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DIREITO DE FAMÍLIA - MARTA SAAD

Aula 1 - Apresentação do Curso

Atividade para semana que vem:

 Quais são, na sua opinião, as motivações científicas, emocionais, culturais,


sociais e jurídicas que levam uma pessoa a buscar em outra pessoa o
complemento de sua própria felicidade? Para responder, busque subsídios na
ciência, na cultura, na arte, no direito etc e cite suas fontes de pesquisa ao
final do texto. Insira o texto em PDF no Moodle até o dia 18 às 23h.

→ Relações com base no afeto:

 Amor é fruto na alteração de substâncias no cérebro: paixão (curta duração e grande


intensidade); é regulada por fatores endócrinos e regulada por hormônios e
neurotransmissores. Saudade, motivação, etc. É fruto de certas alterações hormonais:
oxitocina e vasopressina e funcionam como neuropeptídeos que agem em
determinadas áreas cerebrais.

Origem da família e do casamento

 Defesa do território, propriedade, grupos


 poliandria / poligamia – patriarcado
 Religião e Roma: descendência, culto ao fogo sagrado (Deus - Lar) + cidadãos
(Pátria).

Influência da filosofia e da religião.


Situação ideal = celibato e castidade.
 Casamento é um mal necessário!
 “O matrimônio convém aos que sem ele não poderiam resistir à concupiscência”. São
Paulo, Epístola aos Coríntios II
 Monogamia
 Bens que justificam o casamento: proles, fides, sacramentum. Santo Agostinho
 Evolução: alterada a visão sobre a família.

Havia uma ideia da preservação da instituição casamento à todo custo, que deve ser
preservado e era a única forma de constituição de família (estava influenciada por valores
religiosos e pela filosofia). Esses valores foram resultados de concepções equivocadas que o
casamento era um remédio, um mal, que se torna um remédio para evitar a imoralidade.
Casamento foi incentivado para homens que não conseguiam se manter afastados do contato
físico com uma mulher.

Homens deveriam se manter em castidade, sozinhos e solteiros, mas para que fosse
atendido o primeiro mandamento que era povoamento, bastavam poucas mulheres. Porém por
conta da evolução/desenvolvimento, os homens se juntam em grupo (por serem maiores e
mais fortes, saiam à caça de animais), e as mulheres ficavam para cuidar da terra. As
mulheres eram consideradas deusas (de divindades) e eram chefes dessas tribos. Tudo que
gerava vida = deusa, terra = deusa, mar = deusa.

Quando homens criam ferramentas/cipó para amarração e não precisam passar tanto
tempo fora dos grupos, ou seja, conforme o processo de subsistência e pecuária, a estrutura
familiar acaba mudando por conta da observância das relações entre outros animais (homem
vira importante na história, mulher passa a ser apenas um receptáculo). Instituíram o
patriarcado e poligamia, não tinham certeza se os filhos eram realmente deles, e por isso
instituíram a fidelidade apenas à mulher.

Teoria do vento: existem dois tipos de vento: o vento norte e o vento sul. O mundo
deveria ser povoado por homens pois são superiores, estabelecem regras de conduta à
humanidade e não poderiam ter distrações. Para cumprir o primeiro mandamento e que
nasciam muitas mulheres. Quando sopra o vento norte, vento seco, proporciona seres com
menos líquidos no corpo (superiores e mais inteligentes), e o vento úmido (enfraquece,
pesado como a chuva, instável como as marés, etc).

Casamento era visto como negativo, mas depois ele acaba sendo considerado uma
forma de escapar da promiscuidade (fator religioso).

3 TEORIAS: teoria de Santo Agostinho, proles, fides (fidelidade, exclusividade),


sacramentum → bens que justificam o casamento. Embora ruim, ele tem objetivo a
procriação. Para ter filhos, precisa estar casado. Casamento serviu por muito tempo como a
manutenção da moralidade e também do patrimônio. Escolha de família baseava-se em
manter ou aumentar patrimônio entre as famílias.

Concepção eudemonista da família: busca à felicidade, família torna-se o instrumento


para a busca da felicidade pessoal, baseada no afeto. Busca essa concepção em Aristóteles.

 Afetividade: passa a ser causa e finalidade da família


 Evolução: da razão à emoção

Princípios do Direito de Família - CF 1988

a. ratio do casamento e da união estável: qual é a razão? é a afetividade, o afeto


é o fundamento da família, valor jurídico mais importante (repercussão 622
STF, que diz que os paternidade biológica não se sobrepõe à paternidade
socioafetiva, permitindo a multiparentalidade no registro de nascimento (é o
caso da união estável, sem formalidades, e também pais biológicos)
b. igualdade jurídica: homem e mulher, conviventes, etc. Poder decisório dentro
do relacionamento, poder é igual para os dois. Antes o marido era o chefe da
relação conjugal, havia uma divergência dos filhos que pediam autorização
para mãe/pai, havia uma total diferença de tratamento. Poder decisório: ela
precisava da autorização do marido, ele não. Ela precisava alterar o
sobrenome, ele não. Agora é diferente, o poder decisório dos pais (tanto pai e
tanto mãe possuem o mesmo poder decisório sob os filhos).
c. igualdade jurídica de todos os filhos: foram proibidas as restrições de
filiação independentemente da origem da filiação, proíbe a distinção de filhos
legítimos e não legítimos (etc: filhos incestuosos/adulterinos não eram
reconhecidos pelo pai). Isso não é mais possível, devem ser reconhecidos e é
proibido qualquer identificação dos pais, não aparece nem mesmo se o filho é
adotado/biológico/adulterino, etc para evitar a descriminação.
d. pluralismo familiar: reconhecimento da diversidade de arranjos familiares na
CF 1988, reconhecimento além do casamento da união estável e da família
monoparental.
e. liberdade: art. 1513/CC (É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou
privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família) .
i. Planejamento familiar (art. 1565/CC) é uma livre escolha do casal, é
dever do Estado conceder recursos educacionais e financeiros para
exercício desse direito. É seu direito ter filhos, e se você não puder ter,
existem políticas públicas para uma reprodução assistida. Se você não
quiser ter filhos, há direito à esterilização. Se não quiser ter filhos
temporariamente, o Estado também concede modelos contraceptivos.
Também há direito de formar domicílio, escolher o regime de bens
durante uma relação familiar, a liberdade é ampla, não ferindo
algumas ordens públicas (etc: se eu houver 70 anos não posso escolher
o regime de bens, preciso ter separação obrigatória)
f. respeito à dignidade da pessoa humana:

Aula 02: Família: novos paradigmas


Direito afetivo: família formada pela afetividade → aquele formado por casal
 conjugal/matrimonial: casamento em todas as formas/modalidades
 consensual: união estável → sem formalidades que antecedem, é a união estável.

Direito parental: família formada pelo parentesco.


 Pluriparental: aquela que reúne todos os parentes (pais, avós, tios, sobrinhos,
desconhecidos que casam com parentes, etc).
 Biparental: família nuclear, pais (mãe/pai) e filhos.
 Monoparental: família formada por 1 mãe ou 1 pai, ou seja, mãe solteira/pai solteiro,
ex: pai falece, mãe falece, mãe divorciada, pai divorciado. Essa distinção é apenas
para dizer que existem direitos e deveres para as mulheres que eram deixadas pelos
pais, qualquer documento precisava do representante legal ou do pai e isso tudo
termina com o advento da família monoparental.
o Antes, chefe de família instituía um bem móvel como bem de família para
moradia dele, do cônjuge, e na falta deles, dos filhos até maioridade civil. Esse
bem se torna impenhorável, pois ele é instituído no cartório de notas, levo-o a
registro e tornasse impenhorável. Apenas o marido poderia fazer isso.
o Família homoafetiva: pai/pai e mãe/mãe, professora entende que é uma
família monoparental pois segue apenas uma linha. Outro caso é a “barriga de
aluguel”, existe a mãe biológica e dois pais ou duas mães, então seria uma
família biparental.
 Anaparental: formada por um grupo, irmãos podem adotar uma criança, por exemplo.
(ECA diz que apenas casal, mas é possível sim agora)
o Ex: sou viúva, meu irmão é solteiro, e nós dois moramos juntos em uma casa,
cada um de nós temos uma vida individual, e podemos constituir um bem de
família HOJE, pois a lei considera esse tipo de família.
 Substituta: dada judicialmente quando uma criança não está sob a guarda/tutela dos
pais, seja por morte, seja por maus tratos, etc. É a guarda (caso os pais tenham a
perdido), tutela (cuida do patrimônio e presta contas dessa tutela) ou adoção (último
caso). Dá deveres similares aos de pais a quem vá ter essa tutela/guarda.

Aula 3: Parentesco

I. ARTIGOS: 1513, 1565 §2°, 1591 A 1595;


II. CJF/STF 108, 256, 339, 519
III. LEI 11.924/2009: nome do padrasto
IV. CNJ PROVS 63/2017 E 83/2019

1. Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado,


interferir na comunhão de vida instituída pela família.
2. Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a
condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da
família.
a. § 2 O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao
o

Estado propiciar recursos educacionais e financeiros para o exercício


desse direito, vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições
privadas ou públicas.
3. Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as
outras na relação de ascendentes e descendentes.
4. Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as
pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra.
5. Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de
consanguinidade ou outra origem.
6. Art. 1.594. Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de
gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos
parentes até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente.
7. Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo
vínculo da afinidade.
8. Provimento Nº 63 de 14/11/2017: Institui modelos únicos de certidão de
nascimento, de casamento e de óbito, a serem adotadas pelos ofícios de
registro civil das pessoas naturais, e dispõe sobre o reconhecimento
voluntário e a averbação da paternidade e maternidade socioafetiva no Livro
“A” e sobre o registro de nascimento e emissão da respectiva certidão dos
filhos havidos por reprodução assistida.
9. Provimento Nº 83 de 14/08/2019 Altera a Seção II, que trata da Paternidade
Socioafetiva, do Provimento n. 63, de 14 de novembro de 2017 da
Corregedoria Nacional de Justiça.
Espécies
Art. 1593: O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra
origem.

 Natural: consanguíneo (biológico), descendem do mesmo ancestral, existe quando há


laços de sangue de qualquer parente da família pluriparental.
 Civil: afim, adotivo, socioafetivo, é uma construção jurídica criada pelo Direito.

PARENTESCO CIVIL: 3 MODALIDADES.

1. ADOTIVO - ECA LEI 8069.90


o CNJ - SNA: https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/adocao/
o Crianças e adolescentes acolhidos: 32.198
o Disponíveis para adoção: 5242
o Em processo de ação: 3169
o Pretendentes pais: 37069
o Passo a passo da ação: https://www.youtube.com/watch?v=wtuQY8jaZ0U
2. AFINIDADE:
o É aquele que adquiro com os parentes do meu marido, ex: quando me
caso/quando tenho uma união estável, eu “ganho” os parentes do meu marido
também, não de todos, mas dos ascendentes e dos irmãos dele. Ex: sogro(a),
madrasta, padrasto, cunhados, enteados, netos etc. NÃO HÁ DEVER LEGAL
NENHUM, ou seja, não preciso exercer direitos e nem deveres sobre essa
nova família. Não posso pedir alimentos ao meu sogro, pois sou parente por
afinidade, mas meu filho pode, pois é parente consanguíneo dele.
o Qual a finalidade desse tipo de parentesco? Algumas pessoas dessa nova
família podem se opor ao meu casamento. Ex: sou casada, meu marido falece
e deixa um filho. Não fiz inventário do meu marido, mas quero me casar de
novo. Há o risco que eu leve o patrimônio desse matrimônio antigo para o
novo marido, e não dê a partilha da herança que cabe ao filho do meu primeiro
casamento. Quem avisa o cartório sobre isso são os parentes por afinidade,
pois o patrimônio é da família deles.
o Eu não posso me casar com meus parentes por afinidade, mesmo depois
da morte/divórcio. Não posso casar com meu sogro, não posso casar com o
filho dele. É a mesma posição hierárquica, são ascendentes do meu marido, e
assim vice-versa. Posso ter INFINITAS sogras, não há EX-SOGRA segundo o
parentesco por afinidade, mas cunhado pode.
i. CC. art. 1595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes de
outro pelo vínculo da afinidade.
ii. § 1°: O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos
descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro.
iii. § 2°: Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do
casamento ou da união estável.
3. SOCIOAFETIVO: crio alguém que não é meu filho. Ex: alguém abandona uma
criança e eu cuido dela; pai que possui filho e se casa e madrasta se torna uma “mãe”
pois há uma relação afetiva entre os dois, etc. Isso gera perante terceiros a aparência
de uma filiação e maternidade. APENAS É RECONHECIDA
JUDICIALMENTE!!!!!! ENQUANTO NÃO HOUVER RECONHECIMENTO
JURÍDICO, APENAS A MÃE CONSIDERA A MATERNIDADE. OU É
JUDICIAL OU ESCRITURA PÚBLICA.

o A filiação depende da idade da criança (se for muito novo, o parentesco


socioafetivo não é observado pelo ponto de vista do filho, apenas pelo ponto
de vista materno, e não deve ser assim). Essa relação é exterioridade pois o
filho passa a ter a posse do estado de filho, dessa situação jurídica de ser filho.

o (...) se o afeto persiste de forma que pais e filhos constroem uma relação de
mútuo auxílio, respeito e amparo, é acertado desconsiderar o vínculo
meramente sanguíneo, para reconhecer a existência de filiação jurídica.
(REsp 878.941/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 21/08/2007, DJ 17/09/2007, p. 267)

POSSE DO ESTADO DE FILHO


→ STJ (2010) a maternidade socioafetiva deve ser reconhecida, mesmo no caso em que a
mãe tenha registrado filha de outra pessoa como sua (“adoção à brasileira” – CP 242)
 Registrar filho alheio como próprio é crime, mas se for para dar nome de pai/mãe a
quem não tem no registro, está tudo bem pois o DP não atribui como crime, mas
civilmente contém uma falsidade e pode ser considerado como ato nulo, como há
relação socioafetiva, não se desfaz essa adoção, ela é reconhecida pela lei por conta
dessa relação de AFETO.

Não há como desfazer um ato levado a efeito com perfeita demonstração da vontade
daquela que, um dia, declarou perante a sociedade ser mãe da criança, valendo-se
da verdade socialmente construída com base no afeto. Rel. Ministra Nancy Andrighi.

REGISTRO DE FILHO ALHEIO COMO PRÓPRIO


→ STJ (2016) Ação negatória de paternidade. Padrasto registrou filho da mulher. (...) “não
podendo ser aceito arrependimento posterior. Imperativo prestigiar a posse de estado de
filho de que desfruta o registrado, na medida em que se configurou a filiação socioafetiva.
(...)” Rel: Ministro Luis Felipe Salomão.
 Filho foi criado como filho, não posso abrir uma ação dizendo que aquele filho não é
mais meu. Até posso cancelar esse reconhecimento paterno, mas precisa ser breve!!!
 Exemplo: pai biológico some, padrasto possui uma relação socioafetiva com o
enteado. Ele pode pedir para retirar o nome do pai biológico do registro desse filho e
colocar o nome dele na filiação.

LINHAS E GRAUS
Linha colateral: mesmas pessoas do mesmo tronco ancestral, mas não são descendentes
umas das outras. Exemplo: começa do eu → filho → neto → bisneto.

 Eu e o irmão não descendem um do outro, apenas possuem o mesmo ascendente. Na


linha reta, cada geração contamos um grau. Linha reta descendente é ao contrário, é
de quem de mim descendem, é ao contrário. Cada geração para cima, aumenta um
grau. Enquanto tiver um ascendente vivo, ele entra na contagem de graus. Na linha
reta descendente é em primeiro grau, neto em segunda, bisneto em terceiro.

Linha colateral: em que grau está o meu irmão? Preciso buscar um ascendente comum aos
dois, que seriam os pais. Não existe parente de primeiro grau aqui, apenas parente de segundo
grau para cima. Irmão é parente de segundo grau, pois preciso buscar a geração ascendente e
depois o irmão.

Filho do sobrinho: como contar os graus? Busco o ascendente comum, o ascendente comum
é o ascendente do sobrinho, que seria o sobrinho que o gerou, que foi gerado pelo irmão que
foi gerado pelos pais. Os pais são 1° grau, irmãos 2°, sobrinho 3°, filho do sobrinho, 4°.

Tios: qual o ascendente comum dos meus tios? Meus avós, pois geraram meus pais e meus
tios. Avós 2° grau, pais 1° grau, tios 3° grau. → CONTA A PARTIR DO EU, POR ISSO
OS PAIS SÃO EM PRIMEIRO GRAU.

 REVER ESSA QUESTÃO DE SUCESSÕES NO MINUTO 29 MIN.


