Você está na página 1de 100

Modelos em

Psicologia Clínica

2019/2020
Marta Alexandra

1
Modelos em Psicologia Clínica
EXISTEM 3 MODELOS TEÓRICOS EM PSICOLOGIA CLÍNICA:

-Sistémico-Relacional

-Fenomenológico-Existencial

-Cognitivo-Comportamental (9 a 13 dezembro)

Teórica (24/09/2019)

HISTÓRIA E CONTEXTO PENSAMENTO SISTÉMICO

Terapia Familiar Sistémica

• Diálogo estreito com diversas disciplinas (T. Geral de Sistemas; Cibernética;


Física; Biologia; Epistemologia)
• Teorias diferentes da psicologia, psiquiatria e psicoterapia
Nomes relevantes:
L. Bertalanffy (Teoria Geral dos Sistemas)
N. Wiener (Cibernética)
G.Bateson (antropólogo)
H. Maturana (Neurobiológo)
Prigogine (Físico - Prémio Nobel , 1977)
E. Morin (Filósofo, epistemólogo)
V. Foester (Filósofo e físico)
• Quem utiliza este modelo, trabalha muito bem em equipa- equipas
multidisciplinares. (interdisciplinaridade)

Desenvolve-se a partir dos anos 50, nos EUA, estendendo-se até à europa a partir da
década de 70 (séc. XX).

Existe uma mudança de paradigma, passando do pensamento psicanalítico e da


causalidade linear (A causa B) (pensamento científico), para o pensamento sistémico e
causalidade circular.

2
Passagem da ótica Linear à Sistémica

A) O fenómeno é incompreensível se o campo de observação não incluir o contexto


em que este se produz. Pode se cometer erros de codificação do que está a
acontecer;
B) O problema identificado passa a ser relacionado com o funcionamento do sistema
e não com uma situação individual. O individuo faz parte do sistema, tenho de
olhar para o individuo. O foco é o funcionamento do sistema e os elementos que
o constituem;
C) O objetivo da intervenção sistémica é compreender e conseguir modificações nos
processos de comunicação e modelos de interação e não agir sobre problemas
individuais.
D) Os acontecimentos deixam de ser estudados em cadeia (causalidade linear A causa
B) passando a estudar-se a interação atual e os fatores que a influenciam
(causalidade circular).
• Individuo isolado VS interação dinâmica entre os seus elementos;
• Causa e efeito influenciam-se mutuamente;
• Não detetamos o comportamento do todo através da soma das partes-
Conceito da Totalidade;
• Interdependência;
• Influência Retroativa;

É muito difícil isolar o individuo do seu meio/família; ambos, quando existem condições.
Evolem simultaneamente e mudam reciprocamente

- Existe uma co-evolução. Isto é, o indivíduo muda, portanto, o sistema também muda.
Quando o indivíduo se reorganiza, mas o sistema não, muitas vezes aparece
sintomatologia. Em situações familiares, aparece normalmente no elemento mais frágil
(adolescente).

3
Definição de Sistema
Um sistema é uma entidade composta com pelo menos dois elementos que interagem
entre si.
• Conjunto de unidades em interações mútuas (Bertalanffy);
• Conjunto de elementos em interação dinâmica, organizados em função de uma
finalidade (Rosnay);
• Unidade global organizada de inter-relações entre elementos, ações ou indivíduos (E.
Morin);
• Entre os elementos do sistema existe uma relação circular. (ex: alcoolismo)
Exemplo: Indivíduo = Sistema (sistema reprodutor, sistema linfático, sistema digestivo,
etc...) Sistema respiratório- existe uma interligação entre as partes.

SISTEMA: Conjunto de elementos em interação dinâmica, organizados em função de


uma finalidade, em determinado contexto, que evoluem no tempo, sem perder a
identidade.

Sistema Aberto
• É um subsistema de um outro sistema;

4
• Tem interações com outros sistemas, geram realimentações +/– criando uma auto-
regulação regenerativa e por sua vez, cria novas propriedades (benéficas ou maléficas
para o todo independentemente das partes);
• Existem trocas (matéria, energia, informação e afectos);
• Está em permanente relação com ambiente e o contexto social.
Crescimento – Complexidade – Organização

Sistema dinâmico ≠
FAMÍLIA ESCOLA Estático Autorregulação
Evolução/ complexidade

Exemplo: Família- Forte ligação emocional entre os seus elementos e ao mesmo tempo
possibilitar a autonomia dos seus elementos = subsistemas intrafamiliares e extra família.

Sistema Fechado
• Não sofrem (ou sofrem pouca) influência do meio ambiente no qual estão inseridos, de
tal forma que o sistema se alimenta dele próprio. Não existe troca de informação, etc.
Entropia

Não sofre mudanças


Nem crescimento
Estagnação

Terapia Familiar
• É necessário compreender o comportamento dos indivíduos no contexto relacional
em que vivem •
No campo psicoterapêutico:

• Mudança de paradigma surge um novo conceito de doença mental, em que o


sintoma do indivíduo deixa de ocupar um papel central, e passa a expandir-se para
o funcionamento global do sistema onde o indivíduo está incluído;
• Deslocamento do foco da atenção do intrapsíquico para a o contexto e rede
relacional do individuo;
• O Paciente Identificado (PI) é portador do sintoma sendo um dos elos de uma
cadeia interativa disfuncional de um todo/sistema.

5
TEORIAS DA COMUNICAÇÃO
Escola Palo Alto
A partir de 1950 (Bateson,Haley, Don Jackson, Weakland e Watzlawick)
Pressupostos:
A essência da comunicação reside em processos relacionais e interrelacionais,
importando mais as relações entre indivíduos do que estes tomados isoladamente.
Todo o comportamento tem valor de comunicação.
Os problemas psíquicos podem ser atribuídos a perturbações na comunicação.
Análise da comunicação em famílias com esquizofrénicos conceito do “double bind” ou
“duplos vínculos”

O emissor dá mensagens incongruentes, de tal forma que o recetor fica num impasse ou
armadilha sem saída e, quando isso acontece repetidamente, o sujeito adoece. Nas
famílias dos esquizofrénicos constatou-se que o padrão comunicacional era realizado
através de duplos vínculos.

Comunicação
Dimensões:
Sintaxe – Tem por objeto a transmissão de informações. Trata de problemas relativos ao
código, transmissão e receção de mensagens. (o como?)
Semântica – Interessa-se pelo sentido da mensagem, isto é o significado do que é
comunicado. (o quê?)
Pragmática – Como é que a comunicação afeta o comportamento. (o para quê ?)
Centra-se sobre a relação que une o emissor e o recetor enquanto mediatizada pela
comunicação e recolocada no meio (contexto) onde o fenómeno se produz.
Premissas da pragmática da comunicação humana:
1. Valor comunicacional do comportamento
(Todo o comportamento é comunicação)
2. Contexto
(“…toda a comunicação precisa de um contexto, pois sem contexto não há significado…”
Bateson As mensagens só têm sentido quando compreendidas no contexto)
3. Relação
(A relação é um dos dois níveis da mensagem) A consciência que o sujeito tem de si
próprio depende das suas relações com os outros.
4. Redundância

6
“a comunicação humana é constituída por sinais verbais, corporais e comportamentais.
Se observarmos do exterior uma interação entre duas ou mais pessoas, podemos notar que
certas sequências se repetem e que os mesmos comportamentos se implicam
mutuamente” Madalena Alarcão
5. Metacomunicação
Trata-se de qualquer ato de comunicar sobre a comunicação A Metacomunicação tem
como finalidade especificar e pontuar o contexto da interação. Este contexto determina
como devem ser interpretados os comportamentos relacionais.

Pragmática da Comunicação
Estuda os efeitos da comunicação humana sobre o comportamento
- Comunicação funcional (capacidade de unir, de ligar, de pôr em relação os parceiros
comunicacionais);
- Comunicação disfuncional ou patológica (afasta as pessoas ou cria entre elas um ecrã
de incompreensão e ressentimentos).

A Pragmática da comunicação baseia-se em 5 Axiomas:


1º Axioma
- Impossibilidade de não comunicar
- É impossível alguém não se comportar
• Todo o comportamento tem um valor de mensagem = é comunicação!
• Tudo aquilo que dissermos ou fizermos, consciente ou inconscientemente,
intencionalmente ou não, constitui uma comunicação.
Exemplos: Evitamento da comunicação, silêncio, etc = Comunicar que não queremos
comunicar Ausências = comunicação.
Quando alguém refere: “Não conseguimos comunicar…” C. Disfuncional
Estratégias ou distorções comunicacionais:
• Aceitação (Uhm…pois, pois…)
• Rejeição (Forte tensão emocional, mas mais clara e pode ser construtiva)
• Desqualificação (Desconversar; tagarelar sem nexo)
• Formação do sintoma (“Famosa” dor de cabeça)

2º Axioma
7
Toda a Comunicação tem dois níveis: Conteúdo e Relação
“Toda a comunicação tem um aspeto de conteúdo (transmite informação sobre factos,
opiniões, sentimentos e experiências de quem comunica) e um aspeto de comunicação ou
relação (exprime, direta ou indiretamente algo sobre a relação dos interlocutores)”
É a relação (ou o contexto) que classifica o conteúdo da mensagem
“Tens os parafusos bem apertados”
As informações sobre a relação correspondem à metacomunicação
“Passa-se alguma coisa entre nós?”
Conflitos no casal…
Desta forma a comunicação serve para confirmar a definição que cada um faz da relação
e de si próprio.

Conteúdo e Relação
Distorções:
• Confusão: Os parceiros discutem conteúdos, quando deveriam definir a relação,
não havendo, portanto, distinção entre conteúdo e relação.
• Rejeição: Torna-se necessário redefinir a relação: “Estás errado”
• Desconfirmação: “Não existes”. É não só o conteúdo, mas também a própria
existência do EU que é negada.

3º Axioma
“A natureza de uma relação está na contingência da pontuação das sequências
comunicacionais entre os comunicantes”
• Comportamento como resposta ao comportamento do outro;
• Noção de causalidade é dependente desta pontuação.
Discrepância na pontuação
Exemplo:
Esposa acusa o marido de passivo “ Ele é um homem muito passivo, nunca toma a
iniciativa de nada …. Pudera, para ti nada do que faço está bem, o melhor é seres tu a
fazer tudo.”
ou
“…Eu retraio-me porque tu passas a vida a implicar” e “eu implico porque tu te retrais”
- Os outros devem ver da mesma forma que eu. Só há uma realidade..
- Cada um persiste na sua atitude (rigidificada) e coloca a responsabilidade no outro –
“Braços de ferro”

4º Axioma
Na comunicação usam-se dois tipos de códigos: digital e analógica
8
Todos os seres humanos comunicam tanto de forma digital como analogicamente.
Comunicação digital = comunicação verbal = objetiva, mais precisa e complexa.
Comunicação analógica = comunicação não verbal (postura, gestos, expressão facial,
olhares, inflexão da voz, etc) = mais subjetiva, ambígua e mais rica do ponto de vista
afetiva, mas impossibilitada de exprimir conceitos abstratos.

Distorções: são erros de pontuação entre o nível digital e analógico da comunicação.


Toda a comunicação tem um conteúdo e uma relação

Forma digital Forma analógica

Os dois devem ser permanentemente combinados e traduzidos um no outro para que não
existam erros de tradução.

5º Axioma
“ Todas as permutas comunicacionais ou são simétricas ou complementares, conforme
se baseiam na igualdade ou na diferença”
• Os parceiros tendem a refletir o comportamento um do outro, minimizando as
suas diferenças e amplificando as semelhanças → Interação Simétrica
• O comportamento do parceiro complementa o do outro, maximizandose então,
as diferenças existentes entre ambos → Interação complementar

Distorções
Escalada Simétrica:
• Interações simétricas rígidas (idêntico comportamento) podem conduzir a
comportamentos de competição = Quebra da relação
• Complementaridade Rígida
Interação complementar rígida pode levar a uma tal diferença que os indivíduos
deixam de se reconhecer como semelhantes ≠ Cooperação
Comunicação humana saudável = a simetria equilibra-se, simultânea ou alternadamente
com a complementaridade.

Prática (26/09/2019)

Axiomas de Comunicação
o 1º: É impossível não comunicar;
o 2º: Toda a comunicação tem 2 níveis: conteúdo e relação;

9
o 3º: a natureza de uma relação está na contingência da pontuação das sequencias
comunicacionais entre os comunicantes;
o 4º: Existem dois tipos de comunicação: digital e analógica;
o 5º: Todas as permutas comunicacionais ou são simétricas ou complementares
conforme se baseiam na igualdade ou na diferença.

Distorções do Axioma 1
Texto do Exemplo:
O João entra no avião e sabe que tem 2h de descanso, em que o telemóvel não toca, em
que ninguém chega com papeis para assinar. No cais de embarque não viu ninguém
conhecido o que lhe deu a satisfação de nem sequer ter de “fazer conversa” durante a
viagem. É possível que ponha algum do sono que bem precisa em dia. Os passageiros
sentam-se e o avião levanta voo. Terminados os avisos sonoros, o João começa a instalar-
se no seu sossego. Nesse momento a vizinha do lado começar a “meter conversa”. Para
não ser mal-educado, o João vai respondendo monossilabicamente, ou com pequenos
“hum…” às interpelações da sua parceira de viagem. Ao fim de 10 minutos está furioso
com ela, que o obriga a participar numa conversa que não lhe interessa, e com ele, que
não sabe como sair da situação. Fecha os olhos e passa mesmo pelo sono. Mas a vizinha,
que nem dá conta que o João está a dormir ou que acha que o espetáculo do pôr do Sol é
demasiado bonito para ser ignorado, chama-o, desperta-o e continua a conversa. Sentindo
que nem o sono o salvou, o João ganha coragem e diz: “desculpe, mas na realidade não
quero conversar, quero descansar”. A vizinha fica ligeiramente amuada, mas cala-se.
Passado uns minutos levanta-se e vai se sentar ao pé de outra passageira.
o Aceitação: Para não ser mal-educado, o João vai respondendo
monossilabicamente, ou com pequenos “hum…” às interpelações da sua parceira
de viagem Não é uma verdadeira aceitação, mas não corta totalmente o dialogo
(ao contrário na rejeição, que se corta).
o Rejeição: Sentindo que nem o sono o salvou, o João ganha coragem e diz:
“desculpe, mas na realidade não quero conversar, quero descansar”. Pode criar
muita tensão entre os interlocutores. Desconforto em conversar, há tensão,
frequência e intensidade (distorção).
o Formação de Sintoma: Ao fim de 10 minutos está furioso com ela, que o obriga
a participar numa conversa que não lhe interessa, e com ele, que não sabe como
sair da situação. Fecha os olhos e passa mesmo pelo sono. “quando ele adormece”
- quando ele fecha os olhos e passa pelo sono.
o Desqualificação: Pode ser por exemplo o facto de o João começar a cantar do
nada, a tirar selfies, a fazer ritmos alto… Quando nós desvalorizamos, por
exemplo quando há a desvalorização do que o interlocutor está a dizer. (No fundo
nós não queremos conversar com alguém, mas como não conseguimos dizer ou
mesmo dizendo a pessoa não compreende ou ignora, ficamos a fazer algo por
exemplo tirar selfies, para não ter de conversar.)

Distorções Axioma 2 (conteúdo e relação: muitas vezes discute-se a relação em vez do


conteúdo)
10
Texto do Exemplo:
Carlos e Sofia tinham iniciado uma terapia de casal para “verem se ainda era possível
salvar o casamento”. Uma das muitas acusações mútuas relacionava-se com a gestão do
dinheiro e a finalização da casa em que habitavam: A Sofia achava que podiam pedir um
empréstimo e acabar rapidamente a casa para viverem mais confortavelmente; Carlos
entendia que não deveriam dar dinheiro a ganhar ao banco e que era preferível ir fazendo
as obras à medida que fossem tendo dinheiro.
o Confusão: Discutem sobre fazer ou não um empréstimo quando, neste caso,
estavam a discutir indiretamente era quem podia tomar decisões respeitantes ao
casal e à casa.
o Rejeição: Uma afirmação do tipo: “Estás errado” → A rejeição pode ser
construtiva já que é clara a comunicação de um conteúdo que pode, por isso
mesmo, ser substituído. (mais honestos/ mais claros)

Texto do Exemplo:
Todas as refeições, a Rosa perguntava ao marido o que ele achava da comida. O Rui dizia-
lhe invariavelmente que estava tudo muito bom. Mesmo quando os pratos não tinham
sido bem conseguidos.
o Desconfirmação: A Rosa começa a ter a impressão de que tudo que ela faz é
irrelevante para o marido e já se pergunta se ele tem, ou não, necessidade dela.
Sentia-se cada vez mais negada como pessoa. (as pessoas começam-se a sentir
negadas pelo outro, menos importantes, menos notadas, etc.)

Distorções do Axioma 3
Texto do Exemplo:
Durante uma discussão a Joana diz ao seu marido, Vasco: “Tu nem queres falar com o
nosso filho, se não fosse eu a fazer força, tu e ele nunca conversavam”. Ao que o Vasco
responde: “tu é que te estar sempre a meter na nossa relação, não aguentas que eu tenha
tempo só com ele, sem estares lá. Chateias-me tanto depois que mais vale ficar quieto”.
Discrepância na pontuação:
A- Joana tentar aproximar os 2; B- Vasco afaste-se do filho; A, B.

• Para joana: A por causa de B;


• Para o Vasco: B por causa do A

Distorções do Axioma 4
Texto do Exemplo:

11
O Raúl gostava muito da Carla e decidiu dar-lhe a conhecer os seus sentimentos pois
pretendia começar a namorar com ela. Durante dias preparou o discurso que lhe ia fazer.
Burilou-o até ao último pormenor: cuidou das pausas que iria fazer, das palavras que ia
usar. No dia marcado foi ter com a Carla e começou o discurso. No fim ambos tiveram
uma sensação estranha: o Raúl achou que não tinha conseguido dizer a Carla que a amava
e esta ficou sem saber se o Raúl era sincero ou a gozar com ela. Depois de um silêncio
muito embaraçoso, o Raúl, com uma voz muito trémula e os olhos brilhantes disse: “eu
gosto muito de ti e queria namorar contigo; não sei o que sentes por mim, tenho medo
que me digas que não, mas eu preciso e quero estar mais contigo.”
o Erros de tradução: Interpretar o analógico com base na experiência própria (Já
gozaram comigo) ou assumindo que segue a mesma lógica do código digital (a
tensão analógica do Raúl como se fosse propositada como o texto). São muitas
vezes inconscientes.

