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MÓDULO I

Curso Intensivo de TerapiaFamiliar


(E-Learning)
1. O que é a família

2. Família enquanto sistema

3. Subsistemas familiares

4. Ciclo vital da Família

5. Recasamentos/ Famílias reconstituídas

6. Famílias monoparentais

7. Famílias adotivas

8. Importância da família e das suas dinâmicas na formação da personalidade

9. Importância da família na produção e “manutenção” do sintoma

10. Terapia familiar - Como, onde e porque surgiu


The Bridges Family - John Constable in 1804
O que é afamília?
A família caracteriza-se sobretudo pela sua originalidade e complexidade

Éuma entidade pouco palpável, quase invisível

Éum contexto natural paracrescer

Caracteriza-se por ligações entre os seus membros , ligações sanguíneas mas


sobretudo afetivas
Composta por subsistemas

Cada elemento participa em diversos sistemas e subsistemas


A família deverá ser encarada como um todo que integra contextos
mais vastos tais como:

•A comunidade onde se insere


•Acultura
•O quadro económico epolitico
•O quadroreligioso
•O momentohistórico
•Acontecimentos externos
•Outras famílias
•Movimentos culturais e ou crises
(outros)
Por exemplo o divórcio é encarado de forma diferente para uma
família de tradição monárquica ou uma família liberal.

Uma união homossexual é vista de forma diferente numa


família de tradição cristã ou muçulmana.

A cerimónia de um batizado de uma criança é encarada de


forma diferente numa comunidade Amish ou numa
comunidade judaico-cristã.
Exercício

Em qual/quais das famílias que se seguem acha mais


provável uma menina ir aprender a tocar piano?

Em qual/quais das famílias que se seguem acha mais


provável um jovem fazer um interrail?
FAMÍLIAS

Da série : Modern Family


FAMÍLIAS
•Descreva o que considera serem as principais rotinas de cada família
(verá que apenas pela imagem conseguirá “adivinhar” grandes diferenças
entre as diferentes famílias)

•Que semelhanças encontra entre elas?


A família é um sistema de membros interdependentes que se inter-
relacionam de maneira específica e recorrente. Cada família é única e
inimitável sendo que contém características e movimentos comunicacionais
próprios e se interrelaciona com outros sistemas maiores (Janosik, & Green, 1992;
Whaley & Wong, 1989; Minuchin, 1974; Nichols, & Schwartz,2001)
• Exercício: Escolha um titulo para cada imagem (se quiser coloque no Fórum para partilhar
connosco)
A família é um sistema social constituído por elevado número de interações.
Um acontecimento que afeta qualquer um dos membros da família tem
impacto sobre os outros (Carter e McGoldrick, 1980).
A família é um conjunto de pessoas que se defendem em bloco e se atacam em
particular (Marie de Beausacq).
A família pode ser definida em termos biológicos, genéticos emocionais,
sociológicos, religiosos, toda e qualquer definição de família é incompleta
(Hammond, 2003; Bertalanffy, 1969).

Por exemplo, se considerarmos um padrasto que viva com os enteados e a sua


respetiva mulher, e definirmos a família como um grupo de pessoas que se
relacionam emocionalmente e tem uma ligação genética, não estaremos a
definir esta família.
A palavra família designa realidades diversas. Todos reconhecemos uma família ao vê-
la mas defini-la é muito mais complicado (Hanson et al, 2005; Whall, & Fawcett,
1991).
A família é a unidade base de uma sociedade e a unidade elementar de
desenvolvimento do ser humano, cada um é o que é muito por força da famíliaem
que nasce.
A Família ajuda, a família ama, a família educa, a família alimenta, a família ensina, a
família motiva, a família acarinha, a família alarga horizontes, a família dá abrigo, a
família dá apoio (mas…)
( xercício) Muitas vezes a família ….(tente completar antes de ver o diapositivo
E
seguinte) e se quiser coloque no fórum.
• A família é a entidade onde acontecem as maiores felicidades e
infelicidades ao ser humano (P. IsabelSantos);
• Daí a sua importância e a importância em termos terapêuticos;
• Trabalhar com o individuo isoladamente é trabalhar no fundo com a
família, e trabalhar com a família é trabalhar com cada individuo.
A Família é um grupo de pessoas com ligações genéticas e/ou afetivas que coabitam, dando
ênfase, ao sentido de unidade/ligação entre pessoas, como grupo (Friedman, Bowden, &
Jones, 2003).

