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(metodologia qualitativa)
ÉTICA E DEONTOLOGIA
Investigação qualitativa
➢ Recorre a múltiplos métodos
➢ Envolve a interpretação
➢ Segue uma abordagem naturalista
➢ Estuda os fenómenos nos seus contextos naturais para compreender
o seu sentido ou interpretação através dos significados que lhes são
atribuídos
➢ Usa-se quando o objetivo é aprofundar um assunto específico, uma
estratégia/técnica ou um setting
➢ Grande variedade de material empírico – estudos de caso,
experiências pessoais, histórias de vida, entrevistas, observação, textos
históricos, imagens, etc que descrevam momentos e significados
➢ Não dão prioridade à quantificação
➢ Podem conjugar-se com métodos quantitativas
➢ A diversidade de perspetivas dificulta a definição de regras rígidas de
alteração, tornando a investigação qualitativa um pouco instável
Metodologias qualitativas
São caracterizadas por:
➢ Complexidade
➢ Contextualização
➢ Exploração
➢ Descoberta
➢ Lógica indutiva – o raciocínio depois de obter alguns casos, constitui
uma verdade geral
O investigador começa por observações especificas e permite que as
categorias de análise se desenvolvam com o projeto
Bases para as escolhas destas metodologias
➢ A visão do mundo do investigador – interpretativa/construtivista;
emancipatória (aplica o que é melhor para a investigação
➢ Natureza das questões de investigação
➢ Se o foco da investigação é no processo, implementação ou
desenvolvimento de um programa ou dos participantes
➢ O programa enfatiza os resultados individuais
➢ É necessária informação aprofundada acerca de determinados
clientes ou programas
➢ O foco é colocado na “diversidade entre”, na “maneira típica de” ou nas
qualidades únicas dos indivíduos
➢ O objetivo é compreender a teoria do programa, ou seja, o que os
membros e participantes consideram que é a natureza do problema em
questão e como as suas ações vão levar aos resultados desejados
Razões práticas
➢ Muitos programas de psicologia são baseados em valores
humanísticos
➢ Os sujeitos de investigação podem preferir o tipo de contacto
personalizado e os dados que estão num estudo qualitativo
➢ Os sujeitos de investigação devem ser envolvidos na escolha de
métodos para considerarem os resultados mais credíveis
➢ Há situações em que as metodologias quantitativas não são aceitáveis,
válidas, confiáveis ou apropriadas
➢ As metodologias qualitativas podem complementar um estudo
quantitativo com informação aprofundada sobre um tema
A ENTREVISTA
É um dos instrumentos mais essenciais na investigação em psicologia. Por
isso, requer uma abordagem sistemática para maximizar a sua objetividade.
Quando utilizar a entrevista
Pode ser utilizada em qualquer estádio de uma investigação
➢ Na fase inicial para identificar áreas a explorar
➢ Como parte da validação de instrumentos
➢ Como meio principal de recolha de dados
➢ Como meio de verificação de conclusões
➢ Como complemento a um questionário ou avaliação
➢ Como complemento de etnografia ou observação direta
Colocar questões
Uma série de perguntas chama-se um esquema de entrevista.
Depois de formada a questão de investigação há que haver uma tradução
específica para que possa ser operacional numa série de questões colocadas aos
participantes
Existem vários formatos, desde a entrevista estruturada (diretiva) à não
estruturada (não-diretiva). Mas, de um modo geral, as melhores entrevistas estão
no meio termo (semi-estruturadas).
Entrevista estruturada
Perguntas fixas Possibilidades de Informação O entrevistado
em ordem resposta ou facilmente pode ficar
especifica escalas quantificada frustrado por não
lhe permitirem
dizer mais coisas
A evitar
Perguntas com dupla possibilidade de resposta. Por exemplo, “acha que a
caça à baleia e o controlo de natalidade de focas devia ser proibido?”
Introduzir uma assunção antes de pôr a pergunta. Por exemplo, “acha que
esta terrível crueldade com as baleias tem sido devidamente passada para a
imprensa?”
Ter palavras difíceis de entender. Por exemplo, “Acha que somos pouco
psico-eco-conscientes?”
Ser determinista. Por exemplo, “Suponho que saiba o que é psico-eco-
consciente, não?”
Incluir duplas negativas. Por exemplo, “Acha que não muitas pessoas não
conhecem o termo psico-eco-consciente?”
Ser papa-tudo. Por exemplo, “Diga-me tudo o que sabe sobre o movimento
Greenpeace e como o influenciou”.
A procurar
➢ Ter as questões individuais bem separadas
➢ Ter um bom esquema de entrevista (série de perguntas), com ritmo e que
leve o entrevistado a sentir que as perguntas estão interligadas
➢ Justificar a mudança de tópico durante a entrevista (“Por uma questão de
rotina, costumamos recolher informação sobre a sua história profissional,
não se importa?”)
