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Modelos Sistémicos
Enquadramento Teórico | Principais conceitos
A teoria geral dos sistemas, a cibernética e a teoria da comunicação são vistos como os pilares da emergência dos
modelos sistémicos.
Teoria Geral do Sistemas (Von Berttalanffy) – os organismos vivos são sistemas abertos;
Os sistemas abertos apresentam uma dinâmica contínua de trocas com o meio ambiente.
Foco no organismo caracterizado por uma organização e integração complexa e com funções fisiológicas;
O todo determinada as características e funções das partes;
Importância dos mecanismos de autorregulação – K é um sistema orgânico;
O indivíduo em interação com o meio, o indivíduo Ex: a forma como se lida com a adolescência vai mudando ao
como sistema aberto; longo dos anos.
A natureza bidirecional das relações entre um organismo
vivo e um contexto ativo.
Perspetiva contextualista: o significado do K varia de contexto para contexto – importam as dimensões sócio
– históricas – ciclo de influências de vários contextos.
Perspetiva do ciclo de vida (perspetiva desenvolvimental ao longo da vida) – o ser humano está em
permanente transformação ao longo de toda a vida – desenvolvimento psicológico.
Perspetiva Ecológica e Modelo Ecológico (Bronfenbrenner) – Ex: influencia do contexto escolar (sala de aula)
no bem-estar, motivação e aprendizagem dos alunos
Mudança Paradigmática
A perspetiva interpessoal – Olhamos para a pessoa, para o seu contexto e para a sua influência mútua.
Exame Modelos Sistémicos e Narrativos | Isabel Castro
Exame Modelos Sistémicos e Narrativos | Isabel Castro
Teoria Geral do Sistemas:
Sistema tem estas dimensões:
“Uma totalidade de elementos ligados por um conjunto de relações” – como um todo e interrelação;
“Uma totalidade organizadora, feita de elementos solidários, só podendo ser definidos numa relação com
o outro em função do seu lugar nessa totalidade” – Estrutura;
”Um conjunto de elementos em interação dinâmica, organizados em função da funcionalidade” –
Complementaridade;
Sistema composto por sistemas distintos e diversas relações - Complexidade
Auto-organização adaptativa
A direção da mudança visa sempre o melhor funcionamento face às circunstâncias;
Hierarquia
Os sistemas desenvolvem-se em ordem a uma estrutura hierárquica cada vez mais complexa;
Movimento dialético
As mudanças que o organismo opera no ambiente criam novas situações adaptativas que por sua vez vão exigir
novas mudanças no organismo;
Contextualismo
Cada sistema existe no contexto de uma hierarquia de interações e interações entre ambientes.
FAMÍLIA
Teoria dos sistemas, cibernética e terapia familiar
1.A família é um sistema em que o todo não corresponde à soma das partes;
2.O seu funcionamento é regulado por regras gerais em que os mecanismos de feedback entre as partes do sistema
são importantes – têm impacto uns nos outros – Cada ciclo retorna a uma posição diferente;
(ex: existem regras no sistema familiar, mas a opinião de cada elemento constituinte é importante e pode traduzir-se
em mudanças nessas mesas regras ou nesse mesmo sistema).
Genograma: Fornece informações acerca das hierarquias, organização, funções, competências, complementaridade
e estrutura que está inerente a cada sistema.
Família = Sistema Aberto
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3.Fronteiras permeáveis, verificando-se que, por vezes, o “material” pode passar num sentido mas não no outro –
Função protetora vs ameaçadora
Se abrir demasiado o sistema, pode comprometer a sua identidade; (demasiada gente = não parece uma família)
Se fechar demasiado o sistema, pode não permite que se desenvolva. (sistema muito fechado = pouca interação
com elementos externos = ex: crianças não se desenvolvem)
4.Os sistemas tendem a alcançar estados de relativa mas não de total estabilidade, dado que estão sempre em
movimento/ dinâmica permanente.