 PS: não importa se tenho uma relação de parentesco afetiva/socioafetiva/adotiva, a
mesma contagem de graus se aplica para todos esses parentescos!!!
o Ps2: com exceções em relação ao parentesco de afinidade (aquele que herdei
do meu marido), pois há certas limitações.

→ Não posso me casar com parente de 3° grau.


 Ex: meu tio e meu tio se divorciam. Minha tia é irmã da minha mãe, o marido dela se
torna meu tio por força de situação social, mas o marido da minha tia NÃO É MEU
PARENTE, portanto, posso casar com ele. O cônjuge do tio/primo/sobrinho NÃO É
MEU PARENTE, eles são parentes por AFINIDADE, e parentes por afinidade
param no 2° grau de parentesco. Marido ou mulher dos meus pais são meus parentes
sim pois são da mesma linha reta. Prima da minha mãe não é minha parente!!!

CASAMENTO

 Brasil Colônia e Império: Casamento religioso católico.


 Legislação Canônica: Ordenações e Concílio de Trento.
 Lei n. 1.144, de 11 de setembro de 1861 e Dec. 3.069/1863. Brasil República:
15/nov/1889
 CF/1891, art. 72: A família é constituída pelo casamento civil, obrigatório e
indissolúvel.
o § 4º: casamento civil deve preceder qualquer ritual religioso.

Para católicos, era obrigatório o casamento religioso para constituição de família, e foi
assim até a proclamação da república. A partir dela, houve separação do estado com a igreja,
e nela institui-se que a união civil agora é obrigatória, por conta do DEC 181/1890, e
APENAS o casamento religioso por si só não constitui uma família, ela se torna ilegítima.
Não há efeito jurídico nenhum!

Ps: Estado cede e agora casamentos religiosos podem produzir efeitos retroativos.
Quem é casado apenas no religioso não é CASADO de fato, é uma excelente prova de união
estável, mas não é casado civilmente. Quem casou no religioso pode pedir efeitos civis, e
esses efeitos retroagem desde a data de celebração do casamento religioso.

“A natureza jurídica do casamento é tema controverso, tendo surgido na França, no


início do Século XVIII, corrente que defendia ser o casamento um contrato, cuja validade e
eficácia decorreriam apenas da exclusiva vontade das partes. Era uma reação à ideia de
casamento somente como sacramento religioso. O maior obstáculo a essa corrente era o fato
de que se fosse um contrato, poderia ser dissolvido por distrato, o que não acontece. O
Estado protege a família, pois são as células estatais, de modo que ele coloca obstáculos à
separação, para que não seja tão simples a separação.
Ainda como reação de casamento como sacramento religioso, outra corrente defendia
a ideia de casamento como instituição, formada por um conjunto de regras impostas pelo
Estado ao qual as partes teriam apenas a possibilidade de aderir. O obstáculo aqui seria
quanto à manifestação da vontade, pois ela pode acontecer em vários momentos, como na
escolha do regime de bens. Portanto, o casamento seria pacote completo, no qual as pessoas
adeririam ou não.”

NATUREZA JURÍDICA E CONCEITO: contrato vs instituição.

Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher


manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os
declara casados.

O celebrante, após ouvir dos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e
espontânea vontade os declarará casados.

Teoria contratualista: quem defende é a Maria Helena Diniz. Casamento é um contrato puro e
simples nascendo da manifestação de vontade dos nubentes. São previstas as condutas a ser
pautadas pelas partes, bem como os aspectos patrimoniais. → SOCIALMENTE MAIS
ACEITO, é um negócio jurídico contratual.
Teoria institucionalista: a grande maioria da doutrina. Adoção é uma instituição, o que forma
um vínculo jurídico de parentesco é uma sentença, enquanto não houver, não há adoção.
Casamento é um conjunto de regras prefixadas, é a lei que dispõe sobre as normas que
norteiam o casamento.
DEFINIÇÃO DO CASAMENTO: Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de
vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges.

PRINCÍPIOS DO CASAMENTO
1. Monogamia: pois a bigamia é causa de nulidade do casamento
2. Liberdade: escolha de regime de bens, na modalidade de celebração, etc.
3. Comunhão plena de vida: em prol da família, em prol dos membros, etc.

PROCESSO DE HABILITAÇÃO
 Pessoas precisam se submeter à algumas formalidades antes do celebrar o casamento.
Essas formalidades são executadas em um processo de habilitação, que é proposto no
cartório do registro civil. Os casados precisam preencher um formulário, entregar
documentos e irão iniciar um processo que habilitará esse casamento.

Art. 1.525. O requerimento de habilitação será firmado por ambos de próprio punho, ou
por procurador, e deve ser instruído com:

 certidão de nascimento ou equivalente;


 autorização dos representantes legais; → caso sejam incapazes.
 declaração de duas testemunhas;
 declaração do estado civil e domicílio;
 prova de viuvez, divórcio ou anulação do casamento anterior

 O cartório correspondente deve ser do domicílio de qualquer um dos noivos. Precisa


fazer prova do novo domicílio, então podem escolher o cartório do registro civil. Em
regra, celebram o casamento dentro do próprio cartório.

 Juiz de casamento vai onde determinarmos, o processo de habilitação é pago, mas a


cerimônia é gratuita. No formulário de casamento pode exigir o casamento religioso
(com juiz de paz). Escolhe no próprio formulário o tipo de regime de bens.

Ex: tenho uma filha e sou viúva, me caso com um homem que tem um filho e é divorciado.
Sou madrasta do filho dele, é meu parente por afinidade, e ele é padrasto da minha filha,
parente por afinidade também. A filha dele e a minha filha NÃO são parentes, não há
parentesco. Não há nenhum efeito jurídico de filiação nesse caso. Não há alimentos, não há
sucessão, casamento é permitido etc.

PROCLAMAS:
 Art. 1527: EDITAL - publicação 15 dias. → pode ficar por menos dias em casos de
urgência, ex: noiva está em iminência de dar a luz, doença, viagem necessária, etc.
Enquanto não termina o prazo, o oficial de justiça não autoriza a realização do
casamento.
o ARPEN: www.proclamas.org.br/

CAUSAS SUSPENSIVAS:
Art. 1.523. Não devem casar: → Eles podem, não tem impedimento, mas não devem até
que determinado fato ocorra.
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer
inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; → para não carregar os
bens do filho herdeiro para o segundo cônjuge.
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até
dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; →
durante os 10 meses de gestação depois que o marido dela morre/ou é divorciada,
ela pode se casar em regime de separação obrigatória
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos
bens do casal; → Quando me divorcio, o regime de bens se extingue, mas os bens
constituídos no casamento podem ser partilhados depois. Antes de 2010 precisava
esperar 02 anos para um divórcio de fato.
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou
sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou
curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as
causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de
prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou
curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência
de gravidez, na fluência do prazo.

Restrição patrimonial: regime da separação de bens (CC, 1.641)

Art. 1524: parentes em linha reta e colaterais em segundo grau, consanguíneos ou afins.

IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS
Art. 1.521: Não podem casar (sob pena de nulidade)
 Resultam de parentesco: natural ou civil (incisos I a V)
o I - os ascendentes com os descendentes (pais e filhos, bisavós e netos, avós e
netos). Caso Kim West e Ben Ford. → maioria dos estados americanos
condenam o incesto com pena de prisão, menos Nova Jersey e Rhode Island.
No Brasil não é crime, apenas há nulidade do casamento.

Aula 04: Continuação impedimentos matrimoniais


II - os afins em linha reta
TJMG - Apelação cível. Direito de família. Declaratória de nulidade de casamento. Padrasto
e enteada. Parentes por afinidade. Casamento. Impossibilidade. Art. 1.521, inciso II, do
Código Civil. Nulidade. Sentença mantida. (...) Mesmo o enlace tendo ocorrido após o
falecimento de sua mãe, o casamento deve ser declarado nulo, porquanto o parentesco por
afinidade em linha reta não se rompe com o desfazimento do matrimônio. A lei procura
preservar o sentido ético e moral da família, (...) o parentesco por afinidade procura seguir a
natureza e as restrições relativas à família biológica.

IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau


inclusive:
Ex: tenho um casamento, tenho dois filhos, meu marido morre, me caso de novo, tenho um
novo filho com outro marido, os irmãos são bilaterais (do primeiro casamento), e do segundo
casamento é um irmão unilateral. Eles não podem se casar entre si, nem unilaterais ou
bilaterais.
 Exceção ao casamento de tios e sobrinhos (Colaterais 3º grau) (avuncular): se
baseia em um procedimento médico que deve ser realizado antes do casamento
[decreto lei 3200/1941, quando vou em um cartório a gente deve informar ao cartório
que temos esse grau de parentesco. Cartório terá que indicar 2 médicos que irão
examinar os noivos e irão fazer uma análise e emitir atestado que não existe
inconveniente médico para a geração de filhos.] (se me casei depois fazer esse
procedimento, será considerado nulo o casamento). Posso também utilizar um 3°
médico se 1 dos médicos diga que posso e outro que não posso. Se os 2 atestarem
negativamente, o casamento não poderá prosseguir.

JURISPRUDÊNCIA: TJ-MG ANULAÇÃO DE CASAMENTO. COLATERAIS DE


TERCEIRO GRAU. TIO E SOBRINHA. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL.
DECLARAÇÃO FALSA DE INEXISTÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL. NULIDADE
DO CASAMENTO. PENSÃO POR MORTE CANCELADA. Apelação Cível AC
10024111190989003 MG : 18/12/2013 → AQUI ELES NÃO SE SUJEITARAM AO
PROCEDIMENTO ANTES DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO. AQUI ELES
OMITIRAM O PARENTESCO, CASAMENTO NASCE NULO, É UM VÍCIO QUE
NÃO POSSUI CURA.

CASO HULK: casa com a SOBRINHA da ex-esposa. É possível, não gera nenhum tipo de
impedimento jurídico. São parentes por afinidade.
 Se a sobrinha fosse adotada, ela imita a consanguinidade, está na mesma posição da
linha reta. É a mesma teoria utilizada para não casar com sogro, pois não posso casar
com meu pai, e nem com o pai do meu marido. Estão na mesma linha “geográfica”.

III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do
adotante
 O adotante não pode se casar com quem foi cônjuge do meu filho adotivo. Não posso
casar com meu sogro/genro/nora. Ou seja, é um parentesco por afinidade que ainda é
uma causa de impedimento matrimonial.
 Eu adotei um filho e me casei com alguém, essa pessoa se torna parente por afinidade
do meu filho adotivo/consanguíneo, é padrasto/madrasta e enteado, é parente por
afinidade decorrente da adoção. Por conta disso há o impedimento matrimonial.

V - o adotado com o filho do adotante


 Caso mais comum de incesto. Tenho um filho consanguíneo e um adotivo e eles se
apaixonam e querem se casar. Não pode, pois se tornaram irmãos pois agora tenho
dois filhos que estão na mesma posição geográfica.

RESULTA DE VÍNCULO CONJUGAL:


VI - as pessoas casadas - CP, 235 – bigamia
Enquanto estou casada não posso ter um segundo casamento. O segundo casamento se torna
nulo e posso me incorrer no crime de bigamia do C.
 É um impedimento de ordem geral, não posso me casar com nenhuma pessoa se um
vínculo conjugal esteja presente. Quando um casamento é dissolvido pela morte, eu
extingo, me torno viúva. Se meu casamento é tornado inválido, eu volto a ser solteira.
Se me divorcio, meu estado civil é divorciado, não tenho vínculo matrimonial. Mas
para que eu possa me casar novamente é preciso que o processo de divórcio esteja
finalizado e que a sentença tenha transitado em julgado, pois antes disso ainda
permanece o vínculo conjugal. A separação não extingue a sociedade conjugal, o
vínculo matrimonial ainda existe!! Ou seja, se eu quiser me casar novamente, o novo
casamento será declarado nulo.

Resulta de crime:
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio
contra o seu consorte (dolo x culpa; condenação; trânsito em julgado)
 Alguém é responsável pelo homicídio do meu marido e eu desejo me casar com o
assassino. O legislador imagina que eu tenha algum tipo de relação com o crime, e por
isso fico impedida. É imprescindível que haja a ação penal, o impedimento surge se
há a ação penal e nela ficar comprovado que o sujeito do qual eu quero me casar
possuía dolo no homicídio, com condenação, que foi autor do crime e deve ter trânsito
em julgado. Apenas a morte do meu cônjuge não é motivo o suficiente para haver
impedimento.
 OU SEJA, PRECISA TER HOMICÍDIO DOLOSO + SENTENÇA PENAL
CONDENATÓRIA + AUTORIA DO CRIME + TRÂNSITO EM JULGADO
*TAMBÉM VALE TENTATIVA AQUI*

OPOSIÇÃO DE IMPEDIMENTOS:
É manifestar-se caso haja um impedimento matrimonial. A oposição é feita via por
via escrita é submetida ao Juiz dos Registros Públicos. Pode ser feito por qualquer pessoa
capaz, precisa submeter ao MP. Essa oposição pode ser feita até durante a cerimônia de
casamento civil. Até esse momento alguém pode entrar e manifestar-se a respeito de uma
oposição de impedimento: não basta falar, precisa ir no cartório de registro civil entregar
a declaração de oposição, indicando provas do impedimento que eu digo que existe
entre essas duas pessoas.
Preciso provar pois posso ser considerado uma oposição de má-fé (pode ser crime de
declaração falsa em cartório, posso ser processado por danos morais e materiais, etc). O juiz
abre um prazo para o casal fazer a sua defesa e apurar se há de fato o impedimento, caso
esteja provado que há, o casamento não ocorrerá.

→ submetida ao Juiz dos Registros Públicos. Art. 1.522, 1529 e 1530: - até quando? - por
quem? - como? - defesa dos nubentes

CERTIDÃO DE HABILITAÇÃO
Art. 1.531 e Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em
que foi extraído o certificado. (DECADÊNCIA)
 Não pode passar além dos 90 dias dados para a celebração do casamento. Depois
disso, o prazo caduca. Posso me casar com a mesma pessoa? Posso sim, só precisa em
um novo processo de emissão da certidão de habilitação.

CELEBRAÇÃO
Art. 1.534 e §§: sede do cartório ou outro local, publicidade, portas abertas, duas
testemunhas, parentes ou não.
 Precisa ser público, não pode ser clandestino, em sigilo. Ele é cercado de publicidade
justamente para caso houver a possibilidade de oposição. Precisa de 02 testemunhas
(cartório), se estou com a mão engessada/sou analfabeta e não estão as 4 testemunhas,
se apenas duas estão presentes, não há invalidade desse casamento.

SUSPENSÃO
Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos
contraentes:
I - Recusar a solene afirmação da sua vontade;
II - Declarar que esta não é livre e espontânea;
III - manifestar-se arrependido.

Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à
suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia. Art. 1.536. Do casamento,
logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de registro.

 Se um noivo estiver alcoolizado, sob efeito de drogas, se ele perceber que não há tanta
vontade de casar entre os noivos, o juiz pode declarar a suspensão do casamento. Se
um dos noivos deu causa de suspensão de forma equivocada, ele não pode demonstrar
arrependimento e se retratar no mesmo dia. Terá que remarcar o casamento.

FORMAS ESPECIAIS DE CELEBRAÇÃO


MOLÉSTIA GRAVE - casamento urgente
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo
onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas
que saibam ler e escrever.
 Juiz que se desloca, ocorre um problema grave de saúde e a pessoa não pode se
deslocar. Ex: precisa se submeter à uma cirurgia, vai precisar ser internada por um
tempo maior etc.

NUNCUPATIVO – in extremis vitae momentis


Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a
presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o
casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham
parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.
 Aqui não dá tempo da autoridade celebrante vir até o local, não tem oficial de
registro, precisa antecipar a cerimônia pois a pessoa piorou muito o estado de saúde.
Os próprios noivos celebram o casamento, precisam ser 06 testemunhas, não podem
ser irmãos, ascendentes e nem descendentes. Por quê? Para evitar conflitos de
interesses em relação ao inventário.
 No prazo de dez dias o cônjuge sobrevivente comparece perante o juiz da Vara de
Registros Públicos e convoca as 6 testemunhas para serem questionadas e
confirmarem que foi realizado o casamento. Pode ocorrer que uma das pessoas não
tenha condições de falar, e apenas um gesto substitui.

HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL POSTERIOR


Art. 1.541. Testemunhas comparecem perante a autoridade judicial mais próxima, em 10
dias, relatando o ocorrido.
 Preciso levar documento correspondente para provar o falecimento do meu cônjuge,
se ele sobreviver, ele tem direito à comparecer ao cartório para ratificar a vontade dele
de permanecer casado e o juiz irá homologar o casamento.
 TJRN - Casamento nuncupativo. Sentença homologatória de termo de celebração de
casamento em iminente risco de vida. Comprovação da existência de vontade
inequívoca do moribundo em convolar núpcias.

