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ASPECTOS DO DIREITO DAS FAMÍLIAS CONTEMPORÂNEO

Modelo tradicional Modelo contemporâneo


Privatista Publicista
Formalista Consensual
Unicista Pluralista
Patrimonialista Personalista
Hierarquizado (verticalizado) Horizontalidade (igualdade)

• A visão do Direito bipartido é antiga e não mais usada (direito público e privado).
O Direito da família também interessa ao Direito Público e ao Estado.
• Um ato jurídico stricto sensu pode ser formal ou informal. O modelo tradicional
era formalista porque ele se fundamentava a partir do casamento. Todas as
relações de família tinham como origem o casamento. A própria paternidade tinha
sempre ligação sob aquilo que produziria direitos ou não a partir do casamento.
• O modelo tradicional era unicista no sentido de tomar como causa e origem das
relações o casamento e formalista pois o casamento, ao lado da compra e venda
de imóveis, era uma das maiores formalidades do Direito. O casamento é formal
e solene, deve ser cumprida uma cerimônia.
• As relações no direito das famílias é consensual.
• É possível ter uma união estável não formal, basta haver convivência e outros
requisitos. Hoje é possível estabelecer relações e direitos sem ser somente pela
via formal, como ocorria no modelo tradicional.
• O livro de família do CC de 1916 tratava somente de patrimônio. A
essencialidade na constituição das famílias não é mais o patrimônio, hoje
existe a concepção da afetividade. Historicamente o casamento sempre foi
diretamente relacionado ao patrimônio, inicialmente como se fossem sócios em
um contrato de sociedade.
• A pessoa está no centro desse ato jurídico e não mais o patrimônio, o que é a
personificação do Direito Civil.
• O modelo formal era baseado no patriarcado (verticalidade entre marido e mulher,
pai e filho).
Princípios constitucionais
• Princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF);
• Princípio da liberdade (art. 226, CF);
• Princípio da pluralidade das entidades familiares (art. 226, CF);
• Princípio da solidariedade familiar (art. 229, CF), gerando o Estatuto da criança e
do adolescente, Estatuto do idoso;
• Princípio da proibição do retrocesso social. Há determinadas conquistas e
institutos que ao serem garantidos (até por uma questão de segurança jurídica) não
pode retroceder, pois estaria gerando essa insegurança para quem estiver
envolvido direta ou indiretamente nessas relações.

EFEITOS DOS DIREITOS DAS FAMÍLIAS (casamento) – art. 226, CF.


• Efeito existencial, vinculado pelas escolhas e vontades: dignidade humana. Não
é pecuniário, mas ainda assim modifica diretamente o Direito das Famílias.
• Efeito patrimonial: direito privado.
• Negócio jurídico especial que vai trazer novas formas de patrimônio.

EFEITOS DE NATUREZA PESSOAL:


• Entidade familiar (art. 226, CF): monoparental, homoafetiva, mosaico
(reconstruída), anaparental.
➢ O poliamor ainda não foi reconhecido legalmente. O CNJ não reconhece
família com quebra da monogamia por uma questão religiosa brasileira e porque
isso resultaria dificuldade de reconhecimento da prole e pelo impacto
previdenciário, pois se uma das pessoas morrer, a previdência teria que pagar para
várias pessoas e não uma só. Esses critérios são estritamente patrimoniais e são
sanáveis. A critica fala que os aspectos patrimoniais não podem se sobrepor aos
aspectos familiares, não se pode vedar um tipo de família, é uma negativa da
dignidade humana.
➢ A jurisprudência permite que o indivíduo coloque um animal de estimação
em um lugar familiar, mas não reconhece o poliamor.
➢ A família simultânea ainda passa pela monogamia.
Reconhecimento dos filhos (art. 1569, CC);
➢ Parentalidade biológica, legal, por afinidade, homóloga e heteróloga (óvulo,
sêmen de pessoas diferentes).
➢ Toda vez que nasce uma criança 180 após o casamento ou união estável, a
paternidade é presumida ao marido, independente de outras provas, exame de
DNA ou de vontade.

Emancipação civil (art. 5º e 65 do Estatuto da Pessoa com Deficiência);


➢ Antigamente era possível se casar antes dos 16 anos em caso de gravidez. Após a
lei 13.811/19, que alterou o art. 1520, CC, para vedar o casamento de pessoas
menores de 16 anos. Sem autorização ilegítima, o juiz pode autorizar o
casamento. Anteriormente aos 16 anos, não existe hipótese que permita o
casamento.
➢ Aquela capacidade limitada passa a ser plena.
➢ As pessoas vulneráveis portadoras de deficiência não podiam casar antes de 2015.
Entre as deficiências cognitivas, existem as plenas e limitadas. Não há vicio de
vontade na permissão do casamento e a proibição vai contra o principio da
dignidade humana.
➢ Sob o aspecto patrimonial, as pessoas com deficiência só podem optar pela
separação universal de bens para não haver fraude.

