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DIREITO CIVIL IX

DIREITO DE FAMÍLIA
PROFESSORA: ALINE MENDES
AULA XIII- * DA RELAÇÃO DE PARENTESCO
* DA FILIAÇÃO
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PARENTESCO

1- CONCEITO
“Parentesco é a relação vinculatória existente não só entre pessoas que descendem
umas das outras ou de um mesmo tronco comum, mas também entre cônjuge ou
companheiro e os parentes do outro, entre adotantes e adotada e entre pai
institucional e filho socioafetivo”.

2- ESPECIES
I- Natural ou consanguíneo
 É o vínculo entre pessoas descendestes de um mesmo troco ancestral.
 São ligadas, umas às outras, pelo mesmo sangue.
 Existe tanto na linha reta como na colateral.
 Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto
grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem
uma da outra.
 Pode ser matrimonial, se oriundo de casamento. Ou extramatrimonial, se por
vivencia de união estável, relações sexuais eventuais ou concubinária.

II- Afim
 que se estabelece por determinação legal (CC, art. 1.595), sendo o liame
jurídico estabelecido entre um consorte, companheiro e os parentes
consanguíneos, ou civis, do outro nos limites estabelecidos na lei, desde que
decorra de matrimonio valido, e união estável (CF/88, art. 226, § 3º).
 O concubinato impuro ou mesmo casamento putativo não têm poder de gerar
afinidade.
 O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e
aos irmãos do cônjuge ou companheira (CC, art. 1.595, § 1º).
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 A afinidade é um vinculo pessoal, portanto os afins de um cônjuge, ou
conviventes, não são afins entre si; logo, não há afinidade entre concunhados.
 § 1 o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos
descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro.
 O direito brasileiro constitui impedimento matrimonial a afinidade em linha reta
(CC, art.1.521, II).
 Art. 1.521. Não podem casar:

II - os afins em linha reta;

 Na linha colateral, cessa a afinidade com o óbito do cônjuge ou companheiro;


por conseguinte, não está vedado o casamento entre cunhados.

III- Cível
 É o que se refere à um fato jurídico (ex; Adoção, pluriparentalidade,
socioafetividade), estabelecendo um vinculo entre pais e filhos, que se
estende aos parentes de um e de outro.
 O parentesco civil abrange o socioafetivo

IV- Socioafetivo
 Não está relacionada ao fator biológico
 É a manifestação de um ato de vontade
 Artigo 1.593 do CC: Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme
resulte de consangüinidade ou outra origem.
 Enunciado 108 da Jornada de Direito Civil reconhece: “no fato jurídico do
nascimento, mencionado no art. 1.603, compreende-se, à luz do disposto no
artigo 1.593, a filiação consanguínea e também a sociafetiva.
 O afeto deve ser determinante;
 Rompem-se os vínculos com o pai biológico, que se torna, meramente, o
genitor.
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o Não cabe pedido de alimentos ao pai genitor
o Não cabe direitos sucessórios entre pai biológico e o filho
 Rolf Madaleno entende que é possível pedir alimentos ao pai
biológico quando o pai sócio afetivo não tiver condições de
presta-los.  paternidade alimentar.

 Direito a alimentos
o Somente podem ser pedidos aos pais biológicos se autorizados pelos
pais socioafetivos e estes não tiverem condições de prove-los.
o Tal direito será exercido por meio de ajuizamento de ação de
reconhecimento de paternidade ou maternidade, com o objetivo de
obrigar o genitor ou genitora a pagá-los
 Nessa linha de pensamento, DIAS (2009, p. 469), corrobora:
Quando se fala em obrigação alimentar dos pais sempre se
pensa no pai registral, que, no entanto, nem sempre se identifica
com o pai biológico. Como vem, cada vez mais, sendo
prestigiada a filiação socioafetiva - que, inclusive, prevalece
sobre o vínculo jurídico e o genético –, essa mudança também
se reflete no dever de prestar alimentos. Assim, deve alimentos
quem desempenha as funções parentais.

 Procedimento Provimento 63 do CNJ

Art. 10. O reconhecimento voluntário da paternidade ou da maternidade


socioafetiva de pessoa de qualquer idade será autorizado perante os oficiais de
registro civil das pessoas naturais.

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§ 1º O reconhecimento voluntário da paternidade ou maternidade será
irrevogável, somente podendo ser desconstituído pela via judicial, nas hipóteses
de vício de vontade, fraude ou simulação.
§ 2º Poderão requerer o reconhecimento da paternidade ou maternidade
socioafetiva de filho os maiores de dezoito anos de idade, independentemente do
estado civil.
§ 3º Não poderão reconhecer a paternidade ou maternidade socioafetiva os
irmãos entre si nem os ascendentes.
§ 4º O pretenso pai ou mãe será pelo menos dezesseis anos mais velho que o
filho a ser reconhecido. Edição nº 191/2017 Brasília – DF, disponibilização sexta-
feira, 17 de novembro de 2017.
Art. 11. O reconhecimento da paternidade ou maternidade socioafetiva será
processado perante o oficial de registro civil das pessoas naturais, ainda que
diverso daquele em que foi lavrado o assento, mediante a exibição de documento
oficial de identificação com foto do requerente e da certidão de nascimento do
filho, ambos em original e cópia, sem constar do traslado menção à origem da
filiação.
§ 4º Se o filho for maior de doze anos, o reconhecimento da paternidade ou
maternidade socioafetiva exigirá seu consentimento.
§ 5º A coleta da anuência tanto do pai quanto da mãe e do filho maior de doze
anos deverá ser feita pessoalmente perante o oficial de registro civil das pessoas
naturais ou escrevente autorizado.

