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CURSO DE DIREITO

ANDERSON RODRIGUES DE SOUZA

TRABALHO INFANTIL NO BRASIL

Guarulhos

2017
ANDERSON RODRIGUES DE SOUZA

TRABALHO INFANTIL NO BRASIL

Trabalho de conclusão de curso apresentado


ao curso de Direito na Universidade
Guarulhos como requisito para a obtenção
do Grau de Bacharel em Direito.

BANCA EXAMINADORA

Profa.

Profa.

Guarulhos, 22 de maio de 2017.


DEDICATÓRIA

Agradeço a Primeiramente a Minha Filha Ingrid que teve paciência de ficar


pouco tempo comigo devido a essa jornada de Trabalho e faculdade a minha esposa
Jessica e Minha Mae Evana sem elas não seria possível ter passado por esse desafio
e por ter dado força, para superar todas as dificuldades.
E meus amigos que me incentivam a não desistir que tiveram paciência por não está
em todos os churrascos e festas.
Dedico especialmente ao meu Pai José (in memoriam), que infelizmente não
pode estar presente neste momento tão feliz da minha vida, mas que não poderia
deixar de dedicar a ele que foi uns dos principais responsáveis por me incentivar a
estudar, pois se hoje estou aqui, devo muitas coisas a ele e por seus ensinamentos
e valores passados. Obrigado por tudo! Saudades eternas!

Anderson Rodrigues de Souza


AGRADECIMENTOS

Agradeço, aos meus familiares e amigos que estiveram comigo durante a


minha vida acadêmica.
Aos docentes que me acompanharam durante todo o processo de formação
acadêmica, o qual obteve a honra de conhecer.
E em especial o orientador Professor Dr. Pedro Ivo e a Coordenadora Dra. Luciana
Guimarães pela paciência e dedicação.
RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo mostrar, definir, conflitar e
distinguir o trabalho infantil, juntamente, procurará também, demonstrar as
políticas públicas vigentes que acabam por resultar na forma prematura desses
adolescentes no mercado de trabalho Formal e o informal, periférico e marginal.
Dentre estes fatos, procurarei demonstra-las e diferenciar erradicação do trabalho
infantil.

Palavras-chave: Trabalho infantil, Erradicação do Trabalho Infantil, desafios.


ABSTRACT

The aim of this work is to show, define, confront and distinguish child labor.
It will also seek to demonstrate the current public policies that result in the premature
form of these adolescents in the formal labor market and the informal, peripheral
and marginal. Among these facts, I will try to demonstrate them and differentiate the
eradication of child labor.

Keywords: child labor, eradication of child labor, challenges.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ECA - Estatuto da Criança e do adolescente

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação

MTE - Ministério do Trabalho e Emprego

MDS - Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome

ONGs - organizações não governamentais

OIT - Organização Internacional do Trabalho

PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil

ONU - Organização das Nações Unidas

PNE - Plano Nacional da Educação

RACA - Rede de Apoio à Criança e ao Adolescente

TST - Tribunal Superior do Trabalho

PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil

UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância


ÍNDICE

INTRODUÇÃO-----------------------------------------------------------------------------------------10

1 .Trabalho Infantil no Brasil---------------------------------------------------------------------11

1.2- Conceitos de Trabalho Infantil------------------------------------------------------------12

1.3- Á Problemática do Trabalho Infantil----------------------------------------------------13

1.4- Impactos Psicológicos----------------------------------------------------------------------14

1.5- Aspectos Físicos------------------------------------------------------------------------------15

1.6- Educação e Economia-----------------------------------------------------------------------16

2 - O trabalho Infantil Nas Fronteiras Do Brasil-------------------------------------------18

2.1- O que é o Trabalho Infantil Conforme a Constituição----------------------------19

2.2- Causa do Trabalho Infantil-----------------------------------------------------------------19

2.3- Má Qualidade da Educação---------------------------------------------------------------20

2.4- Naturalização----------------------------------------------------------------------------------20

2.5- Trabalham Para a Própria Família------------------------------------------------------21

2.6- Trabalhos Para terceiros------------------------------------------------------------------22

3 - Fundamentos Jurídicos de Combate ao Trabalho Infantil-----------------------23

3.1- Convenções Internacionais--------------------------------------------------------------24

4 – Combates ao Trabalho Infantil no Brasil----------------------------------------------26

4.1- Redes de Exploração sexual infantil--------------------------------------------------26


4.2- Desafios de Prevenir e Eliminar a Exploração Sexual Infantil---------------27

5 – Ações e Programas Não Governamentais------------------------------------------30

5.1- Programas de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI)-----------------------30

6- Causas de Desligamentos dos Programas------------------------------------------32

7- Conclusão--------------------------------------------------------------------------------------35

8- Referências bibliográficas----------------------------------------------------------------36
10

INTRODUÇÃO

Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo mostrar o cotidiano


das crianças e adolescentes e suas dificuldades que encontram no seu dia a dia.

