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MODELOS – 3º FREQ

INTRODUÇÃO À PERSPETIVA SISTÉMICA


Na década de 40, Bertalanffy, autor da teoria dos sistemas e Nobert Wiener, autor
da teoria da cibernética, desenvolviam os seus estudos.

Estas são as duas primeiras vertentes da abordagem sistémica e vários


investigadores aceitaram que o todo é a soma das partes, o individuo não deve ser visto
como isolado do seu meio. O objeto de estudo passa a ser o individuo e as relações entre ele
e o seu meio, ou seja, passa do sujeito para a família

Enquadramento teórico epistemológico


Alguns desenvolvimentos que contribuíram para a expansão da teoria sistémica

• Insatisfação com a eficácia da psicanálise e outras terapias individuais,


especialmente em problemas graves como a esquizofrenia (que tem um papel
importante na história sistémica)
• A emergência da teoria geral dos sistemas como modelo e a sua aplicação ao
investigar a interação humana
• A investigação sobre o papel da comunicação no desenvolvimento e manutenção de
problemas graves (como a esquizofrenia) – double-bind: o sintoma é o resultado das
interações patológicas
• Desenvolvimento de práticas de aconselhamento infantil e conjugal que começaram
a juntar membros da família e a alterar a ênfase exclusiva nos tratamentos
individuais

Bases teóricas
Teoria geral dos sistemas (Bertalanffy)

“Conjunto de elementos ou unidades em interação constante e recíproca, ordenados


segundo determinadas regras, formando um todo organizado”, ou seja, um sistema é um
conjunto de unidades em inter-relações mútuas que têm função e estrutura.

Abertura e hierarquização
Os sistemas podem ser abertos ou fechados, sendo que aqui só se incluem os
abertos. Sistemas abertos partilham energia, matéria e comunicação com o exterior

Todos os sistemas sociais e humanos são abertos e hierarquizados. Tudo isto


significa que há trocas permanentes onde se integram subsistemas. Cada unidade mais
simples é inserida numa unidade mais complexa, que por sua vez é inserida noutra unidade
mais complexa e assim sucessivamente

Totalidade e não-aditividade

A família é mais do que a soma dos seus elementos. Uma alteração no sistema
implica uma alteração em todo o sistema e o equilíbrio que atinge é independente das
condições iniciais

Circularidade – causalidade circular

Acontece devido às interações entre os membros através de feedback, pelo que o


sistema é responsável pelas suas próprias mudanças.

B só fez isso a A porque A fez algo a B


• Não há causalidade linear
• A perspetiva sistémica não se interessa só pela causa e sim pela interação que
fez acontecer a situação

Equifinalidade

O estado de equilíbrio do sistema é independente do seu estado inicial

Causas diferentes para o mesmo resultado

Resultados diferentes para as mesmas causas

Cibernética

1º Cibernética (ou cibernética dos sistemas observados)

As ações de cada elemento do sistema convertem-se em informações que são


transmitidas uns para os outros e cá para fora.

Mecanismos de feedback negativo / homeostase – permitem ao sistema autocorrigir-se


para manter a sua estabilidade e equilibro sem fazer alguma real mudança. Por
exemplo, alterar a hora de jantar para comerem todos juntos

Mecanismos de feedback positivo / morfogénese – permitem ao sistema desorganizar-


se para promover a mudança, que é precisa para o desenvolvimento. Por exemplo,
deixar que o filho vá sozinho para a escola para promover a individuação

Sistemas autorregulados – O sistema funciona de forma equilibrada, utilizando os


mecanismos precisos para cada situação
Contributos da primeira cibernética
Compreensão dos princípios gerais sobre a autorregulação dos sistemas e como
mantém a sua estabilidade
Atenção dirigida à estrutura (padrões de organização) e controlo através do feedback
Leis universais para explicar o funcionamento de todos os sistemas
Sistema observado separado do observador que pode estudar e mudar os sistemas
estando fora dele
Passado algum tempo, estes contributos perderam aderência, mas eram muito
relevantes quando foram descobertos.

