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Métodos de investigação da psicologia

Metodologia de investigação baseada na entrevista


A técnica da entrevista
O objetivo da análise qualitativa das entrevistas consiste em obter descrições sobre o universo
pessoal do entrevistado, interpretando o significado dos fenómenos relatados e a forma (expressão)
como são relatados.

Procura o conhecimento qualitativo expresso em linguagem corrente e procura obter descrições


abertas sobre dimensões da vida do entrevistado.

Evita opiniões gerais procurando assim situações específicas e sequências de ação.

O entrevistador mostra-se ingénuo, aberto a fenómenos novos e inesperados e não demonstra


expectativas.

O entrevistador define os temas mas não é rigidamente estruturado nem completamente não
diretivo.

O discurso do entrevistado pode demonstrar ambiguidade e contradições em relação ao tema e


a entrevista pode implicar mudanças (insights) no entrevistado e constituir uma experiência
enriquecedora.

Entrevistadores diferentes podem produzir interpretações diferentes, dependendo da sua


sensibilidade e conhecimento do tema.

O conhecimento obtido é produzido no decurso de uma situação de relação interpessoal.

Critérios de qualidade da entrevista:

→ As respostas do entrevistado serem espontâneas, ricas, específicas e relevantes para os objetivos


de estudo
→ As respostas do entrevistado serem mais longas e as perguntas do entrevistador mais reduzidas
→ O entrevistador tem de clarificar e acompanhar o significado dos aspetos relevantes da resposta
→ A análise de conteúdo tem de ser feita ao longo da entrevista
→ O entrevistador tem de verificar as suas interpretações sobre o discurso do entrevistado ao
longo da entrevista
→ A entrevista comunica em si mesma e dispensa muitas descrições e explicações adicionais

Tipos de perguntas de entrevista – guião:

→ Introdutórias
→ Acompanhamento (follow up)
→ Exploração
→ Especificação
→ Diretas
→ Indiretas
→ Estruturadoras
→ Silêncio
→ Interpretação

Perguntas introdutórias

→ Questões abertas que pretendem despoletar descrições espontâneas e ricas


→ O sujeito transmite a sua experiência em relação às principais dimensões dos
fenómenos/variáveis investigadas. Exemplo: “pode descrever um episódio em que …”, “pode
contar a história de um dia de trabalho …”.
→ O resto da entrevista pode então proceder como um seguimento das dimensões introduzidas
pelo entrevistado nas histórias contadas

Perguntas de acompanhamento (follow up)

→ As perguntas dos indivíduos podem ser desenvolvidas com base na atitude critica, curiosa e
persistente do entrevistador, isto pode ser feito através de questões diretas sobre o que foi dito,
apenas acenar a cabeça ou apenas uma pausa pode indicar ao entrevistado que deve continuar
a descrição
→ Repetir palavras significativas de resposta pode conduzir a novas elaborações
→ É importante identificar o que é importante para o entrevistado mas ao mesmo tempo manter
em mente as questões de investigação

Perguntas de exploração

→ O entrevistador persegue a resposta tentando explorar o seu conteúdo mas sem formular quais
são as dimensões a ter em conta

Exemplo: “poderia dizer algo mais a esse respeito?”, “pode fornecer uma informação mais detalhada?”,
“tem outros exemplos disso?”

Perguntas de especificação

→ O entrevistador também pode acompanhar as perguntas através de questões mais operacionais.


Exemplo: “o que pensou nessa altura?”, “o que sentiu?”, “como reagiu?”
→ Se a entrevista se tornar muito generalista o entrevistador pode obter informações mais
concretas e precisas. Exemplo: “e o senhor experimentou isso?”

Perguntas estruturadas

→ O entrevistador é responsável pela condução de uma entrevista e deve informar quando um


tema se esgotou
→ O entrevistador pode, de modo direto e diplomático quebrar respostas longas e irrelevantes
para o tópico da investigação. Exemplo: “eu gostaria de introduzir um novo tópico”

Silêncio

→ Em vez de “bombardear” o entrevistado com perguntas, o entrevistador deve seguir o exemplo


dos psicoterapeutas na utilização do silêncio para levar a entrevista mais além
→ Permitindo pausas na conversação dá-se tempo ao sujeito para associar e refletir e então
quebrar o silêncio com informação significativa
Questões éticas
O tema de estudo para além do interesse científico deve implicar uma melhoria da situação
humana investigada.

Antes da entrevista é necessário obter o consentimento informado do entrevistado para


participar no estudo, assegurando a confidencialidade e informando sobre as possíveis consequências
do estudo.

Na situação da entrevista, deve assegurar-se a confidencialidade do discurso do entrevistado e


devem ser tidos em conta o stress e a mudança da auto-imagem do entrevistado que podem decorrer
da entrevista, isto é, a proximidade entre a entrevista terapêutica e a entrevista de investigação.

Na transcrição deve assegurar-se a confidencialidade bem como a transcrição fiel do discurso


oral.

Na análise de conteúdo colocam-se as questões éticas da profundidade e da interpretação que é


posível o investigador extrair do discurso do entrevistado.