Distorções do Axioma 5
Texto do Exemplo:
O Luís pede à mulher que lhe corrija um relatório que tem para entregar no serviço: tem
algumas dúvidas relativamente à correção formal do texto e acha que a mulher pode fazer
uma revisão segura. Esta faz e, depois, mostra ao marido as correções propostas. O Luís
aceita-as, à exceção de uma em que acha que o sentido fica alterado pela correção.
Conversam sobre isso e a mulher concorda com a perspetiva do marido. No dia seguinte,
o marido diz que tem de ir trabalhar ao Sábado, e a mulher diz que ela também tem coisas
para fazer de trabalho e não pode ficar todo o dia a tomar conta do filho.
o Escalada Simétrica:

12
Como continuaria se fosse uma
escala simétrica?
Conversam sobre isso e a mulher
não concorda S. O Luís diz que é o
seu nome que vai no relatório por
isso a palavra final é dele S. A
mulher diz para ele nunca mais lhe
pedir nada que ela tem mais que
fazer S.

o Complementaridade Rígida:

Apontamentos do Livro sobre a Pragmática da Comunicação:


Os efeitos pragmáticos dos axiomas podem ser melhor ilustrados se forem relacionados
com as perturbações que podem ocorrer na comunicação. Isto é, dados certos princípios
de comunicação, examinaremos de que maneira, e com que consequências de tais
fenómenos para o comportamento correspondem, frequentemente, a várias
psicopatologias individuais, de modo que, além de exemplificarmos a nossa teoria,
estaremos também sugerindo uma outra estrutura dentro da qual poderemos observar o
comportamento habitualmente tido por sintomático de doença mental.
A impossibilidade de não comunicar:
O paciente pode parecer querer comunicar sem que aceite, porém, o compromisso
inerente a toda a comunicação. Por exemplo, uma jovem esquizofrénica apresentou-se no
consultório de um psiquiatra para a sua primeira entrevista e anunciou com jovialidade:
‘’ A minha mãe teve de casar e agora aqui estou’’. Foram necessárias semanas para
elucidar os muitos significados que ela condensara naquela simples frase, significados
que eram, ao mesmo tempo, desclassificados pelo seu formato critico e pela exibição de
aparente bom humor e vivacidade. A abertura dela, como se veria, tinha o propósito de
informar o analista de que:
a) Ela era fruto de uma gravidez ilegítima;
b) Esse facto causara, fosse como fosse, a sua psicose;
c) ‘’teve de casar’’, referindo-se à natureza precipitada do casamento de sua mãe,
tanto podia significar que a mãe não era a culpada, porque a pressão social a
forçara a aceitar o casamento, ou que a mãe tinha se ressentido da natureza
forçada da situação e atribuía a culpa a existência dessa filha;

13
d) ‘’aqui’’ significava tanto o gabinete do psiquiatra como a existência da paciente
no mundo; e, assim, subentendia-se que, por um lado, a mãe acabara fazendo dela
uma ‘’louca’’, enquanto que, por outro lado, ela tinha de ser eternamente grata à
sua mãe, que pecara e sofrera tanto para pô-la no mundo.
“Esquizofrenês” é entendida como uma linguagem que deixa ao ouvinte fazer a
escolha entre muitos significados possíveis, os quais são não só diferentes mas podem
ate ser mutuamente incompatíveis. Assim, torna-se possível negar qualquer ou todos
os aspetos de uma mensagem. Se for pedido com insistência a paciente para esclarecer
o que quis dizer com a sua declaração, a paciente acima talvez respondesse apenas,
num tom displicente: “oh não sei. Devo estar maluca”. Se lhe fosse pedida uma
elucidação de qualquer dos aspetos da frase, ela poderia responder: “Oh não, não foi
isso que eu quis dizer, absolutamente…”. Porém apesar de condensada de molde a
impedir um reconhecimento imediato, a declaração da rapariga é uma descrição lógica
e coerente da situação paradoxal em que ela se encontra e o próprio comentário “devo
estar maluca” pode ser inteiramente adequado, tendo em vista a coma de
autossugestão necessária para adaptar-se a esse universo paradoxal.

Teórica (01/10/2019)

Estrutura Familiar
Salvador Minuchin, foi um argentino psiquiatra e pediatra, este foi também um terapeuta
familiar e fundador da Terapia Familiar Estrutural (1974).
A família é entendida como um contexto no qual interagem diversos subsistemas, que
evoluem de acordo com a fase do ciclo vital em que que a família se encontra.
Para que exista um funcionamento familiar adequado a estrutura da família deverá
assentar em regras claras de funcionamento ao nível das fronteiras, hierarquias, alianças
e poder. Deve ter-se em atenção os papeis e funções de cada um dos elementos dentro do
todo da família, e respeitá-los.
Estrutura da Família
Definição de estrutura:
“ É o conjunto de relações que se estabelecem em cada etapa da vida da família e que lhe
vão conferindo configurações particulares sem nunca lhes modificar a identidade
básica…” “É o modo de funcionamento da família, determinando a relação dentro do
sistema e do sistema com o contexto” (Alarcão, 2006; Minuchin, 1979).
Exemplo: Famílias demasiado unidas ou famílias demasiado desligadas.
• “diz respeito à forma como os membros do sistema familiar se organizam e posicionam
uns face aos outros “
• “… Os papéis e funções que cada elemento familiar ocupa no sistema familiar”
(Minuchin, 1974)

14
Estrutura
Família monoparental
Família com filhos pequenos
Família com filhos adolescentes
Para uma boa definição de sistema é necessário ter em conta as hierarquias, subsistemas,
regras e fronteiras ou limites.
Hierarquia: cada sistema é sempre todo e parte que se relacionam no sentido horizontal
e vertical, por exemplo uma família com filhos temos de ter a preocupação de ver como
se relacionam tanto num sentido como noutro.
Hierarquia sistémica: consiste num conjunto de regras que define as relações entre os
sistemas e classifica-os como subsistemas.
Ex. poder (pais), autoridade (pais), etc. (definição de papeis, adolescentes necessitam de
limites para formarem e desenvolverem a sua estrutura.)
Regras do funcionamento

Sub-sistemas Familiares
Individual- – Caracterizado pela individualidade, mas simultaneamente tem funções e
papéis noutros subsistemas. Dupla pertença – Identidade
Como equilibrar as diversas funções? Invisto mais na minha nova família ou na minha
família de origem? Trabalho ou família?
Conjugal: A conjugalidade tem início a partir do relacionamento entre duas pessoas
unidas por laços afetivos e sexuais, visando satisfazer a suas necessidades psicológicas e
apoiarem-se mutuamente, criando, portanto, este subsistema.
A complementaridade alternando com uma adequada gestão da simetria:
= Individualidade + Nós = Bom funcionamento casal
Devem-se criar limites claros de modo a que não haja interferências.
Funções: Desenvolver limites no sentido de proteger o casal de intrusões de outros
elementos, sistemas ou subsistemas (ex. famílias de origem ou os filhos) - Para que o
casal possa construir uma relação satisfatória.
Modelo relacional para os filhos nas futuras relações de intimidade.
Exemplo: casal em constante conflito-filhos.
Parental: Constituído pelos mesmos adultos que o conjugal, mas com funções execução.
Os pais podem não fazer parte estrutura (Ex. imigração)
Quem desempenha essas funções e tarefas? Pode incluir outras pessoas (avó, irmão mais
velho, etc.) Pode estar dividido em paterno e materno = pai e mãe não estão unidos.

15
Filho Parentificado, tem funções executivas, por exemplo o irmão mais velho a tomar
conta do irmão mais novo quando os pais saem ou não estão presentes em casa, o irmão
mais velho fica a desempenhas o papel de um dos progenitores.
Funções: Educação e proteção dos filhos A interação pais-filhos permite às crianças
aprenderem o sentido de autoridade; de negociar; e lidar com o conflito e com as
frustrações, etc... Sentimento de filiação e pertença familiar
Fraternal: Lugar de socialização e de experimentação de papéis face ao mundo
extrafamiliar (escola, amigos, etc.) – relações horizontais.
Desenvolvimento de capacidades relacionais com os pares/amigos
Experienciam apoio mútuo, competição, lidar com conflitos, negociação nos
jogos/brincadeiras, etc.

Regras
a) Nas famílias saudáveis as regras servem de guias e estão ao serviço dos esforços de
crescimento e evolução do sistema;
b) Nas famílias patológicas, as regras são usadas para inibir a mudança e manter o “status
quo”;
c) As regras são partilhadas por todos, mas a responsabilidade da sua execução é dos pais;
d) Discordâncias entre o casal…aproveitamento por parte dos filhos.
Quando a discordâncias a níveis de regras os filhos aproveitam se disso. Caso as regras
não sejam cumpridas e não sejam bem dialogadas pode ter resultados negativos nos
comportamentos da criança.

Conceito de fronteiras no sistema familiar


• Permitem regular as trocas de informação, dos afetos etc. entre os vários subsistemas
familiares e o meio extrafamiliar (escola, amigos, trabalho, etc.).
• Ajudam a salvaguardar a particularidade do sistema familiar e a individualidade dos
seus membros
• As fronteiras definem “quem participa e como o faz” nas diferentes interações
• Protegem a diferenciação e a autonomia do subsistema e dos seus membros,
permitindo desempenhar as suas funções sem interferências indevidas
• As competências relacionais adquiridas no seio de cada subsistema dependem do grau
de independência de cada um em relação aos restantes
Segundo Minuchin existem três tipologias de limites que caracterizam as fronteiras
existentes em cada sistema familiar

16
Limites claros – identificam o espaço e as funções de cada membro ou subsistema
permitindo, no entanto a inter relação entre estes.
Limites difusos – permitem uma grande permeabilidade dos indivíduos e subsistemas,
conduzindo a uma confusão de papéis e funções e à não diferenciação dos membros da
família.
Limites rígidos – traduzem-se num afastamento excessivo, dificultando a comunicação
e a compreensão entre os vários membros da família, bem como não exercem apoio e
orientações efetivas; Funcionamento mais individualista.

Classificação estrutural das famílias


De acordo com a diferenciação e o grau de permeabilidade dos limites da estrutura
familiar, as famílias disfuncionais podem ser classificadas como:
• Emaranhadas
• Desmembradas

Emaranhadas
• Famílias muito centradas nelas próprias, mito da unidade familiar, privilegiando assim
a união em vez da individualidade.
• As fronteiras entre gerações, subsistemas e indíviduos estão misturadas e têm limites
difusos.
• Fronteira com o exterior muito rígida.
• Um dos pais encontra-se em one-down • Dificuldades em expressar sentimentos e falar
sobre eles.
• Faltas de “lealdade” para com o sistema familiar são vividas com muita culpabilidade.
• Predominam sintomas psicossomáticos.

Desmembradas
• Excessivamente abertas/difusas com o exterior, mas rígidas no interior do sistema
familiar.
• Tentativa de autonomização dos membros para o exterior demasiado precoce – Falsa
autonomia.
• Papeis parentais instáveis.
• Sintomas de carácter psicossocial (delinquência, prostituição, gravidez precoce)

17
Patologia ligada à agressividade e aos comportamentos antissociais.

Sintoma
• O paciente identificado é somente o portador do sintoma…
• Os sintomas que se manifestam nos indivíduos são o resultado de uma estrutura familiar
disfuncional …
• Assim, se o terapeuta familiar conseguir tornar essa estrutura mais “adequada”, o
sintoma irá desaparecendo.

Como é que as pessoas se posicionam quando há conflitos?


Coligações – duas ou mais pessoas unem-se contra uma terceira
Fronteiras muito difusas

Aliança = Funcional
Triangulações - Uma pessoa é colocada no meio de duas pessoas em conflito
Exemplo: Filho/a triangulada
Este padrão destrói a saúde mental e autoestima = culpa

Exemplos de mapas familiares nos subsistemas

18
Distâncias interpessoais e mapa familiar MAPA FAMILIAR IDEAL

Exemplo: Quando os pais são incapazes de resolver os problemas entre si e desviam o


seu foco de atenção para um dos filhos.

Caso Clínico
Pai: António; 45 A; Engenheiro informático numa empresa Multinacional Mãe: Márcia;
44 A; Professora de Inglês numa Escola Secundária Filha: Rita; 13 A ; 9º ano de
escolaridade Casamento: Há 15 anos
Pedido: A Rita tem problemas alimentares. Pesa 40 Kg e mede 1,56m
Outras informações: A Rita sempre foi muito boa aluna e é muito responsável. Tem
poucos amigos. Todo o seu tempo é para ocupar no ginásio e a estudar. Refere que não
tem tempo para ter amigos… Os avós maternos estão muito presentes na vida da neta,
sobretudo a avó passa muito tempo lá em casa. A mãe da Rita tem uma ligação muito
forte com a sua mãe. A Márcia também é filha única. O pai da Rita está muitas vezes
ausente (trabalho) e viaja muito. Quando está presente existem conflitos entre o casal e já
tiveram uma crise muito grande que quase levou à separação…Muitas vezes, durante as
discussões um dos pais pergunta à Rita qual deles tem razão. A mãe está muito
preocupada com a Rita e controla todos os comportamentos da filha, sobretudo os
comportamentos alimentares. O pai não se mete nestas questões …

19
Prática (03/10/2019)

Circularidade
❖ Conceção circular e não linear de causalidade;

❖ O comportamento de um indivíduo ocorre em reação ao de outros, mas também os


influencia;

❖ O sintoma é compreendido no contexto da dinâmica familiar.

O que é?
A Circularidade é a capacidade do terapeuta de conduzir a intervenção baseado na
reação da família em resposta à informação por ele solicitada sobre relações e, portanto,
sobre a diferença e mudança.
Baseado na convicção de sermos capazes de obter da família informações autênticas
somente se trabalharmos com os pressupostos:
1. Informação é uma diferença;
2. Diferença é uma relação (ou uma mudança numa relação).

Como funciona?
A. Cada membro da família é convidado a contar-nos como é que ele vê relação entre
dois outros membros da família.
Trata-se de uma investigação de uma relação diádica vista por uma terceira pessoa.

Mas também é possível fazer circular a informação quando


existem só duas pessoas.

1. Perguntas em termos de comportamento interativo específico em circunstâncias


especificas (e não em termos de impressões ou interpretações):

Terapeuta: Quando começas a perder o controle e a empurrar a tua mãe, o que faz
o teu pai? E como é que a tua mãe reage perante aquilo que ele faz (ou não faz?) E
o que é que tu fazes?

20
2. Em termos de diferenças de comportamento e não em termos de atributos supostamente
intrínsecos à pessoa.
Jovem: Vivemos com os meus avós e eles são muito chatos.
Terap: Que fazem eles para serem chatos?
Jovem: Estão sempre a interferir com os nossos pais, dizendo-lhes o que devem fazer
connosco.
Terap: Quem interfere mais, o teu avô ou a tua avó?
Jovem: O avô.
Terap.: Com quem é que ele interfere mais, com a tua mãe ou com o teu pai?
Jovem: Com o meu pai.
Terap: E quem é que se irrita mais quando o teu avô interfere, o teu pai ou a tua mãe?
Jovem: Claro, a Mãe! Ela quer que o pai lhe dê uma descompostura …

3. Em termos de classificação por vários membros da família de um comportamento


específico ou de uma interação específica.

Terap: Parece que a tua mãe chora muito em casa, que ela está muito infeliz. Dizes-
me quem é que a pode animar quando ela está triste? A tua avó, o teu pai, irmão ou
tu? Faz uma escala.

Pergunta-se a diferentes elementos, o que revela a posição dos vários membros no "jogo
familiar", mas também eventualmente expõem discrepância interessantes entre as
diversas classificações.

4. Em termos de mudança na relação (ou melhor, em comportamento indicativo de


mudança na relação) antes e depois de um acontecimento específico (investigação
diacrónica).

Terap: Como era a relação dos teus pais antes da tua irmã ter sido internada? E agora,
o que mudou?

5. Em termos de diferenças respeitantes a circunstâncias hipotéticas.

Terap: Se um dos seus filhos ficasse em casa sem se casar, qual deles preferiria que
ficasse? E quem e que seria a escolha do seu marido?

21
Metacomunicação
(Nota:A metacomunicação designa a capacidade de comunicar sobre a dinâmica da
comunicação entre interlocutores. Este conceito é amplamente utilizado no âmbito
da Psicologia Sistémica, no estudo e compreensão da comunicação interpessoal. A
comunicação não verbal (e.g. expressões faciais, gestos, tom de voz) constitui uma forma de
metacomunicação, já que esta classifica e elucida sobre a comunicação estabelecida entre
duas pessoas. Neste sentido, o comportamento não verbal pode também transmitir uma
mensagem sobre a comunicação entre os interlocutores.)

A comunicação verbal humana opera simultaneamente em múltiplos níveis de abstração


(Bateson):
▪ Nível denotativo – o conteúdo literal do que é dito.
▪ Metalinguístico – mensagens sobre a linguagem que é usada.
▪ Metacomunicação – Mensagens sobre a relação entre os comunicantes.

Reverter distorções do axioma 2


a confusão, a rejeição e a desconfirmação.

Exemplos:
Situação 1: 3 amigos foram num interrail em agosto e durante a viagem houve vários
problemas. Pedem ajuda a um psicólogo clínico de inspiração sistémico-relacional,
quando regressam.
Situação 2: 1 rapaz e uma rapariga namoram há quase 2 anos, mas há mais de 6 meses
que o rapaz reclama e diz que já não sabe se quer continuar a relação. A rapariga liga a
um terapeuta de casal a marcar uma consulta para os dois.

Artigo “Hypothesizing, Circularity, Neutrality Three Guidelines for the Conductor of the
Session”
A Circularidade pode ser entendida como a capacidade do terapeuta de conduzir a
investigação com base no feedback da família em resposta às informações que ele solicita
à cerca dos relacionamentos e, portanto, sobre diferenças e mudanças.
A aquisição de tal habilidade exige que os terapeutas se libertem do condicionamento
linguístico e cultural que os faz acreditar que são capazes de pensar em termos de "coisas"
para que possam redescobrir "a verdade mais profunda que ainda pensamos apenas em
termos das relações/relacionamentos".
Em 1968, Bateson explicou e demonstrou este conceito. A mesma verdade geral de que
todo conhecimento de eventos externos é derivado das relações entre eles é reconhecível
no fato de que, para obter resultados mais precisos, perceção, um ser humano sempre
recorrerá a mudanças na relação entre ele e o objeto externo. Se ele estiver inspecionando
22
um ponto forte nalguma superfície por meio do toque, ele move o dedo sobre o ponto,
criando assim uma chuva de impulsos neurais com estrutura sequencial definida, a partir
da qual ele pode derivar a forma estática e outras características da coisa investigada ...
Nesse sentido, os nossos dados sensoriais iniciais são sempre "primeiras derivadas",
declarações sobre diferenças existentes entre objetos externos ou declarações sobre
mudanças que ocorrem nelas ou em nosso relacionamento com elas ...
O que percebemos facilmente são a diferença e a mudança – e a diferença é um
relacionamento.
Assim, o que chamamos de circularidade é, portanto, a nossa consciência, ou melhor
ainda, a nossa convicção de poder obter da família informações autênticas apenas se
trabalharmos com os seguintes fundamentos:
1. Informação é uma diferença.
2. Diferença é um relacionamento (ou uma mudança no relacionamento).
Ainda é necessário outro dispositivo para ajudar o terapeuta a enfrentar as complexidades
da família: todos os membros da família são convidados a contar/expor como vê o
relacionamento entre dois outros membros da família. Aqui estamos a lidar com a
investigação de um relacionamento diádico (grupo de 2 pessoas), a forma como é visto
por uma terceira pessoa. Um concordará prontamente que é muito mais proveitoso, na
medida em que é eficaz na superação da resistência, perguntar a um filho: "Diga-nos
como vê o relacionamento entre sua irmã e sua mãe" do que perguntar diretamente à mãe
sobre o seu relacionamento com a filha.
O que é provavelmente menos óbvio, é a extrema eficiência dessa técnica em iniciar um
turbilhão de respostas na família que ilumina enormemente as várias relações triádicas.
De facto, convidando formalmente um membro da família a metacomunicar sobre o
relacionamento de dois outros, na sua presença, não estamos apenas a quebrar uma das
regras omnipresentes das famílias disfuncionais, mas também estamos a conformar-nos
com o primeiro axioma da pragmática da comunicação humana: numa situação de
interação, os vários participantes, por mais que tentem, não são capazes de evitar a
comunicação.
Exemplo:
Considerando o caso de uma paciente convidada pelo terapeuta para descrever a sua
perceção a cerca do relacionamento entre o pai e a sua irmã mais nova. Supondo que ela
mostra desaprovação relativamente a um determinado comportamento do pai em relação
à irmã. Faria uma grande diferença em relação às informações relativas ao relacionamento
triádico (ou seja, incluindo a pessoa questionada) se os outros dois ficaram confusos, ou
se cada um reagiu da mesma maneira, ou se apenas o pai protestou com indignação
enquanto a irmã permaneceu enigmaticamente silenciosa ou ainda se esta demonstrou
uma hostilidade/desprezo marcante.
Existem ainda outros métodos práticos para extrair informações. Em relação à
modalidade triádica de investigação dos relacionamentos e do princípio fundamental de
que a informação é uma diferença e que a diferença é um relacionamento (ou uma

23
mudança no relacionamento), existem alguns métodos práticos que são extremamente
valiosos na solicitação de informações:
1. Em termos de comportamento interativo específico em circunstâncias específicas
(e não em termos de sentimentos ou interpretações);
2. Em termos de diferenças de comportamento e não de características (atributos)
supostamente intrínsecos à pessoa, por exemplo, uma conversa entre terapeuta e
criança sobre os avós paternos que moram com a família.
3. Em termos de classificação por vários membros da família de um comportamento
específico ou de uma interação específica. Este convite para fazer uma
classificação deve ser oferecido a mais de um membro da família.
4. Em termos de mudança no relacionamento (ou melhor no comportamento
indicativo de mudança no relacionamento) antes e depois de um evento preciso
(investigação diacrônica).
5. Em termos de diferenças em relação a circunstâncias hipotéticas.
Todas estas metodologias são usadas pelos terapeutas durante a investigação do sintoma,
até na primeira sessão. Em vez de se envolver na lista entediante do comportamento
sintomático, o terapeuta conduz a investigação de como cada membro da família reage
ao sintoma. O modelo é triádico. Um membro da família é convidado a descrever de que
maneira outro membro reage ao sintoma e de que maneira ainda outro membro da família
reage a essa reação.
Outro método importante de coleta de informações durante a entrevista familiar é
começar com a investigação de subgrupos. Por exemplo: entrevistar primeiro pais e filhos
(formar uma imagem bem articulada da família nuclear) e só depois ampliar a
investigação para outras relações entre familiares, por exemplo os avós.
Concluindo, a condução da entrevista de acordo com os princípios e métodos discutidos
ajuda efetivamente o terapeuta na coleta de informações acerca das famílias e, portanto,
no seu trabalho terapêutico. Por informação, entendemos principalmente o aumento do
conhecimento do terapeuta sobre o conjunto da modalidade relacional em trabalho na
família. Com base nessa consciência, o terapeuta baseará as suas eventuais intervenções
terapêuticas, comentários, prescrições simples, prescrições ritualizadas ou rituais
familiares.