5.Valorização dos processos de causalidade circular como base de compreensão dos processos que ocorrem nas
famílias.
Ex: um aluno recebe mais do professor quanto mais pede dele, assim o professor dá mais conforme o aluno
pede.
Efeito sistémico: mudança de um componente inevitável é associada a mudanças de outros componentes e da sua
relação.
COMUNICAÇÃO:
Jay Haley
Resposta origina reação;
Falta de resposta origina perda de potencial de amor.
Bateson
Mistura de ideias cibernéticas sobre a comunicação e padrões de interação;
Exploração das relações entre as partes que integram o todo;
A psicopatologia emerge da comunicação parental disfuncional.
Don Jackson
Estudou a possibilidade de ligação entre a comunicação patológica e o relacionamento interpessoal.
Murray Bowen
Faz referência à diferenciação;
Impacto da transgeracionalidade;
Concetualização da família como unidade emocional, uma rede de relacionamentos interligados dentro de um
quadro multigeracional ou histórico.
Minuchin
Comportamentos delinquentes nos jovens;
Família como sistema – importante estrutura familiar.
Com isto, podemos concluir que a Perspetiva Sistémica traz também uma visão diferente relativamente ao modo
como vemos a psicopatologia.
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Teoria da Comunicação
A comunicação digital diz respeito ao uso do código verbal (palavras que se ordenam de forma a formar um
significado);
A comunicação analógica é o uso do código não-verbal (expressões faciais, gestos, tom de voz, etc.);
A comunicação paradoxal: “vou fazer-te uma visita surpresa esta noite” – (já não é surpresa);
Não é só a comunicação que promove relações mas sim é a comunicação que está nas relações.
Da perspetiva da família como um sistema (assente nos referenciais concetuais da teoria geral dos sistemas,
cibernética e da comunicação) decorre:
Uma alteração no modo como problematiza os problemas dos indivíduos e no modo como perspetivamos a
mudança;
A consolidação da visão da família como sistema autónomo capaz de se auto-organizar e de uma lógica
interna, contudo, em interação com o meio num processo de co-evolução;
A dinâmica do sistema familiar enquanto sistema aberto e capaz de auto-organização é caracterizada pela
causalidade e pela recursividade da dinâmica internacional.
Necessidade de equilibrar o
subsistema parental com o
conjugal.
Desenvolvimento Familiar
Diferenciação estrutural: decorre da mudança e organização dos elementos pertencentes aos vários
subsistemas;
Conjugação interacional: como me relaciono com os diferentes elementos – os padrões de interação vão-se
alterando e ajustando às mudanças desenvolvimentais dos diferentes elementos;
Dinâmicas funcionais: diferentes funções para diferentes elementos; as funções têm de ser bem
diferenciadas e bem establecidas;
Ex: Um filho pede um gelado à mãe; a mãe diz para falar com o pai; o filho acha que a mão não
tem autoridade no assunto.
Eixo sincrónico – “foto” da família num momento exato/atual (espaço) – aqui e agora;
Eixo diacrónico – história da família (tempo) – contínuo, enquadramento histórico.
Os dois eixos cruzam-se;
Não podemos apenas olhar para um quadro presente, temos também de olhar para um eixo diacrónico para
integrar as situações e conseguir entendê-las;
O eixo sincrónico é algo que está sempre em transformação – as mudanças, adaptações e ajustamentos
constantes.
Família como um sistema aberto em interação com outros sistemas (modelo ecológico) = dinâmica permanente.
Funções da família =
proteção, económica,
educação, socialização, amor,
identidade.
Perspetiva Estrutural
É valorizada a organização em subsistemas, que obedecem a determinada hierarquização sistémica, definição de
fronteiras, e que pressupõem diferenciação e determinada distribuição de papéis, funções e tarefas;
Aspetos do seu funcionamento (regras que regulam as transações, coligações (de duas pessoas contra uma
terceira/triangulação (situação problemática)) e alianças, exercício do poder, definição de papeis,
flexibilidade/rigidez, escassez/riqueza de funções).