O entrevistado deve poder pronunciar-se sobre a análise aos seus comentários.

O relatório do estudo deve fornecer informação suficiente, segura e verificável, para ser possível
a verificação do estudo.

A apresentação dos resultados deve respeitar a confidencialidade, bem como as consequências


para o entrevistado e para os grupos ou instituições que representa.

Metodologia de investigação – métodos descritivos – método de observação


Métodos descritivos: método de observação
Observação científica
→ É realizada sob condições definidas de modo objetivo, sistemático e rigoroso
→ Pretende descrever o comportamento da forma mais completa e precisa possível
→ Instrumento importante na recolha de dados para psicólogos, antropólogos, sociólogos e
etólogos
→ A observação pode ocorrer no contexto natural ou de laboratório

É impossível observar todo o comportamento. A recolha de amostras de observação devem ser


representativas do comportamento alvo.

O comportamento muda dependendo do contexto em que ocorre e de quem nos observa.


Exemplo: em sala de aula, com amigos, família, sozinhos.

O comportamento pode resultar em facilitação social (desempenho melhorado) ou inibição


social (desempenho perturbado).

Os cientistas nem sempre registam o comportamento passivamente, por vezes intervêm para
criar situações de observação específicas.
Métodos de observação direta:

→ Sem intervenção – naturalista


→ Com intervenção – observação do participante, observação estruturada e experiências de campo

Métodos de observação indireta (não reativa):

→ Traços físicos
→ Registos de arquivo

Observação sem intervenção – Naturalista


Tem como objetivo descrever o comportamento tal como ele naturalmente ocorre e analisar as
relações entre as variáveis observadas.

Consiste na observação de um comportamento em contexto natural sem qualquer tentativa de


intervenção (controlo ou manipulação) por parte do observador.

O investigador age como um gravador passivo do que ocorre.

Quando questões éticas impedem a manipulação experimental de certas variáveis a observação


naturalista é uma estratégia importante.

O contexto de laboratório consiste em montar uma situação com o objetivo de despoletar um


comportamento específico numa situação de observação.

Objetivos da observação naturalista:

→ Descrever o comportamento como ele habitualmente ocorre e investigar a relação entre as


variáveis presentes
→ Estabelecer a validade externa dos resultados obtidos em laboratório e trazer o laboratório para
a realidade

Limitações à observação

→ Por questões éticas ou pela raridade de algumas situações e contextos apenas é possível
observar estes processos em animais, meninos selvagens, situações provocadas pelos pais e em
crianças institucionalizadas. Exemplo: impacto do isolamento precoce no desenvolvimento

Os etólogos usam muito a observação naturalista. Exemplo: ectogramas ou reportório


comportamental que são catálogos completos de todos os comportamentos de um organismo,
incluindo duração, frequência e contexto.

Também se tem revelado útil para compreender o comportamento humano normal e


patológico. Exemplo: estudo de perturbações psiquiátricas baseadas na descrição compreensiva do
comportamento facial de indivíduos com esquizofrenia

Observação com intervenção


É o tipo mais comum em psicologia.
Os investigadores intervêm na situação devido às seguintes razões:

→ Desencadear eventos pouco frequentes na natureza ou que costumam ocorrer sob condições
que tornam difícil a sua observação
→ Investigar os limites da resposta de um organismo, variando sistematicamente a qualidade de
um evento estímulo
→ Aceder a uma situação que não está disponível à observação naturalista
→ Montar situações específicas para que importantes comportamentos antecedentes possam ser
controlados e comportamentos consequentes possam ser observados
→ Estabelecer uma comparação, manipulando uma ou mais variáveis independentes para
determinar o seu efeito no comportamento

Observação com intervenção – participante


Existem 3 tipos de observação com intervenção:

→ Observação participante
→ Observação estruturada
→ Experiência de campo

Observação participante

Os observadores desempenham um papel duplo, ou seja, observam o comportamento e


participam ativamente na situação que estão a observar. Podem viver e trabalhar durante um período
de tempo com os membros de um grupo.

Pode ser camuflada ou não camuflada.

Não camuflada

→ Os participantes sabem que o observador está presente com o objetivo de recolher informação
acerca do seu comportamento
→ Muito usado por antropólogos que procuram compreender a cultura e o comportamento de
grupos

Camuflada

→ O comportamento das pessoas altera-se quando sabem que estão a ser observadas
→ Os investigadores podem decidir camuflar o seu papel de observador se acreditam que as
pessoas não vão agir como naturalmente agiriam
→ Esta situação pode levantar questões éticas

Exemplo de estudo:
Um grupo de psicólogos finge sintomas psiquiátricos (ouvir vozes) e dão entrada em 12 hospitais
psiquiátricos.

Todos cessam os sintomas no momento seguinte ao diagnóstico. Porém permanecem


hospitalizados após o internamento até terem alta, entre 7 a 52 dias, dependendo do hospital. Foi
diagnosticada uma esquizofrenia em remissão.
A observação participante camuflada foi bem sucedida, exceto quando alguns pacientes
suspeitavam dos observadores.

