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SUMÁRIO

1 PSICOLOGIA E PENSAMENTO SISTÊMICO ................................................. 2

2 PSICOLOGIA ESCOLAR ............................................................................... 16

3 PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA ................ 32

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 48
1 PSICOLOGIA E PENSAMENTO SISTÊMICO

Fonte: www. integrah.com.br

Quando falamos em terapia sistêmica, a primeira referência que surge para as


pessoas - ou pelo menos para aqueles que estudam psicologia - é a terapia de família.
O que poucos sabem, porém, é que apesar dos estudiosos da terapia sistêmica terem
voltado seu olhar mais intensamente para os estudos de família, ela está fundamentada
numa forma de pensar: o pensamento sistêmico. Nesse sentido, a terapia sistêmica é
aplicável não só para famílias, mas também para casais e para processos individuais.
O pensamento sistêmico é uma forma de pensar que, a grosso modo, é oposta
ao pensamento mecanicista. Propõe um distanciamento da visão linear de mundo para
uma visão voltada para redes e suas relações. De forma resumida, podemos
compreender que enquanto o pensamento mecanicista fundamenta-se em metáforas
mecânicas, o sistêmico baseia-se na metáfora do organismo vivo.
O mecanicismo para explicar como o mundo funciona utiliza-se da metáfora do
relógio: se uma peça quebra, a substituímos por uma nova e o relógio volta a funcionar.
Sendo assim, seu foco está no objeto e suas partes individualizadas. Entende que ao
se compreender cada parte que compõe um objeto, compreende-se o objeto em si -
sua estrutura - pois o todo é a soma das partes. A compreensão do mundo parte de
uma perspectiva objetiva, neutra, estruturado de forma quantificável e hierárquica
Já o pensamento sistêmico inspira-se na metáfora do organismo vivo: complexo
em sua construção e funcionamento. Em constante transformação - por estar em busca
de vida, sobrevivência, longevidade, e melhoria contínua. Sustenta-se, portanto, na
circularidade, buscando um entendimento da realidade por meio dos seus fluxos
circulares, ou melhor, espirais - pois nunca se é exatamente aquilo que se era em
determinado ponto.

Fonte: www.iaperforma.com.br

Aqui a lógica do “SE isso, então aquilo” não se aplica, pois, as variáveis
envolvidas no processo farão com que cada situação seja única, de acordo com seu
contexto. O interesse do pensamento sistêmico não está exclusivamente em examinar
as partes em si, mas sim na forma como elas se relacionam-nas relações parte/parte,
parte/todo e todo/todo. Volta seu olhar, assim, para a dinâmica e a integração das
relações que se constituem em redes interconectadas.
Não há, assim, verdades absolutas, apenas descrições qualitativas
intersubjetivas aproximadas dos processos, pois toda descrição fala das relações. O
objetivo maior não está, assim, no controle e na competição, mas sim na cooperação,
influenciação e ação não violenta. Na possibilidade de ser e vir a ser com o apoio e
respeito aos outros e dos outros, ampliando o horizonte para além do linear.
A partir do pensamento sistêmico entendemos que: sistema é um conjunto de
elementos complexos que se relacionam em determinado contexto. E todo sistema é
subsistema de um sistema maior.

Fonte: www.4.bp.blogspot.com

A terapia sistêmica enxerga cada indivíduo como um sistema, que também é


subsistema de outros sistemas maiores. Família, trabalho, amigos, religião, vizinhanças
são alguns exemplos de sistemas maiores em que cada indivíduo faz parte. E dentro de
cada um desses sistemas existem subsistemas com os quais nos relacionamos e
influenciam as nossas vidas de forma mais ou menos direta.
Tais sistemas não existem independentemente da relação de seus membros.
Existem em virtude da interação dos elementos, que geram relações. Pessoas não são
vítimas da interação, e sim produtoras de interação.
De forma mais clara: a terapia sistêmica volta seu olhar para as relações.
E o pensamento sistêmico é o que dá norte ao trabalho do terapeuta sistêmico.
Sendo assim, independente do tipo de atendimento - família, casal ou individual
a terapia sistêmica propõe uma forma interconectada de pensar o mundo, voltando seu
olhar para a compreensão da complexidade dos sistemas em relação.
Somos sempre perguntados sobre isso e é algo maravilhoso. Nos permite a
oportunidade de contar uma bela história dos nossos tempos. Responder a esta
pergunta implica reconhecer primeiro de onde ele vem. Significa reconhecer as fontes
do rio e de seu curso. Antes de tentar definir o “objeto” Pensamento Sistêmico,
precisamos reconhecer um pouco o “processo” que o gerou.

Fonte: www.advocaciasistemica.com.br

Uma grande parte dos valores básicos que fundamentam nossas organizações,
cidades, a ciência e a sociedade ocidental é influenciada pelo chamado “paradigma
mecanicista”. Usamos aqui o termo paradigma no sentido usado no estudo das culturas
e na ciência, como modelos ou estruturas de valores fundamentais. O paradigma
mecanicista é um conjunto básico de valores da ciência e da sociedade que foi
concebido nos últimos 300 anos, tendo origem nos séculos XVI e XVII com os filósofos
Descartes, Bacon, Copérnico, Galileu e Newton.
A partir dessas concepções filosóficas e da transformação delas em
ciência hard e depois em tecnologias e inovações adotadas pela sociedade, o
paradigma mecanicista passa a tornar-se predominante, em substituição à visão
orgânica da Idade Média.
O elemento fundamental do paradigma mecanicista é o método de investigação,
o processo de conhecimento proposto por Descartes e Bacon. Ele envolve a descrição
matemática da natureza e o método analítico de raciocínio. Por esse motivo, o
paradigma mecanicista também é chamado paradigma cartesiano. Implica a
concentração da investigação sobre propriedades essenciais dos corpos materiais que
pudessem ser medidas, como formas, quantidades e movimento. Outras propriedades,
como som, sabor, cor ou cheiro deveriam ser excluídas do domínio da ciência, assim
como também foram a estética, a ética, os valores, a qualidade, os sentimentos, os
motivos, as intenções, a alma, a consciência e o espírito.

Fonte: www. psico.srv.br

Apesar do vasto sucesso alcançado pela visão mecanicista, que penetrou não só
as ciências naturais, como também as ciências sociais e a própria cultura, este
paradigma começa a apresentar seus primeiros sinais de crise com as descobertas nos
campos da eletrodinâmica, da teoria da evolução de Darwin e, principalmente, nos
desdobramentos da física moderna.
Com a relatividade de Einstein e a física quântica, parte do paradigma
mecanicista é posto à prova. A linguagem analítica já não é capaz de explicar novos
fenômenos de características surpreendentes, como a natureza da luz e das partículas
atômicas e subatômicas.
Fenômenos como estes ocorrem também na biologia, psicologia, medicina,
economia e sociologia, onde a complexidade exige novas maneiras de conceber o
mundo. Por fim, a própria administração encontra, no final do século XX, seu limite
dentro do paradigma mecanicista, pois este é incapaz de gerar organizações
suficientemente flexíveis, inteligentes e saudáveis.

Fonte: www.appacgen.org

A mudança necessária para reconceber tais problemas é uma mudança de


paradigma. É uma necessidade que surge em função das crises sociais e científicas do
paradigma vigente. Os indícios de um novo paradigma que lide com essas crises
insinuam-se na linha de frente da ciência, nos movimentos sociais e nas redes
alternativas. O novo paradigma tem como características aspectos que visam
ultrapassar a crise de percepção gerada pelo velho paradigma. O novo paradigma
recontextualiza o pensamento mecanicista para onde ele seja capaz de oferecer
respostas adequadas, assim como a física moderna recontextualiza a física
newtoniana.
Nesta recontextualização, o pensamento mecanicista torna-se reconhecido pela
capacidade em lidar com situações com:
 -Razoável grau de estruturação dos problemas;
 -Razoável estabilidade do ambiente;
 -Baixo grau de complexidade dinâmica;
 -Poucas visões-de-mundo e interesses a respeito do problema;
 -Baixo grau de influência das percepções de diferentes atores a partir de
distintos interesses.

