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SLIDE 5 - MATRIZ FUNCIONALISTA E ORGANICISTA

MATRIZES CIENTIFICISTAS

● MATRIZ NOMOTÉTICA E QUANTIFICADORA


● MATRIZ ATOMICISTA E MECANICISTA
● MATRIZ FUNCIONALISTA E ORGANICISTA

MATRIZ FUNCIONALISTA SUB-MATRIZES

● AMBIENTALISTA
● NATIVISTA

Caracteriza-se por uma noção de causalidade funcional recuperando a velha


noção de causa final de Aristóteles.

Os fenômenos vitais são explicados em termos de sua funcionalidade, dos


seus propósitos objetivos.

Encontramos uma causalidade circular em que um efeito também é causa de


sua causa e uma causa é efeito de seu efeito.

A funcionalidade de um órgão, de um mecanismo, de um processo fisiológico,


de um comportamento, etc remete ao todo de que faz parte e se define
apenas no contexto da interdependência de suas partes.

É o organismo, a sobrevivência e reprodução, que confere significado a cada


um dos fenômenos vitais.

Outro fenômeno levado em conta pelo funcionalismo são os processos


temporais.

Os seres vivos têm uma história: uma óbvia e visível, a o desenvolvimento – e


a outra – que se impõe como exigência da inteligibilidade científica – a da
evolução.

Diante da necessidade de explicação da temporalidade dos seres vivos a


matriz funcionalista e organicista se subdividirá em sub matriz ambientalista e
submatriz nativista.
A submatriz ambientalista enfatizará o controle do desenvolvimento da função
pelas sua consequências adaptativas imediatas.

A submatriz nativista enfatizará a natureza biologicamente herdada das


funções adaptativas (mediado pela reprodução)

*O funcionalismo organicista resgatou as noções de valor e significado


aplicado apenas a realidades dotadas de estrutura e intenção como na
interação adaptativa.

Este estruturalismo biológico está fundado na ideia de complementaridade


entre partes do sistema.

Neste sistema o conflito caracterizaria uma disfunção patológica.

Esta concepção que provavelmente é verdadeira para a biologia, traz para a


psicologia, a dimensão ética do comportamento reduzido a técnica de
sobrevivência.

No lugar de bem e mal, justo e injusto – que orienta o enfrentamento moral


dos conflitos sem a intenção de anulá-los – aparecem as noções pragmáticas
de conveniência e adequação.

Diante do conflito, uma técnica de sobrevivência é conveniente e adequada


se elimina ou reduz o conflito, restabelecendo a harmonia e a
complementaridade, o equilíbrio.

Matriz Funcionalista e Organicista na Psicologia Americana

Três fenômenos sempre encontraram resistências na matriz mecanicista e


atomicista.

● A reprodução
● O desenvolvimento
● A autoconservação. (fenômenos vitais).
Explicações

Anatomia comparada (Curvier) imagem dos seres vivos como estruturas


hierarquizadas e funcionais proporcionando aos indivíduos de cada espécie
uma adaptação ótima.

A fisiologia dos mecanismos de auto-regulação (Claude Bernard) –


mecanismos responsáveis pela manutenção da vida diante das modificações
ambientais – autoconservação.

A biologia evolucionista se manifesta por duas vertentes:

Lamarck: mudanças no ambiente criam necessidades que levam o animal a


desenvolver novos hábitos intensificando o uso ou o desuso de órgãos,
desenvolvendo-os ou atrofiando-os.

Darwin: seleção natural exercida sobre as variações geradas ao nível da


reprodução biológica. A adaptação nesta perspectiva comprovada por Mendel
– não gera o idêntico, mas o semelhante – se funda na competição por fontes
de nutrientes, por territórios propícios a autodefesa e por parceiros sexuais.

Os indivíduos mais bem equipados deixarão maior progênise.

Ou seja, sobreviverão os indivíduos cujos traços morfológicos e


comportamentais estejam organizados na forma mais funcional.

Todas essas explicações se assentam sobre o conceito de adaptação. (Qual


a função de um fenômeno fisiológico ou comportamental? Esta está a serviço
do que?)

Funcionalismo na Psicologia

Plano Ontológico – toda psicologia que se pretende uma ciência natural


adota o modelo instrumentalista dos fenômenos mentais e comportamentais:
percepção, memória, pensamento, afetividade, motivação, aprendizagem etc.
são concebidos como processos orientados para a adaptação.

Plano Metodológico – o conhecimento passa a ser produzido a partir de


análises funcionais, estruturais e genéticas.
Movimento da Psicologia Funcional

Final do século XIX e início do século XX – J. Dewey (1859-1952), J. Angell


(1869-1949), J.M. Baldwin 1861-1934) e o grande precursor William James
(1842-1910)

Psicologia Comparativa

● Thorndike (1874-1949)
● Jennings (1868-1947) – o pano de fundo é a hipótese da continuidade
evolutiva de Darwin.

