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A concepção de paciente identificado

na perspectiva sistêmica

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

Ana Luisa Pinheiro Guayer Wanderley


ORIENTADORA:

Andrea Seixas Magalhães


Monografia

Matrícula: 0711812

Rio de Janeiro, 25 de Novembro de 2011


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Agradecimentos

À PUC – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,


especialmente ao Departamento de Psicologia, e à Vice-Reitoria
Comunitária.

À minha orientadora, professora Andrea Seixas Magalhães, pela


disponibilidade, tranqüilidade e atenção.

À professora Sandra Salomão, que tanto tem me ensinado nessa jornada.

Ao amigo Chico, pelo serviço doado com gentileza e amor.

À minha família, pelo amor e apoio incondicional.

Aos meus amigos, pela paciência, compreensão e carinho.

À minha psicóloga Claudia Puntel, que contribuiu para o meu crescimento


e amadurecimento.
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RESUMO

Este trabalho busca lançar um olhar sobre o paciente identificado


na perspectiva sistêmica. Aborda-se o percurso histórico e a evolução dos
enfoques sistêmicos, a teoria da comunicação e a cibernética, alicerces
do conceito de paciente identificado. A inclusão da teoria do duplo vínculo
expande o entendimento sobre como o indivíduo pode ser afetado pelo
seu sistema familiar. Concluímos a nossa pesquisa abordando a noção de
paciente identificado na clínica com famílias, e o papel de porta-voz do
sintoma compartilhado pela família, privilegiando as contribuições de
Maurizio Andolfi e Salvador Minuchin.

Palavras-chave: Paciente identificado; teoria sistêmica; duplo-vínculo;


terapia familiar

Introdução

Ao estudar sobre relações familiares, tivemos especial fascínio pelo


conceito de paciente identificado. Consideremos intrigante o fato de haver
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um membro da família cuja sintomatologia denuncia a disfunção do


sistema familiar.

Essa monografia tem como objetivo investigar o surgimento da noção


de porta-voz de um sintoma compartilhado pela família, enfatizando a
contribuição da teoria geral dos sistemas, da teoria da comunicação e da
cibernética para se construir a concepção de paciente identificado na
perspectiva sistêmica.

O trabalho foi desenvolvido em três capítulos. No primeiro capítulo,


foram apresentadas as contribuições sistêmicas para o desenvolvimento
da terapia familiar e de alguns precursores teóricos que deram origem à
concepção de paciente identificado. Ressaltou-se a pragmática da
comunicação humana, como sendo uma teoria de suma importância para
o desenvolvimento do conceito de paciente identificado.

No segundo capitulo, foi abordada a teoria do Duplo Vínculo, uma


teoria pioneira sobre a noção de paciente identificado, uma das bases
para o enfoque sistêmico familiar. Nessa teoria, o paciente identificado é
visto como o produto de uma família disfuncional, o porta-voz do sintoma
que é compartilhado por esta.

No último capitulo, discorremos sobre a visão de dois autores,


Maurizio Andolfi e Salvador Minuchin, em relação à compreensão do
paciente identificado na clinica, abordando o modo como eles vêem a
estrutura familiar, os mecanismos de funcionamento desta e, finalmente,
as famílias disfuncionais e o surgimento do paciente identificado.

1. A contribuição sistêmica para o conceito de paciente


identificado

As origens da Teoria Sistêmica estão na física quântica, com a


transformação da visão de mundo, quando se passou da concepção
linear-mecanicista de Descartes e Newton, em que o universo é visto
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separado em partes para uma visão holística e ecológica, onde o universo


é entendido como uma teia dinâmica de eventos inter-relacionados
(Capra, 1982).

Segundo o mecanicismo, entendia-se a natureza como um


mecanismo em que o funcionamento era regido por leis precisas e
rigorosas. À maneira de uma máquina, Descartes entendia que o mundo
era constituído de peças ligadas entre si e que tinha um funcionamento
regular podendo ser reduzido às leis da mecânica. E, quando o
funcionamento das peças era entendido, o conhecimento do todo era
perfeito.

A exaltação do pensamento mecanicista gerou um


desmembramento do pensamento e levou a uma atitude reducionista na
ciência, acreditando-se que para conhecer um fenômeno complexo
bastava estudar suas partes, sem levar em conta a interação entre elas.
(Vasconcellos, 2003)

Com a evolução do pensamento mecanicista chegou-se a um


novo paradigma: o universo é um todo unificado. Neste novo paradigma,
“nenhuma das propriedades de qualquer parte dessa teia é fundamental,
todas elas decorrem das propriedades das outras partes do todo, e a
coerência total de suas inter-relações determina a estrutura da teia”
(Capra, 1982, p. 87).

O termo holístico, do grego “holos”, totalidade, reporta-se a um


entendimento da realidade em função de totalidades integradas, em que
as propriedades não podem ser reduzidas a unidades menores e que a
soma das partes é maior do que o todo. Percebeu-se que era preciso
compreender a relação entre as partes e não estudá-las separadamente.
Vivemos, hoje, num mundo globalmente interligado, no qual fenômenos
psicológicos, biológicos, ambientais e sociais são todos interdependentes
e intimamente interligados, sistêmicos (Vasconcellos, 2003).
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1.1. Influencias do paradigma sistêmico no desenvolvimento da


terapia de família

Nos anos 50, a psicanálise era a abordagem dominante nos


tratamentos de saúde mental. Entretanto, muitos clínicos começaram a
ficar descontentes com o método. Entre algumas origens desse
descontentamento, estavam principalmente a mudança no modelo de
comportamento humano, de modelos reducionistas para psicossociais e
também a crescente consciência da importância do contexto na vida dos
indivíduos. A psicanálise clássica acreditava ser dispensável instituir um
diálogo com a família do paciente para obter mais dados sobre os
sintomas do mesmo. O que era considerado fundamental era como o
paciente via a sua realidade (Elkaim, 1998).

Como resultado de estudos interdisciplinares, surgiu a terapia


familiar:

“A terapia familiar se desenvolveu nos Estados Unidos,


na década de 50, de duas vertentes principais: o trabalho
com esquizofrênicos e com crianças, ambos dependentes
de suas famílias. (...) No leste, Bowen, Wynne, Lidz,
Whitaker e outros psicanalistas insatisfeitos com os
resultados dos tratamentos individuais de esquizofrênicos
passaram a incluir a família na terapia. Na Califórnia, o
antropólogo Bateson liderou Jackson, Haley e outros no
estudo das comunicações paradoxais nas famílias de
esquizofrênicos.” (Falceto, 1998, p. 171)

Foi a partir da teoria geral dos sistemas, da cibernética e da teoria


da comunicação que os autores passaram a estudar os transtornos
mentais, principalmente a esquizofrenia, sob outra ótica. E o governo dos
Estados Unidos passou a financiar projetos de pesquisa sobre o tema, em
busca de métodos alternativos. Como resultado de pesquisas realizadas,
uma série de novos termos começou a ser introduzida pelos que
estudavam os processos familiares.

