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AULA 1 DIREITO DE FAMÍLIA

FAMÍLIAS CONTEMPORÂNEAS
O código civil de 1916 é a primeira lei que regulamenta as relações do direito privado,
surge em uma sociedade patriarcal, burguesa, preconceituosa, totalmente influenciada pelas
ideias da igreja católica. Assim, a família tutelada pelo código civil de 1916 apresentava
algumas características entre elas: família patrimonizada, o código civil regulamentava as
relações patrimoniais da família, os casamentos eram realizados na maioria das vezes para
atender os interesses patrimoniais dos noivos e de suas famílias, a família funcionava muitas
vezes como uma unidade econômica onde a esposa, os filhos e os empregados domésticos
eram submetidos as ordens do chefe da família. Valorizava-se o “TER” do que o “SER”!

FAMÍLIA HIERAQUIZADA

Existia uma diferença de tratamento entre os cônjuges, uma vez que a mulher devia
obediência ao marido e tinha muito mais deveres do que direitos, em relação a ele.

HIERARQUIA ENTRE OS FILHOS

Existia diferença de tratamento entre filhos legítimos e ilegítimos, biológicos e adotivos.


O pai exercia o PATRIO PODER, ou seja, ele quem decidia educação dos filhos, havendo
discordância, prevalecia a vontade dele em relação a da mãe. Ao marido cabia a administração
dos bens e a educação dos filhos.

FAMÍLIA LEGITIMADA PELO CASAMENTO

Só se reconhecia como entidade familiar aquela que iniciada pelo casamento, qualquer
outra relação diversa podia resultar em direitos meramente patrimoniais, mas não se
configurava como entidade familiar. O casamento era indissolúvel uma vez que não existia o
divórcio, o desquite colocava fim a sociedade conjugal, mas não ao casamento. Por isso, as
pessoas desquitadas não podiam se casar novamente.

A Constituição Federal surgiu em uma sociedade carente de transformação que


ansiava pelos direitos até então cerceados, assim, traz como princípio master a dignidade da
pessoa humana, a igualdade dos direitos entre todos os cidadãos. O estado traz para sua
proteção a família, que embora continuasse pertencendo ao direito privado passa a ter um
interesse público, com a intervenção do Estado nas suas relações. O art.226 reconhece
expressamente a família monoparental que é aquela formada por um dos pais e os filhos e a
família formada pela União Estável. Através da Constituição deixa de existir a hierarquia entre
os filhos e os cônjuges.

CLÁUSULA DE ABERTURA CONSTITUCIONAL- art. 5º §2º

Permite o reconhecimento de outros direitos, além daqueles expressos na constituição


a exemplo de outras entidades familiares, além das previstas no art. 226 da CF.

A Constituição Federal surgiu em 1988, ou seja, sobre a vigência do código civil de


1916, assim, a lei deveria ser interpretada de acordo com os princípios constitucionais. É a
influência da constituição no direito civil, fenômeno denominado constitucionalização do direito
civil, como também do direito de família, ramo pertencente ao direito civil.
REPERSONALIZAÇÃO DO DIREITO DE FAMÍLIA
A CF traz em seu art.1º o princípio da dignidade da pessoa humana que deve reger
todas as relações jurídicas, a partir dai o homem passa a integrar o centro das relações,
valores imateriais como, bem-estar, afeto, felicidade, etc. Passam a ser tutelados juridicamente.
A partir daí valoriza-se mais o “SER” do que o” TER’’.

PRINCÍPIOS
Não existe um rol taxativo que determine os princípios constitucionais que regem o
direito de família, isso pode variar de acordo com o autor da área, no entanto, alguns são
citados pro todos os autores e fundamentam qualquer relação no direito de família, são eles:
dignidade da pessoa humana, é o princípio master da constituição e garante as necessidades
vitais de cada ser humano, tais como respeito, bem-estar e etc. No direito de família garante ao
indivíduo a sua valorização e a proteção de seus direitos, nas relações familiares.

Igualdade, o princípio da igualdade garante não só a igualdade de tratamento de uma


entidade familiar a relação a outra, mais também a igualdade de direitos entre os membros da
família. Igualdade entre os filhos: não se faz mais distinção em relação a origem da filiação, ou
seja, filhos legítimos e ilegítimos, biológicos, adotivos, todos tem os mesmo direitos e deveres
sem distinções.

