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Metodologia de Investigação em

Educação I

Prática 2a
Frequência
27/05/2015
1
1 - Técnicas de recolha de
dados
⇨ Os diferentes objetivos e natureza dos estudos científicos são fatores que
condicionam, de certo modo, o tipo de técnicas escolhidas para a recolha de dados.

⇨ A utilização de determinada técnica não é exclusiva de um tipo de pesquisa,


podendo recorrer-se a uma combinação de técnicas no seio da mesma investigação, o que
permitirá ao investigador uma perceção mais holística do que se propôs estudar.

⇨ Uma técnica de pesquisa não constitui um método de investigação.

⇨ Nas investigações quantitativas a seleção das técnicas é feita previamente à recolha


de dados e nas qualitativas podem ser selecionadas ao longo de todo o trabalho e são
orientadas quer pelo tipo de informação obtida, quer pelas análises e interpretações
continuamente efetuadas pelo investigador.

1. Quantitativas
• - Observações estruturadas
• - Entrevistas estruturadas
• - Testes
• - Questionários
• - Medidas não reativas (unobstrusive measures)

2. Qualitativas

2.1. Técnicas interativas

• - Observação participante (etnográfica)


• - Entrevista etnográfica

2.2. Técnicas não interativas

• - Pesquisa de artefactos/documentos
• - Observação não participante
Características das técnicas quantitativas de recolha de dados
2
• Utilização de técnicas rigorosas de recolha de dados, muitas delas estandardizadas.
• Utilização de instrumentos na recolha de dados, sobretudo do tipo “papel e lápis”.
• Dados recolhidos, em princípio, sob a forma métrica.
• Decisões tomadas a priori quanto à apresentação dos dados.
• Os dados assumem uma forma única - resposta ao instrumento utilizado.
• Os dados são codificados e descritos estatisticamente.
• As conclusões são tiradas com base nos procedimentos estatísticos utilizados.
• O papel do investigador, enquanto instrumento de recolha de dados, é minimizado.
Características das técnicas qualitativas de recolha de dados
• Recolha de dados sem a utilização obrigatória de instrumentos.
• Flexibilidade do processo de pesquisa.
• Escolha contínua das técnicas e estratégias de recolha e análise de dados.
• Dados recolhidos principalmente sob a forma verbal.
• A forma de apresentação depende da natureza dos dados recolhidos.
• Os dados assumem uma variedade de formas.
• Codificação apenas para encontrar padrões de dados.
• As interpretações derivam das estratégias utilizadas.
Características das técnicas de recolha de dados
3 Quantitativas Qualitativas
Com um instrumento Dados aparecem em números Decisão à priori sobre a
apresentação dos dados Instrumento determina forma de resposta Dados descritos
estatisticamente Conclusões derivadas dos procedimentos estatísticos
Sem instrumento Dados aparecem em palavras Não há decisões à priori Dados
assumem várias formas Classificação apenas ajuda encontrar padrões Conclusões
derivadas das estratégias qualitativas
Quantitativa - Observações estruturadas
⇨ A observação dos fenómenos é orientada por categorias pré-determinadas de respostas e pode
ocorrer em meios não naturais (e.g., laboratório), onde são recriadas parcelas da realidade com o
objetivo de as estudar cientificamente.
⇨ O investigador prevê os comportamentos a observar / há uma certa intencionalidade da sua