A palavra cibernética vem no grego kybernetes e foi escolhida por


Wiener, Bigelow e Rosenblueth (1948) para nomear a teoria, pois, ela
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significa piloto, condutor. Uma vez que a teoria falava sobre feedback
(retroação, realimentação), ou seja, o que permite o controle da máquina.
Feedback quer dizer que, no sistema, as ações de cada elemento servem
como informação para os demais. A cibernética aborda a teoria do
controle e da comunicação, eles consideram a mensagem como um
elemento central na comunicação e no controle (Vasconcellos, 2003).

“Eles tinham conhecimento de que em certas


condições, o feedback é vantajoso e em outras condições
pode ser prejudicial para o sistema, impedindo uma
atividade organizada” e “Quando se diz que um sistema
conta com um mecanismo de retroação, isso quer dizer
que, à medida que o sistema vai funcionando, também
vai sendo informado dos resultados ou efeitos produzidos
por seu funcionamento” (Vasconcellos 2003, p.214)

Para Wiener (1970), se diz que um sistema está exibindo auto-


regulação quando ele próprio exibe um comportamento que seja
adaptativo às variações do meio. E o que faz com que seja possível a
auto-regulação são os mecanismos de feedback, pois, quando o sistema
recebe uma informação do seu desempenho, ele passa a ser capaz de se
ajustar para um desempenho futuro. Mas, isto ocorre não só para
mudanças, pois, a retroação e por consequência, a auto-regulação são
importantes também para que haja estabilidade, a conservação da
homeostase no sistema.

Há dois tipos de feedback, o positivo e o negativo. O negativo é um


tipo de feedbak em que a informação recebida sobre o erro age visando
diminuir o desvio. Esse seria um mecanismo homeostático. Enquanto no
feedback positivo, a informação gera uma ampliação do desvio do
sistema. (Vasconcellos, 2003)

A teoria da cibernética também ajudou na mudança de uma visão


linear para uma visão circular dos problemas. Mostrou-se que os sistemas
chamados pelos teóricos de estáveis só conservam esse estado pelo
exercício interno de certas retroações específicas. (Elkaim, 1998)
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A teoria geral dos sistemas tem como seu principal precursor


Ludwig Von Bertalanffy. Ele se apropria de algumas das ideias da
cibernética e as desenvolve com outro olhar. Bertalanffy define sistema
como um conjunto de elementos que está em um tipo de interação
dinâmica, em que o estado de cada elemento é assinalado pelo estado de
todos os outros que o estabelecem. O referido autor afirma que existem
dois tipos de sistema: um aberto e outro fechado. Para ele “um sistema é
fechado se nenhum material entrar ou sair dele; é aberto se houver
entrada e saída e, portanto, mudança dos componentes” (Elkaim, 1998).

Todo sistema tem um equilíbrio interno, uma homeostase, que é


gerada pelas regras de funcionamento. Quando essas regras são
quebradas existem metaregras para estabelecer um novo equilíbrio
(Bertalanffy, 1968). Bertalanffly (1973) acrescenta, ainda, as retroações
(retroalimentação) negativas como processos que visam a reconduzir à
norma um elemento do sistema.

Segundo o autor, um conjunto de elementos interligados forma um


todo que possui características próprias que não são encontradas em
nenhum dos elementos isolados. Este é um conceito que vem da
abordagem holística, em que a totalidade é maior, representa mais do que
a soma das partes. Ainda para Bertalanffy (1977), um conjunto de
elementos é unido por alguma forma de interação ou interdependência.

Bertalanffy (1977) também afirma que todo sistema tem um arranjo


que visa atingir um objetivo e tem uma natureza orgânica, em que uma
ação que gera uma mudança em alguma das unidades irá gerar também
mudança em todas outras unidades, ocorrendo um reajustamento
sistemático. Os sistemas existem em um ambiente e são por ele afetados
e condicionados, eles se desenvolvem a partir dos desafios e das
solicitações do meio.

Deve ser ressaltado que, em 1949, Weaver propôs um modelo de


linearidade e funcionalidade como uma teoria geral da comunicação,
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chamada de Teoria da Informação. Para ele, a transmissão era gerada


em uma fonte de informação que originava uma mensagem, que era
transformada em sinais por um emissor, e levada por um canal receptor,
que reformava a mensagem para o destinatário.

Entretanto, em contraposição à idéia de que o sistema funciona de


forma linear, como dito por Weaver (1949), Bateson e Bertalanffy
passaram a desenvolver uma teoria, com base nas suas crenças de que o
sistema funciona de forma circular, com mecanismos de idas e vindas e
também através do feedback, possibilitando uma adaptação do sistema
em relação a ele próprio e também em interação com outros sistemas.

1.2. A teoria da comunicação e o conceito de Paciente


Identificado

Dentre as influências para o desenvolvimento do conceito de


paciente identificado na visão sistêmica, o estudo sobre a comunicação
humana tem importante destaque. A partir dos estudos sobre
comunicação foi possível o desenvolvimento da teoria de duplo vinculo
que passa a entender o paciente identificado como fruto de perturbações,
falhas na comunicação familiar. Ressalta-se que todo comportamento tem
valor de comunicação. Segundo a teoria da comunicação, o sintoma é
uma mensagem não verbal (Watzlawick et al, 1967 / Satir, 1988).

Gregory Bateson e seus colaboradores desenvolveram uma teoria


sobre a comunicação humana. Eles ultrapassam a abordagem linear ou
telegráfica, isto é, do emissor para o receptor, numa perspectiva de
relação simétrica. Para esses autores, a comunicação é como orquestra
sem maestro, em que os músicos são uma parte do show e fazem a sua
musica a partir de códigos comuns que guiam seus comportamentos num
tipo de partitura. Segundo essa visão, a idéia-chave é o caráter relacional
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e integrado da comunicação, considerando que ela se realiza em


múltiplas redes de significação (Bateson et al, 1956).

Watzlawick, Beavin e D. Jackson (1967) escreveram sobre as


consequências pragmáticas da comunicação humana sobre o
comportamento humano. Para esses autores, não há como não
comunicar. “A comunicação é uma condição sine qua non da vida
humana e da ordem social” (p.13). Ela é um processo ininterrupto, que
está sempre transmitindo algum tipo de mensagem, seja ela digital, a
comunicação verbal, e/ou analógica, a comunicação não-verbal. A
essência da comunicação está nos processos relacionais e
interrelacionais. Acreditam que para se explicar um fenômeno, ele deva
ser compreendido incluindo o seu contexto.

   A comunicação humana pode ser dividida em três partes:


sintaxe, semântica e pragmática. A primeira diz respeito aos problemas
de transmissão de informação. Tem ênfase nos problemas de sinais,
códigos, ruídos, entre outras particularidades da linguagem que são
estáticas. Estes são problemas unicamente sintáticos, sem levar em
consideração o significado dos símbolos que contém nas mensagens. A
segunda trata da convenção a respeito dos significados e dos símbolos
linguísticos. E a pragmática enfatiza que a comunicação afeta o
comportamento, considerando que a comunicação não é só a fala, ela
possui componentes não verbais, como a linguagem corporal.