A observação participante camuflada permite observar situações que não estão disponíveis à
observação científica. Exemplo: organizações criminosas, grupos extremistas

Exemplo: Griffin mascarou-se de negro e viajou a pé, à boleia e de autocarros pelo sul da américa.
Registou as suas experiências como observador participante e escreveu um livro com o título “Negro
como eu”.

Limitações da observação participante

Têm a ver com a influência que um observador participante pode ter no comportamento sob
observação e que não é fácil de avaliar, isto é:

→ Quando um grupo é pequeno e quando a participação do observador é proeminente, a sua


ação pode ter um efeito no comportamento dos participantes
→ O investigador ao usar esta técnica e participar num grupo deve lidar com a possível perda de
objetividade

Kirkham fez formação e integrou a polícia ao longo do processo de investigação e notou


mudanças nas suas atitudes e na sua personalidade.

Observação com intervenção – estrutura


As observações estruturadas são situações de observação montadas para registar
comportamentos difíceis de observar em contexto naturalista.

São muito usadas por clínicos e psicólogos do desenvolvimento.

Frequentemente, o investigador intervém de forma a causar a ocorrência de um evento ou cria


uma situação de forma que os eventos possam ser mais facilmente registados do que seriam sem
intervenção.

Podem ocorrer num contexto natural ou em laboratório. Exemplo: natural- podem usar
observação estruturada para analisar a interação pais-crianças no jardim; laboratório – situação
estranha, Ainsworth

O grau de intervenção e controlo sobre as variáveis é menor do que o realizado em experiências


de campo.

Em alguns casos o observador pode criar procedimentos elaborados para investigar um


comportamento em particular mais a fundo.

Piaget usou muito este método, apresentou problemas muito específicos para as crianças
resolverem e forneceu variações do problema para testar os limites da sua capacidade de resolução e
durante a observação questionou-as para aceder ao seu processo de raciocínio.

A observação estruturada representa um meio termo entre a observação naturalista, sem


intervenção, e o controlo e manipulação sistemática de variáveis independentes da experiência de
laboratório.
Vantagem:

→ Permite que a observação seja realizada em condições mais naturais do que as condições
artificiais de laboratório

É importante assegurar a consistência nos procedimentos e nas situações de observação ao


longo das várias observações.

Variáveis não controladas e às vezes desconhecidas podem representar um importante papel em


produzir o comportamento sob observação

Podem ocorrer problemas/limitações em interpretar os resultados das observações estruturadas


se os mesmos procedimentos de observação não são seguidos em todas as observações, por todos os
observadores ou quando variáveis importantes não são controladas.

Medidas indiretas (não reativas) do comportamento


Medidas indiretas / não reativas:

→ São métodos que não exigem observação ou questionamento direto das pessoas
→ Os investigadores podem obter informação importante acerca do comportamento das pessoas
examinando traços físicos (marcas, vestígios) do comportamento (graffitis, desgaste de soalhos)
ou de registos de arquivo (álbuns de fotografias escolares, documentos oficiais)
→ Quando o investigador recolhe dados com estas medidas o individuo geralmente não está
presente, o que torna estas medidas particularmente não reativas

Medida reativa:

→ É quando os participantes estão conscientes da presença do observador e isso afeta o


comportamento. Exemplo: observação e inquérito
→ São importantes porque fornecem informação útil e são um meio de confirmar a validade de
resultados através de outros métodos de inquérito ou de observação direta

Traços físicos
Consiste na análise de vestígios, reminiscências, fragmentos ou produtos do comportamento
passado produzidos pelos indivíduos. Exemplo: produtos artísticos, de consumo e de uso, lixo
produzido, etc)

Em alguns estudos podem ser as únicas medidas utilizadas, mas é mais comum que sejam
combinadas com outras medidas.

Abordagem multi-método:

→ Consiste em incluir vários tipos de medidas diferentes do comportamento num estudo


→ É útil porque reduz a probabilidade de resultados científicos se deverem a limitações resultantes
de um único processo de medida
→ Um resultado é tanto melhor quanto mais for suportado em evidências obtidas através da
aplicação de uma combinação de diferentes medidas
Traços físicos, de uso:

→ São vestígios e evidências físicas que resultam do uso ou não de um item. Exemplo: restos de
cigarros em cinzeiros, marcas feitas em livros, desgaste de soalhos

Traços físicos, produtos:

→ São criações, construções ou outros artefactos de comportamentos anteriores


→ Produtos de culturas antigas que sobreviveram permitem descrever padrões de comportamento
em contextos com milhares de anos. Exemplo: vasos, quadros, pinturas rupestres
→ Os tipos de produto que os indivíduos escolhem ou produzem dão indicações acerca do seu
estilo de vida e personalidade. Exemplo: tipo de modelos de carros e extras que escolhem

Registos de arquivo
São documentos arquivados, públicos e privados que descrevem atividades de indivíduos,
instituições, governos e outros grupos, incluem registos de eventos específicos ou registos de dados
contínuos.