• Rutura com a epistemologia vigente


• Alteração na forma de equacionar os problemas apresentados pelos indivíduos

Sistemismo redutor

Postura mecanicista

“Os sistemas humanos ficaram demasiado semelhantes aos sistemas não-humanos e


despossuídos de algo que é essencial à sua existência e que define a sua própria
complexidade”

2º Cibernética (ou cibernética dos sistemas observantes)

Autopoiése – são sistemas que se produzem a eles próprios


Estruturas dissipativas – Afastados do equilíbrio; sistemas quando se afastam do
equilíbrio caem no caos, mas isso não é negativo; há fases em que é necessário que
ocorra a mudança; para ocorrer é preciso o caos para que depois ocorra uma nova
organização. A mudança é importante para a complexificação do sistema

Sistemas auto-organizados – adquire, ou aumentam a sua ordem a partir da ordem


anterior, dos fenómenos aleatórios e de que, a partir da desordem, selecionam os
elementos que os ajudam a formar a sua estrutura

A diferença entre sistemas autorregulados e auto-organizados está na autonomia


do tratamento da informação do meio e na ligação entre os dois. Na 1ºcibernética o meio
informava o sistema e na de segunda ordem juntam-se e o ponto de junção é a
perturbação.

Contributos da 2º cibernética
Não pode existir um observador que é independente do sistema uma vez que alguém
que o tente mudar vai ser um participante que é influenciado e o influencia
Sistemas humanos não podem ser vistos como objetos que se podem mudar mas
como entidades auto-organizadas e independentes
O terapeuta tem uma posição que abre espaços para a emergência de novas
narrações a construir pela família e não apropriar a história
Teoria Ecossistémica da Comunicação
A comunicação ajuda a compreender e explicar o comportamento. Neste contexto, a
esquizofrenia é vista pela primeira vez como uma série de interações psicopatológicas
(double-bind).

Consideram o sintoma com uma mensagem que tem um sentido próprio e uma
função no contexto.

Axiomas da Comunicação

1- É impossível não comunicar


2- A comunicação tem 2 níveis – o do conteúdo (semântico, digital) e o nível da relação
(analógico, relação entre o emissor e o recetor)
3- A natureza de uma relação depende da pontuação das sequências comunicacionais
entre os comunicantes
4- Os seres humanos utilizam dois modos de comunicar: o digital e o analógico
5- AS trocas comunicacionais ou são simétricas ou são complementares, consoante se
baseiam na igualdade ou na diferença

Família como sistema


Sistema de interação que supera e articula dentro dela vários componentes
individuais. É um sistema entre sistemas, sendo essencial a exploração das relações
interpessoais, e das normas que regulam a vida dos grupos significativos a que o individuo
pertence, para a compreensão do comportamento dos membros e para a formulação de
intervenções eficazes.

A família é um sistema social, aberto e auto-organizado, também é parte de outros


sistemas (comunidade, sociedade)

Funcionamento familiar

Estrutura

• Forma como se organizam os subsistemas, as relações entre eles e no interior de


cada uma
• Totalidade das relações estabelecidas entre os elementos

Processo

Forma como a família evolui e se adapta

Alguns conceitos

Subsistemas – individual (1 pessoa membro da família), parental (funções executivas, devem


educar/proteger os mais novos), conjugal (apenas o casal, ajuda na construção das futuras
relações dos mais novos), fraternal (irmãos, ajuda a aprender a gerir relações entre iguais)
Limites – permitem a diferenciação do subsistema face ao contexto em que participam.
Podem ser difusos, rígidos ou claros

Regras familiares – usadas para regular os sistemas e impor limites

Tempo – estatuto de funções dos elementos alteram-se com o tempo e desenvolvimento do


ciclo vital da família. Filhos sobem na hierarquia, tornando-se pais

Mudança – estrutural, interacional ou funcional; a família, por estar em constante interação


com a sociedade, vai-se transformando e está sujeita a crises – um acontecimento causador
de stress que pode ser uma oportunidade ou risco de mudança. A família está sujeita a
mudanças que reestruturam o próprio sistema. A terapia ajuda o sistema a mudar de forma
equilibrada, sendo o terapeuta o agente que ativa a mudança

Mudança de paradigma
Do individual para o sistema familiar

Terapia familiar (co-terapia)

“uma forma totalmente nova de concetualizar os problemas humanos, de compreender o


comportamento, o desenvolvimento dos sintomas e a sua resolução”