Watzlawick e seus colaboradores (1967) discriminaram também


quando a comunicação é funcional ou disfuncional. Para eles, a
comunicação funcional tem a qualidade de unir, de colocar em relação os
parceiros comunicacionais. A comunicação disfuncional distancia os
parceiros, podendo ainda gerar incompreensão e ressentimento.

Esses mesmos autores (1967) definiram cinco axiomas, que são


interligados e necessários no processo de comunicação. Para eles,
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quando algum desses cinco axiomas é, de alguma forma, perturbado, a


comunicação pode falhar.

O primeiro axioma postula que “Não se pode não comunicar”.


Numa interação todo o comportamento tem valor de mensagem, porque
um comportamento não tem a sua negação, não há um não
comportamento. Logo, não há como não se comunicar. A ausência de
comunicação é impossível, o que pode haver é comunicarmos o desejo
de não comunicar (Watzlawick et al, 1967).

O segundo axioma enfatiza que toda comunicação processa-se em


dois níveis: nível de conteúdo e nível de contexto de relação. O que isto
quer dizer é que toda a comunicação inclui, além do significado das
palavras, informações sobre a maneira como quem comunica quer ser
compreendido e de que forma ele vê a sua relação com o receptor da
informação. O conteúdo está interligado com o que é dito e o contexto
com a forma como é dito. Negligenciar algum destes níveis no
planejamento da comunicação de uma mensagem pode ter um resultado
desastroso (Watzlawick et al, 1967).

O terceiro axioma ressalta que a natureza de uma relação depende


da forma como ambos os parceiros pontuam as sequências de
comunicação. A comunicação é gerada através de uma sequência
ininterrupta de troca de informações. A pontuação é o agrupamento das
mensagens de formas variadas. Ela é responsável por dar estrutura e
sentido à comunicação, assim como ela é arbitrária. A divergência sobre a
forma de pontuar uma sequência de fatos está ligada à origem das más
interpretações e da falta de compreensão. As pessoas pontuam os
acontecimentos de acordo com o seu ponto de vista (Watzlawick et al,
1967).

O quarto axioma afirma que os seres humanos se comunicam


digitalmente e analogicamente. O processo de comunicação abrange as
palavras faladas (comunicação digital), e também a componente não-
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verbal (comunicação analógica). A codificação digital reporta-se à


representação em que há arbitrariedade na relação entre significado e
significante; é empregado um sistema simbólico convencional e com uma
sintaxe complexa. A codificação analógica faz alusão à representação por
semelhança (Watzlawick et al, 1967).

O quinto axioma caracteriza a comunicação como sendo simétrica


ou complementar. A comunicação simétrica demarca um tipo de relação
que é baseada na igualdade; os parceiros se posicionam e agem de
forma idêntica (comportamento em espelho). Já a comunicação
complementar demarca um tipo de relação que é baseada na diferença;
os parceiros se posicionam de forma complementar (one up ou one
down). Logo, esse axioma refere-se às reações de um individuo em
relação ao comportamento de outro indivíduo e os efeitos que essas
reações têm no comportamento do mesmo, assim como suas
repercussões no primeiro (Watzlawick et al, 1967).

Esses cinco axiomas envolvem principalmente o produto da


comunicação humana no comportamento, fundamentado na premissa de
que todo comportamento tem o valor de mensagem e é comunicação,
dentro de um contexto interacional. E também que é “impossível não
comunicar”. A comunicação está nas relações e não em nós, pois, ela
existe como um meio de nos relacionarmos, interagirmos com o mundo.
Logo, o processo de comunicar só ocorre quando há uma rede, onde
diversos sentidos são gerados e transmitidos imediatamente (Watzlawick
et al, 1967).
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2. A teoria do duplo vínculo: um novo olhar sob o


paciente identificado

A Escola de Palo Alto é um instituto destinado a estudar e


pesquisar sobre vários temas. Uma das áreas de pesquisa é a saúde
mental, cuja maioria dos projetos é financiada pelo governo americano. E,
nesse âmbito, a Escola de Palo Alto interessou-se particularmente pelo
tema da comunicação nas relações humanas. No período entre as
décadas de 40 e 60, realizaram-se inúmeras pesquisas sobre a natureza
da comunicação, enfatizando-a em vários sistemas e os padrões
interativos.

Gregory Bateson, um dos integrantes, junto com outros membros


como Jay Haley, Don Jackson e John Weakland desenvolveram a teoria
do duplo vínculo (1956). Esse trabalho é pioneiro no sentindo de apontar
a família como capaz de gerar um membro adoecido através das suas
relações, as relações familiares são consideradas na origem da
esquizofrenia. Esses pensadores viam a família como um sistema dirigido
por regras, em busca de equilíbrio (homeostase), por estar sempre se
reorganizando, de acordo com a demanda do meio e com a própria
demanda interna da família.

Formularam a hipótese de que o esquizofrênico:


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“deve viver num universo onde as sequências de


acontecimentos são de tal natureza que os seus hábitos
comunicacionais não-convencionais resultarão, em certo
sentido, adequados” (Bateson et al, 1956, p. 253)

A partir dessa hipótese, foram identificadas características


fundamentais nesse tipo de interação. Esse conjunto de características
embasam o duplo vínculo. A teoria do duplo vínculo é considerada
precursora da abordagem sistêmica, com ênfase na comunicação
humana. Vale ressaltar que a comunicação humana “é uma condição sine
qua non da vida humana e da ordem social” (Watzlawick et al, 1967,
p.13), é a forma de interação do individuo com o mundo e estará sempre
presente nas suas relações.

A comunicação ocorre num processo que envolve três segmentos.


Primeiro, a informação é passada sinteticamente. Depois, ela é
decodificada por meio da sua significação. E, por ultimo, essa informação
afeta o comportamento. Quando a comunicação ocorre dessa forma, ela é
bem sucedida, seguindo um fluxo normal

O estudo sobre o duplo vínculo surgiu a partir de observações em


famílias com pacientes esquizofrênicos, onde se pode verificar que elas
tinham em comum um tipo de comunicação, a paradoxal, que era
frequente na vida do membro adoecido. A teoria do duplo vínculo é,
então, o estudo sobre o distúrbio desse fluxo que seria o normal, ficando
em função de uma comunicação paradoxal.

O paradoxo na comunicação ocorre quando há uma contradição


entre os níveis comunicacionais. Toda comunicação possui dois níveis:
um digital e um analógico. O nível digital é a comunicação propriamente
dita, os dados, e a analógica é a forma como a comunicação deve ser
entendida. O nível analógico está relacionado com o tipo de interação que
se estabelece entre os comunicantes. Logo, a comunicação paradoxal é
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um tipo de comunicação ambígua, dúbia. É possível exemplificar a


comunicação paradoxal através da seguinte situação: uma mãe diz que
está com saudades do filho e, quando ele vai abraçá-la, ela o rechaça. O
comportamento corporal da mãe contradiz o comportamento verbal, é
representado para ele como uma mensagem dúbia. E o filho não pode
recusar essa mensagem, pois está numa situação em que depende da
mãe para sobreviver.

