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Urie Bronfenbrenner
Em seguida:
→ Ele faz críticas a sua primeira abordagem, por ênfase demasiada nos contextos de desenvolvimento
deixando a pessoa em desenvolvimento num segundo plano.
→ O novo modelo passa a ser chamado bioecológico e tende a reforçar a ênfase nas características
biopsicológicas da pessoa em desenvolvimento
Conceito de desenvolvimento:
Mudança duradoura na maneira pela qual uma pessoa percebe e lida com o seu ambiente(...) e o
processo através do qual a pessoa desenvolve adquire uma concepção mais ampliada, diferenciada e valida
do meio ambiente ecológico e se torna mais motivada e mais capaz de se envolver em atividades que
revelam suas propriedades, sustentam ou restituem aquele ambiente em níveis de complexidade
semelhante ou maios de forma e conteúdo.
Tempo:
→ Desenvolvimento no sentido histórico
→ O tempo permite examinar a influencia no desenvolvimento de mudanças e continuidade que
ocorrem ao lindo do ciclo de vida
→ O tempo é analisado em 3 níveis do modelo bioecológico:
Microtempo: refere-se a continuidade e a descontinuidade observadas dentro dos episódios
de processos proximal.
Mesotempo: refere-se à periodicidade dos episódios de processo proximal considerado em
intervalos de tempo como dias e semanas.
Macrotempo: refere-se as expectativas e os eventos constantes e mutantes tanto dentro da
sociedade ampliada como das gerações, e a maneira como estes eventos afetam e são
afetados pelos processos e resultados do desenvolvimento humano dentro do ciclo da vida.
Processo:
→ Ligações entre diferentes níveis. Constitui-se a partir dos papeis e atividades diárias da pessoa em
desenvolvimento.
→ Envolve participação ativa (interação progressivamente mais complexa) e reciprocidade com
pessoas, objetos e símbolos no ambiente imediato.
Ex.: sala de aula, reciprocidade entre aluno e professor.
→ Processos proximais: representa formas particulares de interação entre organismo com o ambiente,
que ocorrem regularmente, sendo ela a forma, a força, o conteúdo e a direção dos resultados no
desenvolvimento humano. Envolve relações entre pessoas objetos e símbolos.
→ Díade: relação de uma pessoa e outra, em uma relação interpessoal reciproca. A importância da
relação entre pessoas.
A premissa básica e mais importante na formação de uma díade é que se um dos membros
do par passar por um processo de desenvolvimento, estará construindo para a ocorrência do
mesmo processo no outro.
“Uma díade é uma formada sempre que duas pessoas prestam atenção nas atividades uma
da outra ou delas participam”.
Podem ser observacionais (quando um membro observa cuidadosamente o outro), de
atividades conjunta (quando duas pessoas se percebem fazendo algo junta) e primária
(quando mesmo distantes um influencia o outro).
→ São essenciais a formação dos processos proximais como “formas particulares de interação entre
organismos e ambiente, que operam ao longo do tempo compreendem os primeiros mecanismos
que produzem o desenvolvimento humano”.
Contexto:
→ Meio ambiente global em que o indivíduo está inserido e onde se desenrola os processos de
desenvolvimento.
→ O ambiente ecológico de desenvolvimento humano não se limita, é concebido como um conjunto de
estruturas concêntricas, como bonecas russas que se encaixam uma na outra em ordem.
→ Esses ambientes são denominados micro, meso, exo e macrossistemas e sobre eles será escrito mais
adiante.
Microssistema:
→ É definido como “um padrão de atividades, papeis e relações interpessoais experenciados pela
pessoa em desenvolvimento num dado ambiente como características físicas e materiais
especificas”.
→ Ambientes tais como casa, creche ou escola em que a pessoa é envolvida em interações face a face
fazem parte do microssistema.
→ “Os padrões de interação, conforme persistem e progridem por meio do tempo, constituem os
veículos de mudança comportamental e de desenvolvimento pessoal. Igual importância é atribuída
as conexões entre as pessoas presentes no ambiente, a natureza desses vínculos e a sua influência
direta sobre a pessoa em desenvolvimento”
→ A família nuclear (pai e mãe) onde a criança recebe os cuidados básicos necessários geralmente é seu
primeiro sistema, o microssistema. É o ambiente onde a pessoa em desenvolvimento estabelece
relações face-a-face estáveis e significativas.
→ As relações estabelecidas no microssistema têm como características:
Reciprocidade: o que um indivíduo faz dentro do contexto de relação influencia o outro e
vice-versa.
Equilíbrio de poder: quem tem o domínio da relação passa gradualmente este poder para a
pessoa em desenvolvimento, dentro de suas capacidades e necessidades.
Afeto: o estabelecimento e perpetuação de sentimentos, de preferência positivos, no
decorrer do processo.