V- Pluriparentalidade

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 Possibilidade de concomitância, de simultaneidade, na determinação da
filiação da mesma pessoa.
 Visa eliminar a adoção à brasileira
 Não há hierarquia entre a filiação biológica e a socioafetiva
 Alimentos  pleiteados em face do detentor do poder familiar
 Sucessão  Divergência doutrinária majoritária: possibilidade de pleitear-se
alimentos de ambos os pais (biológico e socioafetivo).

Tios-avós conseguiram recentemente o direito de


incluir seus nomes no registro civil de uma
adolescente. Pais socioafetivos, eles são
responsáveis pela moradia, criação e bem-estar da
menina desde seus primeiros anos de vida. A decisão
é do juiz Mábio Antônio Macedo, da 5ª Vara de
Família e Sucessões de Goiânia.
Não haverá prejuízo dos nomes dos pais biológicos
no registro, o que configura um caso de
multiparentalidade. Os genitores romperam o
relacionamento após o nascimento da menina, há 12
anos. A mãe foi morar no exterior, enquanto o pai,
mesmo vivendo em Goiânia, não mantém muita
proximidade com a filha.
A concordância dos pais biológicos com o pleito foi
considerada pelo magistrado em sua decisão. O juiz
identificou ainda que os pais socioafetivos prezam
pelo melhor interesse da adolescente e que

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tribunais superiores já reconhecem a
multiparentalidade, mesmo não havendo dispositivo
legal que ampare tal direito.

2- CONTAGEM DE GRAUS DE PARENTESCO CONSANGUIINEO

 O parentesco consagüineo divide –se em:

I- LINHA RETA
 Assim serão parentes de linha reta as pessoas que estão ligadas uma às outras
por um vínculo de ascendêntecia e descendência (CC, art.1.591).
 Não há limitação para o parentesco em linha reta;
 São parentes na linha ascendente o pai, o avô, o bisavô etc.. Na linha
descendente o filho, o neto, o bisneto etc.

II- LINHA COLATERAL OU TRANSVERSAL.


 São parentes em linha colateral aquelas pessoas que, providas de tronco comum,
não descendem umas das outras (CC, art. 1.592).
 A linha colateral pode ser, ainda dúplice; quando dois irmãos se casam com duas
irmãs, os filhos dessas uniões serão parentes colaterais em linha duplicada, ou
seja, duplamente primos.
 O parentesco em linha transversal não é infinito, ou seja, não vai, perante nosso
direito, além do 4º grau, pois há presunção de que, após esse limite, o
afastamento é tão grande que o afeto e a solidariedade não mais servem de
apoio às relações de direito.
 Proibição de casamento entre colaterais até o 3º grau.
 Art. 1.521. Não podem casar:

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IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o
terceiro grau inclusive;

OBSERVAÇÃO: CASAMENTO AVUNCULAR


 Previsão dos artigos 1º e 2º do Decreto Lei 3.200/41
 Art. 1º O casamento de colaterais, legítimos ou ilegítimos do terceiro
grau, é permitido nos termos do presente decreto-lei.
 Art. 2º Os colaterais do terceiro grau, que pretendam casar-se, ou
seus representantes legais, se forem menores, requererão ao juiz
competente para a habilitação que nomeie dois médicos de
reconhecida capacidade, isentos de suspensão, para examiná-los e
atestar-lhes a sanidade, afirmando não haver inconveniente, sob o
ponto de vista da sanidade, afirmando não haver inconveniente, sob
o ponto de vista da saúde de qualquer deles e da prole, na
realização do matrimônio.

 Discussão doutrinária
 Artigo 1521, IV CC2002 X Artigo 1º do Decreto Lei 3.200/41

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. PENSÃO POR


MORTE. UNIÃO ESTÁVEL ENTRE TIO E SOBRINHA.
POSSIBILIDADE. QUALIDADE DE DEPENDENTE.
PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 217, III, DA LEI
8.112/90. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. 1. 1. A pensão por