As pessoas relacionam-se entre si e entre elementos do exterior em prol do crescimento e


do bem estar. O conceito de família insere-se assim numa visão sistémica.

A família é quem os seus membros dizem que são (Wright e Leahey, 2002) esta é uma
definição aplicável a qualquer tipo de família, incluindo famíliasmonopessoais.

Identifica-se uma abertura e flexibilidade face ao conceito tradicional de família, reduzidoa


um grupo de pessoas ligados por laços de sangue e vivendo emcoabitação.
A abordagem sistémica à família é uma abordagem integradora que tem
como foco central pensar a família como umsistema.

A transformação do pensamento científico em pensamento sistémico, que


foi talvez o fator mais determinante na génese eevolução da abordagem
familiar, deve-se, em grande parte, à conceptualização de Von Bertalanffy
(1950, 1968, 1976)
Na segunda metade do século XX, a linguagem
sistémica impôs-se em todos os níveis da realidade e
tudo é encarado como sistema ― complexo de
elementos interativos (Von Bertalanffy). Esta definição
engloba qualquer sistema de elementos, vivos ou
mecânicos revolucionou a saúde mental. (Bateson &
Ruesch, 2008).
Aplicado à familia temos então dois grandes
pilares:

O modelo sistémico e a teoria geral da comunicação

A comunicação é a base do relacionamento humano e consequentemente a


base da saúde e da doença (Ruesch, & Bateson, 2009).

A família vista como um todo, No todo está algo mais que a soma das suas partes
(Alarcão, 2002, Relvas, 2000, Wright & Leahey,2002).
Abordar a família como um sistema, é reconhecer que ela está mergulhada
numa realidade onde tudo é sistema, numa relação hierárquica com outros
sistemas. Esta noção de hierarquia e de relação sistémica faz-nos olhar o
sistema como um todo e uma parte de um todo que o envolve (Alarcão, 2002,
Relvas, 2000).
Nesta perspetiva, a família é
simultaneamente um todo e uma parte
(Alarcão, 2002, Wright & Leahey, 2002,p38).
Éum sistema e uma parte de outros
sistemas, que são em si mesmos outras
totalidades (Andolfi, 1981; Hoffman, 2003).
A visão da família como um sistema, coloca-nos num movimento de
vaivém do todo às partes e das partes ao todo no sentido de integraro
seu conhecimento que se reflete numa novaabordagem:

Reunir, para compreender; elevar-se, para ver e situar-se, paraagir


(Wright, & Leahey, 2002; Whyte, 2005; Hanson, 2005).
A família é um sistema com limites que protegem e
diferenciam, e através do qual se interage (Whyte, 2005).
A família é um sistema aberto (Barker, 2000).
Meio ambiente

Família
Fronteiras
Exercício: O que é o meio ambiente?
Que influência tem o
meio ambiente na família?
As trocas com o meio ambiente acontecem através das fronteiras, dos limites dos
sistemas.
Estas podem ser mais ou menos permeáveis deixando passar mais ou menos
informação de fora para dentro evice-versa.

Limites são regras, as normas e valores


comunicacionais que determinam a interação do
sistema com ele próprio e os seus subsistemas e
com o exterior (Barker,2000).
• A família é um sistema vivo (Bertalanffy, 1975, Minuchin, 1974, 2011).
• Formado por vários subsistemas todos em constante interação e troca, quer
intra quer inter sistémicas, tal como uma célula.
A família é um organismo complexo, no qual podemos encontrar outros organismos/subsistemas
(Alarcão, 2006, Alarcão & Relvas, Parsons, 1979,Relvas, 1996; Shazer, 1982; Turnbull, 1984).