Fonte: www. otropsicologo.files.wordpress.com

Em um mundo complexo, fora destas características, ocorrem dificuldades com o


uso do pensamento mecanicista, pois usa o método analítico, cujo pressuposto
fundamental é: para conhecer, basta desmontar, partir, fragmentar em unidades mais
simples. Porém, os problemas mais importantes que enfrentamos no mundo
globalizado, nas organizações e em nossas cidades e comunidades estão intimamente
interconectados. Não podemos tentar resolvê-los de maneira fragmentada – isto só irá
gerar mais problemas.
As ideias sistêmicas começam, em termos modernos, a serem constituídas, em
primeiro lugar, pela primazia da importância dos relacionamentos, ao invés das partes
isoladas. Isto exige um movimento em sentido contrário ao atomismo ou ao
reducionismo. Este movimento ocorre no reconhecimento do contexto de uma parte,
resultando no holismo, que significa reconhecer a parte em relação às demais partes e
ao todo maior.
Esta recomposição do todo a partir dos relacionamentos permite reconhecer as
complexas redes formadoras dos todos, a importância das relações circulares como
estruturas essenciais da manutenção e existência dos sistemas e da relevância da
dinâmica e dos processos de mudança para compreendê-los.

Fonte: www. psico.srv.br

Estas ideias, encadeadas histórica e logicamente, concebem o conjunto de


ideias norteadoras do Pensamento Sistêmico. Elas podem ser resumidas num conjunto
de características distintivas que orientam o pensamento. São pressupostos
fundamentais que fazem emergir instrumentos de uso prático, como teorias, métodos e
ferramentas. Elas enfocam um reequilíbrio de ênfases entre o modelo anterior e o
nascente, isto é, entre o modelo mecanicista e o sistêmico.
São as seguintes as ênfases ou características do Pensamento Sistêmico
(também chamado de ecológico ou holístico):
 Todo;
 Relacionamentos;
 Rede;
 Causa-e-efeito distantes (circularidade, atrasos);
 Processos dinâmicos;
 Metáfora do organismo vivo;
 Conhecimento socialmente construído (epistêmico e contextual);
 Descrições aproximadas, incerteza;
 Qualidade, aproximação, padrão qualitativo;
 Pensamento do “E”;
 Abordagem intelectual contextualista, resultando na predisposição de unir,
contextualizar, incluir, perceber em todos maiores;
 Atitude contemplativa e de perplexidade diante do caos e incerteza;
 Ação por auto-organização, cooperação, influenciação e não-violência;
 Transdisciplinaridade;
 Aprendizagem experiencial, construtivista e generativa.
Então, afinal, o que é o Pensamento Sistêmico? Em primeiro lugar, Pensamento
Sistêmico é uma forma de raciocinar, um processo cognitivo. É o processo cognitivo
que se orienta pelos pressupostos ou características sistêmicas. Em especial, leva a
uma capacidade de perceber, modelar e avaliar as consequências das ações de
maneira expandida, no tempo e no espaço.
Assim, resulta em uma maneira de cogitar e modelar a complexidade do mundo
que tem por base processos característicos do paradigma sistêmico, que privilegia o
todo, os relacionamentos, a visão de rede, a lógica de causa-e-efeito distantes
(circularidade, atrasos), a consideração dos processos dinâmicos, o uso da metáfora do
organismo vivo, a estruturação de conhecimento socialmente construído (epistêmico e
contextual), a aceitação das descrições aproximadas e das medidas qualitativas, o
pensamento do “E”, a abordagem intelectual contextualista, uma atitude contemplativa
e de perplexidade diante do caos e incerteza, resultando em ação por auto-organização
e que adota processo de aprendizagem transdisciplinar, experiencial, construtivista e
generativo.
O primeiro ponto a se ter em mente é que uma família é um sistema composto
pelos seus elementos (membros da família), pelos atributos dos elementos (seus
valores, seus comportamentos) e pelas relações (interações através dos processos de
comunicação) que integram e mantêm o sistema.
Os casais e as famílias são sistemas abertos e, por isto, sofrem interações com o
ambiente onde estão inseridos. Desta forma, a interação gera realimentações que
podem ser positivas ou negativas, criando assim um auto regulação regenerativa, que
por sua vez cria novas propriedades que podem ser benéficas ou maléficas para o todo
independentemente das partes.

Fonte: www.mundoeducacao.bol.uol.com.br

Vou colocar de uma maneira ilustrada esta integração de diferentes sistemas e


heranças tão diferentes que acabam convivendo e interagindo num ambiente de um
casal e de uma família.
Como se pode ver, todos os membros deste sistema familiar estão em “relação”
e interação com outros sistemas e outros ambientes.
Para se entender e poder ajudar as pessoas, os casais ou as famílias – como
tudo na vida – não devemos excluí-los do mundo em que vivem. As relações com este
mundo externo é que vai contribuindo para a construção, estabilização ou
desestabilização de seus respectivos mundos internos. Os vínculos que existem em um
casal ou em uma família vão sendo construídos através do processo de comunicação
desenvolvido através destas relações.
Se olharmos para o que é uma empresa vamos perceber que ela também é um
sistema com seus elementos, com seus atributos e suas relações. O sistema
empresarial não só está inserido em um sistema comercial altamente competitivo como
também desenvolve suas atividades num ambiente nem sempre facilitador ou
acolhedor. Não vou me alongar fazendo uma representação gráfica do sistema
empresarial, mas tomando-se como referência a representação gráfica do sistema
familiar é só considerar que também existem elementos (em número muito maior),
existem atributos e existem relações que mantêm o sistema e sua relação com os
sistemas do ambiente comercial.
Toda empresa familiar corre os mesmos riscos de sobrevivência em um mercado
competitivo que uma empresa não-familiar, mas soma-se a estes riscos a convivência
de dois sistemas distintos: o sistema familiar e o sistema empresarial.

Fonte: www.dcomercio.com.br
A convivência destes dois sistemas diferentes cria constantemente a
superposições de papéis: o papel profissional e o papel familiar. Quando esta
convivência intersistêmica funciona bem ela pode ser uma mola propulsora do sucesso
da organização, mas quando à confusão dos papéis se somam às dinâmicas familiares,
isto traz efeitos indesejáveis para a organização.
Além disto a família-empresa passará inexoravelmente por momentos cruciais à
sua sobrevivência. Um dos mais decisivos é a transição da liderança da empresa, ou
seja, quando se deve substituir o pai como CEO (chief executive officer). Este talvez
seja o maior de todos os riscos de uma empresa familiar.
Esta é uma convivência intersistêmica diferente do que ocorre numa empresa
não familiar.
Não é simples e muito menos fácil para estas famílias e para suas empresas se
questionarem e administrarem estas áreas de conflitos potenciais, principalmente
quando crises de mercado ameaçam a rentabilidade da empresa ou quando surgem
tensões no interior do sistema familiar.
Por mais que o CEO seja profissionalmente preparado, ele faz parte do sistema
e não conseguirá encontrar saídas. Isto é necessário porque normalmente um sistema
não consegue se automodificar pela ação de um dos seus elementos. Uma vez
estabelecido um padrão de funcionamento do sistema ele só se modificará por estímulo
externo.
Vou usar uma metáfora para justificar o que estou dizendo.
Imagine uma pessoa que está tendo um pesadelo. Ela pode fazer muitas coisas
no seu sonho: correr, esconder, lutar, gritar, saltar de um precipício, etc., mas nenhuma
modificação de qualquer um destes comportamentos, passando por exemplo de correr
a lutar, poria fim ao pesadelo. O único modo de sair de um sonho implica na mudança
do sistema do sonho para o sistema de vigília (acordar). O sistema de vigília (estar
acordado) não faz parte do sonho, mas é uma mudança para um estado
completamente diferente.
Este é o motivo de por que um CEO de uma empresa familiar, que começa a
perceber riscos em seu percurso, deve buscar uma ajuda especializada que esteja fora
deste específico sistema família/empresa.
Como reduzir então os riscos de que certos conflitos familiares-empresariais
evoluam para desentendimentos desestabilizadores? Isto requer uma ajuda externa
que não esteja comprometida pelo envolvimento emocional das relações familiares-
empresariais. Daí passamos para a segunda pergunta: por que as “consultorias” já
disponíveis não conseguem reverter este quadro estático mundial?

