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TRABALHO INFANTIL

A Atuação do Assistente Social frente ao Trabalho Infantil

2015

2020
2013

2
Ano
1

TRABALHO INFANTIL:

A Atuação do Assistente Social frente ao Trabalho Infantil

Cristiane Costa
Assistente Social
Orientadora Acadêmica
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Universidade Norte do
Paraná - UNOPAR, como requisito
parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Serviço Social.

Orientador: Prof. Adarly Rosana Moreira


Goes.
2

É incrivel isso acontecer, ao invés da criança


brincar e estudar, ela tem que trabalhar e
sofrer...

Cornélio Procópio
2013
3

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade de vencer mais um


obstáculo, pois sem ele eu não teria traçado o meu caminho e feito a minha
escolha pelo Serviço Social, aos meus pais Luiz e Maria. Ambos são
responsáveis por cada sucesso obtido e cada degrau avançado para o resto
da minha vida. Agradeço ao meu companheiro Joel que tem sido sem
duvidas um grande incentivador.

“Algumas pessoas marcam a nossa vida para sempre, umas porque nos vão

ajudando na construção, outras porque nos apresentam projetos de sonho e

outras

ainda porque nos desafiam a construí-los”.


4

“Um mundo para as crianças é construído nos


princípios da democracia, da igualdade, da não
discriminação, da paz e da justiça social."

(Viviane Patrice)
5

RESUMO

O Trabalho Infantil é uma das violações de direitos que mais afeta a sociedade
sendo por motivos culturais, econômicos, sociais e entre outros, defendido pelas
famílias, pelos profissionais das diversas áreas e pelo próprio empregador das
crianças. A sua erradicação tem se tornado difícil e por esta razão é pauta de
discussão em todo o mundo. O profissional de Serviço Social tem a sua relevância
na atuação ao enfrentamento da situação. Os métodos de trabalho com as famílias
envolvidas na Proteção Social especial juntamente com o apoio de outras áreas da
assistência social e parceria com outras políticas, nos dá ferramentas necessárias
para erradicar o trabalho infantil nas famílias.
6

ABSTRACT

The Child Labour is one of the rights violations that affects society and for cultural,
economic, social, and among others, advocated by families, by professionals from
various areas and even by the employer of children. Its elimination has become
difficult and for this reason is discussion agenda worldwide. The professional social
work has its relevance in the performance to cope with the situation. Working
methods with families involved in special social protection with the support of other
areas of social assistance and partnership with other policies, gives us tools to
eradicate child labor in families.

Key-words: Child labor; Social Worker.


7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................8
2. HISTÓRICOS DO TRABALHO INFANTIL NO BRASIL .................................... 10

3. AS PIORES FORMAS DE TRABALHO INFANTIL ..............................................14


3.1 Trabalho Urbano ..................................................................................................15
3.2 Trabalho Infantil no ambiente rural ......................................................................17
3.3 Trabalho Infantil Doméstico .................................................................................18

4. QUANDO A FAMÍLIA É O EMPREGADOR .........................................................20


4.1 Principais danos causados pelo trabalho infantil ................................................22
4.2 Causas e consequências do trabalho infantil .....................................................23

5. A PROIBIÇÃO DO TRABALHO INFANTIL DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO


VIGENTE ...................................................................................................................26
5.1 As Politicas de enfrentamento do Trabalho Infantil no Brasil...............................30

6. A POLITICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL FRENTE AO TRABALHO INFANTIL 32


6.1 O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e seus marcos Legais ............35
6.2 A inserção do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil no Sistema Único de
Assistência Social (SUAS) .................................................................. ...36

7. O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NO ENFRENTAMENTO DO TRABALHO


INFANTIL ..................................................................................................................38

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................43

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................48


8

INTRODUÇÃO

O trabalho infantil no Brasil ainda é um grande problema social.


Milhares de crianças ainda deixam de ir à escola e ter seus direitos preservados, e
trabalham desde a mais tenra idade na lavoura, campo, fábrica ou casas de família,
em regime de exploração, quase de escravidão, já que muitos deles não chegam a
receber remuneração alguma. Hoje em dia, em torno de 4,8 milhões de crianças de
adolescentes entre 5 e 17 anos estão trabalhando no Brasil, segundo PNAD 2007.
O tema é de grande relevância em razão da transformação da
concepção da criança e do adolescente, ocorrida a partir da década de 1980,
quando passaram a ser considerados sujeitos de direito em condição especial de
desenvolvimento, portanto, tutelados pela doutrina da proteção integral. O trabalho
infantil é tratado de modo a compreender seus aspectos históricos, culturais e legais,
abordando-se a realidade brasileira concernente ao trabalho infantil rural, urbano e
doméstico.
O trabalho infantil transforma a criança em adulto antes do tempo,
provoca o fracasso ou o abandono escolar, provoca problemas de saúde como:
fadiga excessiva, distúrbios do sono, irritabilidade, alergia e problemas respiratórios.
Além disso, as crianças são mais vulneráveis aos acidentes de trabalho e o esforço
físico nessa etapa da vida pode retardar o crescimento, ocasionar lesões na medula
espinhal, produzir deformidades, incapacidades permanentes, mutilações e, em
casos de atividades pesadas e perigosas, pode até mesmo levar à morte.
Apesar de no Brasil, o trabalho infantil ser considerado ilegal para
crianças e adolescentes entre 5 e 13 anos, a realidade continua sendo outra. A
exploração do trabalho infantil é uma realidade que se perpetua ao longo do tempo
e, na busca da erradicação da exploração infantil, o Estado e a sociedade têm
buscado, através da Constituição e de leis específicas, regulamentar e delimitar esse
tipo de trabalho a fim de garantir o desenvolvimento saudável dos “seres em
formação”, preparando-os como futuros trabalhadores, cidadãos responsáveis pela
mantença do giro econômico e social do país.
O objetivo geral do trabalho consiste em fazer uma analise do papel
do assistente social no enfrentamento e erradicação do trabalho Infantil, por meio de
pesquisa bibliográfica, os objetivos específicos buscam evidenciar a conduta desse
profissional em relação a esse atendimento, identificar como este é inserido no
9

atendimento, e sugerir ações que devem ser pertinentes para melhoria das
condições dessa assistência. Com esta pesquisa, espera-se contribuir teoricamente
com o tema abordado e demonstrar à importância da comunicação e do
desenvolvimento de ações educativas na atenção básica e especial as crianças e
adolescentes durante o atendimento individualizado a família. E também poder
influenciar direto ou indiretamente na construção de novos conhecimentos que
possam ser somados a prática do serviço social.
10

HISTÓRICOS DO TRABALHO INFANTIL NO BRASIL

Rastreando um pouco mais a história, o trabalho infantil sempre


existiu, verificamos que o trabalho da criança já existia nas sociedades primitivas.
Porém, totalmente diferente do trabalho instalado na modernidade. “As crianças
saiam de suas famílias, na mais tenra idade, indo para outras famílias para serem
aprendizes de ofícios e de bons costumes” (ARIÈS, 1973, p.33).
De acordo com o olhar histórico de Veronese e Custódio (2007)
revela-se que as embarcações portuguesas trouxeram às crianças a condição de
trabalhadoras. Posteriormente, com a intervenção dos jesuítas, as crianças tiveram
rotina de trabalho pela manhã, estudos à tarde e uma grande mudança que foram as
punições corporais. Desse modo, os padres jesuítas trouxeram o trabalho como algo
que “salvaria” o ser humano e os conduziria para o céu, pois teriam todos realizado
algo útil e digno para a humanidade (CUSTÓDIO, 2009, p. 91)
Com a crise mundial de 1929, caíram às exportações do café
brasileiro, e a crise se acentuou no Brasil especialmente na esfera política. Depois
de uma revolução o poder foi entregue a Getúlio Vargas, que buscou promover o
crescimento urbano e acelerou a industrialização o que automaticamente aumentou
o número dos trabalhadores e a exploração infantil (DIAS, 2007).
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, surgiu uma nova
Constituição brasileira, em 1946, que, apesar de ser flexível quanto à idade mínima,
proibiu o trabalho noturno aos menores de 18 anos, reduziu a jornada de trabalho,
instituiu o repouso semanal remunerado, além do 13º salário e FGTS. Porém, houve
um retrocesso durante o regime militar, que anulou os direitos fundamentais
(VERONESE; CUSTÓDIO, 2007).

Segundo Veronese e Custódio:

O Código de Menores de 1979 será a perfeita formatação jurídica da Doutrina da Situação Irregular
constituída a partir da Política Nacional do Bem-Estar do Menor adotada em 1964. Trouxe a
concepção biopsicossocial do abandono e da infração, fortaleceu as desigualdades, o estigma e a
discriminação dos meninos e meninas pobres tratando-os como menores em situação irregular e
ressaltou a cultura do trabalho legitimando toda a ordem de exploração contra crianças e
adolescentes. (2007, p. 73).
11

Surgia à necessidade de transformações, e, ao longo da década de


80, a sociedade começou a se organizar e se redemocratizar em busca de garantias
e direitos às crianças e adolescentes brasileiros, cuja grande conquista foi a Lei
8.069/90, o Estatuto da Criança e do Adolescente, além da ratificação da Convenção
nº 138 e a Recomendação nº 146 da Organização Internacional do Trabalho (OIT),
que dispunha sobre idade mínima em maio de 1999, abrindo definitivamente o
caminho para o combate à exploração do trabalho infantil brasileiro. Com isso, se
pode ver como é recente e atual a luta no combate ao trabalho e exploração infantil,
sendo que se faz necessário conceituar esse trabalho para que se possa separar a
exploração do natural crescimento e desenvolvimento infantil (VERONESE;
CUSTÓDIO, 2007).
Pode-se dizer que a preocupação do Estado com o trabalho infantil é
recente, e da mesma forma a elaboração de políticas públicas com objetivo de sua
erradicação. Segundo a doutrina, no Egito, as crianças e os adolescentes com
desenvolvimento físico relativo, sob as dinastias XII a XX, eram obrigados a
trabalhar, além de serem submetidos ao regime geral, como as demais pessoas.
(STEPHAN, 2002). Na Grécia e em Roma, também os filhos dos escravos eram
obrigados a trabalhar em benefício dos seus donos. (STEPHAN, 2002).
Outro registro histórico sobre a exploração do trabalho infantil,
referente à Idade Média, demonstra que as corporações de ofício se utilizavam dos
menores aprendizes, que por sua vez trabalhavam sem remuneração alguma com
os mestres e companheiros. (STEPHAN, 2002).
Nesse período, os donos da terra, chamados de senhores feudais,
repartiam sua propriedade em duas metades, sendo a primeira cultivada em seu
próprio proveito e a segunda destinada ao uso dos camponeses, que lhes pagavam
por isso pesadas taxas. Era o sistema chamado feudalismo, no qual os camponeses
eram classificados em vilões, que habitavam as vilas e eram homens livres, e os
servos, que não eram livres. Tanto vilões como servos trabalhavam nas terras dos
senhores feudais em troca de proteção militar, mas para obter permissão de uso das
ferramentas dos seus senhores tinham que pagar pesadas taxas. Os senhores
feudais tinham poder de vida e de morte sobre os vassalos e as crianças e os
adolescentes trabalhavam tanto quanto os adultos, não estando isentos do jugo do
dono da terra. (MINHARRO, 2003).
12

Como visto, desde há muito tempo, o trabalho infantil tem sido


comum nas atividades rurais, sobretudo onde as pessoas dependem da economia
familiar. De acordo com a doutrina:

Nas regiões em que predominam atividades rurais, o trabalho das crianças


e dos adolescentes é considerado como um fator essencial na expansão da
produtividade, apesar do fato de que, também na agricultura, a
modernização pela introdução de tecnologia avançada e do assalariamento
do homem do campo, tem determinado a expulsão de um número
expressivo de trabalhadores para os grandes centros urbanos. Essas
modificações resultaram no movimento migratório, cujas conseqüências
foram as piores: desagregação da família, subemprego e todos os tipos de
carências a ponto de se chegar aos casos de marginalização social.
(VERONESE, 1999, p. 76).