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morte de servidor público é devida a companheiro (a) que
comprove a existência de união estável, sendo presumida a sua
dependência econômica, nos termos do art. 217, III da Lei n.
8.112/90. 2. O fato de o casal estar legalmente impedido de
contrair matrimônio, nos termos do art. 1.521, IV, do Código Civil,
não obsta o reconhecimento da união estável havida entre ambos
para fins previdenciários. Nesses termos, tem-se admitido o
reconhecimento de união estável entre tio e sobrinha, para fins de
concessão de pensão por morte, desde que comprovada a
convivência marital e duradoura. 3. Hipótese em que não restou
comprovado a união estável, considerada esta a convivência
pública, contínua, duradoura e com intenção de formar unidade
familiar, desde o início da convivência marital até a data do óbito
do instituidor da pensão, sendo inviável a outorga de pensão por
morte.(TRF-4 - AC: 50110753420174047201 SC 5011075-
34.2017.4.04.7201, Relator: ROGERIO FAVRETO, Data de
Julgamento: 13/05/2019, TERCEIRA TURMA)

ADMINISTRATIVO. PENSÃO MILITAR. POLICIAL MILITAR DO


ANTIGO DISTRITO FEDERAL. UNIÃO ESTÁVEL ENTRE TIO E
SOBRINHA. RECONHECIMENTO PARA FINS DE BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO. NÃO COMPROVAÇÃO. 1. Pleiteia a autora o
reconhecimento da união estável e com isso sua habilitação para
o recebimento da pensão militar em razão do falecimento de seu
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companheiro, Primeiro-Tenente Swami Vivekananda Alves
Carneiro, Policial Militar do antigo Distrito Federal, que ocorreu em
12/02/13, não deixando filhos. 2. O art. 1.723, § 1º, do CC
estabelece que a união estável não se constituirá se ocorrerem os
impedimentos do art. 1.521, do CC, que prevê que não poderá
haver casamento entre colaterais até o terceiro grau inclusive. 3. A
jurisprudência pátria tem admitido o reconhecimento de união
estável entre tio e sobrinha, para fins de concessão de benefício
previdenciário de pensão por morte, desde que comprovada a
convivência marital e duradoura. 4. A Escritura Pública
Declaratória de União Estável, por se tratar de documento
produzido de modo unilateral, não pode servir como elemento de
prova seguro, na medida em que pode ensejar burla à lei, com
declarações que não correspondem à verdade. 5. As provas
trazidas aos autos demonstram que em virtude de contingências e
interesses particulares da apelante e do falecido, passaram a
coabitar. De acordo com o art. 1.723 do Código Civil, para a
configuração da união estável, a relação deve apresentar-se
duradoura, contínua e pública, possuindo os conviventes o
objetivo de formar a entidade familiar, não bastando para tal a
comprovação de dependência econômica. 6. Vencida a
demandante em seu apelo, cabe-lhe suportar o ônus dos
honorários advocatícios recursais, porquanto a sentença foi
publicada na vigência do CPC/2015. 7. No caso concreto,
considerando-se o entendimento do STJ no AgInt nos EDcl no
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REsp 1.357.561 / MG (Rel. Min. MARCO AURÉLIO BELLIZZE,
TERCEIRA TURMA, DJe 19/04/2017), os honorários advocatícios
devem ser majorados para 11% (artigo 85, § 11, do CPC/2015). 8.
Apelação conhecida e desprovida. (TRF-2 - AC:
00044979720144025101 RJ 0004497-97.2014.4.02.5101, Relator:
JOSÉ ANTONIO NEIVA, Data de Julgamento: 18/08/2017, 7ª
TURMA ESPECIALIZADA)

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.


CASAMENTO NUNCUPATIVO. VALIDADE. COMPROVAÇÃO DE
VÍCIO QUANTO A MANIFESTAÇÃO DA VONTADE INEQUÍVOCA
DO MORIBUNDO EM CONVOLAR NÚPCIAS. COMPROVAÇÃO.
1. Ação de decretação de nulidade de casamento nuncupativo
ajuizada em novembro de 2008. Agravo no recurso especial
distribuído em 22/03/2012. Decisão determinando a reautuação do
agravo em recurso especial, publicada em 12/06/2012. 2. Recurso
especial que discute a validade de casamento nuncupativo
realizado entre tio e sobrinha com o falecimento daquele, horas
após o enlace. 3. A inquestionável manifestação da vontade do
nubente enfermo, no momento do casamento, fato corroborado
pelas 6 testemunhas exigidas por lei, ainda que não realizada de
viva voz, supre a exigência legal quanto ao ponto. 4. A discussão
relativa à a nulidade preconizada pelo art. 1.548 do CC-02, que se
reporta aos impedimentos, na espécie, consignados no art. 1.521,
IV, do CC-02 (casamento entre colaterais, até o terceiro grau,
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inclusive) fenece por falta de escopo, tendo em vista que o quase
imediato óbito de um dos nubentes não permitiu o concúbito pós-
casamento, não havendo que se falar, por conseguinte, em riscos
eugênicos, realidade que, na espécie, afasta a impositividade da
norma, porquanto lhe retira seu lastro teleológico. 5. Não existem
objetivos pré-constituídos para o casamento, que descumpridos,
imporiam sua nulidade, mormente naqueles realizados com
evidente possibilidade de óbito de um dos nubentes - casamento
nuncupativo -, pois esses se afastam tanto do usual que,
salvaguardada as situações constantes dos arts. 166 e 167 do CC-
02, que tratam das nulidades do negócio jurídico, devem,
independentemente do fim perseguido pelos nubentes, serem
ratificados judicialmente. 6. E no amplo espectro que se forma com
essa assertiva, nada impede que o casamento nuncupativo
realizado tenha como motivação central, ou única, a consolidação
de meros efeitos sucessórios em favor de um dos nubentes - pois
essa circunstância não macula o ato com um dos vícios citados nos
arts. 166 e 167 do CC-02: incapacidade; ilicitude do motivo e do
objeto; malferimento da forma, fraude ou simulação. Recurso ao
qual se nega provimento. (REsp 1330023/RN, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 05/11/2013, DJe
29/11/2013)