Embora cada subsistema possa ser visto como uma unidade autocontida, ele faz parte de uma
ordem maior e mais ampla, que o contém.

Um sistema complexo pode ser melhor entendido se for dividido em subsistemas menores, que
possam ser mais facilmente analisados e - posteriormente - recombinados no todo.

Uma mudança num dos seus elementos provocará mudanças nos outros elementos e natotalidade
do sistema.

Todo sistema é um subsistema de um sistema maior


Família
Parental Filial
Subsistemas:

• Conjugal
Fraternal
• Filial Individua
l
• Fraternal Conjugal

• Paternal
• Individual
A Família e um sistema composto por subsistemas,
cada um com a sua membrana própria e ou regra,
interrelacionando-se com os outros subsistemas
como um todo (Relvas,1996).

Cada um desses subsistemas tem tal como a própria


família, os seus limites.
Para Minuchin (1974, 2011), os limites, à semelhança das membranas, possuem graus de permeabilidade variável,
conforme as próprias famílias e o próprio momento que atravessam. Com base na permeabilidade o autor desenvolveu
uma tipologia familiar:

Famílias aglutinadas/ famílias desmembradas

Nas glutinadas as fronteiras para o exterior são rígidas

Nas desmembradas as fronteiras para o exterior são muito flexíveis e muito permeáveis
Quiz
Neste contexto tente responder a seguinte pergunta antes de avançaros
diapositvos
• Nas famílias aglutinadas, como acha que são as fronteiras entre os
subsitemas da família? Enas desmembradas? A Família é um sistema
aberto ou fechado?
Famílias aglutinadas

Famílias desmembradas
• As famílias desmembradas produzem mais sintomas psicossociais
• As famílias aglutinadas produzem mais sintomaspsicossomáticos
Ludwig von Bertalanffy (1901-1972): Criticou a visão de que o mundo édividido
em diferentes áreas, é de fato, o TODOINTEGRADO

Cada um dos elementos, ao serem


Conjunto de partes interagentes e
reunidos para constituir umaunidade
interdependentes que,
funcional maior, desenvolvem
conjuntamente, formam um todo
características que não se encontram
unitário, com determinado objetivo e
nos seus componentes isolados.
função
(Carter, & McGoldrick,1988)
A família é um sistema
único e inimitável que se Éa ciência da
vai mantendo o mesmo complexidad
mas sempre mudando e organizada.
(Bertalanffy, 1979, Giddens,
2004) Martinet, & Bayle,2008)
O Ciclo de vida dafamília

De acordo com Relvas (2000) o ciclo vital da família expressa e


integra uma perspectiva desenvolvimentalista: representa um
esquema de classificação em estádios, que demarcam uma
sequência previsível de transformações, diferenciando fasesou
etapas no que alguns autores designam por “carreirafamiliar”.

AFAMÍLIA VIVE-SE, CONHECE-SE,RECONHECE-SE.


(Paula Relvas)
Concretiza-se no caminho que a família (nuclear,
particularmente) percorre desde que nasce até
que morre.

Integra de modo interativo fatores como a


dinâmica interna do sistema, os aspetos e
características individuais e, a relação com os
contextos em que a família seinsere.
Namoro

Dissolução Casamento

Nascimento do
CasaVazia
Primeiro Filho

Filhos em Idade
Desapego Escolar e Pre-
escolar

Filhos
adolescentes
Segundo Duvall anos 60
Carter e McGoldrick (1980) propõem um modelo de seis estádios do
ciclo vital da família.