Nome familiar (art. 1565, CC);


➢ O nome familiar é facultativo, mas isso se modificou somente no Código de 2002.
➢ A vantagem é ser reconhecida socialmente também no nome dos filhos.

Direitos e deveres dos cônjuges (1566/1570, CC);


➢ O artigo 1566, CC, fala de vida em comum no domicilio conjugal, respeito e
consideração mútuos.
➢ O adultério antigamente era somente da mulher, que perdia direitos patrimoniais
no encerramento do casamento. Não há mais conduta criminosa na fidelidade.
Mesmo que o art. 1566 fale da fidelidade, a doutrina vai contrária e tem relevância
na interpretação. Em concurso, é preciso falar da fidelidade, mesmo com a
oposição doutrinária.
➢ Vida comum. Embora o código diga que é o mesmo domicilio, a jurisprudência
já afastou, desde que se comprove que há família.
➢ Diferença entre entidade familiar e namoro qualificado (que não entra no aspecto
pessoal): entendimento do STJ sobre o caso do casal que morou nos EUA e no
Brasil (que por uma questão de conveniência a moça foi morar na casa do
namorado). A professora não concorda com o STJ, porque é uma diferença muito
sutil e subjetiva entre união estável e namoro qualificado.
➢ O namoro e a união estável são próximos; o namoro é circunstancial e a união
estável não. O contrato de namoro é para preservar essa parte que está mais
vulnerável e depende muito de prova.

Estabelece vínculo parentesco;


➢ Na relação de parentesco, a sogra está na mesma posição que a mãe (mesmo após
o fim do casamento! Sogra é pra sempre rs). Se a sogra morre, não há mais
ninguém e a nora é a única na linha sucessória, é possível que a herança seja para
ela, por exemplo.
➢ Ou seja, ao casar, as famílias se unem e não se desfazem depois, mesmo com o
fim do casamento. Nesse caso, caso a tia do ex-marido esteja passando por serias
dificuldades financeiras, ela poderá ajuizar ação de alimentos contra você.

- Efeitos de natureza patrimonial:


• Estabelece o regime de bens (art. 1639, CC);
➢ Comunhão total de bens;
➢ Comunhão parcial de bens;
➢ Separação universal de bens;
➢ Parte do patrimônio é comum e parte não é comum;
➢ Caso os indivíduos não escolham, o cartório irá registrar como comunhão parcial
de bens. Nessa hipótese, a mãe de família dona de casa tem direito a metade dos
bens com o fim do casamento, pois ela contribuiu na construção da família
igualmente. O aspecto existencial influi no aspecto patrimonial.
➢ Na união estável sem escritura, há comunhão parcial de bens automaticamente.

• Estabelece a relação sucessória obrigatória (art. 1799, CC);


➢ As pessoas que integram a famílias são chamados herdeiros necessários, não
podem ser afastados, a não ser pela indignidade.
➢ Transferência patrimonial em razão da morte, os bens viram posse e
posteriormente propriedade.

INVALIDADE
- Casamento nulo (art. 1548 e 1521, CC)
• Causas;
➢ O casamento pode ser nulo, conforme art. 1521, CC, se for feito entre os
ascendentes e descendentes, os afins em linha reta, os irmãos unilaterais e
bilaterais até o terceiro grau (então tio e sobrinho não podem casar, mas primos
podem), o adotado com o filho do adotante, etc.
➢ Diversas jurisprudências igualam a união estável ao casamento.
➢ Serão inválidos todos os casamentos cujas causas estejam vinculadas às partes e
ao art. 1521, CC.
➢ Questão moral do incesto e questão biológica ou eugênica: a critica entende que
a questão moral é subjetiva e depende de cada um. A questão biológica não pode
ser impedida pelo Estado (assim como o Estado não pode impedir o nascimento
das pessoas com deficiência).

• Deslegitimidade;
➢ Qualquer pessoa, inclusive o MP, é legitimo. Portanto, a legitimidade é ampla.

• Imprescritibilidade;
➢ a qualquer tempo.

