Você está na página 1de 114

Noções de Ergonomia

Para membros do Comitê de


Ergonomia (COERGO)
1
2
3
4

Objetivo
5
6

Proporcionar aos participantes, noções


básicas da prática ergonômica e sua
importância como ferramenta na
prevenção do surgimento de doenças
relacionadas ao trabalho na empresa.

2
Programa
Definição e Conceito de Ergonomia;
LER/DORT;
Princípios de Biomecânica e sua Aplicação Em Ergonomia;
Prevenção dos Distúrbios Músculo- esqueléticos dos
Membros Superiores;
A Análise Ergonômica do Trabalho (AET);
O Strain Index de Moore & Garg;
Índice TOR-TOM;

3
Metodologia
Aulas expositivas com recursos áudio-visuais;
Work-shop no chão-de-fábrica;

Estudo de caso

Wallace Roberto M. Nogueira


Mestre em Engenharia Elétrica com ênfase em Processos Industriais – UFPA
Administrador de Empresas – UFAM
25 anos de atuação em empresas multinacionais do PIM na área do Estudo do
Trabalho e ergonomia;
10 anos de atuação no ensino superior (Fucapi, Universidade Nilton Lins e
Uninorte)
4
O que é Ergonomia ?

A palavra “Ergonomia” é derivada das palavras


gregas:
ERGO= Trabalho e
NOMOS= Leis naturais.

“Leis naturais do trabalho”.

5
Trabalho (português), travail (francês) –
Origem no latim tripallium :
instrumento de tortura destinado a domesticar
seres humanos para o trabalho.
- Na Grécia e Roma Antiga: o trabalho era
reservado aos escravos.
- Para os Hebreus - trabalho visto de forma
menos indigna - missão sagrada para a expiação
do pecado original.

6
Definição de Ergonomia
Uma das suas definições mais técnicas é:

“Disciplina científica que trata da compreensão das


interações entre os seres humanos e outros elementos de
um sistema, e a aplicação de teorias, princípios, dados e
métodos ao projeto a fim de otimizar o bem estar
humano e o desempenho global dos sistemas.”

IEA – Associação Internacional de Ergonomia;


ABERGO – Associação Brasileira de Ergonomia).

7
De uma forma mais simples pode-se dizer que:

“Ergonomia é a adaptação do trabalho às pessoas,


aliando conforto e produtividade”. 

8
De maneira geral, os domínios de especialização
da ergonomia são:
1. Ergonomia física: está relacionada com às
características da anatomia humana,
antropometria, fisiologia e biomecânica em sua
relação a atividade física.
Os tópicos relevantes incluem o estudo da
postura no trabalho, manuseio de materiais,
movimentos repetitivos, distúrbios músculo-
esqueletais relacionados ao trabalho, projeto de
posto de trabalho, segurança e saúde.
9
2.Ergonomia organizacional: concerne à
otimização dos sistemas sócio técnicos, incluindo
suas estruturas organizacionais, políticas e de
processos.
Os tópicos relevantes incluem comunicações,
projeto de trabalho, organização temporal do
trabalho, trabalho em grupo, projeto
participativo, novos paradigmas do trabalho,
trabalho cooperativo, cultura organizacional.

10
3. Ergonomia cognitiva: refere-se aos processos
mentais, tais como percepção, memória,
raciocínio e resposta motora conforme afetem as
interações entre seres humanos e outros
elementos de um sistema.
Os tópicos relevantes incluem o estudo da carga
mental de trabalho, tomada de decisão,
desempenho especializado, interação homem
computador, stress e treinamento conforme
esses se relacionem a projetos envolvendo seres
humanos e sistemas.
11
Origens da Ergonomia

A ergonomia tem sua gênese no momento em


que o homem primitivo criou sua primeira
ferramenta rudimentar valendo-se de sua
intuição criativa e movido pela necessidade de
garantir sua sobrevivência.

12
Ossos de animais, pedras afiadas, lanças, arcos,
flechas e machados são os antepassados das
modernas ferramentas hoje utilizadas pelo
homem, ainda com o mesmo objetivo: garantir a
sobrevivência.
Agora através do trabalho e não mais disputando
a caça e os abrigos com outros predadores.

13
Foi durante a Segunda Guerra Mundial, que se
situou oficialmente o surgimento da ergonomia
de forma sistematizada.
A partir da necessidade de solucionar os
problemas de inter-relação entre o homem e os
equipamentos militares é que um grupo de
pessoas especializadas como médicos,
psicólogos, engenheiros, etc. foi reunido.

14
Em 1949 esses grupos reuniram-se em Oxford, na
Inglaterra, e fundaram então a Ergonomic
Reseach Society (Sociedade de Pesquisas
Ergonômicas).