1º Estádio – Entre famílias: o jovem adulto independente:


diferenciação do self em relação à família de origem,
desenvolvimento de relações íntimas com um parceiro;
estabelecimento de uma identidade no mundo laboral.
2º Estádio - Junção de famílias pelo
casamento: o novo casal: formação do
novo sistema conjugal; realinhamento
das relações com as famílias de origem e
os amigos de modo a incluir o cônjuge.
3º Estádio – Famílias com filhos
pequenos: ajustamento do subsistema
conjugal: criar espaço para o(s) filho(s);
assumir papéis parentais; realinhamento
das relações com as famílias de origem a
fim de nelas incluir os papéis parentais e
os avós.
4º Estádio – Famílias comadolescentes:

mudança nas relações pais/filhos; possibilitar aos


filhos as entradas e saídas no sistema recentração
nos aspetos da vida conjugal da meia – idade e das
carreiras profissionais; início da função de suporte à
geração mais velha
5º Estádio – Saída dos filhos: renegociação
do subsistema conjugal como díade;
desenvolvimento de relações adulto- adulto
entre os jovens e os pais; realinhamento de
relações para incluir os parentes por
afinidade e os netos; necessidade de lidar
com as incapacidades e morte dos pais(avós).
6º Estádio – Última fase da vida da família: manutenção
de interesses, próprios e/ou de casal; exploração de
novas opções familiares e sociais; papel de destaque da
geração intermédia (filhos); aceitação da experiência e
sabedoria dos mais velhos; suporte da geração mais
velha sem super-proteção; aceitação da perda do
cônjuge, irmãos e outros da mesma geração; preparação
para a morte; revisão e integração da própria vida.
Esta é uma situação que se aplica a família da classe média, onde a família nuclear permanece intata.

Sabemos que nem sempre assim é.

Acontecem:

Divórcios

Recasamentos

Famílias monoparentais

Familias adotivas (entre outras)


Recasamentos/ Famílias reconstituídas

Famílias monoparentais

Famílias adoptivas
Recasamento/Famílias Reconstituídas
Deve ir-se devagar. Ter paciência. Encerrar o antigo casamento antes
de começar um novo. Aceitar a necessidade de contínuo envolvimento
das partes da antiga família. Ajudar as crianças a manterem
relacionamentos com os seus pais biológicos (Dahl et al... 1987)

Os padrastos devem tentar ser cordiais, mas não esperem o amor de


um enteado. Eles devem respeitar o vínculo especial entre o
progenitor biológico e a criança.
Recasamento/Famílias Reconstituidas - Tarefas

Elaboração do luto do progenitor desaparecido;

Aceitação face aos elementos que entram de novo;

(Re)construção dos padrões transaccionais e de regras do


novo sistema.
Dificuldades Adicionais na construção do novo
Subsistema Conjugal

Idealização da nova situação;

Necessidade de abertura ao exterior VRSNecessidade do casal centrar-se sobre


si próprio;

Construção de novos padrões de relação e novas regras de funcionamento


familiar;

Integração dos seus modelos parentais de infância com o modelo que


anteriormente co-construiu com o seu parceiro e que os seus filhosconhecem.
Dificuldades Adicionais na construção do novo Subsistema
Filial e Fraternal

Lealdades Filiais;

Dificuldades na “negociação”;

Rivalidades fraternais.
Necessidades do novo modelo da família
reconstituída

Fronteiras permeáveis em torno dos membros das diferentes famílias, que


permitam aos filhos circularem facilmente nelas (Acordos de visitação e
custódia);

Aceitação do papel paternal do cônjuge bem como do contrato com oex-


cônjuge;

Assumpção de responsabilidades educativas primárias por cada cônjuge em


conjugação com o seu ex-cônjuge.
Famílias Monoparentais
Subsistemas Conjugal

Perda ou ausência deste subsistema:


• Perturbação:
• Do espaço de suporte emocional e de resolução deproblemas
intra e inter-familiares;
• Da articulação entre comunicação simétrica ecomplementar;
• Do sentimento de individualidade epertença;
• Da modelação das relações heterossexuais dos filhos.
Subsistema Parental
• Impossibilidade de partilhar tarefas e de recorrer ao suporte quea
complementaridade de papéis empresta á tarefa educativa;

• Risco de centração entre progenitor e filhos ao nível do papeleducativo;

• Dificuldades ao nível dos movimentos de separação (perigo de emaranhamento e


de situações de “Pas-de-Deux”);

• Risco de Parentificação de um dos filhos.


