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DIREITO DE FAMÍLIA

Prof. Marcos Ganem

INTRODUÇÃO

Acepções
a) Conceito amplo: todos as pessoas que nasceram do primeiro homem e
da primeira mulher.
b) Conceito biológico: todas as pessoas que tiveram o mesmo tronco
biológico em comum.
c) Conceito do efeito e vínculo: vínculo que se estabelece entre o homem
e a mulher e dos filhos que deles nascem.
* Esses conceitos são amplos demais e não interessam à ciência familiarista.

DEFINIÇÃO
É o complexo de normas que disciplinam a celebração do casamento, sua
validade, seus efeitos, as relações pessoais e patrimoniais da sociedade
conjugal, a dissolução desta, as relações entre pais e filhos, o vínculo de
parentesco e os institutos complementares da tutela, curatela, poder
familiar e guarda.

CONTEÚDO
1º - Casamento: celebração, efeitos jurídicos, regime de bens e dissolução.
2º - Relações de parentesco: filiação, reconhecimento dos filhos e adoção.
3º - Institutos de proteção: pensão alimentícia, tutela, curatela e ausência.
4º - União Estável: a família nasce do casamento e da união estável.
CARACTERÍSTICAS DAS NORMAS DO DIREITO DE FAMÍLIA
1 - As normas do Direito de Família diferem dos outros ramos do direito
civil, pois, em regra, são irrenunciáveis, intransmissíveis e personalíssimas .
2 - Predomínio dos direitos imprescritíveis.
3 - Predomínio das normas de ordem pública, ou seja, não podem ser
alteradas pela vontade das partes.

NATUREZA JURÍDICA
Há duas correntes doutrinárias, a saber:
1 - Direito Privado (Caio Mário da Silva Pereira, Maria Helena Diniz,
Washington de Barros Monteiro e Orlando Gomes)
Embora haja a penetração de normas cogentes ou de ordem pública, nem
por isso o Direito de Família se publiciza ou extingue como Direito Privado.
O DF não visa realizar diretamente um interesse público, pois não envolve
uma relação direta entre o Estado e o cidadão.
Regula e assegura direitos individuais, não obstante seja um ramo do direito
privado menos individualista, dado o reduzido e limitado papel do Estado.

2 - Direito Público (Silvio Rodrigues)


Várias normas do DF são cogentes ou imperativas devido a intervenção do
poder público. Visa mais que o poder público, a tutela de toda a sociedade.
Exemplo: na união estável o Estado impõe um estado civil independente da
vontade expressa do cidadão.

NOTÍCIA HISTÓRICA
1 - Período do matriarcado
Há pouca informação, mas tem-se alguns poucos registros de que as
mulheres mandavam na família.
2 - Regime do patriarcado
Período do direito romano, história mais sólida.
Na família romana há a presença decisiva do pai de família.
Autoridade absoluta, com direito à vida do filho. Podia vendê-lo com
respaldo da lei.
A mulher não tinha vez, se solteira estava sob o domínio do pais, se casada,
do marido.
A partir do surgimento do Cristianismo, Revolução Francesa, grandes
guerras, a mulher passa a ser mais valorizada.
No Brasil, até o século passado, a sociedade era patriarcal, mas sem os
exageros da família romana.
Atualmente, as famílias estão mais reduzidas, carinhosas, em constante
processo de mudança.
CASAMENTO

CONCEITO
É a união entre duas pessoas visando uma relação fisiopsíquica
permanente.

NOTÍCIA HISTÓRICA
a) Confarreatio
Era o casamento dos nobres.
b) Coemptio
Casamento civil da plebe. Havia uma venda simulada da noiva por seu
pai ao marido.
c) Usus
A mulher era adquirida por uma espécie de usucapião, isto é, após o
uso/posse por mais de um ano ininterrupto o homem tinha direito à sua
propriedade (mulher objeto).

CARACTERÍSTICAS
a) Ato solene: ato formal realizado no cartório de pessoas naturais.
b) União exclusiva: é monogâmico
c) União permanente: contínua, não perpétua.
d) Dissolubilidade: não tenho cunho universal.

NATUREZA JURÍDICA
Há três correntes doutrinárias:
1. Teoria contratualista (Caio Mário da Silva Pereira)
O matrimônio é um contrato civil, bilateral, solene e público celebrado
entre duas pessoas.
Crítica: se fosse contrato poderia ser desfeito/rescindindo como
qualquer contrato, mas não é assim, pois para sua dissolução é preciso
requerer o divórcio (em cartório ou judicial).
2. Teoria Institucionalista (Washington de Barros Monteiro e Maria Helena
Diniz)
O casamento é uma instituição social, ou seja, as pessoas simplesmente
aderem a um esquema preestabelecido pelo Estado e pelo legislador.
O que é importante não é a manifestação de vontade, mas uma
submissão ao que a lei determina. Trata-se de uma adesão a um estatuto
sem liberdade para alterá-lo.
Crítica: a manifestação de vontade é de fundamental importância, pois
sem ela não há casamento.

3. Teoria do ato complexo (Orlando Gomes)


É um contrato em sua formação e uma um instituto em seu conteúdo.
O casamento é um contrato, mas não um contrato comum do Direito Civil,
mas um contrato especial sujeito às rigorosas normas do Direito de Família.
É a corrente mais aceita na doutrina.

FINALIDADES
Houve enorme influência da Igreja Católica no surgimento das normas
familiaristas, sobretudo, do Concílio de Tentro.
1. Legalizar e disciplinar o relacionamento sexual.
2. Procriação, mas nesse caso é finalidade natural e não essencial.
3. Assistência mútua, material e espiritualmente.
4. Educar, manter e criar os filhos, porventura nascidos da união.

CASAMENTO CIVIL X CASAMENTO RELIGIOSO


- Casamento civil: celebrado perante o juiz de paz.
- Casamento religioso: celebrado perante a autoridade religiosa.
* CF/1891, art. 72, par. 4º: “A República só reconhece o casamento civil.”
** Noivado: é um compromisso apenas de ordem moral, não dá direito a
reclamar nada, salvo, se houver construção de patrimônio comum nesse
período.

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