Para que ocorra a situação de duplo vinculo é preciso que a


relação esteja enquadrada nesse perfil: dois ou mais sujeitos com alto
nível de envolvimento, “numa relação intensa que possui um elevado grau
de valor de sobrevivência física e (ou) psicológica para uma, várias ou
todas elas” (Watzlawick et al, 1967, p. 192). A teoria é centrada na
relação pais-filhos, principalmente, mãe-filho.

“Os pais são automaticamente figuras de


sobrevivência porque a criança literalmente depende
deles para garantir sua vida física; mais tarde, a
necessidade que passa a sentir, no sentido de receber
amor e aprovação dos pais, reveste-se do mesmo tipo de
significado” (Satir, 1988, p. 67-68).

Outro ponto desse perfil é que a vitima não possa abandonar o


campo, justamente por ser dependente do outro. Esta é uma situação,
descrita pelos autores da teoria, em que a pessoa, a vítima, faça o que
faça ela “não pode ganhar”. Quando esses critérios são atendidos e a
vitima é constantemente exposta a mensagens contraditórias, que são
simultaneamente enviadas, isto pode levá-la a uma confusão. E, caso
essa situação perdure, à loucura (esquizofrenia). Essa circunstância torna
a vítima fraca e cada vez mais dependente.

Existem seis itens que são fundamentais para que a situação de


duplo vínculo ocorra. O primeiro diz respeito ao tipo de interação entre os
participantes. Deve ser uma relação afetiva significativa entre duas ou
mais pessoas, na qual há um grau de dependência emocional para uma
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delas, que é chamada de vítima. O segundo item, trata da freqüência.


Tem que ser uma experiência que se repita ao logo do desenvolvimento
da vítima. Os próximos itens abordam a forma pela qual a comunicação
se torna paradoxal para a vítima e como ela é proibida de abandonar o
campo.

O terceiro item é a emissão de uma mensagem que é uma


injunção primaria negativa junto com uma ameaça. Como, por exemplo,
não faça isso, eu te punirei. Enfatiza-se a qualidade punitiva da
mensagem. O quarto item é a emissão de injunção secundaria que está
em conflito com a primeira. É frequentemente expressa de uma maneira
paraverbal, como a modulação da voz, a postura e/ou os gestos. Os
autores dão como exemplo para esse item as seguintes frases: “Não leve
em conta as minhas proibições” e “Não me encare como responsável por
sua punição” (Bateson et al, 1956).

O quinto item diz respeito à injunção terciária que impede que a


vítima tenha qualquer escapatória. Para criança, não há como escapar da
relação vital com os adultos cuidadores que estão ao seu redor. Em
alguns casos, o impedimento de escape é substituido pela ambigüidade
da mensagem.

E o ultimo item, que está intimamente ligado ao anterior, talvez seja


o mais importante. A vítima é condicionada, desde cedo, a não fazer
indagações sobre o que realmente estão querendo dizer a ela, ou seja,
sobre o grau de ambiguidade das mensagens enviadas à ela. Ela tem que
aceitar as mensagens conflitantes que são enviadas. “Ele (a) terá que
assumir a ingrata tarefa de traduzir essas mensagens a um modo simples
de comportamento” (Satir, 1988, p. 68). Ou seja, a vítima se julga
impossibilitada de metacomunicar ou de pedir explicações sobre as
mensagens que são recebidas.

A pessoa na situação de duplo vínculo está sujeita a ser punida ou


ainda ser levada a se sentir culpada por conta das suas percepções que
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estão certas. E pode passar a ser vista como louca ou má, caso aponte o
conflito entre o que ela vê e o que ela deveria ver (Watzlawick et al,
1967). Segundo Watzlawick e seus colaboradores (1967), esta é uma
situação que se aplica particularmente à infância, uma vez que as
crianças estão propensas a deduzir que o que ocorre com elas acontece
também com todo mundo.

Uma criança que frequentemente recebe uma mensagem


paradoxal dos seus pais, que é colocada numa situação de duplo vínculo,
e que desde o inicio da vida experimenta constantemente uma confusão
nos seus processos cognitivos, tende a se desenvolver fora dos padrões
que são considerados normais pela sociedade, tende também a
desenvolver-se em sua própria confusão por meio da confusão entre os
planos verbais e comportamentais da comunicação.

Porém, é possível que demore bastante tempo para que o


comportamento do filho passe a ser exagerado a tal ponto que a
sociedade passe a vê-lo como anormal. Isso pode ocorrer pela
homeostase familiar, uma vez que a família busca equilíbrio, alcançar
uma unidade e um bom funcionamento. Pode ocorrer também porque um
comportamento que não é funcional fora da família, pode ser
extremamente funcional para esta (Satir, 1988).

Como consequência, a “função do eu”, que tem como uma de suas


características o processo das pessoas distinguirem os modos da
comunicação, tanto dentro delas quanto entre elas e os outros, é
justamente a área que fica debilitada em um esquizofrênico. E a hipótese
dos autores é que isso ocorre pela situação de duplo vinculo em que ele
se encontra, uma vez que ela cresceu recebendo mensagens ambíguas e
não consegue mais distinguir essa manifestação incongruente. A maneira
que a mãe (ou os pais) formula a mensagem para seu filho instaurará as
técnicas que este usará em seu meio.
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“Se as mensagens dos pais para o filho apresentam-


se consistentemente do modo apresentado acima, e se
este não encontra nenhum recurso para desafiá-los, fica
vitalmente ameaçado.

a. Ele fica ameaçado em sua dependência presente


porque não pode obedecer em um determinado nível de
significado sem desobedecer em outro e, deste modo, ele
estará continuamente induzindo rejeição por parte dos
pais.
b. Ele fica ameaçado como um futuro adulto porque
construirá seus próprios meios de lidar com o mundo a
partir dos padrões contraditórios e enganosos aos quais
se habitou por influencia dos pais.
c. Uma vez que o conflito no conteúdo das
mensagens fica oculto, e uma vez que o filho foi
orientado para não ‘vê-lo’ como a origem de seus
problemas, ele acaba por inculpar-se (no que é apoiado
pelos pais, que, tanto quanto ele próprio, não tem
condições de ‘ver’). O filho poderá dizer: ‘Nunca consigo
fazer nada certo; acho que sou ruim’.
d. Por outro lado, em um nível correspondente
velado, ele está bastante ciente da situação impossível
em que foi colocado. Como último recurso, ele próprio
pode responder de modo velado, utilizando a linguagem
do protesto disfarçado, rotulado pela sociedade como
comportamento ‘maluco’ ou ‘doente’” (Satir, 1988, p. 68-
69).

Logo, as consequências da situação de duplo vínculo estarão


constantemente presentes na vida da vítima, através da impossibilidade
de decodificar as mensagens dúbias que chegam até ela ou até mesmo
através da esquizofrenia que poderá desenvolver após um longo período
de tempo de exposição à situação de duplo vínculo.

