O documento resume dois capítulos de um livro sobre epistemologias da psicologia. O capítulo 4 discute a matriz atomista e mecanicista, que via o comportamento como resultado de partes menores. O capítulo 5 aborda a matriz funcionalista e organicista na psicologia americana, que enfatizava a adaptação e autorregulação dos organismos.
Descrição original:
Um resumo de algumas matrizes do livro de Figueiredo
O documento resume dois capítulos de um livro sobre epistemologias da psicologia. O capítulo 4 discute a matriz atomista e mecanicista, que via o comportamento como resultado de partes menores. O capítulo 5 aborda a matriz funcionalista e organicista na psicologia americana, que enfatizava a adaptação e autorregulação dos organismos.
O documento resume dois capítulos de um livro sobre epistemologias da psicologia. O capítulo 4 discute a matriz atomista e mecanicista, que via o comportamento como resultado de partes menores. O capítulo 5 aborda a matriz funcionalista e organicista na psicologia americana, que enfatizava a adaptação e autorregulação dos organismos.
Disciplina: Epistemologias da psicologia: métodos e processos
Mestranda: Larissa dos Santos Costa
Livro: Matrizes do Pensamento Psicológico
RESUMO
Capítulo IV: Matriz Atomicista e Mecanicista
● A matriz atomicista e mecanicista surgiu de um contexto em que os astros e seus movimentos eram intrigantes. Questionava-se sobre o movimento dos seres inanimados (planetas, estrelas etc.) e se os mesmos possuíam forças próprias para serem mantidos em deslocamento, outra observação é de que provavelmente está “força” seria esgotada em algum momento. Por semelhança aos seres vivos que têm como estado natural o repouso, ao menos que algo seja a causa do movimento, aos seres inanimados seria o mesmo esquema: ação anterior como causa de um movimento, este sendo o efeito; em uma base de causa e efeito, também tentavam matematizar ordem das leis do cosmo. A esquematização citada recebeu o nome de impetus: potência que impregnava o corpo, acumulando-se e que se esgotava ao longo de um percurso. ● Com o entendimento de que tudo (planetas, seres vivos etc.) no universo obedecia às mesmas leis da física, e com a compreensão de que tudo era um aglomerado de partículas mínimas indivisíveis, resultava-se no conhecimento de que o visto não passava de um resultado final dessa conexão atômica, concluía-se de era possível explicar os fenômenos por partes pequenas (reducionismo). Desta forma, foi necessário utilizar a matemática para fundamentar a compreensão e descrição desses fenômenos naturais e a combinação dos elementos. Portanto, estas questões levaram a um determinismo, da perfeição e de um grande relógio mecanicamente engendrado a partir das ideias de Newton. ● A química caminhou em um sentido contrário ao atomismo, pois observava outras formas de movimentos e ligações entre as substâncias. Contudo, na biologia e na medicina, o determinismo mecanicista ainda era presente, pois a partir da anatomia era observado que o corpo era um agrupamento de partes menores que por algum motivo se mantinham unidas. Logo, para que estes fossem observados, a ciência era a porta de entrada. Com as ciências psicológicas as coisas não foram diferentes, mas o mal foi pensar a psique como combinações mecânicas. ● A psicologia e o atomismo tiveram a fundamentação direta entre si, observando o comportamento humano como reflexo involuntário. O elementarismo (pesquisa por partes pequenas, elementares) se fortificou na psicologia com Mach e seus discípulos Wundt e Titchener, os mesmos colocaram na ciência o fundamento de experiências laboratoriais para que a introspecção pudesse ser controlada. Portanto, neste seguimento, o psicológico seria uma associação entre partes elementares, formando algo complexo. ● Assim buscando identificar a associais entre estímulos e resposta, Pavlov e Bekhterev seguiram a lógica atomista e mecanicista, mas com o acréscimo de uma plasticidade: associação entre “estímulo” e “resposta” que leva a eliciação. Porém no behavirismo americano havia uma mistura entre atomismo e organismo funcionalista, em adaptação do organismo aos resultados de erros e acertos. ● Consequentemente, foi na organização social das industrias que o atomismo e mecanicismo encontram espaço, pois compreendia-se que era nas fábricas que os comportamentos deviam ser padronizados. Em um fordismo, cada operação era decomposta em mínimos elementos e transformando-se em um conjunto de regras. ● Contudo, mesmo com a visão de que a consciência era advinda de causalidade em uma explicação mecanicista, houve resistência de tal pensamento que proporcionaram diferentes ramificações da matriz abordada.