parte / preocupa-se com a repetição.
⇨ Não se tem a pretensão de se observar tudo o que está no campo percetivo, mas analisam-se
pequenas parcelas (isoladas) da realidade, que se selecionam de antemão, e se indicaram na
formulação do problema e das hipóteses.
⇨ Envolve a utilização de grelhas de observação, elaboradas previamente, que permitem o
registo sistemático dos dados e, posteriormente, a sua contagem recorrendo-se, a técnicas da
estatística descritiva (e.g., frequência, duração, percentagem, proporção).
Presença do observador influência comportamentos?
•Entevistas •Testes •Questionários
Quantitativa
4 Entrevistas estruturadas
⇨ Interação verbal direta entre o entrevistador e o entrevistado.
⇨ Investigador controla o ritmo da entrevista, coloca a todos os sujeitos o mesmo conjunto de
questões, formuladas segundo a mesma ordem e com contacto interpessoal igual para todos os
elementos da amostra.
⇨ Conjunto estandardizado de questões.
⇨ Questões pré-estabelecidas.
⇨ Questões estruturadas ou semiestruturadas.
⇨ Gama limitada de categorias de resposta.
⇨ Respostas são codificadas, classificadas e sumariadas numericamente.
Testes Tipos de testes ⇨ Instrumento concebido para medir as diferenças individuais
numa ou em várias dimensões do comportamento (Borg & Gall, 1983).
⇨ Mede conhecimentos, capacidades, aptidões ou outras características para avaliar o sujeito,
através de uma escala.
⇨ Instrumento mais utilizado para medir o desempenho dos sujeitos.
⇨ Testes, habitualmente, padronizados classificados de acordo com o construto que se pretende
medir.
⇨ Testes padronizados - procedimento consistente e uniforme de cotação, administração e
interpretação dos resultados / minimiza a possibilidade de erro / possibilidade de replicação exata
/ objetividade / importância das instruções específicas / dados normativos - grupo padrão.
Testes referenciados a normas
Medem o desempenho relativo de um sujeito comparando-o com as normas do grupo-
padrão a que ele pertence. Semelhança dos sujeitos em algumas variáveis como sexo,
idade, nível de escolaridade, etc.
Testes referenciados a critérios
Medem o desempenho absoluto de um sujeito em função de um critério estabelecido
(ex.: realizar uma prova em 30 minutos).
Questionários
5
• Concebido para estudar dimensões afetivas do comportamento, como as atitudes, os
valores, as crenças, os interesses, o autoconceito, etc.
• Técnica muito utilizada.
• Assegura o anonimato - sujeito menos constrangido.
• Económica.
• Questões estandardizadas.
• Conhecer os sujeitos e não avaliá-los.
• Não é necessária a presença do investigador - importância das instruções para evitar
a possibilidade de respostas omissas ou não compreensão das questões.
• As questões e afirmações denominam-se de itens, fechados ou abertos.
• Os itens fechados são seguidos por uma escala de possíveis respostas (e.g., escala
de tipo Likert) e o sujeito escolhe a posição que melhor reflete a sua opinião.
• Os questionários podem ser designados de acordo com a dimensão que medem
(escala de atitudes, escala de autoconceito, inventário de medos, etc).
• Não têm títulos, mas siglas.
Regras de construção Formato Fases
1. Clareza
2. Preferíveis itens
curtos Não incluir 2 ideias no mesmo item Ex.: Embora o método ativo seja vantajoso no tratamento de muitas temáticas, ele não