Igualdade entres os cônjuges, marido e mulher passam a ter os mesmos direitos como
também em relação aos filhos, ambos conduzem conjuntamente a educação dos filhos, a
administração dos bens e do lar conjugal.

Princípio da liberdade, garante ao indivíduo a liberdade de formar a entidade familiar


que lhe convier, bem como, garante a liberdade dentro da família de planejamento familiar de
administrar os bens e o lar conjugal, bem como, educar os filhos sem a interferência do Estado.

Princípio do afeto, é considerado o principal princípio que rege o direito de família,


embora não seja expresso na constituição federal surge a partir da dignidade da pessoa
humana e da repersonalização do direito de família. Valoriza o ser humano e as relações sem
vínculo consanguíneo entre os membros da família. Assim o afeto ou a falta de afeto passa ser
tutelado juridicamente.

REGIME DE BENS

É uma das consequências jurídicas do casamento, é o estatuto que regula as relações


patrimoniais entre os cônjuges e entre estes e terceiros, regulamenta a propriedade, a
administração dos bens trazidos antes do casamento e os adquiridos posteriormente pelos
cônjuges.

Comunhão parcial de bens: É o regime legal onde os bens adquiridos após o


casamento a título oneroso, ou seja, os aquestos formam a comunhão de bens do casal, e
cada cônjuge guarda para si, em seu próprio patrimônio os bens adquiridos antes do
casamento e os adquiridos por herança ou doação após o casamento.

Massas de bens, nesse regime formam-se 3 massas de bens: bens do marido, bens da
esposa e bens comuns adquiridos após o casamento. Art. 1659

Comunhão universal de bens: é o regime onde se comunicam todos os bens do casal


presentes e futuros, tudo que cada cônjuge adquiri torna-se bem comum. Art. 1667

Separação total de bens: é o regime em que há uma completa distinção do patrimônio


dos cônjuges, não se comunicando bens, frutos ou aquisições, permanecendo cada qual na
propriedade posse e administração dos bens, é o único regime em que cada cônjuge poderá
dispor livremente do seu patrimônio sem a autorização do outro.

O regime de separação total de bens pode ser convencional ou obrigatório. Um regime


convencional: é aquele onde os cônjuges convencionam livremente, através de pacto
antenupcial, um regime de separação total. Regime obrigatório: é aquele imposto por lei,
independente da vontade dos cônjuges, ocorre nos casos previstos no art. 1641.

Participação final nos aquestre: Trata-se de um regime novo, trazido pelo código de
2002, onde cada cônjuge possui patrimônio próprio e lhe caberá a dissolução da sociedade
conjugal direito a divisão do patrimônio, dos aquestros, ou seja, dos bens adquiridos
onerosamente na constância do casamento. Durante o casamento os cônjuges se comportam
como se fossem casados pelo regime de separação total de bens, mantendo uma expectativa
de meação no final do casamento, sobrevindo o final do casamento o regime que passa a
vigorar é o da comunhão parcial de bens.

O concubinato, é uma união de segunda classe, aquela em que a impedimento para o


casamento, a união estável é uma entidade familiar de convivência pública continua e
duradoura pela qual um homem e uma mulher estabelecem uma união com o objetivo de
constituição de família.

Requisitos: continuidade, a união deve ser continua, ou seja, sem interrupções.


Estabilidade, configuram-se como união estável aquela comunhão de vida entre o casal,
simples relações sexuais ainda que reiteradas não configuram união estável. Publicidade, o
casal deve se apresentar perante a sociedade como marido e mulher. Objetivo de constituição
familiar, ainda que sem filhos a união tutelada é aquela pautada na comunhão de interesses e
de vida. Diversidade de sexos, requisito que na prática já foi superado pelo STF em 2011.

O reconhecimento e a consequente dissolução da união estável, uma vez reunidos


todos os seus requisitos podem ser ajuizados por iniciativa dos interessados contra seu
companheiro ou se este já for falecido, contra os seus herdeiros. Os termos discutidos na união
estável são os mesmos do divórcio, uma vez que se trata de entidade familiar.

Os companheiros podem convencionar o regime de bens que achar conveniente, não


há forma prescrita para esta convenção. Como para alterar o regime de bens também não
existe necessidade de autorização judicial, podendo os conviventes mudar o regime de bens de
acordo com a sua conveniência. Art. 1723

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