➢ Dar instruções claras sobre a maneira como vai ser feita a entrevista, o tempo
que demora e como vai ser concluída
➢ Salvaguardar o respeito pelo entrevistado (ética de entrevista)
➢ Estar preparado para recusas ou respostas inesperadas
Entrevistados Difíceis
Entre as pessoas mais difíceis de entrevistar situam-se os idosos e as
crianças. Estes são alguns dos passos que se podem tomar de maneira a tornar a
entrevista mais produtiva
➢ Evitar perguntas que possam fazer sentir que estão em avaliação
➢ Assegurar que não há respostas certas nem erradas
➢ Ter em conta o enviesamento da resposta adquirida – a criança tende a dizer
que sim ou “não sei” independentemente da pergunta formulada
➢ As perguntas devem ser abertas
➢ Considerar que as crianças dizem muitas vezes “não sei”
➢ Ter em conta o nível de atenção/distração da criança e tentar arranjar forma
de manter o foco na entrevista
➢ Ter em conta o contexto institucional
➢ Ter em conta a mentalidade literal, o egocentrismo, a passagem ao ato e as
dificuldades de registo
Os dados produzidos pela entrevista têm tanta validade como os produzidos
por outras técnicas. Porém, existem coisas que são inerentes ao próprio método da
entrevista e que podem afetar a sua validade
➢ Depende das respostas dadas – desconfiança, mentira
➢ Existem efeitos por parte do investigador – atitude, género sexual, maneira
de vestir, idade, etc
➢ Efeitos do entrevistador – fazer sempre a mesma coisa; TREINO
A OBSERVAÇÃO
A observação é um aspeto fundamental de qualquer ciência e tem um papel
importante no desenvolvimento da psicologia como ciência. É mais direta do que
uma entrevista ou questionário por não implicar respostas a conteúdos verbais.
A observação sistémica do comportamento consome muito tempo, mas é
uma das formas de recolha de dados mais desafiante e interessante.
A observação é utilizada em situações em que se quer obter respostas
próximas da realidade.
Existem várias abordagens à observação direta do comportamento, e é muito
importante tomá-las em consideração, nomeadamente, quando queremos usar a
observação para recolher dados.
Exemplos
Os efeitos da estimulação sensorial em pacientes em coma prolongado
A compreensão de comportamentos agressivos em crianças do pré-escolar
A adesão a instruções de autoridade da fila da cantina relativamente à escolha de
sobremesa
Comportamentos de cedência de passagem a pessoas vestidas de mendigo para
entrar num elevador num centro comercial
A observação sistemática
A observação sistemática foi desenvolvida no contexto da psicologia
experimental e é muito usada em pesquisa e na teoria comportamentalista.
Aqui o investigador precisa de definir categorias e unidades de
comportamento
Normalmente, este processo envolve contagem, ordenação e cronometragem
do comportamento
EXEMPLO – Experiência de Prisão na Universidade de Stanford nos EUA
A Etologia
É uma abordagem muito diferente dentro da observação.
A abordagem etológica baseia-se numa observação direta dos
comportamentos com o objetivo de o registar descritiva e completamente, em todo
o seu detalhe, correlacionando-o com os estímulos que o provocaram
O resultado é a construção de um etograma (catálogo de comportamentos
exibidos por um animal). Só a partir daqui se formam as hipóteses que possam levar
a uma análise experimental do comportamento
A pesquisa ecológica
Tem uma abordagem semelhante à da etologia, mas não se preocupa
exclusivamente na descrição detalhada do comportamento.
Preocupa-se em saber as influências acerca das atitudes, motivações e
intenções dos seus sujeitos.
A etnografia
Abordagem de investigação que só usa a observação para recolher dados e
por isso só acontece no contexto natural onde os acontecimentos observáveis
acontecem.
Tipos de observação
Causal ou informal
Acontece muitas vezes nas fases iniciais da investigação.
Ajuda a tomar decisões acerca da melhor localização para fazer uma
observação e para desenvolver categorias a serem usadas na observação sistémica.
Formal ou sistémica
Aplicação sistemática de procedimentos com o objetivo de recolher dados.
São feitas cronometragens e são feitas categorias e unidades de comportamento a
observar.
Normalmente, envolve a presença de um observador não intrusivo que faça
a cotação de comportamentos ou acontecimentos.
Por vezes, a utilização de uma máquina de filmar pode substituir o
observador.
Participante
O observador está integrado nos acontecimentos a serem estudados. Isto
permite o acesso a acontecimentos privados ou maior contacto com
opiniões/atitudes/sentimentos, superando o problema do efeito do observador
(condicionamento de respostas e ações por saber que está a ser observado).
Por outro lado, a principal critica a ete tipo de observação é o facto de ser
pouco objetiva.
Outros tipos de observação
Narrativa Amostras temporais Amostras de eventos
Amostras geográficas Frequência de ocorrências Observação anedótica
O que observar?
É impossível observar tudo! Por isso, as
situações/acontecimentos/comportamentos a observar vão depender da natureza
da questão da investigação, das hipóteses colocadas e das relações que queremos
investigar.
A decisão de observar depende do que ou quem se quer observar.