Cada terapeuta tem a sua maneira de interpretar a situação, técnicas e modelos ao


seu dispor. As terapias familiares devem:

• Descrever e explicar a estrutura na sua dinâmica, processo e mudança


• Descrever as estruturas interpessoais e as dinâmicas emocionais
• Ter em conta a família como ligação entre o sujeito e a cultura
• Descrever o processo de individuação e a diferenciação dos membros da família
• Prever a saúde e a patologia dentro da família
• Prescrever estratégias terapêuticas para lidar com a disfunção familiar

O terapeuta pode assim trabalhar diretamente com um só individuo, com um ou mais


subsistemas, com todo o agregado ou chamar amigos e vizinhos. Ao longo do processo
usam-se as técnicas adequadas, tendo como objetivo transformar a forma como a família
vive e se relaciona. Não deve impor uma realidade diferente daquela que a família conhece
e foge às suas relações. Pode haver uma co-terapia (intervenção de dois ou mais
terapeutas) o que ajuda na condução da sessão e utilização de técnicas.

O processo terapêutico inicia-se no contrato terapêutico, onde estão os objetivos


que podem vir a ser aceites ou rejeitados pelo terapeuta e pela família.

Interpessoal

• O comportamento como uma sequência de acontecimentos (causalidade circular)


• Influência e interação mútua
No entanto, a abordagem sistémica não rejeita a individualidade, centrando-se mais
no processo (forma como a família evolui e se adapta a essa evolução).

Psicopatologia numa perspetiva sistémica


O sintoma resulta da junção entre a interação com o meio e o contexto em que se
desenvolve.

Ecopsicopatologia

• Contexto
• Interação

Paciente na sistémica não precisa de ser a pessoa com a doença, mas sim a que
manifesta o desconforto/mal-estar.

Não há um “cumprir obrigatório” de critérios

Não se utiliza o relatório individual, no máximo o relatório relacional

Não se procura a causa e sim a mudança

O objeto não é o individuo no contexto individual e sim o individuo e o contexto

Escola de Palo Alto (está na origem da terapia familiar)


Projeto para o estudo da esquizofrenia

Estudo da comunicação – “Towards a theory of schizophrenia”, Double-bind

Mental research institute – tratamento de famílias

Family Therapy Institute, NY – Nathan Ackerman

Philadelphia Child Guidance Clinic – Salvador Minuchin

Centro per lo studio de la famiglia – Mara Selvini Palazzozoli

MODELOS CLÁSSICOS
Modelo transgeracional
Um dos primeiros, se não o primeiro, modelo de intervenção com famílias da
abordagem sistémica. Maioritariamente construído por Murray Bowen

Murray Bowen

• Nasceu na Pensilvânia
• Psiquiatra
• Aplicação dos conceitos psicanalíticos à esquizofrenia
• Centralização na díade mãe-filho
• Mais preocupado com o sistema emocional da família

Alguns conceitos fundamentais

Diferenciação do self

Capacidade das pessoas para se distinguirem das suas famílias de origem, ao nível
emocional e intelectual, bem como de equilibrar as dimensões intrapsíquicas e
interpessoais do self. É um continuum que pode ir de autónomo (consegue raciocinar
claramente e sozinho) a indiferenciado (ainda muito dependente da família de origem).

Cut-off emocional

Processo de rutura brusca entre elementos da família, sem que se tenha processado
a diferenciação ou autonomização entre os elementos envolvidos. Pode ser feito de forma
saudável (apesar da autonomização há contacto regular com a família de origem) ou nociva
(cortam-se todos os laços e relações que se tinha com a família de origem).

Processos de transmissão multigeracional

São padrões e estratégias de coping com situações stressoras que são passadas de
geração em geração.

Processos de projeção familiar

Processo em que a geração projeta parte da sua maturidade ou imaturidade na


geração seguinte. A não ser que exista uma reflexão acerca destes processos, há uma
grande probabilidade dos mesmos comportamentos virem a ser passados para a futura
família.

Triângulos relacionais

Configuração interacional composta por três elementos que se constitui como o


menos dos sistemas de relação interpessoal estável. Alguns são saudáveis, outros não. São
uma forma de lidar com a ansiedade onde duas pessoas projetam noutra/noutro objeto.

