Você está na página 1de 19

Um guia com dicas práticas para estruturar uma

AET com qualidade para o profissional iniciante.


1 10 Passos para Fazer uma Análise Ergonômica

RENATA CELIAN

Olá, sou Renata Celian, graduada em Fisioterapia e especializada em Fisioterapia do


Trabalho e fundadora da Incorpore Fisioterapia e Ergonomia.

Tenho 20 anos de experiência e atuo há pelo menos 18 anos como consultora ajudando
profissionais e empresas na aplicação da NR17 e outras normas de ergonomia,
direcionando a escolha das melhores decisões durante este processo.

Venho atuando no desenvolvimento de análise ergonômica do trabalho em empresas


de diversos ramos de atividade, dentre eles indústrias de abate e processamento de
carnes, com larga experiência na aplicação das normas, desenvolvimento e correções
de postos de trabalho, treinamentos para comitês de ergonomia e palestras. Sou
docente convidada do curso de pós-graduação de Engenharia de Segurança do Trabalho
de 2 universidades e ministrante de cursos de capacitação de ergonomia.

Unindo a atualização constante junto à minha experiência profissional, meu objetivo é


compartilhar o meu conhecimento e vivências com profissionais que também atuam
nesta área, em todos os níveis, de forma que seja possível a troca de experiências e
conhecimentos e tornar a sua atuação em ergonomia ainda mais rica, consistente e
com foco em resultados.

Incorpore Fisioterapia e Ergonomia


2 10 Passos para Fazer uma Análise Ergonômica

Sobre a autora 01

INTRODUÇÃO 03

Capítulo 1 – Por dentro da AET 04

Capítulo 2 – Siga os passos 06


Capítulo 3 – Momento pós-AET 15
Reflexão 15

Nossos Contatos 17

Incorpore Fisioterapia e Ergonomia


3 10 Passos para Fazer uma Análise Ergonômica

A NR17 é a primeira referência para a realização da análise ergonômica do trabalho


(AET), como dito em seu item 17.1.2 e que direcionará os diagnósticos e resultados
obtidos com sua realização:

“Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas


dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho,
devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho conforme estabelecido
nesta Norma Regulamentadora”.

Há ainda outras normas técnicas de ergonomia da série ISO e ANBT que você deve ter
conhecimento e que devem ser utilizadas também para a análise das condições de
trabalho.

Tanto profissionais que fazem AET quanto os profissionais que precisam contratar este
serviço nas empresas, me perguntam o que deve conter nesta análise e qual é o
modelo de AET a ser adotado. Não existe um modelo, mas existe uma estrutura que
deve ser seguida passo a passo, a fim de se atender a normatização e principalmente,
obter informações coerentes e conclusivas que direcionam recomendações assertivas.

Para responder a essas e outras questões sobre a AET acompanhe com atenção as
próximas páginas.

Esteja certo(a) que aprender os passos para realizar a AET lhe ampliará muitas
possibilidades de atuação, e em consequência, obter mais ganhos financeiros.

Venha comigo!

Incorpore Fisioterapia e Ergonomia


4 10 Passos para Fazer uma Análise Ergonômica

Objetivos da AET

A AET, através de um estudo aprofundados visa identificar as situações em que podem


haver riscos ergonômicos e atuar na atenuação desses riscos, com a proposição de
melhorias que possam ser aplicadas e que contribuam para a manutenção da saúde do
trabalhador. Além disso, o estudo pode contribuir para:

Melhorar a organização do trabalho


Evitar acidentes de trabalho
Melhorar a produtividade
A redução ou eliminação do retrabalho
Evitar o desperdício de tempo e recursos
Reduzir custo com passivos trabalhistas.

Para que este documento possa oferecer à empresa subsídios para obtenção desses
resultados e benefícios é importante que a AET possua uma estrutura clara e objetiva
que permita chegar às conclusões necessárias.

A AET tem como objetivo principal a modificação das situações de trabalho, visto que é
um instrumento para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores, bem como a
produtividade das empresas. Ela deve oferecer informações para que isso aconteça.

O analista deve conhecer os objetivos e benefícios da AET pois isso favorece a


busca das soluções e atendimento da demanda do cliente.

Incorpore Fisioterapia e Ergonomia


5 10 Passos para Fazer uma Análise Ergonômica

Dimensionando o trabalho: considerar funções ou atividades?

É no posto de trabalho onde são realizadas as tarefas reais (atividades) às quais o


trabalhador foi designado. A análise ergonômica deve ser feita por atividade, a fim de
se observar todos os fatores de riscos e riscos presentes.