é eficaz com alguns alunos. 3. Evitar itens


negativos Ex.: Não é uma criança muito participativa
4. Não preciso de
nenhuma informação
5. Evitar itens indutores da resposta / questões tendenciosas (importância das
instruções)
Ex.: Costuma ridicularizar os seus alunos na sala de aula?
• Instruções impressas em
1.Condução de uma bold e claras
entrevista aberta a
• Tornar as questões
poucos sujeitos atraentes (papel às
(recolher informação cores)
útil para a construção
• Iniciar com alguns itens
dos itens, quando não agradáveis ou simples
conhecemos bem a
• Não colocar itens
realidade). importantes no final do questionário
2. Questionário
• Evitar utilizar a palavra
piloto (passado a questionário ou
uma amostra checklist no próprio
reduzida, que não questionário
pertença à amostra
• Incluir informação suficiente que torne o
final).
questionário interessante
• Não utilizar abreviaturas
• Tornar o questionário o mais pequeno possível. 6. Os sujeitos devem ser capazes de
responder
7. Quando se pretende colocar uma questão geral e uma específica juntas, colocar primeiro a
geral.
Ex.: Os métodos pedagógicos utilizados pelo professor influenciam a motivação dos alunos. O método expositivo é mais indicado
no ensino da Matemática do que o método participativo.
8. Evitar o uso de uma mistura de conjunções e disjunções
Ex.: Os cursos de formação que oferecem destinam-se a
3. Entrevista a quem adolescentes e jovens adultos ou a adultos? Sim / Não
respondeu ao questionário piloto para darem a sua opinião.
Sugestões para a construção de “boas questões” fechadas I
Outros aspetos a levar em conta
1. Evitar que a questão seja ambígua.
2. Ser o mais direto possível na colocação da questão/concentrar a questão no tema.
3. Tornar a questão o mais curta possível.
4. Usar linguagem a que o inquirido esteja habituado.
5. Evitar utilizar termos que possam conduzir ao enviesamento das respostas.
6. Evitar questões reativas.
7. Evitar duplas negativas.
8. Redigir algumas questões de forma inversa ou invertida.
9. No caso de querer colocar uma questão mais geral e outra mais específica juntas,
deve começar-se pela mais geral.
10. Devem misturar-se as questões que abordam subtemas diferentes dentro da
temática geral (que pertencem a subescalas diferentes).
- Importância de um breve estudo piloto do questionário.
- Relevância da existência de subescalas.
- Facilidade de compreensão da escala de resposta (importância da discriminação das
alternativas, no caso de uma escala de resposta do tipo Likert).
- Deve tornar-se o questionário o mais curto possível.
NOTA: De preferência devem utilizar-se questionários de recolha de dados já
disponíveis na literatura científica da especialidade e psicometricamente fiáveis, em vez
de se construírem instrumentos novos.
Escalas Escala de Likert (Likert, 1932)
• Série de graduações, níveis ou valores que descrevem alguma coisa.
• Permite grande flexibilidade: grau de acordo, frequência, etc.
• Afirmação ou questão + Escala de respostas potenciais.
• É muito utilizada.
• Pode integrar itens negativos e positivos.
Escala de diferencial semântico (ou escala de adjetivos bipolares)
• Escala de adjetivos bipolares.
• Construídas por sete pontos (ou variações) que emparelham um adjetivo com o seu oposto.
• Descrevem ou avaliam uma situação particular.
Checklists (listas de verificação)
• Proporciona-se um certo número de opções e o sujeito deve escolher
Ex.: Concordo fortemente / Concordo / Não concordo nem discordo / Discordo / Discordo fortemente
Ex.: Relação professor-aluno
1. Distante _ _ _ _ _ _Próxima 2. Frio _ _ _ _ _ _ Calorosa 3. Imparcial _ _ _ _ _ _Parcial
Ex.: Várias opções: Indica todos os adjetivos que te caracterizam:
___Inteligente ___Leal ___Generoso ___Barulhento
6
Escala:
-
É um instrumento construído de modo que números diferentes possam ser atribuídos a
indivíduos diferentes, para indicar quantidades distintas de uma dada característica ou
atributo. - Não tem implícito qualquer aspeto avaliativo, pois não há respostas certas
nem erradas. Exemplos: escalas de atitudes, de valores, de interesses, etc.
Teste:
- É um procedimento sistemático no qual todos os indivíduos são colocados perante um
conjunto de estímulos construídos, chamados itens. - Permitem atribuir pontos ou obter
indicações quantitativas sobre os sujeitos. - Medem diferenças individuais permitindo
hierarquizar os sujeitos. - Têm implícita a noção de êxito ou fracasso. Exemplos: testes de
resistência física, testes de inteligência, testes de aptidão, etc.

