Você está na página 1de 7

Entrevista

Conceito de entrevista

Uma entrevista é um diálogo entre um jornalista (aquele que faz as perguntas) e


o entrevistado, ou seja alguém que tenha conhecimentos sobre determinado assunto.

Conforme Marconi e Lakatos (2017), a entrevista pode ser definida como


encontro entre duas ou mais pessoas, a fim de que uma delas, por intermédio da
conversação, obtenha informações a respeito de assunto preestabelecido. Consiste em
um procedimento de investigação social para a coleta de dados, para ajudar na
identificação ou no tratamento de um problema social. A entrevista configura, hoje, o
instrumento por excelência da investigação social, mas, por ser flexível, é adotada como
técnica fundamental de investigação nas mais variadas áreas. Gil (2019, p. 128) destaca
que profissionais atuantes em problemas humanos (psicólogos, sociólogos, pedagogos e
médicos, entre outros) aplicam a técnica, não apenas para coleta de dados, mas também
para diagnóstico e orientação.

Para GIL (1999), a entrevista é uma forma de interação social, um diálogo


assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como
fonte de informação.

Dessa forma, para Silveira (2001) os referenciais teóricos oriundos da


Psicanálise, Gestalt, Behaviorismo, influenciam tanto a técnica da entrevista quanto a
sua análise, ou seja: A fundamentação teórica do psicólogo permite realizar a entrevista
em condições metodológicas mais restritas, convertendo-a em instrumento científico
com resultados confiáveis. Entretanto, a entrevista, utilizada isoladamente, não substitui
outros procedimentos de investigação da personalidade, mas completa os dados obtidos
por outros instrumentos (p. 100).

Entrevista como ferramenta importante no processo de avaliação psicológica

A entrevista em avaliação psicológica pode ser entendida como um processo de


coleta de informações sobre a pessoa em avaliação, para que seja possível fazer algum
tipo de entendimento a respeito dela. É uma ferramenta importante para o trabalho do
psicólogo, sendo que nenhuma outra é capaz de ter o seu alcance nem a sua
versatilidade.

A entrevista é a técnica mais utilizada para a obtenção de informações a respeito


de uma pessoa em qualquer situação em que exista um indivíduo buscando saber algo
sobre outro, esclarecer comportamentos, elucidar intenções, ideias ou atitudes de
alguém, sejam específicas ou genéricas. É uma ferramenta poderosa à disposição
dos psicólogos, de valor inestimável e, sem dúvida, a mais indispensável de todas as que
possam ser colocadas ao seu alcance. Muitas são as finalidades ou objetivos para a
utilização de uma entrevista pelo psicólogo, assim como existem diferentes tipos ou
modelos de entrevista, de acordo com o que a motiva.

Para utilizar-se da entrevista como ferramenta de avaliação psicológica, o


profissional da Psicologia precisa ter diferentes conhecimentos que variam de acordo
com o propósito da entrevista e o contexto em que ocorre. Se for para psicodiagnóstico,
por exemplo, obrigatoriamente o psicólogo precisará conhecer psicopatologia, critérios
diagnósticos, manuais de transtornos mentais e de classificação de doenças, além de
Psicologia do Desenvolvimento.

Já na avaliação psicológica para a seleção de pessoal, será necessário ao


psicólogo conhecer a descrição do cargo, suas competências, as necessidades da
empresa, e os métodos específicos de entrevista aplicados neste contexto, entre outras
informações que permitam a formulação de questões que abarquem o que se necessita
entender sobre o candidato que se inscreve no processo seletivo. O psicólogo, portanto,
precisará de diferentes informações para utilizar a entrevista como uma técnica única e
insubstituível de coleta de informações acerca de uma pessoa, permitindo lhe executar
em grau de excelência a sua tarefa de conhecer seu entrevistado. E, muito além desses
conhecimentos, precisará usar de recursos relacionais, de capacidade de comunicação e
empatia para ouvir o que o outro tem para dizer, sem perder de vista os objetivos
que provocaram a situação de entrevista.

As entrevistas podem aparecer nos jornais, nas revistas, na rádio ou na televisão.


Quando se trata de uma entrevista escrita, surge a descrição da personagem, do
ambiente em que se desenrola a entrevista e a indicação dos gestos, bem como das suas
reacções.
Numa entrevista existem duas figuras importantíssimas: o entrevistador, aquele
que faz as perguntas e o entrevistado, o individuo que responde. Por ser um texto
constituído de perguntas e respostas, nele predomina o discurso directo e a linguagem
usada é, geralmente, clara e directa.