Postos de trabalho que se repetem e onde se realizam as mesmas tarefas não precisam
ser analisados um a um, mas é importante avaliar particularidades, se for o caso, como
é o caso da condição da iluminação em cada um deles, frequências de manuseio de
materiais e tipos de materiais manuseados, etc.

Além disso, os trabalhadores podem executar a atividade com modo operatório


diferente e é importante evitar que movimentos desnecessários possam agregar risco
ao sistema músculo-esquelético, assim como mais tempo para a execução das
atividades.

As atividades podem conter diferentes aspectos e o analista deve considera-los para


determinar como fará a sua análise e contagem para dimensionar o orçamento.

Realize uma visita ao cliente para fazer uma análise global da empresa e
conhecer a realidade dos postos de trabalho, obter informações sobre a
complexidade das tarefas, horários de trabalho e as demandas de estudo para
dimensionar o tempo necessário para fazer a AET.

Incorpore Fisioterapia e Ergonomia


6 10 Passos para Fazer uma Análise Ergonômica

Passo 1: Definir a estrutura geral do trabalho

A Análise Ergonômica do Trabalho deve ser organizada para oferecer as informações


que a empresa busca, não apenas sobre o nível de riscos, mas sobre as soluções para
conter esses riscos. Portanto, o trabalho deve conter:

Informações gerais da empresa, CNAE e grau de risco


Informações sobre os objetivos ou demanda do estudo
Metodologia utilizada
Período de realização
Informações sobre o responsável técnico pelo trabalho e colaboradores
Análise ergonômica atividades com proposição das recomendações
Considerações gerais sobre sugestões de melhorias, organização, métodos, etc
Informações sobre os equipamentos utilizados e certificados de calibração
Anexos (se houver)
Referências técnicas

Incorpore Fisioterapia e Ergonomia


7 10 Passos para Fazer uma Análise Ergonômica

Passo 2 – Análise da Demanda

A partir do conhecimento da demanda para a realização da AET e do reconhecimento


dos postos de trabalho e atividades pode-se ter um panorama geral das situações de
trabalho que deverão ser analisadas.

Existem 3 demandas mais comuns:

Demanda de saúde – reclamações de dor ou acidentes em determinados setores


Demandas legais - Notificação de auditores-fiscais do trabalho ou de ações civis
públicas
Por parte das empresas - necessidade de melhorar a qualidade de um produto ou
serviço prestado, motivado por maiores ganhos de produtividade, ou por
exigências de normas de qualidade e de saúde e segurança do trabalho.

Entender a demanda para a AET facilita a pesquisa de situações que precisam


de adequação. Procure também conhecer os dados epidemiológicos e suas
características em cada área da empresa, padrões e métodos estabelecidos na
gestão dos processos de saúde e segurança do trabalho.

Incorpore Fisioterapia e Ergonomia


8 10 Passos para Fazer uma Análise Ergonômica

Passo 3 - Análise da população de trabalhadores

Para adaptar o trabalho ao homem, é necessário conhecer a população à qual a mesma


se destina. Essa etapa é bem importante, mas muitas vezes negligenciada.
Essas informações são importantes também para a comunicação com os trabalhadores
durante treinamentos, por exemplo, assim como para prever recomendações que
atendam essas populações, em diferentes setores da empresa. É importante que o
analista conheça alguns dados como:

Faixa etária
Gênero
Escolaridade
Características antropométricas
Políticas de contratação, dentre outros.

Incorpore Fisioterapia e Ergonomia


9 10 Passos para Fazer uma Análise Ergonômica

Passo 4 – Análise das situações de trabalho

Deve-se ter em mente que nem sempre o procedimento realizado pelo trabalhador é o
objetivo fixado pela empresa. Os trabalhadores também tendem a desenvolver formas
de executar o trabalho que lhes são próprias, o que confere diferença do modo de
execução entre eles.

A descrição das tarefas e a análise biomecânica dos movimentos com as principais


posturas desempenhadas para a sua execução, assim como solicitações intelectuais,
processos de tomada de decisão, os aspectos da organização do trabalho, dentre
outras devem ser evidenciadas neste momento.

A tarefa prescrita é o objetivo fixado pela empresa.


A tarefa real é o objetivo que o trabalhador se dá, caso ele tenha possibilidade de
alterar o objetivo fixado pela empresa.
A atividade é tudo aquilo que o trabalhador faz para executar a tarefa: gestos,
palavras, raciocínios etc. Na AET, a análise da atividade é o que deve ser feito.

