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Direito Internacional Público

1. A sociedade Internacional: conjunto de vínculos entre diversas pessoas e entidades


independentes entre si, que coexistem por diversos motivos e que estabelecem relações que
reclamam a devida disciplina para a convivência harmoniosa entre os povos.

Sociedade internacional Comunidade Internacional


Aproximação e vínculos internacionais Aproximação e vínculos espontâneos
Aproximação pela vontade Aproximação por laços culturais, religiosos,
linguísticos e etc
Objetivos comuns Identidade comum
Possibilidade de denominação Ausência de denominação
Interesses Cumplicidade entre membros

1.1. Características
1.1.1. Universalidade: abrange o mundo inteiro, mesmo que um Estado adote uma política
isolacionista, ainda sim terá que se relacionar com o seu vizinho.
1.1.2. Heterogênea: Os membros (atores) podem apresentar diferenças entre si.
1.1.3. Caráter Interestatal: só composta por Estados. Entretanto existem correntes
divergente que prevê na participação de Organizações Internacionais, ONGs, empresas,
indivíduos e etc.
1.1.4. Descentralização: Não possui organização superior aos Estados.
1.1.5. Coordenação: de interesses entre seus membros, que vai permitir a definição de
regras de convívio.
1.1.6. Caráter paritário: igualdade jurídica entre seus membros.
1.1.7. Desigualdade de fato: o poder de certos Estados ainda influencia nos rumos das
relações internacionais.
1.2. A globalização e o sistema normativo Internacional
1.2.1. Globalização: “(...)processo de progressivo aprofundamento da integração entre
várias partes do mundo, especialmente nos campos político, econômico, social e cultural,
com vistas a formar um espaço internacional comum, dentro do qual bens, serviços e
pessoas circulem da maneira mais desimpedida possível.” (Portela)

2. Conceito de Direito Internacional Público: “Conjunto de normas jurídicas que regulem as relações
mútuas dos Estados e, subsidiariamente, as das demais pessoas internacionais, como
determinadas organizações, e dos indivíduos.” (Accioly)
2.1. Elementos
2.1.1. Entendimento clássico:
2.1.1.1. Atores:
• Estados
• Organizações Internacionais
2.1.1.2. Matérias a regular: relações interinstitucionais, envolvendo Estados e
Organizações Internacionais

2.1.2. Entendimento moderno


2.1.2.1. Atores:
• Estados
• Organizações Internacionais
• Indivíduo
• Empresas, especialmente as transnacionais e aquelas com negócios
internacionais
• ONG

2.1.2.2. Matérias a regular:


• Relações entre os Estados e Organizações Internacionais
• Cooperação internacional
• Relações entre qualquer ator internacional envolvendo temas de interesse
global.

3. Objeto:
• Reduzir a anarquia na sociedade internacional e delimitar as competências
de seus membros;
• Regular a cooperação internacional;
• Conferir tutela adicional a bens jurídicos aos quais a sociedade internacional
decidiu atribuir importância;
• Satisfazer interesses comuns dos Estados.

4. Fundamento do DIP
4.1. Teoria do voluntarismo: o elemento central é a vontade dos sujeitos do DIP
4.1.1. Forma expressa: tratados
4.1.2. Forma tácita: costumes

5. O ordenamento Jurídico Internacional


5.1. Características do DIP
• Dicotomia entre a relativização da soberania nacional e a manutenção de sua
importância;
• Direito de coordenação;
• Ausência de poder central para a produção e aplicação das normas;
• Descentralização da produção normativa;
• Normas criadas pelos próprios destinatários;
• Obrigatoriedade;
• Existência de mecanismos de exercício de jurisdição internacional;
• Jurisdição internacional exercida apenas com o consentimento dos Estados;
• Possibilidade de sanções;
• Não haveria hierarquia entre as normas (controvérsia doutrinária);
• Fragmentação: diversidade de matérias tratadas e de condições de
elaboração das normas;
• Marcada vertente de cooperação;
• Aplicação no âmbito interno dos Estados.
5.2. A cooperação internacional entre os Estados
• Convivência internacional (Ex: poluição)
• Reflexos de políticas internas (ex: refugiados)
• Meios de combater problemas
• Desenvolvimento econômico e social
• Administração de áreas internacionais
• Criação de organizações internacionais
• Regulamentação de convívio
5.3. A jurisdição internacional: os mecanismos de jurisdição internacional vinculam, a princípio,
apenas os Estados que celebram os tratados que os criam ou que aceitem se submeter às suas
respectivas competências.
• A regra geral é a de que os Estados não são automaticamente jurisdicionáveis
perante as cortes e tribunais internacionais.
• Corte Europeia de Direitos Humanos: Um indivíduo pode processar um
Estado por violação de seus direitos fundamentais.
• Tribunal Penal Internacional: julga pessoas naturais acusadas de crimes
contra a humanidade.
• Comissão Interamericana de Direitos Humanos: pode receber petições
individuais (pessoa física) contra violações de sus direitos.

5.4. A sanção no DIP (soluções coercitivas de controvérsias)


5.4.1. Retorsão: ato por meio do qual um Estado ofendido aplica ao Estado que tenha sido o
seu agressor as mesmas medidas ou os mesmos processos que este empregou ou
emprega contra ele.
5.4.2. Represálias: “(...)medidas coercitivas, derrogatórias das regras ordinárias dos direitos
das gentes, tomadas por um Estado em consequência de atos ilícitos praticados, em seu
prejuízo, por outro Estado e destinadas a impor a este, por meio de um dano, o respeito
ao direito.” (IDI, Paris 1934).

Medidas mais ou menos violentas e, em geral, contrárias a certas regras ordinárias do


direito das gentes, empregadas por um Estado contra outro, que viola ou violou o seu
direito ou dos seus nacionais.

• Positivas: práticas de atos de violência;


• Negativas: recusa no cumprimento de uma obrigação anteriormente
assumida;
• Armadas: uso da forma armada, aparato bélico.
• Não armadas: utilização do poder econômico ou político.

5.4.2.2. Princípios do uso das represálias:


• Só devem ser permitidas em caso de violação flagrante do direito
internacional, por parte do Estado contra o qual são exercidas;
• Devem constituir, apenas, atos de legítima defesa, proporcionais ao dano
sofrido ou à gravidade da injustiça cometida pelo dito Estado;
• Só se justificam como medida de necessidade e depois de esgotados outros
meios de restabelecimento da ordem jurídica violada;
• Devem cessar quando seja concedida a reparação que se teve em vista obter;
• Seus efeitos devem limitar-se ao Estado contra o qual são dirigidas e não
atingir os direitos de particulares, nem os de terceiros Estados.

5.4.3. Embargo: consiste no sequestro, em plena paz, de navios e cargas de nacionais de um


Estado estrangeiro, ancorados nos portos ou em águas territoriais do Estado que lança
mão desse meio coercitivo. (pouco usado pela forma)
5.4.4. Boqueio pacífico: impede, por meio de força armada, as comunicações com os portos
ou as costas de um país ao qual se pretende obrigar a proceder determinado modo.
5.4.5. Boicotagem: é a interrupção de relações comerciais com um Estado considerado
ofensor dos nacionais ou dos interesses de outro estado.
5.4.6. Ruptura de relações diplomáticas: pode ser empregada como meio de pressão de um
Estado sobre outro Estado, a fim de o forçar a modificar a sua atitude ou chegar a acordo
ou dissídio que os separe.

Usada como sinal de protesto contra ofensa recebida, ou como maneira de decidir, o
Estados contra o qual se aplica, a adotar procedimento razoável e amis conforme aos
intuitos que se têm em vista.

• Entrega de passaportes ao agente diplomático do Estado a que se aplica


• Retirada do agente diplomático.
6. Direito Internacional Público e Direito Internacional Privado

Direito Internacional Público Direito Internacional Privado


Regulação da sociedade internacional Regulação dos conflitos de leis no espaço
Disciplina direta das relações internacionais ou Indicação da norma nacional aplicável a um
das relações internas de interesse internacional conflito de leis no espaço
Normas de aplicação direta Normas meramente indicativas do Direito
aplicável
Regras estabelecidas em normas internacionais Regras estabelecidas em normas internacionais
ou internas
Regras de Direito internacional Público Regras de Direito Internacional Público ou
interno

7. Direito Internacional Público e Direito Interno:


7.1. Dualismo: a principal premissa é a de que o Direito Internacional e o Direito Interno são dois
ordenamentos jurídicos distintos e totalmente independentes entre si, cujas normas não
poderiam entrar em conflito umas com as outras.
• Direito internacional dirige a convivência entre os Estados
• Direito interno disciplina as relações entre os indivíduos e entre o ente
estatal.
• Tratados geram compromissos externos, sem efeito no interior dos Estados;
• A eficácia das normas internacionais não dependeria da sua compatibilidade
com a norma interna.
• Teoria da incorporação (Paul Laband): Um tratado só poderá regular relações
dentro do território de um Estado somente se for incorporado ao
ordenamento interno, por meio de um procedimento que o transforme em
norma nacional
7.1.2. Dualismo radical: necessidade de que o conteúdo dos tratados seja incorporado ao
ordenamento interno por lei interna.
7.1.3. Dualismo moderado: Necessidade apenas de ratificação de Chefe de Estado, com
aprovação prévia do Parlamento.
7.1.4. Dualismo no Brasil: o modelo de celebração de tratados adotado pelo Brasil herdou
uma característica do dualismo moderado, visto que o Estado brasileiro efetivamente
incorpora ao ordenamento interno, por meio de decreto presidencial, o tratado já em
vigor na ordem internacional e que não foi ratificado pelo Brasil.

7.2. Monismo: fundamenta-se na premissa de que existe apenas uma ordem jurídica, com normas
internacionais e internas, interdependentes entre si.
• Normas internacionais podem ter eficácia condicionada à harmonia de seu
teor com o Direito interno;
• A aplicação das normas nacionais pode exigir que estas não contrariem os
preceitos do Direito Internacional;
• Não é necessária a feitura de nova legislação que transforme o Direito
Internacional em interno.
7.2.2. Monismo internacionalista (Hans Kelsen – Escola de Viena): o ordenamento jurídico
é uno, e o Direto das Gentes é a ordem hierarquicamente superior, da qual o Direito
interno é subordinado.
• Artigo 27 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969:
“Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para
justificar o inadimplemento de um tratado”
• Convenção de Viena foi ratificada pelo Brasil em 2009, com reservas. Decreto
nº 7.030, de 14 de Dezembro de 2009.
7.2.2.2. Monismo internacionalista moderado (Alfred von Verdross): nega a
invalidade da norma interna que contrarie a norma internacional, mas gera
responsabilidade internacional ao Estado que a viola.
7.2.3. Monismo nacionalista (Hegel): o Estado só se vincularia às normas com as quais
consentissem e nos termos estabelecidos pelas respectivas ordens jurídicas nacionais.
• O ordenamento jurídico interno é hierarquicamente superior ao
internacional.
7.2.4. Monismo no Brasil: o Brasil herdou uma característica do monismo nacionalista, pois
a Constituição federal Brasileira (CF/88) determina a forma de celebração de tratados
pelo Brasil, e define a solução do conflito entre as normas, internacional e nacional.
• Existem alguns entendimentos que vem atribuindo importância à norma
internacional, que em diversas hipóteses prevalecerá frente a norma
nacional, e em casos particulares, se equiparará à norma constitucional.

