Você está na página 1de 4

Disciplina: Epistemologias da psicologia: métodos e processos

Mestranda: Larissa dos Santos Costa


Livro: Matrizes do Pensamento Psicológico

RESUMO

Capítulo IV: Matriz Atomicista e Mecanicista


● A matriz atomicista e mecanicista surgiu de um contexto em que os astros e seus movimentos
eram intrigantes. Questionava-se sobre o movimento dos seres inanimados (planetas, estrelas
etc.) e se os mesmos possuíam forças próprias para serem mantidos em deslocamento, outra
observação é de que provavelmente está “força” seria esgotada em algum momento. Por
semelhança aos seres vivos que têm como estado natural o repouso, ao menos que algo seja a
causa do movimento, aos seres inanimados seria o mesmo esquema: ação anterior como causa
de um movimento, este sendo o efeito; em uma base de causa e efeito, também tentavam
matematizar ordem das leis do cosmo. A esquematização citada recebeu o nome de impetus:
potência que impregnava o corpo, acumulando-se e que se esgotava ao longo de um percurso.
● Com o entendimento de que tudo (planetas, seres vivos etc.) no universo obedecia às mesmas
leis da física, e com a compreensão de que tudo era um aglomerado de partículas mínimas
indivisíveis, resultava-se no conhecimento de que o visto não passava de um resultado final
dessa conexão atômica, concluía-se de era possível explicar os fenômenos por partes pequenas
(reducionismo). Desta forma, foi necessário utilizar a matemática para fundamentar a
compreensão e descrição desses fenômenos naturais e a combinação dos elementos. Portanto,
estas questões levaram a um determinismo, da perfeição e de um grande relógio mecanicamente
engendrado a partir das ideias de Newton.
● A química caminhou em um sentido contrário ao atomismo, pois observava outras formas de
movimentos e ligações entre as substâncias. Contudo, na biologia e na medicina, o
determinismo mecanicista ainda era presente, pois a partir da anatomia era observado que o
corpo era um agrupamento de partes menores que por algum motivo se mantinham unidas.
Logo, para que estes fossem observados, a ciência era a porta de entrada. Com as ciências
psicológicas as coisas não foram diferentes, mas o mal foi pensar a psique como combinações
mecânicas.
● A psicologia e o atomismo tiveram a fundamentação direta entre si, observando o
comportamento humano como reflexo involuntário. O elementarismo (pesquisa por partes
pequenas, elementares) se fortificou na psicologia com Mach e seus discípulos Wundt e
Titchener, os mesmos colocaram na ciência o fundamento de experiências laboratoriais para
que a introspecção pudesse ser controlada. Portanto, neste seguimento, o psicológico seria uma
associação entre partes elementares, formando algo complexo.
● Assim buscando identificar a associais entre estímulos e resposta, Pavlov e Bekhterev seguiram
a lógica atomista e mecanicista, mas com o acréscimo de uma plasticidade: associação entre
“estímulo” e “resposta” que leva a eliciação. Porém no behavirismo americano havia uma
mistura entre atomismo e organismo funcionalista, em adaptação do organismo aos resultados
de erros e acertos.
● Consequentemente, foi na organização social das industrias que o atomismo e mecanicismo
encontram espaço, pois compreendia-se que era nas fábricas que os comportamentos deviam
ser padronizados. Em um fordismo, cada operação era decomposta em mínimos elementos e
transformando-se em um conjunto de regras.
● Contudo, mesmo com a visão de que a consciência era advinda de causalidade em uma
explicação mecanicista, houve resistência de tal pensamento que proporcionaram diferentes
ramificações da matriz abordada.