*** OBS: O parentesco conta-se por graus que constituem a distancia que vai de
uma geração a outra.
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3- SIMETRIA ENTRE AFINIDADE E PARENTESCO NATURAL

 A afinidade é o liame jurídico que se estabelece entre cada consorte ou


companheiro e os parentes do outro, mantendo certa analogia com o parentesco
consangüíneo no que concerne à determinação das linhas e graus. (cc, art.
1.595, § § 1º e 2º )
 Na linha reta tem-se, então, a finalidade entre sogro e nora, sogro e genro,
padrasto e enteada, madastra e enteado. São, portanto, afins em primeiro grau.
 Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da
união estável (CC, art. 1.595, § 2º), daí ser impedimento matrimonial (CC, art.
1.521, II).
 Em segundo grau, na linha reta, o cônjuge, ou companheiro, será afim com os
avós do outro e este com os avós daquele, por que na linha reta não há limite de
grau.
 Na linha colateral, o parentesco por afinidade não vai além do segundo grau,
existindo tão-somente como os irmãos do cônjuge ou companheiro (CC, art.
1.595, § 1º, 2º parte);
 Cunhados serão parentes por afinidade em segundo grau, mas entre consortes e
companheiros não há parentesco, nem afinidade. “O cunhado é reputado parente
em segundo grau, nele esbarrando a afinidade”.

FILIAÇÃO

1- CONCEITO

 Filiação é o vínculo existente entre pais e filhos;

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 vem a ser a relação de parentesco consangüíneo em linha reta de primeiro grau
entre uma pessoa e aqueles que lhe deram a vida, podendo, ainda (CC, arts
1.593 a 1.597 e 1.618 e s.), ser uma relação socioafetiva entre pai adotivo e
institucional e filho adorado ou advindo de inseminação artificial heteróloga.

2- ESPECIES
 Pode decorrer de:
 Relações sexuais;
 de inseminação artificial homóloga (CC, art. 1.597, III). – Quando
a mulher é fertilizada com o sêmem do marido;
 Heteróloga (adultério casto), desde que tenha havido autorização
do marido de fertilização in vitro ou na proveta- Ocorre quando a
mulher é fertilizada com semem de outro homem mantidos em
bancos de semem.

 O início legal da personalidade jurídica é o da penetração do espermatozóide no


óvulo, embora fora do corpo da mulher, já que se põem a salvo, desde a
concepção, os direitos do nascimento.
 Pela sua ilegalidade e imoralidade deve-se arredar o aluguel de ventre (CF/ 88,
art. 199, § 4º). O conselho federal de medicina (Resolução nº 1.358/92) tem
permitido a “adoção”, ou melhor, a cessão temporária de útero, sem fins
lucrativos, desde que a doadora seja parente colateral até o segundo grau da
genética.
 A filiação pode ser classificada apenas didaticamente em:
 Matrimonial: se oriunda da união de pessoas ligadas por matrimônio
válido ao tempo da concepção, se resultante de união matrimonial que
veio a ser anulada, posteriormente, estando ou não de boa-fé os
cônjuges, ou se decorrente de uma união de pessoas que, após o
nascimento do filho, vieram a convolar núpcias.

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 Extramatrimonial: provida de pessoas que estão impedidas de casar
ou que não querem contrair casamento, podendo ser ”espúria”
(adulteriana ou incestuosa) ou natural.

2.1- FILIAÇÃO MATRIMONIAL

2.1.1- CONCEITO DE FILIAÇÃO MATRIMONIAL

“A filiação matrimonial é a que se origina na constância do casamento dos pais,


ainda que anulado ou nulo” (CC, arts. 1.561e 1.617).

 O casamento dos genitores pode ser anterior ou posterior ao nascimento dos filhos.
 Presunção de paternidade: Artigo 1.597

Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os


filhos:
I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida
a convivência conjugal;
II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da
sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e
anulação do casamento;
III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido
o marido;
IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões
excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga;

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V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha
prévia autorização do marido.