A partir dessa mudança na visão de que uma pessoa funciona não


só pela sua organização intrapsíquica, mas também através das suas
relações, o interpsíquico, pois, todos nós somos influenciados pelo nosso
meio, o desenvolvimento das terapias de família foi favorecido. Muitos
estudos sobre a terapia de família enfocam a família sob a ótica
sistêmica. Dentro dessa perspectiva, a família é vista como um sistema, o
que significa dizer que o trabalho terapêutico visa as relações entre os
membros da família.
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As terapias sistêmicas são uma proposta terapêutica para se lidar


com o sofrimento do sistema familiar decorrente do adoecimento das
relações interpessoais entre seus membros. O individuo é visto de
maneira integrada, ou seja, considera-se que o doente (Paciente
Identificado) é o porta-voz de uma doença que está a serviço da
manutenção da disfunção relacional no sistema familiar, ou seja, esse
membro tem uma função dentro da sua família. Busca-se, assim,
compreender o sintoma a partir das inter-relações familiares, como o
sintoma interfere e é afetado pelo sistema familiar.

3. A compreensão do lugar do paciente identificado na


clínica segundo Maurizio Andolfi e Salvador Minuchin
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A partir dos anos 50, nos EUA, começou a ocorrer o fenômeno da


mudança de visão entre pesquisadores e terapeutas, que passaram a
olhar para o social e para a família e não só para o individuo, de forma
isolada. Logo, o foco passa a ser nas interações dentro de contextos
vitais do ser humano e não mais na versão singular do mesmo (Haley,
1980; Minuchin, 1982).

“A teoria da terapia familiar está fundamentada no


fato de que o homem não é um ser isolado. Ele é um
membro ativo e reativo de grupos sociais. O que
experiencia como real depende de componentes tanto
internos como externos. (...) À medida que o paciente foi
tratado isoladamente, os dados encontrados se
restringiam inevitavelmente à maneira pela qual ele,
exclusivamente, sentia ou pensava a respeito do que lhe
estava acontecendo; tal material individualizado, por sua
vez reforçava a abordagem do individuo separado de seu
contexto e proporcionava escassa possibilidade para um
feedback corretivo.” (Minuchin, 1982)

Os psicólogos passaram a perceber que era necessário


compreender não apenas o individuo, mas também a sua relação com o
seu meio e como um afeta ao outro. Um indivíduo sozinho é apenas um
padrão numa teia inseparável de relações (Capra, 1996). Normalmente,
quando chegava ao consultório uma pessoa deprimida, por exemplo,
havia a tendência de se pensar que tinha algo errado com ela. Mas o que
começou a ser percebido é que ela poderia estar reproduzindo a
disfuncionalidade da família.

Segundo a abordagem em terapia familiar sistêmica, a família é


vista como um grupo de pessoas em que existe um modo repetitivo de
interações circulares. Isso quer dizer que o comportamento de um dos
membros afeta todos os outros e estes funcionam em reciprocidade.
Logo, a terapia está guiada para uma mudança na estrutura familiar, pois,
quando a estrutura familiar é modificada, as posições dos membros nesse
grupo são transformadas e, como resultado, as experiências de cada
indivíduo mudam (Vasconcellos, 2003).
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Levando a idéia de retroações negativas de Bertalanffy (1973) para


a clínica, os terapeutas familiares começaram a olhar para as famílias
como sistemas aberto que estão em estado de equilíbrio. E, os sintomas
produzidos pela família passaram a ser compreendidos como as
retroações negativas. Logo, o comportamento sintomático dos pacientes
passou a ser entendido como “tentativas de proteção” de algumas
famílias que tem pouca flexibilidade para tolerar mudanças (Elkaim,
1998).

3.1. A estrutura da família

A família é, para Andolfi (1984), um “sistema ativo em constante


transformação, ou seja, um organismo complexo que se altera com o
passar do tempo para assegurar a continuidade e o crescimento
psicossocial de seus membros componentes”. Minuchin (1982)
compartilhava este mesmo pensamento sobre o que é a família. No
entanto, ele enfatiza as respostas aos acontecimentos tanto internos
quanto externos como organizadores da família. Segundo ele, “(A família)
é um grupo social natural, que governa as respostas de seus membros
aos inputs de dentro e de fora. Sua organização e estrutura peneiram e
qualificam as experiências dos membros da família”. Crê, ainda, que as
principais funções da família sejam a proteção psicossocial dos seus
membros, a acomodação e a transmissão cultural.

Para Andolfi (1984), o indivíduo e a família são dois sistemas que


atuam e se desenvolvem simultaneamente. O indivíduo sente a
necessidade de diferenciação, de encontrar o espaço pessoal e de formar
a própria identidade. Este é um processo que mobiliza na família
desorganização, instabilidade, e gera confusão e incerteza até que se
encontre um equilíbrio funcional. Mas, isso só é possível se a família for
capaz de sustentar a diferenciação dos seus membros. Quando não
acontece, o individuo se sente obrigado a ser sempre o que o sistema
impõe que ele seja, encontrando, assim, dificuldades para sua
individuação. Uma mudança nas funções de um membro do sistema gera
22

mudanças nas funções complementares dos outros membros,


caracterizando o processo de crescimento do ser e a continuidade da
reorganização do sistema familiar através do seu ciclo de vida.

A família pode ser entendida como um todo coeso em que há uma


série de regras de funcionamento implícitas e explicitas, num jogo de
atribuições e assunção de papéis visando buscar o equilíbrio e a
estabilidade. Devido a circunstâncias intrínsecas à convivência social,
este é um processo complicado. Primeiro, porque a família se sente
convidada a corresponder minimamente aos chamados do meio social do
qual faz parte, meio este que está “em constante transformação”.
Segundo, porque é dentro deste sistema família/meio social que os
indivíduos amadurecem em direção a uma constante personalização, se
tornando singulares e independentes, até formarem sua própria família. E,
em terceiro, por mais rígidas que sejam as relações familiares, ela está
“em constante transformação”. Sendo assim, a família e o indivíduo
podem ser considerados como dois sistemas em evolução (Andolfi, 1984).

Este fenômeno descrito acima por Andolfi está diretamente


interligado ao conceito de subsistemas familiares, sobre os quais o
próprio Andolfi (1984) quanto Minuchin (1982) discorrem. Os dois
acreditam que a família pode ser dividida em subsistemas, como pais,
filhos, irmãos e mulheres, além de outros. Através da forma pela qual
esses subsistemas se relacionam entre si é que a família desenvolverá
sua organização e estrutura. E, é a partir deste todo estruturado que a
família vai se relacionar com o externo, sendo por ele influenciada e
influenciando-o.

As fronteiras de um determinado subsistema estão intimamente


ligadas às regras que determinam quem e como participa deste
subsistema. Elas têm a função de preservar a diferenciação do sistema. A
função de proteção está ligada à aptidão para delinear uma fronteira
permeável ou semipermeável perante as trocas estabelecidas entre os
subsistemas. É por isso que a função de diferenciação é importante. É
23

dessa forma, com a possibilidade de gerar a diferenciação entre os


subsistemas, que as fronteiras acabam delimitando as regras. Isso porque
cada um dos subsistemas tem funções particulares e faz especificas
exigências aos seus integrantes.