Fonte:www.psico.srv.br

O problema que vemos em todo o mundo é que existe uma tendência a se


buscar consultorias com conhecimento mais direcionado para a área empresarial.
Algumas delas (não muitas) possuem até uma certa sensibilidade para aspectos
psicológicos, mas isto não é suficiente.
A ajuda só consegue ser eficaz se a consultoria possuir duas especializações
que se completam. A primeira é o suporte psicológico à família empresária e o segundo
é a orientação e suporte empresarial através de consultorias especializadas.
Einstein já assinalava esta interligação dos problemas:Um erro comum é
imaginar que podemos resolver “todos” os problemas dividindo-os em partes e
observando o que está falhando. Isto pode nos distanciar das relações entre as partes
onde pode residir a real causa ou fatores que contribuem para o problema. Um
raciocínio convencional (reducionista) é reduzir o problema a “isto” ou “aquilo”,
enquanto o pensamento sistêmico define “isto e aquilo”.
O suporte psicológico à família empresária normalmente não é um processo
longo, mas tem como principais objetivos identificar as dinâmicas familiares presentes,
o auxílio à correta identificação dos papéis familiares e profissionais e propostas
possíveis e necessárias.

Fonte: www.strangenotions.com

Como são conhecimentos muito específicos e complexos, as sessões de terapia


são conduzidas por uma terapeuta de casal/família com um co-terapeuta com
especialização em gestão empresarial e com uma base de conhecimentos em
psicologia. Desta forma, como disse Einstein evita-se o “isto” ou “aquilo” e trabalha-se
com o “isto e aquilo”.
É importante deixar claro que numa sessão de terapia de uma família
empresarial o objetivo é identificar e clarear que dinâmicas estão influenciando
reciprocamente o sistema familiar-empresarial. A terapia dos componentes familiares de
uma empresa familiar não entra nos aspectos técnicos administrativos, que devem ser
orientados por uma consultoria específica, mas a presença do co-terapeuta ajuda a
clarear alguns valores e relações específicos do mundo empresarial. Este clareamento
integrado não separa “isto” “daquilo”, mas ajuda na identificação dos problemas e nos
encaminhamentos que se deve dar.
Eventualmente este processo pode ser seguido por uma orientação para um
suporte psicológico individual (se for o caso) e/ou uma assessoria empresarial que seja
adequada às características daquela empresa.
Esta é forma como vejo o trabalho com as empresas familiares, devendo ser
focada em dois pontos distintos, mas associados em íntimo envolvimento entre eles:
 Consultoria sobre os aspectos práticos de gestão, de mercado, de configuração
administrativa, de gestão financeira e de divulgação além dos recursos humanos.
São áreas intimamente ligadas à estrutura da empresa.
 Dinâmica da relação entre os sócios. Que que fatores psicológicos, dinâmicas
pessoais entre os familiares/sócios estão sendo acionadas para dirigir esta
empresa. Muitas vezes a empresa tem toda parte administrativa adequada, mas
os sócios entram com posturas nas decisões e na gestão que levam a empresa à
ter problemas.

2 PSICOLOGIA ESCOLAR

Fonte: www.psicologiaacessiveldotnet.files.wordpress.com
A psicologia escolar é uma área que vem se desenvolvendo cada vez mais ao
longo do tempo, desde sua inserção no espaço educacional até os dias atuais, a
atuação do psicólogo vem se modificando e nesse contexto, de mudanças em um curto
espaço de tempo, é natural que surjam dúvidas a respeito de quais são as atribuições
desse profissional.
A inclusão do trabalho do psicólogo nas escolas começou no Brasil no século
XX. Contribuindo com teorias do desenvolvimento, as atribuições que cabiam ao
profissional de psicologia eram: avaliar e diagnosticar alunos em relação à
aprendizagem. Inicialmente, a ideia era solucionar os problemas que impediam a
aprendizagem do aluno ou do grupo, ou seja, ajustar os alunos às condições de
aprendizagem que a escola proporcionava e diagnosticar e encaminhar aqueles que
não acompanhavam a rotina escolar.
Em 1970 a função do psicólogo escolar passou a sofrer transformações,
resultado da lei nº 5692/71, que determinou a obrigatoriedade e gratuidade do ensino
escolar para a população, o número de estudantes cresceu e consequentemente a
demanda por atendimento às crianças que apresentavam problemas de aprendizagem
também. A partir daí, observou-se que solucionar queixas escolares por meio do
atendimento individualizado ao aluno, realizando testes e avaliando a capacidade de
aprendizado, não estava trazendo resultados satisfatórios para as diversas questões
escolares que surgiram.

Fonte: www.psicologiaexplica.com.br
A atuação do psicólogo escolar então foi se modificando, pois se instaurou um
olhar ampliado para o cenário escolar, através da ideia principal de que as pessoas que
atuam na instituição, funcionários, professores, diretores, e a inter-relação desses
atores tem influência direta ou indireta na sala de aula. Todos os envolvidos na
educação escolar têm suas subjetividades e estas estão necessariamente implicadas
no dia a dia. Essa foi a visão que possibilitou a expansão do trabalho do psicólogo
escolar, que passou a atuar também nas inter-relações existentes no âmbito escolar.
Esse novo cenário possibilitou um entendimento ampliado dos problemas escolares,
trazendo maior eficácia na resolução destes.
Assim como afirmam Araújo & Almeida, 2006: A psicologia escolar passa a ser
entendida numa perspectiva relacional e institucional, uma vez que considera para além
do atendimento individualizado a alunos com dificuldades de aprendizagem a
compreensão do funcionamento da instituição, considerando de que forma a complexa
rede de interações no âmbito da instituição contribui ou não para a situação de queixa
escolar.

Fonte: www.faxaju.com.br

Outro aspecto novo que se tornou relevante foi o entendimento da importância


de se olhar para relação professor-aluno como objeto principal de investigação e
cuidado. Contribuir de maneira preventiva para a saúde mental dos professores pode
ser também uma das funções do psicólogo escolar. Ter atenção à saúde psíquica do
docente é importante devido ao forte vínculo afetivo, intenso investimento no outro e às
expectativas em relação aos resultados de seu trabalho.
Além desses pontos chaves de atuação, outra forma do psicólogo escolar
contribuir nesse âmbito é ajudando a diminuir a violência escolar, e também a
segregação de pessoas portadoras de necessidades especiais e assegurar a inclusão e
o cumprimento dos direitos humanos na escola, questionando de que forma a atuação
psicológica poderia contribuir com a investigação de situações de sofrimento e
segregação de pessoas portadoras de necessidade especiais.
A psicologia escolar se tornou um campo de produção científica e de atuação
profissional. E hoje contribui na relação com a promoção e desenvolvimento da
aprendizagem. Está menos voltada para a postura adaptativa e corretiva e tem,
buscado solidificar uma atuação de caráter preventivo e relacional, que se sustenta
muito mais em parâmetros de sucesso do que fracasso.
Há ainda a possibilidade de contribuição do psicólogo nas propostas
pedagógicas da escola e no desenvolvimento da criatividade na prática educativa e
assim:
Os conhecimentos produzidos a partir da investigação psicológica podem
contribuir para uma prática educativa mais produtiva para a formação, nos alunos, das
capacidades e características necessárias para desempenho criativo em seus
diferentes contextos de atuação, presentes e futuros.
Além do trabalho de prevenção, com um olhar para a saúde psíquica dos atores
envolvidos na instituição, a ampliação do campo de atuação do psicólogo nas escolas
permite a inter-relação de conteúdos teóricos da psicologia com o processo
educacional, podendo acrescentar novas possibilidades ao trabalho dos educadores e
ainda, aumentar a produção de conteúdo científico, auxiliando cada vez mais o
processo educacional nas escolas.
Fonte: www.deboramcoelhopsicologa.com.br

