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PARA REFLETIR: FOCO OU OBRIGAÇÃO?

A comunicaçã o é responsá vel por grandes mudanças, algumas positivas e outras


negativas. Pode ser utilizada de forma enganosa para justificar algum fato errado, para
benefício pró prio e até para confundir e encobrir a verdade. Algumas comunicaçõ es
difundidas foram muito importantes e até mudaram o mundo.

O escritor Fernando Morais, conta em seu livro Coraçõ es Sujos uma histó ria passada na
década de 40 em que parte da colô nia japonesa no Brasil, na cidade paulista de Tupã ,
acreditava que o Japã o tinha vencido a 2ª Guerra Mundial, nã o aceitando a derrota e
quem discordasse dessa versã o era condenado à morte.

Em 1989, Egon Krenz, assumiu o poder e decidiu conceder passes livres para todos os
alemã es da RDA que quisessem viajar ao exterior. O plano era liberar os passaportes a
partir de 10 de novembro de 1989. Porém, o porta-voz do governo, Gü nter Schabowski,
em pronunciamento na TV no final da tarde do dia 9, disse por engano que as novas
regras valeriam "de imediato" por entender equivocadamente a palavra ab sofort
(imediatamente), antecipando a abertura do muro de Berlin.

As palavras FOCO e OBRIGAÇÃO  tem significados completamente diferentes, mas tem


sido difundidas, confundidas ou entendidas de forma equivocada nas indú strias, que
em vez de afirmarem que tem OBRIGAÇÃO em realizar certas tarefas, estã o dizendo
que no momento o FOCO é outro para justificar a reduçã o em treinamentos, por
exemplo.

Na verdade, as empresas devem ter FOCO no seu NEGÓCIO e para isso tem que cumprir
uma quantidade de tarefas por OBRIGAÇÃO, distribuídas em seus departamentos,
setores e á reas da estrutura organizacional. Faz parte de cada funçã o executar essas
tarefas e cumprir com as exigências necessá rias para nã o perder o FOCO no NEGÓCIO
da empresa.

A indú stria brasileira, no momento, passa por um período recessivo e o FOCO no


NEGÓCIO deveria estar bem claro para todos os Colaboradores para que cumprissem
corretamente com suas OBRIGAÇÕES a fim de produzir com o menor custo, a melhor
qualidade possível, sem desperdício, no prazo e sem correria...mas apesar da reduçã o
da produçã o, a correria parece que aumentou e o NEGÓCIO nã o é bem claro, ajudando a
perder o FOCO!

A falta de orçamento em treinamentos de produtividade, qualidade e gestã o, é


justificada porque o FOCO da empresa está voltado para os treinamentos das NR –
Normas Regulamentadoras, nã o existindo nenhum outro investimento previsto. Fica
evidente que a comunicaçã o nã o foi passada corretamente, confundindo o
entendimento de FOCO e OBRIGAÇÃO, podendo comprometer o resultado operacional
da empresa por falta de treinamentos importantes ao NEGÓCIO da empresa que a cada
dia perde em qualidade de sua mã o de obra.
Muitas empresas, por um motivo nã o muito claro ou por seguir uma orientaçã o
equivocada, resolveram deslocar a Á rea de Segurança Industrial e Meio Ambiente para
o Departamento de RH e como nã o existe qualquer relaçã o técnica para subordinar ao
RH esta responsabilidade, as empresas ficaram expostas a acidentes por falta de gestã o
e descumprimento das NR´s. Aí está o início dessa confusã o entre FOCO e OBRIGAÇÃO
que poderá , a médio e longo prazos, trazer grandes prejuízos à s indú strias.

Com essa perda de atuaçã o da Segurança Industrial, a fiscalizaçã o do Ministério do


Trabalho passou a intensificar as visitas para notificar, multar e obrigar à s empresas a
cumprirem com as NR´s. Foi assim com a NR-10, depois a NR – 12 e se a cada ano
exigirem uma das NR´s para serem cumpridas, durante um bom tempo as empresas
estarã o ocupadas com essa OBRIGAÇÃO e perderã o o FOCO, gastando milhõ es de Reais
e contratando consultorias que a cada mês sã o abertas para atender à demanda, pois
considerando que existem 30 (trinta) NR´s regulamentadas desde 1978 e hoje já foram
ampliadas, mesmo nã o sendo todas exigidas para as empresas, terá trabalho e
orçamento aprovado, por OBRIGAÇÃO,  durante anos.