De modo geral, a observação recai sobre unidades de comportamento
observável
Unidades moleculares – pequenos segmentos do comportamento como frases
pequenas, gestos, contacto visual
Unidades molares – maior conjunto de comportamentos que fazem as unidades de
comportamento. Podem ser sequências de comportamento que podem durar vários
minutos (ir para a Escola, caminhas ao lado de um amigo, mostrar cooperação)
Métodos de recolha
Dados narrativos
São filas de dados que ganham significados quando são inseridas em
categorias ou dados numéricos. O objetivo é reproduzir o acontecimento
comportamental.
Basicamente, quer descrever episódios com princípio, meio e fim.
Visto que normalmente existe mais de uma pessoa sob observação, o registo
narrativo deve incluir as ações básicas, afirmações e respostas daqueles que estão
envolvidos.
Notas de campo
São um tipo de registo narrativo e muitas vezes usadas em estudos
etnográficos ou por observadores participantes
Dados gravados em vídeo
É importante saber que os sujeitos a ser observados se deslocam de um lado
para o outro e, especialmente, se for uma gravação naturalista fica mais difícil de
captar pequenos detalhes que podem ser importantes como as expressões faciais
Listas de verificação
Usadas para classificar e medir a frequência ou duração de um
comportamento durante o tempo que é observado.
Listas de Ordenação
Podem ser usadas para medir aspetos qualitativos do comportamento como
o grau de ansiedade.
O observador
Saber que se vai ser observado pode condicionar o nosso comportamento. A
isto chamamos o efeito do observador ou reatividade e pode ameaçar a viabilidade
de uma investigação.
Por outro lado, ao fazer um registo observacional, é fundamental reduzir ao
máximo esta reatividade. Para reduzir a probabilidade de reatividade/efeito do
observador podemos: trazer roupas que não sejam muito chamativas, habituar os
sujeitos à nossa presença ou enganar os observados, tendo em conta as implicações
éticas que esta última vai ter.
A reatividade pode mudar o comportamento no sujeito e ter um efeito no
observador. A isto chamamos enviesamento do observador e pode levar a uma
apreciação de acontecimentos que confirmem a nossa teoria ou a não ter atenção a
outros acontecimentos que não a confirmam.
TÉCNICAS DE OBSERVAÇÃO
Auto Observação Observação Sistemática Observação Participante
Auto Registos Unidades e níveis de análise Descrição prévia
Documentos Pessoais Codificação/Categorização Planeamento estratégico
História de vida Amostragem e Registo Amostra e registo
Conhecimento das Observação minuciosa de Investigador
emoções através da comportamentos Participação do investigador
reflexão específicos na comunidade
Presença de Estruturada, planeada e Tem papel de membro do
observadores externos e controlada grupo
estruturação da O observador sabe o que Pode conhecer a vida de um
descrição de emoções procura grupo a partir do seu interior
AUTO OBSERVAÇÃO
Auto Registos Documentos pessoais História de vida
Papel e lápis Autobiografias Documentação e marcos
Protocolos Diários pessoais Registo
Cartas Análise e Informação
OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA
Unidades e Níveis de Análise Codificação e categorização
Unidades Codificação de unidades
Contínuos de comportamento Critérios empíricos
Qualidades psicofísicas Códigos operacionalizados
Comportamentos e interações
Sistemas interativos Categorização dos níveis de descrição
Moleculares (comportamentos pequenos)
História de vida Molares (grande segmento de
Apriori comportamentos durante um período de
Durante a observação tempo)
Posteriori
Níveis de Análise
Pragmático – verbal
Paralinguístico
Cinestésico
Proxímico
Emocional e Cognitivo
Social e Cultural
Amostragem e registo de dados
Amostragem observacional Planificação em tempo real
Temporal Acontecimentos – latência, frequência,
De sujeitos discriminação
De situações Estados – Duração, intensidade, ritmo,
Para cada sessão de observação observação
Protocolos e sistemas de registo Observação planificada
antecipadamente
Tempos de observação Tempos de registo
OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE
Planeamento estratégico Unidades e Níveis de Análise
Definição do problema, contexto e área Contraste de formulações
Hipótese de trabalho Categorias de análise
Documentação Formulação de indicadores
Modalidade de observação
Observação seletiva Abandono do campo
Descobrir a dinâmica dos processos Negocias as consequências da retirada
Forma ativa ou passiva de registos Fase final – Ausência Física e tempo real do
posterior aos dados cenário
Observador participante ou participante
observador
Análise dos materiais Amostragem e Registo de dados
Elaboração e validação das propostas
Avaliação do processo
Análise comparativa de casos
Redação do relatório – desenvolvimento,
problemas, estratégias, significados
REVISÃO SISTEMÁTICA
A revisão sistemática é uma maneira mais científica de sumarizar literatura
porque segue protocolos específicos para determinar os estudos que vão ser usados
na revisão incluída no artigo em si.
Uma revisão sistemática é baseada nos princípios do teste de hipóteses, que
devem ser concluídas a priori.