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Revisão da Prova

Disciplina: Terapia Familiar Sistêmica


Profª: Psicóloga e Neuropsicóloga Fernanda Marinho Leal Oliveira
CRP: 06/ 145128
Revisão

 A terapia familiar evoluiu a partir de uma multiplicidade de influências tendo recebido contribuições de
diferentes áreas do conhecimento.
 Na psicanalise, Freud descreve que se deve prestar atenção nas condições humanas e sociais,
principalmente nas relações familiares do paciente.
  Ressalta que, muitas vezes, quando a neurose tem relação com os conflitos entre os membros de uma
família, os membros sadios preferem não prejudicar seus próprios interesses do que colaborar na
recuperação daquele que está doente.
 Na primeira metade do século, Nobert Wiener começa a criar a teoria familiar, enfatizando os sistemas
homeostáticos com processos de retroalimentação (feedback) que tornam os sistemas autocorretivos.
 A Cibernética, que estudava os mecanismos de controle e comunicação, inicialmente nas máquinas e
posteriormente entre os seres vivos, surgiu neste contexto. Desenvolvida no final da década de 1940 e
considerada como a ciência do controle e da comunicação nos seres vivos e nas máquinas, utilizava
conceitos como feedback, homeostase e autorregulação e, assim como a Teoria Geral dos Sistemas de
Bertalanffy, forneceram as bases teóricas para a terapia de família, um novo campo terapêutico (COSTA,
2011).
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• Assim, desenvolvimentos teóricos da Biologia, da Sociologia, da Antropologia, da


Informática, da Teoria Geral dos Sistemas, influenciaram significativamente as primeiras
formulações da teoria e da técnica de trabalho terapêutico com famílias.
• No Estados Unidos, por conta da teoria geral dos sistemas e da teoria da
comunicação surgiram várias escolas de terapia familiar e vários institutos e
centros de atendimento e de formação foram criados.
• A família é vista como um sistema equilibrado e o que mantém este equilíbrio
são as regras do funcionamento familiar. Quando, por algum motivo, estas
regras são quebradas, entram em ação meta-regras para restabelecer o
equilíbrio perdido.
• Os terapeutas sistêmicos se abstêm de fazer interpretações na medida em que
assumem que novas experiências - no sentido de um novo comportamento
que provoque modificações no sistema familiar - é que geram mudanças.
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 Escola Estrutural:
• Minuchin é o principal teórico da Escola Estrutural, para o autor a família é um
sistema que se define em função dos limites de uma organização hierárquica.
• O sistema familiar diferencia-se e executa suas funções através de seus
subsistemas.
• As fronteiras de um subsistema são as regras que definem quem participa de
cada subsistema e como participa. Para que o funcionamento familiar seja
adequado, estas fronteiras devem ser nítidas.
• Quando as fronteiras são difusas, as famílias são aglutinadas; fronteiras rígidas
caracterizam famílias desligadas. Famílias saudáveis emocionalmente possuem
fronteiras claras.
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 [Fronteiras Difusas: São constituídas por relações complexas e papéis confusos,


não é estabelecida de forma clara a função de cada membro nem existe de fato
preocupação e comunicação entre eles. Seria a família aglutinada;
 Fronteiras Nítidas: São responsáveis pela construção de relações esclarecidas
nas quais as pessoas dizem "sim" ou "não" objetivamente e de acordo com as
demandas surgidas. 
 Fronteiras Rígidas: Elas são composta por relações distantes nas quais as
pessoas não se conhecem muito bem. Seria a família Desligada.
 Fronteiras Clara: São quando a família é considerada saudável
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 Família Aglutinada: Existe uma grande a proximidade entre os membros que a


integram, interagem intensamente, mas a falta de diferenciação entre eles .

 Família Desligada: Não há uma conexão forte entre os membros, com isso
gerando um relacionamento não muito próximo.
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 A principal representante deste grupo é Mara Selvini Palazzoli que,


juntamente com Boscolo, Ceccin e Prata, fundou em 1967 o Centro para
o Estudo da Família.
 Partindo dos mesmos pressupostos teóricos da Escola Estratégica,
Palazzoli et al (1980) consideram que os problemas que emergem
quando os mapas familiares não são mais adequados, ou seja, os
padrões de comportamento desenvolvidos não são mais úteis nas
situações atuais. 
 Dada a tendência à homeostase, os problemas surgem quando as
regras que governam o sistema são tão rígidas que possibilitam padrões
de interação repetitivos, homeostáticos e vistos como "pontos nodais"
do sistema.
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 No final da década de 70, utilizando os conceitos da cibernética de segunda


