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De perto ninguém é normal: a eficácia do discurso científico em O alienista

Jacimara Vieira dos Santos[1]

RESUMO: Este trabalho pretende examinar a eficácia discurso científico a partir do conto O
alienista, de Machado de Assis.
Publicado entre outubro de 1881 e março de 1882, O alienista, fundindo temática e
linguagem, trata a respeito da loucura, dos critérios de classificação das patologias mentais pela
ciência médica e, sobretudo, da autoridade do discurso científico para a sociedade brasileira
(embora, reconheçamos, tal autoridade exceda os limites do Brasil).

PALAVRAS-CHAVE: Literatura. Machado de Assis. Conto. Ciência. Loucura.

Em O alienista, Simão Bacamarte, personagem central deste conto, legitimado pelo status
de médico e, portanto, homem de ciência, empenha-se em ditar o que é normal e o que é patológico
dentre os comportamentos dos membros da cidade de Itaguaí. Assim, utilizando-se de sátira,
sarcasmo e ironia, Machado de Assis, pontua, mediante seus personagens deste conto, as visões do
senso comum acerca do tema da loucura e seus receios e dúvidas diante dos preceitos científicos,
embora a visão popular guarde respeito às teorias científicas. Por outro lado, através de Simão
Bacamarte, o autor expressa os equívocos, absurdos e arrogâncias (senão preconceitos) dos homens
de Ciência.

Em observância ao predomínio da linguagem irônica, convém salientar nossa atenção ao


desgaste semântico sofrido pela palavra ironia, principalmente em se tratando de Machado de Assis.
Parece-nos, pois, um lugar comum no ramo da Literatura Brasileira operar esta classificação e,
portanto, apenas confirmar este foco do cânone sobre a obra machadiana, subtraindo, pois, o sentido
real da ironia:

A ironia representa assim um estágio da consciência em que se


reconhece a natureza problemática da própria linguagem. Chama a
atenção para a tolice potencial de todas as caracterizações lingüísticas
da realidade, tanto para a absurdidade das crenças que ela parodia.

(WHITE, p. 51, 1995)

Conforme podemos inferir, a aplicabilidade do recurso da ironia n’O alienista busca


precisamente identificar, por meio da linguagem, estes absurdos e contra-sensos e, até, firmar um
jogo com a percepção do leitor.

Superpondo a questão da loucura, o autor discorre muito mais sobre a postura da Ciência e a
maneira como esta se impõe à sociedade. Este fato pressupõe uma autoridade no discurso, a
começar pela linguagem, pois que esta, não só nas frases corriqueiramente constituídas pelos
médicos/cientistas procuram ser excludentes, como também pautam por palavras do tipo “jargões
profissionais” ou outras mais específicas, de modo a sobrevalorizar a si (enquanto classe) ou
confundir o senso comum.

Subentendemos, também, a partir do conto, que a Ciência reclama o título de verdade.


Neste ponto, Machado de Assis concentrando suas críticas, adota uma postura desafiadora ao longo
do conto, de modo a suscitar a fragilidade dos critérios de verdade. De acordo com Foucault:

(...) a questão da verdade, o direito que ela se dá de refutar o erro e de se opor à aparência, a
maneira pela qual alternadamente ela foi acessível aos sábios, depois reservada apenas aos
homens de piedade, em seguida retirada para um mundo fora de alcance, onde
desempenhou ao mesmo tempo o papel de consolação e de imperativo, rejeitada enfim
como idéia inútil, supérflua, por toda parte contradita – tudo isso é uma história, a história
de um erro que tem o nome de verdade? A verdade e o seu reino originário tiveram sua
história na história.(FOUCAULT, 1979, p. 19)

Mediante tal observação de Michel Foucault acerca da história da verdade, encontramos


uma paridade entre este recorte de sua teoria e as críticas machadianas pois, em qualquer período
que seja, atribuir legitimidade e veracidade foram títulos reservados aos poucos eleitos, a
determinadas classes e a certos indivíduos carregados de titularidades. Com o advento da Ciência,
esta se torna o respaldo das mais variadas verdades. Assim, mostra-se viável traçarmos este paralelo
entre a obra machadiana em questão e a crítica ao discurso científico. Obviamente, estamos atentos
à temporalidade e, por conseguinte, aos riscos de anacronismos.