Qualitativas
Medidas não reativas Observação participante (etnográfica) - Os sujeitos não têm
consciência que estão a ser observados, com o objetivo de se realizar uma
investigação científica. - Permite eliminar os possíveis enviesamentos dos dados.
Apresentam alguns problemas de validade e de fidelidade. - Técnicas úteis utilizadas
em conjunto com técnicas reativas convencionais - obtém informações suplementares.
- Traços físicos. - Arquivos - documentos públicos ou privados. - Observação simples. -
Observação dissimulada. - Pouco conhecidas e pouco utilizadas em Educação.
7 - Técnica interativa uma vez que envolvem uma interação pessoal entre o
investigador e os participantes, sendo o primeiro, muitas vezes, o instrumento de
recolha de dados. - Menos possibilidade de respostas omissas. - A procura de
informação é passível de controlo por parte do investigador - orientação constante das
interações para a obtenção dos dados considerados relevantes. - Os participantes
podem reagir à presença do investigador - ameaça à validade da informação.
- O investigador recolhe os dados (apreende os significados individuais) ao mesmo
tempo que interage com os participantes - compreende os indivíduos a partir das suas
próprias perspetivas. - O investigador passa longos períodos de tempo no local do
estudo a viver, tanto quanto possível, da mesma maneira que os sujeitos que estão a
ser investigados. Importância dos contextos sociais. - O investigador recolhe
informações descritivas. - O investigador começa o seu trabalho com observações mais
gerais, depois focalizadas e, por fim, seletivas, de forma a descobrir as definições que
os participantes atribuem à realidade, e os construtos com que organizam o seu
mundo.
Entrevista etnográfica Pesquisa de participantes de uma forma
estruturada, de acordo com
artefactos/documentos
Observação não perguntas estandardizadas. 
participante Subdividem-se em 3 formas
específicas:
 O investigador exclui totalmente - Entrevista com os
a possibilidade de entrevistar os informantes- chave - Entrevista de
forma aberta a indivíduos que têm orientadoras nos dados que
acesso a observações que escapamrecolhe, no sentido de reconstruir
ao investigador. os acontecimentos e de atribuir
- Entrevistas relativas possíveis significados aos
às histórias da carreira -
Entrevistas não estruturadas / Técnica não interativa. O
permitem ao investigador captar os investigador é menos suscetível de
significados dos participantes / influenciar as respostas dos
guião de entrevistas - questões participantes. O sucesso na
gerais e informações específicas / obtenção de dados relevantes é de
condução de modo informal / não há caráter mais fortuito, por não ser
preocupação de entrevistar todos os tão provável a obtenção de
sujeitos da mesma maneira / as informações adequadas às
questões não seguem uma questões em estudo. Pressupõe,
sequência pré-definida, mas são simplesmente, a observação e o
habitualmente decorrentes e registo dos fenómenos sem haver
encadeadas nas respostas dadas qualquer tipo de envolvimento do
pelos participantes / perguntas investigador com as pessoas ou
abertas. atividades em estudo, que não
- Inquéritos - exclui, todavia, a possibilidade de o
Assumem a forma de entrevistas investigador captar o significado
estruturadas. dos comportamentos observados.
nica não interativa.  O Salvo algumas exceções
gador é menos suscetível (estudos feitos com programas de
uenciar as respostas dos televisão / câmaras / espelhos
pantes.  O sucesso na unidirecionais), é impossível evitar
ção de dados relevantes é a interação nas situações sociais,
áter mais fortuito, por não uma vez que a presença de
o provável a obtenção de qualquer investigador num
ações adequadas às determinado contexto social, que
ões em estudo.  Cartas, não o seu, torna-o imediatamente
, testamentos, recibos, participante, mesmo que não
s, autobiografias, revistas, exista uma interação verbal com os
, processos judiciais, restantes sujeitos.
as oficiais, decretos, Técnica não interativa. O
mentos, leis, filmes, investigador é menos suscetível de
afias, etc. - evidências influenciar as respostas dos
s. Ao consultar os participantes. O sucesso na
mentos, o investigador tenta obtenção de dados relevantes é de
retrospetivamente, linhas caráter mais fortuito, por não ser
tão provável a obtenção de
informações adequadas às televisão / câmaras / espelhos
questões em estudo. Pressupõe, unidirecionais), é impossível evitar
simplesmente, a observação e o a interação nas situações sociais,
registo dos fenómenos sem haver uma vez que a presença de
qualquer tipo de envolvimento do qualquer investigador num
investigador com as pessoas ou determinado contexto social, que
atividades em estudo, que não não o seu, torna-o imediatamente
exclui, todavia, a possibilidade de o participante, mesmo que não
investigador captar o significado exista uma interação verbal com os
dos comportamentos observados. restantes sujeitos.
Salvo algumas exceções Técnica não interativa. O
(estudos feitos com programas de investigador é menos suscetível de
televisão / câmaras / espelhos influenciar as respostas dos
unidirecionais), é impossível evitar participantes. O sucesso na
a interação nas situações sociais, obtenção de dados relevantes é de
uma vez que a presença de caráter mais fortuito, por não ser
qualquer investigador num tão provável a obtenção de
determinado contexto social, que informações adequadas às
não o seu, torna-o imediatamente questões em estudo. Pressupõe,
participante, mesmo que não simplesmente, a observação e o
exista uma interação verbal com os registo dos fenómenos sem haver
restantes sujeitos. qualquer tipo de envolvimento do
Técnica não interativa. O investigador com as pessoas ou
investigador é menos suscetível de atividades em estudo, que não
influenciar as respostas dos exclui, todavia, a possibilidade de o
participantes. O sucesso na investigador captar o significado
obtenção de dados relevantes é de dos comportamentos observados.
caráter mais fortuito, por não ser Salvo algumas exceções
tão provável a obtenção de (estudos feitos com programas de
informações adequadas às televisão / câmaras / espelhos
questões em estudo. Pressupõe, unidirecionais), é impossível evitar
simplesmente, a observação e o a interação nas situações sociais,
registo dos fenómenos sem haver uma vez que a presença de
qualquer tipo de envolvimento do qualquer investigador num
investigador com as pessoas ou determinado contexto social, que
atividades em estudo, que não não o seu, torna-o imediatamente
exclui, todavia, a possibilidade de o participante, mesmo que não
investigador captar o significado exista uma interação verbal com os
dos comportamentos observados. restantes sujeitos.
Salvo algumas exceções
(estudos feitos com programas de
8
9
2 – O artigo científico

