Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
→Como os vínculos familiares dispõem de diversas origens, vários critérios classificatórios são
utilizados, a depender da identificação que se queira estabelecer entre duas pessoas. O parentesco admite
variadas classificações e decorre das relações conjugais, de companheirismo e de afinidade, podendo ser
natural, biológico ou consanguíneo, civil, adotivo, por afinidade ou socioafetivo.
B) Espécies:
A afinidade resultante de filiação poderá, se for o caso, provar-se, inclusive, “por confissão
espontânea dos ascendentes se da filiação não existir a prova prescrita no art. 1.609, I a IV, e que já
constava do art. 1º da Lei n. 8.560, de 29 de dezembro de 1992”.
Quanto às relações de afinidade, entre os cônjuges ou os conviventes, prevalece a tese da
inexistência de parentesco.
Ter-se-á inseminação (reprodução) artificial qdo o casal não puder procriar, por qquer motivo:
esterilidade, deficiência na ejaculação, malformação congênita, obstrução do colo uterino, doença
hereditária etc.
- casais homossexuais podem utilizar a técnica mesmo que não exista infertilidade.
→ Filiação:
3.3) Socioafetiva
• João Baptista Villela: cuja tese da “desbiologização da paternidade”, deu origem a parentalidade
socioafetiva, a qual tem relação com a posse de estado de filho.
→Essa espécie de parentesco (paternidade/maternidade/filiação) constitui-se pela manifestação de
afeto e cuidados próprios das demais espécies de filiação entre aquele que sabidamente não é genitor ou
genitora e pessoa tratada como se fosse seu filho.
→Princípios: dignidade da pessoa humana, convivência e solidariedade familiar e afetividade
• Maria H. Diniz: “O parentesco civil abrange o socioafetivo (CC arts. 1.593 e 1.597, V)”.
• Maria B. Dias: A filiação socioafetiva pode resultar da posse do estado de filho e constitui
modalidade de parentesco civil de “outra origem” isso é de origem afetiva ou da convivência afetiva. (art.
1.593, CC).
• ___: “Toda paternidade é necessariamente socioafetiva podendo ter origem biológica ou não”.
• Leila Donizetti (2007, p. 15): “Pai não é somente aquele ligado por laço biológico. Pai é muito
mais. Pai é aquele ligado pelos intensos e inesgotáveis laços de afeto. Aquele que cuida, protege,
alimenta, educa, que participa intensamente do crescimento físico, intelectual e moral da criança, dando-
lhe o suporte necessário para que se desenvolva como ser humano”.
• Giselda Hironaka: essa relação não se encontra estabelecida em lei. São os "filhos de criação" -
pessoas abrigadas no nosso ambiente familiar não vinculadas a nós pelos laços de sangue ou pela adoção,
mas a quem queremos bem e protegemos. Damos juridicamente a essa condição de "estado de filho". O
reconhecimento, para surtir efeitos jurídicos, tem que ser judicial e o magistrado tem que determinar a
inserção do nome do pai [ou da mãe] socioafetivo no registro de nascimento - já que, segundo o comando
constitucional, todos os filhos tem iguais direitos independente de sua origem, os filhos socioafetivos tem
os mesmos direitos, inclusive sucessórios.
• Paulo Lôbo: o CC/2002 faz referência a paternidade socioafetiva em vários artigos: 1.593; 1.596;
1.597,V e 1.605
• José Fernando Simão:
→ a) O vínculo de parentesco por afinidade não se confunde com o de filiação socioafetiva;
→ b) No embate entre a parentalidade biológica (DNA) e a socioafetiva (Afeto) Simão analisa 03
hipóteses:
1) Parentalidade socioafetiva e adoção a brasileira, em que um homem registra, como seu filho,
quem sabe ser biologicamente de terceiro.
•No STJ prevaleceu a ideia de que a parentalidade voluntariamente reconhecida não permite seu
posterior desfazimento. O afeto venceu o DNA: a realidade afetiva prevalece sobre a biológica.
2) Parentes biológicos do falecido que propõem ação negatória de paternidade, visando à exclusão
do filho socioafetivo da sucessão do falecido. Em outras situações, o cônjuge ou companheiro do falecido
propõe a ação contra o filho socioafetivo.