→ Em conjunto vivencias afetivas dessa relação tomam sentido fenomenológico (internalizados).
Transição ecológica:
→ As transições ecológicas ocorrem durante todo o ciclo vital.
→ São características da rede de apoio social e afetiva da pessoa.
→ Quando a criança sai de um microssistema conhecido, como a família, para participar de um novo
contexto, como a escola, há um fenômeno de movimento no espaço ecológico.
→ A transição ecológica ocorre sempre que a posição de pessoa no meio ambiente ecológico é alterada
em resultado de uma mudança de papel, ambiente ou ambos.
Mesossistema:
→ Inter-relações entre dois ou mais ambientes nos quais uma pessoa participa ativamente, podendo
ser formado ou ampliado sempre que ela passe a fazer parte de novos ambientes.
→ Em alguns casos, por ex, esse sistema inclui as relações que a criança mantém em casa, na escola, no
clube e com amigos da vizinhança; em outros, apenas as relações exclusivamente familiares e com
membros da igreja da qual sua família faz parte.
Exossistema
→ A criança ou pessoa em desenvolvimento não é participante ativa desse contexto, mas aí podem
ocorrer eventos que a afetem, ou ainda vice e versa, podem ser afetados por acontecimentos do
ambiente imediato onde se encontra.
Ex.: o local de trabalho dos pais, escola do irmão ou rede de amigos dos pais.
Macrossistema
→ Envolve todos os outros ambientes, formando uma rede de interconexões que se diferenciam de
uma cultura para outra.
Ex.: a estrutura política e cultural de uma família norte americana de classe média enquanto sistema, muito
diferente de um grupo familiar operário brasileiros.
TEXTO 1: PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA
A princípio o foco era a fase inicial da vida (criança e adolescente), mas este enfoque vem mudando nas últimas
décadas, e hoje há um consenso de que a psicologia do desenvolvimento humano deve focar o desenvolvimento dos
indivíduos ao longo de todo o ciclo vital.
Variáveis internas (biológica, genética) e variáveis externas (meio em que se vive) precisam ser levadas em
consideração para maior clareza do estudo do desenvolvimento.
− Segunda fase (1940 – 1959): o interesse se concentra no estudo da criança, especialmente no estabelecimento
de relações entre variáveis que afetam o desenvolvimento.
− Quarta fase (1990 – dias atuais): foca nos paradigmas da psicologia + outras áreas (interdisciplinaridade).
TEXTO 2: PSICOLOGIA EVOLUTIVA: CONCEITO, ENFOQUES, CONTROVÉRSIAS E MÉTODOS
É claro que existem mudanças psicológicas que podem estar ligadas a idades mais concretas, mas isso costuma
acontecer com mais frequência na primeira infância.
A epistemologia de Locke admite que há apenas uma categoria inata ao ser humano a capacidade de
depreender conhecimento com base nas experiências. As crianças não têm esse conhecimento, por não ter
experiências, ou seja, as crianças nascem sem conteúdos psicológicos nem espirituais. Ao contrário, no momento
do nascimento a mente infantil é uma página em branco, uma tábula rasa.
A história psíquica de uma pessoa nada mais é do que a história de suas experiências e aprendizagens.
Assentimento geral: acordos universais – sociedade se junta para criar as regras “o que é? ” Como são
aprendidas, elas vêm das experiências que é particular (sensorial – ideal simples). Ideias complexas – junção
de ideias simples.
A visão de Locke foi precursora do modelo mecanicista. Nesse modelo, as pessoas são como máquinas que
reagem a estímulos ambientais. Uma máquina é a soma de suas partes. Para entendê-la, podemos desmontá-la em
seus menores componentes e depois montá-la novamente.
Pesquisadores mecanicistas procuram identificar os fatores que fazem os indivíduos se comportarem do modo
como se comportam.
O modelo organicista utiliza como metáfora o organismo, o sistema vivo organizado, sendo a
atividade, o funcionamento seu princípio básico. A perspectiva organicista coloca a aprendizagem como
subordinada ao desenvolvimento, uma vez que somente os esquemas mentais disponíveis mentais no
sujeito asseguram a aprendizagem.
Defende a existência de determinadas características inatas do ser humano, sejam elas referentes à bondade
natural da criança e à existência nela de um plano inato de desenvolvimento (Rousseau), ou referentes à existência de
categorias inatas de pensamento, como as de tempo e espaço (Kant).
Basicamente, para Rousseau, a criança nasce com uma bondade natural e com um sentimento inato do que é
certo e errado. Nasce também com um plano de desenvolvimento que, graças à maturação, irá dar lugar a diferentes
estágios de desenvolvimento, cada um dos quais terá suas próprias características psicológicas e estabelecerá suas
próprias necessidades educativas.