Perspetiva Construtivista
Com a segunda cibernética o observador é incluído no sistema;
Enfatiza-se a reflexividade e auto-referência;
Ênfase na auto-organização dos sistemas (autopoiéticos) considerados como entidades autónomas e
operacionalmente. O fator acaso e a imprevisibilidade assim como a irreversibilidade são introduzidos no processo;
Irreversibilidade está sempre presente nos sistemas e nas relações que se estabelecem – os sistemas humanos
redefinem-se como sendo geradores de significado, através de ações comunicativas;
Os sistemas humanos redefinem-se como geradores de significados através de ações comunicativas;
Influências recíprocas.
É necessário perceber que recursos a família dispõe para lidar com as situações (stressantes).
Todas as famílias precisam de recursos e capacidades para evitar situações de crise:
Competências de cada elemento (físicas, sociais, psicológicas)
Rede social (isolamento, não ter amigos)
Recursos económicos (emprego)
Apoios da sociedade (suporte para resposta a situações de crise – subsídios)
Recursos da comunidade (hospitais, escolas próximas)
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Dimensões nos processos de resiliência familiar:
Sistema de crenças familiares – construção de significado na adversidade, perspetiva positiva, transcendência e
espiritualidade;
Padrão de organização – flexibilidade, conexão, orientação no sentido de construção da segurança económica,
capacidade na mobilidade de recursos;
Comunicação/Resolução de problemas – clareza, abertura na expressa emocional, resolução de problemas
participada.
O que significa que o sistema/situação familiar está bem?
Fornecer um senso de pertença e significado;
Providenciar apoio económico;
Educação e socialização para todos os membros;
Proteção dos membros mais vulneráveis da família.
Admiração – Os membros da família exprimem admiração reciprocamente. Cada elemento é valorizado pelo
seu contributo na vida familiar.
Comunicação - Nas famílias consideradas fortes, os seus elementos despendem algum tempo para dialogar
frequentemente sobre pequenas coisas, pelo prazer de conversar e não apenas para resolver problemas.
Os membros da família sabem escutar e estão interessados em ouvir os restantes.
A comunicação é predominantemente calorosa e honesta – evitam o criticismo e sarcasmo.
Despendem tempo juntos – Nas refeições, nas atividades de lazer, em atividades religiosas e em eventos
(ferias, aniversários).
Apresentam bem-estar espiritual – otimismo e esperança, sistema de valores éticos bem definidos;
Reconhecimento de uma rede de suporte de natureza religiosa ou não.
Capacidade para lidar com a crise e o stress de forma construtiva e criativa, identificando os seus recursos,
mantendo uma visão “alargada”.
Na consulta de psicologia, a nossa abordagem não fica cingida indivíduo mas sim percorre o sistema familiar.
Enquanto psicóloga:
Dar oportunidade para todos os membros darem o seu ponto de vista;
Não interpolar o membro mais novo;
Perceber as expectativas de cada um (fazer circular a informação).
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Modelo Ecológico do Desenvolvimento Humano – Bronfenbrenner
o Sistemas que influenciam os indivíduos.
o Importância dada ao mesossistema
o Ligação dos sistemas entre si (trabalho - família)
o Contexto escolar realça esta importância (reuniões com encarregado de educação) – pois é
na escola que o individuo passa mais tempo – contexto social e cultural.
Possui uma história, organização estrutural, hierarquia, regulado por regras, configurando padrões de relação e
comunicacionais;
Sistema aberto interativo.
(Enquanto pai não podemos escolher o que é ensinado na escola: isto reflete o poder da escola);
Sobrevaloriza o individuo/realidade interna e contextos que o rodeiam/influenciam (não apenas o individuo).