• Efeitos;
➢ Ex tunc, pode ser anulado desde o inicio com todas as relações jurídicas que
ocorreram.
➢ Se demonstrar que houve boa fé na compra e venda durante um casamento nulo,
é possível manter, caso não seja possível de comprovar, será desfeito.
➔ No negocio jurídico é preciso de: partes (capazes), objeto (lícito, possível,
determinado ou indeterminado) e forma (livre ou vinculada).
➔ O casamento tem uma forma solene (ato na escada pontiana): habilitação,
publicação de atos e celebração.
➔ Escada pontiana: existência – validade – eficácia. Toda vez que o casamento é
nulo, ele não produz efeitos jurídicos (patrimonial, parentesco etc.).

- Casamento anulável: pode produzir efeitos, está na ordem da validade.


➢ Causas: art. 1550, CC/02. Aos menores de 16 anos, pode haver aprovação tácita
ou expressa. É proibido comportamento contraditório (se o pai esteve no
casamento, não se opôs, não pode posteriormente pedir a anulabilidade). Quando
não se conhece algo essencial sobre a pessoa e descobre após o casamento, por
exemplo, há erro essencial.
➢ Legitimidade: as partes ou terceiros interessados – como credores, os pais,
alguém que foi desfavorecido economicamente, (não o MP).
➢ Prescritibilidade: art. 1560, CC/02 (180 dias a 4 anos para requerer a decretação
de anulabilidade do casamento. Esse prazo é decadencial, portanto, se não for
exercido naquele momento, perde a oportunidade de exercer. Se perde o prazo, só
o divórcio).
➢ Efeito ex-nunc: produz efeito junto às partes. O casamento produz efeitos até a
sentença, não retroage a data do casamento (como no nulo).
• Casamento irregular: causas suspensivas.
➢ Causas: art. 1523, CC/02.
➢ Sanatório possível: Através do divórcio. Vai ser convalidado (quando as
cláusulas forem sanadas), nulo ou anulado.

- A nulidade tem a ver com o aspecto da existência (forma), enquanto a anulabilidade


te a ver com a validade (aplicabilidade).
- O negocio civil pode ser anulável por dolo, erro, lesão, simulado ou coação - vícios
da vontade!
- É possível se casar no leito de morte, nuncupativo, porém é necessário que haja 6
testemunhas para garantir as vontades e o consentimento.
- A corrente contratualista entende que o casamento é contratual, se restringindo ao
Direito Privado. Os elementos contratuais e interpartes são como qualquer outro contrato.
Quando se entende o casamento como contrato, existem efeitos eminentemente
patrimoniais, o que não funciona para a doutrina majoritária.
- A corrente anti-contratualista diz que o casamento não pode ser um contrato
porque ele não trata somente do patrimônio, há o aspecto existencialista e mais
subjetivo do que o patrimônio em si.
➢ Parte da corrente anti-contratualista entende que o casamento é uma instituição –
critérios hierárquicos deveriam ser instituídos, o que não corresponde ao
modelo contemporâneo de casamento.
➢ Outra parte da corrente entende que o casamento é um negocio jurídico especial
(corrente majoritária). Ele tem todos os critérios patrimoniais e existências a
serem respeitados.
- Guarda compartilhada não tem a ver com a separação de dias na semana que o filho fica
na casa de cada um e sim com as decisões feitas conjuntamente sobre a vida da criança.

DISSOLUÇÃO DAS ENTIDADES FAMILIARES


- Rompimento do vínculo jurídico matrimonial ou da união estável.
3.1 Casamento: art. 1571, CC, art. 226, CF e lei 11441/07.
• Morte:
➢ De fato: quando a pessoa morre e há reconhecimento do corpo, etc.
➢ Presumida: ela passa pelo processo de decretação de ausência, há vinculo por
pelo menos 10 anos entre o cônjuge e a pessoa que morreu, só após esse tempo a
outra pessoa pode casar de novo, por exemplo.
• Divórcio judicial: diante do juiz.
• Divórcio extrajudicial: lei 11441/07. É preciso ter acordo com relação aos bens,
não pode tratar de questões que envolvam filhos e é necessária a anuência do
consorte. Não deduz o divórcio ao juiz, podendo ir somente ao cartório, caso haja
acordo e vontade das partes.
• Separação: Art. 226 CF. Ela se tornou controvertida porque a EC 66 que retirou
a obrigatoriedade de prazo para o divórcio. Admite reconciliação.
➢ De fato: situação fática. Inicio do divórcio ou da separação (momento de saída de
casa, por exemplo).
- Efeitos do rompimento ou da suspensão: separação de corpos, fim dos deveres entre
os cônjuges e fim do regime de bens.
- EC 09/77: Separar antes do divórcio.
• União estável: situação fática que o Direito reconhece, comunhão parcial de bens
como regime automático caso não tenha nada declarado. Pode ser reconhecida em
cartório ou fática. Ela admite os outros regimes de bens de forma expressa.
• A união estável pode ser dissolvida no mesmo cartório ou via judicial. Pode
converter a união estável em casamento, resultando na dissolução da união.
Não há separação na união estável.