•Tb as decisões do STJ são no sentido de que o afeto vence nas decisões em questão.
3) Pai socioafetivo cuja parentalidade foi constituída a base de erro. Trata-se de erro como vício do
consentimento que revela falsa noção da realidade. Se o declarante soubesse que não era pai biológico,
não teria se tornado pai registral.
• Nesse caso o STJ além da possibilidade de negar a paternidade, os tribunais têm fixado dano
moral em favor do pai enganado, vence o DNA.
Filho: se houver reconhecimento voluntário de sua parte, o pai não poderá negar a paternidade, sob
pena de agredir a boa-fé objetiva, como norma ética de conduta.
Tese da Multiparentalidade
→ verdade registral (biológica) → socioafetiva → Duplo parentesco ou multiparentalidade – 2 pais
ou 2 mães – biológico e socioafetiva.
STF – set/2016 determinou que o parentesco socioafetivo passa a ter posição de igualdade
diante do parentesco biológico ou natural
Paulo Lôbo (Revista Ibdefam n. 22): Do núcleo do Tema 622 resultam as seguintes conclusões:
- o reconhecimento jurídico da parentalidade socioafetiva;
- a inexistência de primazia entre as paternidades biológica ou socioafetiva;
- a admissão da mutiparentalidade;
- a parentalidade socioafetiva restringe-se a posse de estado de filho, excluindo-se a adoção, a
filiação oriunda da inseminação artificial heteróloga e a afinidade (EXISTEM POSICIONAMENTOS
CONTRÁRIOS – Pablo e Pamplona Filho, 2018, p. 1.392).
→Por tratar-se de relações de família os efeitos alcançarão os casos julgados definitivamente, pois
há largo entendimento sobre a relativização da coisa julgada nas relações de família e em matéria de
estado civil, que operaria segundo a regra rebus sic stantibus
- É possível reconhecer duplo vínculo mesmo contra a vontade das partes envolvidas. (Paulo Lobo)
→ Contagem de Graus: distância que vai de uma geração a outra; número de gerações entre os
parentes.
2) Linha colateral ou transversal (até 4º grau) (art. 1.592 e 1.594, 2ª parte, CC).
→ Na linha colateral não há parentesco em 1º grau, pq se conta subindo até ao antepassado comum
e descendo até ao parente.
Entre irmão germano ou unilateral o parentesco é colateral de 2º grau.
Gráfico:.
→ Na linha colateral o tio e o sobrinha são parentes em 3º. grau. Impedimento previsto em lei em
relação ao colateral de segundo grau (art. 1.521, IV), quanto ao impedimento em relação ao colateral de
terceiro grau aplica-se o Decreto-lei n. 3.200, de 19 de abril de 1941, que permite o casamento de
colaterais de terceiro grau.
Gráfico:.
2) Linha Colateral ou transversal. o parentesco vai até o 2º. grau, existindo somente entre o irmão
dos cônjuges ou dos companheiros, ou seja, entre os cunhados (art. 1.595, parágrafo 1º, 2ª parte, CC).
- A dissolução do casamento ou da união estável extingue o parentesco por afinidade na linha
colateral, por isso deixam de ser cunhados e podem se casar.
Gráfico:.
2) Direito Canônico
Gráficos:.
→ irmãos são parentes em 1º grau:
→ filhos de irmãos (primos) são parentes em 2º grau:
→ tio e sobrinha são parentes em 2º grau:
Exercícios:
1. (OAB-MT/2003) Maria casou-se com João. Desse matrimonio foram gerados 4 filhos. Caio,
Marcos, Roberto e Cecília. Caio e Marcos faleceram qdo jovens. Roberto casou-se com Vanda. Cecília
casou-se com Marcos Antonio. Do matrimônio entre Roberto e Vanda nasceram 2 filhos – Lucas e Maria.
Do matrimônio entre Cecília e Marcos Antonio nasceu César.
Da estória narrada podemos afirmar que entre César e Lucas e entre Roberto e Cecília, há
respectivamente: Apresente o gráfico.
2. Em um só gráfico estabeleça o parentesco por consanguinidade e afinidade, na linha reta e na
colateral e conte os graus de parentesco entre você e seus pais, avós, irmãos, primos(as), tios (as), seus
filhos(as) e sobrinhos(as), sogro(a) e cunhados(as).