Necessidade de contextualizar, de privilegiar uma analise global, holística e não fragmentado, de encontrar um
sentido;
O valor comunicacional do contexto (estrutura, hierarquia…)
Caráter regulador, simbólico, adaptativo, uniformizante dos sinais, problemas, disfuncionamentos…
Necessidade de considerar a criança numa perspetiva global considerando aspetos sociológicos, pedagógicos e
culturais e não apenas nos cognitivos e psicológicos, focando exclusivamente o processo ensino - aprendizagem.
Importância da especificidade dos grupos sociais presentes – os códigos de comunicação (escola – família; escola –
pares).
Importa percebermos onde começa a história, qual o ponto pelo qual comecei, de modo a tornar a informação
congruente Auto e heterorreferente.
Ex: A única historia que tinha da família do João era a pobreza (era o que a mãe dele contava)
Isto gera estereótipos: não conhecia mais nada da sua realidade até ao momento de conhecer a sua família e
perceber que a sua realidade não era apenas essa.
A revisão da própria identidade é estabelecida na relação com os outros;
A construção da identidade é feita narrativamente (não só relacionalmente).
Modernismo:
Perspetiva racionalista e positivista da Psicologia;
Abordagem empírica independente de valores ideológicos e culturais;
A realidade existe enquanto realidade intrínseca ao individuo = Realidade objetiva, externa (interna se tiver
psicopatologia) e estável.
Realismo:
Essencialismo;
Realidade interna e inequívoca = Psicopatologia.
A conceção do realismo organiza-se dentro de 3 vetores:
Identidade: algo que existe e pode ser observado;
Psicopatologia: algo real que pode ser quantificado, observado e mensurável;
Psicoterapia.
Estas conceções têm implicações no modo como me posiciono enquanto psicoterapeuta (psicopatologia como
algo disfuncional).
Realidade objetiva, externa e estável.
A estabilidade e objetividade decorrem da conceção de que o indivíduo é um ser isolado; é uma unidade que existe
para além e independentemente do contexto;
Se o indivíduo também existe para além do contexto, as assunções que (por exemplo) o psicoterapeuta segue são
universais.
Daí falarmos de uma evidência de uma visão positivista: objetividade deste modelo realidade mensurável.
Compreendendo a realidade dos aspetos para termos capacidade de agir sobre eles.
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Pós-Modernismo:
Antítese do modernismo;
Postula que a estabilidade da psicopatologia deve ser colocada em causa A realidade por si só atenta num
processo comunicacional, de construção de significado, que é culturalmente contextualizado, sendo por isso diverso
e múltiplo.
O conhecimento deve ser visto como algo que é culturalmente contextualizado Conhecimento construído numa
comunidade conversacional, culturalmente contextualizada.
A centração no caráter imprevisível e incerto da realidade externa e na experiência intersubjetiva do indivíduo dessa
realidade em mutação faz emergir a multipotencialidade da experiência de uma realidade múltipla podemos
experienciar vários tipos de realidades.
1.Veracidade Vs. Poder Social – as histórias exercem poder social não limitando a sua veracidade;
O que se escolhe contar sobre algo ou sobre alguém tem como objetivo ser orientador Exerce poder sobre aquilo
que é a realidade.
Grelha da compreensão da vida pessoal e do controlo social “verdadeiro” cujo efeito é a sua manutenção.
o Linguagem para os positivistas: reflexão/expressão do real;
o Linguagem para os construtivistas: constituição do real (cria a realidade)
2.O significado não se constrói individualmente lógica relacional da construção do significado sequência
linguística;
A construção de significado como o “re-arranjar das “vozes” presentes no espaço social” dos indivíduos ou de
procurar trazer novas vozes para o diálogo, de modo a construir uma visão de si (e da realidade) mas de acordo com
os seus objetivos.