CASAMENTO
- Art. 1521, CC: apresenta impedimentos ao casamento, procedimento de habilitação
(essa habilitação é dividida em etapas).
• Casamento putativo:
• É aparente, mas pode ser nulo ou anulável.

- Casamento nuncupativo:
• Art. 1533, 1535 e 1540, CC;
• Para a sua celebração é preciso seis testemunhas, não podem ser parentes diretos
e precisam ter capacidade de fato. No nuncupativo algum dos contraentes tem
risco de vida, portanto é um casamento urgente, abre mão das formalidades. O
fundamental preservar a vontade das partes.
• Aquele que estava doente, mas não morreu deverá confirmar a sua vontade
declarada, a fim de preservar a livre vontade das partes.
• Lei 6015/73.

PARENTESCO
• Art. 1591, CC.
• Vínculo jurídico estabelecido entre pessoas pela consanguinidade ou por outra
origem, daí decorrendo o parentesco consanguíneo e o parentesco civil.
• Parentesco consanguíneo: quando duas ou mais pessoas se originam de um
ancestral em comum;
• Parentesco civil: quando o vínculo é estabelecido não por laços de sangue, mas
por ato jurídico voluntário, como adoção ou estabelecimento de vínculos de
socioafetividade.
• Filiação: vínculo de parentesco que se estabelece entre pais e filhos, sendo
designada, do ponto de vista dos pais, como uma relação de paternidade e
maternidade.

Conceitos:
• Cônjuges não são parentes entre si!
• O parentesco em linha reta é geracional em geração. Na descendência são os
filhos, netos, bisnetos e na ascendência são os pais, avós, bisavós.
• O parentesco mais próximo exclui o mais remoto.
• Para efeito de sucessão não há limitação de parentes em linha reta.

Parentes colaterais: os mais próximos são os irmãos (colateral em 2º grau), os tios e


sobrinhos (colaterais em 3º grau) e os primos (colateral em 4º grau).
• Só há herança até 4º grau colateral (primos). Dessa forma, não existe primo de 2º
grau (pois seria 5º grau colateral).
• Por testamento, é possível atribuir ao primo de 2º grau parte por herança.
- Dessa forma, existe o parentesco por:
• Afinidade (casamento e união estável);
• Biológico;
• Civil ou socioafetivo.
• Não há distinção dos efeitos jurídicos dos dois últimos casos (art. 227, CF).

- Filiação:
• Art. 1597, CC. Coloca o casamento como ponto central das famílias e busca por
uma “verdade biológica”. Questão meramente patrimonial ao impor as limitações
sobre quem são os filhos do casamento.
• Art. 227, CF. Não distinção entre os filhos.
• Provimento 63/2017: Institui modelos únicos de certidão de nascimento, de
casamento e de óbito, a serem adotadas pelos ofícios de registro civil das
pessoas naturais, e dispõe sobre o reconhecimento voluntário e a averbação da
paternidade e maternidade socioafetiva no Livro “A” e sobre o registro
de nascimento e emissão da respectiva certidão dos filhos havidos por reprodução
assistida. Ele não se refere exclusivamente a inclusão de ascendentes.
• Provimento 83/2019: alterou alguns artigos do primeiro provimento (que não foi
revogado).
• Multiparentalidade: mais de uma pessoa pode constar como progenitor daquele
filho. Se esse filho tiver menos de 12 anos, isso só pode ser realizado
judicialmente, se tiver mais de 12 anos, pode ser feito extrajudicialmente por um
pedido ao oficial do cartório onde foi feito o registro de nascimento. É necessário
o parecer do ministério público, que é terminativo.
• Na via extrajudicial é possível acrescentar mais um ascendente (somente um), o
que não significa que não possa ocorrer pela via judicial.
• Lei 8560/92; art. 1615 e 1616, CC e art. 27 do Estatuto. Tratam da investigação
de paternidade, cujo meio de prova mais definitivo é o exame de DNA.
• Súmula 301, STJ: Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se
ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade.

ADOÇÃO
• Instituto relativamente novo.
• Adoção pelo estatuto da criança e do adolescente: adoção plena, pode alterar o
prenome e o nome de família (dependendo da circunstância).