Tipos de entrevistas aplicáveis na avaliação Psicológica

Existem diferentes tipos de entrevistas aplicadas a várias finalidades, nos


diversos contextos em que pode actuar o psicólogo; estão incluídas entre elas o
diagnóstico, a seleção de pessoal, a intervenção psicoterápica, a devolutiva, a de
encaminhamento e também as entrevistas que tem como propósito a coleta de dados
para pesquisa. Os resultados exitosos da entrevista dependem, na maior parte, da
habilidade de entrevistador do psicólogo.

Este precisa desenvolver conhecimentos específicos sobre diferentes disciplinas


pertinentes a sua área de atuação. Entre elas incluem se Psicopatologia, Psicologia do
Desenvolvimento, Psicologia da Saúde, Psicologia Forense, entre outras.
Os tipos de entrevista referem-se ao seu aspecto formal ou à sua estrutura. Entende-se
que toda entrevista, como processo de se capturar informações sobre alguém, é
uma pesquisa. Por este motivo a proposta de Gil (1999) de classificação das entrevistas
de acordo com seu aspecto estrutural, segundo o pensamento do autor, as entrevistas
podem ser classificadas em: entrevista estruturada, semi-estruturada, e não estruturada.
Outras possíveis nomenclaturas utilizadas para discutir os tipos de entrevista são:
entrevista aberta ou não diretiva (a mesma que a não estruturada), entrevista diretiva ou
fechada (ou estruturada), e a entrevista semi-estruturada que também é conhecida com
semi-diretiva ou semi-aberta. Para entender melhor cada tipo, seguem algumas
descrições acerca de cada um deles:

a) Entrevista não estruturada: Este tipo de entrevista é considerado de tipo


aberto, com nenhuma estrutura ou uma estrutura mínima em que se deixa para o
entrevistado a decisão de como irá expor as informações, como irá construir uma fala
sobre o que está sendo tratado. Diferencia-se de uma simples conversa porque tem uma
finalidade definida, destinam-se a algum propósito bastante claro para as partes. Aplica-
se a diferentes contextos, entretanto por se constituir de uma forma não roteirizada de
coletar dados, a depender da finalidade da entrevista, corre-se o risco de serem coletadas
inúmeras informações e utilizar-se de muito tempo, sem necessariamente serem
atingidos os objetivos propostos. A entrevista não estruturada é o tipo de entrevista que
se destina a situações específicas, como por exemplo, quando se pretende que a pessoa
descreva minuciosamente um evento e o entrevistador apenas faz uma colocação no
sentido de solicitar a ela que fale sobre o que lhe ocorreu. Alguns autores concordam
que quando se pretende esclarecer uma situação, desenvolver um conceito, saber mais
sobre atitudes e comportamentos, trabalhando com uma amplitude de informações, a
entrevista não estruturada é o tipo ideal, já que a delimitação do campo de resposta,
é praticamente nula, podendo ir o entrevistado na direção que quiser
(GIL, 1999; MATTOS, 2005). Alguns cuidados importantes no uso deste tipo de
entrevista recaem sobre:

 possibilidade/necessidade de ser gravada, como garantia de acesso real aos dados


colhidos,sem perda de informações que podem ocorrer quando o entrevistador
intenta anotar todo o conteúdo expresso verbalmente;
 aspectos éticos e de sigilo com o material produzido,assunto que será discutido mais
adiante neste texto;
 outro ponto de ênfase mais teórica é fato de entrevista aberta não significar questão
aberta, pois algumas questões abertas são também utilizadas nos roteiros das
entrevistas estruturadas.

b) Entrevista semiestruturada: A entrevista semiestruturada, conforme


Manzini (2003) e Triviños (1987), tem um foco principal definido e é a partir dessa
focalização que um roteiro é construído, com questões básicas e/ou principais que são
complementadas por outras questões que surgem ao longo da entrevista, permitindo ao
entrevistador fazer emergir informações de forma mais livre e as respostas ficam mais
espontâneas, sem estarem condicionadas a algum tipo de padrão ou alternativas. É um
tipo de entrevista que pode ser aplicada para diferentes finalidades. Para Triviños
(1987, p. 146) a entrevista semi-estruturada favorece “... não só a descrição dos
fenômenos, mas também sua explicação e a compreensão de sua totalidade.

c) Entrevista Estruturada: Este tipo de entrevista é bastante utilizado nas


diferentes áreas de atuação do psicólogo. A entrevista denominada de estruturada, como
o próprio nome diz, por desenvolver-se a partir de uma estrutura previamente definida,
ou seja, há um roteiro fixo de perguntas ou um questionário, cuja ordem e redação
permanecem exatamente iguais em cada aplicação, segundo Lakatos e Marconi
(1996). Neste tipo de entrevista não há a possibilidade de questões serem alteradas
durante a sua aplicação, ela permanece invariável para todas as pessoas que forem
responder a ela. É bastante utilizada em processos seletivos e pesquisas científicas, ou
em outras situações em que se queira fazer um levantamento de informações sobre as
pessoas de modo bastante objetivo e mais rápido que as outras modalidades. São
bastante comuns, neste tipo de entrevista, as perguntas com possibilidades de respostas
bipolares ou dicotômicas.