CASAMENTO POR PROCURAÇÃO


Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com
poderes especiais.

 Procuração dá poderes para escolher o regime de bens, participar da cerimônia,


procurador diz com quem deve se casar.
 Chegou o dia do casamento no Brasil e eu estou no exterior, desisto de casar pois
conheci alguém no parque. Eu preciso fazer uma revogação oficial que precisa ser
feita por instrumento público: se estou fora, preciso ir no consulado brasileiro fazê-lo
por procuração.

- instrumento público, com poderes especiais.


- revogação
- não ciência da revogação: perdas e danos.
- revogado e celebrado = anulável
- eficácia do mandato: 90 dias.
- os 2 noivos podem ter procurador? Um para cada?

CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS


 CF/88, Art. 226. § 2 O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
 CC, Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a
validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro
próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração.

Ex: minha religião permite que os casamentos sejam feitos entre pessoas de 12 anos. No
casamento civil, esse casamento é anulável, pois os agentes são incapazes. Esse casamento
não atribui efeitos civis, para o Direito não é nem união estável e nem um casamento válido.
A mesma forma se forem um trisal querendo casar civilmente, fere a moral.

 respeitadas as condições de validade do casamento civil.


 invalidade civil ou divórcio atingem casamento religioso?

CC, 1516:
§1º - habilitação prévia: lá no cartório, abrimos uma habilitação e diremos que queremos
casar no religioso com efeitos civis. Estou pedindo previamente que quero efeitos civis,
indico qual a Igreja, qual celebrante, etc. Chega o dia do casamento, vou à igreja e vou casar.
A autoridade celebrante informa aos celebrantes que a cerimônia celebra efeitos civis.
§2º - habilitação posterior
PROVAS DO CASAMENTO
CC. 1543: Casamento tem prova pré-constituída: certidão feita ao tempo da celebração
Parágrafo único. Justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível qualquer outra
espécie de prova.
 Ex: certidão de casamento destruída pelo fogo, traças etc. Posso provar meu
casamento com qualquer outro documento, como passaporte, certidão de casamento,
etc.

POSSE DO ESTADO DE CASADOS


MATRIMONIUM NON PRAESUMITUR → casamento não se presume. Posso mostrar ao
juiz que sempre nos tratamos como cônjuges, usamos o mesmo sobrenome, etc. Se houver
provas contrárias, julgar-se-á a favor do casamento se os cônjuges demonstraram que
viveram da posse do estado de casados.

Requisitos da posse do estado de casados:


tractatus fama nomem

Art. 1547. Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-se-á pelo casamento, se
os cônjuges, cujo casamento se impugna, viverem ou tiverem vivido da posse do estado de
casados.

PROVA DE CASAMENTO NO EXTERIOR


Art. 1.544 e LINDB, 7º e 18; LRP, 32. Opções para cidadão brasileiro domiciliado no
exterior:

c.1) se celebrado perante agente consular brasileiro (LICC, 18), prova: certidão do
assento no registro do consulado.

c.2) se realizado no estrangeiro: certidão local; princípio de direito internacional privado:


locus regit actum.

Produção de efeitos no Brasil: posterior registro.


CNJ Resolução Nº 228 de 22/06/2016: Apostilamento – Convenção de Haia.

 Quando celebramos casamento no exterior perante a lei brasileira, será feito perante
autoridade consular. O consulado irá nos emitir uma certidão de casamento, quando
estivermos no Brasil, registramos no cartório a certidão de nascimento em qualquer
domicílio. Não quero me sujeitar à lei local.
 Posso realizar casamento perante autoridade local, quando voltar ao Brasil a prova vai
ser feita com base na lei do país em que me casei, depende da certidão local que eles
me emitirem (princípio do direito internacional privado), a lei local rege o ato ali
praticado e ali cumprido.

Aula 05 - Planos do casamento (como ato jurídico)


O casamento é um ato jurídico. Para poder analisar como ato jurídico, é necessário verificar
se ele existe; logo, precisamos analisar a teoria Ponteana: existência, validade (nulo ou
anulável) e eficácia (surte efeitos).

No direito matrimonial, não se segue a teoria geral da nulidade. Ex: se alguém de 12


anos faz um contrato de compra e venda, esse contrato é nulo (há efeito ex tunc e cada um
volta seu status quo), agora, se uma pessoa de 12 anos se casa, esse casamento não é nulo e
sim anulável.
O juiz não pode declarar um casamento nulo de ofício, ele precisa informar o MP para
que este levanta o questionamento.
Quando um ato é anulável, todos os prazos de anulabilidade de casamento são decadenciais,
não há NENHUM prescricional.
Atos nulos não convalesce, já por anulável sim.

EXISTÊNCIA E INEXISTÊNCIA DO
CASAMENTO
Se eu não tenho prova que o casamento foi celebrado, não temos casamento; ele não
existe. Segundo a teoria de Zacarias, o casamento tinha que ter (i) celebração civil, (ii)
consentimento e (iii) diversidade de sexos.

Atualmente, o casamento é inexistente (não entra no mundo jurídico) por:


1) ausência de celebração (ex: um casamento só no religioso, sem atribuição de efeitos civis)
2) Ausência de consentimento: é no momento de consentir que o vínculo jurídico se forma,
no momento que os noivos dizem sim. Se não há consentimento, não há casamento. A
vontade tem que ser expressa, verbalmente, por sinal, etc.
Silêncio não é uma declaração de vontade

⇨ É NECESSÁRIO SOMENTE UM DESSES REQUISITOS PARA O CASAMENTO


EXISTIR. Ex: se uma mulher não consente com um casamento mas se é registrado mesmo
assim, o casamento EXISTE, o que deverá ser pedido é a nulidade do registro.

*identidade de sexo não é mais requisito de nulidade. STF ADI 4277 - 2011 Res. CNJ
175/2013: Art. 1º. É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração
de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo
sexo.

VALIDADE E INVALIDADE DO
CASAMENTO (Art 1548 CC)
2.1 DA NULIDADE
Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:

I - Revogado
⇨ Antes e previa que o casamento poderia ser nulo se o cônjuge fosse enfermo mental sem o
necessário discernimento para os atos da vida civil. Isso foi revogado pelo EPD – Lei 13.146
de 201). A deficiência deixou de ser fundamento para incapacidade. Agr se encaixa em um
dos artigos do CC:

⇨ Hoje, o deficiente pode praticar absolutamente tudo isso SOZINHO (ou com a
representação de seu cônjuge se ele for casado).

 Art. 6 da lei 13.146 de 2015: A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa,
inclusive para:

I - casar-se e constituir união estável;


II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações
adequadas sobre reprodução e planejamento familiar;
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em
igualdade de oportunidades com as demais pessoas

Os deficientes não podem ser impedidos de se casar. Agora, se o juiz achar


necessário, ele pode pedir um laudo médico caso verifique a deficiência que a pessoa pode
realmente impedi-la de casar. Ex: A pessoa não consegue nem se comunicar, parece perdida.
Isso serve para protegê-la. Antes, os deficientes precisavam de curador para atos pessoais,
agora não precisam mais, só precisam para atos civis. Segundo a prof, isso traz problema e
certa insegurança jurídica para os deficientes, pois alguns atos precisam de mais proteção.
Ex: precisa fazer uma cirurgia de urgência, para precisar abri-la requer-se autorização do
curador, mas se ela não tem curador, precisa da autorização dela própria.

II- por infringência de impedimento:


⇨ Hipóteses do art 3° e 4°:
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos

Art. 4 o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:


I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.

A NULIDADE SÓ OCORRE EM IMPEDIMENTO MATRIMONIAL.


Pode ocorrer, como já dito, do registro ser nulo por não haver consentimento ou por ter sido
resultado de simulação, mas são casos raros.

ANULABILIDADE
CC, 1550. É anulável o casamento por:
I - de quem não completou a idade mínima para casar;
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do
mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
VI - por incompetência da autoridade celebrante.

Incapacidade etária:
I - de quem não completou a idade mínima para casar;
⇨ idade para ser nubente é 16 anos (isso pq é uma idade boa para se sustentar, prevenir
doenças, simboliza o fim da puberdade, etc. acabam sendo fatores culturais) com autorização
dos pais. Sem autorização, só com 18 anos. O casamento emancipa aqueles que se casam aos
16 até os 18.

⇨ Art. 1520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade
núbil. Lei 13.811/2019.
Prof é contra essa lei, ela acha que no caso de gravidez não deveria ser proibido. Casar com o
pai da criança muitas vezes ajudava a menina a conseguir sustento para si e para a crinaça,
doiunuir os abortos clandestinos, etc.

⇨ Art. 1.551. Não se anulará o casamento de que resultou gravidez:


Se o casal se casa antes dos 16 e disso resulta gravidez, não se anula o casamento. Isso
demonstra que não casou porque estava grávida, mas depois quiseram.

⇨ Art. 1.553. Confirmação do casamento, com a autorização dos representantes:


ex: Ana casa com 15 e ao fazer 16 ela confirma que quis se casar com 15 e manter o
casamento.

Falta de autorização
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
⇨ Autorização dos pais ou responsáveis

⇨ Art. 1550, II – Autorização dos pais ou representantes legais: dos 16 aos 18 anos.
Há a hipótese de Suprimento judicial em caso de recusa injustificada dos pais (não quer
casamento pq uma pessoa é pobre, de outras religiões, etc).

Art. 1.555. § 2 o Não se anulará o casamento quando à sua celebração houverem assistido os
representantes legais do incapaz, ou tiverem, por qualquer modo, manifestado sua aprovação.
⇨ Ex: ir no casamento, tirar fotos, celebrar, não entrar com ação judicial contra, etc.

Prazo para anulação (Art 1560, § 1º ):


180 dias, contados:
1- para o menor de 16, do dia em que completou essa idade;
2- para representantes legais ou ascendentes, da data do casamento.

⇨ Quando o casamento é anulável, a perda de efeitos é ex nunc, ou seja, A PARTIR da


sentença. Até a sentença, ele produz efeitos.

Vício da vontade: erro e coação


III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558 (que tratam de dolo, erro e
coação).
⇨ São os chamados Vícios de consentimento: ERRO ESSENCIAL (erro essencial quanto à
pessoa do outro, ao consentir no casamento).
⇨ O dolo não importa pro direito matrimonial. Não interessa se o outro agiu de boa ou má fé
(com ou sem dolo), se EU me enganei, eu tenho que provar.
⇨ PRAZO decadencial para anular o casamento por erro essencial: 3 anos da celebração - art.
1560, III
⇨ Legitimidade para propor a ação: apenas cônjuge que incorreu em erro (que se enganou)
⇨ Coabitação: se eu saber do fato e continuo com a pessoa, não convalida. Art. 1.559.
Coabitação após conhecimento do fato, convalida o casamento, exceto na hipótese do inc. III
do art. 1.557 (de moléstia).

ERRO
O erro, para ensejar anulação do casamento é o erro essencial, tem que ser o erro
substancial: é um engano da pessoa sobre um fato ou defeito do outro que eu não sabia na
hora da celebração do casamento. O juiz avalia tb subjetivamente (valores, expectativas do
cônjuge, etc).

Requisitos para que o erro enseje anulação:


• Anterioridade do fato antes da celebração do casamento
• ignorância do fato até o momento da celebração. O Cônjuge precisa não saber
• insuportabilidade da vida em comum ao tomar conhecimento do fato. Ou seja, ao descobrir
o fato, a vida em casal ficou insuportável.

Art. 1.557. Erro essencial sobre a pessoa do outro:


I - identidade, honra e boa fama
sobre identidade: aqui pode ser o caso que a pessoa é transgênero e não avisou o parceiro
Honra;boa fama: descobrir que a pessoa já cometeu traição durante o namoro, 10 anos antes
do casamento, pode ser considerada um erro essencial → tb cabe aqui caso que após o
casamento se descobreque o parceiro é homosexual e não avisou

Jurisprudências:
TJMG - CASAMENTO - AÇÃO ANULATÓRIA - ARREPENDIMENTO POSTERIOR DO
CÔNJUGE - ERRO ESSENCIAL - INEXISTÊNCIA - HIPÓTESE DE SEPARAÇÃO
JUDICIAL (...) “O fato de haver o cônjuge se arrependido do casamento civil e se recusado a
comparecer à celebração religiosa não caracteriza hipótese de anulação do matrimônio por
erro essencial, mas hipótese de separação judicial.”

Apelação Cível nº 1.0024.02.710026-2/001 - Belo Horizonte, 09/junho/2005. Relator: Des.


Cláudio Costa
TJRS - “O apelante, pessoa de pouca instrução, se viu rapidamente envolvido e,
concomitantemente ao momento em que conheceu a recorrida, já firmou pacto antenupcial de
comunhão universal de bens. Os fatos que dão causa ao pedido (ingenuidade do varão,
ignorância acerca das consequências da escolha do regime de comunhão universal de bens e
alegação de que a mulher pretendia, apenas, aquinhoar seu patrimônio), são suficientes para
caracterizar hipótese de erro essencial". Proc. nº 70052968930 – julho 2013

II - ignorância de crime anterior ao casamento;


III - defeito físico (que não caracterize deficiência (Lei 13.146). EX: impotência sexual,
defeitos nas partes íntimas, etc) ou
moléstia grave transmissível (por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do
outro cônjuge ou de sua descendência. ex: sífilis, AIDS, etc)

IV - doença mental grave e anterior. REVOGADO pela Lei 13.146/15

DA COAÇÃO
Art. 1.558. Consentimento de um ou ambos os cônjuges captado mediante fundado temor de
mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares.
⇨ Ameaça de mal físico, à saúde, à honra dos noivos, familiares, honra ou patrimônio da
pessoa. É uma ameaça que me leva a decidir entre duas coisas ruins pra mim: casar com a
pessoa ou ter a concretização da ameaça;

Jurisprudência:
TJCE - ANULAÇÃO DE CASAMENTO - COAÇÃO - VÍCIO DE CONSENTIMENTO. Há
que reconhecer a ocorrência de coação na realização do casamento, quando provas são
trazidas aos autos de que foi forçada a união dos requerentes, e que estes não mantiveram
vida em comum desde o ato nupcial. AC 443233-43.2000.8.06.0000/0 Rel.Des. EDMILSON
DA CRUZ NEVES. JUAZEIRO DO NORTE. Fortaleza, 17/02/2003

⇨ PRAZO e legitimidade: 4 anos da celebração, pelo cônjuge que sofreu coação - art. 1560,
IV e 1559.
⇨ Coabitação, após cessada a coação, convalida o casamento: ou seja, se mesmo casado em
coação o casal continue juntos pq quer, sem entrar com ação,

Incapacidade para consentir


IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento

Os incapazes - Art. 4 º:
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico:
não basta ser, tem que estra nessa condição no momento da celebração;

III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade.
O consentimento deve ser livre e consciente no momento da celebração.

PRAZO: 180 dias da celebração – 1560, I

Jurisprudência
TJRS - Homem com 85 anos de idade, com acentuados problemas de visão e audição, o que
redunda na dificuldade de comunicação e na expressão de sua vontade livre e espontânea para
o casamento ou qualquer outro ato da vida civil. Inexistência da capacidade de entender e
determinar-se que conduz à ausência do elemento volitivo necessário à validez do casamento
celebrado nessas condições. Falta do elemento essencial do casamento que é a affectio
maritalis. TJRS. Apelação Cível Nº 70048292148, Sétima Câmara Cível, Relator: Des.
Munira Hanna, Julgado em 26/06/2013

Mandato revogado:
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do
mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
Casamento por procuração revogada ou inválida.
⇨ PRAZO: 180 dias da data em que o outorgante teve conhecimento da celebração de seu
casamento – art. 1560, § 2º
⇨ Coabitação: convalida o ato, impedindo a anulação.

Incompetência da autoridade CP, 235 a 237


VI - por incompetência da autoridade celebrante.
⇨ A autoridade competente é o juiz do casamento e a matéria é do estado (tem juiz da vara
de registro público, juiz de casamento, juiz de paz, etc). A autoridade é definida pela
legislação estadual.
⇨ O casamento pode ser anulado por incompetência em razão do lugar (cartório da
habilitação) ou da matéria (autoridade celebrante (Ex: casar diante o delegado de polícia., ele
é uma autoridade, mas não uma apta a celebrar casamento).