Assim, a ergonomia tem um caráter


multidisciplinar e se apoia em várias áreas do
conhecimento:

15
Projetos

Medicina

Biomecânica

Ergonomia
Psicologia

Engenharia

Estatística

16
Área de atuação da ergonomia
A área atuação dos ergonomistas é uma área de
atrito entre:
Empresas que buscam sempre maiores ganhos de
produtividade para assegurar sua manutenção...
X
As exigências sociais dos trabalhadores que tem
o direito a condições dignas de trabalho,
segurança e garantias de saúde ocupacional e
também de desenvolvimento pessoal.

17
Equilibrar essas exigências antagônicas não é
tarefa das mais fáceis e nessa tarefa é
importante que ergonomistas, engenheiros de
produção, analistas de métodos, engenheiros de
segurança do trabalho, supervisores e todos os
envolvidos no desenvolvimento de sistemas
produtivos tenham em consideração que, para
quantificar a carga de trabalho atribuída a um
individuo ou grupo, é necessário que se leve em
consideração...

18
A complexidade...

19
O posto de trabalho é a menor unidade produtiva
de um sistema, relaciona o homem e seu local
de trabalho. Fábricas e escritório são formados
por vários postos de trabalho que se inter-
relacionam, são interdependentes. Dessa forma,
para que o sistema (fábrica ou escritório)
funcione de forma satisfatória é preciso que os
postos de trabalho também funcionem dessa
forma.

20
Para isso, vários cuidados precisam ser tomados
quando se faz o projeto do local de trabalho
pois,
“O dimensionamento correto do posto de
trabalho é uma etapa fundamental para o bom
desempenho da pessoa que ocupará este posto. É
possível que essa pessoa passe várias horas ao
dia, durante anos a fio, sentada ou de pé neste
posto. Qualquer erro cometido neste
dimensionamento pode, então, submetê-la a
sofrimentos por longos anos” (Lida, 1990).
21
Curto Prazo Longo Prazo
Efeitos na Saúde:
Lesões
Doenças
Perdas Gerais
Restrições para o
Individuais:
trabalho
Perda econômica,
Invalidez
perda da capacidade
Desconforto Absenteísmo laboral, perda da
Trabalho Fadiga Reclamações qualidade de vida.
mal Esforço Visual Baixo Operacionais:
projetado Esforço Mental Desempenho Perda econômica,
Dores perda da
Turnover especialização, perda
Efeitos Operacionais: da experiência.
Acidentes
Problemas de Produção
Baixa Qualidade
Refugos
Erros

22
LER/DORT

LER/DORT 2ª. CAUSA DE AFASTAMENTO NO BRASIL

A cada 100 trabalhadores de SP, um sofre de


LER
Data: 13/12/2012 / Fonte: Portal Nacional de Seguros

23
Segunda causa de afastamento do trabalho no
Brasil, somente nos últimos cinco anos foram
abertas 532.434 CATs (Comunicação de Acidente
de Trabalho) geradas pelas LER / DORT — sem
contar os trabalhadores que pleiteiam na Justiça
o reconhecimento do nexo causal, em milhares
de ações movidas em todo o País.
As LER / DORT atingem o trabalhador no auge de
sua produtividade e experiência profissional.
Existe maior incidência na faixa etária de 30 a 40
anos, e as mulheres são as mais atingidas.
24
Segundo o INSS, as LER/DORT no Brasil foram
inicialmente descritas como tenossinovite
ocupacional, das quais foram apresentados casos
verificados em lavadeiras, limpadoras e
engomadeiras, durante o XII Congresso Nacional
de Prevenção de Acidentes de Trabalho, em
1973.

25
Em 1990, foram editadas medidas preventivas,
através da Portaria nº 3.751, do Ministério do
Trabalho, que alterou a NR17 ( Norma
Regulamentadora nº 17), e atualizou a Portaria
nº 3.214/78.
O ato normativo em questão abordou vários
aspectos das condições de trabalho que
propiciavam o aparecimento das LER/DORT,
aconselhando a adequação ergonômica dos
postos de trabalho e pausas para descanso em
determinadas atividades.
26
O INSS, em 1993, publicou uma revisão de suas
normas sobre LER, ampliando o conceito até
então aceito e reconhecendo na etiologia da
doença, além dos fatores biomecânicos, os
fatores relacionados à organização do trabalho.

Essas normas foram substituídas, em 1998, pela


Ordem de Serviço INSS/DSS nº 606/98.
Recentemente, a OS nº 606/98 foi revisada pela
Instrução Normativa nº 98, de 5 de dezembro de
2003.
27
O que são as LER/DORT ?

Por LER (Lesão por esforço repetitivo)/DORT


(Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao
Trabalho)* entende-se um conjunto de síndromes
(quadros clínicos, patologias, doenças) que atacam
os nervos, músculos e tendões, juntos ou
separadamente.