Sendo assim, a escolha do tipo de entrevista deve ser realizada após o


esclarecimento do propósito da entrevista. Além disso, é preciso observar que o
entrevistador precisa conhecer cada tipo e sua aplicação, justamente para que possa
fazer a melhor escolha de acordo com a sua necessidade.

Temos também segundo Bleger (1998) que a entrevista pode ser de dois tipos
fundamentais: aberta e fechada.
 Na fechada as perguntas já estão previstas, assim como a ordem e a maneira de
formulá-las, e o entrevistador não pode alterar nenhuma destas disposições.
 Na entrevista aberta, pelo contrário, o entrevistador tem ampla liberdade para as
perguntas ou para suas intervenções, permitindo-se toda a flexibilidade
necessária em cada caso particular.
A entrevista fechada é, na realidade, um questionário que passa a ter uma relação
estreita com a entrevista, na medida em que uma manipulação de certos princípios e
regras facilita e possibilita a aplicação do questionário (p. 3).

Porém, devemos desde já destacar que a liberdade do entrevistador, no caso da


entrevista aberta, reside num manejo que permita, na medida do possível, que o
entrevistado configure o campo da entrevista segundo sua estrutura psicológica
particular ou – dito de outra maneira – “que o campo da entrevista se configure, o
máximo possível, pelas variáveis que dependem da personalidade do entrevistado”
(Bleger, 1998, p. 4).
Assim sendo, a entrevista aberta permite um aprofundamento mais amplo da
personalidade do entrevistado, embora a entrevista fechada permita uma melhor
comparação sistemática de dados, além de outras vantagens próprias de todo método
padronizado.

Abordagem sobre a diferenciação dos roteiros de entrevista


A entrevista pode ter alcances variados:
 Entrevista noticiosa (colhem-se factos que se transformam em notícias);
 Entrevista de opinião (colhe-se o ponto de vista do entrevistado sobre o
assunto);
 Entrevista com personalidade (colhem-se aspectos biográficos e pessoais do
individuo);
 Entrevista de grupo (colhem-se opiniões de um certo número de pessoas sobre
certo assunto);
 Entrevista colectiva (um grupo de entrevistadores colhe opiniões de uma
pessoa).

A técnica de uma entrevista varia consoante o tipo de entrevista. Mas há princípios


sempre válidos:
 Preparar a entrevista (estudar o assunto em causa, delimitá-lo, estudar as
perguntas com interesse e inteligentes;
 Colocar-se ao nível do entrevistado (não pretender mostrar superioridade, mas
não se intimidar);
 Ser concreto nas perguntas e organizado na apresentação dos assuntos;
 Sempre que possível e que haja concordância do entrevistado, “gravar” a
entrevista e completá-la com notas-resumo;
 Preparar-se psicologicamente para diversas reacções do entrevistado: tensão
súbita, desagrado crescente, intenção de passar a entrevistador, respostas
inesperadas, mudança forçada do assunto.

A técnica de tratamento e de redacção ou de expressão de uma entrevista varia com o


tipo dessa entrevista e com o meio por que é apresentada (imprensa, rádio, etc.):
 O mais frequente é integrar as informações do entrevistado no contexto de uma
notícia, adaptando-as a esse contexto e no caso da impressa, colocando entre
aspas ou precedidas de travessão as declarações textuais dignas de registo;
 Quando é importante transmitir ao leitor, ou ao ouvinte ou ao telespectador o
encadeamento de perguntas e respostas, valorizando cada palavra do
entrevistado e a sua reacção perante cada pergunta feita, usa-se a transcrição
pura e simples, na forma designada de pingue-pongue.
 Em qualquer caso, a entrevista apresenta sempre uma introdução que situa o
assunto e o entrevistado.

Síntese
Entrevista é um diálogo entre duas ou mais pessoas: entrevistador(es) e entrevistado(s).
O principal objetivo é extrair declarações e informações sobre determinado assunto. ...
Além de jornalística, existe também a entrevista de emprego, social, psicológica, entre
outras.

Você também pode gostar