Teórica (08/10/2019)

Transgeracionalidade
Foi o psiquiatra e psicanalista Murray Bowen que desenvolveu a Teoria dos Sistemas
Familiares em 1984, sendo este um dos diversos modelos sobre a família.
É importante o trabalho com a família é essencial para um tratamento/intervenção eficaz.
Em 1984 na Georgetown University (Medical center):
Trabalho com famílias de esquizofrénicos, observavam:
- Um apego simbiótico do paciente à mãe;

24
Mãe Criança
- As relações diádicas são apenas um segmento do triângulo do qual faz parte o pai,
mesmo quando os pais são percecionados como ausentes ou emocionalmente distantes,
estão, contudo, ligados na dinâmica relacional da família;
- Bowen ampliou esta hipótese a toda a família e desenvolveu um conjunto de conceitos;
- Descreve o triângulo como a unidade mínima relacional estável (Kerr, Bowen, 1988).
A capacidade que cada um possui de realizar e manter a separação entre os seus sistemas
emocional e intelectual é determinada de acordo com o seu passado multigeracional e
pelas experiências de vida de sua própria família.
Os sistemas familiares funcionam em todos os níveis de eficiência, desde o
funcionamento ótimo até à total disfunção.
Todo o nosso desenvolvimento humano tem uma tarefa muito importante, sendo esta, a
conquista da autonomia e independência. Como nos sentimos vinculados,
autonomizarmo-nos é uma das tarefas mais difíceis, e sendo capazes de fazer isso é
possível estabelecer o equilíbrio. E sermos capazes de formar/construir a nossa
independência emocional.
Assim podemos obter as competências emocionais necessárias. Este equilíbrio é muito
difícil de alcançar principalmente quando os pais não ajudam nessa tarefa.
Modelo Transgeracional - Modelo Bowen
• As famílias são consideradas uma unidade emocional – um sistema interdependente;
• Sistema familiar – o seu funcionamento vai depender de sistemas mais amplos e dos
seus subsistemas (pais, filhos, etc.).
Existem duas variáveis que têm influência no sistema emocional humano:
1) Ansiedade
Ansiedade Crónica: (medo de uma situação real ou imaginária, ‘’antecipação de
problemas’’). É estado independente de qualquer situação ou estímulo específico
• Pode ser transmitido de geração em geração;
• O sistema de relacionamento entre a criança em desenvolvimento e os responsáveis por
ela tem um peso no que se refere ao desenvolvimento e à transmissão da ansiedade
crónica;
• A ansiedade tem influência sobre a maneira como o mundo é percecionado e
interpretado pelo indivíduo.
(Componente emocional que antes não era relacionada ao meio familiar.)
2) Diferenciação do Self
Balanceamento entre vinculação/pertença e separação, dependência e autonomia é uma
da Tarefas do Desenvolvimento Humano (familiar e individual) mais importantes.

25
Existem duas forças que se contrabalançam na formação emocional do indivíduo:
1) aquelas que levam a pessoa à união com a sua família (relacionado a uma pertença com
a família, só somos capazes de nos individualizar quando estamos bem vinculados. Não
ficamos bem sem o sentimento de pertença, tendência a ficar muito ansiosos.);
2) aquelas que a impulsionam para se libertar da excessiva união rumo à individualização;
Quando ocorre um desequilíbrio entre essas forças em direção à união, ocorre a chamada
fusão, aglutinação e indiferenciação.

• Massa do Eu Familiar Indiferenciada: famílias em que a


interdependência/fusionalidade emocional é muito grande
=
• Ligações emocionais não resolvidas
• A diferenciação do self é ao mesmo tempo um conceito intrapsíquico e interpessoal
• A diferenciação do Self intrapsíquica é a capacidade de distinguir/separar o nível
emocional do nível intelectual (sentimento do pensamento).
• A diferenciação Self interpessoal é um equilíbrio dinâmico entre o sentimento de
pertença e a separação.

1 - Escala de diferenciação do self


A definição do Self distingue dois tipos de pessoas:
A - Alta fusão emocional e baixo nível de diferenciação do Self
=
“Massa Indiferenciada do Self na família”.
Estabelecem relações de excessiva dependência. Mais suscetíveis ao stresse e propensas
a doenças (ex. ansiedade). O intelecto é dominado pelas emoções. Orientação no sentido
da procura relacional, cuja energia é investida em busca de aprovação e aceitação.
Pseudo-Self
Estes sujeitos são caracterizados por terem relações com excessiva dependência, não
conseguem funcionar sem o outro e levam isto para todo o lado, para todas as relações
que constituem, com amigos, colegas, relações com filhos…. Pessoas mais suscetíveis ao
stress e a doenças.
São normalmente pessoas muito inseguras, sempre a procura da aprovação do outro,
incapazes de reconhecer o próprio desejo, de expor/ defender ‘’ eu quero tal’’.

B - Baixa fusão emocional e um alto nível de diferenciação do Self

26
- Equilíbrio entre os níveis emocional e intelectual. Recuperam rapidamente o seu
equilíbrio emocional após uma situação de stresse.
Self Sólido

Exemplo:

Fusão emocional intensa


=
Baixo nível de Diferenciação do Self A fusão do Self é mais intensa nas famílias que
alcançam menos maturidade.
o Quando numa família existem fronteiras completamente difusas, ligações
emocionais que não estão resolvidas, vão passando de geração em geração. Porém
esta situação é resolvível.

Diversos fatores que contribuem para a não diferenciação do Self:


1) O 1º é o grau de indiferenciação que os respetivos pais apresentam – legado do
seu respetivo processo de relacionamento com os seus pais.
2) O modo como os pais geram a sua ligação na vida de casal (a sua própria união).
3) Relaciona-se com a intensidade da ansiedade, à qual esses pais e suas respetivas
famílias foram expostos ao longo dos períodos importantes da sua vida - e o modo
como essa ansiedade foi gerida.

Construção da Parentalidade
A diferenciação às famílias de origem está realizada?

27
Modelo materno (m, materno e m paterno) e modelo paterno (m, materno e
paterno) parentalidade

Mãe = Pai =

Subsistema materno = Subsistema paterno =

Modelo paterno + Modelo paterno +

materno materno

Criança/Adolescente

o A Criança/Adolescente tem esculpido dentro de si a história da família.


o Quando separação emocional se faz de forma incompleta, pais e criança
permanecem emocionalmente presos uns nos outros.
o Só uma diferenciação satisfatória dos pais relativamente à sua família de origem
e ao cônjuge, permitirá ao filho ser reconhecido como pessoa autónoma e não ser
instrumentalizado.

Modelo de Dupla Hélice Psicológica

• O desenvolvimento dá-se através da interação dinâmica entre as duas hélices


psicológicas: o processo de vinculação e o processo de individuação-separação –
interação dialética;
• Co-evolução interativa (Fleming, 2005);
• O sentimento de vínculos seguros, por parte do adolescente aos seus pais, permite o
processo de separação – facilita a autonomia.

28
Como é que o passado influencia o presente?
2 – Processo de Projeção Familiar
• O processo de projeção familiar é a forma dos pais transmitirem os seus problemas
emocionais a uma criança. Os filhos herdam as sensibilidades de relacionamento, como
necessidades acrescidas de aprovação e atenção, dificuldade em lidar com as
expectativas, tendência para se culpar a si ou ao outro, sentindo-se responsável pela
felicidade do outro ou agir impulsivamente para aliviar a ansiedade.
• Os pais projetam nos filhos os seus receios e ansiedades e estes auto confirmam-se.
• O grau de diferenciação atingido pelos pais e que se transmite aos filhos não segue uma
linha uniforme.
• Crianças com elevados graus de exposição de ansiedade cronica dos pais podem
apresentar níveis de indiferenciação idênticos ou ainda maiores do que os paternos, mas
irmãos que tenham sido menos expostos podem apresentar graus de diferenciação
levemente mais altos e graus de ansiedade cronica mais baixos.
3- O Processo de Triangulação é característico da ansiedade e da indiferenciação no
sistema familiar.

3- Conceito de triangulação
o Corresponde à configuração emocional que envolve três pessoas de qualquer
sistema emocional.
o A triangulação leva a situações disfuncionais na medida em que fornece a
estabilidade por meio de uma via lateral e não pela resolução direta do conflito.
o O triângulo mais utilizado é o que constitui a tríade “pai-mãe filho”, onde um
deles pode ser triangulado pelos outros dois, de forma a evitar um conflito aberto
entre eles.
o Se esta situação se torna crónica, o elemento triangulado pode passar a ser o
membro sintomático, com comportamentos emocionais e/ou físicos.
• Bowen coloca a hipótese de que o nível de indiferenciação do self nos casais é idêntico
como também o é a ansiedade cronica.
• Quanto mais o grau de fusão, menor grau de tolerância de cada um em relação à
diferença que o outro apresenta e a maior o grau de ansiedade quando esses diferenças se
apresentam.

4- Processo Emocional na Família Nuclear


Diferentes configurações da díade conjugal no que se refere aos seus padrões básicos de
relacionamento face à ansiedade:
1. Distância emocional entre o casal, que pode atingir um verdadeiro “divórcio
emocional”, vivendo de “costas viradas para o outro”.

29
Pseudo-complementaridade
2. Conflito aberto entre o casal, “Não sou menos do que tu”.
Simetria aberta
3. Doença/sintoma num dos elementos do casal, "cuidador-cuidado”
Complementaridade rígida

5- Projeção do problema sobre um dos filhos


Representa a operação de uma versão intensa do triângulo parental
• A projeção ocorre em torno do instinto maternal e da maneira pela qual a ansiedade
permite que este atue durante os períodos da reprodução e da infância. Nele, geralmente,
o papel do pai é o de suporte [...]
• O processo tem início com a ansiedade da mãe. O filho ou a filha responde de maneira
ansiosa. A mãe toma isso como um problema da criança.
• O esforço parental ansioso é canalizado por uma energia solícita e superprotetora
dirigida mais pela ansiedade materna do que pela real necessidade desse filho ou filha, o
qual, gradualmente, se torna mais debilitado e mais exigente.
• Uma vez iniciado o processo, este pode ser motivado tanto pela ansiedade materna e
paterna como pela ansiedade do filho ou filha.
Exemplos: Pais fim de semana e Filhos a dormir na cama dos pais.

Dados de um caso clínico:


• Lucia tem 18 anos e desde os 12 anos já fez 5 tentativas de suicídio
• Há 6 anos que está a ser seguida pela psiquiatria. Já esteve internada 4 vezes.
• Fez terapia individual durante 3 anos e meio.
• Está completamente descrente sobre a psicoterapia. “Isto não serve para nada”.
• Numa sessão em família pedimos para fazer a escultura da sua família.

6- Corte Emocional ou “Cut- off”


• O corte emocional descreve a forma como uma pessoa gere a indiferenciação e a
intensidade emocional que lhe está associada entre gerações.
• Traduz-se muitas vezes num distanciamento emocional mas também físico dos seus pais
para começar uma nova vida com indivíduos da sua geração.
• Se o corte emocional é “resolvido”, por uma distância geográfica, a ligação fica por
resolver.
• Pelo que não existe processo de diferenciação no indivíduo, levando à transmissão de
um baixo nível diferenciação do Self para a geração seguinte.

30
Prática (10/10/2019)

Relativamente á avaliação familiar: É importante ter a perceção do adolescente bem como


a do resto da família, assim a família também deve ser submetida a realização destes
testes.
Faces IV – Original (Olson, 2011)
• Faces IV – Adultos Portugueses (Gomes, Peixoto, Gouveia-Pereira, 2018);
• Faces IV – Adolescentes Portugueses (Gouveia-Pereira, Gomes, Miranda, Jesus,
in press).

Modelo Circumplexo (2 dimensões)


• Coesão: vínculos/ligações que os diferentes elementos da família e o equilíbrio
existente entre eles. Coesão equilibrada – equilíbrio entre os vínculos (não sendo
estes de mais), e que permitem fazer separações, bem como permitir que façam a
sua própria individualização.
• Flexibilidade: capacidade que a família tem de ir mudando e a liderança conforme
as dificuldades/obstáculos que vão surgindo, (ex. questões de desenvolvimentais,
formação do casal,1º filho, filho adolescente…) são momentos que obrigam a
família a restruturar-se para superar e lidar com os prolemas. Existe também a
necessidade de restruturação quando acontecem crises acidentais (ex. divorcio dos
pais, morte de um ente querido importante/chegado…). Reajuste da família
perante adversidades/dificuldades que surgem.
Comunicação: Papel facilitador das duas dimensões anteriores: coesão e flexibilidade.
Teste Faces IV:

1
2

31
3

Menor Flexibilidade: Rígidas (não


conseguem mudar nada nas suas estruturas)
Maior Flexibilidade: Caótica (faz demasiadas mudanças)
Ligação Emocional
Equilíbrio separação-união

Disposição das famílias para


alterarem liderança, regras e a
forma como se relacionam

32
Emaranhada Rígida: fronteiras rígidas com o exterior mas difusas
com os elementos do meio familiar. (muito difícil para o
psicólogo/terapeuta de ajudar nestes casos pois nós somos o
exterior)

Como Computar:
▪ Índice de cada subescala = média simples dos 4 itens de cada uma das 6 subescalas
▪ Rácio da Coesão = Coesão Equilibrada/ (Coesão Desagregada + Coesão Emaranhada)
▪ Rácio da Flexibilidade = Flex. Equilibrada / (Flex. Rígida + Flex. Caótica)

33
▪ Rácio Total = ((Coesão Equilibrada+ Flex. Equilibrada)/2) / ((Coesão Desagregada +
Coesão Emaranhada + Flex. Rígida + Flex. Caótica)/4)

Existem também outras metodologias enquadradas na Escola Estrutural…


- Clinical Rating Scale
E outras Escolas...

Exemplo de um caso:

▪ Desafio ao Sintoma – O foco na psicopatologia é visto como potenciador de


cristalizações de padrões disfuncionais. Aqui, mais do que função do sintoma, a escola
estrutural procura identificar o sintoma como a representação do modo como os membros
da família se posicionam em relação ao portador do sintoma num determinado momento
de transição familiar.
▪ Desafio à Estrutura – Nesta fase o foco são os padrões (alianças e coligações) e as
fronteiras entre subsistemas, e o terapeuta assume um papel ativo na criação de um
contexto diverso, criando desequilíbrios e tornando a complementaridade saliente.
Procura-se um equilíbrio entre a rigidez e a excessiva permeabilidade de fronteiras, com
a experimentação de um novo contexto.
▪ Desafio à Realidade – Finalmente, reformulação da realidade como construída pelas
famílias, dando-se especial atenção às suas forças.

Desafio à Realidade
• Primeiro contacto para apoio à procura de continuação escolar da Paula (com
boicote de todas as opções por serem “longe de casa”).
• Visitas a casa, com tentativas de aproximação falhadas.
Desafio à realidade - conotação positiva potenciada ao máximo
▪ A metáfora da matilha

34
• Depois de 3 anos de tentativas, a família, depois de se ver reconhecida nas suas
forças, dispôs-se a fazer este caminho connosco.

Desafio ao Sintoma
• Aliança com a Júlia que em circularidade, dá um foco relacional ao sintoma:
▪ “Já cheira a mofo, mas faz companhia à mãe”

Desafio à Estrutura
• 1ª hipótese sistémica – será que o sistema de casal está em falência e que os filhos
investem tudo em aguentar este casamento?

Fortalecimento do casal
▪ Sessões só com o casal, apostando do seu papel de “liderança” da família
▪ Originalmente de famílias vizinhas, compraram o bocado de terra entre a casa de
um e de outro e construíram uma “casa”. Ao 3º filho, o Bernardo emigrou e teve uma
amante
▪ A Mafalda fala com ressentimento e faz transparecer uma zanga como se tivesse
sido ontem e o Bernardo aparenta um desprezo pelo assunto e pela mulher, mas
também ali se consegue pressentir uma zanga por ela nunca ter aceite ultrapassar uma
questão com 16 anos.
▪ Foi a primeira vez que meta-comunicaram.

Estabelecimento de limites funcionais entre pais e filhos


Numa situação de início de conflito entre o Bernardo e a Mafalda, a Júlia começou a
defender o pai (que “estava muito cansado…”) e perguntou-se se ela tinha de defender
o pai:
Terapeuta: “Júlia, achas que o teu pai é fraco, não se sabe defender?”; “Bernardo, a
sério que a Júlia tem de o proteger, não é grande o suficiente, precisa disso?”; “Paula,
podes contar as vezes que a Júlia defende o vosso pai?”.
Júlia: “não estou a defender só o pai, também defendo a mãe se fosse preciso, quero
equilibrar as coisas...”
Terapeuta: “És como um juiz?”
Júlia: “Sim!”
Terapeuta: “Porque é que sentes que tens de fazer de juiz para os teus pais?”
Júlia: “Porque senão eles separam-se” [silêncio].

35
Fortalecimento da fratria

• A medida que o casal resolveu o conflito que tinha um com o outro, foi possível
os filhos ficarem menos emaranhados do que o que estavam inicialmente (antes
da intervenção), ou seja foi possível estabelecer o equilíbrio necessário e saudável.

Mudança de Primeira e Segunda Ordem

▪ A mudança de primeira ordem - concentra-se na redução de sintomas no


indivíduo, isto é, as mudanças acontecem dentro do sistema já existente e não
modificando a estrutura ou regras do próprio sistema, por conseguinte, estas
mudanças apesar de não serem permanentes, permitem uma restauração rápida do
equilíbrio.
É uma mudança a nível individual do individuo (comportamentos do individuo), mas
não a nível da estrutura familiar. Estas (mudanças de primeira ordem) não são
suficientes para que a família evolua/desenvolva e ande para a frente.
▪ Mudança de segunda ordem é a mudança do próprio sistema. Uma mudança
qualitativa no sistema que muda o conjunto de regras que regem a estrutura desse
sistema em si, conseguindo por exemplo uma reestruturação.
É uma mudança a nível da estrutura familiar, esta permite a evolução e o
desenvolvimento no sentido positivo da família.