No país, de forma regionalmente diferenciada, valoriza-se a inserção


de crianças, e especialmente adolescentes, na força de trabalho como forma de
retirá-las da rua, e afastá-las da marginalidade e da delinquência. Nessa medida, o
trabalho infantil tem sido tolerado pela sociedade e até mesmo incentivado (BRASIL-
Presidência da República, 1998; SILVEIRA, 2000; AZÊVEDO, 2000).·.
Os padrões culturais e comportamentais estabelecidos nas
diferentes classes sociais levam à construção de uma representação positiva no
imaginário social do trabalho de crianças, com o objetivo de fornecer-lhes a
disciplina e a responsabilidade necessárias ao seu desempenho futuro no mercado
de trabalho. O trabalho precoce é desta forma, considerado como um espaço de
socialização, onde as crianças estariam protegidas do ócio, da permanência nas
ruas e da marginalidade (SILVEIRA, 2000).
Segundo Kassouf (2002), em algumas regiões a infância refere-se à
idade cronológica, enquanto em outras se leva em consideração fatores sócio
cultural, e, portanto a legislação que trata do trabalho infantil também varia de um
país para outro. Vilela (1998) destaca que o trabalho infantil ocorre entre famílias
vulneráveis, mais sujeitas a choques conjunturais e idiossincráticos, pois os gastos
com necessidades mínimas de sobrevivência ocupam toda sua renda, e algumas
destas famílias se veem obrigadas a inserir suas crianças no mercado de trabalho e
13

“até mesmo a ‘venda’ de crianças, jogando-as no regime de escravidão”. A autora


ressalta ainda que cada país tem uma realidade diferente, e consequentemente
suas políticas para solucionar o problema devem ser adequadas e não apenas
copiadas.
No século XIX, a criança brasileira continuou marcada pelo estigma
da escravidão, onde apesar de haver alguma atenção à criança burguesa, às
demais era reservado o espaço de animais de estimação, ou ainda meros objetos
(MARCÍLIO 1999, p. 21). Dessa maneira, “enquanto pequeninos filhos de senhores e
escravos compartilham os mesmos espaços privados: a sala e as camarinhas. A
partir dos sete anos, os primeiros iam estudar e os segundos trabalhar” (PRIORE,
1999, p. 101).
Ainda no século XIX, com o início da primeira experiência de
industrialização no Brasil, há um número significativo de crianças trabalhando nas
Fábricas, o que acarretará uma infinidade de sequelas físicas irreversíveis e na
morte prematura devido à falta de cuidados em relação a meninos e meninas
(MOURA, 1999, p. 259). Desse modo, as condições de trabalho nas quais foram
submetidas essas crianças eram realmente desumanas, pois além da jornada de
trabalho desgastante, e dos diversos acidentes de trabalhos ocorridos, estas eram
submetidas à realização das atividades em locais insalubres e perigosos (MOURA,
1999, p. 40).
14

AS PIORES FORMAS DE TRABALHO INFANTIL

Atualmente, a OIT desenvolve um trabalho de erradicação do


trabalho infantil, por meio de Convenções que consignam os direitos fundamentais
dos trabalhadores, universalmente reconhecidos. Também fomenta a
implementação de políticas, legislação, estratégias e ações para eliminar o trabalho
infantil. Para isso conta com o Estado, empregadores, trabalhadores e organizações
não governamentais, enfim, com o engajamento de toda a sociedade. Em 1998, o
Estado brasileiro registrou as principais características do trabalho infantil no Brasil,
conforme se passa a expor:

A literatura sobre os determinantes da participação de crianças na


força de trabalho indica cinco evidências principais: I) a participação
das crianças na força de trabalho - entendida como a proporção de
menores de certa idade que estão ocupados ou procurando trabalho
em relação ao total das crianças daquela mesma faixa etária cresce
com a idade e é maior entre os meninos do que entre as meninas; II)
essa participação é maior entre aqueles de cor negra ou parda; III) a
participação das crianças decresce com o nível de renda das famílias
onde estão inseridas; IV) a taxa de participação de menores é mais
elevada na área rural do que na urbana; V) finalmente, no caso do
Brasil urbano-metropolitano, as taxas de participação são mais
elevadas no Sul e no Sudeste do que no Norte e no Nordeste.
(PLANALTO, 1998).

Os dados, processados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística - IBGE, originados da Pesquisa Nacional de Amostragem de Domicílios -
PNAD2, realizada em 1995, revelavam que uma parcela de 3,6% (581,3 mil) das
crianças entre 5 e 9 anos de idade estava trabalhando, com uma jornada média
semanal de 16,2 horas. A maior parte desse trabalho (79,2%) ocorre na agricultura,
especialmente na pequena produção familiar, sendo que 63,2% das crianças
atuavam naquele setor como trabalhadores por conta própria. (PLANALTO, 1998).
Os dados, portanto, revelam que, no grupo dos 5 aos 9 anos, o trabalho infantil não
é muito significativo na sua intensidade e jornada, caracterizando-se por ser uma
atividade rural, localizada, em sua maior parte, no Nordeste, e predominantemente
15

por conta própria, sendo típica de famílias pobres e de baixo nível educacional.
(PLANALTO, 1998).
O percentual de crianças trabalhadoras eleva-se, substancialmente,
na faixa etária dos 10 aos 14 anos, sendo que o trabalho infantil nessa faixa etária é
predominantemente masculino (87,4%) e cerca de 52% são de pardos, 41,7% de
brancos e apenas 5,3% de negros. A maioria (54,6%) dessas crianças reside na
área rural. A principal ocupação infantil, nessa faixa etária ainda é a agropecuária
(58,3%), seguida do comércio (12,4%), da indústria e da prestação de serviços
(11,2%). (PLANALTO, 1998).
O trabalho das crianças gera mão de obra barata e acaba por
depreciar o mercado de trabalho de adultos, vez que dá aos empregadores uma
opção mais barata para a consecução do lucro desejado, deixando no desemprego
os próprios pais das crianças, a quem cabe, em primeira linha, a responsabilidade
pelo sustento de seus filhos.
Essas crianças, com 10 a 14 anos de idade, trabalham em pequenas
propriedades rurais em regime de economia familiar (ex.: atividade fumageira).
Quando exercem atividades fora da pequena produção familiar, como nas
plantações de cana-de-açúcar e na produção de carvão vegetal, os pais exploram o
trabalho dos filhos para garantir as cotas de produção. Assim, “[...] a inserção
precoce de muitas dessas crianças deve-se a uma decisão de sua família que, como
estratégia para aumentar suas cotas de produção e complementar a renda, utilizam
o trabalho infantil no processo produtivo”. (PLANALTO, 1998). Essa estratégia,
embora tenha uma racionalidade econômica imediata, como forma de assegurar a
sobrevivência das famílias, reveste-se de elevado custo social com o tempo, na
proporção em que perpetua a pobreza e a desigualdade dentro e entre as gerações.
O trabalho infantil ocorre também fora do contexto familiar e da proteção dos pais,
em oficinas, pequenos negócios e no trabalho doméstico. O setor informal também
absorve mão-de-obra infantil, a exemplo de atividades exercidas na rua (comércio
ambulante, lavadores e guardadores de automóveis, engraxates, etc.). (PLANALTO,
1998).

3.1 Trabalho Infantil Urbano:


Por ser expressamente proibido o trabalho de crianças e
16

adolescentes no país, nos centros urbanos exercem atividades sempre na


clandestinidade. De acordo com Pereira, sem estimativa confiável sobre números
certos, há também um contingente de crianças trabalhando nas ruas, sobretudo nas
médias e grandes cidades, desenvolvendo atividades como vendedores ambulantes,
engraxates, lavadores de carros, e, lamentavelmente, como traficantes de drogas.
Muitos se empregam à prostituição.
Segundo especialistas, a “urbanização” do trabalho infantil se deu,
sobretudo depois das ações de fiscalização e punição em regiões rurais – e estaria
sendo percebida a partir da década de 1990, com registros de ampliação nos últimos
anos.
Alguns dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) (1998 apud FEITOSA et. al. 2001) nos mostram que ainda existem no Brasil
cerca de 17 milhões de trabalhadores entre 10 e 14 anos e o número de
trabalhadores informais entre 15 e 24 anos aumentou 3,8%. Estes trabalhadores
também podem estar inseridos em atividades que acarretam graves conseqüência a
médio/longo prazo à saúde e ao desenvolvimento integral do trabalhador.
Segundo estudo da OIT, realizado em 2001 em parceria com o
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) junto à Comunidade da Maré, na cidade do
Rio de Janeiro, as crianças do tráfico apresentam o seguinte perfil:
[...] 1) pertencem as famílias mais pobres da favela; 2) sua escolaridade está abaixo
da média brasileira – hoje em torno de 6,4 anos; 3) a grande maioria das crianças
envolvidas é negra ou parda; 4) casam-se muito mais cedo do que a média dos
adolescentes brasileiros; 5) vevem com parceiros (as) ou amigos (as); 6) acreditam
em Deus e estão se aproximando das religiões Neo-pentecostais e se distanciando
dos cuitos afro-brasileiros.
Nos centros urbanos, a maioria dessas crianças está empregada no
setor informal, vendendo frutas e flores nos sinais, guardando carros, atuando como
engraxates, muitas vezes em locais considerados impróprios, como boates, por
exemplo, ou no setor doméstico.
Conforme notícia do jornal o Estado de São Paulo, o trabalho em
área urbana causa mais impacto na sáude das crianças do que o na zona rural.
Fraturas, problemas respiratórios, queimaduras, cortes e dores musculares são
algumas das consequências para quem trabalha na cidade.
Os dados do Ministério do Desenvolvimento Social que no comércio
17

os percentuais de crianças e adolescentes trabalhando ficam em torno de 12,4%,


seguidos, da indústria e da prestação de serviços 11,2%. As melhores
oportunidades de trabalhos existentes, em particular no Brasil-metropolitano mais
desenvolvido do Sul e do Sudeste, parecem exercer um forte atrativo sobre os
menores. Ou seja, a decisão de trabalhar e abandonar a escola tomada pelos
menores, principalmente no meio urbano, parece ser influenciadanão só pela
escassez dos recursos econômicos da família, mas, também, pela atratividade do
mercado de trabalho onde estão inseridas. Em outras palavras, não só a pobreza e
a desigualdade os fatores que influênciam na inserção precoce das crianças no
mercado de trabalho.