Medidas não reativas que fornecem uma alternativa à observação e inquérito. Podem ser usados
para confirmar a validade de outras medidas em estudos multi-métodos para testar hipóteses, conferir
validade externa a resultados de laboratório ou avaliar os efeitos de um tratamento natural.

Registos que a sociedade arquiva e que fornecem informações sobre o comportamento.

Informações sobre os indivíduos, certidões de nascimento, avaliações escolares, compras, cartões


de débito e crédito, cartas de condução, taxas de emprego, registos médicos, email, facebook,
instagram, twitter.

Estudos analisaram a felicidade e os traços de personalidade através da análise de posts de


facebook dos indivíduos.

Informações dos países, governos, instituições, empresas, equipas desportivas e os media.

European Social Survey regista, arquiva e disponibiliza dados sobre países europeus.

Notícias dos media:

→ São outra fonte importante de dados de arquivo


→ Podem encontrar-se vários registos, desde relatórios da bolsa de valores a estatísticas de um
crime, são publicados em jornais, televisão, rádio e internet
→ O conteúdo destas notícias é uma forma de registo de arquivo e são passíveis de análise de
conteúdo

Exemplo: Philips estudou a hipótese de que “parte do número de mortes originadas por acidentes de
veículos motorizados são na verdade suicídios camuflados e que tal como os outros suicídios
aumentam (suicídios imitativos) após a notícia de um episódio de suicídio difundido nos media”.
Comparou a frequência de acidentes por veículos na semana após notícias de suicídios (períodos
experimentais) com períodos de controlo. Os dias de controlo foram semelhantes em termos do dia da
semana, presença ou ausência de férias e altura do ano.
Classificação dos métodos de observação
Amostras de comportamento

→ Amostras temporais
→ Amostras situacionais

Registar o comportamento

→ Registos narrativos/qualitativos
→ Registos seletivos/quantitativos

Análise dos dados de observação

→ Redução dos dados – análise de conteúdo


→ Fidelidade do observador

Pensamento crítico em relação à investigação por observação

Amostragem de comportamento
→ Quando não é possível observar todo o comportamento registam-se amostras representativas
do comportamento
→ Dependendo da amostra recolhida do comportamento as observações podem ser mais ou
menos generalizáveis à totalidade das observações (validade externa)
→ Só é possível generalizar os comportamentos observados para indivíduos, momentos, contextos
e condições semelhantes às da observação
→ A amostra de comportamento deve ser em tudo semelhante aos comportamentos que pretende
representar. Exemplo: estudantes, observação em sala de aula, início do ano letivo é diferente do
fim do ano letivo

Validade externa:

→ Obtém-se quando os resultados de uma investigação podem ser generalizados para uma ampla
variedade de populações, contextos e condições para além das do estudo

Amostragem temporal
→ Consiste em recolher amostras representativas do comportamento em observação escolhendo
vários intervalos de tempo distintos
→ Podem ser selecionados sistematicamente, aleatoriamente ou ambas. Exemplos:
sistematicamente – 1º, 3º, 5º dia de cada semana; aleatoriamente – crianças no infantário,
observações sistemáticas ao longo do dia, 10min de 30 em 30min ou em vários períodos de
10min distribuídos aleatoriamente ao longo do dia

Métodos de amostragem aleatória com sistemas eletrónicos (experience sampling method):

→ São bips eletrónicos que podem ser programados para alertar os participantes para registar
pensamentos, atitudes ou situações numa agenda de tempo aleatória ao longo do dia
Amostragem por evento
→ É mais adequada quando os comportamentos de interesse ocorrem com pouca frequência, o
observador regista cada evento que cumpre uma definição pré-determinada. Exemplo:
brincadeira sociodramática criança, às casinhas
→ Pode introduzir enviesamento no registo do comportamento
→ Os investigadores podem ter a tendência de procurar momentos em que o comportamento de
interesse vai ocorrer e esse comportamento pode não ser representativo dos mesmos
comportamentos noutras situações
→ Só é possível obter uma amostra verdadeira/representativa dos comportamentos se alguma
forma de aleatorização for utilizada

Amostragem situacional
→ Envolve estudar comportamentos em diferentes localizações e sob diferentes circunstâncias e
condições
→ Usar a amostra por situação promove a validade externa dos resultados
→ Envolve observar ao mesmo tempo em tantas localizações e condições diferentes que se reduz a
possibilidade de resultados se deverem a um conjunto específico de circunstâncias ou condições

Exemplos:

a) As crianças comportam-se de modos diferentes com diferentes adultos


b) Capacidade de concentração na biblioteca, recolha no período da manhã e à tarde
c) Opções alimentares em estudantes na cantina, hora de ponta, só alguns alunos aleatoriamente
ou sistematicamente de 10 em 10 sujeitos

Pode usar-se uma combinação de amostragem temporal e situacional.