1ª Ordem
▪ Mudança para a vivenda da família do Bernardo, com condições de vida muito
superiores e com quartos separados.
▪ Bernardo, Júlia, Paula e Miguel com projetos individuais de estudo ou trabalho.
▪ A Mafalda ajudou cada deles nestes seus movimentos de aproximação a outros
lugares que não a família.
▪ A CPCJ encerrou o processo e existe a previsão de término do RSI em 6 meses.

36
2ª Ordem
Flexibilidade
Ou nas palavras da família:
▪ Bernardo: “quando temos a decisão a tomar,
seja dela, ou seja, eu, o que houver a tomar…
Perguntamos, o que é que pode ser o que é que
não pode, chegamos a um acordo, não é? A
um consenso”
▪ Paula “há negociação (…) Nós tentamos
sempre negociar”, “falamos entre todos e
tentamos resolver o caso”.
▪ Miguel - Mas “se o pai disser, disser vá…
que a esta hora temos que estar em casa, nós
temos que respeitar e tar cá essa hora”.

Coesão
Ou nas palavras da família:
▪ Bernardo: “desde que viemos aqui para esta casa eles brincam mais uns com os
outros, são mais amigos”
▪ Paula: “dou-me bem com eles, dou-me super bem com as pessoas da rua, (…).
Somos poucos, mas os poucos amigos que somos, somos verdadeiros. Mas continuo
a dar-me melhor com os de casa, sem dúvida alguma”.

Teórica (15/10/2019)

FILME ADOLFI

Prática (17/10/2019)

Cibernética
(evolução da terapia familiar que começou nos anos 50, para a cibernética)
Da 1ª à 2ª cibernética:
Cibernética dos sistemas observantes (Von Foerster, 1996).
Inclusão do observador no sistema.
Visa a aplicação a si própria dos princípios da cibernética. (v. 1ºas aulas téorias)

37
Postura menos mecanicista com acrescento de uma questão existencial e que define a
complexidade: os significados da ação.
1ª cibernética- olhar do terapeuta.
2ª cibernética- posição do terapeuta no setting terapêutico.

1ª cibernética
– Sistemas exteriormente regulados.
Olhar mais focado no problema e nas dificuldades do paciente, e tentavam concertar o
que não estava bem e resolver o problema.
Função do terapeuta – em posição neutra, provocar mudança centrada no sistema
familiar.

2ª cibernética
– Não há observado sem observador e o resultado da observação é sempre uma construção
que resulta da interação entre ambos.
Vista do sujeito como um sujeito epistémico, que tem um passado, um presente e terá um
futuro e a sua história (e história da sua família também) ou narrativa passam a ter sido
tidas em conta. Olham para a intersubjetividade do sujeito. Esta cibernética esta mais
relacionada as competências e recursos.
Função do terapeuta – coconstruir uma nova narrativa (integrando diversos sistemas
envolvidos)
O que muda de uma cibernética para a outra?
O olhar do terapeuta, para quem olha e para o que olha. E também a sua função, ou
seja, passa a ter em conta o sistema e a narrativa do paciente.

Narrativas (histórias da nossa vida)


As narrativas são histórias organizadas em discursos que contêm uma ordem sequencial
que liga os eventos em função da audiência e que oferecem visões sobre o mundo e/ou
sobre as experiências dos intervenientes. (Elliott, 2005)
Implícitas no modelo das narrativas, nós temos a tendência de ficarmos presos às
narrativas que contamos de nós próprios. Estas são como rótulos que vão connosco para
todo o lado.
- As narrativas estão ligadas/associadas a um significado que lhes atribuímos (contamos
a história/narrativa de acordo a forma como foi vivida por nós, ou seja, de acordo com a
nossa experiência e perspetiva, bem como de acordo com as relações que estabelecemos
e os significados que atribuímos a essas mesmas relações.
- As narrativas e o seu significado estão relacionados com as nossas vivências e historia
de família.

38
Exemplo: Uma jovem diz: ‘’ estou infeliz porque os meus 3 anteriores namorados
acabaram comigo.’’ Esta jovem sente-se descartável e sem valor, sente-se substituível.
‘’ eu sou deprimida’’, esta é a narrativa dominante (anda sempre connosco para todo o
lado, e determina as nossas ações e atitudes.), esta define a identidade desta jovem,
fazendo a agir de acordo com isto (narrativa dominante), agimos da forma como achamos
que somos, ou seja, da forma como nos vemos.
- A forma/ maneira como contamos a narrativa fica associado a nossa identidade, é como
uma ‘’segunda pele’’ que anda sempre connosco para todo o lado que vamos, é parte de
nós e ‘’ influencia’’ a maneira como agimos, atuamos e reagimos.

Narrativas tivermos Flexíveis Saudáveis


(mais perspetivas)

Narrativas:
-Moral da História
-Plot

Moral da História
- Componente mais importante na perspetiva social.
- Implica uma avaliação que conduz a audiência à compreensão dos significados dos
eventos e que, simultaneamente, indica um tipo de resposta.
- Esta avaliação é negociada.
Temporalidade - dimensão cronológica que organiza com princípio, meio e fim.
Sequência temporal + causalidade = PLOT
A organização causal não obedece necessariamente à sequência em que os eventos
ocorreram - traduz uma lógica de narração e renarração que, tipicamente, resulta na
transformação de significados.
Relativamente ás narrativas é importante perceber que:
• Não existe apenas uma história e por isso uma narrativa.
• Há múltiplas narrativas.
• Com diferentes níveis de saliência, abrangência e visibilidade.
• A expressão narrativa é apenas uma tradução da articulação dos aspetos referidos,
num dado momento, para um contexto específico, com uma dada finalidade e
considerando a participação dos vários elementos.
• Só existe uma narrativa dominante!

39
Bowen e a Escola transgeracional: foco no transgeracional e no papel das famílias de
origem.
O funcionamento individual é pontuado pelas interações familiares, narrativas e histórias
construídas ao longo de várias gerações.

Famílias que contam histórias colaborativamente, validando e suportando as várias


perspetivas.
Vs.
Família que discutem temáticas importantes de forma mais independente, sem suporte ou
desarmónica.

- As 1ªs criam contexto para que cada elemento desenvolva uma boa autoestima.
(Bohanek, Marin, Fivush & Duke, 2006)
- Em sujeitos ativos existem múltiplas narrativas, logo existe uma flexibilidade ( e não
competitividade entre elas), e tem de existir um certo equilíbrio.

2 Técnicas
Terapias Narrativas
Através da Externalização
▪ Retirar ou enfraquecer histórias que as pessoas têm delas próprias e que as previnem de
seguirem em frente.
▪ Redefinir a perceção que a pessoa tem de si mesmo e da sua envolvente, redefinindo ou
mudando as suas narrativas de vida.
Separar o problema da pessoa, só é possível resolver o problema quando este já ‘’está
fora’’ da pessoa, ou seja, só se pode atacar o problema quando a pessoa não se sente como
o problema e entende que este não faz parte de si mas sim que o problema é o problema.
Externalização do Problema
Foco em como o problema tem impacto
numa pessoa ou família.
vs.
Como o problema resulta da família.

• A externalização estabelece o
contexto em que as pessoas se
experienciam como separadas do
problema.
• Dar um nome ao problema.

40
• Relativamente á família é importante para perceber/entender o ponto de vista de
outra pessoa e existir uma mudança no foco: ou seja, quando contamos a história
de outra pessoa colocamo-nos no lugar desta, contando a história através da sua
perspetiva.
UM CASO DE APLICAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA:

JEFFREW,HIS
PARENTS AND HIS
“ADH”

Equipa Reflexiva: Tom Anderson (1987)


- É normalmente constituída por 3 pessoas, que ouvem e o que a família em que
se esta a intervir tem para dizer, sentem e dão significado as coisas, ao que foi reproduzido
pelos diálogos dos integrantes da família. Depois invertem papeis, e dizem o que sentiram
ao ouvir os testemunhos dos familiares.
- Assim é possível a família ouvir outras alternativas, leituras e outros significados
para a mesma narrativa! Ajuda ouvir outras perspetivas e significados associados da sua
narrativa dominante, para se conseguirem ‘’desprender’’ dela.
Com a E. R. tem- se a hipótese de ouvir outras narrativas, o que é facilitador á
família de perceber que existem outras perspetivas e visões da sua narrativa.
▪ Método colaborativo e aberto, com
espaço para clarificação de diferentes posições e
ideias.
▪ Tarefa é criar ideias - mesmo que
algumas dessas ideias possam ser consideradas
não muito interessantes pela família ou até
rejeitadas.
▪ A família irá selecionar as ideias que
servirem. A esperança é que elas desencadeiem
uma pequena mudança na imagem da família ou na compreensão da própria imagem. As
reflexões poderão mesmo desencadear uma mudança na compreensão da compreensão.

41
• Reflexões especulativas - ter a qualidade de supostas ofertas, não de afirmações
ou interpretações.
• Espontaneidade - Algumas destas ideias podem ser elaboradas durante a
conversa.
• A equipa tenta idealmente compreender e copiar o estilo de reflexão da família,
o seu ritmo, velocidade e modos de comunicação.
• Estas ideias devem ser ligadas ao material verbal e/ou não-verbal que aparece
durante a entrevista. (Cuidado ao mencionar as mudanças não-verbais sobre as
quais a família não está preparada para falar. A equipa pode ou ignorar tais
comunicações ou comentá-las com incerteza.)
• Não ser muito diferente - ideias novas para a família, mas não muito fora do
usual no seu conteúdo, ou no modo como são transmitidas.
• Falar em termos de “como...também (AND)” e ou “nem…nem” (NOR), dado as
famílias tenderem a utilizar mais o “ou…ou (OR)” – exceto em famílias
emaranhadas.

Teórica (22/10/2019)

Modelo Fenomenológico Existencial


Pensamento Existencial
Depende da forma como “olhamos” com que nos vemos, do aparelho conceptual com que
nos compreendemos o mundo, depende também daquilo que aprendemos e o que vai
aparecendo.
O paciente acaba por se ir treinando, a questionar se e a pôr em causa os pressupostos em
que vê e apreende o mundo e a sua maneira de estar e agir dentro do mesmo.
Existem 2 Ramos do Pensamento Existencial:
• Psicologia Fenomenológico-Existencial (Teve início na europa a partir dos anos
30 do século XX)
• Psicologia Humanístico-Existencial (Teve início na América do norte a partir
dos anos 50 do século XX) É como que uma mescla do pensamento com o
movimento humanista, houve um articulação entre os dois.

Coisas em comum entre os ramos:


1. O Método Fenomenológico
Fenomenologia: 1900 hussel, apresenta a fenomenológica enquanto filosofia (questões
de epistemológica) e enquanto psicologia.
Fenomenologia é um método de investigar processos psíquicos. (Psique não é material)

42
É necessário um método que nos permita ter acesso á psique e aos seus processos. Método
fenomenológico: Fenómenos psíquicos precisam de um método de acesso a ele que será
o método fenomenológico neste caso.
2. O interesse no que é próprio (específico) do ser humano
Também partilham o interesse no que é próprio e único do ser humano, e não no que
há de comum. O importante é, portanto, tudo o que há de especifico e próprio no ser
humano, que necessita de um método que permita aceder a esta especificidade
(método fenomenológico).
Outras terapias influenciadas pelo pensamento existencial:
Este modelo extravasou e articulou se com outras terapias que estão dentro e fora das
psicoterapias fora do pensamento existencial.
1.Terapia centrada na pessoa (no próprio) (Rogers)
2. Gestalt- terapia (Perls)
3. Psicodrama (Moreno)
4.Logoterapia (Frankl)
Princípios programáticos da psicologia humanístico-existencial:
(Bugental, 1964)
1. O ser humano é maior do que a soma das suas partes. Não pode ser reduzido
aos seus componentes.
A análise do que é próprio do homem não pode ser o desmontar do mesmo (como
desmontar um relógio), pois o que emerge das diferentes partes é sempre maior (mais
integro). É único de cada um de nós (único do que é próprio do homem).

2.Os seres humanos existem num contexto humano único.


Este contexto é um contexto de abertura para o mundo e de compreensão do mundo a
nossa volta. Estamos rodeados de significados, olhamos para um palácio e reconhecemo-
lo como um palácio pois atribuímos-lhe um significado (significado = palácio), mas no
olhar de um animal o palácio já não tem esse significado (palácio) que para os humanos
tem.

3.Os seres humanos são conscientes e têm consciência de que são conscientes.
Os seres humanos são conscientes, e tem consciência de que o são (consciência de 2ª
ordem). Faz com que nós tenhamos uma posição singular no universo, faz com que as
analogias com outros entes mesmo que sofisticados, tenham os seus limites. Por exemplo
no xadrez com o computador, a diferença é que eu sei que estou a jogar xadrez, mas o
computador não. Eu sou consciente de, sei que, e sei que sei. A todas as analogias dentro

43
do campo da psicologia deparam-se com este facto. Os seres humanos fazem escolhas e
são responsáveis por essas escolhas.

4.Os seres humanos têm a capacidade de fazer escolhas e são responsáveis por
essas escolhas.
Todas as escolhas têm as suas consequências, e logo apos a escolha estar feita os seres
humanos são responsáveis pelas terem feito.
5. Os seres humanos têm intencionalidade, sabem que causam eventos futuros e
procuram sentido, valor e criatividade.
Sentido valor e criatividade, preocupações de interesse dos psicólogos desta área.

Em Psicologia, a fenomenologia deve ser entendida no sentido de método de


investigação dos processos psíquicos.

Fenomenologia – Ciência:
A fenomenologia pretende ser uma ciência, e sendo assim necessita de ser:
• Rigorosa (não podemos dizer e interpretar nem especular sem “provas”) Está
relacionado com o rigor quantitativo e qualitativo.
• Eidética (edos (latim) - essência ideia forma) Focados nos aspetos essenciais dos
fenómenos e não nos factos, nem os aspetos acidentais contam.
• Intuitiva (não utiliza propriamente deduções nem induções, utiliza a intuição que
é um contacto direto)
Porque é rigorosa não permite:
o Construções conceptuais “soltas no ar”;
o Especulação e divagação não fundamentada nos fenómenos.
Porque é eidética:
o Está interessada em estruturas essenciais (eidos) e não na multiplicidade ou
acumulação de factos, variáveis ou correlações nem em aspetos acidentais-
(Estruturas essenciais, aspetos essenciais)
Aspeto acidental: que não faz parte da essência, por exemplo ser estudante do ispa é
acidental porque não faz parte de nós próprios para o ano podemos deixar de o ser,
mas continuamos a ser nos próprios.
Porque é intuitiva:
1. Interessa-lhe a visão direta dos constituintes essenciais
Visão direta dos constituintes, é difícil de explicar, mas é a maneira que nesta área se
trabalha.

44
Exemplo: Caneta- intuímos a essência da caneta e sempre que vimos outras diferentes
em cor tamanho e forma, intuímos que eram canetas, intuímos a essência do que é a
caneta.
2. Intuição diferencia-se de dedução, indução ou correlação
Diferente da matemática (dedução, provar através de teoremas...) e de raciocínios
demonstrativos.
3. Procura mostrar em vez de demonstrar através de encadeados de argumentos
ou de observações empíricas
Mostra se a força do que demonstrar, convencer uma pessoa através de um conjunto
de argumentos é muito mais forte se eu mostrar algo mesmo no momento em que a
pessoa esta preparada para ver, através do questionamento.
4. Intuição nada tem a ver com palpites, feminilidade ou 3º sentido
Nada a ver com o sexto sentido da mulher, premonições, sensações e/ou presságios.

Para a fenomenologia o campo psicológico é o campo da significação e


do sentido!
Significação e sentido (implica um questionamento com o pressuposto da
causalidade, estamos com a pessoa a procura de causas (antecedentes do passado).
Método Fenomenológico:
Passos do método:
1.Redução
Redução fenomenológica: atitude de tirar tudo o que não é essencial, ficar apenas pelos
fenómenos, tudo o que e acidental é retirado. Anular (tirar fora) o que não interessa e que
não é considerado como essencial.
2.Epoché
É a atitude fundamental em clínica e consiste por entre parenteses tudo o que eu acho que
sei sobre a pessoa e o material que a pessoa me apresenta.
3.Horizontalização
Esta decorre das 2 anteriores. Não vou hierarquizar, logo esta horizontal.
4.Variação Eidética
Movimento da imaginação em que vou fazendo variações para ver o comum entre elas.
5.Intuição das essências (significados)
O essencial que o paciente me traz.

45
Redução Fenomenológica (noção de fenómeno)
O que mostra a si mesmo.
Palavra de ordem: Regresso às próprias coisas
Fenomenologia: Estudo dos fenómenos.
Fenómeno:
- Significado técnico diferente do significado na linguagem comum-
- Deriva do grego Phainomenon, o que aparece, se mostra à luz, da raiz sânscrita Pha,
o que brilha.

Redução
Na redução fenomenológica interessa-nos o que se mostra e como se mostra.
Como se mostra- noese (através da perceção visual e tátil porque o estou a pegar mais
complexo do que se tivesse apenas a ver (outros a minha volta)).
O que se mostra- noema (telemóvel)

Em cada ato psíquico, ou seja, numa vivencia, existe sempre um noema e uma noese que
são inseparáveis. Pode haver mais noeses para um noema e vice-versa.
A cada conjunto de vivencias entrelaçadas, em fluxo, chamamos de experiência.
Por exemplo: a experiência desta aula e diferente para cada um de nós, e constituído por
um conjunto de um entrelaçamento de vivencias desta aula.
O que não faz parte da aula (essência) reduziríamos o acidental, pensamentos que não
estejam envolvidos com a mesma, comichão, falar com o outro, cochicho...
Vida psíquica é o conjunto do fluxo de vivencias (diferente de vida biológica)
A fenomenologia analisa as vivencias intencionais para chegar à estrutura da
experiência.

Epoké
A Epoké é em psicologia fenomenológica um ideal para que se tende mas nunca é
completa.
Colocar entre parenteses todas as categorias prévias, conhecimentos prévios, pré-juízos,
pré-conceitos e ideias já feitas da pessoa que temos a frente.
Não deixar que os nossos pressupostos e preconceitos nos influenciem (nossas bias). Não
deixar o material clínico ser contaminado pelos meus preconceitos e julgamentos pré-

46
concebidos. (não deixar que os meus pressupostos e preconceitos “contaminem” os
fenómenos).

Horizontalização
Como consequência da epoké todos os fenómenos de uma experiência são à partida
horizontalizados, isto é, nenhum é destacado como de maior valor ou importância, nem
classificado a partir de categorias prévias.

Variação Eidética
Movimento imaginativo em que se faz variar ao máximo os modos possíveis de os
fenómenos se mostrarem de modo a intuir a sua estrutura ou forma essencial.
É a variação imaginativa, por exemplo, olhar para um cilindro, não percebemos logo que
é um cilindro, mas através da rotação e de o fazer mexer (variar as experiências),
percebemos que é um cilindro.
Portanto variamos as experiências para entender/ perceber melhor o que temos á nossa
volta.

Resultado da investigação Fenomenológica

Estrutura de significados essenciais da experiência vivida.


