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MÓDULO DE ORIENTAÇÃO PARA ESTÁGIO I

CAPÍTULO 01
A IMPORTANCIA DO ESTÁGIO

Um grande desafio com o qual o aluno de um curso profissionalizante tem de lidar é unir
prática e teoria. Se esse problema não for solucionado ou pelo menos reduzido durante a
vida acadêmica do educando, essa dificuldade se refletirá na sua prática como
profissional ao ser ingressado no mercado de trabalho. “Não é só frequentando um curso
que um indivíduo se torna profissional. É, sobretudo, comprometendo-se profundamente
como construtor de uma práxis que o profissional se forma” (FÁVERO, 1992, p.65).
Assim, isso se torna possível durante a vida acadêmica do aluno através do estágio. Mas,
primeiro, o que é considerado estágio?
O DECRETO No 87.497, de 18 de agosto de 1982, que regulamenta a Lei nº 6.494, de 07
de dezembro de 1977, dispõe sobre o estágio de estudantes de estabelecimentos de
ensino superior e de ensino médio regular (antigo 2º grau) e supletivo. Segundo esse
decreto, no art. 2º:
Considera-se estágio curricular (...) as atividades de aprendizagem social, profissional e
cultural, proporcionadas ao estudante pela participação em situações reais de vida e
trabalho de seu meio, sendo realizadas na comunidade em geral ou junto a pessoas
jurídicas de direito público ou privado, sob responsabilidade e coordenação da instituição
de ensino.
Citando Roerch (1999), Tracz e Dias (2006 p. 1) “o estágio é uma chance que o
acadêmico tem para aprofundar conhecimentos e habilidades nas áreas de interesse do
aluno”. Não só isto é no momento do estágio que o acadêmico vê realmente como é a
realidade cotidiana e a complexidade da sua futura área profissional.
Esses autores citam também Bianchi (1998), que diz que se o estágio supervisionado for
visto como:

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...uma atividade de que pode trazer imensos benefícios para a aprendizagem, para a
melhoria do ensino e para o estagiário, no que diz respeito à sua formação, certamente
trará resultados positivos, além de estes tornarem-se ainda mais importantes quando se
tem consciência de que as maiores beneficiadas serão a sociedade e, em especial, a
comunidade a que se destinam os profissionais egressos da universidade. (TRACZ e
DIAS, 2006, p. 2)
Ainda mais levando em conta a importância de ser pôr em prática essa atitude reflexiva
logo no início da formação docente.
O estágio é um meio que pode levar o acadêmico a identificar novas e variadas
estratégias para solucionar problemas que muitas vezes ele nem imaginava encontrar na
sua área profissional. Ele passa a desenvolver mais o raciocínio, a capacidade e o espírito
crítico, além da liberdade do uso da criatividade.
O fato de o estágio ser supervisionado por um profissional habilitado torna um
treinamento, uma forma de profissionalização, na qual o estudante vivenciará o que tem
aprendido no estabelecimento de ensino, pois passa a perceber como os conteúdos
aprendidos podem ser úteis na prática e como podem ajudar a eliminar as falhas
existentes. É uma ferramenta que pode fazer a diferença para aqueles que estão
adentrando o mundo do trabalho e que têm o poder de mudar a lamentável realidade da
educação brasileira então observada.
CAPÍTULO 02

ATITUDES DO ESTAGIÁRIO NO MERCADO DE TRABALHO

2.1 – Posturas inadequadas dos estagiários no mundo corporativo

O estágio é um momento de aprendizado e, para alguns indivíduos, é o primeiro contato


com um ambiente corporativo. Ao contrário do que muitos pensam, comportar-se
adequadamente em uma empresa, mesmo nas mais "modernas", não é coisa do passado

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ou pouco relevante. Os estudantes que almejam uma possibilidade de prorrogação e,
principalmente, de efetivação, devem tomar alguns cuidados para não se
comprometerem com os chefes e colegas de trabalho.
Algumas pessoas associam etiqueta de comportamento a formalismos, regras inflexíveis
e postura que não condizem com a usual. Cada empresa tem as suas normas de
conduta, que não são regras formalizadas, mas cabe a cada um saber como agir da
maneira adequada; a recompensa é o reconhecimento e até mesmo uma promoção. Mas
hoje essa boa conduta também é associada à qualidade dos relacionamentos, à criação e
manutenção de uma imagem de profissionalismo centrados na ética e no bom senso.
Para auxiliar nessa tarefa, Giuliano Bortoluci, diretor de comunicação da Estagiários.com,
empresa especializada na seleção e contratação online de estagiários, dá algumas dicas
de como não se comportar no estágio.