Há três tipos de fronteiras, as nítidas, as difusas e as rígidas. Para


que haja um bom funcionamento dentro do sistema familiar, ou seja, nos
subsistemas, as fronteiras devem ser nítidas. Fronteiras nítidas são
aquelas que são definidas tanto quanto necessário e que possibilitam que
os membros dos subsistemas consigam cumprir com suas funções de
forma apropriada, evitando as interferências indevidas e, ao mesmo
tempo, que também possam interagir com o próprio subsistema e com os
outros (Minuchin, 1982; Minuchin et al, 1999).

Os membros de um subsistema com fronteiras difusas podem estar


prejudicados em relação ao exagerado sentimento de pertencimento, que
tem como consequência certa renúncia em relação à autonomia
(Minuchin, 1982). Sendo assim, acontece uma indiferenciação entre os
subsistemas e a distância entre seus membros é praticamente
inexistente. Quando ocorre uma mudança em algum dos integrantes,
nessas famílias, os outros têm uma reação exagerada e intrusiva, o que
acaba gerando um sentimento de apoio mútuo. O que acaba por produzir,
como dito acima, um sentimento de pouca independência e autonomia
naquele membro familiar.

Os membros de subsistemas com fronteiras rígidos chegam a


funcionar autonomamente, porém com uma distorção no seu sentido de
independência. Estes tendem a sentir falta de pertencimento e a lealdade,
e têm a sua habilidade de pedir ajuda e de interdependência prejudicados
(Minuchin, 1982). Dessa forma, a comunicação entre os subsistemas é
atravancada e a função de proteção da família fica comprometida. A
interação nesse tipo de família é assinalada pelo distanciamento
emocional, expondo vínculos frágeis entre os membros. Isto acaba por
24

comprometer, como já citado, os sentimentos de lealdade e


pertencimento para com o sistema familiar.

Porém, o fato de uma família ser emaranhada (fronteiras difusas)


ou desligada (fronteiras rígidas) esta relacionada à forma de interação ou
ao costume transacional adotado. Logo, não está relacionada com uma
diferença qualitativa entre ser funcional ou disfuncional. Isto pode ser
comprovado pelo fato de que a maior parte das famílias tem subsistemas
que são emaranhados e desligados, principalmente em algumas fases do
ciclo vital, por exemplo, quando a criança é pequena. Mas, cabe ressaltar
que extremos dessas situações são indicativos de que possa haver uma
patologia (Minuchin, 1982).

Em resumo, a família pode ser entendida como um sistema “em


constante transformação”, se desenvolvendo através da sua aptidão em
diminuir sua própria estabilidade, recuperando-a por meio de uma
reorganização na sua estrutura. Justamente por ser um sistema aberto, a
família enfrenta pressões para mudança, tanto internamente, para cumprir
as exigências dos ciclos de vida de seus membros, como externamente,
para cumprir as exigências sociais.

A mudança demanda um processo de adaptação, sendo entendido


aqui como uma alteração nas regras de associação visando garantir a
coesão familiar ao mesmo tempo em que concede espaço para o
desenvolvimento psicológico de cada membro da família. Quando ocorre
mudança na função de um membro, as funções complementares dos
outros membros também mudam. Isso assinala o processo de evolução
do sujeito e também a progressiva reorganização familiar através de seu
ciclo vital.

3.2. Os mecanismos de funcionamento familiar

Para Andolfi (1984), existem dois mecanismos básicos que são


fundamentais para a evolução do indivíduo dentro da família e para a
evolução da família como um todo. São eles: diferenciação e coesão.
25

“A necessidade de diferenciação, entendida como a


necessidade de auto-expressão de cada indivíduo, funde-
se com a necessidade de coesão de unidade no grupo
com o passar do tempo. Teoricamente, o individuo é
membro garantido em um grupo familiar que seja
suficientemente coeso e do qual ele possa se diferenciar
progressiva e individualmente, tornando-se cada vez
menos dependente, em seu funcionamento, do sistema
familiar original, até poder separar-se e instituir, por si
mesmo, com funções diferentes, um novo sistema.”
(Andolfi, 1984, p.18)

Existem famílias que aceitam e asseguram a coesão familiar,


assim como a diferenciação de seus membros, reagindo a
desorganizações de forma a possibilitar o crescimento, o encontro de
novos papéis e de novas formas de equilíbrio mais amadurecidos. Andolfi
(1984) acredita que, neste tipo de organização familiar, os membros
compartilham seu espaço pessoal com os outros membros sem se
sentirem obrigados a existir unicamente como função deles.

Minuchin (1982) descreve esse fenômeno exposto por Andolfi


através da matriz de identidade, em que ele fala sobre dois elementos:
um sentimento de pertencimento e um sentimento de separação e
individuação. O primeiro está ligado ao processo de socialização primária,
na qual a família é responsável por moldar o comportamento da criança e
o sentido de identidade da mesma. O segundo relaciona-se com
autonomia. Esse processe acontece quando a criança começa a transitar
em diferentes subsistemas familiares, em diversos contextos familiares, e
também em grupos que são extrafamiliares. “Como a criança e a família
crescem juntas, a acomodação da família às necessidades da criança
delimita áreas de autonomia, que esta experiencia como separação”. O
autor acrescenta, ainda, que o sentimento de identidade individual é
influenciado por seu sentimento de pertencimento a grupos diversos.

O autor descreve (1999), ainda, a estrutura familiar como um bloco


invisível de condições funcionais que ordenam as formas pelas quais irão
interagir os membros da família. Relata, ainda, que a família é um sistema
26

que age por meio de padrões transacionais, ou seja, repetidas transações


que determinam padrões de quando, com quem e como se relacionar, e
são exatamente esses padrões que reforçam o sistema familiar. Eles são
frequentemente ativados quando um membro da família está se
relacionando com outro. Esses padrões transacionais são sustentados
por dois tipos de sistemas de repressão: um mais genérico, que engloba
as regras que são universais e regem a família; o outro é idiossincrático,
está ligado às expectativas mútuas de integrantes particulares da família.

A estrutura familiar só pode ser observada em movimento. São


escolhidos determinados padrões, que são satisfatórios em resposta às
exigências rotineiras. Contudo, a força do sistema está subordinada a sua
habilidade de mobilizar alternativos padrões transacionais, quando
circunstâncias externas ou internas exigem que o sistema familiar se
reestruture. Uma família funcional se adapta às exigências de forma que
se mantenha a continuidade familiar, mas que também seja possível a
sua reestruturação (Minuchin, 1984).