Psicologia Escolar e Educacional tem se constituído historicamente como


importante campo de atuação da Psicologia. Psicólogos escolares e educacionais são
profissionais que atuam em instituições escolares e educativas, bem como se dedicam
ao ensino e à pesquisa na interface Psicologia e Educação.
As concepções teórico-metodológicas que norteiam a prática profissional no
campo da psicologia escolar são diversas, conforme as perspectivas da Psicologia
enquanto área de conhecimento, visando compreender as dimensões subjetivas do ser
humano.
Algumas das temáticas de estudo, pesquisa e atuação profissional no campo da
psicologia escolar são: processos de ensino e aprendizagem, desenvolvimento
humano, escolarização em todos os seus níveis, inclusão de pessoas com deficiências,
políticas públicas em educação, gestão psicoeducacional em instituições, avaliação
psicológica, história da psicologia escolar, formação continuada de professores, dentre
outros.
Iniciando a discussão que nos propomos, destacamos que a formação e o
exercício profissional de psicologia escolar e também a interface entre a Psicologia e a
Educação, vêm sendo objeto de trabalho em diferentes grupos de pesquisa, inclusive
na Associação Nacional de Pesquisa e Pós Graduação em Psicologia (ANPEPP), se
consolidando como Grupo de Trabalho em Psicologia Escolar e Educacional,
priorizando os estudos nas questões teórico-práticas ligadas à formação inicial,
formação continuada, à identidade e ao exercício profissional do psicólogo escolar.
Algumas reflexões importantes passaram a nortear as pesquisas na área da
Psicologia Escolar e Educacional, principalmente aquelas que apontam para a busca da
relação entre saúde/doença, prevenção/tratamento, educação/terapia além do próprio
estudo sobre a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação e suas implicações para a
atuação psicológica na instituição escolar. Igualmente se registra a preocupação em
reavaliar os modos de atuação do psicólogo ou da psicóloga frente às queixas
escolares, implicando repensar seu papel para além da avaliação e da disciplina,
considerando assim uma ampliação no olhar e na prática.
A o realizar um estudo sobre o percurso histórico da Psicologia no Brasil,
encontramos dados que revelam um desenvolvimento muito voltado para atender os
problemas da Educação. Embora a Psicologia aplicada à Educação, tenha sido a
propulsora de grande parte do desenvolvimento da psicologia, aos poucos o
psicodiagnóstico e a avaliação psicológica, consideradas atividades inerentes e
exclusivas dos psicólogos, passam a serem as atividades mais desenvolvidas e
estudadas, como se as demais atuações não apresentassem o mesmo grau de
importância, chegando inclusive a reduzir significativamente o número de disciplinas de
Psicologia Escolar durante a formação.

Fonte: www.3.bp.blogspot.com
Segundo Maluf (1999) que apresenta reflexões na área da Psicologia da
Educação e do Desenvolvimento nos últimos anos, uma das razões para a fragilidade
da formação está relacionado ao fato de existirem cursos de graduação que são
mantidos à margem de avaliações que lhes garantissem qualidade, fazendo sua
expansão de modo desenfreado, aliados em sua maioria a interesses puramente
econômicos. Na nossa sociedade cultuamos os direitos individuais e comunitários,
entretanto convivemos com a problemática da exclusão de grande parcela da
população na participação dos bens.

Fonte: www.mundodapsi.com

O direito à educação formal com todos os seus efeitos na vida social, ainda não
se concretizou para uma boa parte da população. Esta realidade faz parte do cotidiano
e dos problemas com os quais se deparam os psicólogos e as psicólogas escolares. O
discurso crítico não é hegemônico, embora nos últimos anos tenha começado a surgir
algumas práticas inovadoras, que de maneira geral, são construídas em bases e
expectativas mais realistas. E assim se propõe a pensar a Psicologia Escolar como uma
possibilidade de favorecer a criação de condições apropriadas ao desenvolvimento e à
aprendizagem, colocando no campo das preocupações a ética individual e social.
A nomenclatura da área também passou a ser foco de reflexão, quando se fala
de Psicologia Educacional, não está se referindo unicamente as atuações nas
instituições de ensino, mas sua possibilidade em diversos locais em que possa se
pensar o caráter preventivo e educativo em saúde mental, seja nas comunidades, seja
nas empresas, ou ainda nas diversas organizações não governamentais que
desenvolvem trabalhos socioeducativos.
Entretanto isto não é um consenso, existe também a visão de alguns que partem
do princípio de que Psicologia Educacional seria uma ciência multidisciplinar, enquanto
considera a Psicologia Escolar mais como disciplina aplicada. Concordamos aqui com
Maluf (2003), que defende que a Psicologia Educacional possui uma concepção mais
ampla como ciência dos fundamentos do processo educacional, com a qual se
relaciona a Psicologia Escolar, que tem lugar na escola e em outras instituições
associadas com o processo de criar, educar e instruir.

Fonte: www.psicologosepsicologias.files.wordpress.com

A Psicopedagogia surge como outro campo de interface da Psicologia Escolar e


Educacional, estando focada nos processos de aprendizagem. Esta prática embora
possua variadas possibilidades de intervenção, tem sido frequentemente utilizada para
auxiliar a correção no descompasso do processo de aprendizagem dos alunos que “não
acompanham o bonde”.
Lembramos aqui, que o processo educativo no Brasil, possui as marcas e
comprometimento devido aos condicionantes do Banco Mundial para a educação,
ocorridas nas décadas de 80 e 90. Nossas crianças se veem divididas entre duas
realidades distintas:
 Nas escolas públicas o seu processo de aprendizagem ficou em segundo
plano, em favor da manutenção de índices “satisfatórios” de repetência
escolar, pautados na lógica econômica que norteou a política educacional
por várias décadas no final do século XX. Com frequência se encontravam
jovens na 5ª ou 6ª série do ensino fundamental que não se encontravam
alfabetizados ou em condições de realizar uma produção ou compreensão
textual. Com frequência este processo se desdobrava em desestimulo,
evasão escolar, fragilidade para elaborar um projeto de futuro, e o que é
ainda pior, são responsabilizados por suas dificuldades;
 Nas escolas particulares, que têm nas últimas de cada se multiplicado e
ampliado seu campo de abrangência nos moldes do projeto neoliberal,
contando com a desqualificação da escola pública para este crescimento
e condições de concorrência no mercado, colocam as crianças em um
processo de competição desumano rumo a obtenção de uma vaga na
universidade. Desta forma impõe aos mesmos um ritmo de aprendizagem
insuportável para a maior parte dos alunos, que também são considerados
pouco competentes e necessitando de auxílio para acelerarem o
processo.

Fonte: www.apsicologa.net.br
Nessa realidade, a Psicopedagogia surgiu como a grande solução, ou seja, uma
área do conhecimento que se constitui na interface da Pedagogia e da Psicologia, e se
propõe a auxiliar as crianças principalmente nas “dificuldades de aprendizagem”. O fato
de que na nossa realidade brasileira o quantitativo de crianças que não acompanham o
ritmo escolar tem se multiplicado de forma gigantesca e assim a Psicopedagogia
tornou-se um campo de trabalho promissor. Ressaltamos aqui que, na nossa visão, a
Psicopedagogia isoladamente não dá conta de solucionar os impasses gerados num
processo educacional desconcentrado.
Não estamos neste estudo aprofundando os impasses próprios da relação
profissional entre a Psicopedagogia e a Psicologia, que se constituíram em fortes
debates quanto ao campo de trabalho. O Conselho Federal de Psicologia se posiciona
formalmente contra a regulamentação da primeira como profissão, por entender que
esta se refere apenas a uma prática especializada de dois campos, quais sejam a
Pedagogia e a Psicologia. Salientamos inclusive que o caminho trilhado pelo
psicopedagogo clínico (profissional liberal) caminha na contramão do que a Psicologia
Escolar e Educacional vem se desenvolvendo, pois termina por reafirmar e manter o
foco no processo individualizado no aluno, quando na verdade existe uma gama de
variáveis contribuindo para o fenômeno.

Fonte: www.psipre.com
Conforme podemos verificar a Psicopedagogia poderia perfeitamente estar
incluída na especialidade do Psicólogo Escolar e Educacional, até porque diz respeito a
um mesmo campo de atuação, ou seja, a intervenção psicológica na educação,
diferenciando-se enquanto técnica. Embora reconheçamos que as dificuldades
impostas às nossas crianças pelo processo educativo, careçam atualmente de solução,
e que as técnicas da psicopedagogia oferecem certa contribuição neste sentido,
poderíamos inclusive afirmar que o desejável para a educação seria que a intervenção
corretiva da psicopedagogia fosse completamente desnecessária e que a contribuição
da psicologia na educação estivesse centrada no fortalecimento e promoção do
desenvolvimento harmonioso e saudável de nossas crianças e adolescentes.
Segundo Cruces (2003), na área escolar “convivem, lado a lado, modelos de
atuações e práticas extremamente críticas e inovadoras e atuações permeadas pela
visão curativa e individualizadas, que é denunciada por ser estigmatizadora”.
Provocando assim, a partir da década de noventa, estudos que buscam encontrar as
condições e o preparo necessários ao profissional da Psicologia Escolar e Educacional,
e das Políticas Educacionais de forma a privilegiar uma prática que atenda aos
interesses da educação para a cidadania.
Se o homem é o produto de sua história, considerando história sua realidade
concreta, realística e verdadeira, ele é também fruto de suas experiências, suas
construções, seus anseios, sonhos, desejos e ilusões; e considerando ainda que a
aprendizagem se constitua um valor na educação tanto escolar como familiar, está se
torna um qualificante da criança; e que como tal contribui na estruturação de seu
funcionamento.
Fonte: www.itesus.edu.mx