Conceito de Infância
Surgimento da infância no sec. XIX e XX, com a diminuição da mortalidade, o prolongamento da vida humana,
a extensão do ensino obrigatório e o excesso de mão de obra adulta.
Etimologia da palavra infância: indivíduo que ainda não é capaz de falar “não tem voz”. A capacidade
de falar, atribuída a primeira infância, estende se até os sete anos, que representa a idade da razão
ESTUDO DIRIGIDO
Quase desde o começo, o estudo do desenvolvimento humano tem sido interdisciplinar. Alimenta-se de um
amplo espectro de disciplinas que incluem psicologia, psiquiatria, sociologia, antropologia, biologia, genética, ciência
da família (estudo interdisciplinar sobre as relações familiares), educação, história e medicina.
Domínios do Desenvolvimento
Os cientistas do desenvolvimento estudam os três principais domínios, ou aspectos, do eu: físico, cognitivo e
psicossocial. Esses domínios estão inter-relacionados: cada aspecto do desenvolvimento afeta os outros.
− Desenvolvimento físico: o crescimento do corpo e do cérebro, incluindo os padrões de mudança nas capacidades
sensoriais, as habilidades motoras e a saúde.
− Desenvolvimento cognitivo: padrão de mudança nas habilidades mentais, tais como aprendizagem, atenção,
memória, linguagem, pensamento, raciocínio e criatividade.
Influências no Desenvolvimento
As diferenças individuais nas características, influências e consequências do desenvolvimento. Algumas
influências sobre o desenvolvimento têm origem:
− Hereditariedade: traços inatos ou características herdadas dos pais biológicos.
− Ambiente: o mundo que está do lado de fora do eu, e que começa no útero, e a aprendizagem relacionada à
experiência.
− Maturação: o desdobramento de uma sequência natural de mudanças físicas e padrões de comportamento.
Teóricos e pesquisadores contemporâneos estão mais interessados em descobrir meios de explicar como
genética e ambiente operam juntos do que argumentar sobre qual dos fatores é mais importante.
Contextos de Desenvolvimento
− A família nuclear é uma unidade que compreende pai e mãe, ou apenas um deles e seus filhos, sejam
eles biológicos, adotados ou enteados. (Unidade econômica e doméstica que compreende laços de
parentesco envolvendo duas gerações e que consiste em pai e mãe, ou apenas um dos dois, e seus filhos
biológicos, adotados ou enteados).
− A família extensa – rede multigeracional que inclui avós, pai e mãe, tios, primos e outros parentes mais
distantes – é a forma tradicional da família. (Rede de parentesco envolvendo muitas gerações e formada
por pais, filhos e outros parentes, às vezes vivendo juntos no mesmo lar). Muitas pessoas vivem em lares
extensos, onde tem contato diário com os familiares.
− Nível socioeconômico e vizinhança: O nível socioeconômico (NSE) baseia-se na renda da família e nos
níveis educacionais e ocupacionais dos adultos da casa. Combinação de fatores econômicos e sociais que
descreve um indivíduo ou uma família, e que inclui renda, educação e ocupação.
A pobreza, especialmente se durar muito tempo, pode ser prejudicial para o bem-estar físico,
cognitivo e psicossocial das crianças e das famílias – fatores de risco – condições que aumentam a
probabilidade de uma consequência negativa no desenvolvimento humano.
A composição da vizinhança também afeta as crianças. Para quem vive numa vizinhança pobre, com
grande número de desempregados, é menos provável encontrar suporte social adequado disponível
A riqueza, porém, nem sempre protege as crianças contra riscos. Algumas crianças de famílias ricas
são pressionadas para alcançar sucesso e frequentemente são deixadas sozinhas em casa por pais
ocupados.
− Cultura e raça/etnia: são categorias fluidas; na medida em que aumenta a dispersão geográfica e pessoas
de diversas origens se casam, cresce a heterogeneidade nas populações
Cultura: refere-se ao modo de vida global de uma sociedade ou grupo, que inclui costumes, tradições,
leis, conhecimento, crenças, valores, linguagem e produtos materiais, de ferramentas a trabalhos
artísticos – todo comportamento e todas as atitudes aprendidas, compartilhadas e transmitidas entre
os membros de um grupo social.
Grupo étnico: consiste em pessoas unidas por determinada cultura, ancestralidade, religião, língua
ou origem nacional, tudo isso contribuindo para formar um senso de identidade, atitudes, crenças e
valores comuns.
Raça: visto histórica e popularmente como uma categoria biológica identificável, é um construto
social.
− Não normativas: são eventos incomuns que causam grande impacto na vida dos indivíduos por
perturbarem a sequência esperada do ciclo de vida. Podem ser eventos típicos que acontecem num
momento atípico da vida (como a morte de um dos pais quando a criança é pequena) ou eventos atípicos
(por exemplo, sobreviver a um acidente aéreo).
