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1.

2 CONCEITOS BÁSICOS E BASES


EPISTEMOLÓGICAS DA TEORIA
SISTÊMICA
Prof. Maxwell Fontes
PERGUNTA NORTEADORA

O que seria uma visão sistêmica e


contextualizada do indivíduo?
O que seria uma visão sistêmica e
contextualizada do indivíduo?

a terapia de família considera o entorno do indivíduo e


suas interações, para entender seu comportamento no
presente. E, dessa maneira, passa de uma perspectiva
intrapsíquica para uma perspectiva interrelacional.
INTRODUÇÃO
A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) é uma abordagem interdisciplinar para entender e

modelar sistemas complexos que foi desenvolvida ao longo do século XX. A TGS

busca identificar e analisar padrões e princípios comuns que são aplicáveis a

sistemas em uma variedade de campos, desde a biologia e a física até a psicologia e

a sociologia.
Origens Pré-TGS (Décadas de 1920-1930)
As raízes da TGS podem ser rastreadas até os trabalhos de vários cientistas e

pensadores nas décadas de 1920 e 1930. Alguns dos precursores incluem o biólogo

alemão Ludwig von Bertalanffy, o filósofo e físico Alfred North Whitehead e o

psicólogo Kurt Lewin. Cada um desses pensadores estava explorando conceitos de

sistemas e complexidade em suas respectivas disciplinas.


Desenvolvimento da Teoria (Década de 1940)

A TGS começou a tomar forma durante a década de 1940, principalmente através

dos escritos de Ludwig von Bertalanffy. Em 1945, Bertalanffy publicou seu livro

"Teoria Geral dos Sistemas," que é frequentemente considerado um dos marcos

iniciais da TGS. Nesse livro, Bertalanffy argumentou que os princípios da ciência

poderiam ser aplicados a sistemas complexos e interconectados em diversas áreas.


Expansão Interdisciplinar (Décadas de 1950-
1960)

Nas décadas de 1950 e 1960, a TGS ganhou reconhecimento e aceitação em várias

disciplinas científicas, incluindo biologia, psicologia, física e engenharia. A

abordagem sistêmica permitiu que os cientistas abordassem problemas complexos

de uma maneira mais integrada e holística.


Contribuições de Outros Pensadores (Década
de 1960)
Além de Bertalanffy, outros pensadores importantes também contribuíram para o

desenvolvimento da TGS. Norbert Wiener, um matemático, introduziu o conceito de

"cibernética" e seu estudo de sistemas de controle. Gregory Bateson, um

antropólogo e psicólogo, explorou a comunicação e a cybernetics em sistemas

sociais.
Evolução Contínua (Décadas de 1970-
Atualidade)
A TGS continuou a evoluir e a se expandir em diversas disciplinas. Novos campos de

estudo, como a ecologia de sistemas, a teoria do caos e a teoria da complexidade, se

desenvolveram como extensões da TGS. Além disso, a TGS influenciou

profundamente a gestão organizacional, levando à abordagem de "gestão de

sistemas" nas empresas.


A Teoria das Comunicações

A Teoria das Comunicações de Gregory Bateson é uma contribuição importante para a


compreensão da comunicação humana e das dinâmicas sociais. Gregory Bateson (1904-1980)
foi um antropólogo, psicólogo e ciberneticista que desempenhou um papel significativo no
desenvolvimento da Teoria Geral dos Sistemas (TGS) e também teve uma influência
profunda na terapia familiar sistêmica.
Comunicação Analógica e Digital:
Bateson distinguiu entre dois tipos de comunicação: comunicação analógica e

comunicação digital. A comunicação analógica refere-se à transmissão de

informações por meio de sinais não-verbais, como linguagem corporal, tom de voz e

expressões faciais. Por outro lado, a comunicação digital envolve o uso de palavras e

símbolos verbais. Ele argumentou que, em situações de interação humana, a

comunicação analógica muitas vezes é mais significativa do que a digital.


Níveis de Comunicação:

Bateson também introduziu a ideia de níveis de comunicação. Ele descreveu quatro

níveis de comunicação:

Nível 1: A comunicação ocorre quando uma pessoa fala ou se expressa de alguma

forma.

Nível 2: A comunicação refere-se à resposta direta à mensagem do Nível 1. É a

compreensão ou resposta imediata.


Níveis de Comunicação:

Nível 3: A comunicação ocorre quando as pessoas comunicam sobre sua relação

com a mensagem ou a resposta. Isso envolve metacomunicação, ou seja,

comunicação sobre a comunicação.

Nível 4: A comunicação envolve as regras e os padrões subjacentes à interação,

como normas culturais, papéis sociais e dinâmicas de poder.


Paradoxos da Comunicação:

Bateson identificou diversos paradoxos na comunicação humana. Um dos

paradoxos mais conhecidos é o "duplo vínculo" (double bind). Isso ocorre quando

uma pessoa recebe mensagens contraditórias, impossibilitando uma resposta

adequada. Ele argumentava que os duplos vínculos eram uma fonte de estresse e

confusão nas relações humanas.