Monoparentalidade e o Ciclo Vital

• Formação do Casal
• Ausente ou atualmente inexistente;

• Famílias com filhos pequenos e na escola


• Sobrecarga de funções parentais;
• Dificuldade em criar um sistema executivo claro;
• Problemas identificatórios

• Famílias com Adolescentes


• Dificuldades acrescidas ao nível da construção de “Selves” diferenciados e de projetos individuais

• Família com filhos adultos


• Ausência de experiências de organização do subsistema conjugal
Divórcio

Ainda que não seja um processo único nem tabelado , podendo


muitas vezes durar anos existem fases pelas quais a maioria dos casais
que se divorciam passam, sendo que alguns podem estagnar mais
tempo numas fases ou noutras (Acock & Demo, 1994; Amato, 2000;
Amato & Booth, 1996)

Alguns casais iniciam e concluem o processo legal de divórcio muito


tempo após a separação e conclusão das fases emocionais. Por vezes
há aspetos económicos que se prolongam por anos (Trafford, 1992;
Coates, 1999; Kaslow, 1980).
Processo de Ajustamento ao Divórcio
(5 Estádios)
1.º - Cognição Individual

2.º - Metacognição Familiar (Pré-Separação)

3.º - Separação do Sistema (Separação Concreta)

4.º - Reorganização do Sistema

5.º - Redefinição do Sistema


Estádios do Divórcio

1.º - Cognição Individual


• Processo de Separação Emocional (marcado por brigas, acusações, desvalorizações e
ambivalência);

• Existência de um grande sentimento de remorso/culpa porparte do Elemento que pensa


o divórcio.
Estádios do Divórcio

2.º - Metacognição Familiar (Pré-Separação)

• O Segredo érevelado;

• Momento de grande sofrimento e de maior desequilíbrio;


Estádios do Divórcio

3.º - Separação do Sistema (Separação Concreta)


• Vulnerabilidade Emocional de cada cônjuge aumentada (Incapacidade de trabalhar;
problemas de saúde; Alterações de peso; insónias; uso de substâncias);
• Ambivalência;
• Sentimento de Desamparo, falta de controlo e de incompetência (Social, sexual, etc.);
• Fase de prováveis ciclos de separações ereconciliações.
Estádios do Divórcio

4.º - Reorganização do Sistema

• Desenvolvimento de novas regras e padrões;

• Mudança ao nível dos papéis, fronteiras e estrutura hierárquica;

• Mudança ao nível dos relacionamentos extra família ou com familiares alargados.


Estádios do Divórcio

5.º - Redefinição do Sistema

• Nova auto-definição – Novos papéis e fronteiras bem clarificados


Impacto do Divórcio em diferentes estágios do Ciclo
de Vida Familiar
QUIZ
Antes de avançar, reflita e responda:

• Impactos negativos?
• Impactos positivos?
• O que se pode tirar depositivo
• Como ajudar uma família monoparental?
Divórcio em casais recém-casados
(sem filhos)
Ocorre quando: O casal se conhece após perda significativa;
Um ou ambos os membros se querem distanciar das suas famílias de origem;
Proveniência de back-grounds familiares significativamente diferentes;
Casamento em menos de 6 meses de conhecimento ou mais de 3 anos de namoro/noivado.

Menor Ruptura nesta fase e maior facilidade em começar denovo.