⇨ O artigo científico é, talvez, a forma mais importante de comunicação entre os


elementos de uma dada comunidade científica, tratando-se de uma fonte primária para a
revisão da literatura.

⇨ O artigo científico ‘materializa’ a ideia de que o conhecimento científico é


público, devendo, por esse facto, ser divulgado.

⇨ A linguagem usada na escrita científica deve ser clara e deve respeitar-se o


princípio da parcimónia, no sentido de se transmitir diretamente a mensagem, mas com
moderação, sobriedade e economia de conteúdos.

⇨ O uso de conceitos pouco operacionalizáveis deve ser evitado, uma vez que uma das
funções do relato científico consiste em abrir caminho ao desenvolvimento de outras
pesquisas.

⇨ A fidelidade (possibilidade de repetição do estudo para testar a credibilidade das


conclusões) de uma dada investigação tem a ver também com a clareza com que ela é
relatada para a comunidade científica.

⇨ O artigo não deve ser escrito na primeira pessoa, nem seguir as regras da
oralidade, mas antes deve ser redigido respeitando as regras da escrita formal.

⇨ A organização de um artigo científico deve transmitir a ideia de que há


encadeamento do trabalho agora feito com estudos anteriores no domínio e que são
deixadas abertas novas pistas para a investigação futura.

⇨É possível que as exigências editoriais de algumas revistas científicas (ou de


certas áreas do saber) coloquem imposições específicas ao formato de um artigo
científico, mas há consenso em torno de componentes principais que devem estar
presentes em qualquer trabalho.

Como escrever um artigo? Amostra 2.2. Instrumentos 2.3.


Título Resumo Palavras-chave Procedimentos Resultados
Introdução Metodologia 2.1. Discussão Bibliografia Anexos
(numerados, com título e paginados)
10
Titulo

Deve conter as variáveis em estudo, a relação entre elas e indicar a


população (ou amostra).
Trata-se da ‘porta de entrada’ num artigo, pelo que deverá ser
apelativo, direto, curto e claro.

