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DIREITO DE FAMÍLIA

• O Direito de Família disciplina as relações sociais, afetivas e jurídicas


das famílias contemporâneas e tem como referência princípios e
valores incorporados ao texto constitucional.

• Desse modo, cuida das relações que envolvem o indivíduo dentro do


núcleo familiar em que ele nasce, cresce e se desenvolve.

• Mas afinal o que é família para o direito?


• A abertura valorativa do sistema civil, provocada pelo pós positivismo, alterou
substancialmente as relações familiares e transformou as estruturas do
modelo de família, com a imposição do reconhecimento e a tutela de novos
núcleos familiares para além da família tradicional, pautada no modelo
matrimonial.
• Na sociedade atual encontram-se diversos modelos e núcleos familiares,
como: Família Homoafetiva, Família Monoparental, Família Anaparental,
Família Recomposta, Mosaico ou Pluriparental:
• A tutela efetiva desse núcleo é objeto do art. 226 da Constituição federal, sua
base de referência.
PRINCÍPIOS
• Dignidade da pessoa humana, que fundamenta todas as relações
entre as pessoas que integram qualquer núcleo familiar (art. 1º, inciso
III e art. 226 da CF)
• Solidariedade social (art. 3º, I, CF)
• Igualdade substancial/ isonomia (§ 5º do art. 226 da CF): No caso de
divergência quanto ao exercício do poder familiar, em função da
igualdade entre os detentores desse poder, a decisão será judicial.
• Pluralidade de entidades familiares ( art.226, caput, CF)
• Liberdade (§ 6º do art. 226 da CF):
• Afetividade;
• família dissociada de crenças religiosas
• planejamento familiar;
• paternidade responsável;
• proibição de discriminação entre filhos, independentemente da
origem;
• princípio da intervenção mínima do Estado;
Tais princípios constitucionais serão a base de referência para a
interpretação, a compreensão e a aplicação das regras de Direito de
Família do Código Civil.
Modelos de Família
(espécies de entidades familiares)
Independentemente do modelo, a família se estrutura a partir de algumas
características:
• trata-se de formação social (NÚCLEO DE ORGANIZAÇÃO SOCIAL) que envolve
ambiente propício ao livre e pleno desenvolvimento das pessoas que a
constituem;
• configura-se a partir da AFETIVIDADE (voltada para a busca da felicidade e
para a satisfação pessoal dos seus integrantes);
• ESTABILIDADE (o complexo de relações pessoais deve ser capaz de sustentar a
sua formação);
• OSTENSIBILIDADE (o complexo de relações sociais deve ser contínuo, pois tal
constância as torna notórias e perceptíveis socialmente).
MODELOS DE FAMÍLIA MAIS COMUNS:

Casamento (analisado na próxima aula em PDF).

• União Estável: reconhecida pelo art. 226, § 3º, como entidade familiar
autônoma e independente do casamento, com efeitos jurídicos próprios, a qual
terá proteção especial do Estado.

Família Homoafetiva: pode resultar de casamento e união estável entre


pessoas do mesmo sexo. Apesar de não ser um modelo positivado em
lei, o STF passou a reconhecer tais entidades familiares, com proteção
especial do Estado. (a orientação sexual é um direito personalíssimo,
atrelado e vinculado à natureza humana, e sua tutela implica
concretização da dignidade da pessoa humana).
Família Monoparental: formada pela relação entre pai e filhos ou entre mãe e
filhos.

• Família Anaparental: é a família constituída sem que alguém ocupe a posição


de ascendente.

• Família Recomposta, Mosaico ou Pluriparental: é aquela formada por


membros de outros núcleos familiares. Trata-se de modelo familiar decorrente de
recomposição afetiva.
Com o objetivo de proteger os membros da família reconstituída e o próprio
núcleo familiar recomposto, a Lei Civil prevê regras que visam assegurar a
dignidade das pessoas que passarão a integrar aquele núcleo:

• Parentesco por Afinidade que gera Impedimento Matrimonial. No


parentesco por afinidade não há direito sucessório, direito a alimentos e poder
familiar, pois a afinidade, por si só, não gera tais efeitos jurídicos
(diferentemente do parentesco civil por adoção, por exemplo). No entanto,
caso a afinidade se converta em afetividade, desde que presentes os demais
requisitos da paternidade ou da maternidade socioafetiva, haverá vínculo de
filiação; nesse caso, o enteado ou a enteada passará a ser filho e, como tal, terá
direito à herança, a alimentos e será submetido ao poder familiar.
• Adoção Unilateral: o enteado ou a enteada poderá ser adotado pelo
padrasto ou pela madrasta (art. 41 do ECA). É a denominada adoção unilateral.

• Acréscimo do Sobrenome: é possível o acréscimo do sobrenome do padrasto


ou da madrasta ao sobrenome do enteado ou da enteada.

• Poder Familiar: a família recomposta não altera o poder familiar em relação


aos pais que não integram a nova família (art. 1.636, CC).
FCC/DPE BA/DEFENSORPÚBLICO/2021) Paula, 17 anos, ficou órfã de pai e
mãe e reside com dois irmãos mais novos em um barraco construído por sua
falecida mãe. Paula, apesar de muito jovem, assumia a responsabilidade da
família, guardava os documentos dos irmãos, incluindo cartão de vacinação, e
se apresentava para tratar das demandas de todos.
Tal situação retrata claramente uma hipótese de família:
a) anaparental.
b) pluriparental.
c) monoparental.
d) unipessoal.
e) em mosaico.
(FUNDAÇÃO CEFET BAHIA/MPE BA/PROMOTOR DE JUSTIÇA
SUBSTITUTO/2018)
À luz da doutrina e da jurisprudência contemporâneas aplicáveis ao direito das
famílias, assinale a alternativa correta.
a) A constitucionalização do civil representou um indevido intervencionismo
estatal nas relações privadas.
b) O interesse na entidade familiar se superpõe ao interesse da pessoa.
c) No direito das famílias, a ofensa aos direitos da personalidade não ocasiona
a reparação de danos.
d) Em virtude de as relações familiares se fundamentarem no afeto, a estas
não se aplicam as normas de responsabilização por dano.
e) O princípio da solidariedade familiar que implica cooperação e respeito
mútuos em relação aos membros das famílias, quando violado, justifica a
imposição de reparação de danos.

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