- Características do instituto da adoção:


➢ O adotante deve ter mais de 18 anos;
➢ Deve haver uma diferença de 16 anos entre quem adota e quem é adotado;
➢ Ato personalíssimo, vedado a procuração (art. 39, ECA);
➢ É irrevogável e incondicional (ato jurídico stricto sensu: o ritual está todo previsto
pelo legislador);
➢ Rompe todos os vínculos com os parentes biológicos, salvo os impedimentos para
o casamento (art. 1521, CC), que será avaliado no momento da habilitação do
casamento. Novamente é para prevenir as relações incestuosas;
➢ Realiza-se sempre no interesse do adotando (art. 43 ECA);
➢ Adoção unilateral (um adotante) ou por casal (Dois adotantes. A lei só admite que
sejam casados ou companheiros em união estável);
➢ Adoção plena (regulamentada pelo ECA - o adotando é alguém que não tem 18
anos) e adoção de maiores de 18 anos (art. 1619, CC), precisa do consentimento
de quem tá sendo adotado, além do pai/mãe que consta no registro. Isso é
inafastável.
- Adoção internacional: quando os adotantes são estrangeiros que não moram no Brasil.
Essa adoção é possível e está prevista no art. 46 e 51, ECA. É acompanhado com mais
rigor para prevenir o tráfico internacional.

CRITÉRIOS PARA O ESTABELECIMENTO DOS VÍNCULOS DE FILIAÇÃO:

A atribuição do status de filho pode se dar de diversas maneiras:


a) Por meio do estabelecimento de presunções;
b) Mediante reconhecimento voluntário;
c) Mediante reconhecimento judicial, que ocorre por meio de ações de estado.

• Filiação presumida: A paternidade decorrente de relação matrimonial se prova


pela simples demonstração do estado de casado.
• Prevalece a presunção de paternidade do marido: pater is est quem justae
nuptiae demonstrant.
• Nas relações extraconjugais, entretanto, há que se reconhecer o estado de
filho, não sendo consentido o estabelecimento de presunção própria da relação
matrimonial. É, pois, o reconhecimento o ato de declaração, voluntária ou
judicial, da filiação extramatrimonial.
• A presunção de filiação se estende à união estável? R: O STJ já entendeu pela
aplicação extensiva da presunção à união estável, ao argumento de que a
Constituição reconheceu sua existência como entidade familiar, de modo que a
interpretação do art. 1.597 do CC deve ser sistemática. Em contrapartida, outros
autores entendem que sem casamento não há presunção de paternidade. De forma
geral, quanto ao parentesco presumido, a regra é de que o pai do filho havido
durante o casamento é o marido da esposa grávida. Assim, presumem-se havidos
na constância do casamento os filhos nascidos pelo menos 180 dias depois de
estabelecida a convivência conjugal e os nascidos nos 300 dias posteriores à
dissolução da sociedade conjugal.
OBS.: Por isso que não se devem casar a viúva, ou a mulher cujo casamento se
desfez por nulidade ou anulabilidade, até 10 meses depois do começo da viuvez
ou da dissolução da sociedade conjugal, a fim de se evitar dúvida quanto à
paternidade, caso haja gravidez (causa suspensiva de casamento).
• Filiação biológica: A máxima certeza resultante das ações de investigação de
paternidade foi alcançada por meio do exame de DNA.
• Presunção e recusa em se submeter ao exame de DNA: a jurisprudência,
tendencialmente, tem negado o constrangimento físico do réu, servindo a
recusa como presunção que milita em favor do suposto filho, do vínculo de
paternidade, a ser examinada pelo magistrado no conjunto probatório.
• Filiação socioafetiva: Novo modelo de parentesco, fundado no exercício fático
da autoridade parental, que passou a ser valorado juridicamente.

Art. 1.593: criou uma cláusula geral de parentesco, que, atualmente, remete ao
parentesco socioafetivo, advindo da posse de estado. “Com efeito, as novas
concepções de família e o desenvolvimento da sociedade têm dado visibilidade ao
afeto como meio de identificação dos vínculos familiares para definir os elos de
parentalidade”.