* Terminologia adotada pelo INSS

28
São resultado:
da combinação da sobrecarga das estruturas
anatômicas do sistema osteomuscular;
com a falta de tempo para sua recuperação e
têm seu surgimento relacionado a condições
de trabalho inadequadas.

29
Tanto a utilização excessiva de determinados
grupos musculares em movimentos repetitivos ,
como a permanência de determinados segmentos
do corpo em uma mesma posição por período de
tempo prolongado, podem ocasionar a
sobrecarga que permite o aparecimento das
LER/DORT.
Fatores emocionais, tais como a tensão imposta
pela organização do trabalho e a necessidade de
concentração, também interferem de forma
significativa no aparecimento da síndrome.
30
Quais os principais sintomas das LER/DORT?

O sintoma mais frequente e característico das


LER/DORT é a dor, que de início se manifesta de
forma lenta. Porém, após algum tempo, torna-se
intensa e contínua, prejudicando a produtividade
e o sono do trabalhador.

Em virtude dos sintomas, as LER/DORT


costumam ser classificadas em diferentes graus.

31
É importante que o trabalhador conheça as
características da doença em cada estágio, pois
a cura depende do diagnóstico precoce e do
efetivo tratamento.

São os seguintes os sintomas verificados em cada


fase:

32
GRAU 1: sensação de peso e desconforto no
membro afetado. Dor espontânea no local, às
vezes com pontadas ocasionais durante a jornada
de trabalho, as quais não chegam a interferir na
produtividade.
Essa dor é leve e melhora com o repouso. Não há
sinais clínicos.

33
GRAU 2: dor mais persistente e mais intensa.
Aparece durante a jornada de trabalho de forma
contínua.
É tolerável e permite o desempenho de
atividade, mas afeta o rendimento nos períodos
de maior esforço.

34
GRAU 3: A dor torna-se mais persistente, forte e
tem irradiação mais definida. O repouso em
geral só diminui a intensidade, nem sempre
fazendo-a desaparecer por completo.
Aparece mais vezes fora da jornada,
especialmente à noite. Perde-se um pouco a
força muscular e há queda de produtividade, ou
a impossibilidade de executar a função.

35
GRAU 4: Dor forte, contínua, por vezes
insuportável, levando a intenso sofrimento. A dor
se acentua com os movimentos, estendendo-se a
todo o membro afetado. Dói até quando o
membro estiver imobilizado.

A capacidade do trabalho é anulada e a invalidez


se caracteriza pela impossibilidade de um
trabalho produtivo regular.

36
Biomecânica
Como qualquer máquina o corpo humano
necessita de energia para trabalhar.

Podemos comparar os músculos aos motores uma


vez que eles produzem movimento.

O combustível que alimenta os músculos vem dos


alimentos que comemos e do oxigênio que
respiramos.
37
Os músculos são tecidos que se caracterizam por
ampla flexibilidade, por contração e
alongamento de suas células. Tais células são
especialistas em retirar energia química
proveniente dos alimentos que ingerimos e
transportada pelo sangue, transformando-a em
energia mecânica.

38
O trabalho produzido pelos músculos é
possibilitado pela vaso-irrigação que lhes garante
a devida alimentação, mas dentro de
determinadas condições.
Enquanto o músculo estiver trabalhando, ele
deve ser constantemente abastecido de alimento
e oxigênio pelo fluxo sanguíneo.
O sistema circulatório retira das células os
produtos indesejados do metabolismo (toxinas
como o ácido lático).

39
A contração dos músculos recebe duas
classificações básicas:
• Contração Isotônica ou DINÂMICA: o tamanho
do músculo é alterado, mas não há aumento de
tensão em sua parte interna. Exemplo: Fletir o
antebraço sobre o braço.
• Contração Isométrica ou ESTÁTICA: ocorre o
contrário, ou seja, não é alterado o tamanho do
músculo, mas há um aumento de sua tensão
interna. Exemplo: Sustentar uma carga com a
mão, enquanto o braço permanece estendido.
40
Tal classificação é muito importante, pois as
diferentes contrações implicam num consumo
variável de oxigênio pelo músculo.

Assim, a contração DINÂMICA implica em maior


consumo de oxigênio, mas possibilita um fluxo
sanguíneo facilitado aos tecidos musculares, pois
neste tipo de contração, há períodos
intercalados de contração e relaxamento dos
músculos.