Não é de hoje, que se pesquisa e se conhece a infinidade de problemas que a


escola tem que enfrentar no processo educacional. Os desafios vão desde a formação
do educador, a sua valorização profissional, a satisfação dos insumos necessários ao
processo de ensino-aprendizagem, o desenvolvimento de tecnologias e metodologias
compatíveis com a realidade social e até mais recentemente uma preocupação com
relação à missão do educador frente a um ser que cresce e se forma para a vida.
A legislação e a constante mobilização nos debates das instituições acadêmicas
ou representativas da psicologia tem encaminhado a temática sobre o protagonismo
social como linha norteadora para a ação do profissional de psicologia, e balizador para
ações que possam efetivamente contribuir para a emancipação das pessoas e
compromisso com a transformação social.
Entretanto ainda não são suficientes para modificar a realidade de maneira geral,
observa-se um aumento dos encaminhamentos das questões que envolvem a criança e
o adolescente na escola, como se o problema fosse individual e específico de cada um
deles, que por qualquer razão – que o psicólogo (a) teria que avaliar – não acompanha
o processo de aprendizagem ou não apresentam o perfil de comportamento esperado,
o que leva muitas vezes o profissional a se envolver mais com a demanda prejudicando
assim a solução do problema, quando não se realiza uma avaliação institucional de
maneira sistêmica.
É fundamental que ocorra uma distinção clara entre o fazer pedagógico e
educativo, que poderá estar assentado em saberes desenvolvido pela Psicologia, tendo
como objetivo o desenvolvimento da aprendizagem, daquele fazer psicológico na
educação. Sabemos que a psicologia pode oferecer à educação informações científicas
e úteis, tais como condições de aprendizagem, avaliação das capacidades intelectuais
e afetivas que se relacionam com o processo de aprendizagem dos indivíduos, além de
ampliar a percepção dos educadores sobre os diversos aspectos do desenvolvimento
de crianças e adolescentes, e a relação destes com os fatores sócios culturais que se
estabelecem no meio educacional.
Sendo a Psicologia uma profissão da área das ciências humanas, com aplicação
em diversos campos, entre eles no campo da educação, e que nas últimas décadas
vem construindo a sua referência de atuação com um maior comprometimento com os
problemas sociais brasileiros, partimos do princípio que a atuação em Psicologia
Educacional, seja ela em escolas, em comunidades, em educação especial, em
psicopedagogia, em empresas ou em outras organizações, se situa como recurso para
favorecer o desenvolvimento humano, assegurando e facilitando o desenvolvimento
saudável das crianças, adolescentes, jovens e adultos, considerando os vários
aspectos que integram a vida humana: a intelectualidade, a motricidade, a afetividade,
a sociabilidade, etc.
Compreendendo que na rede de atenção ao processo ensino-aprendizagem, a
grande missão da educação se constrói a várias mãos e considerando a psicologia
como uma das profissões do campo da educação, se torna imperioso efetuar uma
diferenciação, sendo que aqui nos limitaremos a discutir sobre a distinção entre o fazer
pedagógico do fazer psicológico na educação. A intervenção pedagógica visa um
processo de aprendizagem que envolve a aquisição de conhecimentos e habilidades, já
a intervenção psicológica visa facilitar os processos educacionais através da mediação,
considerando que existe um processo de transformação pessoal acontecendo com os
indivíduos envolvidos.
Ao longo dos anos, em especial a partir do século XIX, a instituição escolar se
fortaleceu como um dos pilares fundamentais para a construção e constituição do
cidadão. Fatores que podem ser citados para explicar este movimento são a expansão
do ensino público, a obrigatoriedade de crianças e adolescentes estarem matriculados
em instituições de ensino regular, bem como a própria industrialização da sociedade.

Fonte: www.images.comunidades.net

Faz-se interessante salientar que antes do início deste movimento os principais


pilares da sociedade pautavam-se, de forma geral, na família e na igreja, instituições
tradicionais de socialização e aprendizagem. A inserção da escola nesta díade ocorre,
inicialmente, de forma tímida, crescendo de forma gradual até se assumir como um dos
segmentos mais importantes da constituição da sociedade, equiparando-se, em alguns
aspectos, à família.
Conforme é evidenciado por Faria Filho (2000), no decorrer do século XX, com
uma maior estruturação e, consequentemente, maior influência, a escola se colocou
como uma instituição superior, em certa medida, as outras instituições que constituem a
estruturação do cidadão, colocando-as “na maioria das vezes” como “incapazes de bem
educar diante de uma sociedade que se urbanizava e se complexificava” e que exigia
“novas dinâmicas e padrões de comportamento”.
Entretanto, paralelo a este posicionamento, no decorrer do mesmo século,
surgem queixas relacionadas à falta de interesse e participação da família no contexto
escolar. Nota-se que ao mesmo tempo em que a escola se colocava como instituição
superior, ela percebe que não pode dar conta sozinha de formar aqueles indivíduos,
pois, a família é à base de conhecimento primário de qualquer pessoa.
Na escola, os conteúdos curriculares asseguram a instrução e apreensão de
conhecimentos, havendo uma preocupação central com o processo ensino-
aprendizagem. Já, na família, os objetivos, conteúdos e métodos se diferenciam,
fomentando o processo de socialização, a proteção, as condições básicas de
sobrevivência e o desenvolvimento de seus membros no plano social, cognitivo e
afetivo.
Atualmente, entende-se que tanto a família quanto a escola compartilham suas
funções sociais, políticas e educacionais na medida em que interferem e contribuem
diretamente, porém de forma diferenciada, na formação do indivíduo, sendo por isso
necessária a troca mútua de informações entre os segmentos. Entretanto, alguns
empecilhos ainda atrapalham está cooperação.
Um dos principais desafios da Educação é a conciliação dos diversos segmentos
que compõem o espaço escolar. A dificuldade de se atingir este objetivo alicerça-se na
pluralidade sócio-histórico-cultural de cada uma das partes envolvidas.
Apesar desta dificuldade, a abertura da escola para as famílias, bem como a
participação e acompanhamento efetivo destas no contexto educacional se mostra de
extrema importância para o desenvolvimento pessoal e acadêmico do discente.
Família e escola possuem papéis específicos a serem exercidos no
desenvolvimento do educando, porém, isto não deve ser tomado de forma rígida. Como
em qualquer outro tipo de relação, em determinados momentos se faz necessário
adentrar na responsabilidade do outro para que o bem maior desta relação, no caso o
educando, não sofra com as falhas de um dos lados.
Para que esta relação seja possível, deve-se entender o compartilhamento da
responsabilidade sobre o educando, evitando a culpabilização de apenas um dos lados
quando o fracasso se apresentar. Outro fator que deve ser combatido é a minimização
da importância da educação familiar comparada a educação formal. A forma com que o
educando se desenvolverá no âmbito escolar está diretamente ligada a educação
proveniente de casa.

Fonte: www.psicologo-porto.com

Com o grau de mudanças em que o século XXI está mergulhado, a liquidez das
relações tornou-se muito presente e a relação escola-família não ficou fora desta nova
dinâmica. O afastamento da família do ambiente escolar é cada vez mais frequente.
Para exemplificar este fato podemos citar as simples reuniões de pais que cada vez
mais não contam com o público a qual é destinada.
No contexto que vivemos a terceirização da educação está crescendo, deixando-
a cargo apenas da escola. Neste aspecto, cabe a família tornar-se mais presente na
vida escolar de seus filhos, bem como a própria escola abrir espaços para um
verdadeiro diálogo entre estes dois lados. Para que esta relação dê certo, todos devem
estar dispostos a isso.
A importância do trabalho do psicólogo escolar também se encontra nesta
relação. Uma das atribuições deste profissional deve ser a estimulação do contato mais
próximo entre família e escola, assumindo um papel de mediador, estimulando a
comunicação e troca de informações entre as partes.
Qualquer trabalho desenvolvido pela Psicologia Escolar e Educacional deve
perpassar a figura do aluno como meta, assim como a postura clínica tida como
referencial há algumas décadas atrás. A relação família-escola, direta ou indiretamente,
deve ser trabalhada em conjunto, possuindo como objetivo o melhoramento do
ambiente escolar e das atividades ali desenvolvidas. Não se deve esquecer que a
escola é um corpo, e como tal deve ser trabalhado sistematicamente como um todo.