Quanto à quantidade do comportamento gravado:

Todo ou quase todo:

→ Regista-se o comportamento em vídeo, áudio ou descrições verbais longas do comportamento


quando se pretende uma descrição compreensiva do comportamento

Unidades específicas do comportamento:

→ Registam-se apenas os comportamentos que estão relacionados com o objetivo de investigação


do estudo em particular. Abordagem mais frequente

Registo do comportamento na observação


Os objetivos das investigações vão determinar se os investigadores procuram uma descrição
compreensiva/abrangente do comportamento ou se procuram a descrição de apenas alguns
comportamentos.

Um aspeto importante do registo de comportamento é o grau em que o comportamento é


isolado da situação em que foi observada. Os investigadores podem procurar uma descrição
compreensiva do comportamento e da situação em que ele ocorre ou focar apenas nos aspetos do
comportamento ou acontecimentos.
A forma como o comportamento vai ser registado também depende do tipo de análise que o
investigador pretende fazer.

Qualitativa

→ Se os resultados de uma investigação são apresentados sob a forma de descrições verbais e


argumentos lógicos

Quantitativa

→ Se os resultados da investigação enfatizam a descrição estatística dos dados para suportar as


conclusões do estudo

Registos selecionados / quantitativos


É quando os investigadores pretendem recolher apenas alguns aspetos ou eventos específicos
do comportamento, podem recolher medidas selecionadas quantitativas do comportamento.

Numa determinada situação o observador procura registar apenas comportamentos específicos


ou de indivíduos com características especificas ou em situações específicas.

Se os investigadores decidem quantificar ou classificar os eventos podem usar escalas de medida


nominal, ordinal, de intervalo e de razão.

As escalas mais usadas para medir as dimensões psicológicas frequentemente são as de


intervalo. Exemplo: escalas de Likert.

Escalas de medida no registo do comportamento


Medida nominal
→ Quando usamos listas de eventos (check-lists) para registar dados, a presença de características
e a sua proporção ou frequência no total de casos (ex: percentagem de homens e mulheres;
percentagem de solteiros e casados) ou ainda, registar se ocorreu ou não um evento ou
comportamento (ex: percentagem de contacto visual, interação)

Escala ordinal
→ Envolve ordenar as observações segundo determinadas características dos eventos observados
ou segundo uma classificação/avaliação do comportamento observado
→ Neste caso existe uma relação de maior ou menor entre os dados recolhidos mas em que não
sabemos o tempo ou o intervalo entre os lugares. Exemplo: resultado de uma corrida, 1º,2º,3º
lugar; participantes ordenam coisas por preferência ou atratividade

Escala de intervalo
→ Consiste em criar escalões na ordem de relação (maior ou menor) estabelecida entre os dados
observados (conhecendo a dimensão do intervalo)
→ Podemos quantificar não apenas que um evento é superior a outro numa determinada
característica mas também quanto maior é e em quantas unidades de intervalo iguais. Exemplo:
nº de respostas certas num teste de português entre 50 e 70 é igual a entre 70 e 90; classificação
do nível de agressividade, likert 1 muito reduzido, 3 moderado, 7 elevado
Escala de razão
→ Para além de quantificar os dados e ordená-los de acordo com um determinada dimensão e
estabelecer escalões ou níveis na ordenação dos dados ainda tem o zero absoluto ou
significativo. Exemplo: temperatura, peso, distância

Registo do comportamento
Registo e acompanhamento (tracking) eletrónico:
→ O comportamento é medido e acompanhado usando equipamentos eletrónicos de registo

Exemplo: grupo de estudantes usou um fato com medidor ambulatório de pressão sanguínea.
Simultaneamente relataram (através de questionários) estratégias de coping em dias normais e em dias
de exame. Resultados mostram que os estilos de coping “não partilhar sentimentos e culpabilizar-se em
situações de stress” estão associados a níveis superiores de pressão sanguínea.

Método de amostragem experiencial (experience sampling method):


→ Os participantes transportam pagers e quando são alertados pelo bip respondem a itens de um
questionário. Exemplo: estudo sobre variabilidade das emoções, atividades que desenvolvem e
indivíduos com quem estão

Diários quotidianos na internet:


→ Os participantes no final do dia registam informações sobre aspetos que ocorreram durante o
dia. Exemplo: os momentos de stress, as emoções e atividades que desenvolveram

Estes métodos confiam nos auto-relatos dos participantes e não em observações diretas do
comportamento. Posto isto, é importante considerar eventuais enviesamentos na recolha dos dados.

Análise dos dados de observação


Análise de conteúdo:
→ Consiste na organização e classificação dos dados de registo da observação de forma a
responder aos objetivos de investigação
→ Depois do registo da observação do comportamento os investigadores podem analisar
(classificar/ categorizar/ codificar), organizar e relacionar os dados
→ Analisando os dados podem ser testadas hipóteses particulares ou expectativas acerca do
comportamento em observação
→ Se os investigadores registaram o comportamento através de escalas de medida vão realizar
uma análise quantitativa (análises estatísticas, frequências, médias e desvio padrão)
→ Se recolherem dados compreensivos, narrativos ou registos de arquivo podem realizar análises
qualitativas (análise descritiva, de conteúdo, codificação, categorização) e também quantitativas
(contagem de frequências, média e desvio padrão)
Definição de hipóteses
Na maioria das vezes o estudo começa com uma pergunta que depois é explorada através da
revisão bibliográfica e é a partir dela que os investigadores começam a desenvolver uma hipótese
testável.

