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 REDAÇÃO COMENTADA

Tema: Como lidar com o sedentarismo infantil no Brasil

Introdução: A introdução até cumpre sua função: apresentar o tema e propor uma tese. No entanto,
tanto a contextualização quanto a tese foram pouco desenvolvidas. Além disso, há a falta do acento
grave da crase em “associado a prática de atividades físicas” (o certo seria “associado à prática de
atividades físicas).

Desenvolvimento I: O desenvolvimento I apresenta boas ideias, no entanto, como não usa referências
que sustentam as ideias defendidas, acaba tornando o argumento pouco embasado e “senso comum”.

1 Mexa-se: verbo no imperativo, associado a prática de atividades físicas, funda-

2 mental para aqueles que almejam uma vida longa e saudável. Estar em movimento é um
3 hábito que deve ser cultivado desde cedo na vida das pessoas. Por isso, é importante que
4 os pais incentivem a prática de atividade física já na infância.
5 Em primeiro lugar, é válido destacar que o comportamento inerte dos menores
6 tem diversas causas. Isso é nítido quando, ao andar na rua, avistamos mais crianças com
7 tablets e smartphones do que com bolas, cordas e bicicletas. Fazer essa observação não é
8 tentar tornar a tecnologia a grande vilã da questão, pois existem outros fatores que as
9 fazem serem inseridas cada vez mais cedo em nossas vidas, como o aumento da violência,
10 por exemplo. Na verdade, a questão é que necessitamos assumir que seu desenvolvimento
11 tem impactado de forma negativa a vida daqueles que não têm discernimento suficiente
12 para saber a hora de sair da frente da telinha e colocar o corpo em movimento.
13 Outro ponto que deve ser observado são os malefícios à saúde que o sedentarismo
14 infantil traz. Segundo dados extraídos de uma pesquisa realizada na Cidade do México,
15 a falta de atividades físicas é um dos principais fatores que desencadeiam a obesidade
16 ainda nessa fase da vida, influenciando, também, na diminuição da expectativa de vida
17 e no aumentando do risco de problemas cardiovasculares. Isso porque, quando uma
18 criança troca atividades físicas pelo simples fato de ficar inerte diante de uma televisão
19 ou jogos online, deixa de interagir com outras pessoas e de se exercitar. Com isso, acaba
20 prejudicando o funcionamento de seu metabolismo, assim como o desenvolvimento so-
21 cioemocional e motor.
22 Nesse sentido, providências precisam ser tomadas, visando garantir uma melhor
23 qualidade de vida para essa geração engaiolada. Em primeiro lugar, é importante des-
24 tacar a função da família. Cabe aos pais o papel de estipular e ensinar os filhos à terem
25 limites, estimulando, também, atividades ao ar livre. Precisamos entender, também,
26 que a grande mídia voltada para o público infantil, apesar de ser um dos fatores que
27 desencadeiam o sedentarismo, já vem fazendo seu papel e pode continuar apresentando
28 ainda mais conteúdo que incentive as crianças, promovendo anualmente corridas infan-
29 tis, como a Corrida Cartoon Network e a Disney Magic Run, excelentes iniciativas que
30 incentivam as crianças a saírem de frente da TV.

Desenvolvimento II: Mais uma vez, o argumento do parágrafo não está incoerente, mas está repetitivo em
relação ao parágrafo anterior e trouxe como embasamento apenas dados estatísticos que reforçam algo
que já havia sido dito.

Conclusão: Na retomada da tese, o termo “engaiolada”, por ser uma metáfora, deveria vir entre aspas. Temos, também,
um problema de regência em relação ao verbo “visar” que pede a preposição “a” e o emprego errôneo da crase diante
do verbo “terem”. Por fim, ainda que as propostas estejam legais, o texto não terminou de forma circular.
 REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: Como lidar com o sedentarismo infantil no Brasil

Sugestão de reescrita:

1 Mexa-se: verbo no imperativo, associado à prática de atividades físicas, fundamental para aqueles que
2 almejam uma vida longa e saudável. Estar em movimento é um hábito que deve ser cultivado desde cedo na vida
3 das pessoas. Por isso, é importante que os pais incentivem essa prática já na infância. Entretanto, o que vemos
4 nos dias de hoje vai de encontro a essa ideia. Nesse cenário, um dos grandes desafios do século XXI é, então,
5 encontrar maneiras de combater a apatia e o sedentarismo que tomou conta das crianças e que as tornam parte
6 de estatísticas preocupantes, como o aumento da obesidade infantil e diabetes.
7 Em uma primeira análise, é necessário destacar o papel da família em relação à saúde da criança. Com
8 o ápice das revoluções industriais e da inserção da mulher no mercado de trabalho, os responsáveis passam a
9 dedicar mais tempo às atividades laborais, fragilizando, assim, as relações familiares. Segundo Émile Durkheim,
10 qualquer ação individual possui uma função específica dentro da sociedade. Ele compara o corpo social a um corpo
11 biológico, no qual todas as partes devem interagir de forma coesa entre si para que haja o funcionamento efetivo
12 do todo. Nessa perspectiva, se a família – como principal agente social nesse contexto – é negligente quanto à
13 prática de atividades e à alimentação das crianças, há o prejuízo não só em relação à teoria do sociólogo francês,
14 mas também em relação ao próprio corpo biológico desses infantes que vivenciam, cada vez mais, a “epidemia
15 do sofá”.
16 Em segunda análise, é importante apontar a influência da tecnologia e do desenvolvimento urbano nesse
17 cenário. É muito comum que pessoas mais velhas relatem como eram ativas na infância, quando brincavam
18 nas ruas. No entanto, essa prática, atualmente, não é viável, na maioria das cidades brasileiras, principalmente
19 naquelas em que os índices de obesidade infantil são mais altos, já que há poucos espaços públicos destinados ao
20 lazer e à prática de exercício físico, além dos constantes casos de violência. Ademais, Sigmund Freud, pai da
21 psicanálise, defendeu que é da natureza humana buscar o prazer e evitar a dor. Nesse prisma, as crianças ocupam
22 o tempo de lazer com diversos aparelhos eletrônicos que não demandam movimentos buscando o prazer imediato
23 e a segurança de seus lares, mas estão longe de não sofrer as dores – físicas e mentais – do sedentarismo.
24 Fica claro, portanto, que o panorama de inércia infantil precisa ser combatido. Dessa forma, além de
25 a família ter papel fundamental no incentivo à prática de exercícios físicos, o Estado como principal agente
26 responsável pelos cidadãos deve, por meio do Ministério da Cidadania, em parceria com as prefeituras, investir
27 em infraestrutura ao ar livre voltada à prática de atividades assegurando policiamento nesses espaços para que
28 as crianças possam se exercitar em segurança. Além disso, as próprias empresas de telecomunicação devem
29 promover aplicativos e jogos online que estejam associados a movimentos físicos. Assim, o funcionalismo social de
30 Durkheim seria posto em prática e, tanto o corpo social quanto o biológico estariam em harmonia.