Da teoria à avaliação/intervenção

Terapia Boweniana

Promoção da diferenciação

Colocar questões – sobre os pensamentos, sensações e árvore genealógica; a maior


ferramenta da terapia Boweniana

Técnicas – genograma (ver as relações entre as gerações), voltar a casa (para conhecer a
família de origem e ajudar na diferenciação), destriangular (terapeutas ajudam a
separarem-se para não se tornarem um foco quando a tensão aumenta), colocar questões,
relações pessoa-pessoa (falam apenas um do outro um para o outro)

Com o tempo, irão entender os padrões intergeracionais e perceber as


circunstâncias que levam a interagir assim.

Genograma

Representação gráfica da estrutura familiar

Registo de informação sobre a família (demográfica, funcionamento, acontecimentos


familiares críticos)

Descrição das relações familiares

Linhas de interpretação do genograma – composição do lar, constelação fraterna,


adaptação ao ciclo vital, repetição de modelos através de gerações, acontecimentos de vida

Terapia familiar transgeracional – Bowen


Diferenciação do self
Cut-off emocional
Processo de transmissão multigeracional
Processo de projeção familiar
Triângulos relacionais
Técnicas
• Genograma
• Voltar a casa
• Fazer perguntas
• Destriangulação
• Relação pessoa-pessoa
Objetivos/terapeuta
• Foco no individuo/casal
• Busca das causas dos conflitos/problemas
• Teoria e terapia são um só
• Terapeuta assume uma presença calma; tem de ter realizado a diferenciação
do self com a sua família
• Foco no passado

Terapia Familiar estrutural


Salvador Minuchin

• Nasceu na Argentina
• Médico no exército israelita
• 1954 integra a Wiltwyck School nos EUA
• Publica Families of the slums, 1967
• Torna-se director da Philadelphia Child Guidance Clinic

Alguns conceitos fundamentais

Estrutura da família – conjunto invisível de fatores que organizam as formas como os


membros da família interagem

Coligações – originam da triangulação, geralmente em famílias disfuncionais. Podem ser


flexíveis ou fixas (2 culpam outro pelo stress e acontecimentos negativos, aliviando o stress
neles mesmos)

Subsistemas – sem eles os sistemas não interagem. São definidos pelas regras entre eles.
O conjugal é feito pelo casal, que funciona melhor através da complementaridade de
funções. O parental é composto ou pelo casal ou pelos cuidadores primários da criança, que
têm as funções executivas e de educação/proteção/socialização e devem mudar conforme
o desenvolvimento dos filhos. O fraternal é dos irmãos geralmente relacionados uns com os
outros.

Limites – ajudam a manter os sistemas saudáveis. Podem ser claros (família relaciona-se
naturalmente e encoraja o diálogo, facilita a mudança, mas garante estabilidade), rígidos
(separa a família uns dos outros ou do mundo externo, dificuldades emocionais) e difusos
(não há separação suficiente, encoraja dependência).

Papeis – posições na hierarquia sistémica


Regras – estabelecidas pela família. Assentam na estrutura funcional e modificam-na
Poder – Habilidade para conseguir que algo seja feito
Da teoria à avaliação/intervenção

Terapia estrutural

Técnicas – joining (terapeuta junta-se e demonstra interesse por todos os elementos, usa
ações para esclarecer sentimentos e pode ajustar-se de modo a formar uma aliança),
interação espontânea (analisar as interações e o processo das mesmas em terapia),
diagnóstico da estrutura, estabelecer fronteiras (limites claros), reenquadrar (mudar a
perspetiva sobre uma certa situação), moldar a competência (centra-se no que a família faz
corretamente) e enactment (deixar interagir e depois trabalhar a interação)

Terapia familiar estrutural - Minuchin


Estrutura
Coligações
Subsistemas (conjugal – complementaridade, parental – funções executivas, fraternal –
relações horizontais…)
Técnicas
Joining
Trabalhar a interação espontânea
Diagnóstico estrutural
Estabelecer fronteiras
Reenquadrar
Moldar a competência
Enactment
Objetivos/Terapeuta
Terapeuta é um observador e um elemento ativo (como um diretor de teatro)
Modificar a estrutura
Famílias atingem formas mais funcionais de agir com limites claros
Foco no presente
Envio de “trabalho de casa” – atividades para fazerem fora da sessão