⇨ Art. 1.554. Subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a competência
exigida na lei, exercer publicamente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualidade,
tiver registrado o ato no Registro Civil.
é uma exceção à regra de anulação de casamento. se a pessoa na cidade era conhecida como
autoridade de casamento e o cartório reconhecida ele assim e foi registrado assim, então vale.
mesmo que ele não tenha sido nomeado por oficial de justiça, mas era reconhecido assim, há
boa-fé.

PRAZO (tirando a exceção do 1554): 2 anos da celebração - art. 1.560, II

Aula 06 - Casamento putativo (15/09)


 Eu penso que é um casamento válido, mas não é. Tudo me leva a crer que é
verdadeiro, pois eu estou de boa-fé (ou ambos os cônjuges).

putare (latim): crer, imaginar, reputar.

Art. 1.561 e §§: respeito à boa fé (na celebração) Embora anulável ou mesmo nulo, se
contraído de boa-fé o casamento produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória, em
relação ao cônjuge inocente e aos filhos.

 O nulo parece anulável, é como se ele se tornasse anulável em respeito à boa fé. A
putatividade é uma declaração judicial e faz quando se demonstra que um/dois dos
cônjuges agiram de boa fé. Há um impedimento que eu não sei, por isso me submeto à
casar. Se souber desse impedimento, devo pedir a nulidade do casamento.
 Boa fé é sobre o fato, e não sobre o direito. Engano sobre o fato é
escusável/justificável pela lei, e o de direito não é.
o Ex: sabia que estava casamento com meu irmão, mas não sabia que havia uma
lei que impedia o casamento entre irmãos (é erro de direito, não posso alegar
boa-fé aqui). Se eu demonstrar que eu não sabia que ele era meu irmão, por
algum motivo, a nulidade pode ser pedida a qualquer momento, eu indico que
estava de boa-fé pois não sabia, o fato conduz à invalidade, e não o direito.
 erro de fato x erro de direito: escusabilidade somente ao erro de fato. ex: irmãos
desconhecendo o seu parentesco.
 LINDB, art. 3º - erro de direito Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não
a conhece.

TJPR: “Em se tratando de casamento putativo, em que se presume a boa-fé dos cônjuges, eis
que não alegada a má-fé nos autos, aplicam-se os seus efeitos até a data da sentença
declaratória de nulidade.” (Apelação 8926203 PR 892620-3 - Publicação: 14/05/2013)

EFEITOS DA INVALIDADE COM


PUTATIVIDADE
Vantagem de ter um casamento putativo são os efeitos, se eu tenho um casamento
nulo, que teria ineficácia ex tunc, e ele passa a ter eficácia ex nunc pela putativa, ou seja, os
efeitos retroagem até a data da declaração da sentença.
 Partilha de bens: casei em regime de comunhão total de bens, tudo que tinha
de bens antes do casamento eu integro ao patrimônio dele e assim vice-versa,
inclusive o que compramos durante o regime matrimonial é nosso, ou seja,
dividiremos tudo pela metade. Se esse casamento é nulo, as partes retornam ao
estado anterior e voltam ao estado civil de solteiro. Os bens que trouxemos
voltam, se o casamento é nulo, o regime de bens também é. Se o casamento é
nulo, não surtem efeitos, os regimes de bens também não surtem. Os bens que
compramos juntos, dividiremos, mas não meio a meio, porque não há regime
de bens, cada um tem que provar sua contribuição econômica e vai levar a
porcentagem com a qual contribuiu.
 Se esse casamento nulo é declarado putativo, vai existir partilha de bens como
se fosse um divórcio, porque aí o regime também valeu até a data da sentença
anulatória que é o que acontece na anulabilidade. Vale apenas para o cônjuge
de boa-fé, ou seja, se eu estava de boa fé e meu estado estava de má-fé e isso
ficar provado na ação de nulidade, o bem que ele tinha antes de se casar
metade dele se torna meu, a outra metade é dele. O bem que eu trouxe para o
casamento, eu levo embora inteiro, pois estava de boa-fé.

1. meação no regime de bens compatível.


 Se os dois estavam de boa-fé, os dois terão o regime de bens aplicados à eles,
há ação dos efeitos do regime de bens, se o regime de bens permitir meação,
haverá meação.

2. as doações feitas pelo cônjuge de má fé ao de boa-fé subsistem, mas as feitas pelo


inocente ao culpado, cessam e devem ser restituídas (art. 1564)
 Se o meu marido doa o carro de má-fé, a doação é válida, ela persiste. Mas se
fui eu que doei o carro para ele, eu tenho direito à restituição desse valor pois
ele estava de má-fé.

3. indenização por perdas e danos materiais e morais


 Indenização quando há putatividade, existe um cônjuge de boa-fé, ele tem
direito a indenização (danos patrimoniais, extrapatrimoniais), e o que estava
de má-fé que vai pagar a indenização.

4. direitos sucessórios até sentença anulatória para o de boa-fé.


 Se eu vier a falecer no decorrer da ação de nulidade, antes do juiz dar a
sentença, se eu vier a falecer, como eu estava de boa-fé, para ele não há
herança, pois para ele o casamento deixou de surtir efeitos desde o dia que foi
celebrado, ele não se torna meu herdeiro, mas se ele falecer no curso da ação,
como para mim que estou de boa-fé e isso ficar provado, os efeitos retroagem,
eu serei herdeira dele.

CASAMENTO E EFEITOS JURÍDICOS


PATRIMONIAIS

 Efeitos patrimoniais: referem-se ao regime patrimonial desse casamento, estamos


falando de efeitos jurídicos em relação ao patrimônio econômico desse casal.

Regime de bens: conjunto de regras que disciplinam domínio e administração de bens de


cônjuges ou conviventes: comunicabilidade/incomunicabilidade que decorrem de um
casamento ou união estável, quais bens são partilhados com o cônjuge, quais não são, quais
são da esfera exclusiva, etc.

PRINCÍPIO DA VARIEDADE DE REGIME DE BENS


 Comunicabilidade/incomunicabilidade que decorrem de um casamento ou união
estável, quais bens são partilhados com o cônjuge, quais não são, quais são da esfera
exclusiva, etc.
 Legislador disponibiliza quatro regimes de bens para que possamos escolher: regime
universal de bens (comunhão total), comunhão parcial de bens, separação de bens
(separação total/absoluta/separação NÃO HÁ SEPARAÇÃO PARCIAL),
participação final nos aquestos.

Princípio da mutabilidade

CC, Art.1639 § 2 º : autorização judicial, pedido motivado, ressalvados direitos de terceiros


→ o que é o motivo? o motivo é reflexibilidade segundo STJ, pode ser um motivo pessoal
para mudança. O motivo mais alegado são as causas suspensivas que foram superadas. Ex:
me casei sem ter feito o inventário dos bens do meu primeiro marido morto, o segundo
casamento foi feito com sauda suspensiva com restrição patrimonial, com regime de
separação obrigatória. Sou casada e estou nesse regime e depois de um ano de casados eu
faço um inventário do meu primeiro marido falecido. Acabou aquela causa suspensiva, nós
podemos pedir a alteração do regime de bens depois de agora, sem nenhum problema.
O outro motivo bastante alegado é o direito sucessório, o cônjuge quando há
descendentes de cônjuge e eu faleço, há direito de concorrência, então os meus descendentes
sao os meus herdeiros, mas a lei atribuiu ao meu cônjuge concorrência com os filhos. Isso só
ocorre em determinados regimes, então, de repente, a gente quer que não haja essa
concorrência, ou queremos que tenha e ela não havia com o regime que tinhamos antes, então
podemos mudar o regime depois.

→ Se forem efeitos ex tunc, ao pedirmos a alteração, precisamos fazer a partilha de


bens, agora, para poder pedir a alteração. Ex: estamos em um regime de comunhão universal
de bens e queremos mudar para um regime de separação, vamos ter que fazer a partilha
(pagar a partilha). Se tudo que tínhamos tudo antes era de comunhão total de bens, 50% é de
todos, então tudo é dos dois, tudo que adquirimos depois da separação total, serão separados
os bens ao final do casamento pelo novo regime. É muito mais simples para o casal, o ex
nunc é bemmm mais fácil.

 Podemos mudar o regime de bens depois do casamento, escolho o regime no


processo de habilitação e depois de alguns anos quero mudar, isso é possível depois
do CC/2002. A mudança do regime precisa ser registrada no cartório de registro de
imóveis também!!
 CPC. Art. 734 dívidas. registro.
 STJ: Sentença homologa mudança = efeitos ex nunc → VÁRIOS ACÓRDÃOS E
DOUTRINADORES DIZEM QUE É EX TUNC, O STJ TEM CONSIDERADO
QUE A ALTERAÇÃO DE REGIME É EX NUNC. Na prática, para efeito do
patrimônio, não muda nada ser ex nunc, o novo regime será feito com partilha de cada
etapa diferente, a vantagem de ser ex nunc é dar menos gasto e menos trabalho aos
cônjuges.
o Ex: quero fazer uma operação de regime
o Fatos anteriores = antigo regime.

PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE ESCOLHA

CC, arts. 1.639 e 1.640 § ún: na habilitação: qualquer regime ou regime distinto

 Permitido aos noivos durante o processo de habilitação, antes do processo de


casamento, estipular o que os noivos querem em relação ao seu patrimônio. Eles
podem por optar por quaisquer regimes de bens previstos no CC.

(CJF/STJ 331), exceto nas hipóteses do art. 1641, que impõe regime de separação total:
PODEM FAZER UMA COMPOSIÇÃO DE MAIS DE UM REGIME. Podemos por optar
por regime de comunhão universal de bens para os bens móveis, e o regime de comunhão
parcial de bens para os imóveis.
Escolha de regime de bens é feita por meio de um contrato, feito pelo PACTO
ANTENUPCIAL. Mas não preciso dele para todos os quatro regimes, se eu tiver na
comunhão parcial (regime legal), não preciso do contrato, basta que o formulário de
habilitação os noivos façam um X na comunhão parcial, se for outros regimes então precisa
fazer um pacto antenupcial. Se o pacto for inválido, vai vigorar a comunhão parcial. Se não
fizer pacto, é comunhão parcial.

Se fizer pacto por documento particular (a correta é escritura pública), a gente se


casou e o oficial de cartório não percebeu, 05 anos depois vamos nos divorciar e
apresentamos ao juiz a certidão de casamento e o pacto antenupcial, para que o juiz determine
a partilha com base no pacto. O juiz olha o pacto e diz que é nulo, o que acontece é
retroativamente o pacto é nulo, e teremos a comunhão parcial de bens.

1653. O pacto antenupcial é:


 Nulo se não for feito por escritura pública.
 Ineficaz se não lhe seguir o casamento: ao invés de casar, minha noiva e eu

1655. será nula a cláusula que contrariar disposição absoluta de lei.


 É nula a cláusula, e não o pacto. Isso pois podemos fazer um pacto e incluir cláusulas,
posso determinar regime de comunhão universal de bens, exceto o imóvel da rua tal,
em nome do meu noivo que irá continuar em propriedade exclusiva dele e etc.
Podemos colocar cláusulas restritivas e assim por diante. A aquisição de terminado
tipo de bem e ações serão partilhadas.
 E cláusula sobre a dispensa de fidelidade??? Ela é nula, pois contraria uma disposição
de lei, os deveres conjugais são inderrogáveis, a cláusula é nula mas o pacto
antenupcial é ok.
 Exceção: Se tiver uma cláusula que o regime será diferente de comunhão total e eu
tenho 70+ anos, e essa única for a cláusula desse pacto, o pacto é totalmente nulo.

Registro de imóveis após casamento. Eficácia erga omnes. CC, 1.657 e LRP (Lei 6015/73),
arts. 70 e 167
 É importante pois os terceiros interessados em comprar um bem meu vão ao registro
de imóveis pedir uma certidão atualizada. Se não registrei o pacto/certidão, a certidão
atualizada dirá que eu sou solteira e dona desse móvel, isso não é uma info
verdadeira, pois agora sou casada, e dependendo do regime, só poderei vender bens se
meu marido autorizar. Registro pois esse terceiro não pode ser prejudicado e não se
anule esse NJ, preciso dar a conhecer o meu estado civil e o regime pelo qual me
casei.

Outorga conjugal: uxória ou marital.


Autorização dada pelos dois cônjuges para determinados atos.

Art. 1.647. Nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto na separação
absoluta:
 Tanto faz qual a separação, a separação sempre é integral. Em regime de separação
não precisa de outorga, não precisa de autorização para nada

COISAS QUE NÃO POSSO FAZER SEM A AUTORIZAÇÃO DO MEU CÔNJUGE:


I - alienar ou gravar de ônus real os imóveis

II – pleitear, como autor ou réu, acerca daqueles imóveis.

CPC, Art. 73 e §3º. Obrigatório consentimento para propor ação sobre d. imobiliário, exceto
se casados em separação absoluta de bens. Aplica-se também à união estável comprovada nos
autos. → ações relacionadas ao direito imobiliário exigem outorga. Não posso ser autora
de uma ação sobre direito imobiliário.

III - prestar fiança ou aval STJ-Súmula 332 → é nula a fiança prestada sem outorga.

IV - fazer doação de bens comuns, exceto se remuneratória. → TRATA DE BENS MÓVEL,


E NÃO IMÓVEIS.

SUPRIMENTO DE OUTORGA (art. 1648). Ex: vendi um bem imóvel e quero vender. Meu
marido não permite, vou ao juízo e peço suprimento de outorga, o juiz pode autorizar a
venda. Não apenas nesse caso, pode ser quando o marido/cônjuge não estiver próximo (em
outro país, hospitalizado, etc). Posso pedir um suprimento judicial dessa ação.
 Ato anulável: herdeiros podem pedir o ato anulável dos atos que foram praticas pela
outorga

ATOS SEM OUTORGA DO CÔNJUGE - 1642 e 1643 e independente do regime de bens,


o cônjuge pode:
 praticar atos de administração necessários à profissão → não são atos que me
desfaçam de bens, por isso é permitido.
 administrar os bens próprios;
 invalidar contratos realizados sem autorização;
 reivindicar bens comuns doados pelo cônjuge ao concubino;
 comprar a crédito as coisas necessárias à economia doméstica;
 obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir.

DISPENSA DE OUTORGA: 1647 § ún (doação a filho) e 1656 (no regime de


participação final nos aquestos. → quando fizer pacto antenupcial escolhendo esse
regime, os noivos podem incluir uma cláusula específica para a dispensa da
outorga sobre alienação de imóveis.

REGIMES
 Início da eficácia:
o Celebração do casamento: 1639, §1°.

 Extinção do regime:
o Morte.
o Separação/divórcio.
o Nulidade e anulabilidade de casamento.

Com o fim da sociedade conjugal, acaba o regime de bens.


ESPÉCIES DE REGIMES DE BENS

 Comunhão parcial de bens: regime legal, adotado quando não há pacto antinupcial.
 comunhão universal de bens (CC/02, 1667 a 1671) → tudo se engloba, precisa de
pacto
 separação convencional (quando optada) e obrigatória de bens quando a lei obriga o
casal) (CC/02, 1641, 1687 e 1688; CJF/STJ, 261, 262; ARPEN/SP em.18); STF
súm.377)
 participação final nos aquestos (CC/02, 1672 a 1686)

SOLTEIROS COM BENS

Ex: Minnie e Mickey estão namorando, Minnie tem um carro, Mickey tem um violão. Cada
um tem um bem e precisam escolher os regimes de bens. De acordo com o regime, a partilha
será diferente. MICKEY compra uma casa, está no nome dele. Em cada regime de bens:

1. Comunhão parcial de bens: fim do casamento: meação nos aquestos (aquestos: bens
adquiridos a título oneroso por compra na constância do casamento que se comunicam
ao cônjuge), cada um terá direito à metade desse bem, não importa no nome de quem
está. Exceto o que a lei exclui, bens anteriores particulares.
a. GUITARRA É DO MICKEY, CARRO É A MINNIE, A CASA É DOS
DOIS. NEM TODOS OS BENS SE COMUNICAM NO REGIME DE
COMUNHÃO PARCIAL DE BENS.

Bens comunicáveis: art. 1658, 1660, 1662. → Presunção de aquisição pelo esforço comum,
legislador entende que há um esforço conjunto, cada um trouxe uma parte de contribuição
para adquirir o imóvel, ou seja, cada um terá 50% do patrimônio. Admite prova em
contrário.

Art. 1.658: bens que sobrevierem onerosamente ao casal, na constância do casamento =


aquestos.

Art. 1.662: bens MÓVEIS se comunicam, exceto se houver prova de aquisição anterior ao
casamento.

 Art. 1.660. Entram na comunhão:

I - título oneroso, em nome de um/ambos os cônjuges. ex: carro adquirido na constância.

II - fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior ex: loteria

III - doação, herança ou legado, em favor de ambos ex: doação aos dois.