3 PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Através das atividades físicas a criança pode adquirir confiança nas suas
capacidades, melhorar autoestima, interagir socialmente e aprender a expressar suas
emoções. Ou seja, a atividade não tem apenas benefícios para a saúde física da
criança, mas também para a saúde mental, desenvolvimento cognitivo e social.
Os benefícios físicos da pratica de esportes incluem: aumento de força e
resistência muscular, desenvolvimento de ossos saudáveis, redução de ansiedade e
estresse, controle de peso e de níveis pressóricos e de colesterol. Crianças que fazem
atividade física tem menos chance de se tornarem adultos com obesidade, hipertensão,
diabetes ou doenças cardíacas.
Qual a recomendação para a prática de esportes na infância?
O departamento de saúde americano recomenda atividade física diária com
duração de pelo menos 60 minutos em crianças entre 6 e 17 anos.
Exercícios que trabalham condicionamento físico, coordenação motora e
flexibilidade são os mais indicados. Exemplos são: futebol, natação, basquete, vôlei,
dança dentre outros.
Brincadeiras em parques, como correr, escalar brinquedos ou andar de bicicleta
também são válidas. Devem ser estimuladas como prática regular a partir dos 2 anos
de idade. Crianças abaixo dessa idade também podem ser estimuladas com sons,
brinquedos e músicas além do incentivo para engatinhar e andar.
Até que a criança passe pelos estirões de crescimento (por volta dos 14 anos)
não é indicada atividade com carga elevada para ganho de massa muscular pois pode
haver lesão da placa epifisária dos ossos e prejuízo no crescimento.
Portanto, a escolha da atividade deve levar em conta além das preferências da
criança, fatores econômicos e aptidão física a idade e desenvolvimento puberal.
Fonte: www.blog.terapiadebolso.com.br

Quando o esporte deixa de ser diversão para se tornar competição há uma


chance maior de a criança/adolescente perder o interesse.
Os benefícios físicos da prática de esportes são muitos, tais como o aumento de
força e resistência muscular, desenvolvimento de ossos saudáveis, redução de
ansiedade e estresse, controle de peso e dos níveis de colesterol e pressão arterial.
“Crianças que fazem atividades físicas têm menos chance de se tornarem adultos com
obesidade, hipertensão, diabetes ou doenças cardíacas”, justifica a Dra. Ana Laura, que
também é cardiologista infantil.
E fazer exercícios é um hábito que pode começar desde cedo. O Departamento
de Saúde Americano recomenda atividade física diária com duração de pelo menos 60
minutos a partir dos 6 anos de idade, até os 17.
Exercícios que trabalham condicionamento físico, coordenação motora e
flexibilidade são os mais recomendados, como futebol, natação, basquete, vôlei, dança,
entre outros.
Brincadeiras em parques, como correr, escalar brinquedos ou andar de bicicleta
também são consideradas atividades físicas. A Dra. Ana Laura comenta que estimular a
prática regular a partir dos 2 anos de idade é uma função importante dos pais. Assim
como o incentivo com poucos meses de idade para engatinhar até chegar ao andar.
Mas vale ressaltar que, até que a criança passe pelos estirões de crescimento -
por volta dos 14 anos-, não é indicada atividade com carga elevada para ganho de
massa muscular, para evitar lesão da placa epifisária dos ossos, que prejudica seu
desenvolvimento.
A Dra. Ana Laura acrescenta que a escolha do tipo de atividade deve levar em
conta, além das preferências da criança, fatores econômicos, aptidão física, idade e
desenvolvimento puberal. “Sem contar que faz muito bem ao coração, física e
emocionalmente falando”.
Dicas para fazer as crianças se mexerem:
Algumas orientações para os pais tirarem os filhos da frente dos computadores e
do celular e fazerem eles se agitarem. São elas:
 Leve a criança a clubes e participe de diferentes atividades com ela, assim
você vai descobrir seu interesse e aptidão no esporte;
 Incentive para que participe de atividades que já sejam frequentadas por
amigos. A chance de desistência quando o jovem está entre colegas é
menor;
 Dê o exemplo! Se você passa o dia todo sentado em frente à televisão ou
tem uma vida sedentária, é bem possível que seu filho tome isso como
hábito também. Faça passeios ao ar livre em família e mostre que pode
existir diversão longe da televisão, tablete e vídeo game;
 Se a criança não quiser fazer esporte, converse com ela e procure
entender o motivo. Muitas vezes, crianças com sobrepeso evitam
atividades por medo de serem ridicularizadas. Um bom diálogo ou até
mesmo acompanhamento psicológico podem ajudar;
 Não submeta a criança a treinos intensos, cujo objetivo é alta rendimento,
caso não seja o desejo dela. Quando o esporte deixa de ser diversão para
se tornar competição, há maior probabilidade de a criança ou adolescente
perder o interesse.
Fonte: www.radardaprimeirainfancia.org.br

A proteção e a promoção da qualidade de vida de crianças e adolescentes


representam desafios, cuja amplitude e complexidade ultrapassam aqueles que as
agências de saúde pública habitualmente solucionam. Este importante segmento da
população é mais vulnerável porque é formado de indivíduos ainda imaturos para
enfrentar sozinhos as exigências do ambiente. Assim como os adultos, crianças e
adolescentes têm necessidades de saúde variável, a depender da qualidade de
interação entre as esferas biológica, psicológica e social, de acordo com a etapa de
desenvolvimento. Ademais, nós sabemos que, apesar de toda a resiliência de que as
crianças são capazes, o comprometimento do seu desenvolvimento normal acarreta
maiores riscos de problemas de saúde, os quais podem ser irreversível, contrário aos
adultos que já se encontram constituído.
A realidade especifica que vivem a infância e adolescência apontam que os
esforços voltados à saúde pública necessitam serem mais eficientes, abrangentes e
criativos. A maioria das ações de saúde pública envolvem práticas voltadas diretamente
aos adultos, com o objetivo de que estes adotem comportamentos saudáveis, em
benefício próprio.
Entretanto, as ações de saúde publicam voltadas à infância e juventudes devem
ser indiretas, necessariamente dirigidas por adultos capazes de proteger e cuidar, não
somente por uma questão legal ou ética, mas, sobretudo por uma questão de garantir a
eficácia e o impacto da ação-intervenção. Isto implica que as adequadas intervenções
em saúde pública devem, inicialmente, convencer os adultos a adotar comportamentos
altruístas em relação à saúde, atitude esta que beneficiará não somente as crianças da
família, como também aquelas da comunidade.
Essas ações apresentam algumas dificuldades na implementação,
especialmente em famílias e comunidades desfavorecidas e onde a empatia e a
sensibilidade do adulto para a criança encontram-se comprometidas. Além das
dificuldades inerentes à implementação de ações voltadas à promoção e proteção da
saúde de crianças e adolescentes (ação indireta), frequentemente, as intervenções de
saúde pública se prestam a compensar as incapacidades do meio ou até mesmo a falta
de comprometimento dos adultos.
Muitas vezes, essas ações são ignoradas e mesmo rejeitadas, por conta da falta
de compreensão, responsabilidade ou esclarecimento destes sobre o seu papel na
formação e desenvolvimento de crianças e adolescentes. Considerando que, neste
contexto, o direito da criança pode causar um conflito, a intervenção de saúde pública
corre o risco de fazer parte de uma controvérsia, o que pode comprometer a inclusão
dos adultos, no processo de proteção à saúde. Felizmente, novos conhecimentos,
ferramentas e experiências são disponíveis, graças à mobilização daqueles que
trabalham na procura de melhorar os mecanismos de proteção, cuidados com a saúde
e integração social desse segmento populacional.
Fonte: www.brasilescola.uol.com.br