• Encontra-se sedimentada na cultura jurídica brasileira a noção de família


como formação social, e não biológica, na qual uns desempenham funções
na vida dos outros, independente de terem ou não vínculos consanguíneos.
OBS.: Parentesco socioafetivo estabelece vínculo de filiação.
• Criação reflexa das linhas e graus de parentesco;
• Geração de efeitos pessoais e patrimoniais.
• O que realmente cria o liame civil entre pais e filhos não é a mera expressão
de sentimento de amor ou afeto por si só, mas o exercício da autoridade
parental, ou seja, a real e efetiva prática das condutas necessárias para criar,
sustentar e educar os filhos menores, com o escopo de edificar sua
personalidade, independente de vínculos consanguíneos que geram essa
obrigação.
Posse de estado de filho: Nas demandas referentes à declaração de paternidade
socioafetiva, seja qual for a linha e grau de parentesco cuja declaração se busca,
o mais relevante é a comprovação da posse de estado de filho.
Requisitos:
a) Nome: utilização do nome de família pelo filho, de forma a traduzir sua identidade
familiar. Não possui peso significativo na valoração das provas, pois pressupõe a sua
inserção, não necessariamente verificada, no registro de nascimento de filho, além das
hipóteses de adoção informal do sobrenome de família.
b) Trato: afetividade como elemento apto a gerar fatos jurídicos - amor, desvelo e
serviço que alguém se entrega ao bem da criança;
c) Fama: projeção social do tratamento, ou seja, reconhecimento da comunidade em
que a família está inserida de que houve o desempenho de papéis de pai/mãe e filho.
OBS.: Parentesco é tipo de relação jurídica IRREVOGÁVEL. Uma vez
estabelecido não pode ser desfeito, exceto nos casos de adoção em que os vínculos
com a família biológica se rompem em prol da família adotiva, criando-se novos
vínculos de socioafetividade.

MULTIPARENTALIDADE:

• Advém da formação de parentescos simultâneos, independentemente da


origem - realidade da pessoa que vivencia o exercício fático da autoridade
parental por mais de um pai e/ou mais de uma mãe.
OBS.: A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o
reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na origem biológica, com
todas as suas consequências patrimoniais e extrapatrimoniais.

Situações jurídicas parentais abarcadas, em potencial, pela multiparentalidade:


• Famílias recompostas/mosaico;
• Filhos de criação: é o filho de um terceiro que é tratado como se fosse filho
exercendo todos os deveres da autoridade parental, se menor de idade;
• Reprodução assistida heteróloga, cujo doador do material genético é
conhecido e a doação acontece para, pelo menos, duas pessoas;
• Relações poliafetivas que gerem um filho;
• Adoção à brasileira: ocorre quando alguém registra filho de outrem como se
fosse seu.

EXTINÇÃO DO PODER FAMILIAR


- Art. 1635, CC.
• Causas naturais: em decorrência de um fato jurídico. São, por exemplo, a
maioridade e a morte (do filho, do pai ou da mãe).
• Causas voluntárias: decorrem de um ato jurídico. Por exemplo, a emancipação,
a adoção.
• Causas punitivas: perda do poder familiar por decisão judicial.
• Suspenção do poder familiar: art. 1637, CC c/c art. 23 e 155, ECA, lei 12.318/10
(lei da alienação parental), lei 13.010/14 (lei que altera alguns artigos do ECA
especialmente acrescentando o art. 18-A, 18-B e 70-A. Essas medidas são
decorrentes da chamada “lei da palmada”), lei 13.715.
• A alienação parental na sua manutenção pode levar à suspensão e à perda do poder
familiar.
Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles
inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o
Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e
seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha.
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe
condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos
de prisão.
DIREITOS PATRIMONIAIS
- Meação (proprietário de metade) só acontece nos bens adquiridos pelo casal.
- Os bens que são adquiridos onerosamente durante o casamento não são objetos de
meação, mas na prática podem ser ao final, pois são objeto de participação do outro
(mesmo que adquiridos por um deles), são objetos de uma apuração contável final, ou
seja, objeto de compensação.

ALIMENTOS
• é um direito fundamental, por ter relação com a dignidade das pessoas, além de
ser um direito patrimonial.
• Art. 1694, CC.
• Decorrem de uma relação entre o alimentante e o alimentário (ou alimentando),
que é a pessoa que recebe os alimentos. Deve ser observada a possibilidade
econômica e patrimonial de quem presta e a necessidade de quem recebe,
conceito da proporcionalidade.