Para Andolfi (1984), existem as famílias que são mais rígidas, que
reagem a todos os tipos de mudança, buscando conservar seu equilíbrio,
prejudicando assim o processo de individualidade, crescimento e
maturidade de seus membros e tornando difícil a existência de limites
interpessoais claros. O autor explica que, nesses tipos de família, o
“espaço pessoal é confundido com o espaço interativo”; “a única
possibilidade para coexistência pode então tornar-se a intrusão no espaço
pessoal dos outros, acompanhada pela perda de seu próprio espaço
pessoal” (p. 20). Características pessoais se tornam papéis cristalizados.
Com o passar do tempo e com a falta de manutenção na organização
familiar, o sistema se torna cada vez mais rígido e esse tipo de
relacionamento torna-se o único possível.

“A família emaranhada responde a qualquer


variação do habitual, com excessiva rapidez e
intensidade. A família desligada tende a não responder,
quando uma resposta é necessária. Os pais, numa
27

família emaranhada, podem se tornar extremamente


perturbados, porque um filho não come a sua sobremesa.
Os pais, numa família desligada, podem se sentir
despreocupados a respeito da aversão de um filho à
escola.” (Minuchin, 1982, p. 60-61)

Logo, Minuchin pensa diferente de Andolfi quando o tema é a


rigidez das famílias. Para Andolfi, as famílias que são rígidas tentam
sempre manter o seu equilíbrio quando é solicitada uma resposta, algum
tipo de exigência tanto interna quanto externa. Para Minuchin, as famílias
com fronteiras rígidas (as emaranhadas) não respondem adequadamente.

Os autores usaram o mesmo termo, rigidez, mas eles a


caracterizam de formas diferentes. Para Andolfi, a rigidez de uma família
está ligada ao prejuízo no processo de individualidade. Já para Minuchin,
as famílias que tem fronteiras rígidas estão prejudicadas no sentimento de
pertencimento.

3.3. As famílias disfuncionais e o paciente identificado

A rigidez, o emaranhamento e a flexibilidade não são


características internas à organização familiar. Parecem ser
características ligadas ao tempo e ao espaço, como uma aptidão para
suportar um desequilíbrio proveniente de algum chamado de mudança,
para uma nova organização. Então, um sistema familiar que foi flexível
durante uma pressão, pode se tornar rígido numa outra pressão. Ou seja,
uma família flexível pode não ser sempre flexível e vice-versa. (Andolfi,
1984)

Minuchin (1982) tem uma visão diferente: “emaranhamento ou


desligamento se referem a um estilo transacional ou à preferência por um
tipo de interação”, ou seja, são características internas a organização da
28

família. O autor ressalta que a família irá se adaptando ao seu meio, o


que produzirá mudanças no seu modo de responder ao mundo.

Andolfi (1984) acredita que, nas famílias em que qualquer


mudança é compreendida como ameaçadora, é possível encontrar uma
gradual rigidez do esquema interacional e da função de cada um dos
membros. Quando uma função se torna rígida e irreversível, gera-se uma
alienação gradual no individuo mais envolvido na situação, prejudicando o
seu espaço pessoal e o seu “self”. Isto pode gerar uma situação
patológica caso essa condições perdurem.

Esse quadro patológico pode se desenvolver por conta de uma


pressão intersistêmica (ex.: morte de algum membro) ou intra-sistêmica
(ex.: transferência no emprego) sobre uma entidade particular,
correspondendo à fase evolucionária da família. Cada pressão abala o
funcionamento familiar (Andolfi, 1984).

Minuchin (1982), explica que a família está sujeita a responder a


estas pressões e que isso requer uma mudança constante da posição dos
integrantes da família, em relação um ao outro, de uma forma que
possam evoluir, enquanto a família sustenta a continuidade. Os estresses
que são gerados pela acomodação a novas situações são inseparáveis
deste processo de transformação e continuidade. Esses processos de
adaptação, que acabam gerando a falta de diferenciação e a ansiedade,
muitas vezes, são vistos como patológicos erroneamente.

“O rótulo de patologia deveria ser reservado para


famílias que, em face de estresse, aumentam a rigidez de
seus padrões transacionais e de suas barreiras, e evitam
ou resistem a qualquer exploração de alternativas.”
(Minuchin, 1982, p. 65)

Minuchin (1982) faz ainda uma diferenciação entre quatro fontes de


estresse num sistema familiar. A primeira é o contato de um membro com
forças extrafamiliares (ex.: desemprego); a segunda é o contato de todos
29

os membros com forças extrafamiliares (ex.: crise econômica); a terceira


é estresse em pontos de transição familiar (ex.: morte); e, a quarta,
estresse em torno de problemas idiossincráticos (ex.: doença transitória).
Se uma família responde a algum tipo de estresse com rigidez ocorrem
padrões disfuncionais.

O membro da família mais envolvido num quadro patológico,


segundo Andolfi (1984), para de se preocupar com sua própria
individuação. Ele teme que outro membro da família possa se tornar
independente antes que ele seja capaz de fazê-lo, por sentir o ato de
independência como uma ameaça de abandono e também como uma
traição.

“A necessidade de verificar continuamente que


ninguém conseguiu definir-se claramente aparece porque
isso seria percebido como um ato de independência
traduzido como traição. Uma vez aprendidas as regras do
jogo, juntamente com a noção clara de que elas são
imutáveis, torna-se bastante possível substituir os
jogadores.” (Andolfi, 1984, p.29)

Andolfi (1984) destaca que o meio que essas famílias encontram é


traumático para todos. Diante disso, escolhem um deles para expressar a
tensão vivida por meio de uma sintomatologia. Diz, também, que entre as
famílias que fazem essa escolha, podem ser discriminados dois tipos
diferentes: as famílias em risco e as famílias rígidas.

Nas famílias em risco, a solução de ter um membro escolhido


como o “paciente” é uma função temporária para que o sistema possa se
manter coeso e estável. A tensão é depositada sobre ele em momentos
em que há perigo iminente. Nesse tipo de família, é possível observar que
em certas situações a denominação “paciente” pode ser alterada de um
membro para o outro e a sintomatologia pode ter diferentes expressões.
Mas, essa solução pode deixar de ser temporária, quando os membros da
família não encontram uma estrutura satisfatória. Isto acarreta na
cristalização de papéis entre os membros da família.
30

Nas famílias rígidas, são aplicadas soluções estereotipadas, que já


foram usadas em outros estágios evolutivos. Esse tipo de família não está
aberta para novas aprendizagens. Há dois tipos de consequências
quando isso ocorre: a primeira é que a identidade da pessoa passa a ser
a sua função dentro do sistema familiar, se tornando fixa, pois o espaço
pessoal e interativo já não são discriminados. A segunda é que o ciclo
vital, tanto familiar quanto individual, é suspenso justamente na fase em
que se aplicou uma solução conhecida.

Nesse tipo de família, o “paciente” não surge apenas para manter o


equilíbrio, mas também para evitar o progresso da família. A
sintomatologia de um dos membros expressa uma mudança no processo
de coesão e também aponta para o sofrimento vindo das limitações dos
outros membros familiares.