41
Já na contração ESTÁTICA, há um aumento de
pressão muscular externa sobre as artérias e
vasos capilares, deixando-os parcial ou
totalmente fechados, diminuindo muito o fluxo
sanguíneo, e sem que haja relaxamento durante
a atividade.
Cada fibra muscular aperta a fibra vizinha,
reduzindo, assim, o fluxo . Com esta diminuição
do fluxo sanguíneo, a taxa de oxigênio nos
tecidos cai e, ao mesmo tempo,

42
aumenta a taxa de ácido lático, que é
responsável por dores musculares. Dependendo
do tempo de duração da contração, para
realizar-se a atividade, haverá também a
presença de ESPASMOS MUSCULARES, que
prejudicam a precisão dos trabalhos.
Fibra
muscular

Vaso
Capilar

43
Repouso Esforço dinâmico
Esforço estático

Sangue Fluxo Sangue Fluxo


Sangue Fluxo
necessário necessário sanguíneo
sanguíneo necessário sanguíneo

Um músculo sem irrigação sanguínea


se fatiga rapidamente, não sendo
possível mantê-lo contraído por mais
de 1 ou 2 minutos.

44
O trabalho dinâmico
É aquele que permite contrações e relaxamentos
alternados dos músculos, como na tarefa de
martelar, serrar, girar um volante ou caminhar.

O trabalho estático
É aquele que exige contração contínua de alguns
músculos, para manter uma determinada
posição. trabalho estático é altamente fatigante
e, sempre que possível, deve ser evitado.

45
Principais características da biomecânica do ser
humano
1. O ser humano tem pouca capacidade de
desenvolver força física no trabalho.
O sistema osteomuscular do ser humano o
habilita a desenvolver movimentos de grande
velocidade e de grande amplitude, porém contra
pequenas resistências. Essa característica é uma
decorrência direta do tipo de alavanca
predominante no sistema osteomuscular.

46
Alavanca de 1º. Grau Alavanca de 2º. Grau
(Interfixa) (Interpotente)

O apoio encontra-se entre a força e a A força encontra-se entre e o apoio e a


resistência.  resistência. 
Produz maior velocidade e pouca força.
Ex: Tríceps Ex: Bíceps

47
Alavanca de 3º. Grau
(Inter-resistente)

A resistência situa-se entre o ponto de


apoio e a força. Produz maior força e
pouca velocidade.
Ex.: Músculos posteriores da perna

48
Outro detalhe muito importante relacionado à
alimentação dos músculos, seja qualquer a
contração por eles apresentada, refere-se à
CARGA HEMODINÂMICA, que é a coluna a ser
vencida pelo fluxo sanguíneo, quando um
membro está elevado.
Um ótimo exemplo é o do braço estendido acima
do nível da cabeça, abduzido sobre o ombro,
desenvolvendo alguma atividade (apertar
parafusos com uma chave combinada, muito
comum para mecânicos embaixo de veículos).
49
Com os braços elevados, o fluxo de sangue
encontra enorme dificuldade em subir até a
extremidade (ponta das mãos), resultando em
dormência no braço.

50
2. O ser humano é adaptado a fazer contrações
musculares dinâmicas. É mal adaptado a fazer
contrações musculares estáticas, nas quais
ocorre dor muscular intensa e fadiga precoce,
devido ao acúmulo de ácido lático e outros
metabólitos.
As situações de fadiga por esforço muscular
estático são aliviadas pelo relaxamento do
músculo, durante o qual ocorre fluxo de sangue
e remoção das substâncias tóxicas produzidas
durante o esforço.
51
Em função dessas características, no
aproveitamento racional do ser humano no
trabalho, as seguintes regras devem ser
respeitadas:

1. Nunca usar um esforço excessivo sobre o


trabalhador de uma só vez. Procurar, ao
contrário, adaptá-lo gradativamente ao
esforço exigido na tarefa;

52
2. Garantir a adaptação do automatismo dos
movimentos de forma gradativa,
especialmente em tarefas que exijam
bastante desse automatismo;

3. Praticar a ginástica de aquecimento e de


alongamento ao início de jornadas de
trabalho; enfocar especialmente sobre
aqueles movimentos que serão mais exigidos
durante a atividade;

53
4. Quanto mais frequente é o esforço, menor é a
porcentagem da força máxima que pode ser
usada. Para esforços dinâmicos, aceita-se que
um valor seguro, mesmo para esforços
repetidos frequentemente, é de 1/3 da força
máxima do grupamento muscular.

5. A melhor postura para trabalhar é aquela em


que o corpo alterna as diversas posições:
sentado, de pé, andando.

54
Quais são os fatores de risco envolvidos no
desenvolvimento das LER/DORT?
As LER/DORT são multicausais, isto é, na sua
origem não há um único fator de risco envolvido
e, sim, vários fatores que, geralmente, interagem
no local de trabalho.
O que é risco ?
Segundo Cnockaert e Claudon, risco é “o resultado
de um desequilíbrio entre o que se exige que a
pessoa faça e a sua capacidade funcional”.