3.2 Trabalho Infantil no ambiente rural:

O trabalho infantil no ambiente rural é uma das atividades


consideradas invisíveis pela OIT – Organização Internacional do Trabalho, cujas
pesquisas estimaram cerca de 69% das crianças e dos adolescentes trabalhando
nesse setor. Conforme dados da Organização, os jovens ingressam nessa atividade
por volta dos 5 anos de idade. No Brasil os dados da PNAD de 1995 indicam que
3,6% (581,3 mil) das crianças entre 05 e 09 anos de idade estavam trabalhando,
naquela época, com uma jornada média semanal de 16,2 horas. Alguns dados
processados pelo Instituto de Geografia e Estatística – IBGE em 2001, tem origem
na Pesquisa Nacional de Amostragem de Domicílios – PNAD, que, convém advertir,
não contempla a área rural da região Norte.
Segundo a pesquisa maior parte desse trabalho (79,2%) ocorre em
ocupações típicas da agricultura, especialmente na pequena produção familiar.
Assim, 63,2% das crianças estavam ocupadas, naquele setor, como trabalhadores
por conta própria. Consistentemente, 75% das crianças que trabalham, nessa faixa
etária, tem o chefe de família ocupado com atividades agrícolas. Vale salientar que
61% dos chefes de família onde há registro de trabalho infantil são autônomos, e
sua maior parte está envolvida naquela atividade. Ainda nessa faixa etária, 51,7%
dos que trabalhavam residiam nos estados do Nordeste, a maioria desenvolvendo
atividades vinculadas à agricultura familiar.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD),
de 2001, 53% dos meninos e 46,5% das meninas, de 05 a 15 anos, que trabalham
18

no Brasil vivem no meio rural. Desses, a maioria trabalha na área agrícola. Segundo
dados do PNAD referentes a 2004, 5,3 milhões de crianças e adolescentes de 5 a
17 anos trabalhavam em todo o país, sendo que destes 75% estavam na agricultura.
Segundo os dados do Ministério de Desenvolvimento Social, o
percentual de crianças trabalhadoras eleva-se, substancialmente, na faixa etária dos
10 aos 14. O contingente dos que trabalhavam representou 18,7% (3,3 milhões) das
crianças do grupo como um todo (cerca de 17,6 milhões). O trabalho infantil nessa
faixa etária é predominantemente masculino (87,4%). Cerca de 52% são de pardos,
41,7% de brancos e apenas 5,3% de negros. Cerca de 54,6% dessas crianças
tinham como domicílio a área rural.
De acordo com o que relatam Souza, Pontili e Lopes em todas as
regiões do Brasil é revelada diversidade impressionante de situações em que se
obriga ou permite-se a inserção ilegal de pessoas com menos de 16 anos em
atividades não educacionais, decorrência da exploração barata, do abandono ou da
negligência. O trabalho nas lavouras apresenta, além de outro prejuízo às crianças e
adolescentes, alto índice de evasão escolas, assim como as outras formas de
trabalho infantil, posto que: Trabalho e educação são atividades que, no curto prazo,
são competitivas. As crianças, de forma geral, deveriam estar na escola e não no
trabalho. Para melhor compreender essa questão, é preciso analisar a relação entre
trabalho infantil e educação, incluída a associação do trabalho precoce com evasão
escolar. É necessário compreender, também, como o trabalho das crianças pode
constituir o principal mecanismo de transmissão da pobreza por gerações.

3.3 Trabalho Infantil Doméstico:

Entre as piores formas de trabalho infantil nos centros urbanos e


rurais está o trabalho doméstico que utiliza, conforme estatísticas do PNAD –
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE em 2007, aproximadamente 4,8 milhões de meninos
e meninas brasileiros de 05 a 17 anos, ou seja, 10,8% da população nessa faixa
etária, sendo que 1,2 milhões tem menos de 13 anos.
A Agência de Notícias dos Direitos da Infância – ANDI relata que
apesar desses índices, o trabalho infantil doméstico não está entre as pautas dos
jornalistas: [...] já que esse tipo de trabalho é socialmente aceito por dar uma falsa
19

noção de inserção das crianças (na maioria meninas pobres, da raça negra e com
baixa escolaridade) em um mercado de trabalho considerado mais humano, que as
qualifica para as tarefas domésticas e lhes dá chance de melhorar de vida, ao sair
do campo para as cidades (cerca de quatro de cada cinco meninas empregadas
domésticas, são encontradas nas regiões urbanas), ou de simplesmente fornecê-las
autonomia financeira.
Das crianças e adolescentes que trabalham em casa de terceiros
(PNAD – 2001): 93% são do sexo feminino; 61% são afro-descendentes, 45% tem
menos de 16 anos (idade mínima permitida por lei para o trabalho doméstico).
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QUANDO A FAMÍLIA É O EMPREGADOR

É difícil acabar com o trabalho infantil, quase 70% é trabalho familiar ou


doméstico não remunerado. O trabalho infantil prejudica os estudos e tira a criança
da escola, reduz em 17,2% a aprovação escolar, e aumenta em 22,6% a evasão
escolar. O nível de renda da família é a maior causa de trabalho infantil, e outr causa
é o baixo custo da mão de obra infantil, que leva a exploração de crianças e
adolescentes que ganham menos, pelo mesmo trabalho de um adulto, em média
42% a menos por mês. (Fonte. Impactos econômicos – Um estudo sobre o trabalho
infantil no Brasil: Fundação Telefônica Vivo).
Mais de 15 milhões de crianças e adolescentes no mundo estão envolvidos
em algum tipo de trabalho doméstico, remunerado ou não, na casa de terceiros. O
número corresponde a cerca de 30% de todos os empregados domésticos no
mundo. Desse contingente de menores de 18 anos, 8,1 milhões executam atividades
consideradas perigosas (52% do total) e cerca de 10,5 milhões não chegam a ter 16
anos. As meninas representam 73% das crianças e adolescentes que exercem
tarefas domésticas. (Carolina Sarres Repórter da Agência Brasil).
[...] O trabalho infantil brasileiro esta visivelmente vinculada à pobreza das
populações, mais carentes, fruto de uma modalidade do “capitalismo real” que tem
em seu interior mecanismos culturais, ideológicos, jurídicos para a manutenção do
status que, na medida em que lhe interessa preservá-lo (OLIVEIRA, 1996. pj).
A Constituição Federal do Brasil, em seu Art.227 diz: É dever da família, da
sociedade e do Estado assegurar a criança e ao adolescente, com absoluta
prioridade, o direito à dignidade, ao respeito, a liberdade e a convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.
A desigualdade social, a pobreza, os recursos naturais escassos, associado à
falta de políticas públicas, tudo isso é apontado como causas do trabalho infantil.
Para as crianças se incorporarem ao mercado de trabalho, não precisa,
necessariamente, todos esses fatores juntos. A pobreza por si só, já as empurra
para aqueles, que, com argumentação de que estão solidários, transformam-se em
exploradores de mão-de-obra barata. No âmbito geográfico, os estudiosos apontam
o problema, para regiões pobres de países subdesenvolvidos, onde as famílias são
21

numerosas, com baixíssimas rendas, o que levam as crianças serem obrigadas a


ajudar financeiramente os pais, como o foco de origem do trabalho infantil.
Com menos tempo para se dedicarem a seu crescimento, as crianças tornam-
se adultas que sabem o seu exato lugar na sociedade e trabalhará duro para o
crescimento do país, mas sem – necessariamente – refletirem sobre seus direitos e
sem criticarem seus chefes e governantes por péssimas condições de vida.
(Leonardo Sakamoto).
Segundo Isa Maria de Oliveira, secretária-executiva do Fórum Nacional para a
Prevenção e Eliminação do Trabalho Infantil (FNPeti), essa ideia é uma falácia.
“Várias formas de trabalho infantil favorecem que crianças e adolescentes sejam
empurrados para o crime organizado, para o tráfico de drogas, para o tráfico de
pessoas, para a exploração sexual. Muitas vezes nesse contexto são submetidos a
xingamentos, espancamentos, violência, abuso sexual”, exemplifica.
No Brasil, muitas crianças entram precocemente no mercado de trabalho,
trabalham normalmente 40 horas ou mais por semana, e recebem um rendimento
extremamente baixo (CAMARGO e ALMEIDA, 1993). Quando uma criança exerce
uma atividade remunerada, o seu rendimento é baixo por que a renda de uma
pessoa é determinada por sua qualificação, isto é, quanto maior o nível educacional
de um indivíduo, provavelmente, maior será seu rendimento. (ROCHA 2003).
Mendes (2008) ressalta que, o perfil do trabalho infantil no Brasil tem se
modificado desde 2005. Grande parte dos casos que ocorreram no passado era
registrada na agricultura. Nos centros urbanos, sobretudo, as crianças trabalham em
empregos informais como o doméstico, de ruas ou mesmo no aliciamento de
crianças e adolescentes para o roubo e para o tráfico de drogas. Conforme
apontamentos de Mendes, no site www.tagonismojuvenil.inesc.org.br acessado em
27 de abril de 2011.
Os dados da PNAD de 2002, relativos às crianças entre 10 e 16 anos de
idade, mostram que o status ocupacional do chefe da família, combinado ao seu
nível de educação e o gênero, pode alterar o uso do trabalho dos membros da
família, o que inclui os filhos (CACCIAMALI e TATEI, 2008). Os autores verificaram
que as famílias chefiadas por trabalhadores por conta própria apresentaram
probabilidade superiores de trabalho infantil do que as famílias chefiadas por
assalariados com carteira de trabalho. Além disso, observaram que a elevação da
educação dos pais refletiu-se em reduções bastante acentuadas da probabilidade de
22

incidência do trabalho infantil.