Terapia familiar estratégica


Jay Haley

• Integrou o projeto para o estudo da esquizofrenia


• 1967, Philadelphia Child Guidance Clinic
• 1974 funda a family therapy institute of Washington
• Escreveu livros importantes

Estádio social – definir um problema claro e conciso

Estádio do problema – investigar as soluções tentadas anteriormente

Estádio da interação – definir uma mudança clara e concreta a alcançar

Estádio da determinação do objetivo – formular e implementar uma estratégia de mudança

Uma estrutura funcional tem um funcionamento saudável

• Centrado nos problemas atuais


• Foco nas interações familiares

As abordagens estratégicas envolvem, essencialmente, as seguintes fases

1. Exploração detalhada e definição das dificuldades a resolver


2. Formulação de um plano pelo terapeuta com o objetivo de quebrar as sequências da
interação nas quais os problemas estão embutidos ou serão mantidos
3. Aplicação das intervenções estratégicas – frequentemente envolvem uma tarefa ou
um TPC, que é pedido à família entre as sessões. Estas tarefas são pensadas
especificamente para quebrar as sequências problemáticas
4. Avaliação em termos de feedback em relação aos resultados das intervenções
5. Reavaliação da orientação ou plano terapêutico incluindo a continuação ou revisão
de tarefas e outras intervenções usadas
Terapias de 1º ordem – alguém de fora pensa no que é melhor para a família e aplica
Terapias de 2º ordem – a família é o agente da mudança
Técnicas
Reenquadramento – diferente interpretação à situação ou comportamento
Diretivas – Instruções para se comportarem de forma diferente, pode ser de maneiras não
verbais (silêncio, tom de voz, postura) ou comportamentos mandados (Ex: quando acha que
não vai conseguir dormir tente ficar acordado a noite toda)
Paradoxos – o contrário do pretendido; pode redefinir a conotação de ações para positivas;
usar psicologia inversa (“acho que não és capas”), mostrar as ações como acontecem e na
duração de acontecem
Prescrição de provações – fazer algo antes do indesejado aparecer (por exemplo, fazer
exercício e comer saudável para evitar doenças)
Terapia familiar estratégica – Jay Haley
Estádio social
Estádio do problema
Estádio da interação
Estádio da determinação do objetivo

1. Definir o problema
2. Plano de ação
3. Aplicação das intervenções estratégicas
4. Avaliação
5. reavaliação
Ténicas
Reenquadramento
Diretivas
Paradoxos
Prescrição de provações
Objetivos/Terapeuta
Terapeuta resolve, remove ou melhora o problema que a família se comprometeu a resolver
Envia “trabalho de casa” para ajudar a quebrar as questões problemáticas
Terapias breves (relacionado com a clareza e não só com o tempo)