Os significados des-cobertos são utilizados na clínica para ressignificação das
experiências e alargamento do horizonte de sentido.
Os significados não surgem isolados, sendo que todos os significados têm de ser
percebidos.
É necessário deporar/reduzir para chegar a essência das coisas (requer um conjunto de
passos) reduzir as coisas a sua essência.
Os significados não são, em geral, conhecidos pelo paciente porque permanece na
atitude natural.
Os significados só deixam apreender o seu sentido a partir da análise do modo-de-
ser-no-mundo do paciente.
Análise Existencial

47
Prática (24/10/2019)

Fenumenologia: baseia-se no que se mostra de forma “imediata”

Trabalho de Participação:

Análise Existencial (a nós próprios ou a outros)


1-Desenhe na folha 12 círculos, de forma a estarem sequenciais (uns perto dos outros);
2-Escrever em cada um dos círculos, os acontecimentos mais importantes da vida por
ordem cronológica, desde que existem até ao dia de hoje. (com uma ou duas palavras)

3- Depois de escrever cada um dos acontecimentos, temos de reduzir-nos ao que se


mostra. (tirar o que é factual, tirar o que nós não tivemos opção de mudar)

48
Facticidade Possibilidade

Iria acontecer sem que a pessoa pudesse escolher que tal acontecimento se realizasse.
Existem pessoas que encaram a vida como fáctica (visão do mundo).
(Não há possibilidade de controlar, não escolhemos se acontece ou não, impossível de
impedir e/ou inevitável.)
Exemplo: nascimento

o Um Parâmetro Fundamental para a interpretação da nossa existência é o tempo


(temporalidade da análise é fulcral).
o Relação de cada um de nós com o tempo! (passado, presente e futuro)
o O tempo é importante, pois este constitui-nos e permite-nos percebermo-nos!

Interpretação do que é mostrado:


Ter atenção entre as facticidades e as possibilidades e perceber a relação que existe
entre o tempo, bem como ver qual delas é mais predominante (passado, presente ou
futuro?).

Facto Possível

Porquê? Para quê?


(razão) (propósito)
Theleológico
(temos um alvo)

Passado Presente Futuro

Memória Desligado do passado e Consequências


futuro
Causalidade Antecipação
AQUI E AGORA
(precede o efeito) (projeto de algo no
Momentaneadade futuro)
Situação da atualidade

Projeto: CARPE DIEM

Fio condutor que se fazem sempre a partir de um theles final.


49
Pergunta final: O que vai fazer com isto tudo?
o Volta para a possibilidade, abertura para o futuro.
Esta análise dá primazia ao futuro, pois o que se quer é a realização do projeto do sujeito!

Teórica (5/11/2019)

Pensamento Existencial
Nota:
Importante (saber exame): diferentes passos do método.
Como é que analisamos os pacientes que nos pedem ajuda, com esse método (método
fenomenológico), e a seguir vamos aprender como é feita a intervenção terapêutica
efetuada, mediante a avaliação feita ao mesmo.
Fenomenologia, ajuda nos a compreender o que é essencial e o que não é.
Modos de Pensar:
Existe uma forma de pensar diferente da qual fomos formatados, a fenomenologia obriga-
nos a pensar de forma diferente.
Existem 2 modos de pensar:
- Modo de pensar mais relacionado com o cálculo, pensamento matemático, lógico...
- Modo de pensar diferente do cálculo, porém com a reflexão e meditação sobre o sentido,
a questão do sentido das coisas. Reflexão dos significados e dos sentidos. Pensamento
relacionado á consciência reflexiva, de segundo grau, consciência da própria consciência.
Temos tendência a fugir deste último modo de pensar, pode ter consequências não só a
nível individual como coletivo. É importante entender e perceber os fins e os sentidos
desses mesmo fins e não apenas restringirmo-nos ao cálculo dos mesmos (fins).
É de notar que não é próprio do homem o modo de pensamento calculador!
Descontentes com a metapsicologia, pensam no que é distinto em cada um
(fenomenológico). Hidger
Análise Existencial
Ao modo de ser do homem chamamos

Dasein (à letra: ser-aí) palavra que em alemão significa presença ou existência.


Fundamenta-se no modo de ser próprio do homem (dasein- termo alemão que significa
existência).
Ex: este microfone existe, estou a dizer que ele é real, e não é isso que nos interessa.
Existencial idade: dasein só se aplica ao homem, é um modo de ser definitivamente
humano.

50
Não nos interessam os aspetos biológicos, pois estes não são aspetos distintivos, o
pensamento existencial não está focado no que aproxima o homem dos outros entes, pelo
contrário está interessado no que é próprio e distintivo do homem.
Assim a existência (dasein- existência) é o essencial, e por isso diz se analise do dasein
ou análise da existência.
A existência é estruturada, e a analise existencial estuda essa estrutura, entende a forma
como cada um de nos se confronta e lida com essa mesma estrutura, sendo que estas
(estrutura e a forma como lidamos com ela) são único de cada um de nós.
O modo ou forma como a pessoa lida com os componentes estruturais da existência, não
é possível fazer-se a analise sem conhecer a analítica.
Análise Existencial
Existir não tem aqui o significado da linguagem comum de realidade ou actualidade por
contraposição ao ideal, imaginário ou potencial. Existencialidade é uma determinação
exclusiva do Dasein.
As coisas são, só o homem existe.
▪ Ao estudo da estrutura da Existência em geral chamamos analítica existencial.
Na Clínica estudamos o modo como cada pessoa se relaciona com cada uma das
determinações estruturais da Existência: fazemos análise existencial.
Referências históricas do pensamento existencial com interesse para a clínica:

1900/1901 – Investigações Lógicas – Husserl: Inicio do Pensamento fenomenológico. 1ª


proposta do método.
1912- O método fenomenológico em Psicopatologia- Karl Jaspers
1913- Psicopatologia Geral- Karl Jaspers
1917- O problema da empatia- Edith Stein
1919- Psicologia da Visões do Mundo- Karl Jaspers: Inicio da Psicologia Existencial
1927- Ser e Tempo- Martin Heidegger: a Analítica Existencial
1942- Formas Básicas e Realização da Existência Humana- Ludwig Binswanger: a Análise
Existencial
1943- O Ser e o Nada- Sartre: a Psicanálise Existencial
1945- Fenomenologia da Percepção- Merleau-Ponty
1950- O Significado da Ansiedade- Rollo May
1956- Três Formas de Existência Malograda- Binswanger
1959-1969- Os Seminários de Zollikon- Heidegger
1958- Existência- Rollo May (Ed.)
1974- Fundamentos Existenciais da Medicina e da Psicologia-Medard Boss: Obra
supervisionada pelo próprio Heidegger
1995- Psicologia da Existência (póstumo)- Rollo May 51
▪ O Método Existencial foi formado por Husserl e o pensamento existencial
desenvolve-se ao longo de todo o sec. 20, é levado para a psicopatologia, etc…

Primeira grande determinação da análise existencial:


Dimensões estruturais da existência:
▪ Mundaneidade
Mundo: é a rede de articulação de significados e sentidos em que cada um de nós é-
lançado;
Somos uma abertura ao Mundo e por isso estamos abertos a alguns aspetos do mundo
e fechados a outros;
Mundo não tem aqui o significado de Universo ou de planeta Terra;
Na entrevista clínica o psicólogo de orientação existencial está atento às diferentes
dimensões do mundo do paciente: Física, Social, Própria e Espiritual.
A nossa indissociabilidade do Mundo é captada na expressão: Ser-no-Mundo.
É o conceito de mundo, ser do mundo é uma característica distintiva da existência e dos
seres humanos. Temos de perceber o significado de mundo neste pensamento, o sentido
é uma rede articulada de significados e de sentidos, e cada um de nós é uma abertura para
o mundo, se pensarmos na nossa essência como uma abertura para o mundo, não
conseguimos distinguir esta abertura e o mundo, nós somos a própria abertura. Esta
começa quando nós começamos, e acaba quando acabarmos e sairmos do mundo (morte).
Não somos existências com indissociabilidade entre cada um de nós e o mundo, que é
captada na expressão “ser do mundo”, ou seja, o mundo e existência são indissociáveis.
Esta expressão só se aplica ao homem, abertura ao mundo é uma abertura a uma rede de
significados, é a forma como nos relacionamos com o mundo através de significados,
vemos um microfone pois associamos a esse objeto imediatamente o seu significado.
Quando se pergunta a uma pessoa para falar sobre ela e sobre a sua vida, a pessoa fala
das relações com os outros, das suas vivencias, experiências, do seu próprio eu, do seu
mundo. Não é possível falar de mim sem falar do meu mundo e vice-versa. Nada tem a
ver com o universo e/ou planeta terra.
A essência do homem é caracterizada por esta abertura ao mundo e aos seus
significados.
▪ Corporalidade
Não temos um corpo, somos corporais;
Não há existência sem corpo;
É pelo corpo que me insiro no mundo, me relaciono com ele e ajo;
A recusa da corporalidade (existência angélica) dá origem a desenvolvimentos
patológicos;
A questão da Psicossomática.

52
A Corporalidade é o nosso ponto de inserção no mundo (é o nosso corpo), temos uma
perspetiva de nós e toda a visão/compreensão é perspetivada, no meu mundo sempre visto
existem sempre zonas cegas e zonas claras (a terapia permite trazer as zonas escuras á
claridade). A corporalidade é uma dimensão essencial da estrutura da existência, somos
aberturas para o mundo e a nossa existência é corporal. Diferente de ter um corpo (relação
de propriedade)! Relação com o meu corpo não tem a ver com outras propriedades, por
exemplo “eu digo ter um carro” possuo tal coisa. Não há existência sem corpo, o corpo
constitui-me (dimensões estruturais que pertencem a existência, sem elas não existíamos).
Confrontamo-nos com as diferentes estruturas da existência de forma diferente, e
isso é que e estudado. (Visão/compreensão)
▪ Decadência (Dimensão essencial na análise existencial)
A psicologia fenomenológico-existencial estuda as pessoas no seu quotidiano habitual e
não em situações artificiais (divã, laboratório);
No nosso quotidiano, na maior parte do tempo (para alguns todo o tempo) ocupamo-nos
com os assuntos e as coisas do Mundo e des-cuidamos a Existência;
Formas habituais da decadência são: O Falatório, a Ambiguidade e a Curiosidade que
se alimentam umas às outras;
(NOTA: Falatório é a fala vazia. Ambiguidade leva a mais falatório.)
Decadência não tem um sentido pejorativo nem de julgamento moral. É constitutiva do
Dasein.
A decadência (sem ter sentido pejorativo) sentido de fuga ao pensamento, o que nos
caracteriza é a decadência, decair do mundo das ocupações, isto é, cada um de nós está
ocupado no quotidiano com várias coisas a fazer, com coisas do mundo, mas na maior
parte das vezes estamos descuidados da existência. Temos de refletir sobre a nossa
existência, e não o fazemos, por estar sempre ocupados e descuidados com o que nos
rodeia.
É através do discurso que o mundo aparece!
A Curiosidade faz parte da decadência, sendo a curiosidade do novo pelo novo,
novidades, a mudança pela mudança, sem saber o para quê e o porquê da mudança.
O que nos arranca do descuido da existência:
▪ Angústia
A Angústia ou Ansiedade arranca-nos do torpor quotidianos e chama-nos para o
questionamento da impessoalidade da nossa Existência;
No pensamento existencial ansiedade não é o resultado de “um alarme avariado”;
O seu significado é o de convocação para a Autenticidade;
A angústia diz-nos para parar de fingir que temos “todo o tempo do mundo”, que não
somos finitos, com um tempo limitado para o cumprimento do nosso Projeto Existencial.

53
A Angustia (afeto), tem o sentido de uma convocatória para o cumprimento do nosso
projeto, a decadência faz nos sentir que temos todo o tempo do mundo, porém nós somos
temporais (finitos), e a angustia faz nos lembrar da nossa finitude e temporalidade (não
temos todo o tempo do mundo, temos de alcançar a realização pessoal e cumprir o
projeto)! É como uma fuga ao pensamento, pois chama-nos a atenção, isto acontece
quando ficamos angustiados, ficamos desconfortáveis no mundo e normalmente não
entendemos a razão. Tentamos suprimir a angústia através de medicamentos por exemplo,
ansiolíticos.
Para combater o sentimento de angústia é necessário pensar e refletir sobre a nossa
existência, cumprir o nosso projeto para alcançar a realização pessoal.
A angústia é diferente de medo, sendo que o medo é concreto, já a angústia é indefinida.
Angústia: o homem é convocado á reflexão (porque e que faço as minhas escolhas? para
quê? Estou-me a perder na impessoalidade?) …
Desenvolvimentos conceptuais influenciados pelo pensamento existencial:

Hermenêutica – Gadamer, Ricoeur Desmitologização- Bultman


Desconstrução- Derrida Coragem de Ser- Tilich
Genealogia- Foucault Quering – De Laurentis, Butler
Fala plena e fala vazia- Lacan Ecologia profunda- Arne Naess
Escola Intersubjectiva em Psicanálise- Stolorow Ironia- Rorty
Esferologia- Sloterdijk Banalidade do mal – Hannah Arendt

Pensamento dicotómico:
Dicotomias são opressivas em relação aos outros e a nós próprios, e classificamos as
pessoas se nós próprios num modelo dicotómico que tem de ser perguntado e
desconstruído pela terapia.

Como se mede a tristeza,? Evidentemente não é possível medi-la. Por que não? Se nos
aproximássemos de uma tristeza com um método de mensuração, a própria aproximação
transgrediria o sentido da tristeza e a tristeza como tal seria eliminada de antemão. O
próprio propósito de medir, neste caso, seria uma transgressão contra o fenómeno como
fenómeno. (…) Na profundidade de uma tristeza, falta totalmente qualquer ponto de
apoio e ocasião para avaliá-la quantitativamente (…). Numa tristeza só é possível
mostrar como um homem é solicitado, e como sua relação com o mundo e consigo é
modificada.
(Heidegger, Seminários de Zollikon)
Desconstrução de alguns dogmas, a análise existencial é uma perspetiva e tipo de
pensamento que não esta contra nada. Para medir tenho de ter um ponto de apoio…

54
Teórica (12/11/2019)

A verdade está no singular. (Kierkegaard)


Uma atenção dada a uma pessoa concreta, singular. Que é muito mais difícil do que
aprofundar uma ciência no geral. Em clínica é apropriar o conhecimento a uma pessoa e
um caso concreto “não há doenças, há doentes” o que há são pessoas concretas com
sofrimento. (Valorizar o discurso de uma pessoa que em contraposição não é um discurso
de 3ª pessoa.)
Compreensão é empática, compreensão do sentido do sofrimento, é empática porque é
para perceber/compreender o ponto de vista do sujeito.
O que é a clínica?
Clínica (do grego kliniké tekhné) é etimologicamente a prática daquele que se debruça
sobre o leito. Clínica refere-se sempre ao concreto, ao singular, ao próprio daquela
pessoa que está diante de nós. Não diz respeito a conhecimentos de generalidades, mas
à ajuda àquela pessoa em sofrimento. Interessa-lhe o discurso de primeira pessoa.
Postura do Clínico:
Rogers avança seis condições necessárias para que se efetive o crescimento psicológico.
1. Compreensão empática;
Capacidade de nos colocarmos no lugar do outro e tentar perceber a sua posição.
2. Olhar incondicional positivo;
Aceitar tudo o que vier, pois faz parte da experiência da pessoa.
3. Congruência;
A congruência é a congruência do terapeuta, têm de estar sintónico com o que diz e sente
se não o paciente descobre e tem a sensação de ser uma coisa falsa. Numa relação íntima
como este, psicoterapêutica, e muito fácil do paciente perceber se estamos ou não a ser
congruentes, temos de ter cuidado. As pessoas vão se conhecendo, portanto temos de ser
honestos no que dizemos relativamente ao que sentimos. Terapeuta em concordância
relativamente aquilo que ele próprio sente e concorda, dizer coisas que acredito e não
apenas aquilo que é ‘’suposto’’.
4. Contacto psicológico;
O contacto psicológico tem de haver sintonia entre mim (terapeuta) e o paciente, se
houver incompreensão mutua, não é o paciente que não é analisável, nós (terapeutas) é
que não somos indicados para aquele paciente, logo devemos reencaminha-lo para outro
terapeuta capaz de o ajudar. Caso não exista sintonia entre o terapeuta e o paciente,
significa que a terapia não está a funcionar.
5. Paciente ansioso, vulnerável ou incongruente;
A terapia é uma busca pela verdade, logo tenho de me questionar, se o faço é porque não
estou completamente congruente. Mantermos nos congruentes ao longo da vida quer dizer
que somos eternos procuradores dos significados do mundo. Se o paciente está no
consultório é porque tem necessidade de tal. O paciente procura ajuda para resolver as
suas angústias.
55
6. Perceção do paciente das 3 primeiras condições na postura do terapeuta.

Conflitos Existenciais (Yalom):


Angústia: é uma espécie de convocatória, servindo para a convocação do nosso projeto.
A angústia pode advir/derivar de conflitos existenciais, conflitos em que estão em jogo a
nossa existência.
1. Morte/Finitude – Mundo físico
2. Liberdade/Responsabilidade – Mundo próprio
3. Isolamento – Mundo social
Por mais integrado que esteja no meu mundo social, a minha experiencia é só e apenas
minha, por mais que tenha uma experiencia empática a experiencia é sempre individual,
por mais que o outro esteja a sofrer, posso tentar compreender, mas não o sinto pois não
se passa comigo.
4. Sentido/Absurdo – Mundo espiritual

O que se faz?
Quando existe este tipo de conflitos o paciente não reconhece partes do seu mundo pelo
que estas permanecem, obscuras, dissociadas e escotomizadas. A terapia existencial é
uma caminhada conjunta de modo a que se possa trazer à luz os sentidos do que não
está claro seja porque não foi refletido seja porque o paciente não tem estado preparado
para esse confronto com os dados da Existência.
- Tudo está incongruente, o sujeito não reconhece partes do seu mundo….
Essência da terapia existência é isto que se faz.

Importante perceber:
• Não se trata de agir sobre o paciente, manipulando técnicas para a produção de
efeitos, mas sim de facilitar o desdobramento do Mundo que se mostra no
Discurso do paciente de modo a promover o encontro deste consigo próprio.
(Facilita o desdobramento do mundo do paciente, ao trazê-lo para a terapia proporciona
nos a ajuda-lo na sua caminhada…)
• A clínica existencial não procura transformar a miséria neurótica em infelicidade
comum, nem está preparada para apresentar pretensas fórmulas da felicidade,
antes promove o pensamento que reflete sobre o sentido da Existência e a
descoberta do Projeto de Ser formado a partir das escolhas originárias que
foram norteando o nosso percurso biográfico.
Nota Entrevista:
“Porque não?”: interrogação deve ser feita assim, para abrir a uma reflexão por parte do
paciente.