Resumo

Trata-se da chamada ‘fonte preliminar’ no âmbito de uma revisão da


literatura e é a parte do artigo que costuma entrar nas bases de dados
(sobretudo daquelas que não dispõem de artigos em texto integral).
Costuma ser pedido em duas ou três línguas (sendo a língua inglesa uma
delas), conforme as exigências editoriais das revistas científicas, e a sua escrita
numa outra língua possibilita a disseminação do trabalho mesmo junto dos
elementos da comunidade científica que não dominam a língua original em que o
artigo completo está redigido.
Deve ser escrito de forma a dar ao leitor uma panorâmica geral do que foi
feito, partindo do problema que motivou o estudo, passando pelas decisões
metodológicas tomadas, até às principais conclusões, implicações para a

intervenção e limitações da pesquisa. Trata-se de um ‘mini-relato’ da investigação

efetuada que, para ser considerado bem feito, deverá estar o mais completo
possível.

Palavras-chave

Trata-se dos vocábulos que auxiliarão a comunidade científica a encontrar


o artigo nas bases de dados.
Permitem incluir o artigo dentro de temáticas particulares e essa
‘arrumação’ assume grande utilidade para quem faz revisão da literatura.
Consistem em termos fundamentais e estruturantes para o trabalho
desenvolvido.
Cada revista tem as suas particularidades, mas o número de palavras-
chave exigidas costuma variar entre 3 e 5.

Introdução
Nesta primeira parte principal de um artigo deverá apresentar-se uma
revisão da literatura que enquadre e justifique a temática estudada. Deverá
também formular-se o problema científico de forma clara, abrindo caminho a
toda a pesquisa empírica que será descrita a seguir.
Devem ser indicadas as hipóteses que irão ser testadas, diretamente
alicerçadas na questão de partida, as quais constituem respostas
provisórias a necessitar de corroboração empírica.
É importante mostrar ao leitor que o trabalho agora apresentado pertence a
um corpo organizado de conhecimentos, que é a ciência, pautando-se, por isso,
por critérios de rigor conceptual e operacional, e fazendo uso de uma linguagem
comum
que é dominada pelos membros da área científica em apreço, sem prejuízo de ser
11
‘legível’ também por pessoas de outras áreas, ou mesmo pelo público em geral.
Metodologia – Amostra
Trata-se da primeira subsecção da Metodologia onde devem ser descritas: as
características principais da amostra (quem?);o número de elementos da mesma
(quantos?); de que forma foram selecionados (como?).
É nesta parte do artigo que poderá dar-se conta de dificuldades encontradas durante a
recolha de dados, como a mortalidade experimental.
Deverá ainda justificar-se o tamanho da amostra e apreciar-se a sua representatividade
em relação à população (acessível e/ou alvo), de forma a esclarecer-se o leitor acerca
da possibilidade, ou não, de generalização com confiança dos resultados.
Metodologia – Instrumentos
Deve descrever-se nesta subsecção da Metodologia todos os passos percorridos
desde a construção ou seleção dos instrumentos de recolha de dados
(operacionalização das variáveis) até à sua preparação para aplicação à amostra do