− Período crítico: é um intervalo de tempo específico em que um determinado evento, ou a sua ausência,
causa um impacto específico sobre o desenvolvimento. Se um evento necessário não ocorrer durante
um período crítico de maturação, o desenvolvimento normal não ocorrerá; e os padrões anormais
poderão ser irreversíveis.
− Crítica: como muitos aspectos do desenvolvimento, mesmo no domínio físico, mostraram plasticidade
(variação da modificabilidade do desempenho), ou desempenho passível de modificação.
ESTUDO DIRIGIDO
5. O que torna uma pessoa única? Quais são os tipos de influência que fazem uma pessoa ser diferente
da outra?
R: As suas diferenças individuais o tornam único. Pessoas se diferem em gênero, altura, peso e compleição física;
na saúde e nível de energia; em inteligência; e no temperamento, personalidade e reações emocionais. Seus contextos
de vida também diferem, os lares, as comunidades e sociedades em que vivem, seus relacionamentos, as escolas que
frequentam e o trabalho que fazem, e como passam seu tempo livre.
Dentro das influencias, temos a hereditariedade, que são os traços inatos ou características herdadas dos pais
biológicos; o ambiente, em vista do mundo que está do lado de fora do eu, e que começa no útero, e a aprendizagem
relacionada à experiência; e a maturação, decorrente do desdobramento de uma sequência natural de mudanças
físicas e padrões de comportamento.
6. Defina e exemplifique as influências normativas reguladas pela idade, normativas reguladas pela
história e não normativas.
R: As influencias normativas são eventos biológicos ou ambientais que afetam muitas pessoas, ou a maioria delas, em
uma sociedade, e eventos que atingem apenas certos indivíduos.
As influências normativas reguladas pela idade são muito semelhantes para pessoas de uma determinada faixa etária,
como por exemplo, as pessoas não passam pela experiência da puberdade aos 35 anos ou da menopausa aos 12.
Já as influências normativas reguladas pela história são eventos significativos que moldam o comportamento e as
atitudes de uma geração histórica, como por exemplo, as gerações que se tornaram maiores de idade durante a
Segunda Guerra.
7. O que é imprinting?
R: É uma forma instintiva de aprendizagem em que um filhote de animal, durante um período crítico no início de seu
desenvolvimento, estabelece um vínculo com o primeiro objeto que ele vê em movimento, geralmente a mãe.
Amostragem
− Amostra: um grupo menor pertencente à população. Grupo de participantes escolhidos para representar
toda uma população a ser estudada.
Pesquisa quantitativa são verdadeiros em termos gerais, a amostra deve representar
adequadamente a população em estudo; isto é, deve exibir características pertinentes nas mesmas
proporções da população inteira. De outro modo, os resultados não poderão ser devidamente
generalizados, ou aplicados à população como um todo.
Ex.: pesquisa de opinião.
− Seleção randômica ou aleatória: procedimento em que cada pessoa de uma população tem a mesma
chance de ser escolhida. Seleção de uma amostra de tal modo que cada pessoa em uma população tenha
chances iguais e independentes de ser escolhida.
Ex.: uma das maneiras de selecionar uma amostra randômica de estudantes seria colocar seus nomes dentro
de uma caixa, agitá-la e então retirar um certo número de nomes – Sorteio.
Muitos estudos usam amostras selecionadas por conveniência ou acessibilidade. Ex.: crianças
nascidas num determinado hospital ou pacientes de uma determinada clínica de repouso.
− Observação laboratorial: método de pesquisa em que todos os participantes são observados sob as
mesmas condições controladas.
Quatro dos modelos básicos utilizados na pesquisa sobre desenvolvimento são os estudos de caso,
estudos etnográficos, estudos correlacionais e experimentos. Os dois primeiros modelos são qualitativos; os
dois últimos são quantitativos. Cada modelo tem suas vantagens e desvantagens, e cada um é apropriado
para certos tipos de problemas em pesquisa.
− Estudo de caso: estudo de um único sujeito, que pode ser um indivíduo ou uma família.
− Estudo correlacional: procura determinar se existe uma correlação, ou relação estatística, entre
variáveis, fenômenos que se alteram ou variam entre pessoas ou podem ser variados para efeitos de
pesquisa. Modelo de pesquisa que visa descobrir se existe uma relação estatística entre variáveis.
− Estudo longitudinal: os pesquisadores avaliam a mesma pessoa ou o mesmo grupo em mais de uma
oportunidade, às vezes no intervalo de alguns anos. Eles poderão medir uma única característica, como
tamanho do vocabulário, inteligência, altura ou agressividade, ou focalizar vários aspectos do
desenvolvimento para procurar relações entre eles.