IV - benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge. Melhorias realizadas por terceiro no


imóvel de um dos cônjuges.
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.

V - frutos dos bens comuns ou particulares, percebidos na constância do casamento, ou


pendentes ao tempo de cessar a comunhão. ex: juros de poupança.

P1 com gabarito:
1. Resposta discursiva. Valor 5,0.

1. João e Maria se casaram há dez anos. Um ano após esse casamento, realizado pelo
regime da comunhão universal de bens, o marido recebeu o valor de quinhentos mil
reais de herança deixada por testamento de sua tia com cláusula de
incomunicabilidade e, com o dinheiro, comprou um apartamento em São Paulo para
moradia da família. Na constância desse casamento, Maria adquiriu, com o dinheiro
proveniente de seu trabalho como designer gráfica, um veículo Monza 1982
registrado no DSV em seu nome, e um relógio de parede do século XV obtido em
leilão cujo recibo está também em nome de Maria. No início de 2021 João ganhou 1
milhão de reais na loteria e, com esse valor, adquiriu uma casa no litoral registrada
somente em seu nome. Na casa de ambos há 2 notebooks e 2 celulares de uso de cada
um dos membros do casal, além de móveis e eletrodomésticos adquiridos ao longo do
casamento. Antes do casamento, Maria já era titular de um sítio em Jundiaí, que
sempre esteve alugado para Francisco, cujos aluguéis vêm sendo pagos regularmente.
João é mecânico de automóveis e Maria adquiriu, com o produto da venda de um Gol
que possuía antes do casamento e que vendeu na constância, as máquinas e
equipamentos para que o marido instrumentalizasse a sua oficina de veículos e
pudesse ampliar o atendimento aos clientes. Um dia, retornando do trabalho para casa,
João cruzou a faixa de ciclistas imprudentemente e acaba por atropelar e matar um
pedreiro de quarenta anos, pai de três crianças. Na esfera cível, foi condenado a
indenizar a família do morto, mas não cumpriu a obrigação. João e Maria vão se
divorciar e realizar a partilha de bens. Façam a partilha, informando a quem caberá
cada bem, em que qualidade (particular ou comunicável), explique por que (motivo
legal da comunicabilidade ou incomunicabilidade neste regime de bens; explicação
com terminologia jurídica) e dê os fundamentos legais específicos a cada item (CC,
artigo e inciso). exemplo de resposta: 1) Veículo: particular de quem? ou
comunicável? Porque.... CC, artigo/inciso específico.

RESPOSTAS:
 1) Veículo Monza: comunicável. Bem adquirido a título oneroso na constância do
casamento não importa em nome de quem. CC, 1667
 2) Relógio: comunicável. Bem móvel adquirido a título oneroso na constância não
importa em nome de quem. CC, 1667
 3)$500/Apartamento: particular de João. Constitui sub-rogação de valor
incomunicável, obtido por título gratuito com cláusula de incomunicabilidade no
testamento. CC, 1668, inciso I.
 4)$1mi/Casa litoral: comunicável. Adquirido na constância, em decorrência de valor
recebido por fato eventual. CC, 1667.
 5)notebooks e celulares: um notebook e um celular serão bens particulares de cada
cônjuge. São bens de uso pessoal, que não se comunicam neste regime. CC, 1668, V.
 6)móveis e eletrodomésticos: comunicáveis. Bens móveis não importa em nome de
quem. CC, 1667.
 7)sítio: comunicável. Bens adquiridos antes ou após o casamento se comunicam neste
regime. CC, 1667.
 8)alugueis sítio: comunicáveis. Frutos percebidos ou pendentes sobre bens comuns
ou particulares se comunicam na comunhão universal. CC, 1669 (c/c 1667).
9)máquinas/equipamentos: particulares de João. Instrumentos de profissão não se
comunicam na comunhão universal, não importa quem fez a compra; há presunção de
que foram adquiridos pelo profissional e não cabe prova contrária de aquisição. CC,
1668, V, que remete ao CC, 1659, V.
 10)dívida/obrigação descumprida: comunicável. Na comunhão universal todas as
dívidas se comunicam; há presunção de que foram revertidas em benefício da família,
salvo prova contrária. As dívidas contraídas na constância do casamento não constam
do rol de bens incomunicáveis (art. 1668, vide III). CC, 1667.

2. João, solteiro com 19 anos, é estudante de Direito e namorado de Maria. O tio de


João elabora escritura pública de doação sobre um imóvel de sua titularidade
destinando-o ao sobrinho, sob a condição deste último se graduar na universidade.
Com o tempo de convivência e a intensidade do amor entre eles, João e Maria se
casam quando ele estava no terceiro ano do curso, sem convenção pré–nupcial. No dia
da colação de grau, João recebe o bem prometido, conforme estava previsto na
escritura elaborada.

a) O bem, adquirido por João na constância do casamento, se comunica a Maria neste regime
de bens?
b) Por que? (motivo legal da comunicabilidade ou incomunicabilidade neste regime de bens;
explicação com terminologia jurídica)
c) Fundamentos legais (legislação específica ao caso)

RESPOSTAS: a) Não. b) Doação é negócio gratuito. Não se comunicam os bens


adquiridos a título gratuito no regime da comunhão parcial, exceto se realizada a
doação com cláusula de comunicabilidade, que não é o caso. c) CC, art. 1659, inciso I.

3. Escolha a alternativa correta. Responda assim: 3. letra... - fundamento legal: CC,


artigo/inciso. Valor 1,5.

a) O pacto antenupcial celebrado com cláusula que determina prazo de validade e eficácia de
dois anos para o casamento é válido, mas a cláusula é nula.
b) O regime de bens começa a vigorar após o prazo decadencial de noventa dias da
celebração do casamento.
c) A administração dos bens particulares só é possível quando adotado pelos cônjuges o
regime da separação de bens.
d) No regime de comunhão parcial de bens excluem-se da comunhão os bens anteriores ao
casamento, os adquiridos por fato eventual com ou sem o concurso de trabalho ou despesa
anterior, os bens que sobrevieram na constância do casamento por doação, os sub-rogados em
seu lugar e as obrigações provenientes de atos ilícitos salvo se reverterem em benefício do
casal.

RESPOSTA: 3. letra A. CC, art. 1655

4. Escolha a alternativa correta. Responda assim: 4. letra... - fundamento legal: CC,


artigo/inciso. Valor 1,5.

a) Constitui impedimento matrimonial o casamento do curador com o curatelado ou do tutor


com o pupilo, enquanto não cessar a curatela ou a tutela e não forem saldadas as contas.
b) O parentesco socioafetivo gera direitos e deveres relativos ao direito de família somente
entre pais e filhos, não abrangendo os demais parentes dos pais socioafetivos que não tiveram
convivência com o filho reconhecido.
c) Considera-se nulo o casamento religioso sem o registro de efeitos civis.
d) O casamento do menor inúbil, celebrado sem autorização judicial, não poderá ser anulado
se, ao atingir a idade núbil, o cônjuge ratificar o ato com autorização dos pais ou
representante legal.

RESPOSTA: 4. letra D. CC, artigo 1553

Aula 07: Continuação dos Regimes Patrimoniais

COMUNHÃO PARCIAL BENS INCOMUNICÁVEIS CC, 1659, 1661 Constituem


patrimônio pessoal, particular de cada cônjuge, excluem-se da comunhão. Art. 1.661. são
incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma causa anterior ao casamento.

Art. 1.659. Excluem-se da comunhão PARCIAL:


I - bens anteriores e adquiridos na constância por doação ou por sucessão, e os sub-rogados
em seu lugar. → bens anteriores: bens particulares. Os bens havidos por doação ou por
sucessão, são bens de título gratuito, são particulares, então não se comunicam. Ainda que
seja um bem adquirido por doação e vendo esse bem e compro outro bem, esse bem que eu
comprei assume a qualidade de incomunicável: SÃO OS SUB-ROGADOS, OS
SUBSTITUTOS DOS DOADOS.
II - bens adquiridos com valores pertencentes exclusivamente a um dos cônjuges, em sub-
rogação dos bens particulares; → se eu utilizar o dinheiro da venda do bem particular para
outro bem particular, esse outro bem assume a qualidade de bem particular. São de valores
exclusivamente meus. Ex: tenho carro, vendo o carro, tenho 15 mil, junto 25 mil e meu
marido me dá 5 mil e compro um carro de 30 mil. Esse carro não é bem particular, pois meu
marido contribui para a compra.

III – as obrigações anteriores ao casamento; ex: dívida de cartão de crédito. → já tinha uma
dívida, essa obrigação foi gerada antes do casamento, apenas eu e meu patrimônio responde
por elas. Se a obrigação interior foi relacionada ao casamento e repercutiu para o casal, em
benefício do casal, entende a jurisprudência que é comunicável ao casal.

IV – as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;

OBRIGAÇÕES POSTERIORES
Obrigações posteriores ao casamento que não sejam decorrentes de atos ilícitos se
comunicam quando estiverem relacionados à família ou administração de bens comuns!

→ bens comuns respondem pelas obrigações de encargos da família, administração de bens e


decorrentes de imposição legal. (1664) → ambos respondem mesmo que só um tenha
assinado pelo contrato, ex: despesas de luz, assinatura de mensalidade de escola, etc.

→ bens comuns não respondem pelas despesas e dívidas contraídas na administração de bens
particulares. (1666) → só respondem os bens particulares quem assumiu a obrigação, é só de
quem contratou. Quando casal tem bens comuns incumbem aos dois a administração do
patrimônio.

Administração bens comuns: os dois.


CC, 1651: salvo recusa ou impossibilidade de um. → quando um não puder, o outro
deve cuidar do bem.

Art. 1.651. Quando um dos cônjuges não puder exercer a administração dos bens que lhe
incumbe, segundo o regime de bens, caberá ao outro:
I - gerir os bens comuns e os do consorte;
II - alienar os bens móveis comuns;
III - alienar os imóveis comuns e os móveis ou imóveis do consorte, mediante autorização
judicial.

V – os bens de uso pessoal, os livros e os instrumentos de profissão ex: seu Código Civil não
se comunica!
 Quase tudo entra aqui: roupas, sapato, bolsas, relógios, joias, livros, etc. Porém, se
todo mundo usar meu notebook ou meu celular, é bem de uso comum.

TJRS/2018: DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA DE BENS. JÓIAS


RECEBIDAS DURANTE A CERIMÔNIA RELIGIOSA DE CASAMENTO ISLÂMICO.
BEM DE USO PESSOAL. EXCLUSÃO DA PARTILHA.
VI – os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
 São créditos trabalhistas, como fundo de garantia, economias da atividade laboral e
que não foram convertidas em patrimônio conjugal. É o direito à percepção dos
proventos, o direito à verba do fundo de garantia, salário etc. É incomunicável.
 Depois que eu recebo o valor dessas coisas incomunicáveis e incorporo às despesas da
casa ou à conta conjunta ou compro bens com isso, os bens comprados se
comunicam.
ex: comissão de corretagem.

O direito à percepção dos proventos é incomunicável, mas após percebidos incorporam-


se ao patrimônio do casal.

STJ - não há meação de valores depositados em FGTS antes da constância da sociedade


conjugal (comunhão parcial). Depósitos posteriores comunicam. REsp 1.399.199-RS, j.
9/3/2016.

TJRS DIVÓRCIO. REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL DE BENS.


INCOMUNICABILIDADE DOS PROVENTOS DO TRABALHO PESSOAL DE CADA
CÔNJUGE. ART. 1.659 DO CCB. REGRA QUE ABRANGE CRÉDITOS ORIGINADOS
EM AÇÃO TRABALHISTA. PRECEDENTE

VII – as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.


ex: pensão alimentícia

1. Pensão: “quantia paga periodicamente a alguém para sua subsistência, decorrente de


lei, decisão judicial, contrato ou testamento. ”
2. Meio-soldo: “valor pago pelo Estado aos servidores reformados das Forças Armadas.

3. Montepio: “quantia paga pelo Estado aos beneficiários, herdeiros de funcionário
público falecido. ”

 O direito à pensão não se comunica, mas o que eu fizer com o dinheiro se comunica.

COMUNHÃO UNIVERSAL

 Fim do casamento: comunicam anteriores e aquestos, exceto o que a lei exclui.


o Ex: Minnie tinha o carro, Mickey o violão e os dois compram uma casa juntos.
Tudo é divido em 50% ao fim do casamento. Tudo se comunica, exceto pelo
que a lei exclui!!!!

Art. 1.667. comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e dívidas.

 cada cônjuge é meeiro do outro


 comunicam-se os frutos de bens incomunicáveis (1.669).
bens incomunicáveis
BENS INCOMUNICÁVEIS: patrimônio particular de cada cônjuge.

Art. 1.668. São excluídos da comunhão universal de bens:

I - bens doados/herdados com cláusula de incomunicabilidade e sub-rogados;


 Todos os bens que eu comprar na constância do casamento e a título gratuito se
comunicam, não importa a origem, 50% pra cada um. Acima estão as exceções.
 O que é uma cláusula de incomunicabilidade? São bens EXPRESSAMENTE ditos
que não serão comunicáveis ao meu cônjuge.

II - bens gravados de fideicomisso (1952)


Testamento: prole eventual, após morte/condição/termo (art. 1952).
 Fideicomisso: instituto do direito sucessório que funciona em testamentos que queiro
deixar bens para o filho do meu irmão, mas meu irmão não tem filho, não posso
deixar como herdeiro uma pessoa como filho, e deixo para o meu irmão deixar para
sua prole eventual a herança (há um prazo para ele constituir os filhos). A
incomunicabilidade está presente está no divórcio do meu irmão antes de ter um filho,
o bem dele não se comunica à ela, pertence apenas ao meu irmão.

III - dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou
reverterem em proveito comum;
ex: dívida com vestido, despesas da festa
 Aprestos: são as despesas relacionadas ao casamento.

IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de


incomunicabilidade;
 presentes dados por um dos noivos ao outro, ou por terceiros aos outros, desde que
não haja cláusula de incomunicabilidade. Doação feita no pacto antenupcial.
 Ex: namoramos, dei um presente para ele. Nos casamos em comunhão total, por força
do casamento eu tenho direito à 50% daquele valor pago.

Doações propter nuptias Eficácia da doação = eficácia do pacto (CC, art. 546

V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.

 São os bens de uso pessoal, livros, instrumentos de profissão, proventos do trabalho,


pensões.

TJRS/2018: DIVÓRCIO LITIGIOSO. PARTILHA. COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS.


CRÉDITOS TRABALHISTAS. Mostra-se descabida a partilha dos valores decorrentes de
ações trabalhistas ajuizadas pelo varão, pois constituem apenas frutos civis do trabalho dele e,
como tal, não se comunicam.
SEPARAÇÃO DE BENS
 Fim do casamento: nada comunica, exceto convenção em contrário.
 Minnie tinha o carro, Mickey tinha o violão, Mickey compra a casa, cada um fica com
o seu bem. Minnie com seu carro e Mickey com o violão e a casa.

SEPARAÇÃO DE BENS
 Pode ser obrigatória (ou legal): imposta por lei à pessoas que se encontram em
determinada situação (Ex: causa suspensivas).
 Convencional: casal escolhe no pacto antenupcial.

INCOMUNICÁVEIS, salvo o que for comum:,


 incomunicáveis: bens anteriores e posteriores, inclusive frutos.
 administração e alienação: individual e livre, sobre o seu próprio patrimônio.
 dívidas: responsabilidade individual pelos próprios débitos anteriores e posteriores.

Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na
proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em
contrário no pacto antenupcial.

SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
 das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração
do casamento (1523)
 de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. → ainda há
suprimento judicial de autorização dos pais, iremos nos casar em separação
obrigatória até atingir a maioridade civil e trocar o regime de casamento se quisermos.
 da pessoa maior de 70 (Redação da Lei nº 12.344, de 2010). Ver CJF, enunciado 261.
Estatuto do Idoso: Lei 10.741/03. 26 → por conta do GOLPE DO BAÚ!!!!!!!!!!

Aplica-se a separação obrigatória, por analogia, à união estável?


