Tema I

2. Metodologia da investigação sociológica

A sociologia tem como objeto de estudo a realidade social, sendo assim como qualquer outra
ciência, terá a necessidade de resolver as interrogações que são relacionadas ao seu objeto de
estudo e por esse meio encontrar as adequadas respostas a partir de teorias, métodos e
técnicas.

 Estratégias de investigação:
Teoria

A sociologia capta os fenómenos sociais a partir de teorias, é o ponto de vista acerca da

realidade sendo muitas vezes vista como uma lanterna por iluminar a realidade.

A teoria altera a nossa visão da realidade, assim se a teoria muda o nosso ponto de vista e toda
a orientação da pesquisa irá mudar.

As hipóteses teóricas

O guião da pesquisa pois indica sempre o caminho que o sociólogo deverá seguir mesmo que a
hipótese no fim estejas errada.

 Modos de produção da informação/métodos

Durante a investigação o sociólogo deverá definir a melhor estratégia para alcançar o objetivo
pretendido tendo que passar por várias formulações de hipóteses ao longo das suas pesquisas.
A esta sucessão de fases a percorrer dá se o nome de método.

O método desempenha os seguintes papeis ao longo da investigação:

 seleciona as técnicas apropriadas para a recolha da informação

 controla a aplicação dessas técnicas
 integra os resultados parciais obtidos

As técnicas, selecionadas pelo método, são meios de investigação que são utilizados para
selecionar, recolher e tratar a informação resultante da pesquisa.

Os tipos de métodos:
Método extensivo

Tem por objeto de pesquisa o estudo de um aspeto, opinião ou problema que ocorre em
grupos de grande dimensão.

É usado quando o universo de estudo é abrangente e o investigador não pode interrogar toda
a população.

Ex.: Conhecer a opinião dos jovens portugueses sobre problemas ambientais.

Método intensivo

Tem por objeto de pesquisa o estudo aprofundado de um aspeto, opinião ou problema que
ocorre em grupos de dimensão reduzida.

É usado quando o universo de estudo é pequeno e permite estabelecer contacto direto com a
população em estudo.

Ex.: Conhecer o grau de integração dos alunos de uma turma na escola que frequentam.

 Vantagens e Desvantagens:

Vantagens:

Método intensivo- profundidade da observação, análise do quotidiano dos agentes sociais e

das suas formas de expressão no momento que decorrem e visão detalhada de cada caso em
particular.

Método extensivo- observação de populações numerosas, comparação entre os casos e

representatividade estética, detetar regularidades nas praticas sociais estudadas.

Desvantagens:

Método intensivo- dificuldade em generalizar a informação obtida no estude de casos, maior

tendência de empatia e perda da objetividade.

Método extensivo- informação superficial, dificuldade em captar o lado vivido dos momentos.

Ecletismo metodológico: perante as vantagens e desvantagens dos dois métodos resulta uma
combinação entre ambos retirando as melhores vantagens de cada um e eliminando as
desvantagens.

O sociólogo pode participar em projetos de intervenção direta em conjunto com outros

investigadores. Por exemplo, pode ser pedida a sua colaboração em projetos de intervenção
social junto de grupos sociais mais desfavorecidos.

Esta colaboração pode limitar-se à realização de um estudo diagnóstico da situação ou pode

envolver a sua participação ativa no projeto: investigação-ação.

A investigação-ação é um método de investigação em que o investigador é simultaneamente

um ator, pois envolve-se diretamente com o grupo para tentar solucionar um problema,
aplicando diretamente os seus conhecimentos. ( é um investigador e um ator ao mesmo
tempo)

Na investigação-ação associa-se a análise à transformação da realidade estudada.

 As técnicas de investigação sociológica

Técnicas documentais

 A análise documental incide sobre fontes primárias e fontes secundárias.