ordem e de sua aplicação aos sistemas sociais, surge a Escola Construtivista.
  A partir da concepção de retroalimentação evolutiva de Prigogine (1979),
considera-se que a evolução de um sistema ocorre através da combinação de
acaso e história em que, a cada patamar, surgem novas instabilidades que geram
novas ordens, e assim sucessivamente.
 Nesta perspectiva em que os sistemas vivos são considerados como hiper
complexos e indeterminados, instabilidade e a crise ganham um novo sentido no
sistema familiar. A crise não é mais um risco, mas parte do processo de
mudanças, assim como o sintoma.
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 Escola Estrutural: Considera a família como um sistema complexo, formado por


subsistemas com diferentes funções. Destaca a interação entre os subsistemas nos
diferentes níveis hierárquicos de desenvolvimento.
 Escola Estratégica: O sistema é visto como uma unidade total, mas leva também em
consideração os grupos sociais com os quais a família interage. Promove minimização do
conceito de organização dos subsistemas e hierarquia na família e dá ênfase nas interações
paradoxais entre os membros da família e uso de rituais, contra paradoxos e trabalho com
os mitos familiares.
 Escola de Milão: Considera mais o comportamento mantenedor do problema e suas
tentativas de redução do que o sistema per si. Pode intervir em um membro da família, em
um subsistema, na família toda ou em sistemas extrafamiliares.
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 A Cibernética foi concebida pelo matemático Norbert Wiener, que se dedicou a estudar os sistemas
estabelecendo uma analogia entre o funcionamento destes e o das máquinas.
 Wiener (1989) descreveu dois tipos de sistemas: o fechado, isolado e ao qual se aplica a segunda
lei da termodinâmica, que enuncia uma tendência à desordem (entropia poder de medir algo) até o
estado de caos; e o aberto, caracterizado por permeabilidade à energia e à informação, capaz de
desenvolver níveis elevados de retroalimentação na sua interação com o mundo externo.
 Wiener (1989) dá como exemplo de sistema fechado o elevador, que necessita de
mecanismos que detectem e controlem o seu desempenho para que ele esteja alinhado
à porta no momento em que ela se abrir. Nesse caso, o sistema é isolado e o
mecanismo de retroalimentação é simples, sem qualquer interação com o meio que o
torne mais sofisticado.
 Os sistemas humanos, incluindo os sistemas familiares, são o melhor exemplo de
sistemas abertos, pois realizam constantemente trocas e ajustes pela interação das
suas partes com o meio (Watzlawick, Beavin, & Jackson, 1999).
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 Para Bateson (2000), a Cibernética tem um interesse especial na relação entre o objeto e
o seu contexto, o que se evidencia pelo exemplo do fonema e da palavra.
 O fonema só existe em sua relação com outros fonemas, quando formam uma palavra,
que, por sua vez, só tem significado no contexto mais amplo da frase. Sobre essa
interconexão, Bateson (2000) enfatiza a circularidade dos circuitos fechados e apresenta
a sua concepção aprofundada de feedback: “Quando os fenômenos do universo são tidos
como vinculados por causa-e-efeito e pela transferência de energia, a figura resultante é
ramificada de forma complexa e interconectada por cadeias de causalidade” (p. 409).
 Partindo dessa ideia, um evento que ocorre num ponto aleatório repercute em todos os
demais pontos do circuito. Aplicando esse princípio ao contexto familiar, é admissível
supor que a interação que se processa entre dois indivíduos da família reverbera nas
relações com os demais membros do sistema, criando uma sequência interativa
interligada.
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 Ludwing von Bertalanffy:


