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UNIDADE I - AULA 1 – Ética e moral; valores e

virtude.

Fonte: https://cleliarodriguesadvogada.jusbrasil.com.br/artigos/853267389/a-etica-e-a-
responsabilidade-social-e-profissional
ÉTICA e MORAL são conceitos diferentes,
apesar de frequentemente confundirmos os
dois. A palavra ética vem do grego ethos, que
significa caráter, modo de ser. O vocábulo
moral se originou da tradução do ethos para o
latim mos (ou mores, no plural), que significa
costume.
DISTINÇÃO ENTRE ÉTICA E MORAL

A moral é normativa. Ela de termina o nosso comportamento por


meio de um sistema de prescrição de conduta . Nós adotamos
uma conduta ou outra com base num sistema de valores
enraizado em nossa consciência, notadamente envolvendo ideias
pré-concebidas de certo e errado, que vão, ao longo da vida, guiar
nossa conduta. Essa é a ideia de moral.
A ética, por outro lado, é a parte
da filosofia que se ocupa do
comportamento moral do homem.
Ela engloba um conjunto de regras
e preceitos de ordem valorativa,
que estão ligados à prática do bem
e da justiça, aprovando ou
desaprovando a ação do homem,
de um grupo social ou de uma Fonte:
https://www.canaleducacao.tv/images/slides/41966_a6a2b962f7fe1749c8e00544a0dfe29c.pdf

sociedade .
A moral é normativa.
Enquanto a ética é
ciência, voltada para o
comportamento
moral, e busca
compreender e criticar
a moral de uma Fonte:
https://www.canaleducacao.tv/images/slides/41966_a6a2b962f7fe1749c8e00544a0d

sociedade. A ética é fe29c.pdf

filosófica e científica.
Enquanto a ética trata o
comportamento humano como
objeto de estudo, procurando
tomá-lo da forma mais
abrangente possível, a moral se
ocupa de atribuir um valor à
ação. Esse valor tem como
referências o bem e o mal, a
justiça e a injustiça, o certo e o Fonte:
https://www.canaleducacao.tv/images/slides/41966_a6a2b962f7fe1749c8e00544a0d
fe29c.pdf
errado, baseados no senso
comum.
Existem diferentes visões acerca do
conteúdo da moral. Isso acontece porque
as ideias de certo e errado, de justo e
injusto, variam histórica e
geograficamente.

Ex.: A moral varia no tempo, a depender da


conjuntura social. Até o século XIX, por
Garotos trabalhando em fábrica localizada em Macon, na Geórgia (EUA)
exemplo, considerava-se perfeitamente Fonte: https://hypescience.com/fotos-chocantes-revelam-o-triste-cotidiano-do-
trabalho-infantil-nos-eua-no-seculo-xx/

normal que crianças trabalhassem muitas


horas por dia em fábricas. Na quela época
isso era considerado certo, mas hoje é
inadmissível fazer crianças trabalharem.
Por outro lado, a moral também varia no espaço. Em alguns
países não se admite, por exemplo, que mulheres andem com
a cabeça descoberta, enquanto no Brasil é perfeitamente
normal e aceitável que mulheres cubram ou não a cabeça.

A ética, por outro lado, tem caráter científico, e por isso em


geral podemos dizer que ela não varia. Tome muito cuidado
aqui, pois isso não quer dizer que a ética, ou seja, a forma de
estudar a moral, não varia de forma alguma. Os próprios
critérios científicos variam ao longo do tempo, mas não da
mesma forma que a moral.
De forma organizada nesse quadro, vejamos as diferenças entre
Ética e Moral:
DISTINÇÃO ENTRE ÉTICA E MORAL
Ética é a reflexão da moral, é a teoria; a
moral envolve regras, o ato em si, a
prática.

A ética não cria a moral, embora toda


moral supõe determinados princípios,
normas ou regras de comportamento.
Valores e Virtudes