55
A solicitação ao indivíduo é expressa em três
fatores biomecânicos fundamentais:
Os esforços;
A repetitividade dos movimentos e
As posturas .
A capacidade funcional do indivíduo depende:
De sua condição física;
Do envelhecimento de seu aparato locomotor;
Do grau de estresse e do seu estado geral de
saúde.
56
Esse conceito pode ser expresso conforme a
Figura a seguir:

Repetitividade Esforço Postura

Solicitação
Risco
Capacidade Funcional

Condição
Envelhecimento Estresse
Física

57
A avaliação dos fatores repetitividade, esforço e
postura são muito importantes para que o risco
de LER/DORT seja quantificado e a partir dessa
quantificação seja possível estabelecer
prioridades nas ações preventivas ou corretivas.

58
Repetitividade

A repetitividade dos movimentos nem sempre é


definida da mesma forma:

Tanaka e col. dizem que é o número de produtos


similares fabricados por unidade de tempo.

Luoparvi e col. dizem que é o número de ciclos


de trabalho efetuados durante uma jornada de
trabalho.
59
Enquanto que Silverstein e col. consideram
repetitividade elevada quando o tempo de ciclo
é inferior a 30 segundos ou quando mais de 50%
do tempo de ciclo é composto pela mesma
sequência de gestos.

Couto (2002) afirma que a repetitividade é o


principal fator na origem dos distúrbios dos
membros superiores e classifica-a como:

60
Risco muito significativo quando acima de
6.000 repetições por turno de trabalho;
Entre 3.000 e 6.000 repetições por turno, a
incidência de distúrbios e lesões costuma
ocorrer entre 12 a 20% dos expostos;
Abaixo de 3.000 ocorre alguma incidência;
Abaixo de 1.000 repetições por turno os
pesquisadores consideram a exposição como
segura;

61
Entretanto, esse limite não se aplica quando,
associado à repetitividade, existem outros
fatores como força excessiva e postura incorreta
dos membros superiores.

62
Esforço

O esforço físico está relacionado ao emprego de


força física na execução das ações. A aplicação
de força principalmente pelos membros
superiores deve ser evitada.
Especialmente críticos são os esforços com a
mão em pinça:
Lateral;
palmar e
pulpar.
63
64
Postura

1.Postura estática em geral de qualquer parte


dos membros superiores: leva a prejuízo no fluxo
de sangue para o músculo, com a possibilidade
de ocorrência de acúmulo de ácido lático;

2.Pescoço excessivamente estendido;

3.Pescoço excessivamente fletido;

65
4.Abdução do ombro: leva a compressão do
músculo supra-espinhoso e também pode levar
ao desenvolvimento de bursite nessa região;

66
5.Desvio ulnar do punho (associado a força);
6.Flexão do punho;
7.Extensão do punho;
Flexão Neutro Extensão

Radial Neutro Ulnar


67
Nas ilustrações, vemos que as mãos que
aparecem na coluna do meio, em “NEUTRO”,
não apresentam angulação em relação ao
antebraço. Em “FLEXÃO” e em “EXTENSÃO”,
observamos que a mão chegou a um limite a
partir do qual não consegue mais prosseguir.
Para o desvio “RADIAL” e “ULNAR”, acontece o
mesmo. O ângulo de conforto é um ângulo que se
localiza entre o neutro e o limite.

68
Estes limites determinam o que chamamos de
“ângulo-limite” de uma articulação e toda vez
que isto acontece, os tendões da região ficam
estrangulados (contra estruturas ósseas da área)
e passam a sofrer atrito.
O resultado final disto é uma inflamação, que
pode limitar-se ao tendão, ou também atingir o
tendão + a bainha sinovial que o recobre.

69
Acrescente-se que a força muscular obtida de
uma articulação diminui à medida em que
aumenta-se o ângulo da mesma.
Em ângulo neutro, a força é de 100%.
Em extensão, consegue-se apenas 75% de força
na articulação do punho e,
Em flexão, apenas 45%. Se houver contração
muscular estática, a força no membro cai para
apenas 60%.

70
Quando é apenas o tendão que se inflama, temos
a TENDINITE. Quando, além do tendão, também
se inflama a bainha sinovial, temos a
TENOSSINOVITE.
Bainha sinovial

Tendão

71
8.Compressão mecânica das estruturas das mãos;
9. Compressão da estrutura dos antebraços por
mesas ou postos de trabalho dotados de quinas
vivas.