Sempre converse e analise o posto de trabalho com os trabalhadores


experientes, para que detalhes importantes do trabalho sejam evidenciados da
maneira correta. Deve-se explicar o descompasso do que é exigido e do que é
executado (se for o caso): a matéria-prima é de má qualidade? As ferramentas
não estão adequadas? O trabalhador sofre interrupções contínuas?

Incorpore Fisioterapia e Ergonomia


10 10 Passos para Fazer uma Análise Ergonômica

Passo 5 – Elaboração de um pré-diagnóstico

Com o conhecimento das informações sobre os processos, atividades e do posto de


trabalho em questão, o analista pode elaborar um pré-diagnóstico sobre os fatores de
risco e as condições avaliadas, e construirá hipóteses que deverão ser comprovadas no
próximo passo através da análise de todos os fatores.

Conhecendo a tarefa prescrita e da tarefa real é possível, somente durante a


observação da execução do trabalho, reconhecer posturas e movimentos críticos para a
realização das tarefas e pressupor onde há sobrecarga musculo-articular.

Também é possível perceber aspectos organizacionais e cognitivos relacionados à


execução do trabalho e suas consequências. E geralmente comprovamos isso ao
conversar com os trabalhadores.

Ao perceber os pontos de sobrecarga, é preciso confirmá-los, investigá-los


durante as entrevistas, mas nunca devemos ser sugestivos e tendenciosos em
nossas perguntas, de modo a não influenciar as respostas.

Passo 6 - Observação sistemática da atividade

A observação das atividades bem como dos meios disponíveis para realizar a tarefa, as
características organizacionais e ambientais do posto de trabalho, da matéria-prima, a
meta de produção, a características dos movimentos dentre outros itens será a fonte de
dados para a obtenção do diagnóstico através dos métodos de avaliação ergonômica,
que podem ser usados de forma complementar. A avaliação pode ser qualitativa,
quantitativa ou ambas.

Incorpore Fisioterapia e Ergonomia


11 10 Passos para Fazer uma Análise Ergonômica

Nesta fase é que se colhem dados a respeito do ciclo de trabalho, frequências dos
movimentos e tempos de exposição, pesquisa-se sobre os níveis de força para executar
a atividade, tipos de manuseio ou carregamento de materiais, características
dimensionais do posto de trabalho, exigências posturais para realizar o trabalho, a fim
de alimentar as informações exigidas pelos métodos de avaliação para quantificação de
riscos, como por exemplo:

Rula
Niosh
OCRA
Sue Rodgers
Moore & Garg
HAL e outras

Alguns métodos de avaliação podem ser utilizados, conforme as informações que se


quer analisar, mas não devemos utilizar somente os seus resultados como verdade
absoluta. A maioria dos métodos não avalia todas as variáveis necessárias para isso. E
além disso, o uso de ferramentas ergonômicas não é obrigatório e nem sempre é
preciso aplicá-las.

Incorpore Fisioterapia e Ergonomia


12 10 Passos para Fazer uma Análise Ergonômica

Passo 7 – Diagnóstico

Partindo das situações analisadas em detalhe é possível obter o diagnóstico e validar a


hipótese anteriormente elaborada, pois se conhecerá os riscos e as regiões corporais
que estão expostas, determinando se a condição ergonômica é aceitável ou não.

Mas é importante lembrar que o diagnóstico não é a parte mais importante na AET. O
mais importante é conhecer o trabalho e suas condições para a busca de soluções e
eliminar ou minimizar os riscos a que estão expostos os trabalhadores, melhorando a
condição de trabalho.

Todos os métodos de avaliação utilizados devem ser anexados junto à cada


avaliação com as informações do posto de trabalho, devidamente preenchidos.

Passo 8 - Validação do diagnóstico

Sugere-se que antes do fechamento da análise ergonômica, o analista apresente o


diagnóstico a todos os atores envolvidos de modo a se certificar de que detalhes não
escaparam à sua percepção, além de validar também o plano de ação com as
recomendações propostas.

Incorpore Fisioterapia e Ergonomia


13 10 Passos para Fazer uma Análise Ergonômica

Passo 9 – As recomendações ergonômicas/de modificações

De acordo com o observado e com a realidade da empresa, proponha melhorias das


condições de trabalho tanto no aspecto da produção como, principalmente, no da
saúde.

Não é preciso desenvolver um projeto e incluir dados precisos. Mas deve levar em
conta todo o contexto do trabalho e fornecer informações que permitam o estudo das
melhorias considerando todos os aspectos envolvidos de forma a garantir os melhores
resultados.