7.3. A primazia da norma mais favorável: trazido ao cenário jurídico pelo Direito Internacional
dos Direitos Humanos que vai prevalecer a norma vai favorável à vítima ou indivíduo
resguardando, assim a sua dignidade humana.

7.4. Quadros comparativos (Portela):

Dualismo Monismo
Duas ordens jurídicas, distintas e independentes Uma só ordem
entre si
Uma ordem jurídica internacional e uma ordem Uma ordem jurídica apenas, com normas
jurídica interna internacionais e internas
Conflito entre Direito Internacional e o interno: Conflito entre Direito Internacional e o interno:
impossibilidade possibilidade
Necessário diploma legal interno que incorpore Não há necessidade de diploma legal interno
o conteúdo da norma internacional: teoria da
incorporação

Dualismo radical Dualismo moderado


Necessidade de que o conteúdo dos tratados Necessidade apenas de ratificação do Chefe de
seja incorporado ao ordenamento interno por lei Estado, com aprovação prévia do parlamento
interna

Monismo internacionalista Monismo nacionalista


Primazia do Direito Internacional Primazia do Direito interno
Primado hierárquico das normas internacionais Primado hierárquico das normas internas, com
derrogação das normas internacionais contrárias
Teoria adotada pelo próprio Direito Teoria ainda praticada por vários Estados
Internacional

Monismo internacionalista radical Monismo internacionalista moderado


Tratado prevalece sobre todo o Direito interno, Tratado prevalece com mitigações: o Direito
inclusive o Constitucional interno pode eventualmente ser aplicado
Norma interna em oposição à internacional pode Norma interna pode não ser declarada inválida e
ser declarada inválida ser aplicada, sendo o Estado responsabilizado
internacionalmente em caso de violação de
tratado
8. Fontes do DIP
8.1. Sentido de fontes do Direito
• São os documentos os pronunciamentos de que emanam direitos e deveres
das pessoas internacionais configurando os modos formais de constatação
do Direito Internacional.
8.1.2. Fontes materiais:
• Elementos ou motivos que levam ao aparecimento das normas jurídicas;
• Fundamentos das normas, de cunho filosófico, sociológico, político etc.
8.1.3. Fontes Formais
• Formas de expressão dos valores resguardados pelo Direito
• Processo de elaboração das normas.
8.2. Artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça.

Artigo 38

A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe
forem submetidas, aplicará:

a. as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras


expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;

b. o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;

c. os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;

d. sob ressalva da disposição do Artigo 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais
qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de
direito.

A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão ex aequo et
bono, se as partes com isto concordarem.

Artigo 59

A decisão da Corte só será obrigatória para as partes litigantes e a respeito do caso em questão.

Ex aequo et bono (em português, "conforme o correto e válido") é uma expressão jurídica
latina. No contexto da arbitragem, ela é utilizada quando as partes optam por conferir aos
árbitros o poder de decidir o conflito, com base em seu leal saber e entender.

8.3. Tratados Internacionais:


• Fruto de acordo
• Forma escrita
• Celebrado por Estados e organizações internacionais.
8.4. Costume
• Prática reiterada
• Generalidade da prática
• Uniformidade da prática
• Consciência da juridicidade da prática
8.5. Princípios Gerais do Direito
• Normatividade
• Maior grau de abstração e de generalidade
• Incorporam os principais valores tutelados pelo Direito
• Caráter fundante da ordem jurídica
• Estabilidade
• Presença generalizada nos principais sistemas jurídicos do mundo
8.6. Doutrina
• Estudos dos especialistas em Direito Internacional
• Inclui doutrina de ramos do Direito Interno, no que se relacionem com o
Direito Internacional
8.7. Jurisprudência
• Decisões reiteradas
• Pronunciamentos proferidos por órgãos internacionais de solução de
controvérsias
• Deliberação no mesmo sentido
• Casos semelhantes
• Matérias de Direito Internacional
• Meio auxiliar
8.8. Fontes Extra estatutárias:
8.8.1. Analogia:
• Aplicável na falta de norma para o caso concreto
• Incidência da norma que regule situação semelhante
8.8.2. Equidade:
• Emprego de considerações de justiça a um caso concreto.
• Aplicável na carência de norma regulamentadora ou diante de norma
inadequada.
8.8.3. Atos Unilaterais dos Estados (Protesto, notificação, renúncia, denúncia,
reconhecimento, promessa, ruptura)
• Formulados unilateralmente, sem consulta a outros Estados.
• Afetam juridicamente a esfera de interesses de outros sujeitos do Direito
Internacional.
8.8.3.2. Silêncio: assimilado à aceitação. É um ato unilateral tácito.
• O Estado que guarda silêncio deve conhecer do fato;
• O Estado deve ter interesse jurídico no fato;
• A expiração de um prazo razoável.
8.8.3.3. Reconhecimento: É o principal ato unilateral, pois constata a existência de
certos fatos ou de atos jurídicos, e admite sua imputabilidade. Assim, o
reconhecimento é um ato unilateral por meio do qual um sujeito de Direito
Internacional, sobretudo, o Estado, constatando a existência de um fato novo.
8.8.3.4. Protesto: É o contrário do reconhecimento, pois por intermédio dele o Estado
pretende resguardar seus próprios direitos, em face de pretensões de outro
Estado, ou perante a criação de uma norma jurídica. Não se trata de uma sanção,
mas de uma manifestação real de vontade. Seu elemento essencial é a
permanência de atitude.
8.8.3.5. Notificações: trata-se de um ato condição na medida em que dele depende a
validade de outros atos. Ou seja, é um ato pelo qual um Estado leva ao
conhecimento de outro um fato determinado, que pode produzir efeitos jurídicos.
8.8.3.6. Renúncia: o abandono de direito por um sujeito de direito internacional
público, as renúncias devem ser expressas, formuladas pelo próprio Estado a quem
se concedem privilégios e imunidades, e devem ser feitas, em cada processo
(inadmitidas renúncias generalizadas).
8.8.3.7. Denúncia: surge quando um Estado denuncia um Tratado e se retira dele.
8.8.3.8. Promessa: consiste no ato unilateral de um Estado, pelo qual este institui para
si mesmo um dever de agir ou de abster-se de agir, ao mesmo tempo em que se
cria um direito subjetivo a outros Estados de exigir o cumprimento das obrigações
assim instituídas.
8.8.3.9. Ruptura das relações diplomáticas: (Item 5.4.6) pode ser empregada como
meio de pressão de um Estado sobre outro Estado, a fim de o forçar a modificar a
sua atitude ou chegar a acordo ou dissídio que os separe.
8.8.4. Decisões de Organizações Internacionais (recomendações, resoluções)
• Atos oriundos de organismos internacionais
• Podem ser impositivas ou facultativas
8.8.4.2. Recomendações: é um ato que emana, em princípio, de um órgão
intergovernamental e que propõe aos seus destinatários um determinado
comportamento. É um ato desprovido de efeitos obrigatórios. O sentido jurídico
do termo coincide com o seu sentido corrente. Os seus destinatários não são
obrigados a submeterem-se-lhe e não cometem infração no caso de não a
respeitarem.
8.8.4.3. Resoluções: as que foram aceitas antecipadamente pelos Estados têm, com
efeito, força obrigatória para os mesmos; acontece o mesmo para as resoluções
que se limitam à recitação do direito costumeiro sob a reserva de que não é o
próprio ato jurídico cujo valor se modifica, mas o alcance do seu conteúdo material
que beneficia do mesmo valor obrigatório que a norma costumeira; numa
organização, as recomendações de um órgão hierarquicamente superior impõem-
se aos órgãos subsidiários deste.
8.8.5. Jus Cogens:
• Imperatividade
• Normas inderrogáveis por preceitos particulares do Direito Internacional
• Derrogam normas contrárias dos tratados
• Modificável apenas por norma da mesma natureza
• Valor primordial para convivência humana
8.8.6. Soft Law:
• Obrigatoriedade limitada ou inexistente
• Elaboração rápida e flexível
9. Tratados Internacionais

9.1. Conceito: é a expressão do acordo de vontade, estipulando direitos e obrigações, entre


sujeitos de direito internacional.
• São acordos escritos, firmados por Estados e Organizações Internacionais
dentro dos parâmetros estabelecidos pelo Direito Internacional Público, com
o objetivo de produzir efeitos jurídicos no tocante a temas de interesse
comum (Portela)
9.2. Natureza Jurídica: Acordo formal
9.3. Espécies de Tratados:
9.3.1. Acordo: geralmente utilizado para tratados de cunho econômico, financeiro, comercial
e cultural. Reduzido número de participantes e menor importância política. (Acordo
Constitutivo da organização Mundial do Comércio-1994)
9.3.2. Acordo por troca de notas: empregado para assuntos de natureza administrativa e
para alterar ou interpretar cláusulas de tratados já concluídos. (Acordo relativo à
implementação da Parte XI da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar -
1982)
9.3.3. Ajuste complementar: visa detalhar ou a executar outro tratado de escopo mais
amplo, geralmente do tipo acordo quadro. (Decreto/portaria do direito interno)
9.3.4. Ato: forma de tratado que estabelece normas de Direito (ata) – mera força política ou
moral.
9.3.5. Carta: cria organizações internacionais, estabelecendo seus objetivos, órgãos e modo
de funcionamento. (Carta das Nações Unidas -1945)
9.3.6. Compromisso: é a modalidade de tratado que determina a submissão de um litigio à
um foro arbitral.
9.3.7. Concordata: compromissos de cunho religioso.
9.3.8. Convenção: acordos multilaterais que visam a estabelecer normas gerias de Direito
Internacional em temas de grande interesse mundial. (Convenção Interamericana para a
Eliminação de todas as formas de discriminação contra as pessoas portadoras de
deficiência - 1999)
9.3.9. Convênio: regula a cooperação bilateral ou multilateral de natureza econômica,
comercial, cultural, jurídica, científica e técnica, normalmente em campos mais
específicos. (Convênio de Cooperação Educativa Brasil-Argentina – 1997)
9.3.10. Declaração: usada para consagrar princípios ou afirmar a posição comum de alguns
Estados acerca de certos fatos. (Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento - 1992)
9.3.11. Memorando de entendimento: voltada a registrar princípios gerais que orientarão as
relações entre os signatários.
9.3.12. Modus vivendi: destinada a instrumentos de menos importância e de vigência
temporária, normalmente para regular relações transitórias. (definir outros
entendimentos)
9.3.13. Pacto: tratados de importância política, mas que sejam mais específicos no tratamento
da matéria que regulam.
9.3.13.1. Pacto de contraindo: tratado preliminar.
9.3.13.2. Pacto de negotiando: finalidade de concluir um tratado.
9.3.14. Protocolo: meramente complementar ou interpretativo de tratados anteriores. Pode
ser um pré-compormisso que sinaliza possibilidades futuras, estabelecendo bases para
posterior entendimento. (Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança
referente à venda de criança, à prostituição infantil e à pornografia infantil-2000)
9.3.15. Gentlemen´s agreements: avença celebrada não pelos Estados, mas por autoridades
de alto nível, em nome pessoal, e que é regulada por normas morais. NÃO É UM
TRATADO