56
Número de telemóvel prof: 963900922

Teórica (19/11/2019)

Teoria Cognitivo-Comportamental
No início dos anos 60, Beck (1964) desenvolveu uma psicoterapia para a depressão
estruturada, de curto prazo, orientada para o presente e direcionada para resolver
problemas atuais e modificar pensamentos e comportamentos disfuncionais (imprecisos
e/ ou dispensáveis). Em todas as formas de terapia cognitivo comportamental, derivadas
do modelo de Beck, o tratamento é baseado na formulação cognitiva, em crenças e
estratégias comportamentais que caracterizam um distúrbio específico (Alford & Beck,
1997). É baseado também, numa conceptualização, ou entendimento individual dos
pacientes (as suas crenças específicas e padrões de comportamento). O terapeuta procura,
de várias maneiras, produzir mudanças cognitivas - modificação do pensamento do
paciente e do seu sistema de crenças - para conduzir a mudanças emocionais e
comportamentais duradouras (Beck, 2011). De acordo com Beck (2011), a terapia
cognitiva comportamental tem sido adaptada para pacientes com diferentes níveis de
educação e rendimento, assim como diferentes culturas e idades (desde crianças a
adultos). Agora é utilizada nos cuidados primários e outros consultórios médicos, escolas,
programas vocacionais, prisões, entre outros. Pode ser dada em grupo, em família ou para
casais, e o tempo médio de duração é 45 minutos por sessão.
Teoria subjacente à teoria cognitivo comportamental
Em poucas palavras, o modelo cognitivo propõe que o pensamento disfuncional (que
influencia a disposição e o comportamento do paciente) é comum a todas as perturbações
psicológicas. Quando as pessoas aprendem a avaliar o seu pensamento de uma maneira
mais realista e adaptativa, experienciam melhorias no seu estado emocional e no seu
comportamento. Para uma melhoria duradoura na disposição e no comportamento dos
pacientes, terapeutas cognitivos trabalham a um nível mais profundo de cognição: crenças
básicas dos pacientes, do seu mundo e de outras pessoas. A modificação destas crenças
disfuncionais subjacentes, produz mudanças mais duradouras. Por exemplo, se uma
pessoa subestima continuamente as suas habilidades, pode ter implícito a crença de
incompetência, e se modificar a mesma, pode alterar a sua perceção de situações
específicas do dia a dia (e.g. a diminuição de pensamentos como “Eu não consigo fazer
sito bem”) (Beck, 2011).
Princípios básicos do tratamento
Segundo Beck (2011) os princípios básicos da terapia cognitivo comportamental são: 1º:
a terapia cognitivo comportamental é baseada numa evolução constante da formulação
dos problemas do indivíduo e numa conceptualização individual em termos cognitivos;
2º: requer uma boa aliança terapêutica; 3º: enfatiza a colaboração e a participação ativa;
4º: é orientada perante os objetivos e focada no problema; 5º: enfatiza, inicialmente, no
57
presente; 6º: é educativa, tem como objetivo ensinar o paciente a ser o seu próprio
terapeuta, e enfatiza a prevenção de recaídas; 7º: pretende ser limitada; 8º: tem sessões
estruturadas; 9º: ensina os pacientes a identificar, a avaliar, e a responder perante os seus
pensamentos e crenças disfuncionais; e por fim 10º: usa uma variedade de técnicas para
mudar o pensamento, a disposição e o comportamento.
Em suma, podemos afirmar que a terapia depende de paciente para paciente, tendo em
conta a natureza de cada problema, o estado de vida atual do paciente, o seu
desenvolvimento intelectual, as suas crenças, etc. O tratamento também varia de acordo
com os objetivos específicos de cada paciente, a sua cultura, a sua capacidade de criar má
ligação com o terapeuta, a sua motivação, entre outros (Beck, 2011). A ênfase do
tratamento também depende da doença particular do paciente. Para pacientes com
transtornos de pânico, envolve testar as interpretações catastróficas erradas do paciente
(geralmente a vida- previsões erróneas que ameaçam a sanidade) de sensações corporais
ou mentais (Clark, 1989).

Modelo Cognitivo-Comportamental
Modelos comportamentais:
• Foco nos comportamentos observáveis e a sua relação com o ambiente.
• Ideia de impossibilidade/irrelevância de estudo de processos psicológicos.
• Teorias da aprendizagem para explicar o comportamento – explicação mecanista.
• Contínuo entre o animal e o ser humano.
São globalmente considerados desatualizados. Estes estão associados aos
condicionamentos que nós já conhecemos. Tendo características em comum e focam se
nos comportamentos dos seres humanos. Os Modelos Comportamentais são aplicáveis
quer para animais quer a seres humanos, há um contínuo entres as aprendizagens dos dois.
Conjunto de aplicações praticas destes modelos:
Aprendem
coisas
através de
processos de
modelagem
(primatas).

Condicionamento Clássico:
Pavlov
• Foco na associação de estímulos e entre estes e a resposta;
• Formas elementares – mas frequentemente poderosas de aprendizagem

58
Muitas das nossas aprendizagens em termos de associação de estímulos como o medo,
são aprendizagens difíceis de reverter. Ex. pessoas que tiveram um acidente de carro, têm
a tendência, a sentir ansiedade quando cheiram o cheiro de gasolina. Pois fazem uma
associação de estímulos, que correspondem a uma certa resposta.

Condicionamento Clássico
Ivan Pavlov (behaviorismo)
O condicionamento clássico é um tipo de aprendizagem em que um organismo aprende a
transferir uma resposta natural perante um estímulo, para outro estímulo inicialmente
neutro, que depois se transforma em condicionado. Este processo dá-se através da
associação entre os dois estímulos (incondicionado e neutro).
EI: carne
EC: campainha
RI: salivação
RC: salivação

Estímulo Incondicionado (ver carne) → Resposta Incondicionada (salivação)


Associação:
Estímulo Incondicionado (ver carne) + Estímulo Neutro (som da campainha) → Salivação
Estímulo Condicionado (som da campainha)→ Resposta Condicionada (salivação)
Pavlov observou que os cães salivavam quando viam a carne, o que classificou de reação
incondicionada. Depois os cães passaram também a salivar quando se emparelhou dois
estímulos, o ver a carne após fazer soar o som da campainha. Esta reação foi classificada
de resposta condicionada, que teria sido aprendida. Pavlov pensou que essa aprendizagem
era devido a uma associação de estímulos. Demonstrou esta hipótese com uma sequência
de testes que tentou associar um estímulo neutro (ou seja, que não provocava qualquer
resposta), o som duma campainha, com um estímulo incondicionado (carne, que
provocava a resposta incondicionada da salivação). Após algumas associações, o som da
campainha tornou-se num estímulo condicionado, pois à sua presença, os cães reagiam
com a salivação, agora resposta condicionada.
Processos associados:
1.Aquisição do comportamento;
• Repetição do emparelhamento
2.Extinção do comportamento;

59
• Consistente exibição do estímulo neutro na ausência de estímulo
incondicionado.
• Por exemplo, se se tocar a campainha e o bife não aparecer ao mesmo
tempo, o cão deixa de aparecer após o som da campainha.
3.Recuperação Espontânea;
4.Generalização do Estímulo;
• Pode responder a vários tipos de toques de campainhas.
5.Discriminação do Estímulo.

John B Watson, Experiência do Pequeno Albert

Experiência do bebé e do macaco,


bebé tem fobia a ratos brancos, a
criança pequena estava condicionada
a ter medo de um coelho branco. A
criança demonstrou uma
generalização do estímulo ao ter
medo também como resposta a outros
objetos brancos peludos, incluindo
bichinhos de pelúcia e o próprio
cabelo de Watson.
São emparelhados estímulos, e a criança tem uma reação fóbica.
• Estímulo incondicionado - barulho grande
• Resposta incondicionada - medo/susto
• Estímulo neutro - ratinho branco
Condicionamento Clássico:
1. Estímulo incondicionado (barulho grande) → Resposta incondicionada (medo/susto)
2. Estímulo Neutro (rato branco) → Ausência de medo
3. Estímulo incondicionado (barulho grande) + Estímulo Neutro (rato branco) →
Resposta Incondicionada (medo)
4. Estímulo condicionado (rato branco) → Resposta condicionada (medo)
Generalização de Resposta:
1. E. Condicionado (coelho branco) → R. condicionado (medo)
2. E. Condicionado (barba do pai natal) → R. condicionada (medo)

Watson demonstrou a sua teoria das respostas condicionadas nos estudos experimentais
realizados com o bebé Albert de 11 meses condicionando-o a ter medo de um rato branco,
que ele não temia antes de ser submetido ao condicionamento. Para estabelecer a relação
de medo, provocou um enorme barulho atrás da cabeça de Albert sempre que o rato lhe

60
era mostrado. Em pouco tempo a mera visualização do rato produzia sinais de medo na
criança. Esse medo condicionado generalizou-se a outros estímulos similares como um
coelho, uma pele branca ou a barba do pai natal.

Assim conclui-se que pessoas normais podem estar sujeitos a desenvolver reações
patológicas, isto leva-nos a pensar nestas abordagens comportamentais, como sendo
muito simplistas, porém podem existir determinados processos que expliquem ou que
contribuam para uma determinada reação emocional patológica.
Ex. acontecimentos traumáticos, experiência física de dor…

Aplicações do Condicionamento clássico:


Alarmes de urina (Enurese)

Dessensibilização sistemática:
Joseph Wolpe (1958)
Esta técnica é realizada através do relaxamento, denominando-se o processo por
supressão condicionada. Neste estão presentes dois estímulos aquando uma só situação,
o promotor de ansiedade e um que antagoniza a mesma, esperando-se que o primeiro seja
enfraquecido pela presença deste último.
A imagem do estímulo fobico provoca ansiedade.
Exemplo:
Imagens de exame → Ansiedade
EI → RI

Relaxamento muscular → Relaxamento


EI → RI

Imagens de exame + Relaxamento → Redução da Ansiedade


EC → RC

61
O emparelhamento dos dois, sendo que se emparelha o estimulo que produz ansiedade e
um que provoque relaxamento, reduz a ansiedade, este tratamento é bastante eficaz porém
não e muito fácil de aplicar, e é muito demorado (para ser eficaz, e se obter resultados
esperados, é necessário despender muito tempo).
Este foi o primeiro tipo de tratamento de perturbações psicológicas.

Técnicas de Relaxamento que podem ser utilizadas:

Técnicas de relaxamento - Segundo Rangé (2008), o relaxamento consta num processo


psicofisiológico do sistema nervoso, que desencadeia respostas ao nível do sistema
nervoso somático e autónomo. É possível “acelerar” estes processos através de técnicas,
como:
Exercícios de respiração – é frequentemente uma fase preliminar do treino em
relaxamento e permite controlar o ritmo cardíaco a partir de ciclos respiratórios,
revelando-se bastante eficaz em transtornos de ansiedade, como o síndrome de pânico
(Vera & Vila, cit. por Rangé, 2008)
Relaxamento muscular progressivo – Esta técnica passa pela conciliação de condições
favoráveis ao sujeito, desde o ambiente envolvente (como a temperatura) até ao conforto
físico (como retirar peças incômodas, exemplo dos óculos), sendo nesta técnica pode ser
possível, atingir um estado hipnótico (Rangé, 2008).

Outras técnicas (não estão nos ppts):

Treino de Assertividade – Segundo Wolpe (cit. por Rangé, 2008), o objetivo da técnica
é a transformação da ansiedade em expressão verbal e/ou motora socialmente mais
aceitável.
Técnicas modernas – Com a evolução das técnicas da terapia cognitivo-comportamental,
elaboraram-se, entre outras, as abordagens seguintes (Thorpe & Olson, cit. por Rangé,
2008):
• Autoinstrução – Inicia-se com o ensinamento do paciente a adequar os
pensamentos às situações que lhe causam incomodo e a ponderar as
consequências do seu comportamento face ao mesmo (Thorpe & Olson, cit. por
Rangé, 2008).
• Exposição – Consiste na exposição a estímulos desagradáveis e evitados por
serem propulsionadores de ansiedade. A exposição é feita de forma repetida,
intensiva ou gradativa, real ou imaginada (Thorpe & Olson, cit. por Rangé, 2008).

62
Contra-condicionamento aversivo:
Por exemplo para alcoólicos:
Álcool → Prazer
EI → RI

Aversivo → Nojo
EI → RI
Álcool + Aversivo → Redução do Prazer
EC → RC

Exemplos de contra condicionamento aversivo:

1- Ideia das imagens nos maços de tabaco, é a aversão aquilo, ou seja tem o objetivo
de criar nojo ao fumar, com imagens desengradáveis a que lhe estão associadas.
Antigamente, era contrário, estavam associados a raparigas bonitas a fumar.
2- Aversão aos germes, utilizando imagens dos germes, para que nos faca impressão
e nojo.
3- Utilização de verniz, que tem um sabor horrível para as pessoas que roem as unhas
usarem, para quando tentarem roer uma unha tenha o mau sabor, e associe isso ao
roer as unhas, para acabar por deixar de roer como resposta.
Os Modelos Comportamentais são muitas vezes úteis, quando a pessoa tem motivação
para a mudança e quando já foi feito um trabalho importante com os significados.

Condicionamento Operante:
Burrhus Skinner
Skinner defende que, qualquer processo de aprendizagem é de condicionamento se estiver
associado a um estímulo positivo, um reforço, isto é, uma resposta terá maior
probabilidade de ocorrência se a seguir a ele existir um reforço – Condicionamento
Operante. Assim, a aprendizagem é um condicionamento. Skinner baseou a sua teoria na
lei do efeito de Thorndike.

63
A→ B→C
• Foco na relação entre o comportamento e as suas consequências;
• Redução de todo o comportamento a aprendizagem;
• Negação da relevância de fenómenos mentais.
Existem 3 tipos de consequências: reforço, punição (punição positiva: introdução de um
estímulo negativo, ex. dar uma palmada) e extinção (ausência de consequência).

A valência da consequência pode ser punidora ou reforçadora…


Ex. O jogo Candy Crush, é um exemplo de condicionamento operante, primeiro temos de
superar um nível difícil e depois um mais fácil.

Calendário de Reforço
(Rácio vs. Intervalo Temporal)
(Fixo vs. Variável)

64
Shaping

Shaping

Em todos os processos de aprendizagem, ex. dançar tango que é muito difícil e requer
muito esforço e dedicação, tem de ser reforçado à medida que se vai aprendendo e não
apenas quando fazemos as coisas bem, se não a aprendizagem seria mais difícil.
Skinner: Pensou numa cidade utópica, em que os punidos eram extintos e os reforçados
eram proliferados.

Condicionamento Operante

Reforço: Economia de Tokens ou “Token Economy”


Este conceito é um sistema de modificação de comportamentos com base no princípio de
condicionamento operante. Assenta na ideia de que a frequência de um ou mais
comportamentos específicos é aumentada pela atribuição de tokens, que depois podem
ser trocados por uma série de recompensas. Os tokens funcionam como reforços do
comportamento. A aplicação deste conceito deve implicar: a) uma avaliação inicial do
comportamento a modificar, b) uma definição operacional desse comportamento e c) uma
65
medida desses comportamentos durante a intervenção. Para que haja sucesso, a Token
Economy depende: a) da natureza do símbolo; método de distribuição com consistência,
b) da utilização correta (evitar furtos, falsificações...) e instruções correctas, c) da
utilização de elogios e feedback com efeito da poupança e novidade. Deve, ainda, evitar
“não” respostas por: a) recompensas inapropriadas, b) comportamento desejado não estar
no repertório e c) intervalo para troca dos tokens muito grande.

Extinção - Time Out


Ideia de retirar a pessoa do que é reforçador do mau, retirar a criança do que é interessante,
retirar a criança desse contexto.
• Passo 1: Verificar o comportamento e dar um aviso
• Passo 2: Explicar o porquê
• Passo 3: Levar a criança a sentar-se no time-out
- Pouco tempo (1 minuto por ano da criança)
- Ausência de reforços
• Passo 4: Terminar o time-out
• Passo 5: Elogiar o bom comportamento

Controlo de estímulos:
Mudança ambiental ao nível dos antecedentes.

Situações que eliciam cigarros (que nos fazem querer pegar num cigarro e fumar), são
por exemplo beber café ou ver outros a fumar, estar com amigos. É possível tentar
manipular isto.

Sessação de tabaco:
66
Através de manipulações do ambiente: Aumento do preço do tabaco, e a restrição espacial
do fumo do tabaco.
A manipulação do comportamento faz com que o comportamento tenha mudanças para
ficar cada vez mais adequado.

Modelos comportamentais:
John B Watson
“Dê-me uma dúzia de bebés saudáveis, bem formados e o meu próprio mundo específico
para criá-los, e eu garanto que posso pegar qualquer um aleatoriamente e treiná-lo para
se tornar qualquer tipo de especialista que eu pretenda - médico, advogado, artista ,
chefe de comerciante e, sim, até mendigo e ladrão, independentemente dos seus talentos,
limitações, tendências, habilidades, vocações e raça de seus antepassados. Estou indo
além dos meus fatos e admito, mas os defensores do contrário também o fazem - e fazem-
no há muitos milhares de anos.”
Conceptualização – Modelos Básicos
Modelo de Mowrer (1974)

Aprendizagem Vicariante e Modelagem:


Bandura

Aprender
com a
observação de contingências dos comportamentos de
outros á nossa volta. Ou seja, através da modelagem
podemos aprender novos comportamentos, vemos a
pessoa a ser reforçada, e estamos a aprender ao observá-
la a ter o comportamento.
67
Experiência Clássica
Experiência do boneco bobo:

Consistia em pôr crianças a ver adultos a bater num boneco, e depois deixar a criança
sozinha com o boneco, e esta tinha a tendência a bater no mesmo, ou seja, de modelar o
comportamento visto anteriormente. Porém se fosse um adulto a brincar com o boneco
elas também tinham tendência de exercer esse comportamento de brincar com o boneco
de forma não agressiva e amigável.
Modelagem: aprendo determinado tipo comportamento através da imitação do mesmo.
A modelagem em crianças tem um papel importante, mas não é suficiente para explicar
os comportamentos agressivos.

Etapas e Processos Cognitivos:


- Atenção (capacidade de selecionar e concentrar-se nos estímulos relevantes. Quer dizer,
a atenção é o processo cognitivo que nos permite orientar-nos até aos estímulos relevantes
e processá-los para responder em consequência);
- Retenção;
- Reprodução;
- Motivação (condição que influencia a direção
ou orientação do comportamento do sujeito, é "o
porquê do indivíduo se comportar de determinada
maneira").

68
Tipos de modelos

Ao vivo (reproduzimos o que vemos)


Verbais (instrução verbal que se torna num comportamento. Ex ‘’ toquem no nariz’’ e as
pessoas reproduzem o que lhes foi instruído a fazer)
Simbólico (influência o comportamento simbolicamente, “tenho de praticar o bem”)
A Modelagem (Bandura) é importante e aparece associada no nosso quotidiano, por
exemplo aparece nos anúncios, pessoas a promover pasta de dentes, com uma bata,
médico, para nos fazer ter mais confiança na pasta já que esta é utilizada por um médico,
e se o médico utiliza eu também devo.
o Comportamentos dos pais influenciam os comportamentos das crianças através da
modelagem, as crianças reproduzem o que vêm os pais fazer.

69
Auto-eficácia
A autoeficácia, tem a ver com a
representação que eu tenho da capacidade de
realizar alguma coisa (modelagem não só a
nível do desempenho, mas também serve
para promover a minha auto eficácia).
Visualização
Visualização (comportamento simbólico):
se eu estou a imaginar o golo fantástico e
mais fácil de executar esse comportamento
(ter o golo fantástico) isto pode ter alterações
a nível do meu desempenho, pois eu
imagino-me a realizar algo bem. Ativa
neuronalmente (neurónios espelhos) os
mesmos tipos de circuitos associados a quele
tipo de comportamento, o que pode resultar
no golo fantástico.

Treino de Assertividade:
1. Informação sobre as competências envolvidas
2. Exame de crenças, direitos e pensamentos
3. Role play de comportamentos assertivos
• Modelagem – Terapeuta ou modelo exemplificam
• Ensaio Comportamental

Limitações dos Modelos Comportamentais:


• Explicam apenas uma parte dos comportamentos;
Não explicam todo o funcionamento humano (uteis para explicar reações
comportamentais).
• Mesmo nos comportamentos que explicam, não enquadram elementos
relevantes – ex. experiência, relação com cultura, etc;
(estratégias de mudança focadas na ação, para que as coisas resultem.)
• Integração noutros modelos.
Capacidade de trabalhar as condições previas (distinção de um bom terapeuta de um
mau).

70
Prática (21/11/2019)

Condicionamento Clássico
Objetivo: a campainha produzir a resposta na ausência da carne, ou seja, a salivação por
parte do cão.
1. EI (carne) → RI (salivação)
EN (campainha) → (sem resposta)
2. EI → RI
+
EN (campainha - estímulo neutro)
3. EC → RC (salivação)
(o estímulo passa a ser um estímulo condicionado - campainha)
- O estimulo neutro, é o estímulo que é condicionado, passando a ser o estimulo
condicionado.
Condicionamento Clássico para a Enurese:
Desenhar esquema para 3 estímulos:

• Alarme;
• Sensação de “vontade de urinar”;
• Acordar.