-Fontes primárias: documentos produzidos pelo próprio investigador no decorrer da
pesquisa de acordo com as suas hipóteses teóricas. (ex: a base de dados que resulta de um
inquérito)

-Fontes secundárias: já existem por outras razões que não elaboradas pela pesquisa do
investigador (ex: informações concebidas pela análise de manuais relevantes ao objeto de
estudo)

 Na análise de conteúdo o investigador constrói categorias que ajudam a analisar um

determinado documento descodificando os significados presentes neles.

Técnicas de inquirição

Importa referir o inquérito por questionário que consiste em interrogar populações com o
intuito de descobrir regularidades nos comportamentos e atitudes.

Os questionários podem obter:

 Questões fechadas: não permitem outras opções além das indicadas no questionário.
 Questões abertas: conferem uma resposta mais ampla.
 Questões semiabertas e semifechadas: combinam as duas anteriormente indicadas

 Sugestões de elaboração de um inquérito:

Deve existir um pequeno texto a explicar o objeto de estudo; indicar as várias características
sociográficas (sexo, nacionalidade, profissão, etc); perguntas de forma negativam atrapalham o
processo da investigação; apresentar perguntas interligadas entre si sem fazer alterações em
cada uma delas; utilizar escalas diferentes; linguagem adequada á idade do publico alvo.

 Etapas da elaboração de um inquérito:

Definição do objetivo do inquérito; determinar o universo de estudo e a construção da

amostra; elaboração de um guião; aplicação de um pré-teste para detetar erros; formação de
inquiridores e aplicação concreta dos questionários; tratamento da elaboração recolhida;
análise de informações; redação do relatório final.

As entrevistas são efetuadas a partir de um guião e podem ser:

 Diretivas: quando o entrevistador não concede qualquer margem de manobra ao

entrevistado seguindo rigidamente as ordens do guião
 Semidiretivas ou em profundidade: traduzem um compromisso entre a necessidade
de abordar o entrevistado sobre determinados temas dando liberdade ao discurso do
mesmo
 Não diretivas ou livres: não há propriamente um guião, mas sim alguns temas que
conduzem a conversa, é útil na fase de exploratória da pesquisa em que é necessário
recolher informação.
Por fim, as histórias de vida que consistem numa serie de entrevistas de tipo semidiretivo
aplicadas em várias sessões, tendo um guião que procura cruzar com os dados biográficos da
vida das pessoas com circunstancias históricas e sociais.

Técnicas de observação

 Observação participante: consiste na entrada do investigador num determinado

terreno e na sua permanência durante algum tempo, ganhando familiaridade com os
observados e interagindo com eles como se pertencesse aquele território ou cultura.
Este processo pode designar-se por pesquisa etnográfica e método etnográfico e é
usado um método intensivo. O próprio etnógrafo elabora um diário de campo durante
a experiência.
 Observação direta: não necessita da entrada do investigador no campo, o investigador
apenas vê e ouve de acordo com a grelha de observação preexistente registando
posturas corporais, conversas, relação das pessoas com o espaço, etc sem entrar em
dialogo com os observados.
 Sociologia visual: distingue-se pela utilização, para fins de pesquisa, da fotografia e de
filmagem.

 A recusa da neutralidade das técnicas

As técnicas não podem ser consideradas neutras.

O observador e o observado são sempre atores sociais em interação, cada um deles com o seu
ciclo de vida e as suas experiências.

Assim, durante todos os questionários e entrevistas devemos compreender primeiro o publico

alvo para depois podermos interagir com os mesmos de forma que entendam o nosso
objetivo.

As técnicas de investigação são sempre aplicadas em determinadas situações sociais

constituindo relações sociais entre os agentes sociais com graus diversos de pode. Esta
circunstancia obriga o investigador a uma permanente vigilância sociológica sobre o próprio
processo de pesquisa.

 Etapas da investigação
Etapa 1: pergunta de partida

Etapa 2: exploração

Etapa 3: problemática teórica

Etapa 4: construção de um modelo de análise/elaboração das hipóteses teóricas

Etapa 5: observação/seleção e aplicação dos métodos e técnicas de investigação

Etapa 6: análise das informações

Etapa 7: conclusões