1. Acomodação, jamais! - O estágio é um momento de aprendizagem na vida do futuro


profissional e deve ser tratado como tal. É natural que sinta-se perdido em um primeiro
momento, mas é importante ir atrás do conhecimento, procurar saber como faz e
também não acomodar-se em conhecer somente a sua área de atuação. Um bom líder
não é aquele que conhece bem a sua área, mas o que conhece todas as outras e sabe
como a empresa funciona. Quem almeja uma efetivação deve pensar nisso.
2. Esqueça as gírias - Há algumas expressões que são comuns no cotidiano de muitas
pessoas, mas elas devem ser evitadas em um ambiente corporativo. Isso passa uma
imagem de falta de profissionalismo e de postura. É claro que com os colegas de trabalho
que permitam uma relação mais informal, o uso é livre, mas não use tal maneira de falar
com os mais velhos e com seus superiores.

3. Não adie os compromissos - Já dizia o ditado: não deixe para amanhã o que você
pode fazer hoje. Tenha isso como um lema para o seu trabalho. Normalmente, uma das
formas de avaliar o estagiário é pelas tarefas que realizam, se não atrasam as atividades
e se as fazem com qualidade. Isso pode fazer a diferença e o destacar dos demais.

4. Não tenha vergonha, pergunte! - Como dito anteriormente, o estágio é um


momento de aprendizagem, é natural - e totalmente aceitável - que o estagiário tenha
dúvidas durante seu período de estágio. Não tenha vergonha de perguntar, mesmo que
não seja algo relacionado à sua atividade, mas que sejam questionamentos relacionados
ao ambiente de trabalho ou segmento de negócio da Empresa. Seus gestores e chefes
estão preparados para solucionarem suas questões.

5. Não perca tempo - Administrar bem o tempo no trabalho é algo louvável para

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qualquer profissional, seja estagiário ou não. Essa atitude mostra responsabilidade e
dedicação ao trabalho e aos resultados da empresa. Isso significa que é preciso realizar
todas as suas tarefas nas seis horas diárias de estágio. Para isso, evite navegar na
internet para coisas sem importância, utilizar programas de relacionamento, como
FACEBOOK , MSN, entro outros , e perder tempo à toa com outras coisas que não fazem
parte do seu trabalho.

6. Entenda sua posição - Ao entrar em um estágio, o estudante encontra-se na


condição de aprendiz, ele não pode chegar criticando as políticas da empresa e
reclamando do trabalho que tem a fazer. É importante expor as idéias e sugestões de
melhoria, tanto para o método de trabalho, quanto para a empresa, mas cuidado para
não fazer reclamações sem propor algo novo! Com isso, o estagiário pode ficar com a
fama de quem reclama de tudo, o que prejudica sua imagem e chances de promoção ou
efetivação.

7. Não seja individualista - Individualismo é algo mal visto em um ambiente de


trabalho, principalmente hoje, que as empresas são mais dinâmicas e muitos de seus
projetos exigem um trabalho em conjunto. Isso significa que o estagiário não deve ter
uma visão centrada apenas em seu trabalho, deve ser pró-ativo e ajudar os outros
sempre que for solicitado. O bom relacionamento com os colegas, assim como com os
superiores é um grande diferencial para o jovem talento.
8. Vestimenta adequada - Existem algumas empresas que permitem que os
funcionários trabalhem com vestimentas comuns, não sendo necessário o uso de roupa
social. Para os mais jovens, isso é uma ótima notícia, pois não é comum encontrarmos
estudantes que sintam prazer em usar calça e camisa sociais e paletó. Mas é preciso ter
cuidado na escolha da roupa, para os garotos é aconselhável que não usem regatas,
bermudas, bonés, sandálias, correntes no pescoço extravagante, por exemplo, já as
mulheres precisam evitar roupas curtas, decotes escandalosos, excesso de maquiagem,
por exemplo. A aparência do funcionário ainda é muito importante em um ambiente
corporativo.