EI: alarme
RI: acodar
EI (alarme) → RI ( acordar)
EN (“vontade de urinar”) → (sem resposta pretendida)
EN: “vontade de urinar” → (que passa a EC através do condicionamento) → EC (
a “vontade de urinar” passa a produzir a resposta condicionada, neste caso acordar.)

EI (alarme) → RI (acordar)
+
EN (“vontade de urinar”)

EC (“vontade de urinar) → RC (acordar)

Condicionamento do EI e da EN a produzir a RI (resposta pretendida)!

71
Condicionamento Operante
Foco causal está naquela que acontece depois (dá aquilo que acontece depois).
4 condições:

Estímulo Estímulo
Agradável Desagradável

1. Reforço Positivo (+) 2. Punição Positiva (+)


Introdução
(introdução de uma consequência (introduzir uma consequência
agradável) aversiva)

3. Punição Negativa (-) 4. Reforço Negativo (-)


Retirada
(retirada de uma consequência (retirada de consequência
positiva) aversiva)

1. Reforço Positivo
Elogiar; Receber uma recompensa (bolacha, gelado)
Ex. faz os TPC, então pode ir brincar no parque a seguir.
2. Punição Positiva
Ralhar/Palmada;
Ex. responde mal, então fica de castigo. (deve se explicar o porquê para ter efeito)
3. Punição Negativa
Retirada do contexto agradável; Retirada de um brinquedo
Ex. se não faz os TPC não vai brincar no parque.
4. Reforço Negativo
Retirada de uma tarefa desagradável;
Ex. se melhorar o comportamento, deixa de estar de castigo.

72
Notas:
Por exemplo, se uma pessoa tiver um ataque de ansiedade e sair do metro, isso é um
reforço negativo.
Punição: diminui a probabilidade de o comportamento acontecer.
Ambiente de privação de reforços positivos → birras. Nas birras dar o mínimo de atenção
possível!
Para a palmada ser um reforço, tem de existir um ambiente propício á atenção.
O bater torna-se reforço, porque estamos a dar atenção à criança (todos os seres humanos
precisam de atenção, mesmo que esta seja má).
Limitações:
• Para os comportamentalistas as recompensas e castigos têm de ser imediatos para
surtirem efeito (em termos de comportamentos futuros).
Têm de ser no momento, ou seja, castigar logo no momento do comportamento
mau.
• Reforços externos retiram a motivação intrínseca; A motivação externa e reforço
externo retiram ou diminuem a motivação intrínseca.

Distrações: - Internet (redes sociais)


Solução, controlo do estímulo, por exemplo através de distância física (do telemóvel) ou
desligá-lo.

Aprendizagem Vicariante e Modelagem

73
Teórica (26/11/2019)

Modelos Cognitivos
Origens Conceptuais
Estoicos (Grécia antiga)
Epicteto
“As pessoas não são perturbadas pelo que lhes acontece, mas sim pela
visão que têm do evento”

Buda
“a raiz do sofrimento é a ligação’’
Ideia de aceitação das coisas, quando eu resisto a uma determinada coisa má, e não a
aceito, estou a exprimir o desejo de que as coisas sejam diferentes.
Princípios Fundamentais Budistas (Quatro nobres verdades da vida):
1- A Verdade do Sofrimento
A vida é uma porcaria (O sofrimento é inevitável, faz parte integrante da vida.)
A vida está sujeita a todos os tipos de sofrimento, sendo os mais básicos nascimento,
envelhecimento, doença e morte. Ninguém está isento deles.)
2- A Verdade da Causa do Sofrimento
Sofrimento deriva do desejo (é por eu desejar ser rico, amado, bonito, que sofro, porque
acabo por não o ser).
A ignorância leva ao desejo e à ganância, que, inevitavelmente, resultam em sofrimento.
A ganância produz renascimento, acompanhado de apego passional durante a vida, e é a
ganância por prazer, fama ou posses materiais que causam grande insatisfação com a vida.
3- A Verdade da Cessação do Sofrimento
Se abdicarmos do desejo, alcançamos a felicidade pura.
A cessação do sofrimento advém da eliminação total da ignorância e do desapego à
ganância e aos desejos, alcançando um estado de suprema bem-aventurança ou nirvana,
onde todos os sofrimentos são extintos.
4- O Caminho que leva á Cessação do Sofrimento

74
O caminho para atingir este desejo é óctuplo. Por não podermos nos abster destas
verdades, devemos aceitá-las compreendendo que são fatores integrantes da vida. Para
erradicar a ignorância – que é a fonte de todo sofrimento – é necessário entender as quatro
nobres verdades, seguindo o caminho que leva à cessação do sofrimento, conhecido como
o Nobre Caminho Óctuplo.

“Whenever a theory appears to you as the only possible one,


take this as a sign that you have neither understood the theory
nor the problem which it was intended to solve.”
Karl Popper

Ideia de existir um realismo subjacente


Tendemos a pensar que estamos sempre a inventar a roda, mas as ideias que ouvimos de
todos os modelos desta cadeira, são ideias que já vem de trás.

Modelos cognitivos tentam explicar: (Questões por responder)


1. Modelos Comportamentais muito insuficientes;
As pessoas não são pombos, aspetos do funcionamento humano que não eram explicados
pelos modelos comportamentais.
2. Perceção de limitações na psicanálise;
Conjunto de limitações referentes a psicanálise, como a lógica muito monolítica da
explicação do funcionamento humano, esta não abarcava um conjunto de fatores, por
exemplo o autismo e a teoria da mãe figurifica.
- Perspetivas de organização da psyche e papel do inconsciente;
- Não consideração de multiplicidade de vias;
- Foco excessivo no ganho de consciência;
- Ideia de competências.

o Os modelos cognitivos não procuram explicar a causa última. Por exemplo:não


pretende explicar a causa última da depressão, mas sim, pretendem explicar o que
este apresenta na depressão.

3. Fundamentação Científica

75
Ellis vs Beck

• Maior sustentação filosófica; • Maior sustentação científica;


• Conceitos próprios como • Conceito de esquema e proliferação
aceitação radical; de modelos particulares;
• Enfase na racionalidade; • Empirismo colaborativo e guiada;
• Confronto e disputa;

- Influentes no contexto da educação, tendo a ver com uma preocupação de


sustentação deste modelo e para o desenvolvimento destas abordagens.
Ellis é muito confrontativo (disputa do funcionamento do paciente),já beck era mais
empirismo colaborativo ( olhar para o cliente e ver o funcionamento). Mudam no seu
comportamento perante o funcionamento do paciente.

Características habitualmente associadas à CBT (Cognitive Behavioural


Therapy):
o Estruturação, diretividade e abordagens curtas
Curtas e estruturadas, constituídas por 16 sessões (se é possível fazer intervenções
mais curtas com determinado tipo de pessoas problemáticas, com outras não é, estas
intervenções cognitivas conseguem ser mais moldáveis).

o Foco no presente e no “problema”


Foco no presente e centrado no problema, corresponde, nas abordagens cognitivas,
quando falamos de tipos de questões e problemáticas e muitas vezes o passado é
utlizado nas intervenções.
o Ideia de racionalidade e centralidade da cognição

76
A centralidade e racionalidade, racionalidade em relação à cognição e também ao tipo
de resposta a um determinado estímulo.
o Validação científica

Investigação
• Melhor que listas de espera;
• Melhor que placebo;
• Equivalente a outras terapias e formas de tratamento.

CBT como gold standard? (David, Cristea, & Hoffman, 2018)


• Extensão da Investigação;
• Nenhuma outra forma de terapia se mostrou sistematicamente superior;
• Quando existem diferenças sistemáticas, elas favorecem a CBT;
• Os propostos mecanismos de mudança têm sido estudados e são consonantes com os
modelos atuais da psicologia cognitiva e neuropsicologia.

o A CBT é eficaz, dá para medir o tamanho da eficácia (tamanho do efeito, quanto


e que determinado grupo melhora depois de um determinado tratamento) de uma
intervenção.
o Acima de 0.8 é um efeito grande.
Quão eficaz é a CBT? (2016)

77
POC (perturbação obsessivo compulsiva)
CBT- Desafios para a investigação
Melhorar qualidade dos estudos
Reforçar o estudo dos mecanismos de mudança
• Sustentar o argumento dos efeitos a longo prazo
• Sustentar o argumento do custo-efetividade
• Sustentar o argumento dos contextos reais
• Necessidade de melhorias a nível de algumas intervenções

Argumento das psicoterapias relativamente aos medicamentos. É que no caso das


perturbações mentais, tendem a recair depois dos tratamentos, no caso do pânico e
depressão, por exemplo, a ideia e que a psicoterapia a promover mudanças seja em
termos comportamentais como em termos funcionais.

Conteúdos

Perante um determinado estímulo existe sempre uma determinada resposta (pode ser
emocional ou não) e temos uma contingência.

78
Exemplo:
Situação: AULA
Crença central (incorporadas aos esquemas- incluem as regras básicas para a seleção e
codificação da informação do ambiente): “Eu sou incompetente”
Crença Intermediária: “Se eu não entendo algo, então eu sou burro”
Pensamentos Automáticos (são cognições que aparecem rapidamente numa determinada
situação e não estão sujeitos a análise racional): “Isto é difícil demais… Eu jamais vou
aprender”
Respostas:
• Emocional – Tristeza;
• Fisiológico – Desconforto;
• Comportamental – Sai da sala.

Tendem a ter diferentes formulações diferentes para cada uma das problemáticas!
Existem coisas em comuns entres estes modelos, mas existem coisas diferentes.

Tríade cognitiva de Beck


Existência de 3 principais áreas de distorção cognitiva:
1. Visão negativa do próprio
- Auto-estima “eu sou uma porcaria”
79
2. Visão negativa do mundo
- Abstração seletiva de acontecimentos negativos “só me acontecem coisas más”
3. Visão negativa do futuro
- Desesperança (perda da esperança) “nada de bom vai acontecer”
- As distorções cognitivas resultam em comportamentos desajustados e que causam
sofrimento psíquico.
Esquemas Cognitivos
• Definição de esquema
• Esquemas mantêm-se porque:
- Guiam a percepção
- Guiam o comportamento e pensamentos associados
- Guiam a interpretação das consequências
• Profecias auto-realizáveis
Beck esquemas são estruturas dinâmicas, nascem de experiências de pessoa (tem uma
ideia de conteúdo) remete para uma estrutura que guia o processamento da informação e
guia (influencia) a resposta ou respostas, pode perpetuar os esquemas (produz). Ajuda a
interpretar estímulos ambíguos. Ex. pessoas ciumentas.
Os pensamentos influenciam as nossas ações!

Outros Modelos Cognitivos 70-90


Donald Meichenbaum: Modificação Cognitivo-Comportamental
(Auto-instrução & Inoculação de Stress)

• Baseia-se na auto-instrução
• Foco naquilo que a pessoa verbaliza para si
• Coping skills práticas para lidar com problemas e
promover comportamentos
• Baseados em modelos de desenvolvimento – Luria & Vygotsky
Fase 1: Auto-Observação
• Descentração e observação de pensamentos, sentimentos e ações;
• Constação do contributo pessoal para o problema;
• Traduz-se em novas estruturas – ver problemas sob nova luz.
Fase 2: Início de um novo diálogo interno
• Identificar comportamentos desadaptativos;
• Reconhecimento de opções mais adaptativas;
• Desenvolvimento de diálogo interno para guiar o comportamento;
• Novos comportamentos impactam estruturas cognitivas.

80
Fase 3: Novas aptidões
• Treino de competências e estratégias de coping mais adaptativas;
• Prática em situações reais;
• Monitorização e mudança continua do diálogo interno;
• Observação de comportamentos no próprio e em outros e avaliação dos resultados.

Outros Modelos
- Terapias Construtivistas

Processos:
Mudança em Psicoterapia

Processos Cognitivos Relevantes


• Pensamento
• Julgamento e distorção cognitiva
• Meta-cognição
• Atenção
• Memória

81
Distorções Cognitivas

Atenção

Memória
“A minha memória diz: “eu fiz isso”. A minha vontade responde: “Eu não
poderia ter feito isso”. Eventualmente, a minha memória cede”
Nietzche

82
Exemplo de integração:
Conceptualização
da P. de Pânico

Um modelo cognitivo de ataques de pânico (Clark, 1986) A Fig.1 ilustra a


sequência de eventos sugeridos para ocorrer num
ataque de pânico. Os estímulos que provocam os
mesmo tanto podem ser externos (e.g.
supermercado), como internos (e.g. sensação
corporal), seno estes o mais frequentes. Se os
estímulos forem percebidos como uma ameaça,
ocorre um estado de apreensão leve, acompanhado
por uma ampla gama de sensações corporais. Se
essas sensações forem interpretadas de uma
maneira catastrófica, ocorre um aumento adicional
na apreensão. O que, consequentemente, irá
produzir um aumento adicional das sensações
corporais e assim por diante, dando origem a um
círculo vicioso que culmina num ataque de pânico (Clarck, 1986). Este modelo ilustra
dois tipos de ataques de pânico, os que são precedidos por um período de ansiedade
aumentada, e os que não são. Os ataques precedidos de ansiedade aumentada, segundo
Clark (1986), dividem-se em dois:

1) No primeiro, o período de ansiedade intensificada que precede o ataque, deve-se à


antecipação do mesmo. Isto geralmente acontece quando os agorafóbicos sofrem um
ataque numa determinada situação em que já tenham previamente entrado em pânico (e.g.
supermercado). Ao entrar em tal situação, os indivíduos tendem a ficar ansiosos por
antecipação. Estes, concentram-se seletivamente no seu corpo, percecionam uma
sensação desagradável, interpretam-na como evidência de um ataque iminente e,
consequentemente, ativam o círculo vicioso que produz o ataque.
2) No segundo, a ansiedade aumentada que precede um ataque, pode estar bastante
desconectada da antecipação do mesmo. Por exemplo, um indivíduo pode ficar nervoso
83
devido à abordagem de certos tópicos específicos. Um aspeto final do modelo baseia-se
no facto de que, para alguns pacientes, as sensações que provocam pânico e as suas
interpretações, permanecem razoavelmente constantes ao longo do tempo, no entanto,
noutros não.

Prática (28/11/2019)

Identificação de Pensamentos
(associação livre, reações em si, ideia que tentam transmitir)

➔ As nossas crenças,
opiniões e os diferentes
significados que atribuímos
as coisas influenciam os
nossos pensamentos.

Distorções Cognitivas

Exercício de descentração: escrever de forma realista um parágrafo em que argumenta


a favor de algo em que não acredita.
A favor da tourada temos, o facto de esta ser muito importante para economia do
nosso país, pois emprega muita gente, bem como o facto de ser uma atração cultural
adorada por muitos.

84
Teórica (03/12/2019)

Mudança de Significados
Aaron Beck
Desenvolvimento de Psicoterapias

Mudança em Psicoterapia
• Nas várias orientações, há a explicitação de uma mudança em termos de
significados;
• Nas várias orientações, o terapeuta sugere ou promove novos significados;
• Ativação emocional ou confronto relacional sem elaboração são de eficácia limitada;
• Os psicoterapeutas acreditam que é esta mudança de significados (com nomes
diferentes em função da orientação) que dá estabilidade à mudança.

Hoje em dia, não faz muito sentido pensar que uma terapia e melhor que outra, ou como
sendo mais eficaz, há investigações que demonstram que a técnica terapêutica, sendo que
há mais variabilidade entre terapeutas do que propriamente nas terapias em si.
Terapias faz-nos pensar mais numa lógica de processo do que num tipo de intervenção, e
o que fazem os terapeutas fazem em cada uma das técnicas? (mesmo com modelos
diferentes a regê-los).

Dois Processos:
• Mudança cognitiva;
• Descentração e identificação dos pensamentos;
Descentração e Reavaliação.
É um trabalho de representação: este trabalho faz se através de uma descentração,
através do uso da lógica e da racionalidade, este uso da racionalidade permite o
processo de reavaliação. A reavaliação tem um impacto limitado.
Há um padrão que molda os meus comportamentos perante as pessoas que nos
influenciam no nosso funcionamento.
Existem várias formas de fazer a descentração:
- Mudança cognitiva;
85
- Reestruturação cognitiva.

3 grupos:
-Exame da evidência (em que é que se sustenta um determinado pensamento?)
-Valor hedónico do pensamento (qual a função de determinados pensamentos? Ex: lavar
as mãos para ter a sensação de limpeza.)
-Estratégias de descentração (de que maneira e que outra pessoa pensa, será que pensa da
mesma forma?)

1. Identificação dos pensamentos


ABC aprofundado
• Ideia de treino
• Ideia de promover descentração
• Ideia de cientista/detetive (Ou vida refletida)
• Ideia de colaboração

• Possibilidade de fazer este trabalho através de entrevista


• Possibilidade de fazer este trabalho com outras estratégias

86
1. Identificação de Crenças
Seta Descendente

Pistas:
• Reação emocional menos comum ou clara;
• Paciente refere uma reação desadaptativa frequente;
• Problema e objetivos do paciente.
Intervenção:
• Questões típicas da seta descendente;
• Apanhar crenças ditas inadvertidamente;
• Devolver padrões (e auto-monitorização);
• Crenças e dialéticas e conflitos – metáfora das partes.

Seta Descendente:
É uma estratégia de entrevista ou de comunicação com a finalidade de identificar crenças
a partir dos significados partilhados pelo cliente, em consultório. Nesta técnica, o
terapeuta, identifica o conteúdo esquemático do paciente, e questiona repetidamente o
mesmo acerca do significado dos seus pensamentos automáticos situacionais até chegar
a uma crença central (Wenzel, 2012). É importante fazer estas questões (e.g “Que
significado é que isto tem para si?”), identificar crenças ditas inadvertidamente (“é como
se as coisas me estivessem a fugir da mão” - perda de controlo), devolver padrões (e auto-
monitorização) e ter em conta as dialéticas e conflitos (metáfora das partes). Esta técnica
pode ser posteriormente complementada com a técnica do Registo de Pensamentos
Disfuncionais, a qual serve para identificar pensamentos e emoções do paciente em
situações perturbadoras/desagradáveis (Cordioli & Grevet, 2019). A última, traduz-se
numa tarefa que é realizada pelo paciente em casa. Este fica “encarregue” de fazer um
registo das situações perturbadoras que vivência no quotidiano, das emoções sentidas no
momento, e dos pensamentos que sucederam à situação. Posteriormente, esse registo dos
pensamentos será analisado juntamente com o terapeuta, em sessão.
Mediante a análise do registo dos pensamentos, é identificado o pensamento automático
do paciente, seguido da pergunta “Que significado é que isto tem para si?”. A partir deste
momento, tendo por base as respostas do paciente, iremos desencadear uma série de
perguntas, que têm como objetivo, a possível identificação das crenças centrais do
indivíduo. É possível perceber se a crença central em questão é desadaptada, através da
repetição de interpretações disfuncionais, tanto em sessões como nos registos de
pensamento que permitem ao terapeuta inferir. Caso seja desajustada, avança-se com uma
estratégia para a alterar (Rangé, 2008).

87
Estas duas técnicas (técnica da seta descendente e o registo de pensamentos disfuncionais)
potencializam o aumento de consciência do paciente.
Em relação ao nosso caso clínico, um possível pensamento automático do nosso paciente,
poderia ser “Sou um atado”. A partir da formulação deste pensamento, o 8 paciente seria
questionado sucessivamente sobre o significado dos seus pensamentos, com o intuito de
descobrir a possível crença associada aos mesmos, que neste caso poderia ser: “sou
incapaz” ou “sou incompetente”. Sendo que cada uma destas crenças se considera
desadequada, deve-se tentar mudá-la através de técnicas respetivas ao modelo cognitivo-
comportamental.