− Estudo sequencial:
Uma sequência de estudos transversais ou longitudinais – é uma estratégia complexa elaborada para
superar as desvantagens tanto das pesquisas transversais quanto das pesquisas longitudinais. Os
pesquisadores podem avaliar uma amostra transversal em duas ou mais ocasiões (em sequência)
para identificar mudanças nos membros de cada coorte etária. Esse procedimento permite aos
pesquisadores separarem mudanças relacionadas à idade de efeitos de coorte.
Uma sequência de estudos longitudinais que seguem simultaneamente, porém, um começando
depois do outro. Esse modelo permite aos pesquisadores compararem diferenças individuais durante
as mudanças do desenvolvimento. Uma combinação de sequências transversais e longitudinais pode
oferecer um quadro mais completo do desenvolvimento do que seria possível apenas com a pesquisa
longitudinal ou transversal
Obs.: As maiores desvantagens dos estudos sequenciais estão relacionadas a tempo, esforço e complexidade.
Exigem um grande número de participantes e a coleta e análise de enormes quantidades de dados durante
anos. A interpretação dos resultados e das conclusões pode exigir um alto grau de sofisticação.
Ética na pesquisa
Diretrizes da American Psychological Association (APA, 2002) incluem questões como:
− Consentimento informado (consentimento dado livremente com pleno conhecimento das implicações
da pesquisa);
− Evitação de logro;
− Proteger os participantes de danos e perda da dignidade;
− Garantir a privacidade e o sigilo;
− O direito a recusar ou a se retirar de um experimento a qualquer momento;
− A responsabilidade dos pesquisadores em corrigir quaisquer efeitos indesejáveis, como ansiedade e
vergonha.
Para resolver dilemas éticos, espera-se que os pesquisadores sejam guiados por três princípios:
− Beneficência: a obrigação de maximizar benefícios potenciais para os participantes e minimizar possíveis
danos;
− Respeito: pela autonomia dos participantes e proteção àqueles incapazes de exercer seu próprio
julgamento;
− Justiça: inclusão de grupos diversos, com sensibilidade para qualquer impacto especial que a pesquisa
possa ter sobre eles.
A Sociedade para a Pesquisa do Desenvolvimento da Criança (2007) criou padrões para o tratamento
de crianças na pesquisa de acordo com a idade, que abrangem princípios como evitação de danos físicos ou
psicológicos, obtenção da anuência da criança, bem como o consentimento informado de um dos pais ou de
um tutor, e responsabilidade de verificar qualquer informação que possa pôr em risco o bem-estar da
criança.
Ex.: a capacidade dos bebês e de crianças muito pequenas de suportar o estresse da situação de pesquisa
pode depender da presença de um dos pais ou de um cuidador de confiança, de um ambiente e procedimento
familiares e de objetos familiares.
− Termo se Consentimento: a pessoa pode abandonar a pesquisa a qualquer momento (acima de 18 anos).
− Termo De Assentimento: pode haver desistência a qualquer momento (para menores de 7 anos).
Obs: garantir a privacidade não é apenas zelar pelo nome, mas também da história.
ESTUDO DIRIGIDO
1. Como os cientistas do desenvolvimento estudam as pessoas, e quais são as vantagens e desvantagens de cada
método de pesquisa?
R: Os pesquisadores do desenvolvimento humano trabalham de acordo com duas tradições metodológicas:
quantitativa e qualitativa. A pesquisa quantitativa se baseia no método cientifico e geralmente é feita em laboratório,
com condições controladas. Já a qualitativa é mais flexível e informal, ou seja, menos estruturada e sistemática e vai
ser conduzida em ambientes cotidianos, como lar ou escola.
4. Comparar as vantagens e desvantagens dos estudos de caso, estudos etnográficos, estudos correlacionais e dos
experimentos?
R:
5. Explicar por que somente um experimento controlado pode estabelecer relações causais?
6. Distinguir entre experimentos laboratoriais, de campo e naturais e dizer que tipos de pesquisa parecem mais
adequados para cada um deles?
7. Comparar as vantagens e desvantagens dos vários métodos de coleta de dados
8. Listar as vantagens e desvantagens das pesquisas longitudinal, transversal e sequencial?
9. Quais são os problemas éticos que podem surgir na pesquisa com seres humanos
10. Listar pelo menos três questões éticas que afetam os direitos dos participantes em pesquisa?
11. Identificar três princípios que deveriam regulamentar a inclusão de participantes na pesquisa?
Desenvolvimento Pré-Natal
Para muitas mulheres, o primeiro (embora não necessariamente confiável) sinal de gravidez é a
ausência do período menstrual. No entanto, mesmo antes da ausência desse período, o corpo de uma
mulher grávida passa por alterações sutis, porém perceptíveis.