9. "Não fui eu!" - Um grave erro cometido por estagiários é quando eles não assumem
os próprios erros. Não tenha medo de dizer que cometeu determinada falha, por pior que
ela seja. Essa atitude passa uma imagem de pessoa responsável e digna de confiança, o
contrário de quem mente ou tenha "enrolar" o seu superior ou colegas de trabalho. A
melhor solução quando isso acontece é dizer o que aconteceu e propor soluções que
consertem ou minimizem o problema gerado.

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10. Muito além da bolsa-auxílio - O interesse pela vaga tem que ser muito mais além
que o valor da bolsa-auxílio e benefícios, é preciso haver dedicação para sempre alcançar
os melhores resultados para si e para a instituição.

11. Evite atrasos - Pontualidade é imprescindível tanto para um profissional, quanto


para um estagiário. Poucos minutos de atraso são aceitáveis por algumas empresas, mas
é preciso tomar cuidado para que isso não vire rotina.
CAPÍTULO 03

ESTAGIÁRIO, O DIFERENCIAL NECESSÁRIO PARA O SUCESSO NA EMPRESA

São atividades alheias ao estágio e que podem ocasionar a rescisão imediata do contrato
de estágio.
- usar a internet para acessar redes sociais ou sites inúteis ao desenvolvimento
profissional;
(Face Book, Orkut, MSN, Youtube, Twitter entre outros).
- utilizar o telefone para tratar de assuntos particulares ou usá-lo em desacordo com as
normas regulamentares;
- usar materiais em proveito próprio ou desperdiçá-los;
- utilizar aparelhos sonoros durante as horas de estágio;
- demais atividades assemelhadas definidas pelo supervisor e/ou responsável pela
unidade, como sendo incompatíveis com o plano de estágio.

3.1 - SIGILO PROFISSIONAL

O estagiário tem o dever ético de manter sob sigilo toda e qualquer informação que lhe
for confiada, bem como o teor de documentos e demais papéis institucionais que
porventura tiver acesso.

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Cabe ao supervisor, orientar o estagiário sobre sua postura ética e profissional dentro da
unidade de estágio, de forma que o estagiário fique ciente que assuntos sigilosos
inerentes ao estágio, não devem ser tratados fora do seu local de estagio.

3.2 COMPETÊNCIAS DO ESTAGIÁRIO

- Demonstrar interesse pelo estágio


- Respeitar seu supervisor, a instituição e o usuário
- Ser capaz de assumir suas responsabilidades como sujeito ativo do processo
pedagógico
- Inteirar-se da estrutura e dos programas institucionais relacionados à atividade de
estágio
- Observar os princípios éticos da profissão
- Ser objetivo, claro, crítico e criativo
- Ter iniciativa
- Ter discrição
- Ser comunicativo
- Ser pontual
- Ser organizado
- Ser dinâmico
- Ser auto-crítico
- Ser atencioso e dedicado
- Ser ponderado
- Executar com responsabilidade todas as atividades práticas que lhe forem atribuídas
dentro do âmbito de ação da área
- Manter o sigilo das informações que tiver acesso

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CAPÍTULO 04
CURRÍCULO

Como um estudante, que busca uma oportunidade de estágio, pode montar um currículo
interessante? Como ele pode driblar a ausência de experiências profissionais e, ainda
assim, mostrar-se interessante o suficiente a ponto de ser contratado por uma empresa?
Segundo o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), que em 46 anos já encaminhou
10 milhões de estudantes para estágio, a dica é valorizar aspectos como atividades
extracurriculares e voluntariado, lembrando sempre que a escolaridade, nesse caso, é o
quesito que menos importa, pois os concorrentes serão muito parecidos.
Noely David, supervisora de Processos Especiais do Ciee, recomenda a divisão do
currículo em quatro partes.
1ª) o estudante deve cuidar do cabeçalho, que deve incluir os dados pessoais (nome,
endereço, telefone, e-mail).
2ª) detalhar a formação acadêmica (escola, curso e ano).
3ª) terceira, o jovem deve relatar experiências práticas (se tiver, claro), sempre da mais
recente para as antigas.
4ª) adicionar informações, como conhecimento de idiomas e de informática, trabalho
voluntário, práticas esportivas, etc. “Não é preciso assinar o currículo. Basta colocar o
mês e o ano”, orienta a supervisora.
Uma boa estratégia para impressionar favoravelmente o recrutador é relacionar as
informações do currículo com o estágio pretendido e a empresa.