Terapia familiar sistémica – Modelo de Milão


Mara Selvini Palazzoli
• Nasceu em Itália
• Psiquiatra e psicanalista infantil
• Descontente com os resultados da abordagem individual nas perturbações
alimentares, começa a trabalhar nas famílias. Quer retirar as anoréticas das
triangulações
• Em 1967 funda o Centro per lo studio della famiglia
Conceitos fundamentais
Hipotetização – reunião da equipa de tratamento antes da família chegar para ponderar no
que pode estar a criar o sintoma
Circularidade – efeito dominó: o que acontece a um membro afeta todos os outros
Neutralidade – neutralidade terapêutica: não permite que o terapeuta fique envolvido nos
conflitos e disputas familiares. Encoraja a família a criar soluções para os seus próprios
problemas
Formato da sessão-padrão
Pré-sessão – Sessão – Intervalo – Sessão – Pós-sessão
Técnicas
Conotação positiva – reenquadramento onde se considera que cada elemento da família
teve boas intenções
Questionamento circular – Fazer a pergunta de modo que chegue a diferentes perceções
dentro da família sobre eventos ou relações. Cada elemento pode ser perguntado acerca da
sua opinião no comportamento de outro noutra situação
Rituais – envolver toda a família para dramatizar aspetos positivos em problemas, devem
acontecer em alturas especificas como refeições/hora de dormir/tarefas. Incluem
essenciais da saúde familiar: pertença, expressão de crenças, identidade, cura e celebração.
Ajuda a mudar o comportamento em certas situações
Prescrição variante/invariante – a invariante é um ritual específico para pais com filhos
com desordens como anorexia ou psicoses, os pais unem-se para que o filho fique do lado
deles e não os catalogue como ganhadores ou perdedores. A variante é feita apenas para
uma família com características muito especificas.
Setting terapêutico em terapia familiar
• Salas separadas por espelho unidirecional
• Sistema de áudio e vídeo
• Sistema de comunicação entre as salas (telefone)
• Cadeiras todas iguais em círculo, sendo que só 1 delas é diferente de forma a
diferenciar o terapeuta mais facilmente e não afetar a forma como a família se senta
Equipa terapêutica em terapia familiar
2 co-terapeutas e terapeutas observadores que estão atrás do espelho
Inicio da terapia
1- Pedido de consulta
É feito o pedido por meios de comunicação ou presencialmente e são encaminhadas
para os profissionais.
Atendimento telefónico
• Pessoa que contacta
• Informação sobre a família nuclear e de origem
• Paciente identificado
• Motivo da consulta e origem de evolução de sintoma
• Estado emocional de quem faz o pedido
• Conhecimento dos restantes membros e grau de concordância
2 – Pré-sessão
Não é quem atende que faz a consulta. A informação é partilhada entre o terapeuta e quem
solicitou a consulta e pode excluir os outros membros
Para uma família de 5 colocamos 7 cadeiras, 5 para os da familia e 2 para os terapeutas
(co-terapia).
Participam terapeutas e observadores
1ª entrevista – organizar dados da ficha telefónica, construir uma hipótese que sirva de guia para a
entrevista
Entrevistas seguintes – rever dados do processo, afinar as hipóteses elaboradas pela hipotetização
Hipótese sistémica – formulação pelo terapeuta de uma hipóteses com as informações que tem
sobre a família, ponto de partida da investigação, valor funcional (é uma suposição sem valor de
verdade ou falsidade que vem ser comprovada ou refutada)
3 – Sessão
Começar ou outro tema, momento social para pôr a família mais à vontade
Estádio social – convidar os membros da família a sentarem-se à vontade, informar sobre o setting
terapêutico, convidar os membros a apresentarem-se (procurando respostas participativas e que
interessem a todos)
A partir daqui decorre a sessão
4 – Intervalo
• Pausa na gravação do outro lado do espelho
• Participantes estão à vontade para beber café, relaxar, etc
• Terapeutas reúnem-se com a equipa atrás do espelho
• Afinam-se e avaliam-se as hipóteses
• Planifica-se a intervenção final
5 – Conclusão da sessão
• Comentário/dar tarefas
• Co-definir objetivos
• Contrato terapêutico
6 – Pós sessão
• Analisar e discutir a resposta da família à intervenção final
• Feedback entre terapeutas

Terapia Familiar sistémica – Mara Selvini Palazzoli


Hipotetização
Circularidade
Neutralidade
Setting Terapêutico
Sessão
1. Pré sessão
2. Sessão
3. Intervalo
4. Sessão
5. Pós sessão
Técnicas
Conotação positiva
Questionamento circular
Rituais
Prescrição invariante/variante
Objetivos/Terapeuta
Especialista e co-criador (o terapeuta é agente da mudança)
Curto tempo (10 ou menos sessões)
Formas indiretas de intervenção para promover a transformação familiar