4.1 Principais danos causados pelo Trabalho Infantil:

Segundo Mendes (2011), os efeitos vão depender da faixa etária e do tipo de


trabalho que está sendo desenvolvido pela criança. Mas eles vão ocorrer. “O
trabalho pode ser exaustivo, pesado, insalubre e trazer efeitos imediatos, como
intoxicação e traumas. Mas mesmo que o trabalho não tenha nada disso, só por ser
trabalho vai tirar a criança do seu momento específico de vida que é brincar,
fantasiar e elaborar o mundo que a cerca à sua maneira. E a criança precisa de
tempo e condições para fazer isso”.
Mendes (2011), quanto mais nova a criança e mais danoso o trabalho,
maiores as consequências ao seu desenvolvimento. Segundo ele o trabalho infantil
pode ser exaustivo, pesado, insalubre pondo em risco não só o desenvolvimento,
mas a saúde e segurança da criança.
Mendes (2011) ressaltou que os dados sobre o trabalho infantil estão aquém
de representar a realidade, visto que, por se tratar de trabalho informal ou ilegal as
informações reais não são reportadas. Por isso é importante que estas crianças
sejam inseridas em programas sociais que as livrem deste fardo, não apenas as
protegendo, mas garantindo que realmente estas crianças, a quem tem sido negada
não apenas a dignidade, mas o respeito aos direitos e garantias legais, sejam
mantidas a salvo de qualquer tipo de trabalho e exploração infantil.
De acordo com o Ministério da Saúde, crianças e adolescentes se acidentam
seis vezes mais que adultos em atividades laborais, e pelo menos três se
acidentaram por dia trabalhando no Brasil de 2009 a julho de 2011. Nesse período,
no mínimo 37 crianças morreram trabalhando, sendo que uma delas não chegou
sequer aos 13 anos. Os dados referentes a acidentes com pessoas com menos de
17 anos foram coletados pelo Ministério da Saúde a partir de comunicação de
hospitais e postos de atendimento. “Nesse primeiro ponto de vista, só nesse
universo, nós já visualizamos que o trabalho precoce compromete aquilo que há de
mais caro na pessoa: a sua vida e a sua saúde”.
De acordo com a médica diretora da Associação Nacional de Medicina do
Trabalho (Anamt) Marcia Bandini, os impactos de trabalho para adultos e crianças
são muito diferentes fisiológica e psicologicamente, podendo apresentar resultados
23

devastadores para crianças e adolescentes. Também segundo ela, “Eles são mais
suscetíveis por estarem em fase de crescimento e desenvolvimento, têm maior
vulnerabilidade social com menor percepção de perigos e, frequentemente, não têm
sequer tamanho suficiente para o uso de equipamentos de proteção, que são
destinados a adultos”.
Devem ainda ser considerados os riscos ambientais; os agentes químicos,
físicos, biológicos, mecânicos e ergonômicos existentes nos ambientes de trabalho
que sejam capazes de causar danos à saúde e à integridade física da criança e do
adolescente, em função de sua natureza, intensidade, susceptibilidade e tempo de
exposição.
Além da perda de direitos básicos como educação, lazer e esporte, as
crianças e adolescentes que trabalham podem sofrer consequências irreversíveis.
“Os trabalhos que exigem esforço físico extremo, como carregar objetos pesados ou
adotar posições anti-ergonômicas, podem trazer danos irreversíveis ao crescimento
da criança”, afirma Bandini. Devido a pouca resistência, a criança está mais
suscetível a infecções e lesões, em relação ao adulto. Em termos psicológicos, a
médica aponta o abuso físico, sexual e emocional também como principais fatores
de doença. “O trabalho infantil cobra seu preço na saúde física e mental, bem como
na inclusão socioeconômica das crianças de adolescentes”.
A responsabilidade pela crueldade do trabalho e exploração infantil não é
apenas do poder público, mas da família, da sociedade, entes que necessitam estar
articulados, alertas e atuantes de forma prioritária e efetiva, abominando e punindo
qualquer tipo de omissão, ou proveito desta injustiça social.

4.2 Causas e consequências do Trabalho Infantil

Schwartzman (2004) ressalta que há variados efeitos do trabalho infantil, de


acordo com a idade do indivíduo e o tipo e a duração do trabalho empreendido,
podendo ou não afetar a frequência escolar e o aproveitamento educacional. O autor
propõe três indicadores, capazes de demonstrar o efeito sobre o desempenho
escolar: o analfabetismo, a presença ou ausência à escola e a defasagem idade-
série. Nos últimos anos, sobretudo a partir da Constituição de 1988, o acesso à
educação tornou-se praticamente pleno. Schwartzman (2004) demonstra que, entre
os jovens com idade entre 10 e 17 anos, a porcentagem de analfabetos é 4%;
24

considerando crianças e adolescentes entre cinco e 17 anos em situação de


trabalho, somente 80,7% frequentam a escola, o que representa uma evasão de 19,
3%. Ana Lucia Kassouf (2005) afirma que nações com elevados níveis de
desenvolvimento econômico apresentam níveis reduzidos de trabalho infantil, e
famílias com pais de maior nível de escolaridade apresentam menores
probabilidades de trabalho em idade jovem.
Basu e Tzannatos (2003) ressaltam que filhos de advogados, médicos,
professores e, em geral, da população de classe média alta não trabalham na
infância. Vários estudos mostram que o aumento da renda familiar reduz a
probabilidade de a criança trabalhar e aumenta a de ela estudar. [[Nagaraj] (2002),
Edmonds (2001), Kassouf (2002)].
No estudo realizado por Kassouf (1999) e por Emerson e Souza (2003), todos
utilizando dados da PNAD para o Brasil, fica claro que quanto mais jovem o
indivíduo começa a trabalhar, menor é o seu salário na fase adulta da vida e esta
redução é atribuída, em grande parte, a perda dos anos de escolaridade devido ao
trabalho na infância.
Bezerra (2005) utilizou os dados do Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Básica (SAEB) de 2003, que possui informações de testes padrões de
língua portuguesa e de matemática aplicados aos alunos da 4ª e 8ª série do ensino
fundamental e da 3ª série do ensino médio, em escolas públicas e privadas do Brasil
e concluiu que o trabalho infantil, principalmente fora do domicílio e durante longas
horas, reduz o desempenho escolar. Gunnarsson, Orazem e Sánchez (2004)
realizaram uma pesquisa em onze países da América Latina e concluíram que os
estudantes que trabalhavam obtinham 7,5% menos pontos nos testes de
matemática e 7% menos nos testes de idioma do que os alunos que somente
estudavam.
Forastieri (1997) coloca que os locais de trabalho, equipamentos, móveis,
utensílios e métodos não são projetados para utilização por crianças, mas, sim, por
adultos. Portanto, pode haver problemas ergonômicos, fadiga e maior risco de
acidentes. O autor argumenta que as crianças não estão cientes do perigo envolvido
em algumas atividades e, em caso de acidentes, geralmente não sabem como
reagir. Por causa das diferenças físicas, biológicas e anatômicas das crianças,
quando comparadas aos adultos, elas são menos tolerantes a calor, barulho,
produtos químicos, radiações etc., isto é, menos tolerantes a ocupações de risco,
25

que podem trazer problemas de saúde e danos irreversíveis.


Kassouf (2001), utilizando dados do Brasil, mostram que quanto mais cedo o
indivíduo começa a trabalhar pior é o seu estado de saúde em uma fase adulta da
vida, mesmo controlando a renda, escolaridade e outros fatores.
Conforme a Organização Internacional do Trabalho Infantil – OIT (1995)
existem 120 milhões de crianças entre 5 a 14 anos que trabalham para contribuir
com as despesas familiares. Assim, muitas delas trabalham em condições penosas
e de risco, durante, mais de dez horas por dia. Este não é um problema novo, dado
que esta relacionada com a pobreza das famílias dessas crianças (ROCHA, 2003).
26

A PROIBIÇÃO DO TRABALHO INFANTIL DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO


VIGENTE.

Em 1959, a Declaração Universal dos Direitos Humanos elaborada pela


Assembleia Geral das Nações Unidas determinava que “a criança não deve ser
admitida em emprego antes de uma idade mínima apropriada em nenhum caso deve
lhe ser permitido trabalhar em ocupação ou emprego que prejudique sua saúde ou
educação, ou interfira com seu desenvolvimento físico, mental ou moral”.
Mais tarde, a OIT – Organização Mundial do Trabalho, principalmente nas
convenções nº. 132 e 182, que estabeleceram regras para o trabalho de
adolescentes e preconizaram a proibição do trabalho infantil. Porém, não levaram
em consideração todas as formas de trabalho, deixando de fora, por exemplo, o
trabalho doméstico. A Constituição Federal da República Federativa do Brasil, de
1988, estabeleceu em seu artigo proibiu qualquer forma de trabalho para menores
de dezesseis anos, sendo que o trabalho noturno, insalubre e perigoso não deve ser
praticado por ninguém com menos de 18 anos.
Estas regras foram depois aprimoradas na Consolidação das Leis
Trabalhistas – CLT, de 1942. Porém, o ponto alto da legislação que garante o
respeito aos direitos das crianças e adolescentes é o Estatuto da Criança e do
Adolescente – ECA, de 1990. O Estatuto reafirma os direitos das crianças de terem
um desenvolvimento saudável nessa fase especial da vida. Além disso, estabelece
mecanismos de proteção desses direitos, afirmando a necessidade de elaborar um
Sistema de Garantia dos Direitos e um Sistema de Proteção, além de ter criado os
Conselhos de Direitos e os Conselhos Tutelares, como importantes instrumentos
para a defesa dos direitos e proteção as vítimas que tenham seus direitos violados.
O primeiro instrumento de proteção contra a exploração do trabalho infantil é
a Constituição Federal, onde entende que o trabalho precoce envolve todos aqueles
prestados por crianças ou adolescentes, com idades inferiores aos dezesseis anos,
salvo na condição de aprendiz a partir dos quatorze e ainda aqueles que incluem
atividades noturnas, perigosas ou insalubres, com limite de idade mínima de dezoito
anos (art. 7º, XXXIII CF/88) (BRASIL,2008).
O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece do mesmo modo em seu
artigo 60, que é proibido qualquer trabalho a menores de 16 anos de idade, salvo na
27

condição de aprendiz e ainda restringe sua realização em locais prejudiciais à sua