SIM: STJ, TJs, Cartórios de Notas (Colégio Notarial do Brasil), CGJSP, ARPEN Enunciado
18). NÃO: TJRS. Matéria restritiva de direito. STF - Súm 377, de 1964

participação final nos aquestos

 Na constância do casamento cada um adquire bens particulares (= regime da


separação).
 Funciona como regime de separação convencional, cada um adquire seus bens e cada
um é particular. Os bens anteriores de cada um tinham eram particulares, e no fim do
casamento aquele que regime que parece uma separação total assume feições de
comunhão parcial sobre alguns bens, ocorre uma meação nos bens aquestos (na
constância do casamento), e são excluídos da meação os bens anteriores, bens
adquiridos a título gratuito, sub-rogados e as dívidas.
→ no pacto podem estipular no pacto a dispensa da outorga para alienação de imóveis
(1656).
→ na duração do casamento: formação de massas particulares incomunicáveis. CADA TIPO
DE BEM ANTERIOR É PARTICULAR.
→ sócios de ganho futuro, administração individual.
→ cônjuge: credor da metade do que outro adquiriu onerosamente na constância.
→ na dissolução: aquestos se tornam comuns.

art. 1.674: exclui da comunhão futura:


 bens que cada um possuía antes de casar = bens exclusivos
 os que sobrevieram ao cônjuge, na constância do casamento, por doação ou sucessão
 os sub-rogados
 as dívidas de cada um, existentes sobre os bens exclusivos, exceto se proveito para
casal (1677, 1678)

PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS


a → possuía 100 (patrimônio particular), ganhou 200 (recebeu à título de herança), deve 100
(sua dívida), comprou 300 (título oneroso)
b → possuía 500, ganhou 100 (herança/doação), deve 50 (dívida), comprou 100 (título
oneroso).
aquestos:
A: comprou - deve = 200 (ganho patrimonial) → A DEVE A METADE DO SEU BEM À B.
B: comprou - deve = 50 (ganho patrimonial) → B DEVE A METADE DO SEU BEM À A.

A deve 100 a B.
B deve 25 a A.
Soma e divide por 250:2 = 125. CADA UM PRECISA PAGAR UM VALOR ESPECÍFICO
À OUTRO.

→ Compensação: 100 (A) - 25 (B) = 75. A PAGA 75 B.

Aula 08 - Efeitos Jurídicos Pessoais (06/10)


Principal efeito pessoal é o status de família, pelo estado de casado. Quando há uma família
conjugal é o primeiro tempo jurídico de ordem pessoal. Casamento também gera outros
efeitos como a atribuição de parentesco por afinidade, emancipação do cônjuge que é menor
de 18 anos, etc.

CC/02, 1565, caput e §§ 1º e 2º criação da família conjugal; vínculo de afinidade entre


parentes; emancipação do cônjuge menor; direitos e deveres.

 Direitos e deveres recíprocos: precisam ser cumpridos pelos cônjuges, ao mesmo


tempo são credores e devedores.
o Fidelidade: fides. Infidelidade física (antigo crime de adultério, antes era
apenas relação sexual com penetração entre homem e mulher, precisava de
uma condenação penal)
 Elementos caracterizadores:
 Objetivo
 Subjetivo
o Coabitação: Vida em comum no domicílio conjugal e cumprimento do
debitum conjugale. Precisa residir no mesmo teto e manter o cumprimento de
relações sexuais. (união de corpos e espírito).
 Dever absoluto ou relativo? É relativo, obviamente. Antes era
reconhecido como exercício de direito, é totalmente relativo.
 Elementos da infração: voluntariedade e ausência de justificativa (CC,
1569) ex: exercício de profissão (cônjuge precisa se ausentar do lar
para exercer a profissão, ou para se tratar de um problema de saúde, ou
para cuidar de um parente etc). Precisa ser por uma FALTA de motivo
e por próprio interesse para caracterizar a infração do dever de
coabitação.
o Mútua assistência: ambos tem dever de sustentar a família e um ao outro.
Dever de mútua assistência não se estingue mesmo com o fim de sociedade
conjugal.
 - Imaterial: dever de apoio, companheirismo.
 - Material: dever de sustento conjugal
 CP 244: crime de abandono material
o Respeito e consideração: tratar com cordialidade
 tratamento digno - respeitar integridade física, emocional, psíquica e
moral
 defender contra terceiros -
 não ofender parentes = ofensa à integridade do cônjuge

TJ/RJ – INFIDELIDADE CONJUGAL VIOLAÇÃO DOS DEVERES DO CASAMENTO


OMISSÃO SOBRE A VERDADEIRA PATERNIDADE BIOLÓGICA DE FILHO.
QUEBRA DA CONFIANÇA.

Direito de Família. Demanda indenizatória. Omissão sobre a verdadeira paternidade biológica


de filho nascido na constância do casamento.

Peculiaridades relativas à infidelidade conjugal com o padrinho de casamento do casal e


quebra da confiança do apelado, com omissão acerca da verdadeira paternidade biológica do
filho nascido durante o casamento. Violação dos deveres de fidelidade, respeito e
consideração mútuos. Art. 1.566 do Código Civil. Dano moral configurado. Dano material
comprovado.

Direitos e deveres comuns aos cônjuges

 DIREÇÃO e SUSTENTO: 1565, 1567, 1568 Responsáveis pelos encargos da


família e educação dos filhos.
 FIXAÇÃO DO DOMICÍLIO: art. 1.569. Ausência justificada: encargos públicos,
profissão, interesses particulares.
 ADOÇÃO DO NOME DO OUTRO: art. 1565. § 1 º Qualquer um pode acrescer ao
seu o sobrenome do outro.
 DEVERES DOS CÔNJUGES (PAIS) EM RELAÇÃO AOS FILHOS: Poder
familiar: dever de cuidar
o EDUCAÇÃO: matrícula (é obrigatória, se nao matricular pode ser crime de
abandono familiar)
o SUSTENTO: alimentos
o GUARDA: vigilância e cuidado

Aula 09 - Dissolução da Sociedade Conjugal


Tínhamos até a CF de 67 a regra da indissolubilidade do casamento, ele só se dissolvia pela
morte, e não pela vontade. Não havia essa possibilidade. Também poderia ser dissolvido pela
nulidade.

 CF/67: casamento indissolúvel: Tínhamos até a CF de 67 a regra da indissolubilidade


do casamento, ele só se dissolvia pela morte, e não pela vontade. Não havia essa
possibilidade. Também poderia ser dissolvido pela nulidade.
 CC/16: 3 hipóteses: desquite, invalidade, morte física: a sociedade conjugal
(aspecto patrimonial do casamento, aqui se encontram as regras dos regimes de bens,
administração do patrimônio, partilha do patrimônio, é uma parte do vínculo).
Legislador queria dizer que qualquer outra forma só dissolvia a sociedade conjugal, o
casamento permanecia, e por isso elas não poderiam se casar novamente. O
DESQUITE SÓ DISSOLVE A SOCIEDADE CONJUGAL antigamente. NÃO
HAVIA DIVÓRCIO AQUI.
 EC 09/77: divórcio judicial: 5 anos direto/3 indireto (sentença de desquite)
 LEI 6515/77: (LDi) separação consensual/litigiosa (desquite) e divórcio
direto/indireto judiciais, com culpa: tanto para me separar como para me divorciar,
preciso provar que meu cônjuge infringiu um dever conjugal, uma doença mental
incurável, convivência tornou-se impossível, etc.
 CF/88: reduz os prazos, fim da culpa, direito potestativo (critérios objetivos):
precisava provar 2 anos de separação de fato ou separação judicial, é um direito que
exerço independente da vontade do outro. Divórcio passa a ser imotivado.
 LEIS 7841/89 e 8408/92: adaptação da Lei 6.515/77
 CC/2002: altera as causas de dissolução: morte, invalidade, separação e divórcio
judiciais
 LEI 11.441/07 e CNJ RES. 35/2007: separação e divórcio extrajudiciais
 EC 66/2010: fim dos prazos do divórcio: não tem prazo para o divórcio (tira os
prazos, é um direito potestativo, não preciso de lapso anterior para pedir divórcio),
não há causa culposa.
 CPC/2015: 647-658, 695-698, 731-733

1. VÍNCULO MATRIMONIAL: casamento ou o vínculo jurídico que cria a família,


impõe os direitos e deveres que dá os direitos patrimoniais e matrimoniais trata do
vínculo matrimonial.
2. SOCIEDADE CONJUGAL: aspecto patrimonial do casamento, está as regras de
regimes de bens, administração do patrimônio, partilha, pacto nupcial. Está contido no
vínculo matrimonial.

Dissolução da sociedade conjugal e do


vínculo matrimonial
CC, Art. 1.571. CPC: arts. 647-658, 695-698, 731-733

A sociedade conjugal termina pela:


I – morte física ou presumida – CC/02 arts. 7º, 22 a 39. → morte física: tem atestado de
óbito. A partir daquele minuto de morte, há os efeitos decorrentes da morte do cônjuge. Se eu
e meu marido morremos por acidente, e não há como comprovar quem faleceu primeiro
(comoriência), quando eu faleço antes do meu marido, meu patrimônio irá para ele. ENTRE
COMORIENTES NÃO HÁ DIREITO SUCESSÓRIO, os meus bens vão para os meus
parentes e os bens deles vão para a família dele.
II – invalidade (casamento nulo e anulável)
III - separação judicial (e extrajudicial)
IV – divórcio (judicial e extrajudicial)

Art. 1.576. A separação judicial põe termo aos deveres de coabitação e fidelidade recíproca
e ao regime de bens.

Divórcio, morte e invalidade: extinguem vínculo e cessam efeitos. VÍNCULO


MATRIMONIAL É EXTINTO E CESSAM TODOS OS VÍNCULOS JURÍDICOS.
QUANDO HÁ SEPARAÇÃO APENAS A SOCIEDADE CONJUGAL (só efeitos
patrimoniais, mas legislador amplia isso no 1.576, dizendo que os deveres de coabitação e
fidelidade se extinguem também.

Separação judicial consensual e litigiosa


 CC, Art. 1.574. mútuo consentimento dos cônjuges casados por mais de um ano e
homologação judicial do acordo.

SEPARAÇÃO CONSENSUAL

 SEPARAÇÃO CONSENSUAL: Cônjuges estão de acordo com a separação (sobre


filhos, pensão, patrimônio). Eles concordam em fazer um acordo, há um prazo de
mais de um ano para separação consensual. A extinção é só da sociedade conjugal.
Pedido é imotivado, pedido comum e o juiz homologa esse acordo, não há motivo
para isso.
 Prazo de 1 ano de casados: ver CJF/STJ Enunciado n. 515, CNJ/Res. 35/2007 art. 47,
CNJ/Res. 220/2016 e CPC. Maioria dos juízes entende que não há prazo para
separação consensual (separação judicial).

SEPARAÇÃO LITIGIOSA
 SEPARAÇÃO LITIGIOSA: Na separação litigiosa, ainda vigora a culpa, há três
causas para o pedido de separação litigiosa:

CC, Art. 1.572 proposta por um dos cônjuges imputando ao outro ato que importe grave
violação dos deveres do casamento e torne insuportável a vida em comum.

1. grave violação dos deveres conjugais


2. ruptura da vida em comum há mais de 1 ano (fim da comunhão de corpos e
corações): na separação de fato, fisicamente, geograficamente, por mais de 1 ano e
possibilidade de recomposição. Após 1 ano é possível pedir separação litigiosa.
3. doença mental grave do outro há mais de 2 anos CC, 1576 e 1582 : quando o cônjuge
é acometido por doença mental grave após o casamento. Deve-se esperar 2 anos, por
meio de laudos médicos deve comprovar que a cura é improvável.
4. representação por curador (exceto cônjuge) ou ascendente ou irmão.

Art. 1.573. Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida a ocorrência de algum


dos seguintes motivos: adultério; tentativa de morte; sevícia ou injúria grave; abandono
voluntário do lar conjugal; condenação por crime; conduta desonrosa.

Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que tornem evidente a impossibilidade
da vida em comum.

 CJF 254: o juiz pode declarar a separação do casal quando a vida em comum se
tornou impossível sem atribuir culpa a nenhum dos cônjuges, essa é posição
dominante.

Divórcio JUDICIAL: CONSENSUAL OU


LITIGIOSO
No divórcio não é permitido o reestabelecimento. Querendo, os cônjuges deverão se casar
novamente. Art. 1580: não há mais prazos no divórcio por conta do EC 66

Após EC 66:

 indireto - Art. 1.580. Decorrido um ano do trânsito em julgado da sentença que


houver decretado a separação judicial, qualquer das partes poderá requerer sua
conversão em divórcio. → imotivado o pedido. Depois da separação judicial.
Decorrida a separação judicial qualquer das partes pode requerer a sua conversão em
divórcio.
 direto - § 2º O divórcio poderá ser requerido, por um ou por ambos os cônjuges,
no caso de comprovada separação de fato por mais de dois anos. Pode ser requerido a
qualquer tempo por 1 ou por ambos.

separação e divórcio extrajudiciais

CNJ Res. 35/2007 + CNJ Res. 220/2016 + CPC, 731-733:


 consensual: pode usar a via extrajudicial.
 por meio de escritura pública:
 havendo nascituro ou filhos incapazes: não pode haver nascituros ou filhos incapazes,
se houver, tem que ser judicial, pois o MP irá verificar os se os direitos dos filhos
estão sendo observados.

EXCEÇÃO: CJF/STJ n. 571: Se há filho menor de idade, as partes já apresentavam acordo


sobre ele ao juiz que homologou, o casal pode dar seguimento na separação/Ldivórcio
extrajudicial apresentando acordo homologado ao cartório de notas.

REGRAS
1. escolha do tabelião de notas: é a competência, com e escolha livre. Não segue as
regras do CPC.
2. advogado: deve haver advogado, não preciso de procuração.
3. MP não intervém.
4. sigilo: não há segredo de justiça, a escritura é pública
5. recusa pelo tabelião: tabelião pode se recusar a lavrar a escritura pública se identificar
dúvidas no casal ou em um deles, ou se perceber que um deles está sendo prejudicado:
são vários motivos possíveis
6. cônjuge: procuração pública: os cônjuges podem representar por procurador, cada um
pelo seu procurador. A separação pode ser reestabelecida por escritura pública sem
alterar regime de bens.

 Consensual: pode usar a via extrajudicial.


 Por escritura pública.
 Não pode haver nascituro ou filhos incapazes, se houver, tem que ser judicial,
pois o MP irá verificar se os direitos dele(s) estão sendo observados.
 Exceção: CJF/STJ N° 571: Se há filho menor, as partes já apresentaram acordo
sobre ele ao juiz que homologou, o casal pode dar seguimento na
separação/divórcio extrajudicial apresentando acordo homologado ao cartório
de notas.

separação e divórcio consensuais (cpc 731 e


733)
1. guarda e visita a filhos (1579 a 1590). LAP (Lei 12.318/2010): se for judicial, essa
cláusula estará presente (Lei 12.318/2010: alienação parental).
2. contribuição dos pais para criar e educar filhos (1566, 1590, 1634): é necessário
fixar pensão alimentícia, não necessita fazer prova da necessidade, o filho deve
demonstrar apenas de quanto necessita. É um direito irrenunciável, direito do filho e
não da mãe. A pensão alimentícia é fixada para quem não tem a guarda. Com o não
pagamento da pensão há a prisão civil.
3. alimentos de um cônjuge ao outro (1566, 1571). No divórcio e na união estável a
renúncia é válida e eficaz (CJF enunciado 263). Havendo separação não posso
renunciar aos alimentos, no divórcio, é possível a renúncia é válida e eficaz, com o
divórcio extingue-se o vínculo matrimonial. Não há direito de família.
4. Guarda e sustento de animais domésticos (https://youtu.be/VncAPSxSgRY):
animais são considerados seres sencientes (tem sentimentos). Declaração Universal
dos Direitos dos Animais – Unesco-ONU (27/01/1978. Hoje há a possibilidade de se
discutir a guarda e sustento dos animais domésticos.
5. nome do cônjuge (1578 e 1571,§2º): regra de permanência, salvo decisão ou acordo
em contrário. A regra é que após o divórcio eu posso permanecer c/ o nome do
cônjuge, a não ser que haja decisão em contrário e eu queria renunciar.
6. partilha dos bens (facultativa: CC 1581 e 1575; CPC 731): partilha é facultativa, os
bens que eu tinha com meu cônjuge permanecem em comunhão (nós dois temos
domínio sobre os bens até a afetiva partilha, a partir do divórcio cada bem é de
alguém). Posso fazer a partilha com a separação, com o divórcio ou após ele c/
registro público. O regime de bens cessa com o divórcio, mas a partilha pode ser feita
após ele, a qualquer momento.

FINALIZAÇÃO DA SEPARAÇÃO OU
DIVÓRCIO

 Judicial: sentença, ofícios, mandado de averbação.


 Extrajudicial: escritura = título público, habita averbação.

RESTABELECIMENTO DA SOCIEDADE
CONJUGAL

 Somente para separados judicialmente/extrajudicialmente


Art. 1577. Seja qual for a causa da separação judicial e o modo como esta se faça, é lícito aos
cônjuges, restabelecer, a todo tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juízo.

 Restabelecimento judicial: CC, 1577 e CPC 734


 Extrajudicial: CNJ RES 35/2007 + CNJ 220/2016+ CPC 731-734.

