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PARA REFLETIR: MANUTENÇÃO PLACEBO

Antes que crie espanto e parem a leitura, explico que não é nenhuma  técnica nova de Manutenção Industrial,
apenas uma analogia com o significado da palavra PLACEBO com alguns modelos de Gestão da Manutenção
adotados atualmente.

1. Placebo
Significado de Placebo Por Roger Stein (RS) em 30-07-2012
(adj.) Algo que não tem efeito prático, que é aplicado para ludibriar o cliente.
Ele fez um conserto placebo e o cliente ficou satisfeito. 
Era uma promoção placebo: dizia "queima de estoque", mas o preço era o de sempre.

Um placebo (do latim placebo, que significa "agradarei") é um fármaco, terapia ou procedimento inerte,


que apresenta, no entanto, efeitos terapêuticos devido aos efeitos psicológicos da crença do paciente de
que ele está a ser tratado.

O placebo pode ser eficaz porque pode reduzir a ansiedade do paciente, revertendo, assim, uma série de
respostas psicossomáticas e levando a uma sensação de bem-estar. Este efeito, por vezes, é de fato real e
benéfico ao paciente.

Seguindo esta corrente de pensamento, o dicionário médico Hooper cita o placebo como "o nome dado a
qualquer medicamento administrado mais para agradar do que beneficiar o paciente".

Posto isto, resolvi utilizar esse conceito lendo um capítulo do livro do Pep Guardiola e sua reação após um
treino tático exaustivo, vejam a transcrição: Muito embora estejam exaustos pelo esforço e pela
concentração, ao final da aula os atletas pedem licença a Guardiola para correr um pouco em um morro
próximo. O técnico brinca com um amigo: “Diga-me, você que conhece atletismo, serve para alguma coisa
essa corrida contínua, além de fazer mal para as costas?”. Ele ri e prossegue: “Quando voltarem,
acreditarão que treinaram pesado, porque correram quinze minutos. Mas é um efeito placebo. Eles acham
que os exercícios de posição e conservação não exigem da parte física”.

Os defensores voltam, empapados de suor depois de correr quinze minutos em bom ritmo. As expressões
são de satisfação. Guardiola dá tapas nas costas deles e cascudos nas cabeças dos mais jovens. Entra no
vestiário e continua zombando do grupo. Gira e pisca um olho: “Efeito placebo!”.
Guardadas as devidas proporções, a Manutenção Industrial, tem momentos que age igualzinho aos atletas
depois do treino, fazendo um esforço absurdamente grande mas, que não produz nenhum efeito prático
nos resultados, apesar de muitos acreditarem que estão sendo eficientes e trabalhando pesado, mas sem
FOCO no NEGÓCIO da empresa... “Efeito placebo!”.
Alguns exemplos são facilmente relacionados abaixo para demonstrar que muitas ações e indicadores, só
servem para agradar e não trazem nenhum benefício real:

1... Gráficos mostrando 100% de utilização da mão de obra dos Manutentores... “Efeito placebo!”.
2... Planos de Manutenção Preventiva para todos os equipamentos, sem critério nenhum de Criticidade,
sem aprovisionamento de peças, sem padrões técnicos e sem histórico... “Efeito placebo!”.
3... Quantidade absurda de Ordens de Serviço emitidas por um Sistema Informatizado “Engessado”,
apenas para lubrificar (sem existir um Plano de Lubrificação eficiente) ou inspecionar (sem existir
Padrões Técnicos de Inspeção). “Efeito placebo!”.
4... Gráficos de Indicadores de Manutenção Preventiva, sem que a Corretiva diminua e a correria
continue mas, muitos acreditam existir um Plano de Preventiva eficiente e nem questionam... “Efeito
placebo!”.
5... Planos de Manutenção Preventiva incluídos no Sistema da Qualidade, quando a redução de custos é
enorme e não existe aprovisionamento de peças, nem ferramentas adequadas, nem mão de obra
qualificada e as informações são pobres mas, satisfazem alguns diretores e gerentes... “Efeito
placebo!”.

A Manutenção Industrial não é um bicho de sete cabeças, complicada, difícil de ser gerenciada. Muito pelo
contrário. É simples, basta não querer inventar coisas mirabolantes que não podem ser executadas, por
exemplo:

1... Implantar MCC – Manutenção Centrada na Confiabilidade, por modismo, sem conhecer os conceitos e
não possuir mão de obra qualificada e nem plano de treinamento dos Manutentores.

2... Plano de Preventiva pra 100% dos equipamentos quando a redução de custo é excessiva e não
conseguem aprovisionar peças, comprar ferramentas, qualificar a mão de obra e nem elaborar padrões
técnicos.

3... Quando o responsável pelo PCM é apenas um digitador para inserir dados nos Sistema “Engessado” de
Manutenção e ninguém avalia os dados, não consulta histórico, não questiona os resultados e ainda assim,
afirma possuir um Plano de Preventiva que inclusive é aprovado pelo “Auditor”...

4... Mesmo sem existir Manuais Técnicos atualizados, nem diagramas ou fluxogramas, os Manutentores
não são incentivados a criar ou atualizar e nem consultar os manuais (quando existem) mas, ainda assim,
afirmam que o Plano de Preventiva é eficiente...

Reflita sobre isso e avalie se está subindo o morro correndo como os atletas do Guardiola...

Marcio Cotrim
20161104

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