formação e ao desenvolvimento físico, psíquico, moral e social, bem como àqueles
realizados nos horários e locais que não permitem a frequência à escola (art. 67, III,
IV ECA) (BRASIL, 1990).
A Organização Internacional do Trabalho é outro meio de combate à
exploração do trabalho infantil, pois é responsável pelo controle e emissão de
normas referentes ao trabalho em todo o mundo, determinando as garantias
mínimas do trabalhador (LIETEN, 2007, p. 81).
A legislação brasileira que trata do trabalho infantil remonta a 1891,
materializada no Decreto 1.313, que, entre outras medidas, definia que os menores
do sexo feminino com idade entre 12 e 15 anos e os do sexo masculino de 12 a 14
anos só poderiam trabalhar, no máximo, sete horas diárias, além de fixar, também,
que os menores de sexo masculino de 14 a 15 anos deveriam ter uma jornada de
até nove horas. Até o advento da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em
1943, uma série de dispositivos procurou disciplinar a matéria, em especial através
da fixação de idade mínima para o exercício do trabalho. Destaca-se, dentre estes, o
Primeiro Código de Menores da América Latina (o Código Mello Mattos), de 1927,
que limitava a idade mínima de trabalho em 12 anos, além de proibir o trabalho
noturno aos menores de 18 anos.
Com a CLT, faz-se uma ampla abordagem da proteção do trabalho do menor,
contando com dispositivos que tratam da fixação de idade mínima para o exercício
laboral (fixada em 12 anos), das atividades vedadas à sua atuação, das condições
de trabalho, entre outras.
Importante dispositivo legal brasileiro que trata do tema é o Estatuto da
Criança e do Adolescente, sancionado em 1990, através da Lei 8.069, que substituiu
o Código de Menores, até então vigente, e procurou dar uma dimensão ampliada ao
tema, definindo os direitos deste grupo etário à saúde, educação, alimentação e
proteção, materializadas através das obrigações do Estado, das famílias e da
sociedade como um todo. O Estatuto trata, ainda, do direito à profissionalização e da
proteção no trabalho da criança e do adolescente, reiterando dispositivos da
Constituição de 1988 sobre o tema.
Várias ações de combate, direto ou indireto, ao trabalho infantil encontram-se
em desenvolvimento no país, através de ONGs, empresas, entidades patronais,
sindicatos, governos locais e, mais recentemente, pelo governo federal. São ações
28

que abrangem objetivos como a erradicação do trabalho infantil de risco, a


profissionalização de menores, o combate à prostituição, a melhoria do sistema de
ensino, o provimento de recursos financeiros às famílias, entre outras.
A proibição do trabalho de crianças e adolescentes é muito recente, uma vez
que a proibição legal somente foi formalizada no Estatuto da Criança e do
Adolescente de 1990. Durante séculos as crianças e adolescentes trabalharam no
âmbito doméstico, no ambiente rural e também no industrial. A industrialização
brasileira utilizou em massa crianças nas fábricas no começo do século XIX e
continuou a empregar adolescentes até o meio do século XX.
É permitido pela legislação brasileira o trabalho de menores de 18 anos em
algumas atividades que não causem dano à saúde do trabalhador e que não seja
realizado em período noturno. A legislação trabalhista prevê o trabalho do maior de
14 anos somente como aprendiz (contrato de aprendizagem artigo 428 da CLT).
Salvo esse caso o trabalho do menor de 16 anos é proibido. O contrato de
aprendizagem é especial, pois se diferencia do contrato de trabalho, nos seguintes
itens: 6 horas diárias de trabalho sem hora extra ou banco de horas, contrato deve
ser estipulado por escrito com prazo determinado de no máximo dois anos, vise
aperfeiçoamento da formação técnico profissional do aprendiz, entre outras.
Apesar da proibição do trabalho infantil e da restrita permissão ao
adolescente de trabalhar, há uma série de trabalhos ainda exercidos por crianças.
Alguns adolescentes trabalham no setor do comércio e na construção civil, porém
cada dia mais diminui o emprego de menores nessas áreas, devido à fiscalização
para proibição do trabalho infantil e restrição do trabalho do adolescente.
O trabalho sexual de menores de 18 anos ainda é uma realidade no Brasil,
que luta para proteger crianças e adolescente nessas condições. Fala-se de
exploração sexual de menores, indicando que há um maior que lucra com o trabalho
sexual de menores. A prostituição infantil ainda é realidade, porém cada vez mais a
sociedade condena quem se utiliza desses serviços. Sobre esse assunto há quase
um consenso que deva ser um trabalho proibido para crianças e adolescentes e que
se deve ter políticas públicas eficazes para reverter essa situação que, via de regra,
está associada à pobreza.
Um dos primeiros documentos que estabelece a proibição do trabalho infantil
e do adolescente é a Convenção 138 de 1973 da Organização Internacional do
Trabalho. Esse documento estabelece como idade mínima para o trabalho 18 anos,
29

mas permite aos Estados membros adotarem a idade de 16 anos, desde que se
comprometam a alterar a situação no futuro (artigo 3). Esse documento somente
entra em vigor no Brasil em 2002, ou seja, 29 anos depois. Outro documento de
proteção é a Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989 da ONU. Em 1999 os
membros da OIT firmam um documento internacional para erradicação das piores
formas de trabalho infantil: Convenção 182. Esse documento reconhece que há
ligação entre a pobreza e o trabalho infantil.
No âmbito do Direito nacional a Constituição Federal de 1988 garante no seu
artigo 227 à proteção a criança e ao adolescente e proíbe expressamente o trabalho
noturno, perigoso ou insalubre para menores de 18 anos; proíbe o trabalho para os
menores de 16 anos, excetuando a condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. O
Estatuto da Criança e do Adolescente repete as proibições constitucionais ao
trabalho de menores e especifica a condição de trabalho para algumas condições
(trabalho do menor deficiente e o trabalho educativo). O ECA dedica todo um
capítulo para tratar o tema: Capítulo v - do direito à profissionalização e à proteção
no trabalho (artigos 60 à 69). (A Consolidação das Leis do Trabalho apresenta um
rol de artigos cuidando do tema (art. 403- 441), que foram atualizados por diversas
leis – Decreto lei 229 de 1967, Lei 10097 de 2000).
Apesar de toda essa proteção legal, há uma dificuldade de se implementar
políticas efetivas para erradicar o trabalho infantil. A dificuldade está em combater
alguns fatores que levam à criança e o adolescente a trabalhar, em especial: a
pobreza. Por outro lado, não se pode negar a recente disponibilidade do governo de
implantar políticas públicas para proteção da criança e do adolescente e que visem
erradicar o trabalho infantil, dentre elas está: Programa de Erradicação do Trabalho
infantil (PETI – de 2001) e sua ligação com o programa de bolsa família (Portaria
666 de 2005), Programa Nacional de prevenção e erradicação do trabalho infantil e
proteção ao trabalhador adolescente (2004). Se há políticas públicas visando a
erradicação do trabalho infantil, ela não está voltada para todos os campos, pois
ainda há trabalhos realizados por crianças e adolescentes que são permitidos no
Brasil, e exercidos com pouca ou nenhuma regulação.
De acordo com Silva (2005), o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA
corresponde há uma das conquistas democráticas alcançadas na década de 1980,
que veio substituir o Código de Menores de 1979, numa tentativa de ruptura com a
visão autoritarista de infância vigente naquele período, incorporando tanto elementos
30

de descontinuidades quanto de continuidades acerca da legislação anterior.


Atualmente estão em vigor e foram ratificadas pelo Brasil duas convenções
internacionais, sendo elas a convenção 138, que integra num único instrumento
limites geral de idade mínima para o trabalho, e a convenção 182, voltada à
eliminação das piores formas de trabalho infantil, ambas servindo como ferramentas
de combate ao trabalho precoce (LIETEN, 2007, p. 98).
Enfim, além de todos esses aparatos jurídicos para erradicação do trabalho
infantil, pode-se contar com a ajuda também da política de atendimento, dos
Conselhos Tutelares, dos Conselhos de Direitos, dos meios de comunicação, bem
como dos Fóruns de Direitos da Criança e do Adolescente (CUSTÓDIO, 2009, p.
33).

5.1 As Politicas de enfrentamento do trabalho infantil no Brasil

O trabalho infantil é visto como um grave problema social, revelador da


situação de miséria e exclusão vivida por milhares de famílias e que ao Estado e a
sociedade brasileira cabe enfrentar e propor alternativas para sua superação.
A pobreza é sem dúvida, um fator determinante da inserção precoce de
crianças no mercado de trabalho. Nas regiões onde a sociedade é caracterizada
pela pobreza e pela desigualdade, a incidência do trabalho infantil tende a aumentar,
assim como a possibilidade de exploração desse trabalho. (RIBEIRO, 2004, p.36)
Nesse contexto, entre as políticas públicas, a educação apresenta-se como
prioridade para enfrentar estas desigualdades e proporcionar melhor qualidade de
vida para as crianças e adolescentes que estão pelas ruas no mundo do trabalho ao
invés de estarem na escola preparando-se para um futuro com dignidade. É na
escola que a criança e o adolescente desenvolvem a socialização, as relações de
amizade, aprende a ler, conviver e favorecer as condições para o desenvolvimento
das relações sociais.
O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil-PETI, integrante do
Programa Bolsa Família, é um programa de transferência de renda, que se propõe a
erradicar as piores formas de trabalho infantil. O público-alvo são as famílias que
tem crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, que devem abandonar
o trabalho e passar a frequentar e permanecer na escola, além de participar de
ações socioeducativas desenvolvidas na atividade denominada jornada ampliada,
31

em horário complementar e em sintonia com a escola.