O casal pode reestabelecer o casamento afetado pela separação judicial. O legislador permite
o pedido de alteração de regime de bens. O reestabelecimento pode ser extrajudicial, mas
com o mesmo regime de bens.

MORTE PRESUMIDA
A morte presumida extingue o casamento. Deve-se entrar com o pedido de declaração de
morte presumida. O juiz dará essa declaração. Com ela, vou ao registro civil obter certidão de
óbito do cônjuge falecido, podendo casar novamente.

No caso do cônjuge reotnrar e o outro já estava casado novamente, há quem entenda que o
casamento é nulo, e os cônjuges voltam a ser casados novamente, como se nunca tivesse
desaparecido e o 2° casamento se torna nulo por conta da bigamia. Querendo, o cônjuge deve
pedir vórcio do 1° casamento para que o 2° seja válido. Há quem entenda que o com retorno,
a decisão do juiz que declarou em morte presumida se converte em divórcio naquela data, e o
2° casamento é válido. Há quem entenda que com o retorno, a decisão do juiz que declarou
em morte presumida se converte em divórcio naquela data, e o 2° casamento é válido.

INVALIDADE
Extingue o vínculo matrimonial e a sociedade conjugal, os cônjuges voltam dos do status
anterior de solteiro. Podem se casar novamente.

Aula 10 - União estável

 Antes só tinhamos o concubinato: tinhamos o concubinato puro e o impuro.


 O puro era aquele que duas pessoas não se casavam mas viviam juntas há muito
tempo e não havia impedimento matrimonial entre elas, para esse concubinato não se
aceitava que isso era uma família, tinha efeitos de contrato de sociedade patrimonial,
era uma sociedade de fato.
 Impuro era aquele que havia impedimento matrimonial: era concubinato mas não
produzia efeitos.
Concubinato passou a ter efeitos contratuais, e não patrimoniais. Não tinha efeitos de família.
Haviam casos em que as mulheres eram donas de casa e, na separação, eram indenizadas
como se empregadas domésticas fossem, com base no salário mínimo multiplicado pelo n³ de
meses de relação. Vigoravam regras de contrato de sociedade.

O concubinato impuro não dava direito à nada.


Estado civil: declarar-se convivente, companheiro de união estável: não é reconhecido
na lei. Não há prova pré constituída na união estável. É possível utilizar o sobrenome do
convivente.

CF/88
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 3º Para efeito da
proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade
familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento

Leis 8971/94 e 9278/96 - CC/2002

UNIÃO HOMOAFETIVA – STF (ADPF 132-RJ e ADI 4.277, 05/05/2011): Reconhece a


união homoafetiva como família

CNJ - RESOLUÇÃO Nº 175, 2013 e PROVIMENTO 37, 2014.

CC/02 Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a
mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o
objetivo de constituição de família. → SE NÃO PREENCHE ESSES REQUISITOS NÃO É
NULO NEM ANULÁVEL, SIMPLESMENTE NÃO É, NÃO HÁ IDADE MÍNIMA, MAS
NÃO EXISTE REGRA EM LEI SOBRE ISSO.

 Estou casada e tenho um outro relacionamento, a outra relação é concubinato, se eu


for separada de fato a minha segunda relação é uma separação de fato.

 CARACTERIZAÇÃO: pressupostos de existência.


 ESTADO CIVIL: não impedidos de se casar, separados de fato ou judicialmente.
 Concubinato: art. 1727. Impedimentos matrimoniais.

A união estável é reconhecida pela convivência de 2 pessoas com convivência pública de


conhecimento de todos. Contínua e duradoura. Não há prazo mínimo para haver união
estável. Constituído com a intenção de constituir família e não projetar para o futuro a
família.

A união estável não tem pressuposto de validade. Basta preencher os requisitos do art. 1723
para ser união estável.
Não há regra de validade para a união estável, não há mínimo de idade, autorização dos pais,
etc.

Se um dos companheiros é casado com outra pessoa mas separado de fato, não coabitando
com o outro cônjuge, esta união pode ser considerada união estável. É a única exceção à regra
de impedimento, no mais cabem as regras de impedimento.

Por outro lado, se sou casado e paralelamente tendo outra relação, essa 2° relação nunca será
considera união estável, e sim concubinato, pois continuo vivendo com o meu cônjuge.
União estável não tem idade núbil, pois a união estável só começará a surtir efeitos após os
16 anos.

O casamento gera impedimento para o 2° casamento, mas a união estável não gera
impedimento para um casamento posterior.

Namoro qualificado
STJ/2015 - 3ª T, REsp. Nº 1.454,643-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Belizze
• Namoro qualificado: estreitamento do relacionamento que projeta para o futuro, e não para
o presente, o propósito de constituir entidade familiar, não é união estável.

• Não há affectio maritalis, ou seja, o escopo de constituir família naquele momento. União
requer mútuo suporte espiritual e material.

TJRS-2017: “O reconhecimento da união estável depende de prova plena e convincente de


que o relacionamento se assemelha, em tudo e perante todos, ao casamento. A existência de
relação amorosa entre as partes, sem os requisitos exigidos pela lei, não se caracteriza como
união estável, configurando-se apenas em namoro, ainda que duradouro.”

TJAP-2018: “O fato de namorados projetarem constituir família no futuro não caracteriza


união estável (...)”

DIREITOS E DEVERES RECÍPROCOS:


1724 – lealdade, respeito e assistência.

EFEITOS GERAIS:

família reconhecida juridicamente (CF, 226 §3º). Parentesco por afinidade (CC, 1595)

Gera direitos sucessórios, regime de bens, alimentos e demais efeitos jurídicos pertinentes ao
direito de família. Gera parentesco por afinidade. Quando terminar a união estável, há
impedimento matrimonial, inclusive pela união estável, passa a ser concubinato.

CONTRATO: 1725 – escrito para questões patrimoniais. Contrato particular ou Escritura


pública de contrato ou de distrato? (CNJ Prov. 37/2014: escritura e registro). O contrato de
união estável é exato para questões patrimoniais. Contrato particular ou escritura pública de
contrato ou distrato. Na ausência de contrato, assim como no casamento, vigora a comunhão
parcial de bens. Só o regime de bens por divisão do geral, deve haver contrato por escritura
pública.

EFEITOS PATRIMONIAIS: na ausência de contrato = regime de comunhão parcial. Para


constituir união aos 70 anos ou mais: separação obrigatória (STJ teses 6, 13,14). As causas
suspensivas não se aplicam à união estável. Na união parcial de regime de comunhão parcial
há controvérsia sobre a necessidade de outorga da venda de bens.
ALIMENTOS: 1694: igualdade com o cônjuge. Renúncia é válida e eficaz na dissolução
(como é no divórcio) CJF 263. No casamento e na união estável ambos geram direito de
alimentos, pra constância da união há dever de mútua assistência. Na dissolução cabe
alimentos, renúncia é válida e eficaz na dissolução (como é no divórcio).

EFEITOS PATRIMONIAIS: na ausência de contrato = regime de comunhão parcial. Para


constituir união aos 70 anos ou mais: separação obrigatória (STJ teses 6, 13,14).

SUCESSÃO. STF: Art. 1790 inconstitucional. (Repercussão Geral nos RE 646721 e


878694) – 10/05/2017: Direito real de habitação: o cônjuge o possui após a herança. Há
discussão se o companheiro também possui direito real de habitação. O cônjuge é herdeiro
necessário, o convivente não é.
Art. 1.829. Cônjuge ou Convivente: herda totalidade dos bens, não havendo ascendente ou
descendente

INDENIZAÇÃO SERVIÇOS DOMÉSTICOS


STJ, tese 14: Não há possibilidade de se pleitear indenização por serviços domésticos
prestados com o fim do casamento ou da união estável, tampouco com o cessar do
concubinato. → não existe mais essa possibilidade.

 ALIMENTOS: 1694: igualdade com o cônjuge. Renúncia é válida e eficaz na


dissolução (como é no divórcio) CJF 263.

 SUCESSÃO. STF: Art. 1790 inconstitucional. (Repercussão Geral nos RE 646721 e


878694) – 10/05/2017 Art. 1.829. Cônjuge ou Convivente: herda totalidade dos bens,
não havendo ascendente ou descendente.

 INDENIZAÇÃO SERVIÇOS DOMÉSTICOS STJ, tese 14: Não há possibilidade


de se pleitear indenização por serviços domésticos prestados com o fim do casamento
ou da união estável, tampouco com o cessar do concubinato.

 DISSOLUÇÃO: morte, casamento, consenso, conversão, dissolução judicial.

 Conversão em casamento: Art. 1.726. pedido de ambos e assento no Registro Civil.


(judicial ou extrajudicial com habilitação Registro Civil (Prov. CGJSP 41/2012;
CJF/STJ 526).

 Efeito ex nunc ou ex tunc? Divergência: Jurisprudência e IBDFAM enunciado 31.


FAMILIAS SIMULTÂNEAS ou
PARALELAS
um casamento e uma união; duas uniões; dois casamentos Princípio da monogamia

Famílias simultâneas: STJ tese 5: A existência de casamento válido não obsta o


reconhecimento da união estável, desde que haja separação de fato ou judicial entre os
casados. → há doutrinadores que opinam diferente, ex: flavio tartuce e maria helena. Se
coabitar com meu outro relacionamento não surge direito sucessório, alimentos e etc. Se meu
convivente estava de boa fé e não sabia que eu continuava a viver com meu cônjuge, ele
estará em união estável.

Havendo dois casamentos, o 2° casamento é nulo por conta da bigamia.

POSIÇÕES DIVERGENTES

1-TODOS OS RELACIONAMENTOS SÃO ENTIDADES FAMILIARES.

2-CASAMENTO + OUTRO RELACIONAMENTO: somente o casamento é família, exceto


se separado ao menos de fato.

STJ – exceto boa fé (similar ao casamento putativo).

Havendo separação, pelo STJ é possível considerar as 2 relações sem o concubinato se


houver a boa-fé do companheiro não casado, p° ele haverá todos os efeitos da união.

FAMÍLIAS PARALELAS – TESE 4


Não é possível o reconhecimento de uniões estáveis simultâneas. A caracterização da
união estável pressupõe a ausência do impedimento para o casamento ou, pelo menos, para a
necessidade de haver separação de fato ou judicial entre os casados.

STJ - União estável concomitante ao casamento - Impossibilidade - Entendimento


consolidado no âmbito do E. STJ

"A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça possui entendimento no sentido de que não
é possível o reconhecimento de uniões simultâneas, de modo que a caracterização da união
estável pressupõe a ausência de impedimento para o casamento ou, pelo menos, a
necessidade de haver separação de fato ou judicial entre os casados. Incidência da Súmula
83/STJ." AgRg nos EDcl no AREsp 514.772/SP, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta
Turma, julgado em 09/12/2014, dje 15/12/2014

STF REPERCUSSÃO GERAL


Recurso Extraordinário n° 1.045.273, considerou a impossibilidade de reconhecimento de
relações simultâneas no âmbito das relações de família como união estável. A tese fixada
em repercussão geral, em placar de 6 x 5, ficou assim redigida:

A preexistência de casamento ou de união estável de um dos conviventes, ressalvada a


exceção do artigo 1.723, § 1º, do Código Civil, impede o reconhecimento de novo vínculo
referente ao mesmo período, inclusive para fins previdenciários, em virtude da consagração
do dever de fidelidade e da monogamia pelo ordenamento jurídico-constitucional brasileiro

Ministro Alexandre de Moraes: "Ao reconhecer a validade jurídico constitucional do


casamento civil ou da união estável por pessoas do mesmo sexo, não chancelou a
possibilidade da bigamia, mas sim conferiu a plena igualdade"

Escritura Pública Declaratória de União


Poliafetiva
1ª) realizada pelo tabelionato de notas e protestos da cidade de Tupã, SP, em 2012 entre um
homem e duas mulheres.

2ª) realizada pelo tabelionato de notas da cidade do Rio, out-2015 entre três mulheres.

3ª) realizada pelo tabelionato de notas do Rio, abril-2016 entre um homem e duas mulheres.

 CNJ instaurou um Pedido de Providências para estudo do assunto, a pedido da


ADFAS, e PROIBIU escrituras em 26/06/2018.

Aula 11 - Filiação
• Lei 8069/90 (ECA)
• Lei 8560/92 - lei de investigação de paternidade
• CC/02
• Enunciados CJF/STJ + Enunciados IBDFAM - possibilidade do parentesco socioafetivo
• CFM/Res. 2.294/2021 • CNJ/Prov. 63/2017 (alterou Prov.52/2016)
• CNJ/Prov. 83/2019

 CF/88, 227: não temos mais classificação, filhos são todos iguais, havidos ou não do
casamento dos pais ou por adoção, possuem quaisquer direitos e é proibida qualquer
informação discriminatória.
 CC, 1596. Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os
mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias
relativas à filiação.

Classificação anterior

 Havia uma classificação de filhos com base no casamento dos pais. Os filhos
eram separados em legítimos, ilegítimos, legitimados e adotivos. Só eram
legítimos os filhos que nascessem de pais casado e cujo casamento fosse
válido. Se o casamento era nulo, os filhos não eram legítimos. Se os pais não
eram casados, viviam em união (não havia união estável na época), mas não
estavam impedidos de se casar, os filhos eram ilegítimos, na subcategoria
naturais. Se os pais viessem a se casar depois, legitimava-se os filhos com o
casamento.
 Os filhos esbulhos eram filhos incestuosos ou adulterinos, filhos de pais
parentes e filhos havidos por relação de adultério. Esses filhos esbulhos não
poderiam ser reconhecidos pelos pais. A mãe poderia reconhecer, pois a
maternidade se prova pelo parto. Então ela ia até o cartório do registro civil,
provava por documento da maternidade, provava a sua condição de mãe e
conseguia registrar a criança em nomes dela, mas, o pai, mesmo se quisesse
ser pai, não podia reconhecer o filho, então não havia o nome do pai no
registro.
 Os filhos adotivos eram registrados na certidão como tal.
 Filhos ilegítimos não possuíam direitos: sucessão, alimentos, e todos os efeitos
que decorrem do parentesco.
 Com a CF/88 este cenário mudou, a CF igualou todos os filhos, e o CC de 92
repetiu as disposições da CF/88 que trata da igualdade jurídica. A partir da
CF/88 nenhuma classificação de filho que atribuía distinção de direitos não é
mais possível, os filhos possam a ser todos iguais, sendo permitida inclusive a
multiparentalidade.
 A doutrina e a legislação fazem distinção, não discriminatória de filhos pois
atribui presunção de paternidade para filhos nascidos dentro do casamento.
Filhos nascidos de pais não casados precisam ser reconhecidos.

FILHOS NASCIDOS DE PAIS CASADOS


A doutrina chama de filho matrimonial, há presunção de paternidade (é relativa, admite prova
em contrário).
FILHOS NASCIDOS FORA DO CASAMENTO CIVIL (EXTRAMATRIMONIAIS)
Com os pais não casados, o filho precisa ser reconhecido voluntariamente. Não há presunção
de paternidade. Não havendo o reconhecimento voluntário, deve ser feito judicialmente. Na
ação judicial , o reconhecimento de paternidade é forçado, por meio de ação de investigação
de paternidade, que, por meio ou sentença, o juiz manda que o cartório registre a criança com
o nome do requerido. É a decisão judicial que atribuirá a paternidade à pessoa. O efeito do
reconhecimento é ex tunc. Retroage ao nascimento do filho.

PATERNIDADE PRESUMIDA
CC, art. 1597: Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:

I - nascidos 180 dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal;


II - nascidos nos 300 dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal; (+divórcio)

III, IV e V: havidos por técnicas de reprodução assistida homóloga ou heteróloga.

A presunção de maternidade se dá pelo fato. A presunção é relativa, admite prova em


contrário. Quando há conflito de presunções, prevalece o prazo de 300 dias, do II, art.
1597/CC. O filho será registrado em nome do 1° marido. Se ele já está morto, o filho já nasce
com a qualidade de herdeiro do marido morto. Admite também prova em contrário.
A união estável não gera presunção de paternidade, por não haver afeto de início.

CC, art. 1598: conflito de presunções do 1597, I e II.

REPRODUÇÃO HUMANA-1597, III a V


REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA

É aquela em que há intervenção médica. Feito em laboratório, pode ser feito por qualquer
pessoa.

REPRODUÇÃO ASSISTIDA HOMÓLOGA


Quando o material genético é do marido, utilizado para fertilizar a mulher.