9.4. Classificação

9.4.1. Quanto ao número de partes:


• Bilateral ou particulares;
• Multilaterais, gerais ou plurilaterais
9.4.2. Quanto ao procedimento de conclusão
• Solenes (negociação, assinatura, ratificação e promulgação)
• Simplificados (prescindem a ratificação)
9.4.3. Quanto à execução
• Transitórios: criam situações que perduram no tempo, mas cuja realização é
imediata (fronteiras)
• Permanentes: a execução se consuma durante o período em que estão em
vigor.
9.4.4. Quanto à natureza das normas
• Tratados-contratos: visam conciliar interesses divergentes entre as partes.
• Tratados-lei: estabelecem normas gerias do Direito Internacional, a partir da
vontade convergente de seus signatários.
9.4.5. Quanto aos efeitos
• Restrito às partes
• Alcance de terceiros
9.4.6. Quanto as possibilidades de adesão
• Abertos: permitem adesão posterior
• Fechados

9.5. Condição de Validade


• Capacidade das partes:
o Estados
o Organizações Internacionais
o Santa Sé
• Habilitação de agentes:
o Chefe de Estado
o Chefe de Governo
o Ministro das Relações Exteriores
o Embaixadores: para tratados celebrados com o Estado junto ao qual
estão acreditados
o Representantes acreditados pelos Estados perante uma conferência ou
organização internacional ou um de seus órgãos: para tratados
celebrados em tal conferência, organização ou órgão.
o Qualquer outro indivíduo, com a devida Carta de Plenos Poderes
• Objeto lícito e possível:
o Tratados não podem violar o jus cogens
• Consentimento regular:
o Tratados não podem ser celebrados com vícios de consentimento.
 Erro - Dolo
 Coação – Corrupção de representante do Estado
9.6. Processo de elaboração dos Tratados

9.6.1. Negociação: é a fase inicial do processo de elaboração dos tratados, dentro a qual as
partes discutem e estabelecem os termos do ato internacional.
9.6.2. Assinatura: é o ato pelo qual os negociadores, ao chegar a um acordo sobre os termos
do tratado, encerram as negociações, expressam sua concordância com o teor do ato
internacional, adotam e autenticam seu texto e, por fim, encaminham o acordo para
etapas posteriores da formação internacional.
9.6.3. Ratificação: é o ato pelo qual o Estado, após reexame de um tratado assinado
(autorização parlamentar), confirma seu interesse em concluí-lo e estabelece seu
consentimento em vincular-se às suas normas. É a aceitação definitiva do acordo.
9.6.4. Entrada em vigor no âmbito internacional
• Tratados bilaterais: troca de ratificações
• Tratados multilaterais:
o Depositário: recebe e guarda os instrumentos de ratificação
o Número mínimo de ratificações

9.6.5. Registro e publicidade:


Artigo 102 da Carta das Nações Unidas

Artigo 102. 1. Todo tratado e todo acordo internacional, concluídos por qualquer
Membro das Nações Unidas depois da entrada em vigor da presente Carta, deverão,
dentro do mais breve prazo possível, ser registrados e publicados pelo Secretariado.

2. Nenhuma parte em qualquer tratado ou acordo internacional que não tenha sido
registrado de conformidade com as disposições do parágrafo 1 deste Artigo poderá
invocar tal tratado ou acordo perante qualquer órgão das Nações Unidas.

9.7. Efeitos dos Tratados:


Convenção de Viena art. 24, § 1º: Um tratado entra em vigor na forma e na data previstas no
tratado ou acordadas pelos Estados negociadores.”

9.7.1. Duração
9.7.1.1. Contemporânea: quando o ato entra em vigor tão logo seja manifestado o
consentimento definitivo das duas partes, nos atos bilaterais, ou de mínimo de
signatários, nos multilaterais.
9.7.1.2. Diferida: quando os textos dos tratados estipulam um prazo para a sua entrada
em vigor após a expressão final da vontade dos signatários.

9.7.2. Princípio da irretroatividade: os tratados não alcançam fatos ocorridos antes de sua
vigência, configurando em geral o efeito ex nunc.
• Estipulação em contrário

9.7.3. Reflexo de tratados sobre terceiros: em geral não se aplicam a terceiros, salvo com o
consentimento deste, normas costumeiras e jus cogens

9.8. Interpretação dos Tratados:


• Principal critério: boa fé
• Objetivo geral buscado pelos signatários quando da assinatura do tratado.
• Pode utilizar:
o Outros tratados;
o Demais regras do Direito das Gentes
o Prática dos signatários
o Circunstâncias de conclusão do acordo
o Trabalhos preparatórios
o (...)

9.9. Adesão: Pode ocorrer em tratados abertos, momento pelo qual o Estado ou Organização
Internacional expressa sua vontade, posterior, em fazer parte do tratado.

9.10. Alteração os Tratados:


9.10.1. Emendas: é o meio pelo qual o teor dos atos internacionais é revisto, levando ao
acréscimo, à alteração ou à suspensão de conteúdo normativo.
• O tratado emendado vale entre as partes que aprovam a emenda
• O tratado original vale entre as partes que não aprovam a emenda
• O tratado original vale entre as partes que aprovaram e não aprovam a
emenda
• O Estado que aderir a tratado emendado, salvo disposição em contrário,
obedecerá ao ato emendado em relação à partes que aceitaram a emenda e
ao ato original no tocante à partes que não aceitaram a emenda.
• Tratado emendado valer para todos: número mínimo de assinaturas e
previsão normativa.

9.11. Reservas (Salvaguarda): declaração unilateral , qualquer que seja a sua redação ou
denominação feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele
aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do
tratado em sua aplicação a esse Estado.

9.12. Extinção

• Denúncia
• Vontade comum entre as partes
• Alteração fundamental das circunstâncias (incluindo guerra)
• Violação substancial
• Impossibilidade de cumprimento (perda do objeto)
• Número inferior ao mínimo estabelecido (Tratados multilaterais)
• Fim da vigência do tratado por prazo fixo, com condição resolutiva ou com
objetivo que tenha sido atingido
• Desuso
• Rompimento das relações diplomáticas
10. Princípios do DIP
10.1. Pacta Sunt Servanda: acordos devem ser mantidos (tradução livre)
10.2. Proibição do uso ameaça da força: legitima a intervenção do conselho de segurança,
caso haja a violação do princípio, utilizando-se da força para a solução das controvérsias.
10.3. Solução pacífica de controvérsias: obriga os Estados a resolverem suas controvérsias
internacionais por meios pacíficos de modo a não prejudicar a segurança, a paz e a justiça
internacionais.
10.4. Não intervenção nos assuntos internos dos Estados: "Nenhum Estado deve imiscuir-
se pela força na constituição e governo de um outro Estado” (Kant)
10.5. Dever de cooperação internacional: é o ato de mútua ajuda entre duas ou mais
Estados-Nação para a finalidade de um objetivo comum, que pode ser das mais diversas
espécies: políticos, culturais, estratégicos, humanitários, econômicos.
• Nenhum país, por mais desenvolvido que seja, pode abster-se do relacionamento
cooperativo com outro Estado-Nação, a fim de buscar soluções para problemas
comuns ou que atravessem ou que pretendam evitar.
10.6. Igualdade de Direitos e Autodeterminação dos Povos: confere aos povos o direito de
autogoverno e de decidirem livremente a sua situação política, bem como aos Estados o
direito de defender a sua existência e condição de independente.
10.7. Igualdade soberana dos Estados: não há hierarquia entre os estados, eles estão
organizados em um plano horizontal, cada qual com suas normas de direito interno,
regulando seu território do modo que bem entenderem e sem que outros países interfiram.
10.8. Boa-fé no cumprimento das obrigações internacionais:

11. Sujeitos do DIP


11.1. Personalidade internacional: faculdade de atuação direta na sociedade internacional,
como criar normas internacionais, aquisição exercício de direito e obrigações e faculdade de
recorrer a mecanismos internacionais de solução de litígios.
11.2. Estados: ente composto por um território habitado por comunidade de seres
humanos, governados por um poder soberano cujo aparecimento não depende da anuência
de outros membros da sociedade internacional.
11.3. Organizações Internacionais: entidades criadas e compostas por Estados por meios de
tratado, com estrutura permanente e personalidade jurídica própria, com objetivo de
alcançar propósitos comuns.
11.4. Santa Sé e Estado da Cidade do Vaticano:
• Santa Sé: comanda a Igreja Católica Apostólica Romana
• Vaticano: Estado com território de 0,44 Km2 (Tratado de Latrão 1929)
• Acordos de Latrão (1929) entre Santa Sé e Itália que pôs fim à Questão
Romana (em que o papado não reconhecia o Estado Italiano e os católicos
não podiam participar da política italiana – esta última, até fim do séc. XIX);
o acordo político: dá plena soberania, propriedade e jurisdição da Santa Sé
(que tem personalidade internacional – Governo, tem também estatuto de
território) sobre o Vaticano (Estado). Quem tem personalidade internacional
é a Santa Sé! Participa em convenções, etc. Já o Vaticano é neutro a partir de
Latrão, Santa Sé é a reunião da Cúria Romana e do papa.

11.5. Indivíduo:
11.6. Organizações não governamentais: entidades privadas sem fins lucrativos que atuam
em áreas de interesse público, inclusive em típicas funções estatais.
11.7. Empresas:
11.8. Beligerantes, Insurgentes e Nações em Luta pela Soberania
11.8.1. Beligerantes: são movimentos contrários ao governo de um Estado, que visam a
conquistar o poder ou a criar um ente estatal, e cujo estado de beligerância é
reconhecido por outros membros da sociedade internacional.
• “(...) reconhecimento como beligerante é aplicado às revoluções de grande
envergadura, em que os revoltosos formam tropas regulares e que têm sob
o seu controle uma parte do território estatal” (Albuquerque Mello)
• o grupo subversivo envolve uma parte da população e pretende a formação
de um novo Estado, que se desmembraria do Estado-mãe.
• A característica marcante do movimento beligerante é a luta armada e a
finalidade desta luta é normalmente a modificação do sistema político no
qual se encontra o Estado.
• Síria – curdos, Estado Islâmico e Jihadistas

11.8.2. Insurgentes (rebeldes): também são grupos que se revoltam contra governos, mas
cujas ações não assumem a proporção de beligerância, como no caso de ações
localizadas e de revoltas de guarnições militares, e cujo status de insurgência é
reconhecido por outros Estados.
• num determinado Estado, ocorre uma subversão de caráter eminentemente
político, que não assume a proporção de uma guerra civil.
• FARC

11.8.3. Nações em luta pela soberania: são movimentos de independência nacional, que
acabam adquirindo notoriedade tamanha que fica impossível ignorá-los nas relações
internacionais.
• OLP – Organização para a Libertação da Palestina

11.9. Blocos Regionais: esquemas criados por Estados localizados em uma mesma região do
mundo, com intuito de promover a maior integração entre as respectivas economias e,
eventualmente, entre as sociedades nacionais.
• Mercosul
• União Europeia