Exemplo: Num estudo que explora os efeitos de um determinado medicamento a hipótese pode ser
que os investigadores esperam que o medicamento tenha algum tipo de efeito sobre os sintomas de
uma doença específica.

A menos que esteja a estudar algo exploratório, a sua hipótese deve sempre prever o que
espera que aconteça durante o curso do seu estudo empírico.

A hipótese não precisa estar correta porque o objetivo do estudo vai ser determinar se essa
previsão vai estar certa ou errada.

Em muitos casos, os investigadores podem descobrir que os resultados de um estudo não


suportam a hipótese original e ao escrever os resultados podem sugerir outras opções que devem ser
exploradas em estudos futuros.

Uma hipótese é uma afirmação sobre a relação entre 2 ou mais variáveis. Assim, tem que se
incluir as variáveis em estudo e a relação esperada entre elas, ou seja, é uma previsão específica e
testável sobre o que se espera que venha a acontecer num estudo.

Por exemplo: um estudo projetado para analisar a relação entre a privação do sono e desempenho
num teste pode ter uma hipótese que declara: “este estudo foi desenvolvido para avaliar a hipótese de
que as pessoas privadas do sono terão um desempenho pior num teste do que indivíduos que não
estão em privação do sono”

A hipótese expressa o que os investigadores preveem que seja a relação entre 2 ou mais
variáveis.

Em muitos casos os investigadores podem extrair uma hipótese de uma teoria específica ou
basear-se em estudos anteriores.

Por exemplo: estudos anteriores mostraram que o stress pode afetar o sistema imunológico. Assim, um
investigador pode ter uma hipótese especifica de que: “pessoas com altos níveis de stress terão maior
probabilidade de contrair uma constipação comum após serem expostos ao vírus do que pessoas com
níveis baixos de stress”

Antes de chegar a uma hipótese específica devemos dedicar algum tempo à pesquisa
bibliográfica sobre o nosso tema.

Depois de concluir uma revisão da literatura devemos começar a pensar em possíveis perguntas
que ainda temos.

Devemos também prestar atenção à secção de discussão nos artigos que lemos porque muitos
autores sugerem perguntas que ainda precisam de ser exploradas.
Fidelidade no registo e análise da observação
Fidelidade inter-observador (FIO):

→ É o grau de concordância entre vários observadores em relação às observações registados e/ou


analisadas
→ É promovida estabelecendo definições operacionais e critérios de classificação claros dos
comportamentos e eventos a registar, fornecendo formação e treino prático para a observação
→ É útil porque fornece feedback em relação às discrepâncias entre a observação de um
observador e as dos outros
→ A observação simultânea dos mesmos comportamentos por 2 investigadores independentes
aumenta a confiança na validade e precisão das observações
→ Não é necessário que os vários observadores registem os mesmos comportamentos durante
todo o tempo. Podem definir-se amostras de tempo em que as observações em simultâneo
ocorrem e depois é verificada a concordância

Medida de fidelidade inter-observador (FIO)

O cálculo pode ser obtido de 2 formas:

→ Através do cálculo da percentagem de concordância


→ Correlação entre os dados das observações dos vários observadores

Fidelidade no método de observação


Quando os eventos são registados de acordo com categorias mutuamente exclusivas (escala
nominal, sim-não), a fidelidade inter-observador é geralmente acedida usando uma medida de
percentagem de concordância, ou seja:

Nº de vezes em que ambos os investigadores concordam x 100 >85%

Nº de observações em comum (nº de vezes em que podiam concordar)

Estudou o comportamento agressivo em crianças usando concordância de percentagens que


variou entre 83% a 94%, se for superior a 85% é aceitável.

Modelo experimental
O melhor método de investigação é a abordagem multi-método (mixed method).

Conseguimos validade e fidelidade quando obtemos respostas semelhantes às perguntas de


investigação, através do uso de diferentes métodos de investigação.

Cada método, por si, tem limitações, mas os vários métodos têm forças complementares que
ultrapassam estas limitações.

A força especial do método experimental é a sua capacidade para estabelecer relações de causa
e efeito.

O método experimental é adequado para 2 grandes objetivos:

→ Conduzir experiências que testam hipóteses acerca de causas do comportamento


→ Concluir se um programa ou tratamento tem efeito no comportamento
Conduzir experiências que testam hipóteses acerca de causas do comportamento:

Exemplo:

→ Peenebaker testou a teoria da inibição.


→ Hipótese: guardar experiências traumáticas/ dolorosas é negativo para a saúde
→ Conduziu a experiência: grupo 1, escreveu eventos emocionais traumáticos; grupo 2, escreveu
sobre aspetos superficiais do dia-a-dia
→ Resultados: confirmaram a hipótese, o grupo que escreveu sobre eventos traumáticos revelou
melhores resultados de saúde

No caso dos resultados não confirmarem as hipóteses pode ser necessário testar novas
hipóteses e reformular as teorias.