REPRODUÇÃO ASSISTIDA HETERÓLOGA

Quando o marido é estéril e precisa do sêmen de um doador. Ou quando o casal é


homoafetivo feminino, precisando do sêmen do doador.
PS: AS TÉCNICAS ACIMA SERVIRÃO PARA REQUISITO DE PRESUNÇÃO DE
PATERNIDADE PARA CASAIS CASADOS.

Fecundação:
 A reprodução pode ocorrer: in utero, por meio da inseminação artificial ou in vitro em
que se colhe o sêmen do marido ou doador, a mulher precisa produzir mais óvulos,
tomando injeção de hormônios, e esses óvulos serão coletados, e em uma placa de
laboratórios unem o sêmen ao óvulo, formando os pré-embriões dentro de -+5 dias.
Os embriões serão então implantados na mulher para que ocorra a gestação.
 O conselho federal de medicina define quantos embriões podem ser implantados.
 Os embriões que sobram são chamados de embriões excedentes, ou excedentários, e
eles são congelados por criogenia.

CRIOGENIA: criopreservação dos embriões excedentes em nitrogênio líquido.

Embriões excedentários. CFM/Res. 2.294/2021 + LEI 11.105/2005 - Lei de Biossegurança


CC, 1597 + CFM/Res. 2.294/2021 + ENUNCIADOS CNJ

 Um embrião congelado, por decisão do STF, não é pessoa no sentido jurídico. É um


bem a ser protegido, e não pessoa, pois não há geração espontânea. Enquanto o
embrião não for implantado, não é sequer nascituro.
 Pelo RES CFM 2168/207 E 2283/2020 o embrião congelado a mais de 3 anos que
mão forem viáveis para a procriação, ou que os casais não querem mais procriar,
porque já tiveram filhos, faz com que o embrião tornasse excedente, e pode ser
utilizado para pesquisa em células tronco, podendo ser descartados e abandonados em
laboratório.
 Doadores temporários de útero devem pertencer a família de um dos pais em até 4°
grau, e não pode haver caráter lucrativo (barriga de aluguel).
Requisitos para presunção de paternidade
do marido:

 1597, III - havidos por RHA homóloga, mesmo que falecido o marido CJF 106: o
marido deve deixar autorização escrita no laboratório, e na implantação, a esposa
esteja viúva.

 1597, IV - havidos, a qualquer tempo, de embriões excedentários, decorrentes de


RHA homóloga; CJF 107 → tem que ter a autorização prévia

 1597, V - havidos por RHA heteróloga + prévia autorização do marido. CJF 104, 111,
258, 520, 570 + Prov. CNJ 63/2017, art. 17 §3º → consentimento expresso do marido
atribui a paternidade. A presunção de paternidade é absoluta. Se a mulher se casar
novamente após a morte do marido, e não estiver mais na condição de viúva, deve-se
verificar se a presunção de paternidade é do 1° ou 2° marido. Ou pode não haver e
precisar fazer a prova. Não admite prova em contrário, nem por exame de DNA, pois
o consentimento da reprodução heteróloga não pode voltar atrás.

PATERNIDADE PRESUMIDA
NEGATÓRIA DE PATERNIDADE: 1601 e §ún. = marido Exceto 1597, V
O ônus da prova é do suposto pai, que deve provar que não é o pai, exceto art. 1597.
Só o marido pode entrar com ação negatória de paternidade.

art. 1.599. Ilide presunção: prova da impotência à época da concepção.


ART 1600. Confissão de infidelidade da mulher não ilide

NEGATÓRIA DE MATERNIDADE: 1608 = mãe registrária


IMPUGNATÓRIA DO REGISTRO: 1.604 = interesse legítimo

AÇÃO NEGATÓRIA DE MATERNIDADE


Art. 1608= mãe registrária. Só a mulher pode entrar com a ação negatória de maternidade, ela
tirará o nome dela com a mãe registrária, essa ação é possível quando existe erro no registro
do nascimento da criança. Ex: troca de bebês.

IMPUGNAÇÃO DO REGISTRO: 1604


Interesse legítimo. Qualquer pessoa com legítimo interesse pode impugnar o registro, que
contenha informação falsa. O registro que contenha informação falsa. O registro será nulo e a
paternidade/maternidade será cancelada.

As ações de: negatória de paternidade, negatória de maternidade e impugnatória do registro


são:
 imprescritíveis
 resultam de cancelamento registro (nulidade): que é nulo, por conter declaração falsa.
 é necessário fazer prova da falsidade do termo ou declarações contidas, provando que
não há vínculo biológico com o filho.
 inexistência de origem biológica -inexistência de socioafetividade : precisa
demonstrar que não há relação socioafetiva. Se houver, não se pode mais cancelar,
ainda que o registro seja falso.
 posse estado filho

Aula 12 - Reconhecimento voluntário

RECONHECIMENTO VOLUNTÁRIO - Lei 8560/92, art. 1º e CC, 1609

Art. 1.607: pelos pais, conjunta ou separadamente

Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será
feito:
I - no registro do nascimento;
II - por escritura pública ou particular;
III - por testamento;
IV - por manifestação judicial, em qualquer ato judicial.

Parágrafo único. Reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior


ao seu falecimento, se ele deixar descendentes.

Art. 1.614. O filho maior deve consentir e o menor pode impugnar o


reconhecimento, após sua maioridade.

REGISTRO DE FILHO ALHEIO COMO


PRÓPRIO
Adoção à brasileira: CP 242 X Posse do Estado de filho: é crime no Brasil. Princípio da
proteção ao superior interesse da criança e do adolescente. No caso da mulher, dar notícia
falsa de parto que não existiu. Quando se desenvolve a relação socioafetiva e diante de todos
essas relação se estabelece, pelo princípio da proteção ao superior interesse da criança e
adolescente, se reconhece a filiação socioafetiva, e esse reconhecimento tem valor jurídico.

A relação socioafetiva n~eo é reconhecida quando gerada de sequestro da criança, pois ela
está sob coação em virtude do sequestro. Os pais biológicos possuem o direito de ter seu filho
de volta. Caso do pedrinho.
 Se não há relação socioafetiva, é possível cancelar o registro de nascimento.

MULTIPARENTALIDADE
A cada ano é nascido cerca de 700 mil bebês sem o registro de pai em sua certidão de
nascimento: de outro lado, é possível multiparentalidade, que atinge todos os efeitos
jurídicos

Tese STF: A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o
reconhecimento do vínculo de filiação, concomitante baseado na origem biológica, com os
efeitos jurídicos próprios.

 Reflexos da decisão: reconhecimento jurídico da afetividade


 Vínculo socioafetivo e biológico em igual grau de hierarquia jurídica;
 Possibilidade jurídica de multiparentalidade

O vínculo socioafetivo e o biológico estão em igual grau. O reconhecimento de


multiparentalidade passou a ser possível também de forma extrajudicial por meio do
provimento 63/2017 e do provimento 83/5019.

Reconhecimento voluntário no registro civil (extrajudicial):


 irrevogável
 reconhecente maior de 18 anos e diferença de 16 anos
 filho maior de 12 anos
 ausência de pais biológicos
 somente unilateral e não implicará o registro de mais de dois pais e duas mães (um
pai ou uma mãe socioafetivos). Qualquer outro arranjo pode ser reconhecido
judicialmente.
Quando se vai ao cartório reconhecer a paternidade/maternidade socioafetiva, deve-se
produzir provas da relação socioafetiva. Ex: vínculo na providência, no convênio médico, na
declaração de imposto de renda, declaração de testemunhas etc.

Aula 13 - Alimentos
Constitui tudo que é necessário para subsistência de alguém com dignidade. São prestações
dadas por uma pessoa a outra para satisfazer as necessidades fundamentais de quem não tem
condições de suprir essas necessidades vitais por si mesmo. Todo mundo tem direito a
alimentos, se o que eu ganho não é suficiente para eu me manter, eu posso pedir alimentos a
alguém.
Fundamentos jurídicos
Os alimentos constituem o direito à vida. É para a manutenção da pessoa para poder viver
com dignidade. O direito de alimentos é, portanto, irrenunciável.

Art, 1694/CC: podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os
alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social,
inclusive para atender às necessidades de sua educação.

Por fundamento jurídico entre cônjuges e conviventes na constância do casamento (dever de


assistência), devem eles se sustentar. Até mesmo com o divórcio é possível pleitear ação de
alimentos que tem natureza compensatória (ocorre quando um dos cônjuges, geralmente a
mulher, não desenvolveu mais atividade profissional para cuidar dos filhos, não consegue se
sustentar sozinha).

Outro fundamento jurídico é o que decorre do poder familiar, pago pelos pais a filhos
menores. Há o dever de sustento pelos pais. O poder familiar impõe um rol de direitos e
deveres dos pais em relação aos filhos menores não emancipados. Quando o filho atinge a
maior idade civil ou emancipação, cessa o poder familiar, cessando também todos os
deveres.

Há entendimento jurisprudencial firmado que entende que quando os filhos atingem a


maioridade, emancipação, os pais não podem mais se alto exonerar, apenas parar de pagar os
alimentos, é preciso entrar com a ação de exoneração, em que preciso provar que o filho
atingiu a maior idade e não precisa mais dos alimentos. O filho contestará a ação e juntará
documentos, se for o caso, de que está matriculado em algum curso, independentemente da
modalidade, comprovando estar estudando, e por isso ainda que ele tenha atividade
remunerada, pode não ser suficiente para se manter. Comprovando tal situação, extingue-se o
poder familiar e este se transforma em obrigação alimentar, que é devido de parentes. O filho
é parente e portanto possui o direito. Os pais continuarão tendo que pagar alimentos aos
filhos até os 24 anos ou o término do curso, o que vier primeiro. A exoneração dos alimentos
é automática. O filho com 24 anos ou mais, que ainda não consegue se manter, pode ainda
pedir alimentos, provando que precisa deles.

Atenção: quando se trata de pais e filhos menores, há a presunção de que os filhos precisam
dos alimentos. Quando o filho é maior, ele precisa provar a necessidade.

Alimento familiar decorrem do:


 casamento
 união estável
 poder familiar
 parentesco

DEVER DO PARENTESCO
Tem respaldo no princípio da solidariedade familiar. É o princípio que rege o dever alimentar
em relação aos parentes. Os pontos são:
 ascendentes
 descendentes
 irmãos

Primeiro se pleiteia a ação dos ascendentes, depois descendentes e assim por diante.

PRESSUPOSTOS
Para que surja o dever familiar são necessários os pressupostos de:
1. Vínculo familiar: tem-se que provar que, em relação à pessoa a que se pede alimentos,
há vínculo de direito de família. Pode ser em decorrência de casamento, união estável
e/ou parentesco. Devendo dizer qual parente é e demonstrar qual modalidade gira a
obrigação familiar. Há 1 modalidade que não gera obrigação alimentar, é o parentesco
por afinidade. Não há nenhum direito entre os parentes por afinidade, porém, se o
padrastro reconheceu o enteado como filho socioafetivo, há a obrigação de alimentos
e todos os direitos e deveres da relação para com seu filho.
2. Existência de binômio necessidade-possibilidade. Se a pessoa entrou com a ação de
alimentos, ela deve demonstrar a necessidade que tem e a possibilidade do outro em
pagar; Tenho que provar que o outro pode pagar sem que se destitua do necessário à
subsistência dele.

Alimentante = devedor
Alimentado = credor

características do dever a alimentos


1. Personalíssimo: está atrelado ao credor, se eu recebo alimentos e falecer, o meu
herdeiro não herda o direito.
2. Intransmissível: se o credor morre, o direito a alimentos morre com ele.
3. Irrenunciável (em direito de família): enquanto subsiste a família, há o direito de
família.
4. Imprescindível: posso ingressar com a ação de alimentos a qualquer tempo. No caso
do devedor de alimentos tornar-se inadimplente, o credor pode ingressar com ação
cobrando os alimentos das prestações vencidas e não pagas em até 2 anos passados,
prestações anteriores prescrevem.
5. Impenhorável, incompensável, incessível: não posso passar o meu direito de
alimentos para outro.
6. Atual: necessidade atual.

CARACTERÍSTICAS DA OBRIGAÇÃO DE
ALIMENTAR
1. Transmissível: 1700/CC 97: A minha obrigação alimentar se transmite aos meus
herdeiros se eu falecer, dentro das forças da herança deixada, enquanto for herdeiro,
até a efetiva partilha.
2. Mutável: art. 1699: se houver um desequilíbrio na relação das duas partes que não foi
possível prever, é possível rever a obrigação alimentar. Pode-se ingressar com ação
revisional de alimentos, quando a situação se modifica. Sempre que se alterar a
necessidade ou a possibilidade. Não faz coisa julgada material por poder ser revista a
qualquer momento.
3. Recíproca: os parentes se devem alimentos reciprocamente.
4. Divisível e alternativa: 1696 a 1698: pode ser dividida a obrigação em quantos
credores e devedores forem necessários. É também alternativa, o devedor decide
como quer cumprir a obrigação. Pode ser em dinheiro ou outra forma.

Exceção de divisibilidade: quando o credor for idoso, os devedores tornam-se solidários, por
força da lei (estatuto do idoso). Ex: pai é credor de alimentos de 3 fihos, sendo o pai idoso. Se
um dos filhos não pagar a sua cota, os outros dois podem sofrer a ação para pagar essa cota,
cabendo-lhe ação de regresso posteriormente. Neste caso, a obrigação é indivisível.

5. Irrestituível: não há devolução de alimentos pagos (enriquecimento sem causa)

alimentos gravídicos
São alimentos pagos à gestante contra o suposto pai para receber o valor que o auxilie para o
desenvolvimento do bebê de forma saudável. O beneficiário é o nascituro. Há indícios de
paternidade. O juiz determinará o pagamento do valor necessário ao pagamento das despesas
adicionais da gravidez.

Lei 11804: direitos de alimentos da gestante.

O valor tem ficado em torno de ¼ e ⅓ do salário mínimo, é uma ajuda de custo.

Nenhuma gestante pode ser obrigada ao exame de DNA, médicos também não recomendam.
Há indícios de paternidade.

Nascida a criança, converte os alimentos gravídicos para a pensão alimentícia para o menor.
Haverá a verificação do valor de pensão.

Os alimentos podem ser:


 temporários ou provisórios (provisionais caíram em desuso): são pagados por período
inicial até que seja feita a prova. É o caso de investigação de paternidade. Não
decorrer da ação se fixam os definitivos.
 definitivos: naturais (necessários) ou civis (côngruos). Os civis constituem tudo que
precisa. Os naturais se constituem pelo mínimo necessário para a subsistência. É o
caso dos alimentos gravídicos. É uma ajuda.
 Podem os alimentos ser cumpridos de diversas formas: dinheiro, pagamento de
seguros, entrega de cesta básica, moradia, etc.

Extinção: 1708 e 1709:


 Pela morte do credor
 Quando desaparecidos um dos pressupostos do art. 1695 (existência de um vínculo
familiar, binômio necessidade-possibilidade).
 Procedimento indigno do credor em relação ao devedor de alimentos (1708)
 Hipóteses de que ocorre quando o herdeiro comete ato contra o de cujus e é excluído
da sucessão.

DESCUPRIMENTO
CPC 528, 517, 530, 531 E 831

Quando o devedor se torna inadimplente, o credor tem o direito de cobrar judicialmente, por
meio de ação de execução, intimando o devedor a pagar, ou provar que pagou ou ainda
justificar a razão de não ter pago ainda sua impossibilidade de pagamento em 3 dias, sob a
possibilidade de penhora ou prisão civil como pena.

Prisão civil coercitiva


 1 a 3 meses: provisórios ou definitivos. Só posso pedir prisão civil pelas últimas 3
parcelas não pagas, para parcelas não pagas anteriormente cabe penhora. A prisão
civil tem natureza coercitiva, para forçar o devedor a pagar. Deve ser pago em
depósito judicial.

O cumprimento de prisão não exime o devedor do pagamento da dívida. Art. 528, §5°. O
regime é fechado e é cumprido na delegacia. Em razão do COVID, a prisão tem sido
domiciliar.

Essa prisão não é cabível para alimentos compensatórios, de ex cônjuges, pois não mais
direito de família. Alimentos de indenização também não. Apenas para os casos de alimentos
de direito de família. Não pagar alimentos é crime de abandono material. Além da prisão
civil, há a possibilidade de ser julgado pelo crime de abandono material e cumprir pena
punitiva - 244 CP, detenção mais multa.
Há penas coercitivas a serem aplicadas ao invés da prisão civil, em que a prisão ocorrerá por
3 meses.
 Anotação do SERASA e CT
 Impedimento renovação ou suspensão da CNH, passaporte, crédito em banco, cartão
de crédito etc.
 Crime de abandono material: punitiva, cp 244, 1 a 4 anos de detenção + multa de 1 a
10 vezes o salário mínimo.

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