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CAPÍTULOS O5
PERGUNTAS INEVITÁVEIS E RESPOSTAS CERTEIRAS EM ENTREVISTA DE
EMPREGO

Saiba quais são as perguntas mais frequentes que os entrevistadores costumam fazer, o
que evitar ao respondê-las, e no que apostar para se sair bem.
“Fale-me um pouco sobre você.”
Esta pergunta serve para quebrar o gelo e para ver como você improvisa em situações
menos estruturadas. É também uma das primeiras e mais importantes oportunidades
para causar uma boa impressão a seu respeito. Use este momento para projetar uma
imagem positiva sobre você!

EVITE:
• “Ah, sei lá... O que você quer saber?”
O que parece uma manobra para estudar melhor o seu entrevistador acaba
demonstrando insegurança, evasão e falta de preparo para a entrevista.
• “Bom, eu sou estudante do curso técnico em______, tenho XX anos. Este curso
me interessou porque_______________________ e quero trazer para esta empresa um
diferencial, como:
(relacionar o que pode fazer para ajudar a melhorar a empresa)

• “No meu tempo livre, curto minha família, meus amigos, cinema e leitura.”
Quatro das diversões mais seguras que você poderia citar. Isto não fala nada a seu
respeito que poderia lhe diferenciar.
APOSTE:
• “Sou um aventureiro/detetive/domador de leões (___ou qualquer descrição
alternativa sobre o que você faz___) que adora envolver os outros nos
desafios/solucionar problemas insolúveis/testar novas tecnologias (___ou qualquer
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talento que você tenha QUE SEJA RELEVANTE PARA A EMPRESA___) e que evita a
qualquer custo tomar decisões sem ter todas as informações antes/ situações de
rotina/estourar o prazo de projetos (___ ou qualquer coisa que te irrite e que possa ser
UM TRUNFO PARA A EMPRESA___).”
Este é o primeiro gancho para você prender a atenção de seu entrevistador. Não perca
esta chance.
• “Gosto de cinema amador e pesquiso novos cineastas.” ou “Gosto de literatura
contemporânea, e de vez em quando escrevo algumas crônicas.”
Bem diferente de simplesmente curtir cinema e leitura, não é mesmo? Aqui, temos uma
pessoa que nutre as atividades que lhe dão prazer. Isso faz de você uma pessoa
interessante, multidimensional, com vida própria. Não se trata de uma criatura lesmóide
que trabalha de dia e depois vegeta em casa. Ou no cinema do shopping.
“O que você acha que poderia contribuir para a nossa empresa?”
Este é o momento para você demonstrar, antes de mais nada, confiança nas suas
competências específicas e, sobretudo, o quanto você conhece a empresa em questão.

EVITE:
• “Bom, eu sou uma pessoa trabalhadora, que se esforça muito e que procura uma
oportunidade nova.”
“Genérico” define, não é mesmo? Este tipo de resposta decorre da mania de humildade
que muitas pessoas têm. Aos olhos do entrevistador, aqui temos uma pessoa que não diz
nada, apenas faz o que lhe é mandado. No futuro, se transformará em um daqueles
funcionários que são apenas um número.
• “Vocês trabalham com computadores, não é? (___dito para uma empresa de
soluções de TI para inteligência de negócios___) Então, eu conheço Word, Excel e Power
Point.”
Filhote, TODO MUNDO hoje em dia conhece esses três programas. É o tipo de coisa que
nem vale mais a pena ter no currículo. E, por favor, senta uma meia horinha antes para
entender as atividades da empresa para a qual você está se candidatando, está bem?
APOSTE:
• “Eu sei que a sua empresa nos próximos anos apostará em tecnologias
móveis/conquista do mercado/retenção de clientes (___ou qualquer coisa importante
sobre a empresa que você tenha pesquisado anteriormente___) e eu tenho bastante
conhecimento/experiência em (___exatamente aquilo que a empresa precisará___). Por
exemplo, (___insira aqui algum case de sucesso no qual você tenha sido diretamente
envolvido, e quais os resultados concretos que você gerou – se possível, com
números___).”