 Desde 1950 a Teoria Geral de Sistemas (TGS) começou a ser estudada como
teoria científica pelo biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy, que buscava um
modelo científico explicativo do comportamento de um organismo vivo, abordando
questões científicas e empíricas ou pragmáticas dos sistemas.
 O foco de seus estudos estava na produção de conceitos que permitiriam criar
condições de aplicações na realidade, sob a ótica das questões científicas dos
sistemas,
 A teoria dos sistemas de Bertalanffy, baseado em seu conhecimento biológico,
procurou evidenciar inicialmente as diferenças entre sistemas físicos e biológicos.
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 Aquilo que denominamos neste texto de "psicologia pós-moderna" não deve ser entendido como
uma nova teoria psicológica, mas como a aplicação de um novo discurso (um discurso de segunda
ordem, uma epistemologia) a esse campo do conhecimento: um pensamento pós-moderno, que se
articula com as mudanças nos paradigmas culturais da segunda metade deste século, sobretudo no
campo das ciências humanas e sociais, e que está claramente definido por Kvale (1992):
 O pensamento pós-moderno substitui a concepção de uma realidade independente do observador
pela noção de que é a linguagem que de fato constitui as estruturas de uma realidade social em
perspectiva. A dicotomia moderna entre uma realidade objetiva, distinta das imagens subjetivas,
está sendo abandonada e substituída pela hiper-realidade de signos autorreferenciados. Há uma
crítica da busca modernista por formas fundamentais e da crença no progresso linear através da
acumulação do conhecimento. A dicotomia entre leis sociais universais e o self individual é
substituída pela interação de redes locais.
 O pensamento pós-moderno envolveu uma expansão da razão, foi além dos domínios cognitivos e
científicos para permear da mesma maneira aqueles da ética e da estética; analisou o nexo entre
poder e saber e, em particular, a de individualização do poder em estruturas anônimas, (pp. 2-3)
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 No modernismo, a ciência teve como eixos epistemológicos a confiança no método


empírico, o estabelecimento de domínios especializados de estudo e a ambição de
se estabelecer uma lógica única para todos os empreendimentos científicos.
 Esses pressupostos estão relacionados à busca do conhecimento objetivo do
mundo e à crença na possibilidade de prever e manipular os eventos naturais e
sociais (Gergen, 1991, 1992).
 Os modelos terapêuticos nos quais o terapeuta não mais se coloca numa posição
de observação imparcial dos fatos, mas inclui-se reflexivamente como parte de um
sistema produtor de significados, o sistema terapêutico. A aceitação, por parte do
terapeuta, desses pressupostos, conduz a uma profunda mudança de atitude frente
ao próprio saber e, consequentemente, às práticas nele engendradas (inventado de
maneira imaginativa).
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 Segundo Aun (2010), seguem algumas diretrizes para a atuação do terapeuta