Logo, esse membro familiar que irá manifestar um sintoma é o que


chamamos de porta-voz do sintoma familiar, uma vez que ele expressa a
disfuncionalidade que existe dentro do sistema familiar. Essa
disfuncionalidade é evidenciada através do enrijecimento das funções de
cada membro e dos padrões de interação, que acarretam na expressão
da sintomatologia de um dos membros. O porta-voz do sintoma familiar é
aquele que indica que os membros da família possuem algum tipo de
enfermidade. Os sintomas que ele expressa abaixam a tensão existente
na família, já que voltam a atenção para os sintomas e deixam de focar
em algum problema familiar, como, por exemplo, um casamento infeliz.
Esse é um mecanismo de organização do sistema que o leva a mudanças
apenas aparentes.

Quando os rígidos sistemas familiares são convidados para uma


mudança, seja por pressões intra-sistêmicas, intersistêmicas ou
mudanças no ciclo de vida, a família, não suportando o estresse gerado
pelo desequilíbrio, escolhe um membro para “adoecer” e esse membro
consente. Andolfi (1984) ilustra esse fato usando um conceito, de Nicolò e
Saccu (1979): “Para neutralizar o estresse básico na mudança evolutiva,
31

o sistema substitui o estresse evocado pelo comportamento sintomático


de um membro da família, o paciente identificado, em torno do qual giram
as ansiedades de todos os membros da família” (p.29). Ou seja, as
ansiedades provenientes da mudança, do desequilíbrio, ficam
depositadas sobre o membro adoecido.

Minuchin (1982) escreve que frequentemente o que leva a família à


terapia são os sintomas do chamado “paciente identificado”, que a família
considera como “sendo o problema” ou “tendo o problema”. O autor
explica que os sintomas do paciente identificado podem ser considerados
como um recurso para a manutenção do sistema. Os sintomas podem ser
a expressão de uma disfunção familiar. Mas, também podem ter
aparecido em um membro, em razões de situações de sua vida e terem
sido apropriados pela família. Em qualquer uma das circunstâncias, o
consentimento familiar de um dos seus membros para ocupar esse lugar
mostra que o sintoma está sendo reforçado pelo sistema.

Sendo assim, o paciente identificado é ao mesmo tempo a


representação da impossibilidade de mudança e a única possibilidade
para a mudança, pois, é sobre ele que poderá haver a intervenção do
terapeuta. A tensão vivida pelos membros é o que alimenta a homeostase
familiar, mas também é a possibilidade de que com o tempo possa chegar
a um nível capaz de levar à mudança. Quando a família procura a terapia,
ela está indicando que a tensão vivida entre eles já não pode mais ser
contida pela função que o paciente identificado exerce (Andolfi, 1988)

“A família tem geralmente identificado num membro a


localização do problema.(...) E espera que o terapeuta se
concentre nesse indivíduo, trabalhando para mudá-lo.
Para o terapeuta de família, porém, o paciente
identificado é somente o portador do sintoma; a causa do
problema são as transações disfuncionais da família; e o
processo de cura envolverá a mudança destas
transações disfuncionais.” (Minuchin, 1988, p.37)
32

Ao procurar a terapia, a família se mostra aparentemente forte e


unida, mas esse é o momento em que se encontra mais frágil. Os
membros vivem esse momento com medo da instabilidade, da
reformulação de seus papéis, das regras (Andolfi, 1988). A denominação
do paciente e a solicitação pela terapia guardam semelhanças. Tanto em
um quanto em outro caso, por se ver ameaçada, a família se esforçara
para sustentar a sua organização disfuncional e para evitar a tensão entre
eles, acabando por nomear, segundo Andolfi (1984), um “carregador”
declarado dessas tensões.

Também há vantagens na sintomatologia apresentada pelo


paciente, para o mesmo e para a família, antes visto apenas como
expressão do sofrimento. Para Andolfi:

“Frequentemente cometemos o erro de


subestimar o enorme poder ligado a função do ´bode
expiatório`. A qualidade involuntária do sintoma, de fato
permite ao ´paciente` definir e controlar suas relações
com os outros, bem como controlar as relações entre os
outros membros da família. Consequentemente, o
grande acordo que geralmente oculta todas as
diferenças dentro dessas famílias é que o doente, a
pessoa a ser curada, é somente ele – o paciente
identificado. O fato é que ele funciona como regulador
homeostático de cada transação familiar e que, devido à
sua ´doença`, todas as relações familiares de função-
dependência recíproca que se ligam umas às outras
podem cristalizar-se com o passar do tempo e tornar sua
presença fundamental para todos eles.” (Andolfi, 1984,
p.52)

Para Minuchin (1984), a função do terapeuta familiar é ajudar o


paciente identificado e a sua família, colaborando a transformação do
sistema familiar. Explica ainda, que a estrutura disfuncional é a estrutura
que esta imediatamente acessível ao terapeuta. E que uma de suas
tarefas será a de estudar essa estrutura e, então, focalizar possíveis
áreas de flexibilidade e mudança. O input do terapeuta traz para a cena
partes da estrutura familiar que estavam escondidas. As alternativas
estruturais que ficaram paralisadas tornam-se ativas. Se o terapeuta tiver
33

a flexibilidade de observar o efeito que suas investigações terão, poderá


ele apontar o diagnóstico da família.

Andolfi (1982) pensa que o objetivo do terapeuta será então,


ampliar a visão sobre a queixa, redefinindo a queixa para toda a família.
Isto deve ser feito a partir do trabalho da interação familiar, da
ressignificação de papéis, das regras, explorando os subsistemas e
proporcionando um contexto de autonomia.

Considerações Finais

Nessa monografia, foi apresentado o percurso histórico que


possibilitou o surgimento, o desenvolvimento e a evolução da terapia
familiar sistêmica, sempre com foco na elaboração da concepção do
paciente identificado para essa vertente. Apontamos que a construção da
terapia familiar sistêmica e do paciente identificado, segundo essa
perspectiva, foi permeada por contribuições teóricas interdisciplinares.

Foram ressaltadas as contribuições teóricas de autores da área de


comunicação humana, que nos mostram a necessidade de cultivar a
comunicação na interação familiar como instrumento de prevenção,
solução e principalmente para encontrar os possíveis caminhos de
soluções dos impasses instaurados nas relações. Ampliamos a nossa
visão sobre os conflitos interpessoais, percebendo que eles são naturais e
comuns nas relações familiares. O que vai tornar os conflitos patológicos
é a forma pela qual a família lida com eles.

E, por fim, buscamos articular teoricamente as contribuições de


dois importantes autores sobre as noções de família funcional e de família
disfuncional, e de porta-voz do sintoma familiar. O paciente identificado é
o narrador de um pedido de ajuda, que busca uma solução para a crise
que a família atravessa e que assume esse papel na tentativa de manter
34

um equilíbrio dentro do sistema. Por isso, esse paciente não deve ser
ouvido como um indivíduo que está passando por dificuldades, mas como
integrante de um grupo, como evidência de um todo que está adoecido e
operando de maneira disfuncional.

Este estudo contribui para a ampliação do nosso conhecimento no


campo das terapias familiares sistêmicas, assim como sobre o papel do
paciente identificado dentro da família.

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