 PRESUNÇÃO LEGAL JÚRIS TANTUM DA PATENIDADE

Presume-se que no matrimonio os filhos concebidos na constância do casamento


dos pais.
 Esta presunção é relativa ou júris tantum, pois a prova contrária é limitada,
porém, em relação a terceiros é absoluta, pois ninguém pode contestar a filiação
de alguém.
 É ação personalíssima do pai da criança.
 Pai, até prova em contrário por ele próprio produzida, é o marido.
 Estabelece a presunção de que foram concebidos na constância do casamento.
I- Os filhos nascidos 180 dias, pelo menos, depois de estabelecida a
convivência conjugal e não do dia da celebração do ato nupcial, por há casos
de casamento por procuração.
I- Os filhos nascidos dentro dos 300 dias subseqüentes à dissolução da sociedade
conjugal por morte, separação, nulidade ou anulação, porque a gestão humana vai
além desse prazo.

 Se a mulher, antes do prazo de 10 meses vier a contrair novas núpcias, pois está
viúva ou se primeiro casamento foi invalidado, e lhe nascer algum filho, este se
presume do primeiro marido, se nascido dentro de 300 dias a contar da data do
falecimento deste, e do segundo se o nascimento se der após esse período e já
decorrido o prazo e 180 dias depois de estabelecida a convivência conjugal.
 Os filhos havidos por fecundação artificial homologa, mesmo que falecido o
marido. O uso do material fetilizante depende de anuência prévia do doador, uma
vez que tem propriedade sobre as partes destacadas de seu corpo. Deverá,

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então, para na hipótese de sua morte, deixar declaração expressa, por
instrumento público ou testamento, de que permite a utilização de seu sêmen na
inseminação artificial de sua mulher.
 Os filhos havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários,
decorrentes de concepção artificial homóloga, isto é, dos componentes genéricos
advindos do marido e da mulher. Aqui também é preciso anuência expressa do
casal após esclarecimento da técnica de reprodução assistida in vitro a que se
submeterão.
 Os filhos havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que haja previa
autorização do marido, reforçando a natureza socioafetiva do parentesco.
 Artigos importantes:

Art. 1.599. A prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da concepção, ilide
a presunção da paternidade.

Art. 1.600. Não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para ilidir a
presunção legal da paternidade.

Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos
de sua mulher, sendo tal ação imprescritível.
Parágrafo único. Contestada a filiação, os herdeiros do impugnante têm direito de
prosseguir na ação.

Art. 1.602. Não basta a confissão materna para excluir a paternidade.

4- AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE

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 A presunção de paternidade é júris et de jure ou absoluta, todavia, em casos
específicos pode ser juris tantum ou relativa, pois o pai pode contestá-la
provando o contrario.
 É de ordem pessoal, sendo privativa do marido.
 Pode ser proposta a qualquer tempo (imprescritível)- Art. 1601
 Falecendo o pai na pendência da lide, a seus herdeiros será licito continuá-la. –
Art. 1601, paragrafo único
 Não é possível a contestação da paternidade ao alvedrio do marido, vez que este
terá de mover ação judicial, provando, se o reconhecimento voluntário, uma das
circunstâncias taxativamente enumeradas em lei (CC, arts. 1.599, 1.600, 1.602 e
1.597, V):

I-Que houve adultério, visto que se achava fisicamente impossibilitado


de coabitar com a mulher à época da concepção.
II-Que não havia possibilidade de inseminação artificial homóloga, nem
de fertilização in vitro, visto que não doou sêmen para isso (CC, art.
1.597, III e IV).
III-Que é estéril, ou que fez vasectomia.
IV-Que se encontra acometido de doença grave, que impede as
relações sexuais.

 Pelo art. 1.600 do Código Civil “não basta o adultério da mulher ainda que
confessado, para elidir a presunção legal da paternidade”, porque, não obstante,
o filho pode ser do marido, não sendo cabível recusar-lhe a paternidade com
base em dúvidas.

 O mau comportamento da mulher apenas poderá desfazer a presunção legal se


ficar comprovado que, p. ex., o adultério se deu na ausência do consorte varão,
que, por se encontrar fora do país, estava impossibilitado de coabitar com a
mulher na época da concepção.
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 A alegação de adultério pode servir, somente, como prova complementar na ação
negatória de paternidade.
 A ação de contestação de paternidade é proposta em face dos filhos, que,
se for menor, podendo ser representado pelo próprio autor, que seria seu
representante legal, o juiz da causa nomeia em curador ad hoc. Cuja intervenção
não se dispensa por oficiar, no feito, o Ministério Público.
 A mãe, embora não seja parte na lide, poderá intervir para assistir o filho.
 A sentença proferida deverá ser averbada à margem do registro de nascimento,
para competente ratificação; sendo oponível erga omnes.
 Com o novo Código Civil, não há mais prazo decadencial para o exercício do
direito de contestar paternidade, pois pelo art. 1.601, in fine, essa ação é
imprescritível.

5- AÇÃO NEGATÓRIA DE MATERNIDADE


 A mãe somente poderá contestar a maternidade constante do termo de
nascimento do filho se provar:

I-a falsidade desse termo ou das declarações nele contidas (CC, art.
1.608), por ter havido equívoco na qualificação da verdadeira mãe;
II-por não ter ocorrido parto;
III-por atribuição de filho pertencer à outra mulher;
IV-por ocorrência de troca de embrião, na fertilização assistida;
V-por existência de erro, dolo ou fraude no ato registrário.

