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• A visão do Direito bipartido é antiga e não mais usada (direito público e privado).
O Direito da família também interessa ao Direito Público e ao Estado.
• Um ato jurídico stricto sensu pode ser formal ou informal. O modelo tradicional
era formalista porque ele se fundamentava a partir do casamento. Todas as
relações de família tinham como origem o casamento. A própria paternidade tinha
sempre ligação sob aquilo que produziria direitos ou não a partir do casamento.
• O modelo tradicional era unicista no sentido de tomar como causa e origem das
relações o casamento e formalista pois o casamento, ao lado da compra e venda
de imóveis, era uma das maiores formalidades do Direito. O casamento é formal
e solene, deve ser cumprida uma cerimônia.
• As relações no direito das famílias é consensual.
• É possível ter uma união estável não formal, basta haver convivência e outros
requisitos. Hoje é possível estabelecer relações e direitos sem ser somente pela
via formal, como ocorria no modelo tradicional.
• O livro de família do CC de 1916 tratava somente de patrimônio. A
essencialidade na constituição das famílias não é mais o patrimônio, hoje
existe a concepção da afetividade. Historicamente o casamento sempre foi
diretamente relacionado ao patrimônio, inicialmente como se fossem sócios em
um contrato de sociedade.
• A pessoa está no centro desse ato jurídico e não mais o patrimônio, o que é a
personificação do Direito Civil.
• O modelo formal era baseado no patriarcado (verticalidade entre marido e mulher,
pai e filho).
Princípios constitucionais
• Princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF);
• Princípio da liberdade (art. 226, CF);
• Princípio da pluralidade das entidades familiares (art. 226, CF);
• Princípio da solidariedade familiar (art. 229, CF), gerando o Estatuto da criança e
do adolescente, Estatuto do idoso;
• Princípio da proibição do retrocesso social. Há determinadas conquistas e
institutos que ao serem garantidos (até por uma questão de segurança jurídica) não
pode retroceder, pois estaria gerando essa insegurança para quem estiver
envolvido direta ou indiretamente nessas relações.
INVALIDADE
- Casamento nulo (art. 1548 e 1521, CC)
• Causas;
➢ O casamento pode ser nulo, conforme art. 1521, CC, se for feito entre os
ascendentes e descendentes, os afins em linha reta, os irmãos unilaterais e
bilaterais até o terceiro grau (então tio e sobrinho não podem casar, mas primos
podem), o adotado com o filho do adotante, etc.
➢ Diversas jurisprudências igualam a união estável ao casamento.
➢ Serão inválidos todos os casamentos cujas causas estejam vinculadas às partes e
ao art. 1521, CC.
➢ Questão moral do incesto e questão biológica ou eugênica: a critica entende que
a questão moral é subjetiva e depende de cada um. A questão biológica não pode
ser impedida pelo Estado (assim como o Estado não pode impedir o nascimento
das pessoas com deficiência).
• Deslegitimidade;
➢ Qualquer pessoa, inclusive o MP, é legitimo. Portanto, a legitimidade é ampla.
• Imprescritibilidade;
➢ a qualquer tempo.
• Efeitos;
➢ Ex tunc, pode ser anulado desde o inicio com todas as relações jurídicas que
ocorreram.
➢ Se demonstrar que houve boa fé na compra e venda durante um casamento nulo,
é possível manter, caso não seja possível de comprovar, será desfeito.
➔ No negocio jurídico é preciso de: partes (capazes), objeto (lícito, possível,
determinado ou indeterminado) e forma (livre ou vinculada).
➔ O casamento tem uma forma solene (ato na escada pontiana): habilitação,
publicação de atos e celebração.
➔ Escada pontiana: existência – validade – eficácia. Toda vez que o casamento é
nulo, ele não produz efeitos jurídicos (patrimonial, parentesco etc.).
CASAMENTO
- Art. 1521, CC: apresenta impedimentos ao casamento, procedimento de habilitação
(essa habilitação é dividida em etapas).
• Casamento putativo:
• É aparente, mas pode ser nulo ou anulável.
- Casamento nuncupativo:
• Art. 1533, 1535 e 1540, CC;
• Para a sua celebração é preciso seis testemunhas, não podem ser parentes diretos
e precisam ter capacidade de fato. No nuncupativo algum dos contraentes tem
risco de vida, portanto é um casamento urgente, abre mão das formalidades. O
fundamental preservar a vontade das partes.
• Aquele que estava doente, mas não morreu deverá confirmar a sua vontade
declarada, a fim de preservar a livre vontade das partes.
• Lei 6015/73.
PARENTESCO
• Art. 1591, CC.
• Vínculo jurídico estabelecido entre pessoas pela consanguinidade ou por outra
origem, daí decorrendo o parentesco consanguíneo e o parentesco civil.