11.10. Sujeitos Tradicionais:


• Estados
• Organizações Internacionais
• Santa Sé
• Ampla capacidade de ação na sociedade internacional, incluindo o poder de
celebrar tratados e maiores possibilidades de acesso a mecanismos
internacionais de solução de controvérsias.
11.11. Novos Fragmentários:
• Indivíduos
• ONGs
• Empresas
• Não podem celebrar tratados
• Têm possibilidade de acesso a mecanismos internacionais de solução de
controvérsias, embora mais restritos a que dos sujeitos tradicionais.
11.12. Outros entes que podem atuar na sociedade internacional
• Beligerantes: podem celebrar tratados
• Insurgentes: podem ou não celebrar tratados, nos termos do ato de
reconhecimento da insurgência.
• Nações em luta pela soberania: depende de cada caso concreto
• Blocos regionais:
• Comitê Internacional da Cruz Vermelha: “O Movimento Internacional da
Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho é uma rede humanitária global de
80 milhões de pessoas que ajudam aqueles que enfrentam desastres,
conflitos e problemas sociais e de saúde. Consiste do Comitê Internacional da
Cruz Vermelha, da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha
e do Crescente Vermelho e as 191 Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e
do Crescente Vermelho”. (site da CICV)
• Normas internacionais lhes conferem direitos e estabelecem obrigações
diretamente.
12. Estados
12.1. Conceito: “É a corporação de um povo, assentada num determinado território e
dotada de um poder originário de mando” (Jellinek)
• “Agrupamento humano, estabelecido permanentemente num território
determinado e sob um governo independente” (Accioly)
• “Ente formado por um território, uma comunidade humana e um governo
soberano, dotado da capacidade de exercer direitos e contrair obrigações e
não subordinado juridicamente a qualquer outro poder, externo ou interno.”
(Portela)

12.2. Elementos
• Território: espaço geográfico onde é exercido o seu poder soberano.
• Povo: seres humanos inseridos diretamente no processo de formação e
conservação do Estado, vinculadas juridicamente por meio da nacionalidade.
• Governo soberano: autoridade maior que exerce o poder político no Estado.

12.3. Formação dos Estados


• Ocupação e posse de terra nullius: na atualidade isso não é mais possível.
• Contiguidade (terra nullius): na atualidade isso não é mais possível.
• Conquista: na atualidade isso não é mais possível.
• Guerra: considerado ilegal, salvo na defesa do ente estatal em caso de
agressão ao legítimo interesse da sociedade internacional de manter e
promover a paz e a segurança no mundo.
• Desmembramento: separação e parte do território, resultado de
descolonização.
• Secessão: separação e parte do território, que não é sua colônia.
• Dissolução/Desintegração: entes estatais desaparecem para dar lugar a
novos.
• Fusão/agregação/unificação: dois ou mais entes estatais se unes para formar
um Estado só.

12.4. Teoria Geral do Reconhecimento de Estado:


12.4.1. Reconhecimento: é um ato meramente declaratório, que visa somente a atestar o
surgimento de um novo Estado, não tendo caráter constitutivo e não definido, portanto,
a existência do ente estatal.
12.4.2. Reconhecimento de Estado.
• Ato unilateral, não obrigatório e retroativo
• Ato declaratório, não constitutivo: de sua concessão não depende a
existência do Estado (existe doutrina divergente)
• Não precisa ocorrer dentro de um prazo determinado
• Irrevogável
• Ato que meramente permite a inserção de novo Estado no universo das
relações internacionais
• Em geral, incondicionado
• Nem sempre é objeto de pedido por parte do novo Estado.
• Ato discricionário condicionado, contudo, à observância das normas de jus
cogens e o compromisso com o respeito ao Direito das Gentes
• Expresso ou tácito
• Individual ou coletivo
12.4.3. Reconhecimento de Governo
• São os mesmos do reconhecimento de Estado salvo:
o Admite que um novo governo seja o representante do Estado nas
relações internacionais;
o Só é aplicável quando há rupturas institucionais.

12.5. Personalidade Internacional: a personalidade jurídica do Estado é originária, porque


o Estado é antes de tudo uma realidade física, um espaço territorial sobre o qual vive uma
comunidade de indivíduos.

12.6. Direitos e Deveres dos Estados


12.6.1. Direitos:
• Direito a existir, independentemente de reconhecimento
• Direito à auto-organização
• Direito a defender sua integridade, independência e existência
• Direito de conservação
• Direito à autodeterminação
• Direito ao exercício do poder soberano sobre todas as pessoas sob sua
jurisdição
• Direito de não sofrer qualquer intervenção externa em assuntos próprios
• Inderrogabilidade dos direitos

12.6.2. Deveres:
• Dever de respeitar os direitos de outros Estados
• Dever de não intervenção
• Dever de solucionar pacificamente as controvérsias

12.7. Doutrinas:
• Doutrina Tobar (1907): Carlos Tobar (1853 – 1920) foi Ministro das Relações
Exteriores equatoriano no início do século XX.
o Diz que a única forma para evitar golpes de Estado na região americana
seria a comunidade internacional se recusar a reconhecer os governos
golpistas como legítimos, rompendo relações diplomáticas e
formulando contra eles uma declaração de não-reconhecimento, até
que aquele governo fosse confirmado nas urnas.
o Defende que o reconhecimento de governos estrangeiros só deveria ser
concedido após a constatação de que estes contam com apoio popular.

• Doutrina Estrada (1930): Genaro Estrada (1887 – 1937) foi Ministro das
Relações Exteriores venezuelano.
o Defende que a declaração expressa do reconhecimento de uma nova
soberania é uma prática afrontosa, uma falta de respeito à soberania
da nação preexistente, pois não é necessário o reconhecimento para
que o Estado inicie suas atividades.
o O Brasil, por exemplo, adota a Doutrina Estada quando não interfere no
processo políticos de outros Estados.

• Doutrina Monroe (1823): James Monroe (1758-1831) presidente dos Estados


Unidos da América de 1817 a 1825.
o América para os americanos
o a não criação de novas colônias nas Américas;
o a não intervenção nos assuntos internos dos países americanos;
o a não intervenção dos Estados Unidos em conflitos relacionados aos
países europeus como guerras entre estes países e suas colônias.
o Não tolerância de qualquer intervenção da Europa na América.

• Doutrina Drago (1902) Luis María Drago (1859 - 1921) foi chanceler
argentino.
o Afirma que nenhuma potência estrangeira pode usar a força contra
uma nação americana com a finalidade de cobrar uma dívida.
o foi uma resposta às ações da Grã-Bretanha, Alemanha e Itália, que
impuseram um bloqueio naval à Venezuela no final de 1902, como
resposta à enorme dívida que o presidente da Venezuela, Cipriano
Castro, havia se recusado a pagar.
o Frente a esse ataque, os Estados Unidos disseram que não iriam apoiar
um Estado que fosse afetado por ataques de potências europeias que
não se originou com a intenção de recuperar e colonizar territórios
americanos. Ou seja, haveria defesa por parte dos Estados Unidos
somente se as potências europeias desejassem recolonizar algum
território na América.
o Assim, surge a Doutrina Drago, como um ato de protesto por parte de
Luis María Drago contra os Estados Unidos.
o Uma versão modificada foi aprovada por Horace Porter em Haia, em
1907. Esta acrescentou que a arbitragem e o litígio devem ser sempre
utilizados primeiro.
o O Brasil foi oficialmente contra a Doutrina Drago, pois era credor de
países vizinhos.

• Doutrina Brum (1917): Baltazar Brum (1883 - 1933) foi Ministro das Relações
Exteriores do Uruguai, advogado e também presidente do Uruguai de 1919 a
1923.
o expõe que os países americanos deveriam ter estreita unidade de ação
para fazer frente às violações do Direito Internacional, devendo
responder de forma conjunta às ofensas perpetradas contra qualquer
país do continente.

• Doutrina Calvo (1863): Carlos Calvo (1824—1906, ) foi um jurista, diplomata


e historiador que se educou e atuou na vida pública da Argentina.
o propõe a proibição da intervenção diplomática até que sejam utilizados
todos os recursos pacíficos (ou jurídicos) para a solução de
controvérsias.
o estabelece que, aqueles que vivem em um país estrangeiro devem
realizar suas demandas, reclamações e queixas à jurisdição dos
tribunais locais, evitando recorrer às pressões diplomáticas ou
intervenções armadas de seu próprio Estado ou governo.
o Cláusula Calvo - é a renúncia de proteção diplomática. Pelo simples fato
de firmar um contrato que contenha esta cláusula, o estrangeiro se
obriga a renunciar a proteção de seu país e acatar as leis do país em que
se firmou o contrato.
12.8. Extinção
• Fusão / unificação / reunificação / agregação – negociações internacionais
• Dissolução / desagregação – decisão de um Estado de se juntar a outro
• Guerras e conquistas – vedadas pelo Direito Internacional

13. Soberania e Supremacia territorial


13.1. Territórios do Estado: é o espaço físico dentro do qual o Estado exerce seu poder
soberano. É portanto o âmbito geográfico do exercício da jurisdição estatal.

13.2. Limites e fronteiras


13.2.1.1. Fronteira: toda a região em que dois Estados se encontram
13.2.1.2. Limites: são simplesmente as linhas que separam os Estado.
14. Domínio Público Internacional

14.1. Domínio terrestre: compreende o solo, o subsolo da parte da superfície do globo


circunscrita pelas suas fronteiras e, também, as ilhas que lhe pertencem.
A extensão do domínio terrestre do Estado é determinada por limites, ou linhas imaginárias,
que indicam até onde vai o território sobre o qual se exerce sua soberania.

Lembrando: Limite: linha


Fronteira: zona

14.2. Domínio Fluvial e lacustre: constituído pelos rios e demais cursos d’água que dentro
dos limites do Estado, cortam seu território.
• Depende do acordo existente com os Estados que compartilham o manancial
14.2.2. Rios nacionais: localizados inteiramente dentro do território de um Estado. Estão
submetidos à soberania do Estado, a exemplo de seu próprio território.
14.2.3. Rios Internacionais: constituídos por rios que compõe a fronteira entre dois Estados,
ou que seu curso total atravessa Estados diferentes.
14.2.3.1. Contíguos: correm entre os territórios de dois Estados;
o Soberania até a alinha divisória;
o
14.2.3.2. Sucessivos: quando atravessam os territórios de dois ou mais Estados.
o Soberania sobre a parte do curso compreendida dentro do seu
território.
14.2.4. Navegação: A tendência internacional é a livre navegação nos rios internacionais.
14.2.4.1. Restrições:
• Cabotagem: é a navegação entre portos do mesmo país utilizando as vias
marítimas ou vias navegáveis interiores. Ela se contrapõe a navegação de
longo curso. Logo, nesse trajeto, não se perde a costa de vista.
o Limita-se a navegação de cabotagem aos navios nacionais
• Navios de guerra estrangeiros: Exclui-se a navegação de navios de guerra
estrangeiros, salvo consentimento prévio.