72
Principais situações de sobrecarga para a coluna
vertebral
Levantar, manusear e carregar cargas pesadas
(acima de 25 kg) ou muito pesadas (acima de
40 kg).
Carregar cargas na cabeça (leva à degeneração
dos discos da região cervical).
Levantar e manusear cargas distantes do
corpo.
Levantar e manusear cargas em torção e
flexão do tronco;
73
CURVATURA 4 - CERVICAL – LORDOSE

CURVATURA 3 - DORSAL – CIFOSE

CURVATURA 2 - LOMBAR – LORDOSE

CURVATURA 1 - SACROCOCIGEANA

74
Trabalhar sentado em situação em que o
tronco fica inclinado para frente ou que a
coluna vertebral fica encurvada — leva a
degeneração precoce dos discos
intervertebrais, por pressão assimétrica sobre
a região do disco.
Disco intervertebral

75
Principais situações de sobrecarga relacionadas à
gestão da produção
Tempo insuficiente de recuperação da
integridade: todas as estruturas do organismo
podem ser recuperar da sobrecarga caso haja
tempo suficiente;
Fatores da organização do trabalho que
ocasionam sobrecarga:
 as horas extras;
 dobras de turno;

76
 trabalhos aos sábados, domingos e feriados e
 demais formas de desorganização do trabalho.
Esses fatores costumam causar sobrecarga e
serem os fatores desencadeantes de alta
incidência de distúrbio.
Fatores psicossociais que acarretam tensão: a
pressão excessiva sobre os trabalhadores e
outros fatores psicossociais faz com que o
trabalhador fique tenso, prejudicando a
recuperação das estruturas.

77
Fatores de anulação dos mecanismos de
regulação vindo com sobrecarga: o principal
deles é a impossibilidade de pausa ao se sentir
cansado.

78
Dimensionamento dos postos de trabalho
Em algumas situações, é necessário uma
abordagem mais detalhada da questão
antropométrica, especialmente quando
estiverem envolvidas tarefas diversificadas.
No entanto, a experiência mostra a seguinte
relação de “números mágicos”, extremamente
úteis para o planejamento de postos de trabalho.

Antropometria é o estudo das medidas humanas. Estas são muito


importantes na determinação de diversos aspectos relacionados ao
ambiente de trabalho para se manter uma boa postura.

79
Altura de bancadas de trabalho
Tarefas com empenho visual para perto:
Pessoa trabalhando de pé: de 127 a 132 cm (na
dúvida: 127 cm);
Pessoa trabalhando sentada: de 92,5 a 99,5 cm
(na dúvida, 92,5 cm).

80
Esforço moderado ou tarefas leves, sem
empenho visual:
Pessoa trabalhando de pé: 109 a 118 cm (na
dúvida, 109 cm);
Pessoa trabalhando sentada: de 73,5 a 78,5 cm
(na dúvida, 73,5 cm).

Esforço pesado: Sempre na posição de pé: 90,5


cm a 99,5 cm (na dúvida, 95 cm).

81
Trabalho em pé h1= alturas do púbis
h2=altura dos cotovelos
h3=altura do apêndice xifóide/linha
mamilar
Trabalho Trabalho
pesado moderado Trabalho leve
h1 h2 h3

82
Distância das áreas de alcance
Objetos a serem pegos frequentemente, estando
na posição sentada:
 no máximo 31 cm de distância entre a borda
do posto de trabalho e o ponto de pega do
objeto.
31cm

 Objetos a serem pegos frequentemente,


estando na posição de pé: 62 cm.
83
Ferramentas manuais
 Diâmetro do cabo das ferramentas que exigem
esforço físico:
34 mm para mulheres e 38 mm para homens
(aceitável de 30 a 45 mm).

 Operações de precisão: diâmetro de 12 mm


(aceitável de 8 a 16 mm).

84
Corredores

85
Cadeiras
1. O ASSENTO:
Superfície macia, com revestimento em espuma;
Forração lisa, perfurada;
Borda frontal arredondada;
Altura regulável;
Giratório (sempre que possível).

86
2)O ENCOSTO:
Altura regulável;
Inclinável, conforme movimentos do tronco;
Definição da inclinação (+ ou - ereto, com
trava);
Superfície macia, com revestimento em espuma;
Forração lisa, perfurada;
Espaço livre para a região sacrococigeana.

87
Conceito importantíssimo

Nunca projetar um posto de trabalho levando em


conta APENAS o assento (cadeira, banqueta,
etc.). É importante considerar o assento e a
SUPERFÍCIE DE TRABALHO com a qual o assento
está relacionado.

88
Tampo de bancada muito alto, ou cadeira muito
baixa. A postura corporal fica forçada, com
braços e ombros elevados e ângulo do joelho
acima da linha das nádegas.

Tampo de bancada e assento da cadeira na relação


adequada, mas se observa a ausência do APOIO
PARA OS PÉS, que estão apenas tocando levemente
o piso. Esta condição inicia um processo de má
circulação sanguínea nas pernas, causando
dormência e dores. Os pés devem estar com toda a
sola “plantada” no piso.