Este trabalho se propõe a apresentar algumas considerações a respeito do
trabalho infantil, bem como, sua vinculação com a pobreza, vista como resultante da
desigualdade de distribuição da riqueza socialmente produzida, o que entre outras
consequências, tem levado crianças e adolescentes provenientes de famílias pobres
a inserção precoce no mundo do trabalho o que tem fundamentalmente sérias
implicações no desempenho escolar, pois ao estarem nas ruas, trabalhando, não
tem o tempo necessário para estar na escola, brincar e experimentar ludicamente o
mundo o que é fundamental para sua formação cidadã e consequentemente para
um futuro com dignidade. Evidentemente o trabalho infantil está inserido na agenda
política do governo brasileiro. A legislação também é compatível com as
necessidades de defender os direitos das crianças e adolescentes, entretanto, são
necessárias políticas mais articuladas para materializar essa legislação.
Em 2004, o Ministério do Trabalho e Emprego – MTE elaborou o Plano
Nacional para erradicação do trabalho infantil e Proteção ao Trabalhador
Adolescente, sendo este a primeira tentativa de colocar no papel das estratégias de
enfrentamento desse problema social. Este plano esteve ligado à formalização da
Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil - CONAETI. A articulação do
governo prevê, segundo o Plano, o reconhecimento das múltiplas interfaces do
trabalho infantil, não podendo ser analisado apenas pela ótica da renda, indo desde
a escola de qualidade até a garantia de inclusão social das famílias.
Além disso, existe articulação de vários ministérios, o Ministério da Saúde, o
Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à fome, o Ministério do
Desenvolvimento Agrário, etc. no sentido de elaborarem ações conjuntas para a
erradicação do trabalho infantil.
32

A POLITICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL FRENTE AO TRABALHO INFANTIL

Segundo Behring e Boschetti (2009) no início do séc. XX houve a


primeira conquista no campo dos direitos sociais no Brasil como resultado da luta
dos trabalhadores por melhores condições de trabalho, gerando as primeiras
iniciativas de legislação trabalhista. Contudo, a ampliação das políticas sociais no
Brasil, ocorrida nos tempos da ditadura (1937 -1945 e 1964 – 1984), foi utilizada
no sentido de favor e tutela, em contraponto as restrições dos direitos civis e
políticos.
Granemann (2009) ressalta como marco de expansão das políticas
sociais no Brasil a Constituição Federal de 1988, que articulou a política de
seguridade social e dotou-a de fontes de financiamento, prevendo-lhe um
sistema de gestão descentralizado e participativo.
A partir da Constituição Federal Brasileira de 1988, conforme Sposati
(2009, p.13), foi vislumbrada a garantia dos “direitos humanos e sociais como
responsabilidade pública e estatal”, realizando mudanças conceituais que foram
significativas para o cenário político e social. A referida Constituição apresenta a
Seguridade e as três políticas de Proteção Social que a compõe: a Saúde, a
Previdência e a Assistência Social. Sposati (2009, p.14) salienta que: A inclusão
da assistência Social significou, portanto, ampliação no campo dos direitos
humanos e sociais e, como consequência, introduziu a exigência de a assistência
social, como política, ser capaz de formular com objetividade o conteúdo dos
direitos do cidadão em raio de ação, tarefa, aliás, que ainda permanece em
construção.
Todavia, a ampliação das políticas de proteção social não se restringiu
apenas a instituição dos ditames constitucionais. Segundo Jaccoud (2009), com
a chegada dos anos 90, mas principalmente nos anos 2000, o Brasil passou a
expandir-se no campo das políticas públicas, buscando responder às
reivindicações da sociedade, referente ao enfrentamento de várias expressões
da questão social. A autora cita os programas Bolsa Família e PETI, que
atendem a uma grande fração da população brasileira e na qual seus impactos
foram considerados importantes no combate a situação de pobreza e de
“desproteção social” (JACCOUD, 2009, p. 64).
Em 1993, com a promulgação da Lei Orgânica da Assistência Social
33

(LOAS), foi de fato regulamentada a nova forma de se pensar a Política de


Assistência Social14, como política social pública. A referida lei em seu 1º artigo
nos apresenta sua conceituação de Assistência Social:

A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de


Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada
através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da
sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas (Art. 1º/
LOAS).

A LOAS afirma os seguintes princípios que norteiam a Política de Assistência


Social Brasileira, são eles: a Supremacia do atendimento; a Universalização dos
direitos sociais; o respeito à dignidade do cidadão; a igualdade de direitos no acesso
ao atendimento e a divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos
assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios
para sua concessão.
Conforme Alves e Campos (2012), a Política de Assistência Social vem no
passar dos anos implementando mecanismos que viabilizam a construção dos
direitos sociais para seus usuários, destacando a Política Nacional de Assistência
Social (PNAS/2004) e o Sistema Único de Assistência Social (SUAS/2005) que se
trata da materialização do conteúdo da LOAS, estabelecendo a corresponsabilidade
entre os entes federados (União, Estados, DF e Municípios). Ressalta-se ainda a
análise das características socioterritoriais e diferenças locais instituindo em todo
território nacional o modelo de gestão descentralizada e participativa, para regular,
cofinanciar e organizar as ações socioassistenciais.
Outras normativas contribuíram na fundamentação da oferta de serviços, no
âmbito da Política de Assistência Social, são eles: a Norma Operacional Básica –
NOB/SUAS, 201215; a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos –
NOBRH/SUAS, 2007; o Protocolo de Gestão Integrada de Serviços16, Benefícios e
Transferência de Renda no âmbito do SUAS, 2009; a Tipificação Nacional de
Serviços Socioassistenciais, 2009; as Portarias nº 842 e 843de 28 de dezembro de
2010. Destarte, os projetos, serviços, programas e benefícios da Assistência Social
passaram a ser acompanhados e avaliados com suporte nos princípios que
fundamentam a proteção social, em consonância com a Constituição Federal de
34

1988 e a LOAS - previstos na PNAS, e que determinam as ações a serem realizadas


pelo SUAS (MDS, 2010a). Os princípios que dão essa fundamentação são os
seguintes: a Matricialidade Sociofamiliar, a Territorialização, a Integração à
Seguridade Social e a Integração às políticas sociais e econômicas.
Entre os princípios supracitados destaca-se a matricialidade sociofamiliar
como eixo estruturante das ações da Assistência Social, no intuito de fortalecer as
condições para que famílias possam prover a proteção devida aos seus membros
(SPOSATI, 2009). Foi nesse processo de construção que o Programa de
Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) foi integrado a Política de Assistência Social,
sendo inserido ao SUAS em 2005.
No mesmo ano ocorre a criação da Portaria nº 666 (28/12/05), responsável
pela integração do PETI ao Programa Bolsa Família (PBF). Essa integração
possibilita a garantia da Universalização do PETI, pois: racionaliza e aprimora os
procedimentos de gestão do PBF e do PETI; amplia a cobertura de atendimento das
crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil; bem como aumenta as
ações dos Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, para crianças e
adolescentes do PBF em situação de trabalho infantil (MDS, 2010a).
O PETI trata-se de um programa Federal que visa à proteção e retirada de
crianças e adolescentes de até 16 anos das práticas do trabalho precoce, salvo na
condição de aprendiz a partir de 14 anos19. Como programa integrante da PNAS, o
referido programa baseia-se em suas normativas para a criação de seus princípios
norteadores: a) Reconhecimento da criança e do adolescente como sujeito de
direito e pessoas em condição peculiar de desenvolvimento que não podem, em
hipótese alguma, vivenciar situações de trabalho, devendo a todo o momento ser
protegidas dessa prática; b) Garantia dos direitos da criança e do adolescente
retirados da prática do trabalho infantil; c) Reconhecimento de que o trabalho infantil
é proibido no Brasil, exigindo a eficaz e imediata intervenção pública para a
interrupção, não reincidências e prevenção dessa situação (MDS, 2010a, p. 52).
Como política em construção, ressalta-se em 2009 a aprovação pelo Conselho
Nacional de Assistência Social (CNAS), da Tipificação Nacional de Serviços
Socioassistenciais (Resolução nº109, datada de 11/11/09), em resposta a VI
Conferência Nacional da Assistência Social. A referida resolução visa estabelecer
bases de padronização nacional na prestação dos serviços socioassistenciais (MDS,
2009). Em decorrência da tipificação ocorrem algumas mudanças referentes ao
35

enfrentamento do trabalho infantil pela política de assistência social, devendo este


acontecer articuladamente, através de Serviços de Proteção Social Básica (PSB) e
de Proteção Social Especial (PSE), no âmbito do SUAS (MDS, 2010).

6.1 O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e seus marcos legais

O PETI foi implantado pela Secretaria de Assistência Social (SEAS) em


1996, em decorrência das várias denúncias de trabalho escravo de crianças em
diversos Estados do Brasil, principalmente na zona rural, nas carvoarias e canaviais.
Em resposta à solicitação da sociedade, representada especialmente pelo
Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil – FNPETI, o PETI
foi criado pelo Governo Federal, inicialmente no Mato Grosso do Sul, em articulação
com os Governos Estaduais e municípios, sendo posteriormente lançado na zona
canavieira de Pernambuco e na zona sisaleira da Bahia, bem como em Sergipe e
Rondônia, tendo atuação focada nas áreas rurais. Progressivamente o programa foi
alcançando a outras regiões do país e atingindo também as áreas urbanas (MDS,
2010a; PADILHA, 2008).
O FNPETI, criado em 1994, teve significativa atuação nas intervenções no
âmbito do enfrentamento ao trabalho infantil, com a participação de vários agentes
sociais, de entidades governamentais e não governamentais entidades de classes,
entre outros. Suas ações inspiraram e contribuíram para abordagem da temática,
articulação dos esforços dos governos (federais, estaduais e municipais) e da
sociedade civil, surgindo como fruto dessa experiência o PETI (SILVA, NEVES JR,
ANTUNES, 2002; MDS, 2010a).
Em 2001, a SEAS através da Portaria nº 458, instituiu as diretrizes e normas
do PETI, estabelecendo o seu enfrentamento inicial às piores formas de trabalho
infantil realizadas por crianças e adolescentes de 7 a 14 anos de idade em trabalhos
considerados perigosos, insalubres, penosos eu degradantes, além do atendimento
aos adolescentes até 15 anos de idade em situação de extremo risco e/ou em caso
de exploração sexual. Posteriormente, a portaria supracitada sofre alterações pela
criação da Portaria nº 666 (2005), responsável pela integração do PETI ao Programa
Bolsa Família (PBF). Com a nova portaria, o PETI amplia o seu foco de atendimento
para as diversas formas de trabalho infantil de crianças e adolescentes com idade
até 16 (dezesseis anos), salvo o trabalho na condição de aprendiz a partir dos 14
36

anos.
Referente às bases históricas e legais de combate ao trabalho infantil, vale
ressaltar que a temática tomou visibilidade internacionalmente nos anos 80,
principalmente pela criação da Declaração Universal dos Direitos da Criança, em
1989, consagrando a doutrina de proteção integral e de prioridade absoluta da
infância. Entretanto, a emergência da referida questão tornou-se imprescindível
devido ao agravamento da exploração da mão de obra infantil por muitos países em
desenvolvimento com a finalidade de diminuir os custos da exportação de seus
produtos (AMARAL, CAMPINEIRO E SILVEIRA, 2000).