Jennings: “Dos organismos mais baixos até o homem o comportamento tem


um aspecto essencialmente regulador e o que denominamos inteligência nos
animais superiores é um desenvolvimento das mesmas leis que dão ao
comportamento dos protozoários o seu caráter regulador”

Ensaio e erro – o evolucionismo é mimetizado no modelo do ensaio e erro. O


ensaios bem-sucedidos mantêm-se, os fracassados desaparecem.

A ênfase na consequência adaptativa do comportamento instrumental


expressa no nome da principal lei da aprendizagem de Thorndike: Lei do
efeito.

Lei: Das várias respostas a uma situação, as que forem acompanhadas ou


seguidas de perto pela satisfação do animal ficarão mais firmemente
conectadas à situação, de forma que, quando a situação retorna, aquelas
respostas terão mais probabilidade de ocorrer.

Dessa perspectiva, a aprendizagem se torna fundamentalmente um processo


de eliminação de erros.
Os Behaviorismos

EUA – início do século XX.


Positivismo – condena toda pretensão de ir além do observável e da
elaboração de leis empíricas (pragmatismo – conhecimento instrumental)

Positivismo e pragmatismo – ataque a introspecção e a vida interior –


Watson (1878-1958)

Objeto da psicologia – comportamento do organismo, estudo das formas


adaptativas (instintos e hábitos)

Comportamentos analisados na forma de estímulo-resposta

Behaviorismo de Tolman (1886-1959) – rigor metodológico e prática da


experimentação.

Behaviorismo de Skinner (1904-1990) - solução mais original entre os


behavioristas batizada por ele de Behaviorismo Radical assentada sobre o
conceito de operante.

O operante é uma classe de respostas definida pelas relações funcionais do


comportamento com suas consequências com o estado de motivação e com
as condições ambientais presentes no momento em que a resposta ocorre.

O comportamento operante é emitido pelo organismo (voluntário), e não


eliciado por um estímulo externo como acontece no comportamento reflexo
(Watson).

Skinner rompe com o mecanicismo associacionista de Thorndike, com o


estruturalismo cognitivista de Tolman ao enfocar a estrutura das atividades
instrumentais do sujeito que chamou de contingência tríplice: estímulo
discriminativo – resposta instrumental – consequência reforçada.
SLIDE 6 - MATRIZ ORGANICISTA E FUNCIONALISTA NA PSICOLOGIA
EUROPEIA

Etologia Comparada – desenvolvida na década de 30 por Lorenz


(1903-1989) e continuada por Tinbergen (1907-1988)

Durante muito tempo apresentou-se como o estudo dos instintos

Tinbergen – “ Ao enfrentar nosso problema comecemos com observáveis –


isto é, com o comportamento.

Mas ao invés de estudar suas causas, estudaremos seus efeitos...O que


perguntaremos é simplesmente: o animal seria menos bem-sucedido se não
possuísse este comportamento?...como contribui para a sua sobrevivência”.

Funcionalismo na Psicanálise Freudiana

A obra de Freud é tributária de diversas tradições

Há tradições filosóficas; filológicas; teológicas e místicas e científicas: “A


psicanálise é uma ciência natural – o que mais poderia ser?” (Texto de 1925).

“Freud explica” é o retrato caricatural do determinismo absoluto de Freud.


Nada ocorre ao acaso. Todos os fenômenos psíquicos estão
inter-relacionados,
e o indivíduo é um todo cujas partes são indissociáveis – nenhuma se
esclarece sem
que se estabeleçam suas relações com o conjunto.

Não se elimina a ideia de um determinismo mecanicista, mas o determinismo


freudiano é funcionalista.

A explicação dos fenômenos psíquicos responde a seguinte questão: “para


que serve?”

Tudo tem uma função, tudo tem um sentido. Todas as manifestações


psíquicas e comportamentais “são elevadas ao nível de ato psíquico que tem
um sentido, uma intenção e um lugar na vida psíquica do indivíduo e se
coloca acima da aparência de estranheza, incoerência e absurdo”.
Um esquecimento, uma troca de palavras, uma pequena e inconsequente
mania, um sonho e um sintoma neurótico não tem nada de casuais e
possuem um sentido a ser decifrado, uma função na dinâmica da
personalidade.

Todos esses fenômenos psíquicos estão a serviço de intenções determinadas


que, devido à situação psicológica momentânea, não podem se exprimir de
outra forma.

Mesmo aonde os eventos parecem seguir uma causalidade mecânica ou


ocorrer aletoriamente, se impõe uma tarefa interpretativa de decifração de
sentidos e uma identificação de intencionalidade.

Uma intencionalidade inconsciente e um sentido encoberto.

Até mesmo o aparentemente acidental merece esse tipo de tratamento:


inúmeros acidentes graves revelam na análise a participação de um querer
que não pode ser formulado claramente.

A psicanálise parte da ideia fundamental de que a função principal do


mecanismo psíquico é a de livrar a criatura das tensões

Esta meta (a redução da tensão) pode ser alcançada por vias transversais,
umas das quais é o deslocamento da energia para outro objeto quando o
objeto original do desejo é inacessível.