sistêmico e do profissional em atendimento sistêmico frente a situações-
problemas: o terapeuta sistêmico, ao dirigir uma conversação, deve: apresentar a
SP, respeitando os vários pontos de vista apresentados pelos participantes,
buscando validar cada uma das posições (antagônicas, valores e pressuposições
diferentes, relações de causa e efeito); com uma linguagem cooperativa, buscar
conexões nos pontos de vista levantados, apoiando-se na credibilidade recíproca,
valorizando a perspectiva dialógica do sistema; buscar manter-se próximo da
linguagem dos participantes; utilizar tipos de perguntas cujo objetivo não seja
obter respostas, descobrir informações, mas sim gerar novas perguntas e criar
novas narrativas e incluir o que não foi pensado ou dito anteriormente.
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 Carter e McGoldrick (1995) descreveram os vários estágios do ciclo vital familiar, destacando o
enfoque transgeracional, mostrando-nos as diferentes tarefas de cada estágio assim como as
dificuldades para transpor de uma fase para outra.
 Criou-se um marco, passamos a conviver e lidar melhor com o modo como as famílias encaram e
superam cada fase.
 O desenvolvimento familiar tem seis estágios, similar ao trabalho das autoras:
 1. Jovem adulto saindo de casa;
 2. Família sem filhos;
 3. Família com crianças;
 4. Família com adolescentes;
 5. Família no meio da vida, e
 6. Família no estágio tardio
As fases do ciclo de vida das famílias
Fase do Ciclo de Vida Processo emocional básico da Mudanças qualitativas no
Familiar - Movimento transição status familiar necessárias
para se seguir o
desenvolvimento
1. Adulto jovem - saindo de Desenvolver a a) Diferenciação da
Casa responsabilidade identidade em relação à
Centrífugo emocional e financeira por família de origem. b)
si mesmo. Desenvolvimento de
relacionamentos íntimos
com adultos iguais. c)
Estabelecimento de uma
identidade com relação ao
trabalho e independência
financeira
As fases do ciclo de vida das famílias
Fase do Ciclo de Vida Processo emocional básico da Mudanças qualitativas no
Familiar - Movimento transição status familiar necessárias
para se seguir o
desenvolvimento
2.Famílias sem filhos - Comprometimento com um novo a) Formação do sistema marital.
A união de Famílias no sistema familiar b) Realinhamento dos
relacionamentos com as
casamento famílias ampliadas e amigos,
Centrípeto para incluir o cônjuge
3. Famílias com crianças Aceitação de novos membros a) Ajustar o sistema conjugal
Centrípeto no sistema familiar para criar espaço para o(s)
filho(s). b) Unir-se nas tarefas
de educação dos filhos, nas
tarefas financeiras e
domésticas. c) Realinhamento
dos relacionamentos com a
família ampliada, para incluir os
papéis de pais e avós.
As fases do ciclo de vida das famílias
Fase do Ciclo de Vida Processo emocional básico da Mudanças qualitativas no
Familiar - Movimento transição status familiar necessárias
para se seguir o
desenvolvimento
4. Famílias com Aumentar a flexibilidade das a) Modificar o relacionamento
adolescentes fronteiras familiares para incluir progenitor-filho, para permitir ao
a independência dos filhos e a adolescente movimentar- se
Centrífugo fragilidade dos avós. para dentro e para fora do
sistema familiar. b) Novo foco
nas questões conjugais e
profissionais dos pais (meia-
idade). c) Começar a mudança
no sentido de cuidar da geração
mais velha.
As fases do ciclo de vida das famílias
Fase do Ciclo de Vida Processo emocional básico da Mudanças qualitativas no
Familiar - Movimento transição status familiar necessárias
para se seguir o
desenvolvimento
5. Famílias na meia idade Aceitar várias saídas e entradas a) Reorganizar o sistema
– Lançando os filhos e no sistema familiar. conjugal como dupla. b)
Desenvolvimento de
seguindo em frente relacionamentos de adulto-para-
Centrípeto adulto entre os filhos crescidos
e seus pais. c) Realinhamento
dos relacionamentos para incluir
parentes por afinidade e netos.
d) Lidar com incapacidade e
morte dos pais (avós).
As fases do ciclo de vida das famílias
Fase do Ciclo de Vida Processo emocional básico Mudanças qualitativas no
Familiar - Movimento da transição status familiar necessárias para
se seguir o desenvolvimento
6. Famílias no estágio Aceitar as mudanças de papéis a) Manter o funcionamento e os
tardio de vida geracionais. interesses em si mesmo(a) e no
casal, diante das mudanças
Centrípeto físicas e emocionais da idade. b)
Abrir espaço para um papel mais
central para a geração dos filhos.
c) Lidar com a perda do cônjuge,
irmãos e outros iguais e
preparar-se para a própria morte.
Revisão e integração da vida
As fases do ciclo de vida das famílias

 GÊNERO: Substantivo masculino, conceito generalista que agrega em si todas as


particularidades e características que um grupo, classe, seres e coisas têm em
comum.
 Para a Biologia gênero refere-se a grupos das classificações dos seres vivos que
reúnem espécies vizinhas, aparentadas, afins, por apresentarem entre si
semelhanças constantes; família, raça: o lobo é uma espécie do gênero canis.
 Categoria gramatical que se baseia na diferenciação entre masculino, feminino e
neutro. Gênero literário, variedade da obra literária, classificada de acordo com o
assunto, o modo de o tratar, o estilo, a estrutura e as características formais da
composição: gênero lírico, gênero épico, gênero dramático.
As fases do ciclo de vida das famílias

 Gênero humano. Designação da espécie humana, do homem. Gênero de vida. Modo de viver, de
proceder; tipo de vida.
 Etimologia (origem da palavra gênero). Do latim generu, genere, "nascimento, origem" (DICIO, [on-
line]).
 Segundo Haraway (2004, p. 211) “[...] gênero é um conceito desenvolvido para contestar a
naturalização da diferença sexual em múltiplas arenas de luta” e um dos mais importantes princípios
organizadores da nossa sociedade.
 Simone de Beauvoir, em seu livro O Segundo Sexo, de 1949, fez uma observação, que se tornou a
raiz de todos os significados modernos de gênero, ao dizer que “não se nasce mulher, torna-se
mulher” (HANCONK, 2014, [s. p.]).
 Segundo Costa (2001) cada um de nós pode se questionar a respeito do que significa ser homem, a
partir do sexo, raça, cultura e classe social.
 Construímos e reconstruímos nossa identidade de gênero ao longo da vida; essa identidade nos
acompanha como um roteiro de como devemos ser e o que podemos esperar dos outros.

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