Divórcio em Famílias com filhos pequenos
(idade pré-escolar)

Experiência de angústia dos pais (estes encontram-se mais perturbados e menos disponíveis;

Filhos experiênciam a ameaça da sua segurança emocional;

Mães sobrecarregadas, pais excluídos e auto-excluídos do processo educativo;

Psicopatologia comum na criança: Ansiedade de separação; perturbações do sono; enurese e


medos;

Tarefas: Preparar a criança para todas as mudanças, delineando um plano bem definido de visitação
e contacto.
Divórcio em Famílias com filhos pequenos
(idade da escola elementar)

Impacto mais profundo nos filhos – As Crianças compreendem a separação mas ainda não
conseguem lidar com esta ruptura;

Auto-responsabilização por parte dos filhos (Períodos de tristeza e fantasias recorrentesde


reconciliação);

Conflitos de Lealdade;

Assumpção de papéis paternos e responsabilidades adultas;

Psicopatologia comum na criança: Perturbações de Comportamento, Perturbações somáticas.


Divórcio nas famílias com
Adolescentes
Sentimento de Esmagamento e opção do pai responsável não se querer encarregar dessatarefa;

Risco do adolescente assumir o papél do cônjuge ausente;

Para a mulher – Preparar as mudanças económicas necessárias á sua auto-suficiência;

Para o Homem – Preocupação centrada na preparação de um futuro em que possam ter umaoutra
família para sustentar.

Psicopatologia comum no adolescente: Comportamentos auto-destrutivos (Faltar ásaulas,


fracassar na escola, abuso de substâncias).
Divórcio nas famílias em fase de
lançamento dos filhos

Experiência de um sentimento de perda da vida familiar porparte


dos filhos e preocupação acerca do seu próprio casamento;

Ressentimento dirigido ao pai que toma a iniciativa dodivórcio;

Divórcio encarado como chance de começar uma vida nova ou


como devastador (Vida destruída).
Divórcio nas famílias no estágio
tardio da vida

Onda de “choque” por toda a família, com todosos


aspectos da fase anterior aumentados;

Risco dos filhos se sentirem sobrecarregados pelos pais;

Problemas de solidão, vazio e depressão.


Monoparentalidade
Fase I - Consequências
Dinheiro – Problemas financeiros imediatos e projecção da
administração futura do dinheiro;

Paternidade – Sensação de impotência e perceção do


vácuo criado pela ausência do parceiro em casa;

Relações Sociais – Pouca procura e disponibilidade para


novos amigos em virtude do stress a que estão submetidos
Fase II -Realinhamento
Dinheiro – Novo reajustamento nos padrões de vida (Permanecer ou mudar de casa familiar)

Paternidade Necessidade dos filhos sentirem o contacto continuado com ambos os pais;
Definição da sua autonomia e autoridade face aos filhos (aprender a lidar com os filhos).

Relações Sociais Aumento do numero de amigos e novos relacionamentos;


Tomada de consciência real, por parte dos filhos que os pais já não estão ligados romanticamente um
pelo outro;
Fase III – Estabilização

Fase de possíveisrecasamentos;

Período de tranquilidade e calma, encontro de soluções


para os vários problemas da transição;

Maior “à vontade” para os pais lidaremum com o outro.


História da Terapia Familiar
Os Estados Unidos, onde se iniciou a terapia familiar, viviam a consolidação do pós II Grande Guerra

Aumento da industrialização,
A participação das mulheres no mercado de trabalho,

Novas tecnologias,

Novas relações sociais


Grandes movimentos culturais e sociais

Aumento do acesso à educação,

Investimento na família Nuclear(Ponciano, 1999).