Cadeira muito alta, mantendo uma boa relação entre


ombros e braços e a altura da bancada, mas
oferecendo uma péssima condição para as pernas,
pois os pés estão “flutuando” no espaço. A ausência
do APOIO PARA OS PÉS é mais do que evidente,
provocando esmagamento da parte inferior das
nádegas e coxas, pressão excessiva na dobra inferior
do joelho e falta de circulação sanguínea até os pés.
89
Assento duro: Vejamos, como exemplo, o que
ocorre com a cadeira de madeira. A superfície,
não sendo revestida, produz uma concentração
de pressão sobre a parte inferior da cintura
pélvica, sobre duas tuberosidades localizadas na
base da bacia.

90
É que todo o peso do corpo que se encontra
acima da bacia é concentrado nesta região,
apenas sobre dois pontos, sem que haja uma
distribuição da carga sobre uma superfície
uniforme e mais ampla.

Portanto, o assento da cadeira não deve ser


constituído apenas com uma tábua de madeira,
nem receber um revestimento tipo “almofada de
sofá”.

91
O ideal é que a estrutura do assento seja em
prancha de madeira moldada e revestida de
espuma com uns 05 centímetros de espessura. A
borda frontal deve ser arredondada. O
dimensionamento das cadeiras deve, desde 1997,
respeitar ao conteúdo da NBR 13962, da ABNT. O
apoio para os pés está previsto na NBR 13965,
que trata de mobiliário para informática. O item
que o especifica é o 4.2.1

92
A análise ergonômica do trabalho (AET)
A Norma Regulamentadora 17 do Ministério do
Trabalho (NR17), diz em seu item 17.1.2 que:
“para avaliar a adaptação das condições de
trabalho às características psico-fisiológicas dos
trabalhadores, cabe ao empregador realizar a
Análise Ergonômica do trabalho [...]”.
Ou seja, existe uma exigência normativa para
que a análise ergonômica do trabalho seja feita
pelo empregador.

93
Entretanto essa análise traz dúvidas e levanta
controvérsias, pois pode ir de uma análise
extremamente detalhada com pouca aplicação
prática ou, em outro extremo, a uma visão
generalista do sistema produtivo. Tanto uma
visão como a outra podem induzir a erros.
A análise das condições de trabalho é elemento
essencial para o desenvolvimento da Ergonomia -
que, como lembra Fialho & Santos (1997), só
existe se houver uma Análise Ergonômica - e se

94
realizada para avaliar o entorno de um posto de
trabalho, com vistas a determinar riscos,
observar excessos, propor mudanças de melhoria
etc.
Couto (1995) recomenda a seguinte metodologia
para a realização da analise ergonômica do
trabalho:
1. Análises qualitativas;
2. Análises quantitativas;

95
3. A análise ergonômica macroscópica que é
uma análise simples, feita andando-se pelo
local de trabalho, com o registro dos
problemas mais evidentes.
4. A análise ergonômica microscópica, por sua
vez, envolve as questões relacionadas ao
trabalho manual e ao método de trabalho.
Nesta fase é importante notar as atitudes do
trabalhador, suas posturas e movimentos do
corpo, cabeça e olhos e suas ações de
comunicação com o grupo.
96
Há a recomendação pelo autor que se grave um
vídeo da área e posteriormente, se analise as
posturas e ações.
5. A análise dos fatores ocultos consiste em
procurar alguns indicadores que não estão
visíveis na área de trabalho analisada, mas
que refletem diretamente no trabalho
realizado. Por exemplo:

97
a) Número de horas-extras;
b) Número de horas-extras/trabalhador/mês;
c) Número de produção x efetivo x horas-extras;
d) Estudo e erros e falhas que estejam
acontecendo;
e) Dados do ambulatório médico
f) Verificação da existência de revezamentos,
pausas e sistemas de descanso;

98
6. Os questionários ou check-lists (Listas de
verificação) são indicados pelo autor, pois,
“os questionários ou check-lists tem como
grande vantagem o fato de exigirem que o
observador pesquise todos os itens, o que
equivale a dizer que a chance de algum item
específico ser
A análise através de check list ajuda a
diagnosticar de maneira simples e ordenada os
diferentes fatores de risco existentes e pode
servir como ferramenta preventiva, na medida
99
em que sinalizará aquele conjunto de tarefas
com maior risco, ainda na fase de projeto do
processo.

O MOORE-GARG STRAIN INDEX


O Strain Index proposto por Moore e Garg (1995)
que faz uma avaliação semiqualitativa, onde os
fatores:

100
i. Intensidade do Esforço;
ii. Duração do Esforço;
iii. Número De Esforços por Minuto;
iv. Postura Mão-Punho;
v. Velocidade do Trabalho e
vi. Duração da Jornada.
São avaliados e a cada um deles é atribuído um
valor índice. Ao final da análise, esses índices
são multiplicados entre si trazendo um valor
final que é assim interpretado:
101
valores abaixo de 3(três) indicam que o
conjunto de tarefas é seguro;
valores entre 3(três) e 5(cinco), indicam uma
situação duvidosa de risco;
valores maiores que 5 (cinco) e menores que 7
(sete), indicam que há algum risco e
valores maiores que 7 (sete) indicam que o
posto de trabalho é positivamente perigoso.