Os valores surgem como parte da noção humana de


perfeição. A solidariedade, a honestidade, a verdade, a
lealdade, entre outros, são noções de comportamento
ideal, e são adotados pelo homem como parte de um
sistema de orientação de conduta. Isso não significa que
as pessoas se considerem perfeitas, mas sim que eles
sejam orientadas em certo grau por um ideal de
perfeição, que será perseguido ao longo da vida.
Apesar de os seres
humanos serem incapazes
de seguir perfeitamente
seu próprio sistema de
valores, estes são
fundamentais para
determinar quais são as
pessoas que agem com a
finalidade da realização do
bem. Em geral, a
sociedade determina o
caráter de uma pessoa
pelas ações adotadas por Fonte: https://www.gov.br/cgu/pt-br/educacao-cidada/programas/desenho-
redacao/arquivos/materiais/guia-do-professor-10o-cdr.pdf
ela.
Kant afirmava que as ações consideradas moralmente boas deveriam ser
universais, ou seja, deveriam ser boas independentemente do local ou do
momento histórico e m que fossem praticadas. Obviamente essa ideia já
foi há muito refutada pelos filósofos, pois os aspectos culturais e
sociológicos conferem valores diferentes às ações, de acordo com a época
e local. Em outras palavras, a moral varia no tempo e no espaço, e por isso
a valoração conferida às ações também.

Perceba, por exemplo, que as perseguições promovidas pela Santa


Inquisição já foram consideradas como manifestação da justiça divina,
enquanto hoje a própria Igreja Católica j á se pronunciou oficialmente
pedindo desculpas pelas atrocidades cometidas naquela época.
A virtude é uma ideia que foi muito discutida
pelos filósofos gregos da Antiguidade. Ela
representa o conjunto ideal de todas as
qualidades essenciais que constituem o homem
de bem . Esse homem de bem, portanto, seria o
homem virtuoso.

Aristóteles valorizava bastante a vontade


humana. Ele dizia que a virtude era uma
Fonte:
“disposição adquirida de fazer o bem”, e que ela https://irmaosestoicos.com/2022/05/24/virtudes-
cardeais/

se aperfeiçoa com o hábito, pois mesmo o


homem virtuoso poderia buscar a entronização
de outros valores.
Aristóteles também fez distinção entre dois tipos de virtude: as
intelectuais e as morais. As virtudes morais, baseadas na
vontade, consistiriam no controle das paixões, características
dos movimentos espontâneos do caráter humano. Ao contrário
do que muitos imaginam , a virtude não seria uma atividade,
mas sim uma maneira habitual de ser. Como exemplos das
virtudes morais temos a coragem, a honra e a justiça.
A virtude não pode ser adquirida da noite para o dia, porque
depende de ser praticada. Com atos repetitivos, o homem
acaba por transformá-los numa segunda natureza, numa
disposição para agir sempre da mesma forma.
As virtudes intelectuais, ou dianoéticas, fundamentadas na
razão, seriam a sabedoria, a temperança, a inteligência e a
verdade.
Aristóteles também acreditava que as virtudes intelectuais
seriam superiores às morais, pois mesmo alguém virtuoso por
natureza teria que saber como controlar essas virtudes por meio
da razão.

Fonte:
https://medium.com/@vilaoaudino/resum%C3%A3o-de-
arist%C3%B3teles-e-suas-virtudes-124d939086e4
Bom... Chegamos ao final desta videoaula. No
nosso próximo encontro, falaremos sobre
algumas teorias que explicam os conceitos
éticos.

Até a próxima!
UNIDADE 1 – AULA 2 - Teorias que
explicam os Conceitos Éticos

Hercules escolhendo entre o Vício e a Virtude (1596), Annibal


Carrache. Fonte: http://www.filorbis.pt/filosofia/etica.htm
Existem algumas teorias que buscam explicar os conceitos éticos.

Vejamos quais são elas:

Teoria do Fundamentalismo: de acordo com essa Teoria, os preceitos


éticos são externos ao indivíduo. Ou seja, para essa Teoria o indivíduo não
consegue, por si só, distinguir o “certo” do “errado”. Em outras palavras, os
preceitos éticos funcionam como “regras a serem seguidas”, sem a
possibilidade de os indivíduos questionarem essas regras.

Por exemplo: a Bíblia Sagrada e o Alcorão, os quais funcionam como livros


de regra de fé e prática para aqueles que depositam a sua confiança
nos seus escritos; os seguidores cumprem as determinações externas
sem questionar.
Teoria do Utilitarismo: o utilitarismo se caracteriza por considerar “bom”
apenas o que é “útil”. Nesse sentido, em termos éticos, significa dizer
que a conduta ética desejável é a conduta ética útil. De acordo com essa
Teoria, o conceito ético deve ser elaborado com base no critério do
maior bem para a sociedade como um todo. Com base nessa teoria, o
indivíduo deverá agir, diante de determinada situação, da maneira que
gere um maior bem para a sociedade. Em outras palavras, busca-se,
prioritariamente, a maior felicidade para o maior número de pessoas.