14.3. Domínio Marítimo:


14.3.1. Mar territorial (até 12 milhas – 22,224 km): é a faixa de mar que se estende desde a
linha de base até a distância que não deve exceder 12 milhas marítimas da costa e sobre
a qual o Estado exerce sua soberania.
• Estado exerce soberania sobre o mar territorial
• Estado fixa sua extensão, respeitando o limite máximo de 12 milhas;
• Navios de demais Estados gozarão de passagem inocente;
• O tratamento conferido aos navios estrangeiros pelo Estado costeiro não
deve ser discriminatório;
• Limites à passagem inocente:
o Passagem inocente: Aquela que não seja prejudicial à paz, à boa ordem
ou à segurança do Estado costeiro
o Convenção de Montego Bay 1982 (DECRETO Nº 99.165, DE 12 DE
MARÇO DE 1990)

ARTIGO 21

Leis e regulamentos do Estado costeiro relativos à passagem inocente

1. O Estado costeiro pode adotar leis e regulamentos, de conformidade com as disposições da presente
Convenção e demais normas de direito internacional, relativos à passagem inocente* pelo mar
territorial sobre todas ou alguma das seguintes matérias:

a) segurança da navegação e regulamentação do tráfego marítimo;

b) proteção das instalações e dos sistemas de auxílio à navegação e de outros serviços ou


instalações;

c) proteção de cabos e dutos;

d) conservação dos recursos vivos do mar;

e) prevenção de infrações às leis e regulamentos sobre pesca do Estado costeiro;

f) preservação do meio ambiente do Estado costeiro e prevenção, redução e controle da sua


poluição;

g) investigação científica marinha e levantamentos hidrográficos;

h) prevenção das infrações às leis e regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração ou sanitários


do Estado costeiro.

2. Tais leis e regulamentos não serão aplicados ao projeto, construção, tripulação ou equipamento de
navios estrangeiros, a não ser que se destinem à aplicação de regras ou normas internacionais
geralmente aceitas.

3. O Estado costeiro dará a devida publicidade a todas estas leis e regulamentos.

4. Os navios estrangeiros que exerçam o direito de passagem inocente pelo mar territorial deverão
observar todas essas leis e regulamentos, bem como todas as normas internacionais geralmente
aceitas relacionadas com a prevenção de abalroamentos no mar.

ARTIGO 22

Rotas marítimas e sistemas de separação de tráfego no mar territorial

1. O Estado costeiro pode, quando for necessário à segurança da navegação, exigir que os navios
estrangeiros que exerçam o direito de passagem inocente* pelo seu mar territorial utilizem as rotas
marítimas e os sistemas de separação de tráfego que esse Estado tenha designado ou prescrito para a
regulação da passagem de navios.

2. Em particular, pode ser exigido que os navios tanques, os navios de propulsão nuclear e outros
navios que transportem substâncias ou materiais radioativos ou outros produtos intrinsecamente
perigosos ou nocivos utilizem unicamente essas rotas marítimas.

3. Ao designar as rotas marítimas e ao prescrever sistemas de separação de tráfego, nos termos do


presente artigo, o Estado costeiro terá em conta:

a) as recomendações da organização internacional competente;

b) quaisquer canais que se utilizem habitualmente para a navegação internacional;

c) as características especiais de determinados navios e canais; e

d) a densidade de tráfego.

4. O Estado costeiro indicará claramente tais rotas marítimas e sistemas de separação de tráfego em
cartas marítimas a que dará a devida publicidade.

14.3.2. Zona Contígua (de 12 a 24 milhas náuticas)


• Área adjacente ao mar territorial
• Estado pode tomar medidas para evitar infrações à suas leis e regulamentos
aduaneiros, fiscais, de imigração ou sanitários e para reprimir as demais
infrações a seu ordenamento jurídico.

14.3.3. Zona Econômica Exclusiva - ZEE (12 a 200 milhas)

Art. 55 da Convenção Montego Bay/82: “A zona econômica exclusiva é uma zona situada além
do mar territorial e a este adjacente, sujeita ao regime jurídico específico estabelecido na
presente Parte, segundo o qual os direitos e a jurisdição do Estado costeiro e os direitos e
liberdades dos demais Estados são regidos pelas disposições pertinentes da presente
Convenção.”

• Área adjacente ao mar territorial


• O Estado é soberano para a exploração, aproveitamento, conservação e
gestão dos recursos naturais das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito
do mar e seu subsolo e no que se refere a outras atividades que tenham fins
econômicos.
• Também exerce jurisdição sobre a pesquisa cientifica e a proteção e
preservação do meio ambiente, bem como sobre a construção, operação e
uso de todos os tipos de ilhas artificiais, instalações e estruturas.
• O Brasil permite a pesquisa científica exercícios militares na ZEE, desde que
com consentimento prévio do governo brasileiro.
• Todos os Estados têm liberdades de navegação e de sobrevoo e de colocação
de cabos e dutos submarinos, bem como de outros usos internacionais lícitos.

14.3.4. Plataforma Continental (200 milhas a partir da linha base)


• Abrange o leito e o subsolo das áreas submarinas que se entendem além do
mar territorial do Estado no prolongamento natural do seu território
terrestre.
• O Estado costeiro exerce direito exclusivos de soberania para efeitos de
exploração e aproveitamento de seus recursos naturais.
14.3.5. Fundos marinhos:
• Águas sobrejacentes ao leito do alto mar, leito e subsolo do alto mar;
• Área não pertencente a nenhum Estado, cuja exploração deve ser feita em
benefício da humanidade em geral.
14.3.6. Alto Mar
• Área não pertencente a nenhum Estado, cuja exploração deve ser feita em
benefício da humanidade em geral;
• Direito de navegação e de sobrevoo livre, bem como de colocação de
estruturas permitidas pelo Direito Internacional, pesca e pesquisa.
• Uso exclusivo para fins pacíficos.

14.4. Domínio Aéreo:


• Estado exerce sua soberania de maneira exclusiva e absoluta;
• Não há direito de passagem inocente;
• Todo sobrevoo de aeronave estrangeira requer, em princípio, autorização do
Estado.
• Importância da harmonização de regulamentos e da segurança de voo;
• Liberdade de sobrevoo em espaço aéreo internacional;
• Regime das 5 liberdades (Convenção de Chicago- 1944 - sobre a Aviação civil
internacional):
o O direito de sobrevoar o território do Estado contratante sem pousar
o O direito de fazer uma escala técnica (reabastecimento ou
manutenção) no território do outro Estado contratante, sem embarcar
ou desembarcar passageiros ou carga.
o O direito de transportar passageiros e carga do território do Estado de
nacionalidade da aeronave para o território do outro Estado
contratante.
o O direito de transportar passageiros e carga do território do outro
Estado contratante para o território do Estado de nacionalidade da
aeronave
o direito de transportar passageiros e carga entre o território do outro
Estado contratante e o território de um terceiro Estado, no âmbito de
um serviço aéreo destinado a ou proveniente do Estado de
nacionalidade da aeronave. Divide-se em "quinta liberdade
intermediária" (se a escala no território do terceiro Estado ocorre
durante o percurso entre o território de uma das Partes Contratantes e
o da outra - ponto intermediário) e "quinta liberdade além" (quando a
escala no território do terceiro Estado ocorre depois da escala no
território do outro Estado contratante - ponto além)
o O direito de transportar passageiros e carga, através do território do
Estado de nacionalidade da aeronave, entre o território de um terceiro
Estado (ponto aquém) e o território do outro Estado contratante
o O direito de transportar passageiros e carga entre o território do outro
Estado contratante e o território de terceiro Estado, sem continuar o
serviço aéreo para o território do Estado de nacionalidade da aeronave.
o Direito de transportar tráfego entre dois pontos no território do outro
país, operando nesse um “voo doméstico”, como parte de um serviço
aéreo proveniente do país que designou a empresa, ou destinado a ele.
É chamado de direito de Cabotagem;
o Direito de transportar tráfego inteiramente entre dois pontos no
território do outro país, operando nesse um voo doméstico. É a
chamada Cabotagem Pura.

14.5. O espaço extra-atmosférico:


• Área de interesse da humanidade, não pertencente a nenhuma soberania e
objeto da cooperação internacional;
• Uso para fins pacíficos, especialmente na pesquisa e nas telecomunicações.

14.6. Regiões polares:


• Uso para fins pacíficos;
• Áreas de interesse de toda a humanidades
• Ênfase na pesquisa científica.
15. Organizações Internacionais

15.1. Conceitos

As organizações internacionais são associações voluntárias de Estados. Trata-se de uma sociedade


entre Estados, constituída através de um tratado, com a finalidade de buscar interesses comuns
através de uma permanente cooperação entre seus membros.

A atribuição de personalidade jurídica de direito internacional é algo aleatório no texto dos


tratados constitutivos de organizações internacionais. Se os pactuantes definem os órgãos da entidade
projetada, assinalando lhes competências próprias a denotar autonomia em relação à individualidade
dos Estados-membros, então, a partir da percepção dessa estrutura orgânica e da análise dessas
competências, será possível afirmar que o tratado efetivamente deu origem a uma nova personalidade
jurídica de Direito Internacional Público.

A competência da organização para celebrar tratados em seu próprio nome é, de todas, a mais
expressiva como elemento indicativo da sua personalidade.

15.2. Estrutura Orgânica

15.2.1. Assembleia Geral


• todos os Estados-membros têm voz e voto, em condições igualitárias, e que
configura o centro de uma possível competência “legislativa” da entidade.
• Não é permanente, ela se reúne, de ordinário, uma vez por ano, e pode ser
convocada em caráter extraordinário (excepcional), quando o exigem as
circunstâncias.
• têm assento representantes dos Estados-membros da organização.
15.2.2. Secretaria
• o órgão de administração, de funcionamento permanente, integrado por
servidores neutros em relação à política dos Estados-membros.
• as pessoas se neutralizam enquanto duram seus mandatos – o do secretário-
geral ou diretor-geral, os dos altos funcionários administrativos e até mesmo
aqueles do pessoal subalterno.
• Há uma certa partilha numérica de postos, de tal modo que nenhum Estado-
membro seja especialmente favorecido ou desprezado.
15.2.3. Conselho permanente (organizações de vocação política)
• possui funcionamento ininterrupto e que tende a exercer competência
executiva, notadamente em situações de urgência.
• Quando esse conselho se compõe de representantes de todos os Estados-
membros da organização, como na OEA, ele reproduz, politicamente, o perfil
da Assembleia Geral, dela se diferenciando pelo fato da constância de seu
funcionamento e por uma pauta própria de competências.
• verifica-se um modelo alternativo caracterizado por um conselho composto
por representantes de alguns Estados-membros da organização, eleitos pela
Assembleia Geral por prazo certo, ou acaso dotados de mandato
permanente. Dessas duas formas conjugadas integra-se o Conselho de
segurança da ONU.
• em função do seu alcance e dos seus propósitos, a organização internacional
pode ter estrutura mais ampla, dispondo de outros conselhos, órgãos
técnicos, judiciários, etc.
15.3. Classificação

15.3.1. Organizações internacionais identificadas pela natureza de sues propósitos,


atividades e resultados
• Natureza política:
o sua forma de ação é essencialmente preventiva. Exerce sua influência
sobre questões vitais dos Estados-membros como a soberania e a
interdependência
o nacional. Seu traço fundamental está no caráter político-diplomático de
suas atividades.
o Seu objetivo primordial é a manutenção da paz e da segurança
internacionais. Ex. ONU

• Cooperação técnica:
o organizações especializadas – descartam a interferência em assuntos
de natureza política e restringem-se unicamente a aproximar posições
e tomar iniciativas conjuntas em áreas específicas.
o Cuidam de problemas que só podem ser enfrentados com a ação do coletivo
internacional. EX. epidemias – OMS, OIT.