A proteção e a qualidade de vida para a infância e a adolescência integram os


princípios fundamentais (de atenção e de direitos), que se encontram legitimados em
documentos históricos, mundialmente consagrados - a Declaração Universal dos
Direitos da Criança (1959) e a Convenção Internacional de Direitos da Criança e
Adolescente.
No Brasil, os direitos fundamentais à infância e adolescência encontram-se
assegurados no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (1990) que constitui uma
avançada legislação, especialmente no que diz respeito à substituição do Código de
Menores, cujos princípios contemplavam medidas de assistência e proteção para os
meninos em situação irregular, abandonados, considerados “menores em risco”.
Segundo os princípios da proteção integral, crianças e adolescentes devem ser
tratados como sujeitos de direitos (cidadãos) e como grupo prioritário, tendo em vista o
estágio de desenvolvimento biopsicossocial, cujas peculiaridades lhes atribuem
necessidades especial e imediato, de acordo com a dinâmica do processo de
maturacional.
Em acordo com esses princípios, profissionais dos diferentes domínios do
conhecimento, como exemplo, na área de saúde, exercem um papel prioritário. Os
problemas econômicos e políticos que dificultam e às vezes inviabilizam diferentes
iniciativas, individuais e de grupos, não devem desmobilizar essas potencialidades, que
representam possibilidades de colocar em prática princípios legalmente assegurados,
assim como cobrar do poder público o cumprimento de políticas contextualizadas, que
favoreçam, efetivamente, um ambiente saudável para o desenvolvimento, a integração
social (familiar e comunitária) e as condições de vida.
Entre os indicadores de desenvolvimento e condições de vida para a infância e
adolescência, destacam-se o Índice de Desenvolvimento Infantil - IDI (UNICEF) e o
Índice de Desenvolvimento Juvenil - IDJ. O IDI é composto pela síntese da qualidade
de vida de 0 a 6 anos, obtido pela combinação de cinco indicadores: proporção de
crianças com mães de escolaridade precária; com pai de escolaridade precária;
cobertura de vacinação (sarampo e DPT); proporção de gestantes com cobertura pré-
natal e escolarização bruta na pré-escola e creche.
À semelhança do índice de Desenvolvimento Humano - IDH (Nações Unidas), o
IDJ (2004) foi um índice proposto para a faixa de 15 a 24 anos, que trata das condições
de vida da juventude no Brasil, composto pelos indicadores de educação
(analfabetismo, escolarização adequada e qualidade do ensino); de saúde (mortalidade
por causas internas e causas violentas) e de renda per capita da família.
A seguir, estaremos abordando alguns aspectos teórico-conceituais
relacionados à temática em questão, os quais integram, efetivamente, o contexto das
ações e intervenções voltadas a melhorar os índices IDI e IDJ, como os aspectos éticos
e confidenciais da atenção à infância e adolescência; as condições favoráveis (fatores
de proteção) ou desfavoráveis (risco) relacionadas à saúde; o papel dos adultos de
referência na formação e no desenvolvimento de crianças e adolescentes e o papel das
redes sociais na promoção e proteção da qualidade de vida para a infância e
adolescência.
Relacionar educação e qualidade de vida nesta virada de século é muito
oportuno, uma vez que o Brasil consta como 69º país na lista do Índice de
Desenvolvimento Humano do Relatório de Desenvolvimento Humano, utilizado pela
ONU para relacionar prosperidade econômica e qualidade de vida da população. Este
índice citado anteriormente utiliza-se de variáveis que medem as realizações do país
em termos de esperança de vida, nível educacional e rendimento real ajustado,
refletindo expectativa de vida, PIB per capita e educação (taxa de alfabetização e
matrícula combinada nos três níveis de ensino).

Fonte: www.i1.wp.com

Os dados de 2001 refletem os problemas que a educação brasileira deverá levar


em consideração ao adentrar o terceiro milênio, paradoxalmente globalizado e virtual. A
tendência da sociedade atual parece conduzir o indivíduo a sua própria
desumanização, na qual o corpo é silenciado enquanto elemento comunicativo, o
movimento livre é condicionado e a vida em coletividade sufoca as atitudes
cooperativas espontâneas, e o exercício da liberdade e da cidadania.
Nesse contexto estão inseridos os adolescentes, cujos interesses e expectativas
encontra-se em constante processo de transição e, contraditoriamente, são permeados
por estereótipos que lhes conferem atitudes socialmente impostas.
Cada sociedade, em cada contexto histórico-cultural, compreende de modo
diferente as etapas da vida humana, definindo a duração delas, suas características e
direitos legais. Ao lado dessa legalidade, que confere aos jovens direitos básicos, como
o de brincar, de praticar esportes, de divertir-se, de expressar opiniões próprias, de
desfrutar de momentos de lazer e de participar da vida política de sua comunidade,
emergem estereótipos, nos quais a sociedade constrói e reforça determinada imagem
para este ser em transição.
É a transitoriedade dessa etapa de vida humana adolescente que parece
justificam tais estereótipos, apoiada numa fragilidade que o caracteriza fora da cadeia
produtiva e como pessoa que ainda não sedimentaram hábitos, atitudes e valores
esperados pela sociedade.
Face ao quadro exposto, o jovem tem buscado alternativas capazes de lhe
conferir condutas carregadas de senso crítico e, ao mesmo tempo, capazes de
exteriorizar suas contribuições para as transformações sociais necessárias. O
adolescente, enquanto sujeito e espectador da sociedade vê no esporte uma dessas
alternativas, na qual tem a possibilidade de exercitar opções qualitativas,
incrementando suas experiências significativas.
O fenômeno esportivo é caracterizado por uma lógica própria, que difere da
lógica social e é percebido diversamente pelos inúmeros segmentos da sociedade. O
adolescente, representando um desses segmentos, é seu desenvolvimento próprio,
com reflexos em seu papel social. Esta é justamente a inquietação geradora desse
estudo que buscou identificar a visão do jovem sobre a prática de atividades esportivas
como mais um elemento pertinente ao espectro de sua qualidade de vida.

Fonte: www.vivomaissaudavel.com.br

Mesmo com a vasta gama de abordagens a respeito da adolescência que, do


latim adolescere, significa crescer, tornar-se jovem, muito ainda há a ser desvendado
sobre essa fase da vida humana. As características do adolescente vêm sendo
pesquisadas desde tempos remotos (470 a.C. - 399 a.C.), ocasião em que Sócrates
(conforme citado por Paulino, 1997) já apontava a rebeldia dos jovens contra as
autoridades e seu desrespeito em relação às pessoas mais velhas, tendendo a
contradizer seus pais e tiranizar seus professores.
Aristóteles também salientou algumas características marcantes nos
adolescentes: a esperança, a valorização dos aspectos da convivência grupal, a
amizade, o companheirismo desinteressado e a veemência com que reagem aos
conflitos. Percebe-se que, em tempos de pós-modernidade, o adolescente conserva
traços semelhantes aqueles da antiguidade: dinamismo, modificações bio-psíquicas
com implicações sociais, conturbação, inquietude e muitos desafios.
O adolescente é definido como: “adrenalina que agita a juventude, tumultua os
pais e os que lidam com ele”, “um atleta que busca o colo dos pais”, “pequeno demais
para as coisas grandes e demais para as pequenas coisas”, ”não se entende com o
próprio corpo”, ”rebeldemente sociável e seguramente instável”.
Todo esse período, associado às experiências vivenciadas no processo de
desenvolvimento, é fortemente marcado por estas diversas alterações, as quais afetam
diretamente e em diferentes níveis os interesses, o comportamento social e a vida
afetiva. Na adolescência há o questionamento, não só do que foi imposto ao
adolescente, mas, também, dele próprio, já que o jovem busca compreender-se,
descobrir sua identidade e, com isto, contesta tudo que o desvia de seu domínio. Marca
esse seu período com muita ansiedade, apreensão, agressividade e muitas dúvidas,
sendo estes reflexos das dúvidas sobre si próprios, sobre seu corpo, do que dizem
sobre ele e do que ele próprio sente e pensa.
Percebe-se, a partir das contribuições aqui expostas, o grau conturbado da
adolescência, seus momentos e desafios. Dentre eles, a necessidade do jovem em ser
singular na diversidade cultural que sugere intensamente padrões de comportamentos
estereotipados. Esses estereótipos, impostos socialmente, parecem capazes, inclusive,
de demarcar as fronteiras entre a infância, a adolescência e a idade adulta,
promovendo ritos de passagem emocionalmente carregados da necessidade de
autoafirmação.
Blos (1985), ao desenvolver estudos psicanalíticos sobre esse período de vida,
alerta para o significado que, na sociedade como um todo, adquire os ritos de iniciação.
Estes ritos são a prova de que há uma reorganização do ego e da libido, oferecendo
parâmetros pelos quais o adolescente pode se nortear.