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Grave isto na sua cabeça: a pesquisa prévia sobre a empresa e o seu negócio é
IMPERATIVA. Igualmente importante: você deve conhecer aquilo no qual você é bom, e
como isso ajudará o seu futuro empregador. Nada de falsa modéstia aqui, por favor.

“Você tem alguma pergunta que gostaria de me fazer?”


Lembre-se que, ao contrário do que muitos pensam, a entrevista de emprego é uma via
de duas mãos. Você também precisa saber como é o trabalho, e se a empresa é certa
para você.

EVITE:
• “Não, não tenho.”
Indica falta de envolvimento por parte do entrevistado, além de uma total ausência de
ousadia e imaginação. Você CERTAMENTE tem dúvidas. Vamos lá, apresente-as!
• “Sim. Quanto paga?”
Se esta for à primeira entrevista em todo um processo, é cedo demais para se discutir
salários. Você tem que compreender direitinho as condições de trabalho, as horas extra,
o que é esperado de você, quais os benefícios. Fazer esta pergunta a esta altura do
campeonato demonstra amor apenas ao dinheiro, e não ao negócio e às atividades que
você exerceria.

APOSTE:
• “Na sua opinião, quais os maiores desafios enfrentados por funcionários da sua
empresa?”
Esta pergunta abre as portas para que o próprio entrevistador se expresse, e para que
seja honesto quanto às dificuldades que ele mesmo encontra. De quebra, faz de você
uma pessoa assertiva, que vai atrás de informações importantes, em vez de ser apenas
um receptor passivo do que a maré lhe trouxer.
• “Como são as perspectivas de desenvolvimento de carreira dentro da sua
empresa?”
Além de projetar você como um profissional empenhado, esta pergunta demonstra seu
interesse em entrar e ficar na empresa por um bom tempo, o que transmite segurança
ao empregador. Fique de olho, contudo, na resposta. Será um bom sinal se o
entrevistador descrever programas estruturados de evolução de carreira já estabelecidos
na organização. Fique esperto se ele lhe der uma resposta vaga, pois isto pode indicar
estratégias menos sólidas para desenvolver e reter os talentos da empresa...

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CAPÍTULO 06
LEI DE ESTÁGIO

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 11.788, DE 25 DE SETEMBRO DE 2008.

Dispõe sobre o estágio de estudantes; altera


a redação do art. 428 da Consolidação das
Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo
Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de
1943, e a Lei no 9.394, de 20 de dezembro
de 1996; revoga as Leis nos 6.494, de 7 de
dezembro de 1977, e 8.859, de 23 de março
de 1994, o parágrafo único do art. 82 da Lei
no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e o
art. 6o da Medida Provisória no 2.164-41, de
24 de agosto de 2001; e dá outras
providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e


eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I
DA DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E RELAÇÕES DE ESTÁGIO

Art. 1o Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente


de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam
freqüentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação
profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino
fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos.

§ 1o O estágio faz parte do projeto pedagógico do curso, além de integrar o


itinerário formativo do educando.

§ 2o O estágio visa ao aprendizado de competências próprias da atividade


profissional e à contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando
para a vida cidadã e para o trabalho.
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Art. 2o O estágio poderá ser obrigatório ou não-obrigatório, conforme
determinação das diretrizes curriculares da etapa, modalidade e área de ensino e do
projeto pedagógico do curso.

§ 1o Estágio obrigatório é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga
horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma.

§ 2o Estágio não-obrigatório é aquele desenvolvido como atividade opcional,


acrescida à carga horária regular e obrigatória.