15.3.2. Organizações identificadas pelo tipo de funções que elas se atribuem


• Organizações que se esforçam para aproximar posições dos países-
membros: Utilizam-se exclusivamente da diplomacia. Ex. Organização de
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OSDE). Não há represálias.
• Aquelas que se esforçarem para adotar normas comuns de comportamento
de seus membros: Isto ocorre basicamente na área de direitos humanos,
questões trabalhistas ou de saúde pública internacional.
• Organizações vinculadas a uma ação operacional: quando há urgência em
solucionar crises nacionais ou internacionais oriundas de catástrofes
naturais, conflitos internacionais, guerra civis.
• Organizações de gestão: que prestam serviços aos Estados-membros,
particularmente no campo da cooperação financeira e do desenvolvimento.
Ex. BID (Banco interamericano de desenvolvimento), BIRD (Banco
internacional para a reconstrução e o desenvolvimento) e FMI.

15.3.3. Estrutura de poder decisório: Segundo a estrutura, as organizações internacionais


devem ser classificadas com base na forma de tomada de decisão, ou seja, como o poder
decisório é repartido entre os Estados membros.
15.3.3.1. Unanimidade e consenso:
• Unanimidade limitada: a ausência de um dos membros permanentes ou sua
abstenção não impede que se determine um resultado unânime, porém
limitado. Ex. Conselho de Segurança da ONU
• Unanimidade fracionada: através dela fazem-se acordos parciais que
vinculam apenas os Estados que votaram favoravelmente a determinada
decisão, eximindo, assim, os demais membros da organização de seu
cumprimento.
• Unanimidade Formal ou Consenso: (Ausência de Objeção) é uma espécie de
não voto, que assegura a busca de um texto ou de outra espécie de
manifestação de vontade que contemple a ausência de uma contrariedade
expressa por um dos firmatários.
15.3.3.2. Maioria
• quantitativa: considera-se cada Estado como um voto, estipulando-se
diversos quoruns.
• Qualitativa: voto ponderado: diferencia os membros segundo critérios
próprios a cada organização internacional. Os critérios podem ser: a
população, o PIB, a disponibilidade de forças armadas, as cotas que cada um
possui (FMI, BID, BIRD).
• Misto: dupla maioria – quantitativa e qualitativa.
o Ex. Conselho de segurança da ONU, que para tomar uma decisão,
precisa de dois terços dos votos dos membros. Mas dentro destes 2/3,
obrigatoriamente, devem estar os votos dos cinco membros
permanentes. O voto contrário de um destes veta a decisão. São eles:
China, EUA, Inglaterra, França e Rússia.

15.3.4. Admissão de membros


• Os limites de abertura da carta aos Estados não membros: abordam-se
primeiro as condições prévias do ingresso. Ex.: A Carta da OEA está aberta à
adesão dos Estados americanos – o limite tem caráter meramente geográfico.
• Adesão à Carta (pressuposto fundamental): é preciso que o interessado
expresse sua adesão ao tratado institucional. A adesão se presume integral,
ou seja, desprovida de reservas, a partir da premissa de que estas não foram
facultadas aos pactuantes originários.
• Aceitação da adesão pelos Estados-membros: é também caracterizado pelo
beneplácito à adesão dado pelo órgão competente da organização. Somente
mediante deste é que se conclui o processo de admissão do novo membro.

15.3.5. Retirada de Estados-membros


• Geralmente, os textos constitutivos das organizações internacionais preveem
a eventualidade da denúncia, ato que viabiliza a saída de um Estado-membro
da organização, bem como o desvincula de um tratado por ele firmado.
• dois elementos condicionam a retirada voluntária do Estado-membro do
quadro das organizações.
o deverá ser feito o Pré-Aviso, ou seja, é necessário um lapso de tempo
entre a manifestação de vontade do Estado retirante e o rompimento
efetivo do vínculo jurídico decorrente da sua condição de parte no
tratado. Ex.: O pré-aviso previsto pela ONU, OIT e OEA são dois anos.
o atualização de contas: exige simplesmente que o Estado que se afasta
tenha colocado em dia suas obrigações financeiras para com a
organização.
• A a denúncia do tratado-base não prejudica a validade dos compromissos
inerentes às convenções internacionais ratificadas pelo Estado enquanto
membro da organização.

15.4. ONU – Organização das Nações Unidas

15.4.1. Conceito: Organização de paz, criada pela Carta da ONU que entrou em vigor em
24/10/1945, inspirada na ideia de um governo mundial, com as finalidades básicas de
manter a paz entre os Estados, mobilizar a comunidade internacional para deter uma
agressão e promover o respeito aos direitos humanos
15.4.2. Categorias de membros: (193 países)

• Originários: estiveram presentes na Conferência de São Francisco.

o Membros fundadores da ONU. O total de membros fundadores da


ONU é de 51 países, entre eles o Brasil.
 A República Federal Socialista da Iugoslávia foi
membro-fundador das Nações Unidas até sua
dissolução e subsequente admissão de novos
membros: Bósnia e Herzegovina, Croácia, Eslovênia,
Antiga República Iugoslava da Macedônia,
Montenegro e Sérvia.
 A Tchecoslováquia foi membro-fundador da ONU até
a divisão do país em República Tcheca e Eslováquia.
Ambas fazem parte hoje da Organização.
 O Zaire foi membro da ONU até a mudança de seu
nome para República Democrática do Congo, em
1997.
 A República Federal da Alemanha e a República
Democrática Alemã foram membros da ONU de 1973
a 1990 quando os dois países decidiram se unificar.
 A URSS foi membro-fundador da ONU e, em 1991,
tornou-se Federação Russa, após seu
desmembramento em vários países.
 Em 2003, a República Federativa da Iugoslávia mudou
seu nome para Sérvia e Montenegro. Após a
independência de Montenegro, em 2006, Sérvia e
Montenegro tornaram-se membros da Organização.

• Admitidos: foram admitidos após a sua criação.

• Suspensão dos membros: A suspensão pode ocorrer quando o Conselho de


Segurança tomar medidas preventivas ou coercitivas contra um Estado-
Membro, cabendo a expulsão sempre que houver uma violação persistente
dos preceitos da Carta. O exercício dos direitos e privilégios de um membro
que tenha sido suspenso pode ser restabelecido pelo Conselho de Segurança.

15.4.3. Idiomas oficias:


• Inglês
• Francês
• Espanhol
• Russo
• Chinês
• Árabe

15.4.4. Sede: Nova York

15.4.5. Estrutura
• Assembleia Geral:
o órgão onde todos os Estados encontram-se representados através de
seus delegados.
o Reúne-se anualmente.
o Funciona por meio de Comissões específicas
o tem por finalidades: discutir e fazer recomendações sobre quaisquer
assuntos, de acordo com a Carta, sobre desarmamento e
regulamentação do armamento, sobre os princípios gerais de
cooperação na manutenção da paz e segurança internacionais, sobre
a cooperação em diversos campos, como econômico, social e
cultural, sobre a solução pacífica dos conflitos
o tem atribuições de: eleger os membros permanentes do Conselho de
Segurança, os membros do Conselho Econômico e Social e do Conselho
de Tutela,
o autorizar os organismos especializados a solicitarem pareceres à Corte
Internacional de Justiça e
o coordenar as atividades dos organismos especializados.

• Conselho de Segurança:
o O Conselho de Segurança é formado por quinze membros, sendo cinco
permanentes (EUA, Rússia (ex-URSS), China, França e Grã-Bretanha) e,
em número de dez os membros não permanentes que são eleitos pela
Assembleia Geral para um mandato de dois anos.
o Suas decisões devem ser cumpridas pelas Nações Unidas, com a
possibilidade de veto membros permanentes.
o As funções do Conselho podem ser resumidas em:
 regulamentar os litígios entre os Estados-Membros,
 regulamentar os armamentos,
 agir em casos de agressão e ameaça à paz e
 decidir sobre medidas a serem tomadas para a
execução das sentenças da Corte Internacional de
Justiça.

• Conselho Econômico e Social:


o O Conselho Econômico e Social, formado por 54 membros eleitos para
um período de três anos, abrangendo a África, Europa Ocidental,
América Latina e Ásia,
o é o órgão que prepara relatórios e estudos e faz recomendações
sobre assuntos econômicos e sociais, convoca conferências e
o faz projetos de convenção,
o negocia acordos entre a ONU e as organizações especializadas,
o promove o respeito e a observância dos direitos do Homem e das
liberdades fundamentais.

• Conselho de Tutela:
o Conselho de Tutela tem por composição os membros da ONU que
administram territórios tutelados.
o É formado pelos membros mencionados no art. 23 da Carta, chamados
"Grandes", que não estão administrando tais territórios, e por Estados,
somados aos Grandes que não têm tutela, que deem um número igual
ao de países que possuem tutela (art. 86 da Carta).
o A finalidade da tutela é conduzir os povos colocados nesse regime
à independência política. Ela se concretiza mediante acordos entre a
ONU e a potência administradora.
o esse conselho foi criado com o propósito de auxiliar os territórios sob
tutela da ONU a constituir governos próprios e, após anos de atuação,
foi extinto em 1994 quando Palau (no Pacífico), o último território sob
tutela da ONU, tornou-se um Estado soberano.

• Corte Internacional de Justiça

• Secretariado:
o também, um órgão permanente, porque encarregado da parte
administrativa da ONU.
o Seu chefe é o Secretário-Geral, com um mandato de cinco anos. É
indicado pela Assembleia Geral, mediante recomendação do Conselho
de Segurança.
o As atribuições do secretário, técnico administrativas, estão descritas
no art. 99 da Carta das Nações.
o presta serviços a outros órgãos da ONU e administra os programas e
políticas que elaboram, além de chamar a atenção do Conselho de
Segurança sobre qualquer assunto a ele pertinente.

• organismos subsidiários criados por seus órgãos: Atualmente as Nações


Unidas têm 26 programas, fundos e agências vinculados de diversas formas
com a ONU apesar de terem seus próprios orçamentos e estabelecerem suas
próprias regras e metas. Todos os organismos têm uma área específica de
atuação e prestam assistência técnica e humanitária nas mais diversas áreas.
o EX: ACNUR, Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados:
Centro RIO+, Centro Mundial para o Desenvolvimento Sustentável:
AIEA, Agência Internacional de Energia Atômica

15.4.6. Propósitos:
• Manter a paz e a segurança internacionais;
• Desenvolver relações amistosas entre as nações;
• Realizar a cooperação internacional para resolver os problemas mundiais de
caráter econômico, social, cultural e humanitário, promovendo o respeito aos
direitos humanos e às liberdades fundamentais;
• Ser um centro destinado a harmonizar a ação dos povos para a consecução
desses objetivos comuns.