Aborto espontâneo é o nome que se dá à expulsão do embrião ou feto que se encontra no útero e é
incapaz de sobreviver fora dele. O aborto espontâneo que ocorrer 20 semanas após a gestação
geralmente é caracterizado como nascimento de natimorto. Fatores de risco: tabagismo, ingestão de
bebidas alcoólicas e uso de drogas aumenta, os riscos desse tipo de aborto, que é mais comum em
embriões do sexo masculino.
Os pais raramente estão preparados emocionalmente para a morte de um filho, é um choque cruel
e anormal. Cada experiência de perda de cada pessoa ou casal é única. No budismo, há um ritual, mizuko
kuyo, celebrado como um meio de fazer reparação à vida abortada. A palavra japonesa mizuko significa
“filho das aguas”.
− Período fetal: inicia com o aparecimento das primeiras células ósseas em torno da oitava semana, a fase
final da gestação. Durante esse período, o feto cresce rapidamente até cerca de 20 vezes seu
comprimento anterior, e os órgãos e sistemas do corpo tornam-se mais complexos.
Fetos não são passageiros passivos no útero das mães, eles respiram, chutam, viram-se, flexionam o
corpo, dão cambalhotas, movimentam os olhos, engolem, cerram os punhos, soluçam e sugam os
polegares. Os fetos masculinos, independente de tamanho, são mais ativos e tendem a se movimentar
com mais vigor do que os fetos femininos ao longo da gestação.
Começando por volta da 12ª semana de gestação, o feto engole e inala parte do líquido amniótico
em que ele flutua. O líquido amniótico contém substâncias que atravessam a placenta vindas da corrente
sanguínea da mãe e entram na corrente sanguínea do feto. O compartilhamento dessas substâncias
talvez estimule os sentidos do paladar e do olfato, que começam a surgir, e talvez contribua para o
desenvolvimento de órgãos necessários para a respiração e a digestão. Células gustativas aparecem por
volta da 14ª semana de gestação. O sistema olfativo, que controla o sentido do olfato, também se
encontra bem desenvolvido antes do nascimento.
O feto responde à voz, às batidas cardíacas e às vibrações do corpo da mãe, o que sugere que pode
ouvir e sentir. Assim, a familiaridade com a voz da mãe pode ter uma função evolucionista de
sobrevivência: ajudar os recém-nascidos a localizar a fonte de alimento. Respostas ao som e à vibração
parecem começar na 26a semana de gestação, aumentam e depois estabilizam-se na 32a semana.
Os fetos parecem aprender e lembrar. Experimentos similares constataram que recém-nascidos com
2 a 4 dias de vida preferem sequências musicais e verbais ouvidas antes do nascimento.
Estimativas atuais sugerem que a memória fetal começa a funcionar aproximadamente na 30a
semana gestacional, quando os fetos são capazes de reter informação na memória por 10 minutos.
Influências Ambientais: Fatores Maternos
Como o ambiente pré-natal é o corpo da mãe, praticamente tudo o que influencia seu bem-estar, da
dieta ao humor, pode alterar o ambiente do feto e afetar seu crescimento.
Teratógeno é um agente ambiental. Nem todos os riscos ambientais, porém, são igualmente nocivos
a todos os fetos, ou seja, pode haver ou não o risco. (Existe um período de maior vulnerabilidade, mas não
é só nesse período que pode haver risco.)
Ex.: vírus, drogas ou radiações, que pode interferir com o desenvolvimento pré-natal normal.
O tempo de exposição, a dose, duração e interação com outros fatores teratogênicos também podem
fazer diferença. Agente teratogênico é definido como qualquer substância, organismo, agente físico ou
estado de deficiência que, estando presente durante a vida embrionária ou fetal, produz uma alteração na
estrutura ou função da descendência.
Agentes teratogênicos:
− Nutrição e peso da mãe: mulheres grávidas precisam de 300 a 500 calorias adicionais por dia, incluindo
proteína extra. Mulheres com peso e constituição física normal que ganham entre 7 e 18 quilos ou mais
têm menor probabilidade de ter complicações no nascimento ou de gerar bebês cujo peso ao nascer seja
perigosamente baixo ou excessivamente alto.
Um ganho de peso desejável depende do índice de massa corpórea (IMC) antes da gravidez. Segundo
as recomendações atuais, mulheres abaixo do peso deveriam ganhar entre 13 e 18 quilos; aquelas com
peso normal, entre 11 e 16 quilos; e mulheres obesas, apenas de 5 a 9 quilos.
É muito importante o que uma gestante come. Por exemplo, recém-nascidos cujas mães se
alimentaram de peixe rico em DHA, um ácido graxo com ômega-3 encontrado em salmões e atuns do
Atlântico, mostraram padrões de sono mais maduros (um sinal de desenvolvimento avançado do
cérebro) que bebês cujo sangue materno tinha níveis mais baixos de DHA.