Para contar uma história é preciso que o interlocutor tenha um determinado conjunto de características
(consoante a nossa história);
Ao longo do relato estão presentes sentimentos;
Não podemos narrar sem recorrer à linguagem – marcador da relação;
Todas as histórias têm um objetivo;
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NARRAR
Criação de uma dada representação;
Assenta no princípio da coerência/incoerência da história;
Implica recordar a história (não reviver);
A coerência é um sustento de uma história que fica assim validade episodicamente.
Quando contamos a nossa história a alguém, ela deixa de ser apenas nossa (individual) e passa a ser “pública”.
Alguém nos conta uma história – nós somos o interlocutor dessa história.
Para podermos contar essa mesma história a alguém, temos de recorrer à nossa memória autobiográfica
(momento em que nos contaram a historia) historia/evento já está na nossa biografia, logo tbm é nossa.
Construção Identitária!
Na construção relacional de significado ocorre também a construção identitária!
Não podemos recordar algo que de alguma forma não nos tenha ocorrido ou não tenha sido contado.
Ao narrar historias, narramos histórias integradas de forma coerente (processo condicionado e de revisão
continuada).
Revisão identitária: quando narro uma história minha, tenho de me rever naquele momento.
Em qualquer processo de construção narrativa, há necessidade de seleção de informação (tópico e qualificação
do mesmo).
Esta seleção é sempre realizada pelo próprio, uma seleção motivacionalmente orientada, visando cumprir dados
objetivos específicos, o que, conduzirá, em possíveis momentos, à narração de histórias que do ponto de vista
identitário são diversas.
Características do ponto de vista emocional de uma historia têm tonalidade positiva e/ou negativa.
A seleção que fazemos das histórias é realizada motivacionalmente.
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Ao narrarmos histórias que validam um dado “eu”, estamos perante um “eu” preferencial;
Estamos a gerar emoções com as historias narradas e a “desselecionar” historias que não são referenciais.
O que faz com que crie a realidade do ponto de vista identitário, implicando uma trajetória (componentes entre si)
coerente poder constitutivo da linguagem atribuir significado à história.
(Se trocarmos de historia, o significado que vou atribuir vai
ser diferente de pessoa para pessoa)
Ao considerar um significado, estou não só a selecionar a narrativa (desseleccionando outras), como também a
selecionar e atribuir o próprio significado.
Narrativas orientadas tal como condensação de significado = condensar implica selecionar, como componente
motivacional.
Validação individual
A validação individual implica a seleção de narrativas emocionais e a seleção de significado, sendo aquilo que
escolhemos ser.
O potencial de mudança ocorre também, desta forma, de modo narrativo ou iminentemente narrativamente.
Slowen (1996) postula que a psicologização da sociedade é a alegria. Os objetivos psicológicos da sua essência são
atribuídos na medida em que esta definição constitui-se para este autor como cariz dos problemas psicológicos.
A definição de nós é mutável de tal forma que aquilo que identificamos como características antagónicas
que são características que fazemos emergir da nossa história = a definição de “si” é necessariamente
incompleta.
A ideia de que as pessoas devem conhecer-se de modo a anteciparem o seu K (capaz de se autorregularem), assenta
no posicionamento do ponto de vista epistemológico - MODERNISMO
Psicopatologia – Estudo cientifico das perturbações mentais – estudo científico das construções (Rover, 1985)
(construção da realidade física).
Para (Georgga), o exercício/conhecimento em torno da psicopatologia (teórico e prático) do processo de construção
de contingência.
Pelo desenraizamento dos constructos de uma forma cientifica de critérios de diagnóstico que permitem o
estabelecimento do diagnóstico.
Enquadramento Epistemológico:
Identidade
o Linguagem constrói-se socialmente;
o O eu é construído relacionalmente;
Ex: O que é ser mulher nos anos 70 é diferente do que é agora – implicações da construção do eu em
função do contexto.
o Psicopatologia enquanto entidade é questionável – a forma como o indivíduo com a psicopatologia assume-
se como indivíduo é mutuamente influenciável.