3. Estabeleça o parentesco entre o padrasto e a enteada. Apresente o gráfico, conte os graus e
explique a espécie de parentesco.
4. Quem são os parentes na linha reta?
5. Para fins jurídicos são considerados parentes na linha colateral até qual grau?
6. O irmão é parentes em qual grau?
7. Qual o vínculo que liga cada cônjuge ou companheiro e os parentes do outro?
8. Até qual grau, para fins jurídicos, são considerados os parentes consanguíneos na
linha colateral? Quem são os parentes na linha colateral por consanguinidade?
9. Para fins jurídicos, quem são os parentes na linha reta por consanguinidade? Até qual
grau é contado o parentesco por consanguinidade e afinidade na linha reta?
10. Para fins jurídicos, quem são os parentes por afinidade na linha reta e colateral?
FILIAÇÃO
É a relação de parentesco consanguíneo em linha reta de primeiro grau entre uma pessoa e aqueles
que lhe deram a vida, ou relação socioafetiva, ou em razão de adoção.
→ O reconhecimento do estado de filiação constitui direito - personalíssimo - indisponível -
imprescritível - que pode ser exercido em face dos pais e seus herdeiros.
→ Igualdade dos filhos: juridicamente, não há de se fazer distinção entre filiação matrimonial ou
não – pois os filhos havidos ou não do matrimônio, têm os mesmos direitos e qualificações, sendo
proibidas quaisquer designações discriminatórias. (arts. 227, § 6º, CF/88; 1.596, CC/02 e 20, ECA)
• Zeno Veloso: as denominações discriminatórias relativas à filiação não podem mais ser utilizadas.
Filho, de qualquer origem ou procedência, qualquer que seja a natureza da filiação, é filho, simplesmente
filho, e basta, com os mesmos direitos e deveres de qualquer outro filho.
2.1) Filiação matrimonial: presunção da paternidade do marido da mãe, pater is est quem justae
nuptiae demonstrant – presunção da maternidade pelo parto, aleitamento etc.
→É a que se origina na constância do casamento dos pais, ainda que nulo ou anulado ( Lei n.
6.515/77, art. 14, parágrafo único; CC, arts. 1.561, 1.597, I a V, 1.617), ou seja, é a filiação oriunda da
união de pessoas ligadas por casamento válido ou anulável ou nulo estando ou não de boa-fé os consortes
(CC, arts. 1.561, parágrafos 1º e 2º, 1.617 e 1609, I), ou decorrentes de pessoas que, após o nascimento
do filho, vieram a se casar.
► Presume-se que foram concebidos na constância do casamento (CC art. 1.597, I a V):
I - Se os filhos nasceram 180 dias (6 meses), pelo menos, depois de estabelecida à convivência
conjugal ;
II - Se os filhos nasceram dentro dos 300 dias (10 meses). subsequentes à dissolução da sociedade
conjugal por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento.
III - Se foram havidos por fecundação artificial homologa, mesmo que falecido o marido;
IV - Se os filhos forem havidos, a qualquer tempo, sendo embriões excedentários, decorrentes de
fecundação artificial homóloga;
V - Se os filhos advierem de inseminação artificial heteróloga, desde que com anuência prévia do
marido.
►AÇÃO NEGATÓRIA
- Ação para negar a filiação - compete ao pai ou seus herdeiros – busca desconstituir o registro pelo
pai registral, pq foi realizado, por ex:. mediante erro.
Proposta pelo marido contra o filho (CC, art. 1.601 e parágrafo único) e, se este falecer na
pendência da lide, seus herdeiros poderão continuá-la, tendo por fim contestar paternidade.
Se o filho for menor ou o pai interditado após a propositura da ação será nomeado um curador.
Em relação ao marido:
Infidelidade conjugal: se havia coabitação entre os cônjuges é preciso provar por meio do exame
de DNA.
Impossibilidade de inseminação artificial pq não doou o sêmen, é estéril ou fez vasectomia – ou
heterologa pq não deu autorização. (art. 1.597, CC)
Doença grave que impede as relações – impotência coeundi absoluta (impossibilidade física) e
impotência generandi absoluta (esterilidade, pela lei só a última ilide a presunção da paternidade). (art.