estudo. Se tiver havido lugar a um estudo-piloto, este deve ser indicado, com a
justificação da sua pertinência.
Os instrumentos usados deverão ser claramente descritos e, nas situações em que
isso se justifique (ex.: utilização de um instrumento construído de raiz, como um
questionário ou um teste), poderão ser colocados em anexo ao próprio artigo (com a
indicação do número do anexo no corpo do texto).
Se houver estudos anteriores de validação dos instrumentos usados, convém fazer
menção de alguns desses estudos e dos indicadores psicométricos encontrados (ex.:
alfa de Cronbach).
O autor de um dado trabalho deverá justificar sempre a sua escolha de determinado
instrumento de pesquisa (em detrimento de outro, igualmente viável, por exemplo).
Metodologia – Procedimentos
Deve indicar-se nesta subsecção da Metodologia como foram recolhidos os dados (ex.:
individualmente ou em grupo), que autorizações foi necessário obter, como foram
contactados os sujeitos, etc.
Se houve a comparação de grupos ou a repetição de observações, deverá indicar-se
esta informação nesta parte do artigo.
Muitas vezes é somente nesta fase que o leitor fica com uma ideia completa de como
decorreu o trabalho no terreno.
Trata-se de informações de grande importância para permitir a avaliação externa da
exequibilidade dos procedimentos do investigador – por exemplo, do plano escolhido –
tendo em mente o problema científico de partida.
12
Esta parte do artigo acaba por funcionar como um roteiro da
pesquisa efetuada, o qual é feito a posteriori.

Resultados

Na sequência das análises estatísticas efetuadas, esta secção deverá


começar por indicar as análises descritivas, passando depois para as análises
inferenciais.
Todos os quadros, tabelas, gráficos, etc. indicados no corpo do texto devem
ser numerados sequencialmente por tipos (ex.: gráfico 1; tabela 1; figura 1).
A informação dos quadros, tabelas, gráficos etc. e a do texto escrito devem
ser articuladas entre si, de forma a ‘explicarem-se’ mutuamente. O texto deve
conter a mensagem principal do material apresentado e vice-versa.

Discussão

Deve retomar o problema de partida, apenas para abrir caminho aos


aspetos que virão a seguir.
Deve apresentar uma síntese das principais conclusões, fazendo ‘pontes
significativas’ com o conhecimento científico anterior, quer com aquele que as
apoia (o presente estudo pode reforçar o que já havia sido observado), quer com
aquele que parece contrariá-las (o presente estudo poderá colocar em causa
conclusões anteriormente delineadas, com base em outras pesquisas).
Deve indicar as implicações do conhecimento agora construído para a
prática/intervenção, sempre no pressuposto de que toda a ciência deve ser
feita de modo a contribuir para o bem das pessoas.
Deve indicar as limitações metodológicas do estudo, de forma a evitar
que outros autores venham a cair nos mesmos erros ou a permitir que
aconteçam as mesmas fragilidades em pesquisas futuras.
Deve deixar em aberto, de forma explícita por parte do investigador,
pistas para trabalhos futuros no domínio.
Esta secção deve ser redigida como um corpo único de texto, sem secções
ou subdivisões.

Bibliografia

Deve conter todas as obras citadas no corpo do artigo e apenas essas. Deve ser
organizada por ordem alfabética, segundo o último nome dos autores. De entre as
regras possíveis de organização de uma bibliografia, aconselha-se neste curso o
respeito pelas orientações da Associação Americana de Psicologia (APA) (8a
Edição) (ver recursos).
13
Anexos (numerados, com título e
paginados)

Os anexos devem ser todos numerados e citados no corpo do artigo. Os anexos a


incluir num artigo científico devem ser mesmo indispensáveis para a leitura do
mesmo (como o conteúdo de instrumento de recolha de dados; o modo de
operacionalização de uma variável, etc.)
Os anexos devem ter título que os identifique corretamente. Os anexos
devem ser paginados de forma sequencial, na continuidade das páginas do
artigo.

Possível ordem dos critérios usados para a avaliação de artigos


científicos que relatam pesquisas quantitativas

• 1o: Contribuição para o conhecimento científico


• 2o: Plano (design) de investigação
• 3o: Objetividade na descrição dos resultados
• 4o: Tema selecionado
• 5o: Estilo de escrita e legibilidade do texto
• 6o: Implicações práticas
• 7o: Análises estatísticas utilizadas
• 8o: Modelo teórico subjacente
• 9o: Revisão da literatura científica
• 10o: Clareza dos conteúdos apresentados em quadros, tabelas e
gráficos
• 11o: Extensão
• 12o: Pontuação
• 13o: Reputação da pessoa autora
• 14o: Filiação institucional

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