Mas, em observância ao que foi anteriormente afirmado, a verdade da ciência de que trata
Machado de Assis é a ciência de seu tempo: Ciência Positivista ( o que implica na longa trilha do
Positivismo no decorrer da história e sua relação com as teorias Iluministas). Esta é, ainda, a ciência
petulante que a tudo prova, que detém o direito à verdade . Representando esta realidade, Machado
de Assis traz Simão Bacamarte.

Em consonância com aquela ciência, Simão Bacamarte utiliza-se de métodos e


experimentações que primam pela prova. Contudo, para este personagem, o conceito de loucura não
é rígido e, por isso, Itaguaí transforma-se, justamente, em campo de prova para suas hipóteses
científicas.
Importante notar que, de início, nesta trama de Machado de Assis, a população está absorta
no discurso científico e não faz objeção às teorias do médico. Quando, porém, aparecem
contestações aos atos de Simão Bacamarte, Machado de Assis registra na linguagem dos dissidentes
os clichês, as retóricas vazias e os discursos inconsistentes, indicando, talvez, que é mesmo
necessário dominar vocabulários e formar frases de efeitos para, assim, firmar a autoridade de um
discurso. Em certas ocasiões, até mesmo os discursos dos simpatizantes de Simão Bacamarte vez
por outra caem em expressões desgastadas. Parece-nos, porém, que as pessoas tendem a acatar
qualquer discurso bem articulado ou até mesmo mal articulado, rompendo com a estrutura
significado/significante, mostrando a desconexão entre as frases e o contexto – arma eficiente da
retórica muitas vezes oca, marcadas também por silogismos e sofismas, capazes de seduzir aos
desavisados. Isto posto, pode-se, inclusive, depreender a inclinação da população brasileira aos
discursos rebuscados.

Há, porém, momentos do conto em que Simão Bacamarte mostra-se um homem de poucas
palavras, lacônico e frio como convém aos homens de ciência. É, portanto, um isolamento na
linguagem, pois somente Simão Bacamarte é o iniciado nos segredos da Ciência:

As despedidas foram tristes para todos, menos para o alienista. Conquanto as lágrimas de
D. Evarista fossem abundantes e sinceras, não chegaram a abalá-lo. Homem de ciência, e só
de ciência, nada o consternava fora da ciência; e se alguma coisa o preocupava naquela
ocasião, se ele deixava correr pela multidão um olhar inquieto e policial, não era outra coisa
mais do que a idéia de que algum demente podia achar-se ali misturado com gente de
juízo.(MACHADO DE ASSIS,1968, p. 20)

Ser um homem de Ciência é situar-se acima dos mortais comuns e suas frivolidades, seus
excessos sentimentais, de acordo com o exposto acima.

Para Machado de Assis, as palavras revestem atitudes críticas; muito provavelmente por
isso, atribuiu o nome “Canjica” aos representantes populares que se opunham a Simão Bacamarte –
opção por uma denominação da culinária popular, sem maiores requintes, de simplicidade e fácil de
manobrar.

Simão Bacamarte é, por sua vez, um tipificado sujeito iluminista, para o qual a razão à luz
da ciência tudo explica, tudo resolve e dá as provas. Personificando, inclusive, o perfil do
intelectual comum, Simão Bacamarte é sério, compenetrado, incapaz de brincadeiras, objetivo e
cauteloso para com sentimentos ou gostos estéticos. Bem assim, porque escolhe para sua esposa
Dona Evarista, menos por apreços do que por convicção científica:
Simão Bacamarte explicou-lhe que D. Evarista reunia condições fisiológicas e anatômicas
de primeira ordem, digeria com facilidade, dormia com regularidade, tinha bom pulso, e
excelente vista; estava assim apta para dar-lhe filhos robustos, sãos e inteligentes. Se além
dessas prendas, - únicas dignas da preocupação de um sábio, D. Evarista era mal composta
de feições, longe de lastimá-lo, agradecia-o a Deus, porquanto não corria o risco de preterir
os interesses da ciência na contemplação exclusiva, miúda e vulgar da consorte.
(MACHADO DE ASSIS,, 1968, p. 11)