Por exemplo: a Guerra do Iraque, em que o Presidente dos Estados


Unidos, George Bush, poderia afirmar que as suas condutas estavam
dentro dos melhores padrões éticos, pois a presença de Saddam Hussein
causava um mal para toda a sociedade.
Teoria do Dever Ético: proposta por Emanuel
Kant, essa Teoria propõe que o conceito ético
seja extraído do fato de que cada um deve se
comportar de acordo com os princípios
universais. De acordo com Kant, esses conceitos
éticos devem ser alcançados através da
aplicação de duas regras:

a) Qualquer conduta aceita como padrão ético


Fonte: http://duvida-
deve valer para todos os que se encontrem na metodica.blogspot.com/2014/02/as-teorias-eticas-
de-kant-e-stuart-mill.html
mesma situação, sem exceções.
b) Só se deve exigir dos outros o que exigimos de
nós mesmos.
Teoria contratualista: os precursores dessa teoria são John Locke e Jean
Jacques Rousseau. Essa teoria parte do princípio de que o ser humano
assume com os seus semelhantes a obrigação de se comportar de acordo
com regras morais estabelecidas para o convívio social. Dessa forma, a
teoria propõe que os conceitos éticos são extraídos das regras morais
que conduzem à perpetuação da sociedade, da paz e da harmonia do
grupo social.

A ÉTICA É FRUTO DE UM PACTO.


Fonte: https://www.suno.com.br/artigos/contratualismo/
Teoria do relativismo: de acordo com essa teoria, cada indivíduo
deve decidir, por si mesmo, sobre o que é ou não é ético, com
base nas suas próprias convicções e na sua própria concepção
sobre o “bem” e o “mal”. Nesse sentido, o que é ético para um
indivíduo pode não ser para o outro.

Fonte: https://maestrovirtuale.com/relativismo-etico-
caracteristicas-tipos-e-criticas/
Bom, pessoal... Chegamos ao final de mais uma
videoaula. No nosso próximo encontro,
falaremos sobre as classificações e modelos de
ética.
Obrigada!

Até a próxima!
UNIDADE 1 – AULA 3 – CLASSIFICAÇÕES
DA ÉTICA

Fonte: http://productointegradoralcaraz.blogspot.com/2017/12/conciencia-moral.html
Classificações da Ética
Ética da Convicção x Ética da Responsabilidade

Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/8907537/
Weber classificou a ética em 02 tipos :

Ética da Convicção: a ética da convicção se caracteriza


essencialmente pelo compromisso do indivíduo com um conjunto
de valores associados a determinadas crenças. Nesse sentido, as
intenções do agente são mais importantes do que os “resultados”
ou o “sucesso” de suas ações.

Em outras palavras, o indivíduo pratica determinadas ações


convencido de que seus atos são justos (isso é, suas ações são
“boas”), independentemente dos efeitos/resultados que essas
ações possam gerar.
A ética da convicção tende a ser mais rígida e dogmática. O
indivíduo que age com a ética da convicção acredita
incondicionalmente em “valores absolutos”.

Por exemplo: um indivíduo que é contra o aborto e não


admite o aborto em qualquer situação (mesmo que a vida
da mãe esteja em risco).

Fonte: https://www.cnbb.org.br/posicao-da-
cnbb-em-defesa-da-vida-humana-e-contra-o-
aborto/
Ética da Responsabilidade: a ética
da responsabilidade valoriza as
consequências/resultados das ações
dos indivíduos. Ou seja, a ética da
responsabilidade se preocupa com a
relação entre os meios e os fins.
Em outras palavras, para a ética da
responsabilidade, os atos dos
Fonte: http://www.mamaesortuda.com/2016/11/cuidados-de-uma-gestante-no-
indivíduos devem ser julgados “bons” transporte.html

ou “maus” levando-se em
consideração as consequências das
ações e a relação entre os meios e os
fins.
Ética do Fim x Ética do Móvel

De outra forma, a ética pode ser classificada em:

Ética do Fim: na ética do fim, as ações dos


indivíduos são julgadas de acordo com a direção
que o indivíduo imprimiu em sua ação. Ou seja, as
ações dos indivíduos são julgadas de acordo com as
suas intenções.
Em outras palavras, a ética do fim prescreve que as ações do
indivíduo são orientadas para determinado “objetivo”
específico. Nesse sentido, cabe à ética revelar que objetivo
deveria ser esse (ou seja, o papel da ética é revelar quais os
“fins” que devem orientar o comportamento dos indivíduos).