Outro estudo mostrou que expressar eventos emocionais traumáticos através da dança não teve
impacto na saúde.

O resultado sugeriu que escrever (num exercício cognitivo) sobre esses resultados é um aspeto
crítico para causar resultados positivos na saúde.

Avaliar o efeito de um tratamento ou programa de intervenção em variáveis dependentes:

Exemplo:

→ Thomas, tratamento da febre tifoide


→ Grupo 1 – tratada com tratamento médico através de sangramentos
→ Grupo 2 – ausência de tratamento, apenas descanso e boa nutrição (grupo de controlo)
→ Resultados: mostraram que o grupo sob tratamento médico piorou por comparação ao grupo
de controlo que não recebeu tratamento

O estudo concluiu que a doença segue o seu curso e o paciente recupera por si, remissão
espontânea.

A lógica do modelo experimental


Os investigadores manipulam uma variável independente (VI) numa experiência para observar
ou medir o seu efeito no comportamento através de uma variável dependente (VD).

Envolve a manipulação de uma ou mais variáveis (VI) e a medição (observação) dos efeitos desta
manipulação no comportamento (VD).

O controlo experimental é um ingrediente essencial que consiste em manter determinadas


condições ou variáveis constantes (grupo de controlo). Assim, permite aos investigadores fazer a
inferência causal, de que foi a manipulação da VI e não outra variável, que causou a mudança na VD.

Quando não existem explicações alternativas plausíveis para a covariação observada entre as
variáveis, para além da manipulação da VI, o estudo ganha validade interna.

A distribuição homogénea de participantes é outro ingrediente essencial. Explicações alternativas


plausíveis podem ser eliminadas pela distribuição aleatória dos indivíduos entre os grupos experimentais
e de controlo – homogeneidade.
Um estudo experimental tem validade interna, ou seja, quando se pode estabelecer inferência causal
entre 2 variáveis em 3 condições:

Existe covariação VI

→ A condição de covariação consiste em observar a relação uma relação entre a manipulação da


VI e as alterações na VD

Existe uma sequência temporal VI - VD

→ Uma relação de ordem temporal acontece quando existe uma sequência que começa com a
manipulação da VI e que depois acontece uma alteração na VD (resultante da manipulação da
VI)

Eliminação das causas alternativas plausíveis (variáveis parasitas)

→ É conseguida através de procedimentos de controlo, mantendo as situações constantes e uma


distribuição homogénea entre os grupos

Quando estas 3 condições são conseguidas temos validade interna podemos realmente
estabelecer uma relação de causalidade entre a VI e a VD.

Estas 3 condições não estão garantidas quando temos um desenho metodológico com um
grupo de participantes selecionados para um tratamento ou programa com pré-teste (medida antes da
intervenção) e pós-teste (medida depois da intervenção) pois tem fraca validade interna e é difícil inferir
sobre os resultados deste estudo.

Fase 1 Fase 2 Fase 3


Pré teste Tratamento Pós teste
Medição antes Manipulação ou intervenção VI Medição depois

Exemplo de estudo com validade interna:

Consistiu em investigar a memória de testemunhos oculares

Grupo 1 – viu um filme que continha um assalto e uma cena violenta (rapaz a levar um tiro na cara,
com sangue)

Grupo 2 – viu exatamente o mesmo filme do assalto mas sem a cena violenta que foi substituída por
uma cena não violenta em que o gerente de um banco pedia às pessoas para se manterem calmas

Os 2 grupos responderam a 25 questões acerca do filme:

→ 4% dos que viram o filme violento conseguiu recordar detalhes ocorridos antes do tiro
→ 28% dos que viu o filme sem a cena violenta conseguiu recordar detalhes do filme antes do tiro

Concluiu-se então que os eventos emocionalmente chocantes podem dificultar a memória de


detalhes que precedem imediatamente o evento.

Os autores usaram técnicas de controlo de variáveis alternativas tentando manter as condições


constantes nos 2 grupos, ou seja:

→ O filme era exatamente igual, exceto o momento do tiro


→ Foram dadas as mesmas instruções antes do visionamento do filme
→ Mantiveram a situação de visionamento constante (mesma sala)
→ As perguntas no final eram as mesmas

A variação na VI (cena violenta vs não violenta) foi a única variável que diferiu sistematicamente
entre os 2 grupos.

Se a VI (a variável de interesse no estudo) e outra variável externa (alternativa/parasita) tivessem


variado na mesma situação teríamos perda de validade interna.

Já não podíamos garantir que foi a mudança na VI que mudou a VD. A mudança também pode
ter sido gerada por 1 variável alternativa/parasita.

Controlam-se apenas os fatores potencialmente relevantes e não outros não significativos. Ex:
diferenças mínimas da temperatura na sala.

Para que um estudo com 2 grupos independentes tenha validade interna é preciso ainda
homogeneizar as características dos indivíduos entre os 2 grupos. A melhor forma de fazer isso é
através da distribuição aleatória dos participantes pelas 2 situações experimentais.