• Um ambiente intelectual diversificado do secXX
• imigração da Europa para os Estados Unidos, de vários profissionais de diversas áreas.
• (Bloch e Rambo, 1998).
• Temos vários exemplos, Moreno, Freud ( que foi para Londres mas cuja obra já rompia nos
EUA, Einstein
Descontentamento com o modelo anterior,.
Mecanicista e ou individualista Bloch e Rambo
(1998), as mudanças dos paradigmas nas
ciências sociais e naturais, o que inclui a física
pós-einsteiniana, a teoria da relatividade
A cibernética, a teoria geral dos sistemas, teoria geral dacomunicação

Tentativas de alargar as perspetivas do modelo psicanalítico, buscando construir


modelos que incluíssem as condições do ambiente como contexto, surgiram dos
próprios psicanalistas como Sullivan, Horney, Thompson e Fromm-Reichman.

Tentativas de integração de esquizofrénico e outros pacientes na comunidade


(Grandesso, 2000).
• As primeiras e principais pesquisas direcionadas às famílias com
pacientes esquizofrênicos foram as realizadas por Gregory Bateson, Don
Jackson, Weakland, Haley, Bowen, Lidz, Whitaker, Malone, Scheffen e
Birdwhistle, Minuchin, e Watzawick
As influências mais marcantes na formação desse campo foram da
Teoria Geral dos Sistemas e da Cibernética.

ATeoria Geral dos Sistemas foi desenvolvida por Ludwig Bertalanffy


desde a década de 30, era uma tentativa de aplicar princípios
organizacionais a sistemas biológicos e sociais (Rapizo,1996).
Conferências Macy
As bases conceituais da cibernética foram construídas nas “Conferências Macy”,entre os
anos 1946 e 1953, o que possibilitou que emergisse como ciência da inter e da
transdisciplinaridade, reunindo cientistas de diversas áreas e países, como Wiener (matemático),
Bateson (antropólogo), McCulloch (neurofisiólogo), Von Foerster (físico), Rosenblueth (biólogo),
Piaget (psicólogo, epistemólogo), Lorenz (etólogo), M. Mead (antropóloga), entre outros (Rapizo,
1996).

Onde foi apontada a necessidade dos teóricos se inspirarem nas concepções da Cibernética.
(Vasconcelos, 2003).
Antipsiquiatria
Configurou-se numa corrente cuja característica principal, era promover formas
alternativas de tratamento a designada doença mental . Acreditava que a nosologia
médica psiquiátrica não passava de um conjunto de rótulos apropriados apenas para
invalidar os sujeitos.

termo de David Cooper desenvolvido entre 1955 e 1975 na Grã-Bretanha, com Ronald
Laing e David Cooper; na Itália, com Franco Basaglia; e nos Estados Unidos, com as
comunidades terapêuticas, os trabalhos de Thomas Szasze a escola de Palo Alto de
Gregory Bateson. (Roudinesco, 1998)

O Grupo de Palo Alto falaremos no próximomodulo


A antipsiquiatria defendia a possível transformação da loucura num
estilo de vida, numa viagem, num modo de ser diferente e de estar do
outro lado da razão, como haviam definido Arthur Rimbaud (1854-
1891) e, depois dele, o movimento surrealista.
A antipsiquiatria acredita que a loucura é fabricada por razões e mecanismos políticos e propõe soluções
coerentes e possíveis, porém ameaçadoras à ordem estabelecida. Os antipsiquiatras sabem que a
existência do que se convencionou chamar de ‘ loucura’ é utilizada pelos sistemas autoritários como forma
de perseguir seus heréticos e contestadores”

Os comportamentos considerados ‘ doentios’ de um indivíduo deveriam ser compreendidos a partir das


relações que ele mantém com osoutros.

Os sintomas da doença mental representariam, assim, uma tentativa, por parte do indivíduo, de evitar o
desprazer advindo dessas relações. Ignorar o mundo em que esse indivíduo se insere e do qual faz parte é
descartar suas possibilidades de reajustamento.

A idéia-chave é, pois, a de relação.


QUIZ

• Perante os conteúdos deste módulo: Que influências pensa que a


família tem na saúde mental? (coloque as suas respostas no fórum,
vamos gostar da partilha, ate já ;)
Até ao próximo módulo
(isabelsantos.pt)
Referências

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Quarteto Editora
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