6- PROVA DA CONDIÇÃO DE FILHO

 Certidão de nascimento inscrita no Registro Civil.

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 Por qualquer modo admissível em direito, se o registro faltar, por que os pais não
o fizeram ou porque se perdeu o livre ou se o tempo de nascimento for
defeituoso.
 Estribada na posse do estado de filho, a pessoa educada e criada pelo casal
poderá vindicar em juízo o reconhecimento da legitimidade da filiação, se não se
fez, oportunamente, no termo de nascimento, menção com reserva, desde que se
façam presentes três elementos:
 o nomen ou nominatio, ou seja, que a pessoa traga o nome paterno;
 o tractatus, isto é, que a pessoa seja tratada na família como filho(a);
 e a fama ou reputatio, ou seja, que tenha sido constantemente
reconhecido pela presumidos pais, pela família e pela sociedade como
filha. Havendo essa circunstância, ter-se-á presunção juris tantum de
filiação.
 A ação de prova da filiação é pessoal, pois compete ao filho, enquanto viver,
passando aos herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz.
 Se proposta pelo filho maior e capaz, e se, porventura, este vier a morrer, seus
herdeiros poderão continuá-la por terem interesse moral e material.

7- FILIAÇÃO NÃO – MATRIMONIAL

7.1- CONCEITO DE FILIAÇÃO NÃO - MATRIMONIAL

“A filiação não-matrimonial é a decorrente de relação extramatrimoniais”.

* Os filhos gerados durante as mesmas classificam-se didaticamente em:

 Naturais: se descenderem de pais entre os quais não havia nenhum


impedimento matrimonial no momento em que foram concebidos.

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 Espúrios: se oriundos da união de homem e mulher entre os quais havia, por
ocasião da concepção, impedimento matrimonial. Assim, são espúrios os
adulterinos, que nascem de casal impedido de casar em virtude de casamento
anterior, resultado de um adultério.

8- O RECONHECIMENTO DE FILHOS

 O reconhecimento vem a ser o ato que declara a filiação havida fora do


matrimonio, estabelecendo, juridicamente, o parentesco entre pai e mãe e seu
filho. Por isso é, declaratório.

9- MODO DE RECONHECIMENTO DE FILHOS

RECONHECIMENTO VOLUNTÁRIO:

 É o meio legal do pai, da mãe ou de ambos revelarem espontaneamente o


vínculo que os liga ao filho, outorgando-lhe, por essa forma, o status
correspondente.
 É ato pessoal dos genitores, não podendo ser feito por avô ou tutor, sucessores
do pai ou herdeiros do filho.
 Só é permitido reconhecer filhos já falecido quando ele deixa descendentes, caso
em que cabe a eles consentir o ato de reconhecimento.
 Uma vez declarada a vontade de reconhecer, o ato passa a ser irretratável ou
irrevogável, inclusive se feito em testamento (CC, art. 1.610).
 Poder vir a ser anulado se inquinado de vício de vontade como erro, coação (AJ,
97:145) ou não observar certas formalidades legais.
 Não pode comportar condições ou termo (CC, art. 1.613).
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 Tanto o filho ”natural” como o “incestuoso” ou “adulterino” podem hodiernamente
ser reconhecido pelos pais, conjunta ou separadamente (CC, art. 1.607).
 O reconhecimento, qualquer que seja a origem da filiação, é ato solene e
irrevogável
 Registro de nascimento feito por quem sabia não ser o verdadeiro pai é tido como
adoção simulada.

Por escrituras públicas:

 O reconhecimento pode dar-se numa escritura pública bastando que a


paternidade seja declarada de modo incidente ou acessório em qualquer ato notarial,
assinado pelo declarante e pelas testemunhas; não se exigindo nenhum ato público
especial.

Por testamento cerrado, público ou particular

 Ainda que incidentalmente manifestado (CC, art. 1.609, III) e até por
testamento especial, e mesmo sendo nulo ou revogado, o reconhecimento nele
exarado vale de per si, inclusive se tratar de simples alusão incidental à filiação, a
menos que decorra de fato que acarrete sua nulidade, como, p. ex. demência do
testamento.

RECONHECIMENTO JUDICIAL:

 Resulta de sentença proferida em ação intentada para esse fim.


 É de caráter pessoal do filho, embora os herdeiros do filho possam continuá-la.
 A investigação pode ser ajuizada em face do pai ou da mãe ou contra os dois,
desde que se observem os pressupostos legais de admissibilidade de ação,
considerados com presunção de fato.
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 Pode ser contestada por qualquer pessoa que tenha justo interesse econômico
ou moral (CC, art. 1.615), como p. ex., o cônjuge do réu (RF, 161; 193), seu filhos
matrimoniais ou os reconhecidos anteriormente.

Art. 1.615. Qualquer pessoa, que justo interesse tenha, pode contestar a ação de
investigação de paternidade, ou maternidade.