NOVOS DESENVOLVIMENTOS
Terapia Centrada nas soluções
Steve de Shazer
• Criou o Brief Therapy Center
• Autor de alguns livros como Patterns of Brief Family Therapy
• Putting Difference to Work
• Words were originally Magic
Resolução de problemas ≠ Construção de soluções
Não se foca na história familiar ou nos problemas. Ajudar as famílias a ser criativas
e a criar novas maneiras de lidar com várias circunstâncias.
“Um agricultor estava num campo de cultivo quando percebeu que um tsunami viria destruir
a sua aldeia situada junto à praia. Sentindo-se impotente para alertas as pessoas, ocorreu-
lhe que as poderia salvar se incendiasse os campos. Quando a aldeia viu as chamas,
deslocaram-se monte acima com o intuito de apagar o fogo, enquanto a onda gigante
destruía a aldeia.”
Nem sempre as soluções resultam de uma resolução do problema
• Terapia breve (5 a 10 sessões)
• Terapia despatologizadora – não se foco na patologia, fala-se de problemas mas o
foco são as soluções
• Co criar um problema com família
• Perguntar à família uma solução para o problema
• Excessões, perguntas graduadas
Objetivos terapêuticos
• Pequenos
• Claros e concretos
• Descritos como o começo de algo novo
• Suscetíveis de ser atingidos
• Percebidos como envolvendo esforço
Pequenas conquistas aumentam a confiança e o otimismo
Técnicas
Questão milagre
Perguntar à família uma hipotética para o seu problema. Deve ser perguntada
quando o terapeuta sabe o suficiente sobre a forma de responder da família
“Imaginem que esta noite há uma espécie de milagre e os problemas que vos
trouxeram cá desaparecem de repente, o que é que notavam de diferente de manhã para
perceber que tinha havido um milagre?”
Questão de exceção
Centradas nas ocasiões onde não acontece o comportamento ou problema.
Perguntas graduadas
Usam escalas para responder a perguntas.
“Numa escala de 1 a 10, em que 1 é o momento em que os problemas estavam piores
e 10 é o momento em que já não existem, onde estão agora?”
Mudanças de segunda ordem (não está no ppt)
Mudar a estrutura e organização da família através de maneiras diferentes de fazer
certas coisas. Por exemplo, uma família que discute ao jantar tem de acabar de comer antes
de discutir e só pode discutir por 15 minutos.
Terapia centrada na solução – Steve deShazer
Construção de soluções
Objetivos – pequenos, claros e concretos, começo de algo novo, suscetíveis de ser
atingidos, envolvendo esforço

Terapia breve (5 a 10 sessões)


Terapia despatologizadora
Técnicas
Questão milagre
Questão de exceção
Perguntas graduadas
Objetivos/Terapeuta
Mudar a organização e estrutura familiar
Terapeuta como facilitador de mudança que encoraja a pequenas mudanças feitas
rapidamente
Foco no presente
Base: construcionismo social – o significado de conversas e contextos culturais desafia a
noção de verdade absoluta e conhecimento objetivo

Terapia Familiar narrativa


Michael White
• Começou a trabalhar com famílias nos anos 70 na Austrália
• Era co-diretor do Dulwich Centre em Adelaide
• Influenciado por Bateson e Michael Foucalt
• Autor de Maps of narrative practice, narrative means to therapeutic hands e selected
papers
Terapia narrativa
Construção de novas histórias e redefinição de significados, a família dá uma nova
autoria à sua história.
Sucesso da terapia – mudança de perceções ou descoberta de exceções
Técnicas
Externalização do problema – ver o problema como exterior à pessoa, a família junta-se
para o combater. Resulta numa queda dos conflitos, maior resolução de problemas e
diálogo, novas possibilidades de ação e menos stress quando confrontados com problemas.
Resultados únicos – Histórias experienciadas pelo cliente que não fazem parte da definição
saturada do que contaram ao terapeuta
Perguntas de influência relativa- Sobre a influência da pessoa no problema e sobre a
influência do problema na vida da pessoa. Cria novas maneiras de lidar com o problema e
como ele nos afeta
Cartas - escritas pelo terapeuta após a sessão e dadas aos membros da família, lembrete
do que aconteceu na sessão
Certificados – para a família e situação que ultrapassaram
Declarações – Celebrações festivas com comes e bebes para celebrar a vitória
Terapia Familiar Narrativa – Michael White
Se as famílias mudam o ponto de vista sobre a situação então comportam-se de forma
diferente ou mais funcional
Redefinição de significados
Antes de qualquer tentativa para fazer as famílias mudar é necessário que as suas
experiências sejam aceites
Fases
1. Desconstrução 2. Externalização 3.Reautoria de história
Técnicas
Externalização do problema – o problema como uma entidade separada
Resultados únicos
Perguntas de influência relativa
Cartas, Certificados e declarações
Objetivos/Terapeuta
Terapeuta – Coopera com o cliente, encontra exceções aos problemas familiares
Intenção da terapia é fazer com que estejam mais satisfeitos com a sua vida, vê os
problemas como opressivos e a precisarem de ser eliminados

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