• Parentesco consanguíneo: quando duas ou mais pessoas se originam de um
ancestral em comum;
• Parentesco civil: quando o vínculo é estabelecido não por laços de sangue, mas
por ato jurídico voluntário, como adoção ou estabelecimento de vínculos de
socioafetividade.
• Filiação: vínculo de parentesco que se estabelece entre pais e filhos, sendo
designada, do ponto de vista dos pais, como uma relação de paternidade e
maternidade.
Conceitos:
• Cônjuges não são parentes entre si!
• O parentesco em linha reta é geracional em geração. Na descendência são os
filhos, netos, bisnetos e na ascendência são os pais, avós, bisavós.
• O parentesco mais próximo exclui o mais remoto.
• Para efeito de sucessão não há limitação de parentes em linha reta.
- Filiação:
• Art. 1597, CC. Coloca o casamento como ponto central das famílias e busca por
uma “verdade biológica”. Questão meramente patrimonial ao impor as limitações
sobre quem são os filhos do casamento.
• Art. 227, CF. Não distinção entre os filhos.
• Provimento 63/2017: Institui modelos únicos de certidão de nascimento, de
casamento e de óbito, a serem adotadas pelos ofícios de registro civil das
pessoas naturais, e dispõe sobre o reconhecimento voluntário e a averbação da
paternidade e maternidade socioafetiva no Livro “A” e sobre o registro
de nascimento e emissão da respectiva certidão dos filhos havidos por reprodução
assistida. Ele não se refere exclusivamente a inclusão de ascendentes.
• Provimento 83/2019: alterou alguns artigos do primeiro provimento (que não foi
revogado).
• Multiparentalidade: mais de uma pessoa pode constar como progenitor daquele
filho. Se esse filho tiver menos de 12 anos, isso só pode ser realizado
judicialmente, se tiver mais de 12 anos, pode ser feito extrajudicialmente por um
pedido ao oficial do cartório onde foi feito o registro de nascimento. É necessário
o parecer do ministério público, que é terminativo.
• Na via extrajudicial é possível acrescentar mais um ascendente (somente um), o
que não significa que não possa ocorrer pela via judicial.
• Lei 8560/92; art. 1615 e 1616, CC e art. 27 do Estatuto. Tratam da investigação
de paternidade, cujo meio de prova mais definitivo é o exame de DNA.
• Súmula 301, STJ: Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se
ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade.
ADOÇÃO
• Instituto relativamente novo.
• Adoção pelo estatuto da criança e do adolescente: adoção plena, pode alterar o
prenome e o nome de família (dependendo da circunstância).
Art. 1.593: criou uma cláusula geral de parentesco, que, atualmente, remete ao
parentesco socioafetivo, advindo da posse de estado. “Com efeito, as novas
concepções de família e o desenvolvimento da sociedade têm dado visibilidade ao
afeto como meio de identificação dos vínculos familiares para definir os elos de
parentalidade”.
MULTIPARENTALIDADE:
ALIMENTOS
• é um direito fundamental, por ter relação com a dignidade das pessoas, além de
ser um direito patrimonial.
• Art. 1694, CC.
• Decorrem de uma relação entre o alimentante e o alimentário (ou alimentando),
que é a pessoa que recebe os alimentos. Deve ser observada a possibilidade
econômica e patrimonial de quem presta e a necessidade de quem recebe,
conceito da proporcionalidade.
- Pressupostos:
a. Só ocorrem em decorrência do parentesco entre ascendentes, descendentes e
irmãos.
b. Pode decorrer do casamento ou da união estável.
c. Proporção das necessidades do alimentário e dos recursos da pessoa obrigada.
d. Serão apenas os indispensáveis à sobrevivência quando a necessidade advém da
culpa.
• Art. 1696, 1697, 1702, CC e lei 9068/96.
- Características:
• Reciprocidade: art. 1694, caput, CC.
• Pessoalidade do direito: art. 1700, CC. Significa que esse direito é intransferível.
• Irrenunciabilidade: art. 1707, CC. É vedado renunciar alimentados.
• Imprescritibilidade: salvo em relação às prestações vencidas (art. 206, parágrafo
2º, que diz que a prescrição das prestações alimentícias vencidas é de 2 anos).
Caso o alimentário nunca tenha pedido alimentos, nunca tenha exercido esse
direito e já esteja na adolescência, ele poderá pedir.
• Se havia alimentos fixados e há 5 anos o alimentante parou de pagar, é possível
cobrar até dois anos anteriores à citação (marco temporal).
• Em uma ação de alimentos existe obrigação a partir da citação.