A constituição e desenvolvimento da personalidade, como na biologia, se dá


por um processo de diferenciação, uma história de sofrimento e adaptação.

Id – movido pelo princípio do prazer – instância atemporal e amoral (contem


as paixões)

Ego – princípio da razão e prudência – mediador, defende o organismo dos


perigos externos e internos anunciados pela ansiedade.

Superego – forma-se com o interiorização dos padrões da cultura e da vida


social e mais particularmente interiorização das figuras de autoridade.

O Superego funcionará como um agente de auto-avaliação e auto-censura.


Ao superego também o ego deve prestar constas.
Esmagado entre as pressões do id, as exigências da realidade, e as
repressões do superego, o ego pode ser incapaz de exercer eficientemente
seu papel de administrador, o que se manifestará nas patologias que são
como o apito da panela de pressão

O significado dos fenômenos patológicos é exatamente a função que


desempenham na liberação e no controle da pressão mediante a expressão
do desejo através de formas intencionalmente deformadas e destituídas de
sentido aparente.

Num aspecto a psicanálise se afasta do funcionalismo:


a questão do conflito – o homem normal é movido por tendências
contraditórias.
Em toda parte está em jogo o conflito psíquico

Em primeiro lugar, o conflito entre forças pulsionais antagônicas.

Em segundo lugar, conflito entre forças biológicas e as barreiras físicas e


sociais à plena e imediata satisfação do desejo.

O conflito é determinante da vida psíquica.

O conflito entre o “natural” e o “social”, entre instinto e civilização é insolúvel


em Freud.

SLIDE 7 - MATRIZES ROMÂNTICAS E PÓS-ROMÂNTICAS

Matriz Vitalista e Naturista

Tudo que foi excluído pelas matrizes cientificistas é recolhido pelas matrizes
românticas:
o qualitativo, o indeterminado, o espiritual, etc.

Os vitalistas, são a favor da vida e contra a razão – ideia de um certo fluxo


vital do qual o homem faz parte e o constitui.

Surge o interesse estético no lugar do interesse tecnológico.

Anulam-se as diferenças entre sujeito e objeto, entre ser e conhecer.


Esta matriz está profundamente enraizada no senso comum da prática psi e
nas representações sociais da Psicologia .

Henri Bergson (1859-1941) é seu principal expoente e embora não citado é o


precursor de inúmeras supostas psicologias contemporâneas. (A psicologia
positiva, as auto ajudas, etc)

É responsável por instaurar a mística da fluidez e da indeterminação –


metacientífica – a ciência da vida. (adaptacionista)

A institucionalização da profissão de psicólogo não é compatível com a noção


bergsoniana de psicologia, que supõe uma prática mais semelhante à dos
grandes inspirados – artistas, santos, heróis, mago, guru, etc.

O trabalho é o de levar o homem a se unir em comunhão com as forças do


universo – elã vital. (muitos dos humanistas se encontram nesta perspectiva)

Uma contracultura de senso comum – eliminando toda virulência crítica, de


toda negatividade constitutiva do humano.

MATRIZES COMPREENSIVAS

Existem três grandes linhas compreensivas:


o historicismo idiográfico, o estruturalismo e a fenomenologia.

O historicismo idiográfico busca a captação da experiência como se constitui


na imediata vivência do sujeito.

Propõe que se decifre e interprete as manifestações vitais, culturais e


psicológicas como uma tarefa hermenêutica.

Como resolver o problema da verdade?


Como escolher entre interpretações conflitantes?

Uma das soluções para o problema da compreensão foi proporcionada pelos


estruturalismos.
No estruturalismo o trabalho de interpretação tenta modelar-se pela
hipotetização, pelo cálculo e teste de hipóteses, característica das ciências da
natureza. A intenção é reconstruir as estruturas geradoras de mensagens, as
regras que controlam inconscientemente a organização das formas
simbólicas e os discursos.

Mas é na fenomenologia que vamos encontrar uma tentativa de superação,


do cientificismo, ao qual os estruturalistas sucumbem, assim como do
historicismo. Os objetos, então, não são os eventos naturais, mas os
fenômenos, aquilo que aparece à consciência.
Assim os eventos psi não são coisas no mundo, mas, constitutivos do mundo.

MATRIZ FENOMENOLÓGICA E EXISTENCIALISTA

As ciências da compreensão e da interpretação, com dificuldades enfrentam


o problema da verdade.

Como produzir, identificar, fundamentar, uma interpretação verdadeira?

Os estruturalismos e a fenomenologia representam respostas alternativas


para o referido problema.

Os estruturalismos concebem o rigor em termos metodológicos,


prioritariamente. Assim sendo exigem empenho máximo na formalização dos
conceitos das hipóteses dos procedimentos analíticos.

A fenomenologia, no entanto, preocupa-se essencialmente com o rigor


epistemológico e promove a radicalização do projeto de análise critica, dos
fundamentos e das condições de possibilidade do conhecimento.

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