102
103
O ÍNDICE TOR-TOM

O Índice TOR-TOM é uma ferramenta de


avaliação ergonômica proposta pelo Dr. Hudson
de Araújo Couto em 2006 e é uma forma de
quantificar a exposição do trabalhador em
atividades repetitivas, ao invés das formas
tradicionais conhecidas até então, de usar check
lists.

104
Segundo Couto (2006), é possível uma definição
relativamente segura usando-se a análise
ergonômica qualitativa, entretanto há um
potencial de incerteza haja vista que essa
avaliação é estruturada basicamente na visão dos
analistas, sendo respeitada pelas gerências, mas
sem dados objetivos.
Essa objetividade é algo de que os gerentes
precisam para ter uma noção clara do que pode
ou não ser feito, do esquema de trabalho que
podem ou não instituir a fim de cumprir seus
105
programas de produção. O índice TOR-TOM busca
exatamente esses dados objetivos, pois suas
características são:
a) A análise do resultado do TOR-TOM dá uma
ideia clara se a condição de trabalho é segura ou
necessita ser melhorada, e de que forma,
possibilitando que a organização do trabalho em
atividades repetitivas passe a ser feita com base
em um critério científico.

106
b)O Índice TOR-TOM permite uma avaliação
objetiva da condição ergonômica da atividade e
da tarefa, ou seja, é feita uma análise global,
considerando também a questão da organização
do trabalho.
c)O Índice TOR-TOM possibilita certificar um
posto de trabalho repetitivo sob o ponto de vista
ergonômico. O autor estruturou o índice e a
pesquisa que o suporta de forma a permitir ao
analista do trabalho uma conclusão clara quanto
ao nexo entre o trabalho e as queixas.
107
d)O pessoal da Engenharia de Métodos/Processos
passa a ter uma base científica para avaliar sua
prescrição de trabalho quanto ao impacto sobre
os trabalhadores.
Usando o TOR-TOM, as linhas de produção
estarão melhores balanceadas, considerando os
graus de dificuldade de cada posição de
trabalho, possibilitando, assim, um
dimensionamento correto de pessoal e
estruturando melhor os rodízios e pausas.

108
O índice é a relação entre a TOR (Taxa de
Ocupação Real) do trabalhador em determinada
atividade ao longo de sua jornada e a TOM (Taxa
de Ocupação Máxima) que deveria haver na
atividade, segundo as características daquele
trabalho.
A TOR é um dos índices mais frequentemente
utilizados pelos gestores de produção e é
também conhecida como taxa de ocupação ou de
saturação.

109
A TOM depende de uma série de fatores:
a. do grau de repetitividade;
b. da intensidade da força exercida;
c. do peso movimentado;
d. da postura ao executar o trabalho;
e. da carga mental;
f. do calor do ambiente
g. do dispêndio energético na tarefa, dentre
outros.

110
Esses fatores, que reduzem a taxa de ocupação
máxima, são também conhecidos como fatores
de recuperação da fadiga.

111
A TOR é comparada com a TOM, interpretando-
se o resultado da seguinte forma:
TOR - TOM = < 0 indica uma situação segura de
trabalho;
TOR - TOM = > 0 indica uma condição
ergonomicamente inadequada, provavelmente
com queixas de desconforto, dificuldade e
fadiga.
Se a TOR é bem maior que a TOM, temos as
situações mais críticas, inclusive com
afastamentos.
112
Para calcular esse índice o autor desenvolveu um
programa de computador. Este programa tem
uma interface gráfica bastante amigável e é
bastante intuitivo e autoexplicativo.

O mesmo está estruturado na forma de planilhas


eletrônicas com campos que devem ser
preenchidos seguindo a sequência determinada
pelo programa, há bastante auxílio visual para o
entendimento das questões.

113
Após o preenchimento das planilhas com as
informações relativas ao posto de trabalho ou
conjunto de atividades estudadas é apresentada
uma avaliação do risco ergonômico, bem como,
recomendações gerais para solução do problema
ergonômico que venha a ser detectado.
Trabalho em Grupo:
Selecionar 01 posto de trabalho e aplicar as duas ferramentas de análise
(Strain Index e Índice Tor-Tom), concluir quanto ao risco ergonômico do
mesmo e propor soluções para a minimização do risco detectado.
Material de apoio:
Strain Index Sheet
Cópia do Índice Tor-Tom

114

Você também pode gostar