2. Mudança Cognitiva
Mueser et al. (2009):
I. Identificar a situação problemática
• Quando é que começou a sentir-se assim?
II. Identificar os sentimentos perturbadores
• Emoções sinalizam relevância
III. Identificar os pensamentos associados aos sentimentos
• O que é que estava a pensar na altura?
• O que significa para si...
• Estar atento a comentários
• Fazer o filme
IV. Examinar a evidência dos pensamentos
V. Agir
Forma de fazer a descentração:
Reestruturação Cognitiva
É uma estratégia que identifica pensamentos automáticos e esquemas. Ensina, ainda,
competências para alterar cognições, utilizando uma série de exercícios para amplificar a
aprendizagem na terapia perante situações do quotidiano. São utilizados registos dos
pensamentos para (a) identificar os pensamentos automáticos; (b) identificar erros
cognitivos e (c) examinar as evidências (Wright, Basco & Thase, 2008).
Mueser, Rosenberg e Rosenberg (2009) destacam uma estratégia de reestruturação
cognitiva dividida em 5 passos. Esta estratégia baseia-se nos estilos comuns de pensar,
ensinado os pacientes passo a passo a identificar e examinar pensamentos e crenças
subjacentes a sentimentos disfuncionais e corrigir esses pensamentos quando estão
incorretos. Os 5 passos são (a) identificar a situação problemática (“quando é que
começou a sentir-se assim”), (b) identificar os sentimentos perturbadores (emoções
sinalizam relevância), (c) identificar os pensamentos associados aos sentimentos (“O que
é que estava a pensar na altura?”; “O que significa para si”, “Estar atento a comentários”;
“Fazer o filme”), (d) examinar a evidência dos pensamentos e (e) agir. Seguindo os passos
da reestruturação cognitiva, no que diz respeito ao nosso caso clínico, como primeiro
passo, podemos pedir ao paciente para ter em conta uma experiência ansiogénica recente,
como por exemplo ir até ao metro. Em segundo lugar, pedimos ao paciente para se focar

88
apenas na emoção que considera mais perturbadora proveniente dessa situação,
salientando que é normal que haja mais que uma. Neste caso, o paciente experiencia
ansiedade, o que pode indicar que ele se sente sobre ameaça, ou o facto de ele ter medo
de não ter controlo sobre si próprio. Para outra análise, o cliente ainda sente tristeza, o
que pode estar relacionado com o pensamento de ter perdido alguma coisa. No terceiro
passo, é requerido ao paciente que identifique os pensamentos e as crenças associados aos
sentimentos causados pela situação problemática, realçando que tem de pensar na
natureza do sentimento perturbador. Para ajudar, podemos dizer ao cliente para se
perguntar “O que é que eu estou a pensar que me faz sentir assim?”. Podem existir vários
pensamentos e é necessário que se avaliem todos. De um modo geral, podemos supor que
o estilo comum de pensamento do paciente é a generalização em demasia, devido ao facto
de ele pensar, por exemplo, que como não consegue fazer o exercício de respiração, não
consegue fazer mais nada. Em quarto lugar, vamos tentar examinar a evidência dos
pensamentos, onde o objetivo é pedir ao paciente que pense em todas as evidências que
apoiem o seu pensamento e todas as que não apoiem. O paciente deve ser objetivo e deve
decidir quais são as mais e menos importantes, sendo que as mesmas se devem basear em
factos. É de valor, depois do cliente apresentar as suas evidências, perguntar se existe
outra alternativa para ver a situação, dando abertura ao mesmo para reformular os seus
pensamentos iniciais. Durante este passo é normal que as crenças do paciente possam
mudar, devido ao facto do paciente acreditar há muito tempo numa crença específica, mas
depois com a avaliação e ajuda do terapeuta, perceber que a 7 crença está errada. Neste
caso o cliente acredita que não consegue ir até ao metro e ficar na parte inicial da estação,
pois possivelmente, tem a crença de que, assim que o faça, tenha um ataque de pânico,
que por sua vez irá despertar o sentimento de tristeza e o pensamento de que não consegue
fugir. Podemos tentar mudar a crença do paciente utilizando várias estratégias, como por
exemplo, perguntar se as outras pessoas têm essa mesma crença e desafiar o cliente a
reavaliar as coisas que suportam e não suportam as seus pensamentos. Por último,
pergunta-se ao paciente “Acha que maior parte das evidências suportam ou não o seu
pensamento?”. Se o cliente responder que não, pedimos para que pense noutro
pensamento que seja suportado pelas evidências, como por exemplo, “depois de tentar
fazer os exercícios de respiração, não consegui entrar no metro”. Caso as evidência
suportem o pensamento, é necessário agir de acordo com um plano de ação. Um exemplo
de um plano de ação, seria: 1. Definir um objetivo: conseguir andar de metro; 2. Arranjar
estratégias para atingir o objetivo e escolher a mais adequada, como por exemplo, ir
acompanhado por uma pessoa de confiança, ou utilizar outras técnicas de relaxamento
diferentes; 3. Planear a estratégia selecionada, vendo quais são os obstáculos, se é
necessário ajuda externa, ou é preciso arranjar mais informação; 4. Marcar uma data para
dar seguimento ao plano.
Exame das evidências
• Exercício de exame das evidências
• Contra argumentos não há factos – questão de timings
Que provas tenho eu que vou perder o controlo:
(S) Fico muito ansioso e sinto que o vou perder;
(S) Só não perco, porque me vou embora;

89
(S) Se eu me controlasse, não estava ansioso;
(N) Eu nunca perdi e já tive muito ansioso;
(N) A ansiedade serve para controlar (fugir, lutar, etc.);
(N) O nível de descontrolo que eu temo é improvável;
(N) Se eu me descontrolasse com a ansiedade caía para o lado e isso não era terrível.

Valor hedónico do pensamento


• Ver vantagens e desvantagens de assumir um determinado
pensamento;
• Permite descentrar do pensamento;
• As vantagens podem fornecer informações sobre a função da crença.

Valor hedónico de “o mundo é um local perigoso”:

Estratégias de descentração
• Duplo critério (amigo, filho, etc.)
• Descentração temporal
• Pie Chart adaptado

Exemplo:

T- Quando mostra ansiedade é como se estivesse a fracassar ou a mostrar que é fraco,


não é?
P- Exatamente. Sinto-me mesmo uma porcaria.
T- É mesmo um momento difícil para si. E quando vê outras pessoas ansiosas, acha que
elas são
uma porcaria?
P- Não... Não sei… Nunca pensei nisso. Mas acho que não, os outros são os outros.
T- Ainda assim, é como se se julgasse com um peso diferente relativamente às outras
pessoas 90
Testagem da Realidade (Experiência Comportamental)
• Criação de experiências comportamentais para testar crenças
• Role-play
• Cuidado com questões de competência
• Saber o que se quer testar
• Observações naturalistas
• Antecipar explicitamente o que se procura
Testagem da realidade II
• Os exercícios comportamentais funcionam como teste da realidade;
• Testa catastrofizações sobre a situação
• Testa expectativas relativamente ao desempenho ou comportamento
dos outros
• Reforço da auto-eficácia
• Alteração de expectativas face ao desempenho (Perfeccionismo vs. Suficientemente
bom) e estabelecimento de objetivos realistas;
• Explicitação das crenças subjacentes à situação durante a exposição.
Problemas:
• Aplicar a reestruturação cognitiva em situações ansiogénicas;
• TPCs;
• Quando os pensamentos “racionais” não trazem alívio;
• Quando a perceção da realidade dificulta exame (PS. Situações; sociais
são tipicamente ambíguas);
• Caso particular da culpa e ideia de sacrifício.

Disputa Cognitiva
• A questão da argumentação;
• Não há pacientes indiferenciados, há terapeutas que não sabem
diferenciar!
• Respostas de ação vs. Respostas pré-ação;
• Clientes não “racionais”;
• Clientes demasiado “racionais”;
• Racionalmente concordo com isso, mas emocionalmente acho que...
Elementos que não são problemas:
• Necessidade de revisão e sedimentação;
• Necessidade (ou não) de aprofundar;
• Clientes que precisam de reformular as disputas nas suas palavras;
• Generalização a outras situações?
• “Recaídas” nas leituras da realidade.

91
Aspetos Emocionais da Reestruturação Cognitiva
• Se a temática é relevante, ela desperta emoções;
• Se o explorar de crenças for adequado, leva a ativação emocional;
• Se a reestruturação é eficiente, ela tem impacto emocional;
• Certos tipos de reações emocionais são indicadoras de desadequação
em termos da reestruturação cognitiva.
Limitações da CBT
• Menor foco na relação terapêutica;
• Menor foco nos processos emocionais

3 vagas ou gerações da CBT


Lógica do modelo cognitivo comportamental tem a ver com o ganhar novos padrões e
esquemas comportamentais, promover a descentração dos padrões e esquemas
disfuncionais de forma a modifica los para que deixem de ser desadquados.

Desenvolvimento da terapia cognitiva:


1. Abordagens Comportamentais;
Modelos Comportamentais.
2. Abordagens Cognitivas;
Modelos cognitivo comportamentais.
3. Abordagens de terceira geração.
Modelos Cognitivos de 3ª geração.
Novos modelos ou terapias cognitivas que surgem no final dos anos 90.

Todos os modelos psicoterapêuticos consideram que a relação terapêutica é importante,


os psico-comportamentais, vem como importante, mas como necessária para a
implementação da técnica.
3ª Geração
3 vagas: (não diferenca qualitativa relativamente aos modelos anteriores e estes)
• Meta cognição
• Mindfullness
• Aceitação e não julgamento (atitude sobre o pensamento e não o
pensamento em si)
• Foco no processo

• Acceptance and Commitment Therapy (Hayes)


• Dialectical Behavioural Therapy (Linehan)

92
• Mindfulness-Based Cognitive Therapy (Williams, Teasdale, Segal)
• Metacognitive Therapy (Wells)
• Outros autores – Young, etc…

Aceitação e atenção plena


Terapia da aceitação e compromisso
Teoria da Psicopatologia
• Processos psicológicos de mentes saudáveis frequentemente têm elementos negativos;
• As pessoas lutam para eliminar estes elementos (evitamento experiencial);
Distanciarmos de experiências negativas (evitamento experiencial, por exemplo: tou triste
e ir sair a noite para me esquecer).
• A indissociação face dos pensamentos verbais associados a sofrimento (fusão
cognitiva).
Fusão Cognitiva
Fusão cognitiva: remete para a ideia das pessoas tendencialmente verem os seus
pensamentos como factos, até que ponto e que eu sou separado dos meus pensamentos e
da realidade? Reflete a ideia dos pontos em que tu tens noção da realidade.

• Recurso excessivo a construções verbais;


• Construções verbais tornam-se substitutos da realidade percebida pelos sentidos.

Árabe: preconceitos associados à


cultura árabe são ativados ao
visualizar a imagem.

Steve jobs: associado, normalmente,


à ideia do empreendedor, e se não o
são e porque têm uma limitação
qualquer (pensamento ocidental).

Imagem de medo: A própria pessoa


pensa que traduz uma sensação de
medo produz uma perceção de
ameaça.

93
“It is the mark of an educated mind to be able to entertain a thought without accepting
it”

Citação falsa atribuída a Aristoteles

Terapia de aceitação e compromisso


Antigamente a ação era valorizada se fosse adaptativa (funcionalidade como o critério
principal), esta terapia pensa que ação é valorizada (BOA) se for consonante com os
valores internos da pessoa, ou seja prende-se com uma coisa interior a pessoa.

Processos de mudança
• Aumento de consciência (foco no momento presente)
• Escolher (clarificação de valores, acção comprometida)
• Catarse (Aceitação do fluxo de sentimentos)
• Contra-condicionamento (de-fusão cognitiva, observação
mindfull, aceitação)

Compromisso

Exemplo de ação comprometida e de uma não comprometida:

94
Conceitos Relacionados
Ellis falava de alguns conceitos como:
Perturbação Secundária
• Sofrimento pela perturbação associada a significados sobre a perturbação
Ex. estar deprimido por estar/ser ansioso.
Aceitação Incondicional de si (self- acceptance)
• Ideia que todas as pessoas têm o mesmo valor. O valor não é determinado por estatutos,
características, posses, estados transientes. A meta deve ser o que a pessoa faz e não o
que é.
Ex. o meu valor não depende do que tenho e do que alcanço, ou seja não depende se tenho
ou não uma depressão, mas sim da minha relação com o mundo, e da forma como aplico
estas características.
(Para Ellis a autoestima era como uma relíquia de narcisismo)
Meditação Mindfullness
Enquadramento
• Atitude de distanciamento e aceitação de pensamentos (elemento meta-cognitivo);
Estratégia simples de gestão da ansiedade, como uma atitude promovida no contexto da
terapia (concentração do aqui e agora) e como aceitação do próprio funcionamento
cognitivo do sujeito.
• Atitude de vivida e foco no aqui-e-agora;
Sofrimento associado ao foco no passado
• Forma de gestão de ansiedade;
(Meditação Mindfulness)
• Prática não-psicológica
• Técnica psicológica com objetivos clínicos
95
• Técnica integrada numa abordagem terapeutica
• Treta
Meta-Cognição e Aprofundamento dos Esquemas (2ª dimensão)
Terapia Meta-Cognitiva
Modelo de Função Executiva Auto-Regulatória
• Os sintomas são causados por perturbações nos processos
atencionais e mnésicos
• As diferentes perturbações refletem diferentes formas de
perturbação destes processos cognitivos
• As “soluções” tipicamente são problemas.
Ele diz que não é só a alteração de conteúdos que é importante mas que os processos
cognitivos são muito importantes na manutenção.
Processo cognitivo a uma tentativa de resolver um problema, torna-se ela própria um
problema.
A Terapia Meta-Cognitiva distingue 3 coisas:
- Preocupação (lembrar do problema e tentar resolvê-lo, porem esta dá nos ansiedade
cronica pois e continua) e Ruminação
- Monotorização da Ameaça (efeito secundário (adaptativo) mantem o estado de
ansiedade, esta é reforçada pela monotorização)
- Formas de coping disfuncionais (evitamento: por exemplo. setress traumático
relaciona-se com o evitamento da experiência traumática)
Pré-Exame:
Fazer uma lista do que se tem de estudar da no uma sensação de controlo do problema, e
acalma-nos, não resolve o problema, mas da nos alento e tende a tranquilizar-nos.
Papel das meta-cognições
(Ex. POC (perturbação obsessiva compulsiva) – Salkovskis)
• O meu pensamento funde-se com a realidade
(Se eu me sinto ameaça, é porque há ameaça)
• O meu pensamento vai provocar a realidade
(pensamentos negativos geram eventos negativos)
• O meu pensamento define-me
(“pecar em pensamento”)

Terapia dos Esquemas


• Desenvolvida para as perturbações da personalidade;
• Integração de elementos cognitivos e relacionais;

96
• Esquemas entendidos de forma mais ampla pela necessidade de enquadrar padrões
relacionais;
• Foco no desenvolvimento dos esquemas e necessidades não satisfeitas;
• Ideia de esquemas terem cumprido uma determinada função;
• Ideia de modo.
• Organização temporária e emocionalmente reativa de esquemas;
• Justifica manutenção da perturbação de base depois da melhoria sintomática.

18 esquemas precoces mal adaptativos

Desconfiança Privação emocional


Abandono Defeito
Emarenhamento Isolamento social
Subjugação Autocontrole insuficiente
Auto-sacrifício Procura de aprovação
Grandiosidade Punitividade
Vulnaribilidade Inibição emocional
Falha Padrões implacáveis
Dependência Negatividade

Modos:

97
Teórica (10/12/2019)

Relativamente ao Processo:
Foco no processo da teoria cognitivo comportamental
Implementação de terapia, pode ser ou não a forma de resolver os problemas na nossa
sociedade?

Terapia dialética-comportamental
Marsha

Em relação á terapia dialética- comportamental, é chamada de Dialética porque existem


dois processos relevantes na promoção da mudança:
- Reestruturação cognitiva- Focado na ação para mudar os seus comportamentos e
formas de ver o mundo (uma das maneiras de fazer a descentração).
- Validação - Relaciona se com a ideia de empatia, forma de comunicação, corresponde
ao legitimar. Esta relacionado com o conceito de aceitação.

Processos Terapêuticos
- Ênfase da Terapia na relação terapêutica
Focos de tratamento:
1. Lidar com a ameaça dos comportamentos autodestrutivos e autorregulação e
consciência afetiva.
2. Foco nas ameaças à relação terapêutica e competências interpessoais.

98
3. Desenvolvimento de competências mais amplas (e.g., assertividade,
aceitação, treino interpressoal) – conexão e sentido. (sentido: aqui tem a ver
com o significado)
Podem ser utilizados de uma maneira mais abrangente, esta linguagem é muito cognitivo-
comportamental.
Vídeo componentes do tratamento

Prática (12/12/2019)

Dialética: terapia em que interage o que é um desafio (motor de ação) do que é


validação (podemos validar a pessoa e a sua experiência; expressão de empatia,
ou seja compreender a realidade do outro (ter em conta a sua perspetiva)).

Nota:
Modelos cognitivos muito influentes na clínica bem como outras áreas, influencia destes
modelos cognitivos em diferentes tipos de intervenções. (Aplicações da cbt e variações)

Curiosidades que não interessam ao menino jesus:


A realidade da europa:
- Uma pessoa deprimida vive menos tempo do que uma não deprimida
- Perturbações mentais (afetivas de ansiedade etc), algo que as intervenções psicológicas
ajuda.
Prevalência ao longo de um ano (1 em cada 5 portugueses)
Ansiolíticos (psicofarmacológico) podem ser problemáticos pois causam dependência,
pode danificar a memoria, temos um consumo bastante mais elevado do que o que
devíamos ter. Pode ser devido ao facto de não termos resposta ao problemas mentais
(perturbações).
65% das pessoas não recebe nenhum tipo de intervenção e há pouca procura de ajuda.
Perturbação e diagnostico, demora um ano mais ou menos.
Álcool é um problema de dependência em Portugal.
Indicia que existem 2000 de pessoa que num ano vão ter uma perturbação mental num
certo momento da sua vida. Sns a volta de 500 psicólogos, sendo que são necessários
muito mais para colmatar a necessidade deles.
O que podemos fazer?
Temos de pensar até que ponto as terapias (de no mínimo 6 meses) temos de pensar qual
é o lugar deste tipo de intervenções.

99
Soluções:
Questão: importante assumir que algumas intervenções não passam pela clinica e nem
pela psicologia.
Tentar aumentar a eficiência das nossas intervenções, e de aumentar a eficácia, e tentar
diminuir os custos das intervenções (tentar utilizar variados tipos de intervenção, e cortar
nas sessões…)
IAPT
- Intervenção mais curta no tempo (de baixo nível) primeiro sete do programa.
Hoje em dia usam tecnologia, a mais básica são aas consultas online por exemplo e são
relevantes se se não houver muita oferta onde vivem as pessoas. Não há diferenças na
eficácia deste tipo de intervenções online do que as pessoalmente.
Não excluem que haja mais intervenções…
Apps
Intervenção de baixa intensidade
Proporcionam a possibilidade de intervenções de auto ajuda mais sofisticas, que permitem
ir utilizando as funcionalidades da app, e a multidimensionalidade de estímulos etc..
Este tipo de intervenções não tem tanta eficácia como as outras, de qualquer forma mesmo
intervenções deste tipo, como tem um custo tao baixo, não deixam de ser interessantes.
Soluções integradas
-São por exemplo utilizados por pessoas que estão na fila de espera para serem atendidos
por um psicólogo.
Inteligência artificial (Vera)
Ela liga às pessoas e faz analises curriculares, faz a seleção de candidatos, screening
inicial.
Ameaça aos psicólogos organizacionais
Intervenções de grupo
Critérios de inclusão vs critérios de exclusão

100

Você também pode gostar