As sugestões de melhoria devem ser específicas em seus objetivos para cada


atividade analisada e não descritas de forma geral. Deve-se avaliar o fluxo do
trabalho e cuidar para que a melhoria proposta em um posto de trabalho não
interfira negativamente nos demais.

Incorpore Fisioterapia e Ergonomia


14 10 Passos para Fazer uma Análise Ergonômica

Passo 10 - O cronograma de implementação das modificações/alterações

Os prazos devem ser compatíveis com as transformações propostas, incluindo a


implementação de testes e criação de protótipos, validação com os funcionários e
áreas envolvidas.

Este é um momento em que se deve avaliar junto aos gestores todas as necessidades e
os pontos mais críticos e que merecem atenção imediata.

Monte um plano de ação com todas as ações de melhoria evidenciadas no


trabalho e sugira quais as modificações devem ocorrer primeiro, mas sem
impor datas e prazos de forma autônoma. Essa definição deve ser realizada em
conjunto com os representantes da empresa, durante a validação.

Incorpore Fisioterapia e Ergonomia


15 10 Passos para Fazer uma Análise Ergonômica

Acompanhando as modificações

A ação ergonômica não está terminando com a proposição de soluções, mas apenas
começando. A ergonomia é um processo de melhoria contínuo.

O ideal é que ocorra a participação dos trabalhadores tanto no processo de elaboração


da AET como na definição e implantação da efetiva adaptação das condições de
trabalho.

A empresa pode julgar se é necessário que o responsável pela AET participe da


implementação das ações de melhoria, mediante negociação no momento da sua
contratação.

A renovação da AET

Não existe na literatura ou na legislação um prazo específico para a renovação da AET.


Após a transformação dos postos de trabalho, é preciso avaliar o impacto das
modificações, pois qualquer modificação acarreta alterações das tarefas e atividades
que deverão ser, novamente, objeto de outra análise.

Conforme modificações importantes são implementadas, o acompanhamento é


O analista deve
fundamental conhecer
e um pessoalostreinado
objetivosdae benefícios da AET
empresa pode poisuma
fazer isso verificação
favorece a busca
simples
das soluções
através de pesquisas e atendimento
com os trabalhadores da demanda
e análise do cliente.
simplificada das posturas.

Situações mais complexas podem necessitar da ajuda de um analista com mais


experiência e a renovação da AET (parcial ou completa). Neste caso, a sua proposta
pode prever a contratação de consultoria para gestão em ergonomia.

Incorpore Fisioterapia e Ergonomia


16 10 Passos para Fazer uma Análise Ergonômica

Avaliar o trabalho envolve um olhar atento. Diante das normas, anexos, leis e
exigências é preciso entender o trabalho, as atividades, o processo, a organização, os
métodos, os recursos disponíveis e, claro, o ser humano que está inserido neste
contexto, para que seja possível compreender e transmitir as informações necessárias
para a análise ergonômica.

Como profissionais precisamos contribuir com proposições para tornar o


trabalho mais seguro e confortável, preferencialmente na sua concepção, e o
mais importante: estimular a cultura de saúde e segurança nas empresas e
trabalhadores, para estas e outras informações não ficarem só no papel.

Realizando um trabalho consistente certamente você


terá sucesso!

Referências Bibliográficas

Norma Regulamentadora 17- Ergonomia. Portaria 3.751/90.

Manual de aplicação da Norma Regulamentadora nº 17. 2 ed.


Brasília: MTE, SIT, 2002.

Incorpore Fisioterapia e Ergonomia


17 10 Passos para Fazer uma Análise Ergonômica

incorporeergonomia.com.br

incorporefisio.ergonomia

incorporeergonomia

Incorpore Fisioterapia e Ergonomia

contato@incorporeergonomia.com.br

Incorpore Fisioterapia e Ergonomia


18 10 Passos para Fazer uma Análise Ergonômica

Acesse nosso site os cursos online que preparamos para você aprender
cada vez mais. Acesse aqui, clicando no nome do curso + CTRL:

Mini curso AET – Guia dos Primeiros Passos

Curso AET – Aplicação, Método, Legislação

Perigos e Riscos ergonômicos na Prática do PGR

Copyright© Renata Celian de Martin Kohs, 2020.

Material para uso pessoal.

Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer forma ou meio
eletrônico e mecânico, sem a autorização explícita da autora, exceto em citações
breves com indicação da fonte.

(Lei nº 9.610 de 19.02.1998).


Todos os direitos reservados.

Incorpore Fisioterapia e Ergonomia

Você também pode gostar