- Pressupostos:
a. Só ocorrem em decorrência do parentesco entre ascendentes, descendentes e
irmãos.
b. Pode decorrer do casamento ou da união estável.
c. Proporção das necessidades do alimentário e dos recursos da pessoa obrigada.
d. Serão apenas os indispensáveis à sobrevivência quando a necessidade advém da
culpa.
• Art. 1696, 1697, 1702, CC e lei 9068/96.
- Características:
• Reciprocidade: art. 1694, caput, CC.
• Pessoalidade do direito: art. 1700, CC. Significa que esse direito é intransferível.
• Irrenunciabilidade: art. 1707, CC. É vedado renunciar alimentados.
• Imprescritibilidade: salvo em relação às prestações vencidas (art. 206, parágrafo
2º, que diz que a prescrição das prestações alimentícias vencidas é de 2 anos).
Caso o alimentário nunca tenha pedido alimentos, nunca tenha exercido esse
direito e já esteja na adolescência, ele poderá pedir.
• Se havia alimentos fixados e há 5 anos o alimentante parou de pagar, é possível
cobrar até dois anos anteriores à citação (marco temporal).
• Em uma ação de alimentos existe obrigação a partir da citação.
• Quando há investigação de paternidade, o advogado pode pedir uma liminar
para desde a citação já começar a correr alimentos.
• Irrepetibilidade: alimentos entregues não são repetidos.
• Impenhorabilidade: alimentos são impenhoráveis.
• Variabilidade: os alimentos poderão ser revisados a qualquer momento de acordo
com a possibilidade/necessidade. Art. 1699, CC e lei 5648.
OBS.: os alimentos que interessam são os decorrentes das relações familiares
(parentesco, casamento e união estável), pois também existem alimentos em ações
indenizatórias, mas esses estão no campo da responsabilidade civil (as vezes do Estado).
- Modalidades:
• Art. 229, CF.
• Alimentos materiais: necessários (naturais), para atender os direitos
fundamentais, subsistência.
• Alimentos civis ou côngruos.
• Alimentos gravídicos: a gestante pode promover um pedido de alimentos. Lei
11804/08.

BEM DE FAMÍLIA
• Os bens de família começam nos Estados Unidos no século XIX e foram recebidos
pelo CC de 1916.
• Lei 1711, CC: Modalidade voluntária, precisa que aquela pessoa indique o bem
como bem de família no registro de imóveis. Está previsto que todas as dividas
futuras (após registro) não incidirão sobre o bem de família, salvo se forem
dividas relativas à impostos desse mesmo imóvel.
Ex.: o IPTU pode alcançar o bem de família.
• Lei 8009/90: Como é por disposição legal, não precisa de registro algum.
Qualquer divida está preservada em relação ao bem de família, salvo às exceções
presentes do art. 3º da lei.
• O inciso VII do art. 3º foi incluído posteriormente e trata do fiador. O fiador
locatício pode perder o bem de família.
Ex.: se o bem foi objeto de hipoteca, essa divida pode fazer perder o bem.
• Súmula 364, STJ: O conceito de bem de família se estende a qualquer pessoa que
viva sozinha.
Inovações trazidas pelo novo código:
• Na modalidade voluntária, o bem de família não pode ultrapassar 1/3 do
patrimônio liquido existente.
• O bem de família em regra é onde se reside com a família.
• A doutrina não considera que o bem de família é somente o bem imóvel em que
se mora, abrangendo as pertenças.
• No art. 70, CC16, somente quem era o dono do imóvel é que poderia registrar
como bem de família. Atualmente, um terceiro também pode instituir bem de
família em benefício de outro por testamento ou doação.
REGIMES DE BENS APLICADOS AO CASAMENTO E UNIÃO

(art. 1639 e seguintes e 1725)

- O regime de bens vigora desde a celebração, com a constituição formal da união estável
ou quando ela se inicia.

• A escolha entre os regimes é livre, salvo no art. 1641, quando o legislador impõe
um determinado regime e ele é sempre o regime da separação de bens.

- Regime da comunhão universal (mais ampliada e era regra antigamente), comunhão


parcial, a separação de bens (pode decorrer de uma opção, voluntaria, ou da imposição,
obrigatória) e participação final dos aquestos.

Características:

• É mutável em qualquer regime, desde que se cumpram os requisitos do art.


1639, sendo requerido pelas partes em consenso, se fundamentar e o juízo
determina a alteração ou não. Não pode prejudicar terceiros.
• No caso do casamento: há o pacto antinupcial, por instrumento público, solene
e limitado. Antes de procederem à habilitação do casamento, por meio desse pacto
optem por um regime que não seja a comunhão parcial. Podem escolher qual será
o regime de casamento entre eles. Se descumprir a lei ele será nulo e perderá
eficácia se não for apresentado ou se o casamento não se realizar. No Brasil ele é
pouquíssimo utilizado.
• Autorização conjugal: em alguns atos os cônjuges ou companheiros, se forem
casados ou em união estável, salvo na separação de bens, para realizarem
alguns atos previstos em lei (art. 1647 e seguintes), precisarão da autorização
conjugal da outra pessoa (outorga). Portanto, existem restrições à liberdade do
negócio jurídico para que não sejam anuláveis. Essa autorização pode ser
revogável a qualquer tempo sem justificativa.