Psicoterapia:
Tratamento psicológico;
Adaptação de modelos de intervenção;
Dirigido à satisfação de objetivos do cliente e do terapeuta.
(não utilizar a terminologia “paciente” mas sim “cliente”: não está incorreto, utiliza-se das duas formas, no entanto,
nos modelos narrativos utiliza-se apenas “cliente”, dado que a terminologia “paciente” pode contribuir para o
individuo aumentar ainda mais o seu sofrimento/ significa que o individuo tem obrigatoriamente uma doença)
Cliente = utiliza-se pela necessidade de diferenciar o indivíduo do problema (psicólogo presta um serviço ao cliente).
Nestes processos de psicoterapia, faz todo o sentido falarmos da relação terapêutica que tem inerente a
comunicação:
Processo que envolve obrigatoriamente o terapeuta e o cliente – relação terapêutica – implica
obrigatoriamente a comunicação;
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Processo terapêutico assenta na linguagem;
A linguagem ao constituir-se como dispositivo da experiencia, portanto, a psicoterapia assume-se como
contexto de redefinição da experiencia.
Estas 3 linhas permitem o ciclo terapêutico como constructo gerador ou não de mudança Promotor ou não de
diversidade A relação terapêutica postula condições necessárias para a mudança, no entanto, não são suficientes.
A mudança dá-se não só pela relação terapêutica mas também pelas competências do terapeuta Mudança dá-se
no contexto relacional no qual o terapeuta deve ser competente.
“O que é que a culpa faz sentir?” – algo exterior é passível de ser desafiado, ao contrario de “o que pensa quando se
sente culpa ou o que isso implica ou impede de fazer/sentir?” – mais interno – estabelecimento de uma relação
diferente com o problema.
Enquadramento discursivo do problema passa por compreender quais são os dispositivos discursivos/ narrativas do
contexto que mantêm e alimentam o problema.
Ex: Entre marido e mulher não se mete a colher Mantém-se o problema por alimentar esta frase ou como
“és sempre a mesma coisa”, “o que andas a fazer no psicólogo? tu não mudas” Ao tentar compreender os
discursos desta rede conseguimos entender o papel que têm na relação com o problema.
As narrativas protótipo são criadas na fase da recordação e vão sendo complexificadas.
Objetivamos e subjetivamos nessas 2 fases e, posteriormente há a transição deste para metaforização.
Sendo esta a narrativa preferencial. Sendo ela inicialmente parca porque desconsidera dimensões do ponto
de vista cognitivo que o individuo não integrou.
Este modelo é complexo e implica psicoterapia longa (na opinião da professora).
Proposta de Peritover:
1. Quais as estratégias na relação do problema com a pessoa;
2. Reconstrução (alternativas ao problema);
3. Solidificação (prática e validação social).
A Recordação como processo que envolve seleção de experiências, que sendo autoreferentes, são comunicadas
linguisticamente. Este processo de recordação envolve e permite a construção de significados alternativos.
Essencialmente, este momento é dirigido á dimensão ao nível da estrutura da narrativa (coerência da narrativa).
Processo evocativo e construtivo. Deste ponto de vista, apelamos à relação entre memória semântica e memória
episódica.
Estes 3 elementos permitem a elaboração (resultado desta fase que é a recordação) de narrativas protótipo. Estas
são condensações de significado que caracterizam a experiencia na pessoa.
Narrativas protótipo da depressão – Ângela Maia (indivíduos com quadros depressivos…)
Na fase da objetivação, aquilo que se faz é explorar dados da experiencia que não tenham sido ate ao momento
valorizados (não contemplados pelo cliente).