§ 3o As atividades de extensão, de monitorias e de iniciação científica na educação


superior, desenvolvidas pelo estudante, somente poderão ser equiparadas ao estágio em
caso de previsão no projeto pedagógico do curso.

Art. 3o O estágio, tanto na hipótese do § 1o do art. 2o desta Lei quanto na prevista


no § 2o do mesmo dispositivo, não cria vínculo empregatício de qualquer natureza,
observados os seguintes requisitos:

I – matrícula e freqüência regular do educando em curso de educação superior, de


educação profissional, de ensino médio, da educação especial e nos anos finais do ensino
fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos e atestados
pela instituição de ensino;

II – celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do


estágio e a instituição de ensino;

III – compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas


previstas no termo de compromisso.

§ 1o O estágio, como ato educativo escolar supervisionado, deverá ter


acompanhamento efetivo pelo professor orientador da instituição de ensino e por
supervisor da parte concedente, comprovado por vistos nos relatórios referidos no inciso
IV do caput do art. 7o desta Lei e por menção de aprovação final.

§ 2o O descumprimento de qualquer dos incisos deste artigo ou de qualquer


obrigação contida no termo de compromisso caracteriza vínculo de emprego do educando
com a parte concedente do estágio para todos os fins da legislação trabalhista e
previdenciária.

Art. 4o A realização de estágios, nos termos desta Lei, aplica-se aos estudantes
estrangeiros regularmente matriculados em cursos superiores no País, autorizados ou
reconhecidos, observado o prazo do visto temporário de estudante, na forma da
legislação aplicável.

Art. 5o As instituições de ensino e as partes cedentes de estágio podem, a seu


critério, recorrer a serviços de agentes de integração públicos e privados, mediante
condições acordadas em instrumento jurídico apropriado, devendo ser observada, no
caso de contratação com recursos públicos, a legislação que estabelece as normas gerais
de licitação.

§ 1o Cabe aos agentes de integração, como auxiliares no processo de


aperfeiçoamento do instituto do estágio:

I – identificar oportunidades de estágio;

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II – ajustar suas condições de realização;

III – fazer o acompanhamento administrativo;

IV – encaminhar negociação de seguros contra acidentes pessoais;

V – cadastrar os estudantes.

§ 2o É vedada a cobrança de qualquer valor dos estudantes, a título de


remuneração pelos serviços referidos nos incisos deste artigo.

§ 3o Os agentes de integração serão responsabilizados civilmente se indicarem


estagiários para a realização de atividades não compatíveis com a programação
curricular estabelecida para cada curso, assim como estagiários matriculados em cursos
ou instituições para as quais não há previsão de estágio curricular.

Art. 6o O local de estágio pode ser selecionado a partir de cadastro de partes


cedentes, organizado pelas instituições de ensino ou pelos agentes de integração.

CAPÍTULO II
DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO

Art. 7o São obrigações das instituições de ensino, em relação aos estágios de seus
educandos:

I – celebrar termo de compromisso com o educando ou com seu representante ou


assistente legal, quando ele for absoluta ou relativamente incapaz, e com a parte
concedente, indicando as condições de adequação do estágio à proposta pedagógica do
curso, à etapa e modalidade da formação escolar do estudante e ao horário e calendário
escolar;

II – avaliar as instalações da parte concedente do estágio e sua adequação à


formação cultural e profissional do educando;

III – indicar professor orientador, da área a ser desenvolvida no estágio, como


responsável pelo acompanhamento e avaliação das atividades do estagiário;

IV – exigir do educando a apresentação periódica, em prazo não superior a 6 (seis)


meses, de relatório das atividades;

V – zelar pelo cumprimento do termo de compromisso, reorientando o estagiário


para outro local em caso de descumprimento de suas normas;

VI – elaborar normas complementares e instrumentos de avaliação dos estágios de


seus educandos;

VII – comunicar à parte concedente do estágio, no início do período letivo, as datas


de realização de avaliações escolares ou acadêmicas.