Fonte: www.sitedemulher.net

Tais ritos mexem com a autoestima do adolescente, promovendo a assimilação


social do indivíduo em maturação. Com esse tipo de reforço ambiental, a clareza e a
coesão, mantenedoras da sua autoimagem, exigem operações de defesa.
É nesse agitado momento que o adolescente intensifica suas dúvidas sobre si
mesmo, sobre o outro e sobre os diferentes encaminhamentos que deve dar às suas
decisões. É, também, sua oportunidade para apoiar-se no grupo de mesma faixa etária,
de modo à auto afirmar-se e identificar-se com seu papel na sociedade. Dolto (conforme
citado por Albertani, 1999) acredita na amizade como forma de superar estas angústias
características do adolescente e de viabilizar a própria vida. Neste pressuposto que
contextualiza a adolescência como um momento de vida especial, acrescem-se fatores
complicadores para o desenvolvimento harmonioso, saudável e íntegro do ser humano.
Entre eles, a invasão tecnológica que automatiza a informação e o seu espectador,
gerando um consumismo negativo, no qual nem sempre as atitudes nela veiculadas
correspondem às reais necessidades, valores e aspirações do jovem. O envolvimento
dos indivíduos com o esporte pode ter consequências benéficas ou não, determinadas
pela forma e atitude desse envolvimento.
No que concerne à forma, pode-se observar aspectos passivos e ativos. A forma
ativa pressupõe a íntima adesão ao processo esportivo, no qual o adolescente
posiciona-se enquanto sujeito singular, buscando ser bem sucedido, ou seja, a busca
pelo superar-se, auto afirmar-se, integrar-se socialmente e aprender a cultura. Na forma
passiva, ao contrário, o jovem assume uma imobilidade que reitera sua incompletude, já
que desconsidera a oportunidade de aprender por experiências ativamente vividas.
Quanto à atitude, esta designa a maneira de serem, os processos ou sistemas
fundamentais, através dos quais o jovem ordena o seu meio e seu comportamento na
base de componentes afetivos e cognitivos. Um dos conceitos que bem esclarece
atitude é o proposto por Allport (1973): um “estado mental e neural de prontidão,
organizado através de experiência”.
Este estado exerce determinada influência sobre as ações do adolescente, frente
às diversas situações cotidianas. O esporte, nesse sentido, pode vir a ser um
coadjuvante importante no favorecimento de formação de atitudes, tanto positivas como
negativas, conforme valores e simbologias impregnados nessa prática. Na atividade
esportiva, os indivíduos têm a oportunidade de minimizar o controle exercido pela
sociedade sobre eles em função de que o esporte se caracteriza por objetivos próprios,
com uma realidade específica, não sendo superado por qualquer outra.
Também há que se diferenciar o fenômeno esportivo enquanto perspectivas de
alto rendimento ou espetáculo e como prática de lazer. No esporte espetáculo há uma
tentativa de se reproduzir, no plano micro, a estrutura global da sociedade, na qual
imperam valores fortemente marcados pela competitividade, agressividade, prestígio
pessoal, político, entre outros. Como prática de lazer, o esporte contempla a
automotivação, colocando o elemento prazer em evidência. Além disso, oportuniza,
pelas vivências lúdicas espontâneas, situações significativas capazes de interferir em
mudanças atitudinais e de condutas.
Huizinga (1993) comenta sobre a conduta lúdica do esporte e afirma que o
mesmo é visto na sociedade moderna como o elemento lúdico mais significativo da
cultura. O autor acrescenta que o jogo se tornou muito sério e sua atmosfera lúdica
desapareceu em maior ou menor grau.
Na ação, quando realizada ludicamente, pode ocorrer o estado de fluxo, o qual,
conforme esclarece Csikszentmihalyi (1992), permite às pessoas experimentarem a
sensação de prazer total, uma vez que estas proporcionam ao indivíduo mais alegria e
satisfação. Ao comentar sobre a importância dos parâmetros lúdicos, da alegria e do
prazer nas atividades e exercícios, Lorenzetto (1991) evidencia a perspectiva do jogo
encontrando um corpo para encarnar-se e tornar-se mais humano e a do corpo que
procura encontrar no jogo a possibilidade de relacionar-se consigo próprio e com o
outro, de conhecer-se melhor, levando à auto realização. Este autor aponta a
competição, a arte e o jogo, como evidências dessa busca de si próprio. A alegria se
revela no entusiasmo do adolescente quando está jogando, na dedicação e esforço que
dispensa na atividade que o conduz à satisfação e à cooperação. Este aspecto relativo
à solidariedade, conforme Seybold (1974), deve ser incrementado a partir do processo
educativo com a finalidade de capacitar a convivência, o trabalho em conjunto,
auxiliando no respeito às individualidades.

Fonte: www.casule.com

Em pesquisas realizadas com jovens alemães, Seybold (1974) salienta que eles
valorizam os esportes assim como o cinema e a televisão, desde que lhes tragam
prazer. Talvez, os indivíduos estejam reencontrando o sentido original do esporte, o
qual vem do latim disportare (i.e., distrair-se, divertir-se). Essa autora afirma que os
exercícios e atividades não adquirem valor pelo que são, mas sim, pelo que trazem,
como o aprimoramento da amizade, a espiritualização do físico e a encarnação do
espiritual.
Neste sentido, propõe que a educação física, atividade com maior teor de
ligação com a temática esportiva, deve aperfeiçoar o jovem a ser humano e não apenas
técnicas de exercício. Se o privilégio recai sobre a super. Valorização do aspecto
técnico, a atividade esportiva passa a exigir dos praticantes condutas altamente
competitivas, as quais o submetem a interesses e regras metódicas rígidas, fazendo
com que o indivíduo busque exceder seus próprios limites.
Essas condutas reforçam os aspectos de agressividade, competitividade
exacerbada, tornando o indivíduo suscetível aos intensos fatores estressantes e que
podem abreviar sua participação nessa atividade, interferindo na qualidade de sua vida.
A atividade esportiva tem na cooperação possibilidades de formação de seres íntegros,
equilibrados, alegres, solidários, criativos, críticos, cientes de suas qualidades e
dificuldades, respeitadores dos menos habilidosos, sensíveis, com identidade pessoal
preservada e cooperativa no coletivo, entre outras.
Na introdução do livro de Brown (1994), Barrera ressalta a subversividade
característica dos jogos cooperativos, os quais permitem emoções positivas no
relacionamento com o outro, sem necessidade de derrotá-lo, ou seja, onde um
somasse ao outro e não o exclui, salientando no jogo o valor da vitória inerente ao
prazer de jogar. O esporte pode fortalecer os laços no grupo, fabricar símbolos, criar
identidade com os outros e formar comunidades.
Nas atividades prazerosas, salientadas por Santin (1998), há uma ação que
parte do corpo para o próprio corpo e o aspecto educacional não está circunscrito aos
domínios da escola. Ao contrário, atividades prazerosas tomam o ser vivo com uma
sabedoria inscrita em si mesmo, permitindo-lhe usufruir a vida e construí-la a partir de
parâmetros qualitativos. “Qualidade, representa o desafio de fazer história humana com
o objetivo de humanizar a realidade e a convivência social. Não se trata apenas de
intervir na natureza e na sociedade, mas de intervir com sentido humano, ou seja,
dentro de valores e fins historicamente considerados desejáveis e necessários,
eticamente sustentáveis. A intensidade não é a força (som intenso, por exemplo), mas
da profundidade, da sensibilidade e da criatividade.”
O importante, então, é a qualidade de vida voltada para a profundidade, para a
perfeição do ser, para o atendimento das reais necessidades humanas e, nesse caso,
do adolescente enquanto sujeito construtor de sua própria vida. Definir qualidade de
vida não é tarefa simples, dada a complexidade da abrangência dessa expressão.
Rittner (1994) define qualidade de vida como um processo de busca de vivência plena,
de desenvolvimento de potencialidades e evidencia o compromisso de otimização da
condição humana em busca do que denomina ecologia interior. Torna-se instigante,
pelo exposto, investigar como o adolescente nesta sociedade percebe as relações entre
sua condição adolescente e o papel do esporte no âmbito de sua qualidade de vida.

Fonte: www.aprender.buzzero.com

Os educadores devem mediar nesse processo a introjeção de princípios


fundamentais à vida em sociedade, tais como a participação crítica, a solidariedade, o
respeito mútuo, a igualdade, a cooperação, entre outros, tornando possível o
desenvolvimento global dos educandos por meio da intervenção ética e competente nos
espaços formais e informais. Estes princípios fundamentais, os quais dão sustentação e
humanizam a estrutura social, podem ser representados simbolicamente durante as
atividades em grupo, uma das características marcantes do adolescente, principalmente
quando o elemento de coesão de seus membros é o esporte.
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