Contexto e Cultura:
Bateson enfatizou a importância do contexto e da cultura na compreensão da

comunicação. Ele argumentou que a compreensão de uma mensagem depende do

contexto em que ela é transmitida e das normas culturais que a moldam.


Ecologia da Mente:
Bateson explorou essas ideias em seu livro "Steps to an Ecology of Mind" (Passos para

uma Ecologia da Mente), onde ele propôs uma abordagem interdisciplinar para a

compreensão da mente e da comunicação, incorporando conceitos da biologia,

antropologia e cibernética.
Bateson explorou essas ideias em seu livro "Steps to an Ecology of Mind" (Passos para

uma Ecologia da Mente), onde ele propôs uma abordagem interdisciplinar para a

compreensão da mente e da comunicação, incorporando conceitos da biologia,

antropologia e cibernética.
A Teoria Cibernética

é um campo interdisciplinar que se concentra no estudo dos sistemas, processos de controle e


comunicação em sistemas complexos.
Origens
O termo "cibernética" deriva do grego "kybernetes," que significa "governante" ou

"piloto." A Teoria Cibernética começou a tomar forma na década de 1940,

principalmente por meio do trabalho de Norbert Wiener, um matemático, e sua

publicação do livro "Cybernetics: or Control and Communication in the Animal and the

Machine" (Cybernética: Ou Controle e Comunicação no Animal e na Máquina ) (1948).


Definição da Cibernética:
A Teoria Cibernética se concentra no estudo de sistemas que envolvem

retroalimentação (feedback), controle, comunicação e autorregulação. Ela trata dos

princípios de como sistemas complexos podem ser controlados e adaptados para

atingir metas ou objetivos.


Feedback:
Um conceito fundamental na cibernética é o feedback, que é o processo pelo qual as

informações sobre o estado atual de um sistema são enviadas de volta ao sistema para

influenciar seu funcionamento futuro. O feedback pode ser positivo (reforçador) ou

negativo (estabilizador).
Sistemas Abertos e Fechados:

A Teoria Cibernética distingue entre sistemas abertos e sistemas fechados. Sistemas

abertos interagem com seu ambiente, trocando informações e energia, enquanto

sistemas fechados são isolados do ambiente externo.


Aplicações em Diversas Áreas:
A cibernética tem aplicações em diversas disciplinas. Por exemplo, na engenharia, ela é

usada no controle de processos industriais; na biologia, é aplicada ao estudo de

sistemas biológicos e ecossistemas; na psicologia, é usada para entender processos

cognitivos e de aprendizado; na gestão, é aplicada à administração de organizações; e

assim por diante.


E COMO SE APLICA A PSICOLOGIA?

Cibernética de Segunda Ordem: Além da cibernética de primeira ordem, que lida com

sistemas de controle e feedback simples, a cibernética de segunda ordem (ou

cibernética de sistemas) expandiu a teoria para lidar com sistemas que podem mudar e

se adaptar em resposta a informações e feedback.


Comunicação e Feedback:

A teoria cibernética enfatiza a importância da comunicação e do feedback em sistemas

complexos. Esses conceitos também são fundamentais na terapia sistêmica, onde a

qualidade da comunicação e do feedback entre os membros da família é examinada

para entender os padrões disfuncionais.


Autorregulação e Homeostase:

A teoria cibernética destaca a autorregulação e a homeostase como mecanismos em

sistemas complexos. Na terapia sistêmica, os terapeutas observam como as famílias

buscam o equilíbrio e a estabilidade, mesmo que isso envolva comportamentos

disfuncionais.
Sistemas de Controle e Mudança:

A teoria cibernética explora sistemas de controle em sistemas complexos. Na terapia

sistêmica, os terapeutas buscam entender como os sistemas familiares mantêm

padrões disfuncionais de controle e trabalham para facilitar a mudança.


Pensamento Sistêmico:

Ambas as abordagens enfatizam o pensamento sistêmico, que envolve ver problemas e

dinâmicas como parte de um sistema maior. Isso ajuda os terapeutas a entenderem as

interconexões e as causas subjacentes de problemas.


Adaptação e Evolução:

A teoria cibernética observa a adaptação e a evolução de sistemas complexos. Na

terapia sistêmica, os terapeutas podem trabalhar com as famílias para ajudá-las a se

adaptarem de maneira mais saudável às mudanças e aos desafios.


a teoria cibernética e a terapia sistêmica estão intrinsecamente ligadas por meio de

conceitos e princípios compartilhados. A terapia sistêmica utiliza muitos desses

conceitos para compreender e abordar problemas nas dinâmicas familiares e de

relacionamento, enquanto a teoria cibernética fornece a base para entender como os

sistemas complexos operam e se adaptam. Ambas as abordagens contribuem para

uma compreensão mais holística e interconectada dos sistemas humanos.

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