Parágrafo único. O plano de atividades do estagiário, elaborado em acordo das 3


(três) partes a que se refere o inciso II do caput do art. 3o desta Lei, será incorporado ao
termo de compromisso por meio de aditivos à medida que for avaliado,
progressivamente, o desempenho do estudante.

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Art. 8o É facultado às instituições de ensino celebrar com entes públicos e privados
convênio de concessão de estágio, nos quais se explicitem o processo educativo
compreendido nas atividades programadas para seus educandos e as condições de que
tratam os arts. 6o a 14 desta Lei.

Parágrafo único. A celebração de convênio de concessão de estágio entre a


instituição de ensino e a parte concedente não dispensa a celebração do termo de
compromisso de que trata o inciso II do caput do art. 3o desta Lei.

CAPÍTULO III
DA PARTE CONCEDENTE

Art. 9o As pessoas jurídicas de direito privado e os órgãos da administração pública


direta, autárquica e fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, bem como profissionais liberais de nível superior
devidamente registrados em seus respectivos conselhos de fiscalização profissional,
podem oferecer estágio, observadas as seguintes obrigações:

I – celebrar termo de compromisso com a instituição de ensino e o educando,


zelando por seu cumprimento;

II – ofertar instalações que tenham condições de proporcionar ao educando


atividades de aprendizagem social, profissional e cultural;

III – indicar funcionário de seu quadro de pessoal, com formação ou experiência


profissional na área de conhecimento desenvolvida no curso do estagiário, para orientar
e supervisionar até 10 (dez) estagiários simultaneamente;

IV – contratar em favor do estagiário seguro contra acidentes pessoais, cuja


apólice seja compatível com valores de mercado, conforme fique estabelecido no termo
de compromisso;

V – por ocasião do desligamento do estagiário, entregar termo de realização do


estágio com indicação resumida das atividades desenvolvidas, dos períodos e da
avaliação de desempenho;

VI – manter à disposição da fiscalização documentos que comprovem a relação de


estágio;

VII – enviar à instituição de ensino, com periodicidade mínima de 6 (seis) meses,


relatório de atividades, com vista obrigatória ao estagiário.

Parágrafo único. No caso de estágio obrigatório, a responsabilidade pela


contratação do seguro de que trata o inciso IV do caput deste artigo poderá,
alternativamente, ser assumida pela instituição de ensino.

CAPÍTULO IV
DO ESTAGIÁRIO

Art. 10. A jornada de atividade em estágio será definida de comum acordo entre a
instituição de ensino, a parte concedente e o aluno estagiário ou seu representante legal,
devendo constar do termo de compromisso ser compatível com as atividades escolares e
não ultrapassar:

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I – 4 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais, no caso de estudantes de
educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional
de educação de jovens e adultos;

II – 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais, no caso de estudantes do


ensino superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio regular.

§ 1o O estágio relativo a cursos que alternam teoria e prática, nos períodos em


que não estão programadas aulas presenciais, poderá ter jornada de até 40 (quarenta)
horas semanais, desde que isso esteja previsto no projeto pedagógico do curso e da
instituição de ensino.

§ 2o Se a instituição de ensino adotar verificações de aprendizagem periódicas ou


finais, nos períodos de avaliação, a carga horária do estágio será reduzida pelo menos à
metade, segundo estipulado no termo de compromisso, para garantir o bom desempenho
do estudante.

Art. 11. A duração do estágio, na mesma parte concedente, não poderá exceder 2
(dois) anos, exceto quando se tratar de estagiário portador de deficiência.

Art. 12. O estagiário poderá receber bolsa ou outra forma de contraprestação que
venha a ser acordada, sendo compulsória a sua concessão, bem como a do auxílio-
transporte, na hipótese de estágio não obrigatório.

§ 1o A eventual concessão de benefícios relacionados a transporte, alimentação e


saúde, entre outros, não caracteriza vínculo empregatício.

§ 2o Poderá o educando inscrever-se e contribuir como segurado facultativo do


Regime Geral de Previdência Social.

Art. 13. É assegurado ao estagiário, sempre que o estágio tenha duração igual ou
superior a 1 (um) ano, período de recesso de 30 (trinta) dias, a ser gozado
preferencialmente durante suas férias escolares.