6.2 A Inserção do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil no


Sistema Único de Assistência Social (SUAS)

O SUAS, no seu desafio de dar materialidade à política de assistência social,


de acordo com as determinações da LOAS, estabelece a “centralidade do Estado na
garantia da existência de serviços estatais como articuladores dos serviços
socioassistenciais necessários” (COUTO, 2009, p. 206).
A política de seguridade apresenta um conceito fundamental que é o da
proteção social, compreendida como “[...] uma soma de ações [...], que visa proteger
o conjunto ou parte da sociedade de riscos naturais e/ou sociais decorrentes da vida
em coletividade” (MENDES; WUNSCH; COUTO, 2006, p. 212). Desta forma, a
proteção social presente na estrutura da PNAS está composta de dois modelos de
proteção afiançadas: a proteção social básica (PSB) e a proteção social especial
(PSE) de alta e média complexidade.
O PETI é um programa de âmbito nacional que articula ações tanto da PSB
quanto da PSE. Para melhor entendimento sobre o referido programa faz-se
necessário conhecermos os objetivos, serviços e ações realizadas por ambas, de
acordo com as formulações do SUAS.
A proteção social básica tem característica preventiva. A PNAS apresenta
seus objetivos:

[...] prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de


potencialidades e aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e
37

comunitários. Destina-se à população que vive em situação de


vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda,
precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou,
fragilização de vínculos afetivos – relacionais e de pertencimento social
(discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, entre outras)
(BRASIL, 2004, p.33).

Os serviços executados pela Proteção Social Básica são referenciados pelo


Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), unidade pública estatal
considerada porta de entrada da política de assistência social, responsável por
organizar a rede socioassistencial e a oferta dos serviços vinculados a PSB, pois
está localizado nas áreas de vulnerabilidade social22, permitido um maior acesso
dos usuários aos serviços ofertados. (MDS, 2010a).
Segundo a PNAS (2004), seus serviços buscam fortalecer as famílias em que
os vínculos familiares e comunitários estejam fragilizados, procurando restabelecer
os laços, através do incentivo ao protagonismo de seus entes e pela oferta de
serviços que promovam o convívio, o acolhimento e a socialização.
38

O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NO ENFRENTAMENTO DO TRABALHO


INFANTIL

Os profissionais de serviço social possuem um contexto muito importante


diante da rotina profissional, que deve ser formado e organizado teoricamente,
afirmado com relatos da literatura existentes de outros profissionais da área. A
relação desse profissional com os indivíduos que compõem seu ambiente de
trabalho possibilita a criação de novas maneiras de pensar e agir, frente à
problemática existente e que pode ainda surgir e que necessita de sua intervenção.
É papel deste profissional é repensar e permitir a construção de novas metodologias
de ação diante das situações vivenciadas (ROSSI, 2009).
O Serviço Social tem seu surgimento marcado pela consolidação do sistema
capitalista no momento de sua manifestação como monopólios, momento este
marcado pelo afloramento da “questão social”. Entendida aqui como afirma
IAMAMOTO (2007):

“[...] conjunto das desigualdades sociais engendradas na sociedade


capitalista madura, impensáveis sem a intermediação do Estado. Tem sua
gênese no caráter coletivo da produção contraposto à apropriação privada
da própria atividade humana – o trabalho -, das condições necessárias à
sua realização, assim como de seus frutos. É indissociável da emergência
do ‘trabalhador livre’, que depende de venda de sua força de trabalho com
meio de satisfação de suas necessidades vitais. A questão social expressa,
portanto disparidades econômicas, políticas e culturais das classes sociais,
mediatizadas por relações de gênero, características étnico-raciais e
formações regionais, colocando e, causa as relações entre amplos
segmentos da sociedade cível e o poder estatal”. (IAMAMOTO, 2007.
p.16,17).

A “questão social”, objeto do Serviço Social tem uma relação com o Serviço
Social desde sua gênese como profissão, ela sustenta sua base de intervenção.
Todavia, não se coloca de imediato nesta relação, pois “as conexões genéticas do
Serviço Social profissional não se entretecem com a questão social, mas com suas
peculiaridades no âmbito da sociedade burguesa fundada na organização
monopólica” (NETTO, 2000:18).
39

Conforme NETTO (2000):

“[...] a base própria da sua profissionalidade, as políticas sociais, conformam


um terreno de conflitos – e este é o aspecto decisivo- constituídos como
respostas tanto às exigências da ordem monopólica como ao protagonismo
proletário, elas se mostram como territórios de confrontos nos quais a
atividade profissional é tensionada pelas contradições e antagonismos que
as atravessam enquanto respostas”. (NETTO, 2000:78).

Segundo IAMAMOTO (2007), um dos maiores desafios que o assistente


social vive no presente é desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e
construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a
partir de demandas emergentes no cotidiano. Enfim, ser um profissional propositivo
e não só executivo. (“...) Requer, pois, ir além das rotinas institucionais e buscar
apreender o movimento da realidade para detectar tendências e possibilidades nela
presentes passíveis de serem impulsionadas pelo profissional” (IAMAMOTO, 2007,
p. 20-21).
. É papel deste profissional repensar e permitir a construção de novas
metodologias de ação diante das situações vivenciadas (ROSSI, 2009).
Uma dessas situações é a violência do Trabalho Infantil, que pode ser
entendida como um conjunto de ações e/ou omissões, que sejam responsáveis pela
perda do bem-estar do indivíduo, de sua integridade física e psicológica, O ato de
violência pode acontecer dentro e fora do lar, por qualquer indivíduo que demonstre
posição de ignorância, mesmo aqueles que exercem função paterna ou materna,
com laços de sangue ou não (SALIBA et al., 2007).
Diante desta situação vale os profissionais de serviço social fazer
acompanhamento as famílias vulneráveis deste conhecimento prejudicial à criança e
adolescente. A família sempre esteve inserida na área de atuação do Serviço Social,
porém na maioria dos serviços, ela vem sendo contemplada de maneira
fragmentada, ou seja, cada integrante da unidade familiar é visto de forma
individualizada, descontextualizada e portador de um problema. Em vista disso, um
dos desafios da profissão é a busca de metodologias para trabalhar a família como
um grupo com necessidades próprias e únicas.
Para IAMAMOTO (2004), a prática profissional permite a oportunidade de
pensar em si e no seu fazer profissional. Isto requer disposição para analisar e
40

refletir, de forma aberta e transparente, suas ações, seus dilemas e falsos dilemas,
imbuídos pelo interesse em desenvolver uma ação planejada, resultante daquela
reflexão, permitindo o enfrentamento de suas questões operativas principais. A
intenção de desvelar as práticas ocultas do cotidiano só pode efetivar-se a partir da
e na ação profissional. Este momento caracteriza-se pelo encontro com o
desconhecido. Isto significa ir além do discurso parcial, fragmentado, pela simples
reprodução do já produzido, mas descobrir algo que ainda não foi partilhado na
construção do saber. Deste modo, a ultrapassagem da totalidade parcial para
totalidade mais complexa no interior da prática se faz pela relação
pensamento/realidade.
Segundo GOMES (1999), a família é um grupo de pessoas com
características distintas formando um sistema social, baseado numa proposta de
ligação efetiva duradoura, estabelecendo relação de cuidado dentro de um processo
histórico de vida. O Assistente Social auxilia e estimula a família a adquirir o controle
da situação, através da busca das suas próprias demandas e desafios em cada
etapa do processo. Assim, a família pode se tornar mais bem adaptada e
competente para cuidar do doente e conseguir administrar a situação, que toda a
família vivencia, com um sofrimento menos intenso.
Atualmente, as políticas sociais, são desenvolvidas pelo estado, município e
organizações não governamentais, sendo que tais políticas têm como objetivo o
desenvolvimento social, e no caso de criança e do adolescente, a proteção destes, e
o seu reconhecimento como sujeitos de direito, e como pessoas em
desenvolvimento. Contudo, as crianças e adolescentes não tem conhecimento dos
seus direitos, garantidos por lei, não tem acesso a essas informações, e quem as
tem, por interesses próprios, os negam, e outros se omitem. A maioria das famílias
brasileiras, também na conhecem os seus direitos, e muitas vezes são enganados,
por falta de informação, por falta de alguém que lhe mostre o que e seu, os seus
direitos, e os ajude auxilie, na busca destes.
O Serviço Social tem um papel fundamental na erradicação do trabalho
infantil, seja na elaboração de atividades socioeducativas, gestão e execução dos
programas governamentais, investigação e identificação das demandas existentes,
bem como encaminhamento correto para tratamento médico, psicológico,
atendimento na Jornada Ampliada do PETI, por exemplo, onde esse recurso estiver
disponível.
41

Ações socioeducativas também são importantes para garantir os direitos da


criança e adolescente. “A ampliação do acesso à educação infantil, uma adequada
jornada escolar, o apoio a iniciativas que reduzam as distâncias entre a escola e a
residência e a implementação de serviços culturais com o objetivo de proteger,
socializar e fortalecer os vínculos familiares e comunitários são algumas medidas
que contribuem para a solução do problema”.
Deixando de ser apenas executor, o profissional de Serviço Social, precisa
formular e gerir políticas sociais. Por sua vez, ser propositivo no âmbito do
planejamento e da criação de políticas sociais requer do profissional um
conhecimento prévio da realidade social em que se está trabalhando. A criatividade
e a inovação são fatores essenciais, posto que, de acordo com Torres, Filho e
Morgado (2009), as políticas públicas têm, nos últimos cinco anos, procurado se
ajustar à lógica do ECA, porém, não se pode consolidar uma intervenção sem uma
qualificação adequada a responder as demandas vivenciadas na realidade.
No contexto da implantação de propostas, deve-se refletir sobre a negação da
prática do clientelismo, do autoritarismo e da burocracia nas políticas discutivas,
expressões tão utilizadas na execução de políticas sociais atuais onde se
institucionaliza a prática profissional do assistente social. No tocante à prática
profissional, dentro de uma instituição, ao se tratar especificamente do atendimento
à criança e ao adolescente não basta o conhecimento teórico do problema, mas
como já mencionado, a observação do contexto tanto individual como coletivo, deve
ser um dos instrumentais que não pode faltar ao profissional.
Outro ponto importante a destacar é a proposta de trabalho interdisciplinar já
tão exigido no mercado de trabalho atual. A intervenção profissional será melhor
embasada e terá maiores resultados se integrada aos diferentes ramos e
especialidades profissionais, pois, como fenômeno social, a questão da criança e
adolescente, além da problemática do trabalho infantil, discutida neste artigo, aborda
uma grande diversidade de situações que vai desde ao fator geral da violência, seja
doméstica ou não, exploração sexual, alto índice de gravidez entre adolescentes,
crianças e jovens em situação de rua e drogas, além da prática do ato infracional.
O assistente social deve agir de forma comprometida com a classe
trabalhadora, adotando procedimentos imprescindíveis como o conhecimento da
realidade, a compreensão de que cada caso é único e possui especificidades
próprias, não podendo, portanto, utilizar fórmulas prontas e o respeito ao direito da
42

criança de ser ouvida, afinal as ações desenvolvidas tem como alvo a sua proteção.
É necessário que este profissional atue com a clareza de sua inserção na
Rede de Proteção voltada para a criança, e que, portanto, a qualidade dos serviços
prestados individualmente refletirá diretamente na efetivação desta Rede.
Para MIOTO (2004), o desafio da superação dessa situação, considerando a
urgência de consolidação do projeto ético-político da profissão, que só poderá
acontecer através de uma prática profissional crítica e altamente qualificado em
áreas de intervenção profissional consolidadas historicamente e da expansão do
mercado de trabalho para os assistentes sociais. Além disso, não pode ser
esquecido o projeto de formação profissional que, através das diretrizes curriculares,
coloca como um de seus eixos os fundamentos do trabalho profissional.
Como afirma IAMAMOTO (1998) e NETTO (1996): “Diante dos desafios é
imprescindível que o profissional do Serviço Social tenha competência teórico crítica,
coragem cívica e intelectual”. Tendo essa convicção os profissionais do Serviço
Social, apresentaram uma prática autêntica e plena de cidadania, perante os
usuários.
43