Sem dúvidas, prevalece nesta passagem do conto a ironia de Machado de Assis, chamando a
atenção para a completa desumanização das relações entre os homens, vista, antes a partir de
conveniências que artificializam estas relações. Os determinismos biológicos de que se vale Simão
Bacamarte denunciam exatamente os abismos criados pela ciência. Por ser exata, a ciência
pressupõe uma isenção somente possível se houvesse a supressão da dimensão sentimental humana.
Antes de buscar uma mulher a quem amasse, Simão Bacamarte opta friamente por aquela que lhe
parece capaz de fornecer ampla e saudável prole.

Presumivelmente, Machado de Assis , em O alienista, faz mesmo uma referência ao


Positivismo científico. Temos, pois, uma ciência cega e que, contudo, tem o poder de classificar o
que bem lhe aprouver e, mormente, põe no mesmo patamar espécie humana e espécies vegetais,
animais e minerais pois todos se transformam, indiscriminadamente, em potenciais objetos de
estudo. A querela principal, neste caso, não é ter objetos de estudo, mas, sim, o reducionismo, isto é,
a subtração que o cientista faz ao transformar estes ditos objetos em instrumentos funcionais, em
cobaias – num sentido mais depreciativo, de maneira a retirar o brio e a espontaneidade das
criaturas e dos variados sistemas vivos que compõem o mundo. Assim, o ser humano seria, sob o
viés da Ciência, apenas um organismo vivo. Seus caracteres subjetivos, tais como o pensamento, os
gostos, os valores morais e espirituais seriam preteridos pelo fisiologismo. Em síntese, podemos
detectar, nesta Ciência retratada por Machado de Assis, traços fundamentais do Positivismo, que
assim podemos resumir:

A sua hipótese fundamental é de que a sociedade humana é regulada por leis naturais, ou
por leis que têm todas as características das leis naturais, invariáveis, independentes da
vontade e da ação humana, tal como a lei da gravidade ou do movimento da terra em torno
do sol: pode-se até procurar criar uma situação que bloqueie a lei da gravidade, mas isso se
faz partindo de que essa lei é totalmente objetiva, independente da vontade e da ação
humana. Deste modo, a pressuposição fundamental do positivismo é de que essas leis que
regulam o funcionamento da vida social, econômica e política, são do mesmo tipo que as
leis naturais e, portanto, o que reina na sociedade é uma harmonia semelhante à da
natureza, uma harmonia natural.(LOWY, 1998, p.36)

Depreendemos, então, que aquela Ciência de que nos fala Machado de Assis através de
Simão Bacamarte, sentencia que é possível unificar os métodos de análise dos fenômenos, seja para
tratarmos de aspectos do social (e o ato social é exclusivamente humano), seja para dar conta da
natureza. Daí, da mesma forma como as ciências da natureza são objetivas, neutras, isentas de
juízos de valor, de resquícios ideológicos, etc., assim também é possível ao homem de ciência
adotar uma postura imparcial. Esta imparcialidade também eliminaria o fator
sentimental/emocional. Neste ponto, a escolha de Simão Bacamarte por sua esposa (Dona Evarista)
a partir dos fatores biológicos, justifica-se.

A razão, princípio idolatrado pelo alienista, aparece como supra-sumo do saber, tal como nos
pressupostos iluministas dos séculos XVII/XVIII, segundo os quais este apreço à razão daria cabo
de todos os problemas da humanidade. Com o advento do pensamento iluminista, que reclamava
para si a clareza e a razão, todos os demais meios de conhecimento, a despeito da Mitologia, do
senso comum e de várias outras instâncias de saber foram relegados à depreciativa categoria de
trevas (até mesmo a Idade Média e seu modo teológico de explicação recebeu o nome de Idade das
Trevas) e o sujeito em processo de conhecimento, por sua vez, é o aluno: aquele que não detém a
luz. O Iluminismo e o Positivismo têm raízes em comum:

Pode-se dizer que o positivismo moderno é filho legítimo da filosofia das luzes e, da
mesma maneira que esta filosofia, ele tem em um primeiro período um caráter utópico, quer
dizer, é uma visão social do mundo de dimensão utópica, crítica e, até certo ponto,
revolucionária. (LOWY, 1998, p. 37)

Inferimos, portanto, que o Positivismo que contaminará todas as ciências, e em maior grau a
ciência natural (fundamentalmente a medicina), surge com base em critérios da razão e objetivando
superar preconceitos e combater às doutrinas das classes dominantes do período. A experiência
temporal, contudo, mostrou a falência destes intuitos, suas falhas e suas impossibilidades e
inadequações. Somos forçados a ceder ao clichê literário e afirmar o quanto Machado de Assis
adianta-se aos postulados futuros acerca das ciências. O autor mostra-nos Simão Bacamarte em suas
peripécias científicas encarnando este perfil de homem da ciência:

Suponho o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr, Soares, é ver se posso extrair
a pérola, que é a razão; por outros termos, demarquemos definitivamente os limites da
razão e da loucura. A razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí a insânia,
insânia e só insânia. (MACHADO DE ASSIS, 1968, p. 23)

Contrariamente ao que poderíamos ser induzidos a pensar, Machado de Assis não parece
desmerecer à Ciência em favor da defesa do senso comum. Ao contrário, considerando a Ciência
enquanto ramo do saber (e muitos são os saberes), reclama para esta um lugar de desvelamento, isto
é, um saber sem uma verdade única e absoluta e, antes, um saber que, tal qualquer outro, recobre-se
por véus. Ao cientista, como àquele que pretende conhecer, pesquisar ou descobrir, cabe retirar estes
véus sem, contudo, arrogar chegar a uma verdade última. E assim o saber é contínuo e o discurso do
cientista deveria, então, pautar pelo provisório e não pelo determinismo.

Machado de Assis dá claros indicativos desta necessidade de contenção no discurso


científico e de moderação, que deveriam ser indispensáveis à Ciência, pois que assim age Simão
Bacamarte:

Trata-se de coisa mais alta, trata-se de uma experiência científica. Digo experiência, porque
não me atrevo a assegurar desde já a minha idéia; nem ciência é outra coisa, Sr. Soares,
senão uma investigação constante. Trata-se, pois, de uma experiência que vai mudar a face
da terra. A loucura, objeto dos meus estudos, era te agora uma ilha perdida no oceano da
razão; começo a desconfiar que é um continente. (MACHADO DE ASSIS, 1968, p. 21-22)

Observemos, contudo, que ao passo que Machado de Assis fala da ciência como um saber
passível de constantes revisões, mostra o ego exacerbado do homem de ciência, preocupado em
firmar seu nome como um grande e sublime ser, acima dos demais, capaz de enxergar além da visão
mediana dos demais seres sociais. A dita experiência que mudaria a face da terra mostrou-se
ineficaz.

Sobre a desconfiança acerca de a loucura ter limites vastos, esta hipótese torna-se o
passaporte para que Simão Bacamarte venha a cooptar pessoas dos mais variados comportamentos.
Pessoas que aos olhos dos não-cientistas seriam normais, diante do argumento científico, são
enquadradas como loucas e postas à mercê da Casa Verde.

Por sua vez, a noção de senso comum trazida por Machado de Assis n’ O alienista estipula
uma validade pela tradição que, vulgarmente, convencionou-se rebaixar a superstição ou a um saber
menor, pois que geralmente, os fenômenos são explicados de forma simplória e também
determinista.

Interessante notar que ao fim de toda a trama, já percorridos os caminhos da sede de poder
tantos dos personagens populares quanto do próprio alienista, Simão Bacamarte encontra-se
voluntariamente à disposição do seu claustro (a casa Verde). Novamente, Machado de Assis infere
que a Ciência pode tornar-se vítima de si própria:
A aflição do egrégio Simão Bacamarte é definida pelos cronistas itaguaiaenses como uma
das mais medonhas tempestades morais que têm desabado sobre o homem. Mas as
tempestades só aterram os fracos; os fortes erijam-se contra elas e fitam o trovão. Vinte
minutos depois alumiou-se a fisionomia do alienista de uma suave claridade.
Sim, há de ser isso, pensou ele.
Isso é isto. Simão Bacamarte achou em si os característicos do perfeito equilíbrio mental e
moral; pareceu-lhe que possuía a sagacidade, a paciência, a perseverança, a tolerância, a
veracidade, o vigor moral,a lealdade, todas as qualidades enfim que podem formar um
acabado mentecapto. (MACHADO DE ASSIS, 1968, p. 60)