O ácido fólico (uma vitamina do grupo B) é fundamental na dieta de uma gestante. Estimou-se que
se todas as mulheres ingerissem 5 miligramas de ácido fólico por dia antes da gravidez e durante o
primeiro trimestre da gestação, seria possível evitar em torno de 85% dos defeitos no tubo neura.
Deficiências mais brandas nos níveis de ácido fólico em gestantes podem resultar em problemas
menos graves, mas ainda assim preocupantes
− Desnutrição: a desnutrição pré-natal pode causar efeitos de longo prazo. É importante identificar a
desnutrição logo no início da gravidez para que possa ser tratada.
Mulheres desnutridas que tomam suplementos dietéticos quando grávidas tendem a ter bebês
maiores, mais saudáveis, mais ativos e visualmente mais alertas; e mulheres com baixos níveis de zinco
que tomam suplementos diários desse elemento estão menos propensas a ter bebês com baixo peso e
a circunferência da cabeça pequena
− Atividade física e trabalho pesado: na verdade, exercícios moderados a qualquer momento durante a
gravidez não parecem pôr em risco os fetos de mulheres saudáveis. Exercícios regulares evitam a
constipação e melhoram a respiração, a circulação, os tônus musculares e a elasticidade da pele, o que
contribui para uma gravidez mais confortável e um parto mais fácil e seguro.
A atividade profissional durante a gestação geralmente não acarreta riscos em especial. Entretanto,
condições de trabalho exaustivas, fadiga ocupacional e longas horas de trabalho podem estar associadas
a um maior risco de nascimento prematuro.
− Consumo de drogas: praticamente tudo o que uma gestante ingere chega até o útero. Drogas podem
atravessar a placenta, assim como o oxigênio, o dióxido de carbono e a água o fazem.
Medicamentos: já se acreditou que a placenta protegia o feto contra medicamentos que a mãe
tomasse durante a gravidez. Até o incidente da talidomida que foi proibido depois de se descobrir
que ele era a causa de membros atrofiados, ou mesmo da ausência deles, sérias deformidades faciais
e órgãos defeituosos em cerca de 12 mil bebês.
O Comitê sobre Drogas (1994) da Academia Americana de Pediatria (AAP) recomenda que
nenhum medicamento seja tomado por uma gestante ou lactante, salvo se for essencial para a sua
saúde ou da criança, e que a escolha recaia sobre o medicamento mais seguro disponível.
Ex.: embora certos tipos de antibióticos (conhecidos como “sulfas”) estejam associados a um maior risco de
defeitos do nascimento, muitos dos antibióticos mais comuns, como a penicilina e a eritromicina não parecem
resultar em nenhum aumento de risco.
Álcool: A exposição ao álcool no período pré-natal é a causa mais comum de retardo mental e a
principal causa evitável de defeitos do nascimento nos Estados Unidos.
A síndrome alcoólica fetal (SAF) é caracterizada por retardo no crescimento, malformações da
face e do corpo e transtornos do sistema nervoso central – ocorrem em quase 1 de cada 100
nascimentos.
Mesmo o consumo social moderado de bebida alcoólica pode prejudicar o feto e quanto mais
a mãe bebe, maior é o efeito. O consumo moderado ou excessivo durante a gravidez parece
perturbar o funcionamento neurológico e comportamental do bebê, e isso pode afetar as primeiras
interações sociais com a mãe, que são vitais para o desenvolvimento afetivo.
Nicotina: o tabagismo materno durante a gravidez tem sido identificado como o fator mais
importante para nascimento de baixo peso em países desenvolvidos. Mesmo o tabagismo moderado
(menos de cinco cigarros por dia) está associado a um maior risco de baixo peso no nascimento.
O uso do tabaco durante a gravidez também aumenta o risco de aborto espontâneo, atraso
no crescimento, parto de natimorto, cabeça com circunferência pequena, morte súbita do lactente,
cólica na primeira infância (choro incontrolável e prolongado, sem razão aparente), transtorno
hipercinético (movimento excessivo) e problemas respiratórios, neurológicos, cognitivos de atenção
e comportamentais de longo prazo.
Cafeína: a cafeína que a gestante ingere no café, no chá, nos refrigerantes à base de cola ou no
chocolate pode causar problemas para o feto? Na maior parte das vezes, os resultados foram mistos.
Parece claro que a cafeína não é uma substância teratogênica para bebês humanos. – Estudos
inconclusivos, então é considerado muito importante regular a ingesta.
Maconha, cocaína e metanfetamina: estudos sobre o uso de maconha entre mulheres grávidas são
escassos. Algumas evidências, entretanto, indicam que o uso excessivo de maconha pode resultar
em defeitos congênitos; baixo peso e sintomas parecidos com a abstinência (choro e tremores
excessivos), no nascimento; e maior risco de transtornos de atenção e de problemas de
aprendizagem no futuro.