• Quando há investigação de paternidade, o advogado pode pedir uma liminar
para desde a citação já começar a correr alimentos.
• Irrepetibilidade: alimentos entregues não são repetidos.
• Impenhorabilidade: alimentos são impenhoráveis.
• Variabilidade: os alimentos poderão ser revisados a qualquer momento de acordo
com a possibilidade/necessidade. Art. 1699, CC e lei 5648.
OBS.: os alimentos que interessam são os decorrentes das relações familiares
(parentesco, casamento e união estável), pois também existem alimentos em ações
indenizatórias, mas esses estão no campo da responsabilidade civil (as vezes do Estado).
- Modalidades:
• Art. 229, CF.
• Alimentos materiais: necessários (naturais), para atender os direitos
fundamentais, subsistência.
• Alimentos civis ou côngruos.
• Alimentos gravídicos: a gestante pode promover um pedido de alimentos. Lei
11804/08.
BEM DE FAMÍLIA
• Os bens de família começam nos Estados Unidos no século XIX e foram recebidos
pelo CC de 1916.
• Lei 1711, CC: Modalidade voluntária, precisa que aquela pessoa indique o bem
como bem de família no registro de imóveis. Está previsto que todas as dividas
futuras (após registro) não incidirão sobre o bem de família, salvo se forem
dividas relativas à impostos desse mesmo imóvel.
Ex.: o IPTU pode alcançar o bem de família.
• Lei 8009/90: Como é por disposição legal, não precisa de registro algum.
Qualquer divida está preservada em relação ao bem de família, salvo às exceções
presentes do art. 3º da lei.
• O inciso VII do art. 3º foi incluído posteriormente e trata do fiador. O fiador
locatício pode perder o bem de família.
Ex.: se o bem foi objeto de hipoteca, essa divida pode fazer perder o bem.
• Súmula 364, STJ: O conceito de bem de família se estende a qualquer pessoa que
viva sozinha.
Inovações trazidas pelo novo código:
• Na modalidade voluntária, o bem de família não pode ultrapassar 1/3 do
patrimônio liquido existente.
• O bem de família em regra é onde se reside com a família.
• A doutrina não considera que o bem de família é somente o bem imóvel em que
se mora, abrangendo as pertenças.
• No art. 70, CC16, somente quem era o dono do imóvel é que poderia registrar
como bem de família. Atualmente, um terceiro também pode instituir bem de
família em benefício de outro por testamento ou doação.
REGIMES DE BENS APLICADOS AO CASAMENTO E UNIÃO
- O regime de bens vigora desde a celebração, com a constituição formal da união estável
ou quando ela se inicia.
• A escolha entre os regimes é livre, salvo no art. 1641, quando o legislador impõe
um determinado regime e ele é sempre o regime da separação de bens.
Características:
• Ele é o regime comum e ordinário pela lei 6515/77, que também incorporou o
divórcio.
• Alguns bens e obrigações são comuns, entram na comunhão, são dos que estão
na relação. Entretanto, excluem-se todas as obrigações e bens que tenham sido
adquiridos anteriormente ao casamento ou se adquiridos gratuitamente
mesmo na vigência do casamento, como uma doação/herança recebida pela
pessoa (art. 1659)
• Os frutos, mesmo desses bens que são incomunicáveis, são objetos de
comunhão. Ex.: a casa pode ser só de um cônjuge, mas o aluguel será de ambos.
• Todos os bens moveis são objetos de comunhão (art. 1662);
• As dividas contraídas na administração dos bens particulares ou em beneficio
exclusivo de um dos cônjuges não são objeto de comunhão (art. 1666);
Doação antenupcial
Usucapião familiar
Usufruto
• Pais e mães exercendo poder familiar e tendo o poder de usufruto dos bens dos
filhos quando menores e não emancipados.
UNIÃO ESTÁVEL
• Lei 8971/94, lei 9278/96, art. 1723-1727, CC e art. 226, CF.
1) Conceito:
• Os efeitos jurídicos são (dentro da sua realidade) os mesmos produzidos pelo
casamento;
• Produzem efeitos familiares e de sucessão;
• Ela surge com o nome concubinato e se torna união estável;
2) Características: Podem não ser identificadas todas pelo juízo ou por terceiros.
• Não exigência de formalidade. Haverá atos constitutivos formais da união
estável, assim como ela poderá acontecer sem esses atos.
• Exclusividade. Relação apenas entre essas pessoas, relação monogâmica.
• Continuidade. Não há necessidade de estabelecer um tempo fixo como
antigamente, mas é preciso demonstrar que o casal passou um tempo junto.
• Vida em comum com objetivo de constituir entidade familiar.
3) Efeitos pessoais:
• Art. 1724, CC.
• Art. 2º, lei 9278/96.