Capítulo V: Matriz Funcionalista e Organicista na Psicologia Americana


● Mesmo que às vezes houvesse o imperialismo mecanicista atomista, três fenômenos
desafiavam e resistiam à matriz citada, eram elas: a reprodução, desenvolvimento e a
autoconservação. Por mais que os seres inanimados tinham capacidades, estes não podiam agir
por eles mesmos, por exemplo, consertando-se. Portanto, observava-se que haveria algo dentro
dos seres vivos a sui generis que proporcionaria os três fenômenos citados fora de uma
superfície observável. Assim sendo, o Vitalismo era o nome dado para a explicação sobre o
porquê dos seres vivos conseguiram tal feitio, pois até então a anatomia não contemplava o
funcionamento do corpo. Consequentemente, para que fosse aprofundado os saberes sobre o
funcionamento do organismo, uma nova ciência denominada biologia surgir, concebendo
conceitos, conceitos como organismo, função, evolução e desenvolvimento.
● Assim, na biologia os conceitos organismo e função se tornaram primordiais nas explicações
da área. Visto que a partir da paleontologia os organismos foram vistos como uma perfeição
do sistema, em que os órgãos eram sistematicamente ordenados e adaptado, tanto que uma
modificação levaria mudanças nas outras partes do corpo. Ademais, essas mudanças internas
acompanhavam as modificações advindas do ambiente, não como causa e efeito, mas para além
deste: somando à intersecção do espaço e tempo. Neste escopo, contemplava-se duas teorias
explicativas: a mecanicista com foco no quantitativo; e a epigenética, compreendendo que o
corpo se autorregulava de forma hierarquizada, uma parte controlando a outra.
● Deste modo, surgiram duas teorias da evolução, a primeira de lamarckismo descrevendo que o
organismo se adaptava conforme utilizava os órgãos fortalecendo-os, assim aos que não eram
usados se atrofiavam. A outra era de Darwin, uma evolução pela seleção natural em que os
mais adaptados sobreviveriam, passando as mudanças geneticamente. Ressalta-se que não
somente eram as mudanças no ambiente que efetuavam mudanças, mas sim o mais adaptado
em comparação a outros animais, por exemplo os sexualmente aceitos pelas parceiras. Logo, o
conceito de adaptação se tornou uma base explicativa, não excluindo a análise causal, mas
sendo esta subordinada à análise funcional.
● O campo funcionalista organicista influenciou a psicologia, uma vez que em algumas teorias
psicológicas os processos “mentais” eram frutos de adaptações conscientes ou totalmente
encobertas. Entretanto, vestígios de um mecanismo e o atomismo se cruzavam com a
funcionalista organicista, permitindo que dimensões estruturais ficassem em segundo plano.
Por isso dentro deste campo houve diversas correntes da psicologia, segue alguma delas:
- Psicologia funcional: descreve os comportamentos em processos mentais originários
de uma adaptação, pois os mesmos exibiam intencionalidade e motivação visando uma
autorregulação, diferente dos seres inertes. Portanto, o funcionalismo também teve uma
tradição filosófica kantiana, sendo o apriorismo parte da história natural e experiência
individual. Os principais representantes desta corrente são Dewey, J. Angell, J.M.
Baldwin e William James.
- Psicologia Comparativa: partindo de estudos comparativos com animais, nesta
corrente ocorreu a combinação de estrutura, genética e funcionalismo. Da evolução
darwinista, sucedeu-se em aprendizagem por tentativa e erro, em que o comportamento
era selecionado a partir dos acertos em situações, trazendo a compreensão de instinto e
aprendizado. Contudo, a preocupação não estava em descobrir os processos mentais,
mas admitir ou não os mesmo por ser conveniente para observar, antecipar e controlar
os comportamentos, carregando um caráter de utilitarismo. Outra importância desta
corrente está na experiência e delineamento de Thorndike. Assim, os principais
estudiosos são Thorndike, Morgan, Romanes e Jennings.
- Os Behaviorismos: neste campo diversas influências filosóficas foram observadas, uma
delas é o positivismo que estava relacionada a elaboração de leis empíricas; o outro foi
o pragmatismo que servia como base filosófica para a concepção de utilitarismo. Dentro
deste escopo, diversos pesquisadores tornaram-se pioneiros, um deles foi: o Watson
que na busca de eliminar mentalismos, priorizou a relação entre estímulo e resposta
sendo o ambiente o estímulo e o comportamento a resposta. Já para Guthrie a referência
funcionalista da adaptação do comportamento continuou, mas estava mais atrelada a
pura e simples contiguidade entre estímulo e resposta. Por fim, Hull e Spence, estes se
destacaram por trazer uma compreensão sofisticada em que o aprendizado do hábito
era o processo autorregulador do indivíduo; e que assim os impulsos biológicos eram
aliviados. Neste último, o termo incentivo era como um estímulo que facilitavam o
controle parcial dá resposta que o seguia.
- Funcionalismo Behaviorista: essa linha teórica teve como principais precursores
Tolman e Skinner. Para Tolman a preocupação estava em obedecer um rigor
metodológico e uma prática na experimentação que abarcasse objetivamente a
psicologia, que para ele era definida a partir do comportamento-ato, essencialmente
propositivo e intencional. O cientista em questão, trouxe aspectos ambientais como
representações cognitivas a partir de estruturas de mapas em que houvesse uma relação
meio e fim com o comportamento, este pesquisador antecipou o movimento cognitivista
na América.
Já para a concepção skinneriana, em sua elaboração denominada behaviorismo radical,
o comportamento era explicado a partir do conceito de operante: sendo este uma classe
de resposta que mantinha uma relação funcional com as condições do ambiente, em que
no ambiente o comportamento emitido teria consequências, e a partir dessas
consequências, a frequência da resposta seria modificada, e que mesmo neste aspecto
de regularidade, o ato seria voluntário. Outra fundamentação de Skinner estava a partir
da análise experimental, em que a manipulação das variáveis e o estado de privação do
organismo facilitaria a descrição do comportamento operante, assim como a
probabilidade de previsão. Portanto, Skinner prescinde a concepção mecanicista e
cognitivista, pois o seu foco estava na relação entre sujeito e ambiente a partir da
esquematização da tríplice contingência. Conclui-se que o behaviorismo radical não
negava a dimensão genética, porém sustenta a concepção de que as respostas e suas
formas de adaptação são organizadoras do comportamento simultaneamente a estrutura
(genética), função, organização e intencionalidade. Ressalta-se que neste viés, o
pragmatismo também está presente.

Você também pode gostar