15.4.7. Princípios:
• A Organização se baseia no princípio da igualdade soberana de todos seus
membros;
• Todos os membros se obrigam a cumprir de boa-fé os compromissos da
Carta;
• Todos deverão resolver suas controvérsias internacionais por meios pacíficos,
de modo que não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a justiça
internacionais;
• Todos deverão abster-se em suas relações internacionais de recorrer à
ameaça ou ao emprego da força contra outros Estados;
• Todos deverão dar assistência às Nações Unidas em qualquer medida que a
Organização tomar em conformidade com os preceitos da Carta, abstendo-
se de prestar auxílio a qualquer Estado contra o qual as Nações Unidas agirem
de modo preventivo ou coercitivo;
• Cabe às Nações Unidas fazer com que os Estados que não são membros da
Organização ajam de acordo com esses princípios em tudo quanto for
necessário à manutenção da paz e da segurança internacionais;
• Nenhum preceito da Carta autoriza as Nações Unidas a intervir em assuntos
que são essencialmente da alçada nacional de cada país.

15.5. MERCOSUL

O Mercosul é a sigla para Mercado Comum do Sul bloco econômico composto atualmente
por quatro países da América do Sul.

Tem como objetivo promover a integração dos países da América do Sul, especialmente os
do Cone Sul, nos âmbitos econômico, político e social.

Desde os anos 80 existe a ideia da criação de uma área de livre comércio na américa do sul,
entretanto somente em 1991 criou-se o mercosul.

Recém saídos da ditadura militar, Brasil e Argentina assinam O "Tratado de Integração,


Cooperação e Desenvolvimento", em 1988, a fim de inaugurar um novo marco nas relações
internacionais de ambos países.

O país que se integra ganha peso internacionalmente, pois passa a negociar como bloco
diante de outros blocos. A integração pode ser política ou econômica, sendo esta última a mais
encontrada na prática, tendo, porém, inevitável repercussão política. Assim é o Mercosul: um esforço
de integração marcadamente econômica, mas também um projeto de aproximação política no Cone
Sul.

Nos organismos de integração, o Estado não aparece como algo tão monolítico como nas
organizações internacionais intergovernamentais. A participação da sociedade civil organizada é mais
visível. Os Estados vão mesmo enfraquecendo em virtude da porção de poder que transferem aos
organismos de integração. A tendência é a formação de blocos em torno de grandes mercados, sua
consolidação e expansão.

O Mercosul possui personalidade jurídica de Direito Internacional, a qual será exercida pelo
órgão chamado Conselho do Mercado Comum (CMC), contudo, ainda não possui uma sede
permanente.

Fernando Collor (Brasil), Andrés


Rodriguez (Paraguai), Carlos Menem (Argentina) e Luís Alberto Lacalle (Uruguai) na assinatura do
tratado de Assunção em 1991
O bloco só foi oficializado em 26 de março no ano de 1991, a partir da assinatura do Tratado
de Assunção no Paraguai.

O objetivo do Tratado de Assunção é a conexão dos Estados Partes por meio da livre
movimentação de bens, serviços, bem como da consignação de uma Tarifa Externa Comum (TEC).

Isso culminará na adoção de uma política comercial comum. Ou seja, uma área de livre-
comércio intra zona e política comercial comum entre esses quatro países da América do Sul.

Estados partes (voz e voto):

• Argentina
• Brasil
• Paraguai
• Uruguai
• Venezuela (ingressou em 2006 e foi suspensa em 2017 - não estava cumprindo os
objetivos traçados, sobretudo, relacionados com a democracia e os direitos
humanos)
• Bolívia (Era associada e desde 2015 está em processo de adesão)

Estados Associados (participam das discussões, mas não tem poder de decisão);

• Chile (1996)
• Colômbia(2004)
• Equador(2004)
• Guiana(2013)
• Peru(2003)
• Suriname(2013)

Economia do Mercosul

311 milhões de habitantes

2 trilhões de dólares de PIB

Desde sua criação, o comércio entre os países membros aumentou 20 vezes. Dados de 2016 revelam
que o Mercosul é o maior exportador líquido mundial de açúcar; o maior produtor exportador mundial
de soja e o 1º produtor e o 2º maior exportador mundial de carne bovina.

Bandeira

É branca e traz a constelação do Cruzeiro do Sul em azul. Tal constelação foi escolhida porque é apenas
visível no hemisfério sul.
Sistema Institucional

Partindo do "Protocolo de Ouro Preto", assinado em 17 de dezembro de 1994, o Mercosul


possui um arcabouço institucional composto por:

• Conselho do Mercado Comum (CMC): o instrumento encarregado da direção política


no processo de integração. A presidência deste Conselho é exercida de maneira
rotativa, a cada seis meses, por cada uma dos Estados Partes.
• Grupo Mercado Comum (GMC): configura-se enquanto aparelho decisório executivo
para fixação dos programas de trabalho e negociação de acordos com terceiros em
nome do Mercosul.
• Comissão de Comércio do Mercosul (CCM): é o aparelho decisório técnico
encarregado de apoiar o GMC no que tange à política comercial do bloco.
• Comissão Parlamentar Conjunta (CPC): para representação parlamentar, a qual é
composta por até 64 parlamentares. A CPC possui caráter consultivo, deliberativo e
de formulação de Declarações, Disposições e Recomendações.
• Foro Consultivo Econômico Social (FCES): órgão de consulta que figura entre os
setores da economia e da sociedade, manifestando-se por indicações ao GMC.
• Secretaria do Mercosul (SM): de estatuto perene e sediada em Montevidéu, Uruguai.
• Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (FOCEM): destinado a financiar
programas de promoção a convergência estrutural.
• Protocolo de Olivos: para a Solução de Controvérsias entre os Estados Partes. A partir
da admissão desse Protocolo, foi estabelecido o Tribunal Permanente de Revisão
com o intuito de garantir a correta interpretação, aplicação e cumprimento do
conjunto normativo do Bloco.
• Instituto Social do Mercosul: com o desígnio de subsidiar a formulação de políticas
sociais em nível regional.
• A estrutura do Mercosul também suporta órgãos específicos para resolução de
controvérsias, tal como os Tribunais Ad hoc e o Tribunal Permanente de Revisão.

Parlamento do Mercosul

O Parlamento do Sul foi criado em 2005 com objetivo de incrementar o poder legislativo da
região. É composto por 18 parlamentares de cada Estado Parte que são indicados pelos Congressos
nacionais dos seus países.

Os deputados se reúnem todos os meses em Montevidéu, mas suas resoluções não influem
nas decisões finais do Mercosul.

15.6. A União Europeia

A União Europeia tem como finalidade alcançar a união econômica e monetária e a moeda única
(euro). É caracterizada por ser um espaço “sem fronteiras”, com livre circulação de mercadorias,
pessoas, serviços e capitais, bem como soberania relativa de seus membros.

Foi criada com o intuito de fortalecimento dos países europeus a fim de criar um mercado
comum, reduzir custos e fomentar a economia.

Em 1952 criou-se a CECA (Comunidade Europeia do Carvão e Aço) - Alemanha, Bélgica, Holanda,
Luxemburgo, França e Itália, chamada de a "Europa dos seis".

1957 criou-se o MCE (Mercado Comum Europeu) ou CEE (Comunidade Econômica Europeia) -
Inglaterra (1973), Irlanda (1973), Dinamarca (1973), Grécia (1981), Espanha (1986), Portugal (1986)
chamado de "Europa dos doze".
1991, o Tratado de Maastricht estabelece o fortalecimento econômico desses países por meio
da criação de uma moeda única, o Euro, que só foi colocado em circulação em 2002, entretanto alguns
países mantiveram suas moedas, como a Inglaterra e a Dinamarca.

1995, mais três países integram a União Europeia (Suécia, Finlândia e Áustria) formando, assim,
a chamada "Europa dos 15".

2004, dez países integraram ao bloco, a saber: Polônia, Hungria, República Tcheca, Eslováquia,
Eslovênia, Estônia, Letônia, Lituânia, as ilhas de Malta e Chipre.

2007 dois países ingressaram, Bulgária e Romênia, fazendo a Europa dos 27.

2013 ingressou a Croácia.

2016 o Reino Unido demostrou seu interesse em sair da União Europeia. Em junho desse ano
ocorreu um plebiscito onde 51% das pessoas votaram a favor da saída. Essa ação foi chamada de Brexit,
termo que surgiu pela união das palavras Britain (“Bretanha”) e exit (“saída”). A saída do Reino Unido
foi formalizada em 31 de janeiro de 2020.

A União Europeia (UE) é o maior Bloco Econômico mundial composto atualmente por 27 países.

Ela engloba 23 línguas oficiais e cerca de 150 línguas regionais.

A União Europeia tem sete instituições financeiras, políticas, de controle e legislação:

• Parlamento Europeu
• Conselho da União Europeia
• Comissão Europeia
• Conselho Europeu
• Banco Central Europeu
• Tribunal de Justiça da União Europeia
• Tribunal de Contas Europeu
• Alemanha (1952)
• Áustria (1995)
• Bélgica (1952)
• Bulgária (2007)
• Chipre (2004)
• Croácia (2013)
• Dinamarca (1973)
• Eslováquia (2004)
• Eslovênia (2004)
• Espanha (1986)
• Estônia (2004)
• Finlândia (1995)
• França (1952)
• Grécia (1981)
• Hungria (2004)
• Irlanda (1973)
• Itália (1952)
• Letônia (2004)
• Lituânia (2004)
• Luxemburgo (1952)
• Malta (2004)
• Países Baixos (1952)
• Polônia (2004)
• Portugal (1986)
• República Checa (2004)
• Romênia (2007)
• Suécia (1995)

Bandeira: símbolo da União Europeia e da unidade e identidade da Europa numa acepção mais
lata. É constituída por doze estrelas douradas dispostas em círculo sobre um fundo azul, que
simbolizam os ideais de unidade, solidariedade e harmonia entre os povos da Europa.

Os países candidatos para adesão à UE são:

• Antiga República Iugoslava da Macedônia,


• Islândia
• Montenegro
• Sérvia e
• Turquia.

Potenciais países candidatos são:

• Albânia
• Bósnia e Herzegóvina
• Kosovo.