Regime da comunhão parcial de bens

• Ele é o regime comum e ordinário pela lei 6515/77, que também incorporou o
divórcio.
• Alguns bens e obrigações são comuns, entram na comunhão, são dos que estão
na relação. Entretanto, excluem-se todas as obrigações e bens que tenham sido
adquiridos anteriormente ao casamento ou se adquiridos gratuitamente
mesmo na vigência do casamento, como uma doação/herança recebida pela
pessoa (art. 1659)
• Os frutos, mesmo desses bens que são incomunicáveis, são objetos de
comunhão. Ex.: a casa pode ser só de um cônjuge, mas o aluguel será de ambos.
• Todos os bens moveis são objetos de comunhão (art. 1662);
• As dividas contraídas na administração dos bens particulares ou em beneficio
exclusivo de um dos cônjuges não são objeto de comunhão (art. 1666);

OBS.: O bem comprado com o dinheiro da venda de bem particular permanecerá


apenas na titularidade de um dos cônjuges.

Regime da comunhão universal de bens

• Todos os bens e todas as dívidas adquiridas durante o casamento ou que


houvesse anteriormente a ele são objeto de comunhão.
• Exceções: art. 1668. A doação recebida entra na comunhão, mas se houver
cláusula de incomunicabilidade, indisponibilidade ou impenhorabilidade, esse
bem não será objeto de comunhão.
• Quem é casado sob esse regime não pode ser sócio entre si e nem o casal
com terceiros (art. 977, CC).

Regime da separação de bens

• Os cônjuges ou companheiros conservam o domínio, administração e


disponibilidade de seus bens que adquirirem durante e anteriormente ao
casamento e união estável. São exclusivamente responsáveis pelas próprias
dívidas.

Obs.: distinção de modalidade da separação quanto à causa (obrigatória pelo art.


1641 ou convencionada)

Participação final nos aquestos


Aquesto: Todo o bem adquirido onerosamente durante a vigência do casamento
ou da união estável.

• Permite que se aplique o regime da separação durante toda a vigência do


casamento ou da união estável, porém, ao final dessa relação (salvo por morte),
será aplicado o regime de comunhão para todos os aquestos.
• O que houver de aquesto haverá divisão em 50% para cada.
• Mistura regras da separação de bens e da comunhão de bens.
• Na prática quase ninguém usa essa modalidade.

Doação antenupcial

• Ocorre antes do casamento;


• Art. 546;
• Chamada também de propter núpcias e serve para que uma pessoa condicione a
eficácia de algo que ela vai doar apenas se houver o casamento entre elas ou
do donatário com outra pessoa. É um elemento acidental.
• Nada impede que durante o casamento haja doações reciprocas entre os
cônjuges ou companheiros, salvo se houver uma imposição do regime da
separação obrigatória.

Usucapião familiar

• Semelhante a usucapião urbana, desde que seguidos os requisitos do art. 1240.


• Ocorre entre os cônjuges e companheiros no caso em que um deles abandona o
lar e o outro poderá permanecer e vir a usucapir a propriedade no todo ou em
parte.

Usufruto

• Pais e mães exercendo poder familiar e tendo o poder de usufruto dos bens dos
filhos quando menores e não emancipados.
UNIÃO ESTÁVEL
• Lei 8971/94, lei 9278/96, art. 1723-1727, CC e art. 226, CF.
1) Conceito:
• Os efeitos jurídicos são (dentro da sua realidade) os mesmos produzidos pelo
casamento;
• Produzem efeitos familiares e de sucessão;
• Ela surge com o nome concubinato e se torna união estável;

2) Características: Podem não ser identificadas todas pelo juízo ou por terceiros.
• Não exigência de formalidade. Haverá atos constitutivos formais da união
estável, assim como ela poderá acontecer sem esses atos.
• Exclusividade. Relação apenas entre essas pessoas, relação monogâmica.
• Continuidade. Não há necessidade de estabelecer um tempo fixo como
antigamente, mas é preciso demonstrar que o casal passou um tempo junto.
• Vida em comum com objetivo de constituir entidade familiar.

3) Efeitos pessoais:
• Art. 1724, CC.
• Art. 2º, lei 9278/96.

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