grandes temas. São Paulo: Saraiva, 1998.
 FOUCAULT, M. História da sexualidade 2: o uso dos prazeres. 8. ed. Tradução: Maria
Thereza da Costa Albuquerque. Rio de Janeiro: Graal, 1998.
 JUNQUEIRA, C.; COELHO JUNIOR, N. E. Considerações acerca da ética e da consciência
moral em Freud, Klein, Hartmann e Lacan. Psychê, São Paulo, v. 9, n. 15, p. 105-124, 2005.
 LUIZ, L. T. A moral e a ética: considerações conceituais e implicações socioculturais. Revista
Humanidades e Inovação, v. 5, n. 11, 2018.
 MARCONDES, D. Textos básicos de ética: de Platão a
Foucault. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.
 VALLS, A. L. M. O que é ética. São Paulo: Brasiliense, 2013.
ATÉ A PRÓXIMA!

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