O uso de cocaína durante a gravidez tem sido associado ao aborto espontâneo, retardo no
crescimento, parto prematuro, baixo peso no nascimento, cabeça pequena, defeitos congênitos e
desenvolvimento neurológico deficiente.
Bebês expostos à metanfetamina tinham maior propensão a apresentar baixo peso e ser
pequenos para sua idade gestacional do que o restante da amostra. Essa constatação sugere que a
exposição pré-natal à metanfetamina está associada a uma restrição do crescimento fetal.
Doenças maternas: infecções – resfriados comuns, gripes, infecções no trato urinário e no canal
vaginal, bem como as doenças sexualmente transmissíveis. Se a mãe contrair uma infecção, deverá
tratá-la imediatamente.
HIV – se a gestante tiver o vírus presente no sangue, poderá haver uma transmissão perinatal
(o vírus poderá passar para a corrente sanguínea do feto através da placenta durante a gestação, no
parto, ao nascer ou após o nascimento através da lactação).
A rubéola, quando contraída pela mulher antes da 11ª semana gestacional, provavelmente
causará surdez e deficiências cardíacas no bebê.
A toxoplasmose, causada por um parasita alojado no corpo de bovinos, ovelhas e porcos e no
trato intestinal de gatos, produz normalmente sintomas parecidos aos do resfriado comum ou
mesmo nenhum sintoma. Em uma gestante, porém, sobretudo no segundo e no terceiro trimestres
da gravidez, pode causar danos ao cérebro do feto, distúrbio visual grave ou cegueira, convulsões ou
aborto espontâneo, parto de natimorto ou morte do bebê.
A prole de mães com diabetes está de 3 a 4 vezes mais propensa a desenvolver um amplo
espectro de defeitos de nascimento do que a prole de outras mulheres.
O Zika Vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, identificado inicialmente em macacos
no Uruguai no ano 1947. Em 1952, o vírus foi identificado em seres humanos. No brasil, foram
confirmados os primeiros casos no começo do ano de 2015. A microcefalia é uma malformação na
qual o cérebro não se desenvolve de modo adequado, caracterizada por um perímetro cefálico
inferior ao esperado para a idade e sexo do bebê.
Ansiedade, estresse e depressão materna: a ansiedade materna moderada pode até estimular a
organização do cérebro em desenvolvimento.
O estresse e a ansiedade relatados por uma mãe durante a gravidez foram associados a
recém-nascidos com temperamento mais ativo e irritável, à falta de atenção durante a avaliação do
desenvolvimento em bebês de oito meses e à afetividade negativa ou transtornos comportamentais
na segunda infância. O estresse crônico pode resultar em parto prematuro, talvez através da ação de
níveis elevados de hormônios do estresse (que estão envolvidos no início do trabalho de parto), ou
na redução do funcionamento do sistema imunológico, o que torna as mulheres mais vulneráveis a
doenças inflamatórias e à infecção.
Idade materna: o risco de aborto espontâneo chega a 90% para mulheres de 45 anos ou mais.
Mulheres entre 30 e 35 anos têm maior probabilidade de sofrer complicações devido ao diabetes,
pressão alta ou hemorragia grave. Também há risco maior de parto prematuro, retardo no
crescimento fetal, defeitos fetais e anomalias cromossômicas, como a síndrome de Down.
Entretanto, em virtude da disseminação dos testes para defeitos fetais entre gestantes mais velhas,
nos dias de hoje nascem menos bebês com malformação.
Ameaças ambientais externas: poluição do ar, substâncias químicas, radiação, extremos de calor e
umidade, bem como outras ameaças ambientais podem afetar o desenvolvimento pré-natal – mais
propensas a gerar bebês prematuros ou abaixo do tamanho normal.
A exposição fetal a baixos níveis de toxinas ambientais, como chumbo, mercúrio e dioxina, e
também nicotina e etanol, podem explicar o súbito aumento na ocorrência de asma, alergias e
doenças autoimunes como lúpus.
Mulheres submetidas rotineiramente a raios X dentários durante a gravidez triplicam o risco
de terem bebês de gestação completa com baixo peso. A exposição do útero a radiação entre a 8ª e
a 15ª semana após a fecundação tem sido associada a retardo mental, cabeça pequena, anomalias
cromossômicas, síndrome de Down, convulsões e baixo desempenho em testes de QI e na escola.
Homens que fumam têm maior probabilidade de transmitir anomalias genéticas (espermatozoides
com alteração). Pais mais velhos podem ser uma fonte significativa de defeitos congênitos devido à presença
de espermatozoides danificados ou deteriorados. A idade paterna avançada está associada a um risco maior
na ocorrência de várias condições raras, entre elas o nanismo e a esquizofrenia.