Este processo é refeito nas narrativas diárias e na narrativa protótipo – atentar aos elementos que fazem parte da
experiencia e que na narrativa tendem a ser desconsiderados – estes elementos de cariz essencial dão complexidade
Á experiência/ dar significado per se/viabilizar a impressão (algo que ocorrerá de modo particular na fase seguinte
que é a subjetivação)
A subjetivação tem cariz cognitivo (atribuição de novo significado) – nas narrativas diárias e nas narrativas protótipo.
Fase de metaforização – transitar da narrativa protótipo para a construção de uma metáfora (narrativa preferencial)
Ao longo do processo de metaforização e projeção, permite a derivação de multiplicidade (introduzir/criar uma nova
narrativa – alternativa a narrativa protótipo)
Na fase da projeção: construção intencional de narrativas (não numa lógica de construção mas modos alternativos
de significado) – de modo a enraizar a metáfora alternativa;
Identificando elementos da historia relacional;
Projeção de narrativas alternativas e consequentemente consolidação (daquela que é a experiencia do sujeito).
Após a implementação da narrativa alternativa, espera-se que se criem novas narrativas dirigidas a multiplicidade
(não se cristalize).
Este modelo de elevada complexidade, tipicamente obriga a um processo psicoterapeuta mais longo.
Estes dois modelos têm em comum o paradigma (partilha total do racional), o processo terapêutico é sempre
dirigido à elaboração de narrativas alternativas e atribuição de significado.
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Os 2 modelos (reautoria e processo terapêutico) têm em comum:
O racional;
Todo o processo dirigido à elaboração de narrativas alternativas ou criação de significado
independentemente das especificidades do processo.
“Especialização” do self:
O self é constituído por “esses diálogos que ocorrem entre uma parte do self e outra parte do self: o self imaginado
em diferentes tempos, em diferentes espaços, ou tomando diferentes perspetivas narrativas.
Ao pensar, por outras palavras, estamos sempre a dizer ou a mostrar algo a nos próprios = fazemos isto pela
natureza inerentemente social da nossa experiencia que nos leva a criar múltiplas perspetivas. “
Síntese daquela que é concetualização do que é identidade segundo os modelos narrativos – o self existe
num contexto, assim como a narrativa tbm esta inscrita num contexto – aquele que é o processo de
identificação das valorações (enquanto unidades de significado) são sempre referentes ao self/ao próprio.
Para Hermans, que questões devem ser colocadas para gerar valorações?
Questões organizadas em 3 momentos: passado, presente e futuro.
o Passado: rever aspetos que tenham sido relevantes para si (apelar à memoria de acontecimentos
passados que continuem a exercer influencia sobre si);
o Presente: equivalente
o Futuro: equivalente projetando para o futuro (algo que ira ter influencia na vida futura)
Aqui estamos a apelar ao processo narrativo sobre experiências relevantes, a partir das quais podem ser
identificadas as valorações.
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Construídas as valorações, elas são avaliadas:
Avaliação em 16 emoções: alegria, auto estima, felicidade, força, satisfação, amor, intimidade, desespero,
calma interior…….. – Para cada uma delas (emoções), o sujeito vai atribuir cotações (ex: quanto é que o inicio
da sua relação com o seu marido esta associado à alegria?) – cotação quantitativa que permite a
transposição para emoções de cariz neutro, positivo ou negativo; referentes ao self (auto-estima) ou
referentes ao outro (amor). – Fazemos isto em relação ao passado, ao presente e ao futuro – permite-nos
identificar índices referentes ao self ou ao outro, à emocionalidade positiva ou negativa – a partir daqui
conseguimos proceder à intervenção: devolver ao cliente a informação para que ele se posicione sobre os
objetivos (o que quer para consigo e para com os outros – que valências devem ser construídas)
O papel do terapeuta é menos influenciador do que acontece no modelo cognitivo narrativo (as valorações são
identificadas pelo próprio sujeito, assim como é este que as classifica) – papel ativo do cliente (autoconfrontação)
Para o processo de intervenção devem estar incluídos elementos do ponto de vista narrativo e experiencial.