Capítulo V: Matriz Funcionalista e Organicista na Psicologia Americana
● Mesmo que às vezes houvesse o imperialismo mecanicista atomista, três fenômenos desafiavam e resistiam à matriz citada, eram elas: a reprodução, desenvolvimento e a autoconservação. Por mais que os seres inanimados tinham capacidades, estes não podiam agir por eles mesmos, por exemplo, consertando-se. Portanto, observava-se que haveria algo dentro dos seres vivos a sui generis que proporcionaria os três fenômenos citados fora de uma superfície observável. Assim sendo, o Vitalismo era o nome dado para a explicação sobre o porquê dos seres vivos conseguiram tal feitio, pois até então a anatomia não contemplava o funcionamento do corpo. Consequentemente, para que fosse aprofundado os saberes sobre o funcionamento do organismo, uma nova ciência denominada biologia surgir, concebendo conceitos, conceitos como organismo, função, evolução e desenvolvimento. ● Assim, na biologia os conceitos organismo e função se tornaram primordiais nas explicações da área. Visto que a partir da paleontologia os organismos foram vistos como uma perfeição do sistema, em que os órgãos eram sistematicamente ordenados e adaptado, tanto que uma modificação levaria mudanças nas outras partes do corpo. Ademais, essas mudanças internas acompanhavam as modificações advindas do ambiente, não como causa e efeito, mas para além deste: somando à intersecção do espaço e tempo. Neste escopo, contemplava-se duas teorias explicativas: a mecanicista com foco no quantitativo; e a epigenética, compreendendo que o corpo se autorregulava de forma hierarquizada, uma parte controlando a outra. ● Deste modo, surgiram duas teorias da evolução, a primeira de lamarckismo descrevendo que o organismo se adaptava conforme utilizava os órgãos fortalecendo-os, assim aos que não eram usados se atrofiavam. A outra era de Darwin, uma evolução pela seleção natural em que os mais adaptados sobreviveriam, passando as mudanças geneticamente. Ressalta-se que não somente eram as mudanças no ambiente que efetuavam mudanças, mas sim o mais adaptado em comparação a outros animais, por exemplo os sexualmente aceitos pelas parceiras. Logo, o conceito de adaptação se tornou uma base explicativa, não excluindo a análise causal, mas sendo esta subordinada à análise funcional. ● O campo funcionalista organicista influenciou a psicologia, uma vez que em algumas teorias psicológicas os processos “mentais” eram frutos de adaptações conscientes ou totalmente encobertas. Entretanto, vestígios de um mecanismo e o atomismo se cruzavam com a funcionalista organicista, permitindo que dimensões estruturais ficassem em segundo plano. Por isso dentro deste campo houve diversas correntes da psicologia, segue alguma delas: - Psicologia funcional: descreve os comportamentos em processos mentais originários de uma adaptação, pois os mesmos exibiam intencionalidade e motivação visando uma autorregulação, diferente dos seres inertes. Portanto, o funcionalismo também teve uma tradição filosófica kantiana, sendo o apriorismo parte da história natural e experiência individual. Os principais representantes desta corrente são Dewey, J. Angell, J.M. Baldwin e William James. - Psicologia Comparativa: partindo de estudos comparativos com animais, nesta corrente ocorreu a combinação de estrutura, genética e funcionalismo. Da evolução darwinista, sucedeu-se em aprendizagem por tentativa e erro, em que o comportamento era selecionado a partir dos acertos em situações, trazendo a compreensão de instinto e aprendizado. Contudo, a preocupação não estava em descobrir os processos mentais, mas admitir ou não os mesmo por ser conveniente para observar, antecipar e controlar os comportamentos, carregando um caráter de utilitarismo. Outra importância desta corrente está na experiência e delineamento de Thorndike. Assim, os principais estudiosos são Thorndike, Morgan, Romanes e Jennings. - Os Behaviorismos: neste campo diversas influências filosóficas foram observadas, uma delas é o positivismo que estava relacionada a elaboração de leis empíricas; o outro foi o pragmatismo que servia como base filosófica para a concepção de utilitarismo. Dentro deste escopo, diversos pesquisadores tornaram-se pioneiros, um deles foi: o Watson que na busca de eliminar mentalismos, priorizou a relação entre estímulo e resposta sendo o ambiente o estímulo e o comportamento a resposta. Já para Guthrie a referência funcionalista da adaptação do comportamento continuou, mas estava mais atrelada a pura e simples contiguidade entre estímulo e resposta. Por fim, Hull e Spence, estes se destacaram por trazer uma compreensão sofisticada em que o aprendizado do hábito era o processo autorregulador do indivíduo; e que assim os impulsos biológicos eram aliviados. Neste último, o termo incentivo era como um estímulo que facilitavam o controle parcial dá resposta que o seguia. - Funcionalismo Behaviorista: essa linha teórica teve como principais precursores Tolman e Skinner. Para Tolman a preocupação estava em obedecer um rigor metodológico e uma prática na experimentação que abarcasse objetivamente a psicologia, que para ele era definida a partir do comportamento-ato, essencialmente propositivo e intencional. O cientista em questão, trouxe aspectos ambientais como representações cognitivas a partir de estruturas de mapas em que houvesse uma relação meio e fim com o comportamento, este pesquisador antecipou o movimento cognitivista na América. Já para a concepção skinneriana, em sua elaboração denominada behaviorismo radical, o comportamento era explicado a partir do conceito de operante: sendo este uma classe de resposta que mantinha uma relação funcional com as condições do ambiente, em que no ambiente o comportamento emitido teria consequências, e a partir dessas consequências, a frequência da resposta seria modificada, e que mesmo neste aspecto de regularidade, o ato seria voluntário. Outra fundamentação de Skinner estava a partir da análise experimental, em que a manipulação das variáveis e o estado de privação do organismo facilitaria a descrição do comportamento operante, assim como a probabilidade de previsão. Portanto, Skinner prescinde a concepção mecanicista e cognitivista, pois o seu foco estava na relação entre sujeito e ambiente a partir da esquematização da tríplice contingência. Conclui-se que o behaviorismo radical não negava a dimensão genética, porém sustenta a concepção de que as respostas e suas formas de adaptação são organizadoras do comportamento simultaneamente a estrutura (genética), função, organização e intencionalidade. Ressalta-se que neste viés, o pragmatismo também está presente.