1.599, CC)
Em relação à esposa:
Falsidade de registro
- falsidade material ou falsidade das declarações, essa última caracteriza a falsidade ideológica.
Filho trocado na maternidade
Não ter ocorrido o parto
Troca de embrião na fertilização assistida
A sentença proferida deverá ser averbada à margem do registro de nascimento (Lei n. 6.015/73, art.
29, 1º, b).
→ não basta para excluir a paternidade: - adultério da esposa (art. 1.600) e - confissão materna (art.
1.602).
• Lafayette Rodrigues Pereira (1918) afirma que a posse do estado de filho é principalmente
constituida por tres factos:
Nominatio: quando o filho tem o appellido do pae;
Tractatus: quando é tratado de filho pelo pae e pela mãe e por elles educado;
Reputatio: quando é tido e havido por filho na familia e pelos vizinhos.
Tb faz prova juris tantum da filiação.
2.2.1) Reconhecimento – é o ato que declara a filiação fora do casamento na filiação não
matrimonial o reconhecimento é automático, voluntário ou judicial.
a) Definição de reconhecimento - É o ato que declara a filiação, estabelecendo juridicamente o
parentesco entre pai e mãe e seu filho.
b) Natureza jurídica do reconhecimento - É o ato declaratório, pois apenas declara um fato do qual o
direito tira consequências, sem criar a paternidade.
c) Possibilidade de reconhecimento de filho - Lei n. 8.069/90, art. 26; Lei n. 8.560/92; CF/88, art.
227, 6º.
d) Modos de reconhecimento do filho – O reconhecimento é ato personalíssimo, indisponível,
imprescritível, solene e irrevogável.
Reconhecimento de filhos falecidos, somente qdo deixa descendente (Diniz, 2018); art. 27, ECA.
Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito: I - no
registro do nascimento; II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório; III -
por testamento (tb codicilo e legado), ainda que incidentalmente manifestado; IV - por manifestação
direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do
ato que o contém. § único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu
falecimento, se ele deixar descendentes.
Art. 1.610. O reconhecimento não pode ser revogado, nem mesmo quando feito em testamento. A
revogação do testamento, não revoga o reconhecimento.
Diniz (2018) uma vez declarada a vontade de reconhecer o ato passa a ser irrevogável e irretratável
– inclusive em testamento – mas pode ser ANULADO, se inquinado de vícios de vontade (erro, dolo ou
coação) ou não observou os requisitos legais.
Conceito – É o que resulta de sentença proferida em ação intentada para esse fim, pelo filho (CC,
art. 1.606) e pode ser contestada por qquer pessoa que tenha interesse econômico ou moral. Tb pode ser
proposta post mortem.
►AÇÃO INVESTIGATÓRIA
Ação de investigação de maternidade – É a ação promovida contra a mãe, não mais sendo proibido
se atribuir prole não-matrimonial a mulher casada ou prole incestuosa a mulher solteira.
Principais aspectos
→Prazo Por ser de natureza declaratória e envolver estado de pessoas e dignidade humana, a ação
não esta sujeita a qualquer prazo, sendo imprescritível.
→ Legitimidade passiva
- contra o pai/mãe, seus herdeiros e avós
→ Provas - Exames: semelhança odontológico, DNA, exame do grupo sanguíneo poderá excluir a
paternidade/maternidade. O juiz poderá determinar a prova que entender necessária à elucidação da
verdade.
→ Contestação – qualquer pessoa que tenha justo interesse (cônjuge ou companheiro do suposto
pai e seus herdeiros)
Lei n. 14.138, de 16.04.2021 – Art. 1º O art. 2º-A da Lei nº 8.560, de 29 de dezembro de 1992,
passa a vigorar acrescido do seguinte § 2º: Se o suposto pai houver falecido ou não existir notícia de seu
paradeiro, o juiz determinará, a expensas do autor da ação, a realização do exame de pareamento do
código genético (DNA) em parentes consanguíneos, preferindo-se os de grau mais próximo aos mais
distantes, importando a recusa em presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto
probatório.”
Exercício: Escolha uma das Ementas abaixo e comente de acordo com a matéria
estudada.
Exercícios
Marque as assertivas (V) para verdadeira e (F) para falsa. Indique os artigos do CC/2002
correspondentes.