 A sentença tem eficácia absoluta, valendo contra todos, ao declarar o vínculo de


filiação equiparável ao da descendência matrimonial, nos seus efeitos pessoais e
patrimoniais.
 A sentença de primeiro grau que reconhece a paternidade deverá fixar os
alimentos provisionais ou definitivos do reconhecido que deles necessite.
 A sentença poderá, ainda, ordenar que o filho se crie e eduque fora da
companhia dos pais ou daquele que lhe contestou essa qualidade (CC, art.
1.616, 2º parte), defendendo sua guarda a pessoa idônea, de preferência da
família de qualquer dos pais.

10- AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE

 Permite ao filho “natural” e ao “adulterino”, mesmo se não dissolvida à sociedade


conjugal, obter a declaração de seu respectivo status familie.
 Ao filho “incestuoso” a nossa Lei não mais nega legitimatio ad causam para
intentar ação investigatória.
 A investigação de paternidade processa-se mediante ação ordinária promovida
pelo filho, ou representante legal, se incapaz, contra o genitor ou seus herdeiros
ou legatários, podendo ser cumulada com a de petição de herança.
 Com a de alimentos e com a de retificação ou anulação de registro civil.
 Se citado o réu por mandato, vier a contestar o fato e a qualidade de pai, o juiz
designa data para a audiência preliminar, para obter o acordo das partes.
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 Obtido tal acordo, o juiz o homologa por sentença. Se o acordo não se der, o
órgão judicial devera sanear o processo, determinando produção de provas.
 É imprescritível, podendo ser proposta a qualquer tempo.
 Art. 1.606, CC: a ação de prova de filiação compete ao filho, enquanto viver,
passando aos herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz.

11- CONSEQUÊNCIA DO RECONHECIMENTO DE FILHO

 O reconhecimento voluntário ou judicial de filho havido fora do matrimonio produz


efeitos ex tunc, pois retroagem até o dia do nascimento do filho ou mesmo de sua
concepção se isso for seu interesse.
 Estabelecer o liame de parentesco entre o filho e seus pais, atribuindo-lhe um
status familiar, constar o fato no Registro Civil, sem qualquer referência familiar à
filiação ilegítima.
 Impedir que o filho havido fora do casamento, reconhecido por um dos cônjuges,
resida no lar conjugal sem a anuência do outro (CC, art. 1.611).
 Dar ao filho o direito à assistência e alimentos, correspondentes à condição social
em que viva, iguais aos que seu genitor prestar a filho matrimonial, mesmo que
não resida com o genitor que o reconheceu.
 Sujeitar o filho, enquanto menor, ao poder familiar do genitor que o reconheceu,
e, se ambos o reconheceram, e não houve sob o poder de quem melhor atender
aos interesses do menor. Logo, aquele que não for o guardião, terá o direito de
visitar o filho e de fiscalizar sua educação.
 Conceder direito à prestação alimentícia tanto ao genitor que reconhece como ao
filho reconhecido, pois os parentes devem alimentos uns aos outros, sendo a
obrigação alimentar recíproca entre pais e filhos.
 Equiparar, para efeito sucessório, os filhos de qualquer natureza, (Lei n. 6.515/77,
que deu nova redação ao art. 2º da Lei n. 883/49); CF, art. 227, § 6º),
estabelecendo assim direito sucessório recíproco entre pais e filhos
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reconhecidos, pois tanto os ascendentes como os descendentes são herdeiros
necessários; se o descendente reconhecido tem direito de herdar do ascendente,
o ascendente também tem direito de suceder o descendente, já que o
reconheceu.
 Autorizar o filho reconhecido a propor Ação de repartição de herança e de
nulidade de partilha, devido a sua condição de herdeiro. Se vier a falecer antes
do autor da herança, seus herdeiros o representarão e reconhecerão os bens, por
direito de transmissão, se o óbito se der antes da partilha.
 Equiparar a prole reconhecida, tanto para efeito de clausulação de legitimidade
(CC, art. 1.814) ou deserdação (CC, art. 1.962) ao descendente oriundo de
relação matrimonial.

12- RESPONSABILIDADE CIVIL NA FILIAÇÃO


 STJ:
o I- Não se admite a indenização por abandono afetivo puro e simples,
uma vez que o afeto não é um valor jurídico exigível
o II- É possível uma indenização por dano moral, em razão da violação
do dever de cuidado.

 Afeto x cuidado
o “descumprimento do dever de cuidado somente ocorre se houver um
descaso, uma rejeição ou um desprezo total pela pessoa da filha pelo
genitor” (STJ. REsp1.557.978/DF)

“ Advirta-se, contudo, que existem muitas divergências sobre tema.


Aliás, o Superior Tribunal de justiça nas duas vezes que teve que
decidir sobre o tema o fez de maneira diversa: no primeiro caso o
tribunal entendeu que não seria possível indenizar o dano moral
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afetivo porque, nas palavras do Min. Fernando Gonçalves, “escapa
ao arbítrio do Judiciário obrigar alguém a amar” (REsp.nº
757.411 – MG, j. 29/11/2005); no segundo caso, pelo voto da
Ministra Nancy Andrighi, um pai foi condenado a pagar indenização
no importe de R$ 200 mil, pois segundo a relatora “amar é
faculdade, cuidar é dever” (REsp. nº 1.159.242 - SP; j.
24/4/2012).”