Objetivos da União Europeia

• Desenvolvimento de um mercado financeiro europeu


• Desenvolvimento econômico e social dos países
• União aduaneira entre países membros
• Unidade Política e Econômica entre os países membros
• Livre circulação de pessoas, bens e mercadorias
• Aumentar a qualidade de vida, saúde e trabalho dos cidadãos europeus
• Reduzir as desigualdades sociais e econômicas
16. Responsabilidade Internacional
16.1. Conceito:

“A responsabilidade internacional do Estado é o instituto que visa a responsabilizar determinado


Estado pela prática de um ato atentatório ao Direito Internacional (ilícito) perpetrado contra outro
Estado, prevendo certa reparação a este último pelos prejuízos e gravames que injustamente sofreu.”
(MAZZUOLI, 2018, p. 496)

• Patrimonial
• Moral

16.2. Fundamento (pilares):


• Dever de cumprir as obrigações internacionais livremente avençadas
• Obrigação de não causar dano a outrem

16.3. Características:
• Institucionalidade: tradicionalmente envolver apenas Estados e
Organizações internacionais (meio de concretização da ideia a justiça)
• Finalidade reparatória: regras ainda majoritariamente costumeiras
16.4. Classificação:
16.4.1. Quanto ao tipo de conduta
• Comissional
• Omissional
16.4.2. Quanto a fonte de Direito violada
• Contratual: inexecução de compromissos contraídos
• Delituosa: atos delituosos (violação de costumes internacional)
16.4.3. Quanto ao autor do ato que enseja a responsabilidade
• Direta: deriva de atos do próprio governo ou de seus agentes
• Indireta: atos praticados por simples particulares, mas de maneira que possa
ser imputada ao governo.
16.4.4. Quanto aos atos que ensejam a responsabilidade
• Lícitos
• Ilícitos

16.5. Elementos essenciais


16.5.1. Ato ilícito: é a conduta comissiva ou omissiva que viola norma do Direito das Gentes
16.5.1.1. Responsabilização por atos ilícitos:
• Características
o Responsabilidade objetiva
o Necessidade de definição clara do dano
o Representação da vítima
o Canalização da responsabilidade: quem for acusado de lesão deve
provar a sua existência (responsabilidade)

• Exigências
o Seguro e garantias
o Fixação explícita das causas de exclusão da responsabilidade
o Indicação dos foros para busca de reparação

16.5.2. Imputabilidade: resultante de ato ou omissão que possa ser atribuído ao Estado, em
decorrência do comportamento deste.
16.5.3. Dano: É o prejuízo decorrente de um ato ilícito
• Material
• Moral
• Pode não ter expressão econômica
16.6. Consequências da Responsabilidade internacional
16.7. Proteção diplomática: ato pelo qual o ente estatal do qual o indivíduo ou entidade é
nacional assume como sua reclamação de particular contra outro Estado.
16.7.1. Condições básicas (AGU ONU em 2006):
• O reclamante deve ter a nacionalidade do Estado ao qual se solicita proteção
• Esgotamento de recursos internos
• Conduta correta do autor da reclamação
16.8. Excludentes:
16.8.1. Consentimento do Estado: consentimento válido dado por um Estado à realização de
determinado ato por outro Estado exclui a ilicitude daquele ato em relação a este último
se o ato permanecer dentro dos limites do que foi concedido.
16.8.2. Legítima defesa:
16.8.3. Contramedidas: represálias (revide)
16.8.4. Força Maior:
16.8.5. Perigo Extremo: quando o autor não dispõe de outro meio razoável, em situação de
perigo extremo, de salvas vidas confiadas ao seu cuidado.
16.8.6. Estado de necessidade: o estado de necessidade não pode ser invocado como
excludente, a menos que:
• Este fato constituía o único meio de salvaguardar um interesse essencial do
Estado contra um perigo grave e iminente;
• O mesmo não prejudicou gravemente um interesse essencial do Estado em
razão da qual existia a obrigação.
16.8.7. Renúncia do indivíduo lesado:
17. Representação dos Estados
18. Litígios Internacionais

18.1. Meios de solução pacífica de controvérsias


18.1.1. Meios diplomáticos e políticos
• Meio diplomáticos: manutenção do diálogo entre as partes divergentes, com
intuito de chegar a uma proximidade de ideias que permita a satisfação dos
interesses de ambas as partes.
• Meios políticos: são feitos dentro das Organizações Internacionais.

18.1.1.2. Negociação: meio em que os Estados estabelecem entendimentos, por meio


de contratos, escritos ou verbais, que podem incluir exposição e defesa de
posicionamentos sobre conflitos existentes e eventuais concessões mútuas, com
vistas a obter uma solução satisfatória para todos os envolvidos.
18.1.1.3. Inquérito: mecanismo voltado a esclarecer fatos conflituosos, preparando
terreno para eventual estabelecimento de um meio de solução pacífica de
controvérsias e, em algumas hipóteses sugerindo condutas a serem tomadas.
o Caráter investigatório e preliminar para aplicação de um meio de
solução
o Não é propriamente um meio de solução de controvérsia
18.1.1.4. Consultas: Meio que Estados e Organizações Internacionais mantêm contatos
preliminares entre si, com vistas a identificar e a estabelecer, com maior precisão,
os temas controversos do relacionamento e a preparar o terreno para uma futura
negociação.
o Não é propriamente um meio de solução de controvérsia
18.1.1.5. Bons ofícios: oferta espontânea de um terceiro, normalmente chamado
“moderador”, para colaborar com a solução da controvérsia. O terceiro se limita a
aproximar pacificamente os Estados litigantes e a oferecer um lugar neutro para as
negociações, ser poder ter qualquer interesse na questão e muito menos se
intrometer nas tratativas, sendo proibida qualquer intervenção, como
posicionamentos ou propostas de solução.
o O moderador pode atuar a partir de pedido das próprias partes em
conflito ou oferecer-se para tal, devendo, neste caso, ser aceito pelos
litigantes.
18.1.1.6. Mediação: mecanismo que conta com o envolvimento de terceiro que não
apenas aproxima as partes, mas propõe uma solução pacífica para o conflito,
tomando parte nas tratativas e tentando influenciar as partes no esforço de
resolver o problema.
o o mediador pode ser pessoa natural, Estado ou organismo internacional
o O mediador pode ou não ter suas conclusões aceitas pelos litigantes,
sem que isso traga consequências jurídicas.
18.1.1.7. Conciliação: caracteriza-se pela existência de uma comissão de conciliação,
com número ímpar de membros.
o Formada por representantes dos litigantes e pessoas neutras;
o A comissão examina o litígio e emite um parecer que pode ser aceito ou
não pelos litigantes.
o A proposta não tem força vinculante.

18.1.2. Meios semijurídicos: arbitragem internacional


• Meio de solução pacífica de controvérsias entre Estados por uma ou mais
pessoas livremente escolhidas pelas partes, geralmente por meio de
compromisso arbitral que estabelece as normas a serem seguidas e onde as
partes contratantes aceitam a decisão a ser adotada.
18.1.2.2. Características:
• Acordo de vontades das partes para a fixação do objeto do litígio e o pedido
de sua solução a um ou mais árbitros;
• Livre escolha dos árbitros
• Obrigatoriedade da decisão.
18.1.2.3. Formas de arbitragem
• Voluntária: livre instituição de um juízo arbitral, por acordo ocasional das
partes litigantes, para a solução da divergência surgida entre elas.
• Permanente: ocorre em consequência de ajuste prévio, entre os litigantes,
para a entrega do litígio a uma solução arbitral.

18.1.2.4. Escolha e poderes dos árbitros


• As partes litigantes podem escolher diretamente, por acordo mútuo, todos
os seus membros.
• Na ausência do acordo, cada uma das partes designa um número igual de
árbitros
• É escolhido um superárbitro para trazer o número ímpar aos “juízes” arbitrais
• O compromisso determina os poderes dos árbitros, bem como os limites de
sua competência.

18.1.2.5. Procedimento arbitral


• Regulado no compromisso ou pelos próprios árbitros
• Parte escrita e oral
• Deliberações são tomadas à portas fechadas e por maioria dos votos.
• Processo sumário

18.1.2.6. Sentença arbital


• A decisão é obrigatória
• Só poderá ser impugnada quando:
o Fraude
o Árbitro exceder os seus poderes
o Árbitros incapazes
o Não respeitar o contraditório ou ampla defesa
18.1.3. Meios judiciais
18.1.3.1. Corte Internacional de Justiça
18.1.3.2. Tribunal Penal Internacional (Haia – Holanda)
• Competente para julgar indivíduos envolvidos em atos cujo combate é
prioritário para a comunidade internacional, como crimes de guerra, de
genocídio e de agressão, bem como os crimes contra a humanidade.
18.1.3.3. Corte Europeia de Direito Humanos (Estrasburgo – França)
• Competente para velar pela observância dos direitos fundamentais dos
cidadãos europeus, garantidos pela Convenção Europeia de Direitos
Humanos e por atos correlatos
18.1.3.4. Corte Interamericana de Direitos Humanos (San José – Costa Rica)
• É um dos principais órgãos do Sistema Interamericano de Direitos Humanos.
18.1.3.5. Tribunal de Justiça (União Europeia) - Luxemburgo
• interpreta o direito europeu para garantir que este é aplicado da mesma
forma em todos os países da UE e delibera sobre diferenças jurídicas entre
governos nacionais e instituições europeias.
• Em determinadas circunstâncias, os particulares, empresas ou organizações
que considerem que os seus direitos foram violados por uma instituição
europeia também podem recorrer ao TJUE.

18.1.3.6. Tribunal Permanente de Revisão (MERCOSUL) – Asunción- Paraguai


• para solução de controvérsias entre as partes componentes do Mercosul.

18.1.3.7. Tribunal Internacional do Direito do Mar (Hamburgo – Alemanha)


• Competente para aplicar as normas do tratado de Montego Bay, desde que
com a aceitação dos Estados envolvidos no litígio.

18.1.4. Meios coercitivos (ver item 5.4)


18.1.4.1. Retorsão
18.1.4.2. Represália
18.1.4.3. Embargo
18.1.4.4. Bloqueio
18.1.4.5. Boicote
18.1.4.6. Rompimento de relações Diplomáticas
18.1.4.7. Interrupção das relações econômicas, das comunicações e dos transportes
18.1.4.8. Ação Militar

18.2. Corte Internacional de Justiça


18.2.1. Sede: Haia (Holanda)
18.2.2. Composição:
• Quinze magistrados eleitos para um mandato de 9 anos;
• Eleitos pela AGU e pelo conselho de segurança da ONU, sem direito a veto;
• Eleitos segundo um critério de representatividade dos principais sistemas
jurídicos do mundo
• O juiz não é representante do Estado, mas pode julgar uma causa envolvendo
seu Estado; neste caos, o outro Estado parte pode indicar um juiz ad hoc
• Não pode haver mais de dois juízes da mesma nacionalidade.

18.2.3. Competência
18.2.3.1. Consultiva: emissão de pareceres a pedido da Assembleia-Geral, Do Conselho
de Segurança da ONU e de outras entidades e órgãos de organismos do Sistema
das Nações Unidas.
o Estados não podem solicitar pareceres.
18.2.3.2. Contenciosa: julgamento de processos envolvendo Estados
18.2.4. Vinculação do Estado
• Previsão em ato internacional
• Compromisso
• Aceitação de ser réu quando processado
• Aceitação da cláusula facultativa de jurisdição contenciosa.
18.2.5. Obrigatoriedade das decisões
• Sentença é obrigatória, executável pelo Conselho de Segurança;
• Parecer é obrigatório quando os interessados o determinarem;
• A sentença é irrecorrível.
19. Nacionalidade
19.1. Nacionalidade brasileira
19.1.1. Natos
19.1.2. Naturalizados
19.2. Perda da nacionalidade
19.3. O Estatuto da Igualdade
20. Condição Jurídica do Estrangeiro
20.1. Títulos de ingresso e Direitos dos estrangeiros
20.2. Saída Compulsórias de estrangeiros
20.2.1. Deportação
20.2.2. Expulsão
20.2.3. Extradição
20.3. Asilo político
21. Proteção Internacional dos Direitos Humanos

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