§ 1o O recesso de que trata este artigo deverá ser remunerado quando o


estagiário receber bolsa ou outra forma de contraprestação.

§ 2o Os dias de recesso previstos neste artigo serão concedidos de maneira


proporcional, nos casos de o estágio ter duração inferior a 1 (um) ano.

Art. 14. Aplica-se ao estagiário a legislação relacionada à saúde e segurança no


trabalho, sendo sua implementação de responsabilidade da parte concedente do estágio.

CAPÍTULO V
DA FISCALIZAÇÃO

Art. 15. A manutenção de estagiários em desconformidade com esta Lei


caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente do estágio para
todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária.

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§ 1o A instituição privada ou pública que reincidir na irregularidade de que trata
este artigo ficará impedida de receber estagiários por 2 (dois) anos, contados da data da
decisão definitiva do processo administrativo correspondente.

§ 2o A penalidade de que trata o § 1o deste artigo limita-se à filial ou agência em


que for cometida a irregularidade.

CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 16. O termo de compromisso deverá ser firmado pelo estagiário ou com seu
representante ou assistente legal e pelos representantes legais da parte concedente e da
instituição de ensino, vedada a atuação dos agentes de integração a que se refere o art.
5o desta Lei como representante de qualquer das partes.

Art. 17. O número máximo de estagiários em relação ao quadro de pessoal das


entidades concedentes de estágio deverá atender às seguintes proporções:

I – de 1 (um) a 5 (cinco) empregados: 1 (um) estagiário;

II – de 6 (seis) a 10 (dez) empregados: até 2 (dois) estagiários;

III – de 11 (onze) a 25 (vinte e cinco) empregados: até 5 (cinco) estagiários;

IV – acima de 25 (vinte e cinco) empregados: até 20% (vinte por cento) de


estagiários.

§ 1o Para efeito desta Lei, considera-se quadro de pessoal o conjunto de


trabalhadores empregados existentes no estabelecimento do estágio.

§ 2o Na hipótese de a parte concedente contar com várias filiais ou


estabelecimentos, os quantitativos previstos nos incisos deste artigo serão aplicados a
cada um deles.

§ 3o Quando o cálculo do percentual disposto no inciso IV do caput deste artigo


resultar em fração, poderá ser arredondado para o número inteiro imediatamente
superior.

§ 4o Não se aplica o disposto no caput deste artigo aos estágios de nível superior e
de nível médio profissional.

§ 5o Fica assegurado às pessoas portadoras de deficiência o percentual de 10%


(dez por cento) das vagas oferecidas pela parte concedente do estágio.

Art. 18. A prorrogação dos estágios contratados antes do início da vigência desta
Lei apenas poderá ocorrer se ajustada às suas disposições.

Art. 19. O art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada
pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, passa a vigorar com as seguintes
alterações:

“Art. 428. ......................................................................

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§ 1o A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na
Carteira de Trabalho e Previdência Social, matrícula e freqüência do
aprendiz na escola, caso não haja concluído o ensino médio, e inscrição em
programa de aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade
qualificada em formação técnico-profissional metódica.

......................................................................

§ 3o O contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por mais de 2


(dois) anos, exceto quando se tratar de aprendiz portador de deficiência.

......................................................................

§ 7o Nas localidades onde não houver oferta de ensino médio para o


cumprimento do disposto no § 1o deste artigo, a contratação do aprendiz
poderá ocorrer sem a freqüência à escola, desde que ele já tenha concluído
o ensino fundamental.” (NR)

Art. 20. O art. 82 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar


com a seguinte redação:

“Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as normas de realização de


estágio em sua jurisdição, observada a lei federal sobre a matéria.

Parágrafo único. (Revogado).” (NR)

Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 22. Revogam-se as Leis nos 6.494, de 7 de dezembro de 1977, e 8.859, de 23


de março de 1994, o parágrafo único do art. 82 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de
1996, e o art. 6o da Medida Provisória no 2.164-41, de 24 de agosto de 2001.

Brasília, 25 de setembro de 2008; 187o da Independência e 120o da


República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA


Fernando Haddad
André Peixoto Figueiredo Lima

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