Aqui vemos o quanto Machado de Assis apela aos adjetivos para dar conta do grande ego do
cientista e, assim, além de classificá-lo como egrégio, anunciar uma tempestade moral sobre si. Em
princípio, utiliza-se das noções de fraqueza e fortaleza que são, subentendidamente, alusões às
teorias darwinistas traduzidas vulgarmente como “só os fortes sobrevivem”. Secundariamente, o
uso das imagens de luz também dá idéia de referência à razão (alumiou-se; suave claridade), para
preceder à resolução de Simão Bacamarte. Seria, grosso modo, o apogeu de um novo Narciso que,
por encanto por si mesmo, afoga-se na própria vaidade.

E é com as melhores intenções possíveis que Simão Bacamarte lança mão de meios
arbitrários de classificação de patologias psíquicas, sem, entretanto, após tal jornada, conseguir
estabelecer o tipo normal de comportamento humano.

Mas o ilustre médico, com os olhos acesos de convicção científica, trancou os ouvidos à
saudade da mulher, e brandamente a repeliu. Fechada a porta da Casa verde, entregou-se ao
estudo e à cura de si mesmo. Dizem os cronistas que ele morreu dali a dezessete meses, no
mesmo estado em que entrou, sem ter podido alcançar nada. Alguns chegam ao ponto de
conjeturar que nunca houve outro louco além dele em Itaguaí; mas esta opinião, fundada
em um boato que correu desde que o alienista expirou, não tem outra prova senão o boato; e
boato duvidoso, pois é atribuído ao padre Lopes, que com tanto fogo realçara as qualidades
do grande homem. (MACHADO DE ASSIS, 1968, p. 61)

Importante notar que por último o autor trabalhará com a noção de boato. Claro, trata-se
aqui de afirmações que não partiram de um homem de ciência e, deste modo, não teria validade e
respaldo da veracidade. É um recurso de Machado de Assis para corroborar a noção de eficácia do
discurso científico.

Respeitando a distância temporal entre o tratado ficcional machadiano e a ciência


contemporânea, temos em O alienista uma rica contribuição para discutirmos a ciência e as
variáveis do discurso científico.

No campo das ciências, na contemporaneidade, novas hipóteses e formulações aparecem


sobre um mesmo fenômeno (e isto não se limita às ciências naturais, mas à totalidade das ciências)
e tendem a se enfrentarem nos diálogos e discussões específicos. Assim, os consensos científicos
que daí derivam são, pois, verdades científicas perecíveis, temporais, duráveis até à próxima
contestação. Contudo, ainda hoje, resistem querelas relativas à diferença de métodos entre as
ciências, ao questionamento a respeito do que é ser ciência e à complexidade do corpus científico,
responsável pela divisão entre Ciência Humana, Ciência Exata; Ciências Biológicas, etc. Ser ciência
é, ainda, um status, um lugar almejado por muitos para conferir validade ao seu discurso. Neste
ínterim, localizamos a pertinência das idéias e provocações de Machado de Assis.

REFERÊNCIAS

FOUCALT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.

LOWY, Michael. Ideologias e ciência social: elementos para uma análise marxista. 12 ed., São
Paulo: Cortez, 1998.

MACHADO DE ASSIS. O alienista. São Paulo: Aggs indústrias gráficas, 1968.

WHITE, Hayden. Meta-história: a imaginação histórica do século XIX. 2ª ed. – São Paulo: Editora
da Universidade de São Paulo, 1995. (Coleção Ponta, v. 4)

[1]Mestre em Literatura e Diversidade Cultural pela UEFS, doutoranda em Letras pela UFBA,
professora substituta da UNEB campus XXIV.

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