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante desta pesquisa bibliográfica podemos concluir que, o trabalho infantil é


uma problemática decorrente, na maioria dos casos, da desigualdade social própria
do sistema capitalista, que ao privar os pais dos meios de manutenção da família,
acaba por inserir precocemente as crianças no mercado de trabalho.
Constatou-se ainda, que esta forma de exploração é um fenômeno social que
envolve fatores históricos e culturais, vivenciados no Brasil desde o período Colonial.
Fatores históricos a exemplo da escravidão, pois a cada dez escravos dois eram
crianças, o que colaborou com a naturalização do trabalho infantil no país. E
culturais como a visão arcaica de que a criança deve trabalhar para não cair na
marginalidade ou para aprender a dar valor às coisas conquistadas. Porém, as
legislações brasileiras atuais, especialmente a Constituição Federal de 1988 e o
ECA, veem romper com esta estrutura antiga, ao estabelecer a Proteção Integral à
infância, na qual a criança é compreendida enquanto cidadã de direitos.
Rocha (2003) e Schwartzman (2007) afirmam que no Brasil, nos últimos anos,
trabalho infantil é relativamente frequente em áreas rurais, onde crianças geralmente
participam da atividade agrícola familiar, e no meio urbano, onde se ocupam dos
afazeres no âmbito doméstico ou se inserem em atividades informais.
Apesar dos avanços alcançados na área da cidadania e do desenvolvimento
apresentado nas últimas décadas, a utilização da mão de obra de crianças ainda se
faz presente, devido ao contraste social vivenciado pela população, sendo que, os
serviços e programas oferecidos não são suficientes para suprir a demanda
apresentada. Nota-se que a luta contra o trabalho infantil não será vencida enquanto
todos os atores sociais não se articularem, ou seja, somente quando o poder
público, a sociedade civil, as famílias que experimentam esta situação, os
profissionais e entidades que atuam na área da infância e particularmente o
assistente social se mobilizarem em prol da erradicação da exploração de nossas
crianças e da devolução de sua infância subtraída.
Em nosso País, várias são as leis que visam à proteção do trabalho infantil,
todas em consonância com os preceitos internacionais de proteção à criança e ao
adolescente. Entretanto, o problema ainda persiste, sendo que, para eliminar as
suas causas impõe-se uma ação social conjunta que envolva o Governo, a
comunidade e os empregadores, cujos resultados práticos seriam sentidos apenas a
44

médio e longo prazo.


Na sociedade capitalista os resultados financeiros estão acima de tudo. O
raciocínio do mercado é procurar a maior lucratividade com o menor dispêndio
possível. Sob esse prisma, a exploração do trabalho infantil aparece interessante
aos olhos do capital, pois é uma mão-de-obra mais barata. Além do mais, trabalho
infantil também traz diversos outros benefícios para os empresários por seu baixo
custo, baixo nível de reivindicação, submissão, fatores que se mostram atraentes ao
modelo atual, pois beneficiam a lucratividade.
Infelizmente, o trabalho infantil ainda persiste em nosso país, o que reflete
prejuízos à saúde das crianças e adolescentes, que estão muito mais expostas a
riscos que o ambiente laboral pode trazer em relação a um adulto, justamente em
razão de estarem passando por um processo de desenvolvimento. Além do mais,
diversos problemas podem ser ligados à incidência do trabalho infantil como baixa
escolarização, ou escolarização insuficiente, pouca ou inexistente profissionalização,
doenças, problemas osteomusculares, problemas psicológicos.
Ao lado disso, ao longo da história o arcabouço jurídico brasileiro construído
em relação ao tema do trabalho infantil evoluiu gradativamente. Porém, se percebe
que as normas jurídicas não conseguem surtir efeitos sozinhas como se pretendia
ao prescrevê-las. Nesse sentido, que se busca como instrumento efetivo de combate
e erradicação do trabalho infantil políticas públicas Inter setoriais, as quais devem
surtir efeitos nos mais diversos campos como saúde, educação, serviço social, e o
direito.
A prevenção e a erradicação do trabalho infantil podem ser elencadas como
princípios e direitos fundamentais do trabalho. Igualmente, a exploração da mão de
obra infantil se revela como empecilho ao trabalho decente e ao desenvolvimento
das crianças e adolescentes.
Nesse sentido, o direito da criança e do adolescente possui um potencial que
abarca uma visão multidisciplinar e democrática, uma vez que necessita da
participação dos diversos atores sociais. Além do mais, o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), aliado à Constituição Federal, atribui responsabilidade
compartilhada do Estado, da família e da sociedade em relação à efetivação dos
direitos dos infantes.
As estratégias de garantias de direitos da criança e do adolescente para
erradicação do trabalho infantil no âmbito das políticas públicas sócio assistenciais
45

amparadas pela Constituição Federal, a qual reconhece o direito dos infantes ao não
trabalho e situa a Assistência Social no rol da proteção integral dos infantes.
As políticas voltadas a crianças e ao adolescente no Brasil tiveram, ao longo
da história, várias reformulações até considerar, de fato, a criança e o adolescente
enquanto sujeitos de direito com proteção integral, como posto no Estatuto da
Criança e do Adolescente. A Assistência Social tornou-se, com a Constituição
Federal de 1988, em seus artigos 203 e 204, parte integrante da rede de proteção
social pública no Brasil. O que se espera da assistência social, enquanto direito de
cidadania, e componente da seguridade social, é que a mesma deva funcionar como
uma rede de proteção, atuando contra a reprodução da pobreza.
Podemos perceber que são vários os desafios postos aos profissionais de
Serviço Social diante do enfrentamento do Trabalho Infantil, porém com tantas
dificuldades em seu fazer profissional o assistente social entra em conflito uma vez
que está cotidianamente na conciliação de trabalhar com as demandas e
participação política, demandas e estudos, demandas imediatas e qualificação
profissão, ou seja, são muitas as atribuições ao reduzido número de profissional e é
grande o leque de atividades a eles impostas para dar conta de concretizar seu fazer
profissional segundo as diretrizes de seu trabalho.
O profissional de serviço social enfrenta a Erradicação do Trabalho Infantil
com muita frequência. O Serviço Social é uma profissão comprometida com os
direitos de todos os seres humanos, especialmente dos seguimentos mais
vulnerabilizados da população. As crianças e adolescentes sempre se constituíram
numa parcela populacional vítima de violação dos seus direitos, na medida em que
são mais frágeis e susceptíveis aos problemas sociais e familiares.
O profissional do serviço social trabalha no desenvolvimento e aplicação de
políticas sociais, cujo objetivo é retirar as crianças e adolescentes, das condições
desumanas, que estão envolvidos, e desenvolver com estes um trabalho de
socialização, de mudança de vida, não só para eles, mas também para sua família.
Ainda em vários municípios do Brasil vivemos esta realidade de crianças e
adolescentes que é obrigada a trabalhar para colaborar no sustento da família. Os
profissionais de serviço social possuem um contexto muito importante diante da
rotina profissional, que deve ser formado e organizado teoricamente, afirmado com
relatos da literatura existentes de outros profissionais da área A relação desse
profissional com os indivíduos que compõem seu ambiente de trabalho possibilita a
46

criação de novas maneiras de pensar e agir, frente à problemática existente e que


pode ainda surgir e que necessita de sua intervenção.
Considera-se que, para trabalhar diante de tantos entraves, o profissional
deve ter em mente a realidade na qual se insere e se colocar no desafio de atuar
diante de vários empecilhos. Para tanto, o profissional deve atuar segundo seu
projeto ético-político na direção de uma mudança societária a favor das classes
subalternas e da defesa dos direitos dessas.
Diante da realidade inserida, o profissional tem o desafio de se posicionar
contra os ditames que dificultam seu fazer profissional. Cabe a ele ser comprometido
com seu projeto ético-político e cabe a ele acompanhar as mudanças societárias, a
realidade na qual se insere para, a partir de então, propor novos direcionamentos
para sua prática cotidiana junto a seus usuários que são sujeitos de direitos. Direitos
estes, conquistados frente muitas lutas e dificuldades em vários períodos históricos e
que não devem deixar de se efetivar.
O Assistente Social, no exercício da sua profissão, fornece meios para que o
usuário crie sua autonomia. E, desta forma, se fortaleça, sem necessitar do
atendimento contínuo das políticas sociais, mas somente quando necessite, pois
estes cobram condicionalidades e critérios para ter acesso ao direito, não tendo
escolha, fazendo somente o que lhe é imposto, impedindo que sua vida caminhe
com autonomia própria.
Reconhece-se que o trabalho do Serviço Social, diante da lógica do sistema
vigente, realiza-se com inúmeros limites e impõe a estes profissionais grandes
desafios em seu trabalho cotidiano. No entanto, salienta-se que, mesmo diante dos
entraves postos, o profissional de Serviço Social não está engessado em suas
ações, pois carrega consigo uma relativa autonomia de trabalho. Esta autonomia
deve ser trabalhada através de uma postura propositiva, crítica e criativa de trabalho.
O profissional deve estar atendo às possibilidades cotidianas de trabalho, deve
investir na sua capacitação intelectual e, principalmente, fortalecer os mecanismos e
instrumentos de participação social.
Estamos conscientes das dificuldades de toda ordem, que dificultam a
implementação dos direitos sociais num pais complexo como o Brasil. Estamos
confiantes de que as dificuldades serão solucionadas com o tempo. Porém, para que
esse tempo seja reduzido é necessária a mobilização de pessoas, grupos e
instituições, que devem engajar-se nos esforços de tirar do papel tudo que está
47

escrito na legislação.
Assim, o profissional de Serviço Social precisa, continuar trabalhando pela
efetiva aplicação dos direitos humanos, pois se cada um de nós cumprir seu papel
na sociedade, propondo mudanças naquilo que está ao nosso alcance, certamente
construiremos urna sociedade mais justa.
48

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