A diferença na memorização dos detalhes entre os 2 grupos não se pode dever a características
individuais de atenção e memoria mas si à variação da VI (violência no filme).

Os grupos devem ser em tudo semelhantes nas características dos indivíduos, não só no início
como no final do estudo.

O desenho que se representa a seguir permite fazer inferências causais.

Fase 1 Fase 2 Fase 3


Distribuição aleatória A1 Tratamento 1 (manipulação da Medição VD 1
VI)
Distribuição aleatória A2 Tratamento 2 (manipulação da Medição VD 2
VI ou ausência de manipulação)

Ameaças à validade interna de um estudo experimental


Existe quando não podemos fazer inferências causais inequívocas entre a VI e a VD e podem ser:

Variáveis não controladas

→ Constituem ameaças à validade à validade externa


→ São causas alternativas possíveis à manipulação da VI para os resultados do estudo

Testar grupos intactos

→ Turmas, grupos em que os indivíduos escolhem sessões de 8h ou 11h em que os indivíduos não
são distribuídos aleatoriamente
→ Distribuir os grupos aleatoriamente pelas várias situações experimentais é indispensável para a
validade interna do estudo

Pode decidir-se aplicar as medidas em grupos para se poupar tempo


→ O tamanho dos grupos e os investigadores que recolhem os dados podem constituir-se como
variáveis relevantes e afetar os resultados da experiência. Ex: se não foi o mesmo investigador a
aplicar as medidas entre os 2 grupos

Perda de sujeitos

→ Também pode ameaçar a validade interna do estudo


→ Perdas diferenciais entre os grupos (participantes que desistem da experiência a meio) podem
ameaçar a validade interna do estudo
→ É importante que as características dos indivíduos sejam homogéneas nos 2 grupos, não só no
início mas também no fim do estudo

É importante distinguir 2 formas de perda de participantes:

Perda mecânica de sujeitos

→ Perda devido a falhas no equipamento ou instrumentos


→ Problemas menos graves porque não está relacionado com as características do sujeito e por
isso a validade interna não fica ameaçada
→ Deve registar-se os indivíduos que se perdem e porquê

Perda seletiva dos sujeitos

→ Ocorre quando os indivíduos se perdem diferencialmente entre as condições de investigação ou


quando as características dos sujeitos são responsáveis pela perda, ou seja, quando estão
relacionadas com a VD usada para medir o resultado do estudo
→ Destrói a comparabilidade dos grupos

Exemplo:

Health Club decide testar a eficácia de 1 mês de programa de treino para emagrecimento

Distribuição aleatória por 2 grupos: 40 indivíduos cada, homogéneo em peso, condição física e
motivação.

Um grupo passa pelo tratamento mas o outro não (grupo de controlo)

Apenas 25 indivíduos do grupo experimental terminam o mês de programa.

Neste momento, os 2 grupos já não são comparáveis devido a perdas específicas em


características importantes para os resultados do estudo.

Uma forma de atenuar os efeitos desta perda seletiva é aplicar uma bateria de testes (pré-teste)
aos sujeitos em variáveis que podem ser relevantes para as perdas.

Outra forma é antecipar possíveis fatores responsáveis pela perda seletiva e medir esses fatores.
Triar os participantes e desta forma envolve um custo adicional.

Enviesamentos criados pelas expectativas dos participantes face aos objetivos de estudo
→ Informação ou pistas que os participantes recebem e que podem influenciar o seu
comportamento no estudo. Ex: indivíduos que sabem que consumiram álcool podem
comportar-se de acordo com isso

Estratégia para evitar enviesamento:

→ Usar um grupo de controlo placebo, ou seja, administrar um placebo num dos grupos. Um
grupo de participantes recebe o placebo (substância inativa) e o outro grupo recebe uma droga
(substância ativa)
→ Todos os participantes pensam que estão a tomar a substância ativa e por isso as expectativas
são as mesmas entre os 2 grupos
→ Assim, as diferenças observadas entre os indivíduos devem-se apenas aos efeitos das drogas, o
efeito das expectativas estão controlados

Usar um grupo de controlo placebo pode ter implicações éticas e criar expectativas que depois
não são correspondidas e por isso, é importante informar os participantes que podem receber um
placebo ou uma droga.

Enviesamentos criados pelas expectativas dos investigadores

→ Os efeitos dos investigadores (experiment effect) podem ser um problema se os investigadores


tratarem de modo diferente os participantes dos diferentes grupos da experiência

Exemplo: os investigadores podem ler as instruções de modo mais lento aos participantes que
consumiram álcool; podem estar mais predispostos a observar descoordenação motora ou discurso
comprometido nesse grupo

O desenho de investigação double blind controla estes problemas. Tanto os participantes como
os investigadores não sabem qual o procedimento a ser utilizado, por isso, as expectativas de ambos
estão controladas.

São precisos 2 investigadores, um para registar quais os indivíduos que recebem o tratamento
ou placebo/ grupo de controlo e outro para aplicar as medidas/ observação dos efeitos.

A observação do investigador não é influenciada porque ela desconhece quais os participantes


que recebem tratamento ou placebo.

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