O grande filó sofo do futebol “Neném Prancha” dizia que o pênalti era tã o importante
que o presidente do clube é quem deveria bater e o mesmo serve para a á rea de
Segurança Industrial e Meio Ambiente, pois de tã o importante que é, deveria estar
subordinada ao Presidente, Diretor ou Gerente Geral da indú stria, conforme seu
organograma funcional, com poderes hierá rquicos de mesmo nível que os demais
diretores ou gerentes para ser respeitada e poder exercer a fiscalizaçã o sem ser
ignorada. Jamais subordinada a RH por falta de experiência na á rea!

Por sua vez, todos os Diretores e Gerentes deveriam ter a meta de ACIDENTE ZERO
durante o ano, e caso nã o atingissem, seriam penalizados em suas avaliaçõ es e na
distribuiçã o dos lucros. Qualquer outra estrutura organizacional diferente desta, nã o
atingirá os resultados necessá rios e gastará milhõ es de Reais, concentrando o esforço e
o orçamento na OBRIGAÇÃO e deixando o FOCO do NEGÓCIO da empresa em segundo
plano.

A á rea de Segurança Industrial e Meio Ambiente, deveria ter um gerente com formaçã o
específica em Engenharia de Segurança do Trabalho e a OBRIGAÇÃO de cumprir todos
os requisitos das NR´s exigidas para o tipo de empresa, participando das reuniõ es de
diretoria e gerenciais, dos projetos de novas má quinas, linhas de produçã o, obras e
assinando por ú ltimo a aprovaçã o de qualquer serviço / projeto / obra / instruçã o de
trabalho / padrã o operacional / padrã o técnico de manutençã o para que exija o
cumprimento de todas as normas de segurança do trabalho e fiscalize as empresas
contratadas.

Atualmente, a maioria das empresas nã o possui o engenheiro de segurança ou possui


apenas um contratado por meio período em alguns dias da semana, até porque existe
uma NR específica que exige esse profissional apenas para algumas empresas,
conforme requisitos definidos. A existência do Técnico de Segurança é comum, mas sem
apoio, sem autonomia e sem hierarquia para impor ou penalizar, acaba em segundo
plano aceitando passivamente os descumprimentos das NR´s, que depois das
fiscalizaçõ es, passa a ser OBRIGAÇÃO a adequaçã o, gastando-se milhõ es de Reais e
contratando algumas empresas indicadas por alguém. Puxa!

Portanto, enquanto existirem profissionais que confundem OBRIGAÇÃO com FOCO, as


empresas continuarã o desestruturadas, investindo milhõ es de Reais, treinando pessoas
que nã o deveriam ser treinadas nas NR´s (um setor estruturado de Segurança
Industrial e Meio Ambiente pode ministrar todos esses treinamentos internamente a
custo reduzido), sem conseguir atingir os objetivos a médio prazo e sempre justificará
que a empresa passa por um período de reestruturaçã o, o que é mais do que normal
que aconteça, pois à quela que deixa de repensar seu NEGÓCIO, perdendo o FOCO,
poderá ser fechada. Treinar é parte da reestruturaçã o!

Considerando também que a cada 3 ou 4 anos as empresas trocam 100% de seus


Colaboradores (dados do Ministério do Trabalho), os treinamentos devem ser
contínuos e os investimentos necessá rios aos outros treinamentos sempre reduzidos,
trocando o investimento necessá rio ao FOCO do NEGÓCIO para investir na OBRIGAÇÃO
em executar tarefas por falta de uma estrutura organizacional mais estratégica. Que
rotina dispendiosa!

Existe uma resistência em mudar essa estrutura organizacional, mas nã o é muito


comum em outros Estados e Cidades a á rea de Segurança e Meio Ambiente estar
subordinada a RH, nã o existindo tanta notificaçã o do Ministério do Trabalho por
descumprimento das NR´s, justamente porque existe um profissional e em sua
descriçã o de cargos consta exatamente o cumprimento de todas essas Normas
Regulamentadoras.

Será que nã o é hora de repensar e começar a investir no FOCO do NEGÓCIO da


empresa, exigindo que cada Departamento cumpra com suas OBRIGAÇÕES específicas
para que atinjam os resultados operacionais e sejam mais competitivos?

Reflita um pouco sobre essa rotina e analise se a sua equipe está ficando defasada de
conhecimentos específicos de sua á rea de atuaçã o, sendo treinada em cursos que nã o
agregam à sua funçã o, mas se tornaram OBRIGAÇÃO...

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Marcio Cotrim
24/07/2014

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