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Métodos qualitativos

Artefato – produto de uma criação que será utilizada por uma população e que terá resultados
efetivos no que se espera. Ex: políticas, sistemas, documentos etc.

É o processo de compreensão de um problema social ou humano, com o objetivo de construir


uma visão complexa e holística dele. O estudo reporta visões detalhadas dos informantes por
meio da palavra e é conduzido em um ambiente natural. Os resultados de uma pesquisa
qualitativa são sempre descritivos, referentes à compreensão da realidade.

Suposições ontológicas

Qual a natureza da realidade?

Para o paradigma quantitativo – única, separada e independente do pesquisador (algo que


pode ser mensurado objetivamente pelo uso de um instrumento ou questionário.

Para o paradigma qualitativo – a realidade é subjetiva e múltipla, conforme percebida pelos


participantes do estudo (cada pessoa tem sua realidade).

Pressuposto epistemológico

Para o paradigma quantitativo – pesquisados é independente do que está sendo estudado e


controlar possíveis tendenciosidades.

Para o paradigma qualitativo – o pesquisador interage com o que está sendo estudado.

Pressuposto axiológico

Para o paradigma quantitativo – os valores do pesquisador não devem influenciar o estudo.

Para o paradigma qualitativo – dirigido por valores (admitimos os valores e as


tendenciosidades)

Retórica

Para o paradigma quantitativo – formal e impessoal. Uso de palavras quantitativas (ex: relação,
comparação)

Para o paradigma qualitativo – informal, voz pessoal, palavras qualitativas (ex: compreender)

Entrevista qualitativa

Não diretiva; Não estruturada (pesquisa enviada por e-mail é uma pesquisa estruturada); Não
padronizada; Aberta; Em profundidade.

É um encontro face a face entre entrevistador e informantes. Compreender as perspectivas dos


informantes sobre suas vidas, experiencias e situações.
Base da entrevista: interesse em conhecer a experiencia de vida de outras pessoas e o
significado que eles atribuem a essa experiencia (Seidman, 2013).

É modelada como uma conversa entre iguais e não apenas uma dinâmica de perguntas e
respostas.

O pesquisador é a sua ferramenta de trabalho.

As pessoas dão sentido as suas vidas por meio da fala sobre suas experiências (Mishler, 1986,
Reissman, 2008).

Entrevista em profundidade: eu tenho os temas, os assuntos, mas não uma lista de perguntas
pré-formatadas, também não há tempo limite para elas.

Seleção dos informantes

Quantas pessoas são necessárias: o número é a tomada de decisão mais ao final da pesquisa.
No mínimo 10 entrevistados em profundidade.

É possível parar a pesquisa quando há saturação: não vem nada de novo nas entrevistas em
profundidade. Quando as entrevistas não apresentarem mais insights.

Quanto maior o número de entrevistas com cada informante, menos informantes para ter
dados suficientes para escrever um artigo, tese ou monografia.

Técnicas: snowball (indicação dos informantes que já responderam), restrição (pode limitar a
diversidade dos informantes)

Quando contatar os informantes: explicar a pesquisa de forma ampla para que não haja
respostas tendenciosas (desejabilidade social). Garantir o anonimato. Não oferecer dinheiro.
Garantir pelo menos uma hora por entrevista, local com privacidade, sem interrupções, local
de trabalho do entrevistado ou outros locais públicos (desde que não seja interrompido).

Em interações sociais, todos tentam gerenciar a impressão que os outros possuem de nós
(Goffman, 1967). Entrevistas são interações sociais, por isso é tão importante um treinamento
em entrevista antes de ir para a prática.

Iniciar com perguntas abertas e depois ir aprofundando. Deixar cada pessoa pensar no seu
tempo para responder.

As contradições devem ser checadas com muito tato para termos uma informação mais
coerente na narrativa da pessoa.

Diário de campo: nossas anotações, percepções, sentimentos além da gravação e da entrevista.


A dica é ter um sumário a partir do que aparece nas entrevistas (temas emergentes,
interpretações iniciais, sentimentos, gestos e impressões não verbais essenciais para
compreender o significado das palavras dos informantes).
Grupo focal

Ouvir várias pessoas ao mesmo tempo, além de observar a dinâmica do próprio grupo.

Quando utilizar?

Quando a interação pode fomentar as respostas mais interessantes ou ideias novas;

A pressão de participantes que estão dentro do critério escolhido (grupo homogêneo) facilita a
reflexão;

O tema não é tão delicado;

O tema tem a possibilidade de ser discutido por todos.

Quantidade de participantes ideal – 8 a 10 no máximo.

Quantos encontros – 1 encontro.

Duração dos encontros – 90 a 120 minutos no máximo.

Local – os mesmos das indicações da pesquisa.

Moderador:

Deve estar atento ao processo grupal; analisar as interações; distribuir as falas (não permitir
que apenas uma pessoa fale); lista de pontos a serem discutidos.

Condução:

1. Abertura – estabelecer o rapport, fazer uma introdução para tranquilizar o grupo,


apresentar-se e falar da pesquisa, deixar claro que não tem opiniões incorretas pois
não está buscando nenhuma fala em específico (o foco é observar e relatar), pedir pra
falarem um de cada vez, explicar que pode intervir na fala do outro, mas sem
interrupções, pedir autorização para gravar.
2. Conjunto do debate em grupo – o grupo focal não busca consenso, é apenas coleta de
informações diversas.
3. Encerramento do grupo – exposição sintética da discussão promovida pelo grupo focal,
sem inferir juízos de valor ao resumir posicionamentos contrários ao grupo.
4. Questões posteriores à avaliação do grupo – análise de implicações do moderador em
relação ao grupo, na tentativa de separar o sentimento do grupo daqueles expressos
pelo moderador.
5. Ação posterior – verificar tecnicamente se as necessidades de informação foram
satisfeitas.

Análise de dados do grupo focal

Análise temática

Análise das interações


Observação participante

O observador está em relação face a face com os observados e, em participando com eles em
seu ambiente natural de vida, coleta dados.

O observador se torna parte do contexto observado e, por essa razão, modifica e é modificado
por este contexto (Shwartz & Shartz, 1955).

Entrando no campo

- Interação social confortável: tranquilizar e ganhar confiança das pessoas

- Elicitar dados

- Notas de campo

Desenvolver relações abertas e fazer parte do cenário, não de forma obstrutiva. Idealmente o
desejo é que os informantes “esqueçam” que o observador está ali.

Atuação mais passiva: sentir a situação, ir devagar, aprender a se situar, ouvir mais, para
estabelecer uma identidade como uma pessoa confiável. Aprender a agir adequadamente no
contexto.

Nos primeiros dias a coleta de dados é secundária, o principal é conhecer as pessoas e o


ambiente.

Preparar e treinar uma frase sobre qual é a pesquisa. A frase precisa ser ampla para que não
percebam como julgamento e não tentem “se adequar” ao estudo.

A observação na visita só é útil se pode ser lembrada, por isso um tempo menor é mais
adequado.

Negociar o papel: deixar claro qual é o nosso papel. Podemos colaborar um pouco com o
trabalho, mas não vamos fazer o trabalho todo, é importante ajudar para compreender.

Estabelecer o Rapport – comunicar um sentimento de empatia pelos informantes e conseguir


que eles vejam esse sentimento como sincero. Conseguir que as pessoas abram seus
sentimentos em relação ao local e a outras pessoas.

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