Por exemplo: o homem toma determinadas atitudes com o fim


de alcançar a felicidade.

Fonte: https://revistapegn.globo.com/Banco-de-
ideias/noticia/2020/07/5-atitudes-simples-que-podem-te-fazer-
mais-feliz.html
Ética do Móvel (Ética do Móbil): na ética do móvel, as ações
dos indivíduos são julgadas de acordo com a eficiência dessas
ações em produzir o bem-estar, a felicidade, etc.

De acordo com a ética do móvel, as ações dos indivíduos são


movidas por “forças” específicas. Ou seja, o homem não age
com o objetivo de atingir determinado fim; o homem age,
pois, existe uma “força” (um motivo) que o impulsiona. Nesse
sentido, cabe a ética buscar encontrar quais são essas forças
(motivos) que movem o comportamento humano.
Por exemplo: o homem toma determinadas atitudes por
prazer; o prazer é o “móvel” habitual da conduta humana.

Fonte: https://www.adrena.me/blog/dicas/beneficios-dos-esportes-radicas-saiba-tudo/
Ética Empírica x Ética dos Bens x Ética
Formal x Ética Valorativa

De acordo com Eduardo Garcia Máynez, a ética


pode ser classificada nos seguintes grupos:

ética empírica, ética dos bens, ética formal e ética


de valores.
Ética empírica
A ética empírica privilegia a experiência como fonte do conhecimento.
Nesse sentido, a ética empírica baseia-se na constatação da vida moral
dos seres humanos, não se questionando o que o indivíduo deve fazer,
mas sim o que ele efetivamente faz. Dessa forma, os princípios e os
valores éticos são extraídos da observação dos fatos.

A ética empírica subdivide-se em quatro vertentes:

a) Ética Anarquista: ênfase no individualismo. Possui como princípio


básico a ideia de que algo só tem valor caso não contrarie as
tendências naturais. Repudia normas e valores, sendo a liberdade
uma característica inata.
b) Ética Ceticista: baseia-se na crença de que não existem métodos
racionais para definir juízos valorativos ou morais. Assim, não se
pode dizer com certeza o que é certo ou errado, bom ou mau, pois
ninguém jamais será capaz de desvendar tudo.

c) Ética Utilitarista: ênfase na utilidade (É bom o que é útil) da


conduta humana. Propõe que o comportamento humano tem
origem na produção de prazer e de benefícios, sendo a conduta
valorada como ética quando proporciona maior bem para a
sociedade como um todo. Possui como corolário a ideia de que os
fins justificam os meios.
d) Ética Subjetivista: ênfase no indivíduo, sendo este considerado a
fonte da conduta moral. Nesse sentido, não existe uma escala
universal, sendo a conduta avaliada como ética a partir da escala de
valores de cada indivíduo. Não existe um critério objetivo, seguro de
avaliação, pois esta varia com o sujeito e, assim, as noções de certo
e errado devem ser avaliadas de acordo com as necessidades do
homem.

Fonte: https://filosofianaescola.com/moral/subjetivismo-moral/
Ética dos bens
A ética dos bens sustenta que existe
um “bem supremo”, que deve ser
perseguido pelo comportamento
humano. Esse “bem supremo” seria o
fim em si mesmo, não atuando como
um meio para qualquer outro objetivo.
Em outras palavras, a ética dos bens
considera que o agir humano é Fonte: https://ufmg.br/comunicacao/noticias/opiniao-imunizacao-privada-na-crise-
ciencia-e-etica
orientado pela busca de algo
específico, que represente um fim,
como, por exemplo, a felicidade ou o
bem comum.
Ética formal
A ética formal enfatiza a relação entre as ações dos
indivíduos e os fins almejados. Esse tipo de ética valoriza a
intenção e a boa vontade, assim como, a retidão dos
propósitos. Diz-se, portanto, que o caráter ético da conduta
não está em seus resultados, mas nas boas intenções dos
indivíduos.

Fonte: https://www.lbv.org/5-cliques-que-provam-que-
a-sua-doacao-faz-a-diferenca-nesse-natal
Ética dos valores

A ética dos valores enfatiza o que é valor, ou seja, característica


daquilo que é preferível e estimável. Assim, a conduta ética é
aquela que encontra fundamento em um valor. Em outras
palavras, o agir humano deve ser pautado pela busca de ser
valoroso.

Fonte: https://tnpetroleo.com.br/academy/confianca-e-o-principal-sentimento-para-se-
alcancar-a-coragem-especialista-fala-sobre-o-assunto/

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