13. PARTO ANONIMO (RODA DOS ENJEITADOS) E A QUESTÃO FILIATÓRIA


 Roda dos enjeitados;
 O parto anônimo reconhece à gestante a possibilidade de dar a luz em
hospitais e maternidades sem ser identificada
o Visa diminuir a quantidade de crianças abandonadas em ruas, lixos etc
após o parto.

EXERCÍCIOS

1- Quanto ao parentesco, assinale a alternativa INCORRETA:


A) O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos
irmãos do cônjuge ou companheiro.
B) O parentesco por afinidade em linha reta não desaparece com a dissolução do
casamento ou união estável. Não pode se casar o homem e a mãe de sua antiga
companheira (união estável).
C) O parentesco natural resulta de consanguinidade.
D) O parentesco civil decorre exclusivamente da adoção.
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E) A adoção faz com que o adotado seja filho, deixando de ter vínculo com os pais e
parentes consanguíneos, salvo quanto aos impedimentos para o casamento.

2- Na filiação fora do casamento não há presunção legal indicando a paternidade.


Para estabelecer o parentesco entre pai e filho havido fora do casamento deve
haver, necessariamente:
A) O reconhecimento, ato espontâneo ou forçado (judicial), que cria relação de
parentesco entre pais e filhos, gerando consequências na órbita do direito.
B) Ação judicial de investigação de paternidade.
C) Exame de DNA.
D) Reconhecimento voluntário por escritura pública.
E) Reconhecimento em negócio jurídico bilateral, assinado pelo ascendente e pelo
reconhecido.

3- Quanto à ação negatória de paternidade, é correto afirmar que:


A) Prescreve em 2 meses.
B) Prescreve em 2 anos.
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C) Prescreve em 3 meses.
D) Prescreve em 6 meses.
E) É imprescritível.

4- Em ação investigatória de paternidade, a recusa do réu a se submeter ao exame


de DNA acarreta:
A) A improcedência da ação.
B) A presunção relativa de paternidade, por força jurisprudencial.
C) A presunção absoluta de paternidade.
D) A presunção relativa de paternidade por força de lei.
E) Indenização por perdas e danos por parte do proponente da ação.

5- O parentesco por afinidade limita-se aos:


A) Ascendentes, descendentes e irmãos do cônjuge ou companheiro.
B) Ascendentes, descendentes, irmãos e sobrinhos do cônjuge ou companheiro.
C) Ascendentes e descendentes do cônjuge ou companheiro.
D) Descendentes do cônjuge ou companheiro.
E) Ascendentes, descendentes e colaterais em até 4º grau do cônjuge.

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6- Considere as proposições abaixo e assinale a alternativa correta:


I. Se a convivência entre suposto pai e filho alcançou tempo suficiente, no
entendimento do Judiciário, para a consolidação da paternidade sócio afetiva, haverá
o reconhecimento de vínculo capaz de gerar direitos e obrigações recíprocos
próprios da filiação.
II. O reconhecimento voluntário é ato solene, com várias possibilidades de forma.
III. São formas de reconhecimento voluntário de paternidade, entre outras, a
escritura pública ou o escrito particular, a ser arquivado em cartório.
IV. O reconhecimento voluntário de paternidade é irrevogável, impede o
arrependimento. Até se revogado o testamento na parte relativa ao reconhecimento,
o ato se preserva integralmente válido para efeito de estabelecer a filiação.
A) Somente I e II são verdadeiras.
B) Somente III e IV são verdadeiras.
C) Somente I e IV são verdadeiras.
D) Somente II e III são verdadeiras.
E) Todas são verdadeiras.

7- Quanto à contagem de graus, nas relações de parentesco, analise as proposições


seguintes:
I- Entre os colaterais não há parentesco em 1º grau.
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II- Irmãos são parentes em 2º grau.
III- Primos são colaterais em 4º grau.
É (são) correta(s):
A) Somente I e II.
B) Somente II e III.
C) Somente I e III.
D) Todas as proposições.
E) Nenhuma das proposições.

8- Assinale a alternativa falsa.


A) Se o filho morrer antes de iniciada a ação de investigação de paternidade, seus
herdeiros ficarão inibidos para o ajuizamento, salvo se ele morrer menor e incapaz.
B) Se o filho, maior ou menor idade, falecer após ajuizada a ação de investigação de
paternidade, seus herdeiros poderão dar-lhe prosseguimento, salvo se julgado
extinto o processo.

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C) Se o suposto pai já for falecido, a ação de investigação de paternidade deverá ser
dirigida contra o respectivo espólio.
D) Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA
induz presunção juris tantum de paternidade.
E) É proibido reconhecer o filho na ata do casamento, para evitar referência a sua
origem extramatrimonial.

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