Hoje em dia o trabalho infantil continua sendo sintoma claro da eficiência


políticas públicas eficazes de educação, socialização, cidadania e principalmente
de distribuição de renda e desenvolvimento socioeconômico do país.

Hoje fala-se, sobre o desenvolvimento industrial, tecnológico, comercial e


social, refletidos nas crescentes relações trabalhistas pelo fenômeno da
globalização, a falta de políticas pública de inserção social e cultural destes
cidadãos trabalhadores é causa da introdução dessa massa na miséria e na
pobreza, acabando por inserir crianças e adolescentes precocemente no mercado
de trabalho formal e informal, muito mais como um meio de aumentar a renda para
a sobrevivência familiar do que efetivamente vira exploração econômica tendo em
vista sua capacidade produtiva, onde qualquer outra atividade de exploração, bem
como se vê a inserção de menores em atividades econômicas como justificativa de
preveni-lo do encontro com a marginalidade.

O Estatuto da Criança e do adolescente (ECA), e onde a lei de diretrizes e bases


da educação e a própria consolidação das leis do trabalho, reconhece
a necessidade de proteger as crianças e os adolescentes, tendo-os como
parte vulnerável e merecedora de proteção Estatal frente aos abusos,
explorações, deficiências e precariedade existentes na realidade social que
avassala o país.
11

1-1 Trabalho Infantil no Brasil.

Mais de 3,3 milhões de crianças e adolescentes (entre 5 e 17 anos) estão em


situação de trabalho infantil no Brasil, segundo levantamento feito pela Fundação
Abrinq.
O guia “Cenário da Infância e Adolescência – 20161 " ainda aponta que, das
crianças entre 0 e 14 anos, 44% encontram-se em situação de pobreza e 17% em
situação de extrema pobreza. Ainda segundo o estudo, quase 188 mil crianças estão
em situação de desnutrição (abaixo do peso), 69 mil estão muito abaixo do peso, e mais
de 500 mil estão obesas, segundo dados do Ministério da Saúde.
De acordo com o estudo, quase 19% dos homicídios no país são praticados contra
crianças e adolescentes, sendo 80% deles com armas de fogo.
A compilação reúne os dados mais recentes no tema, disponibilizados em órgãos como
IBGE, Ministério da Saúde, Ministério da Educação, Disque Denúncia, entre outros.
Ao todo, o guia da Fundação Abrinq traz 27 dos “Principais Indicadores da Infância
e da Adolescência” nas áreas da saúde, educação, moradia, violência e renda. O guia
também apresenta uma análise sobre as metas aplicáveis às crianças e adolescente
em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável adotados pelos Estados-
membros das Nações Unidas, que estabelecem metas sociais de desenvolvimento
sustentável a serem atingidas até 2030.

De acordo com o levantamento, o Brasil tem aproximadamente 61,4 milhões de


crianças e adolescentes (de 0 a 19 anos). Pouco mais de 25% das crianças de 0 a 3
anos conseguem frequentar creches. A meta do Plano Nacional da Educação (PNE) é
subir para 50% os números até 2024.
Embora a taxa de escolaridade no ensino fundamental seja alta (96%), só 56% delas
conclui o ensino médio. Durante o período analisado, quase 19% dos bebês nasceram
de crianças ou adolescentes (de 10 a 19 anos).

1
Essas informações foram retiradas do site www.g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2016/04/brasil-tem-33-
milhões-de-criancas-em-situacão-de-trabalho-infantil-diz-estudo.
No site www.observatóriocrianca.or.br, é possível acessar diversos dados sobre indicadores citados, a página
ainda permite consultar números regionais, análises comparativas e serio históricas. Acessados
em:11/04/2017.
12

1.2- Conceitos de trabalho infantil

Trabalho infantil é entendido como toda forma de trabalho remunerado ou não


remunerado exercido por crianças e adolescentes, abaixo da idade mínima legal
permitida para o trabalho, conforme a legislação de cada país.

A idade permitida legalmente para o trabalho do menor situa-se entre os 14 e


os 16 anos. Em muitos países inclusive no Brasil, o trabalho artístico de crianças
e adolescentes, podem ser remunerados legalmente, sem qualquer restrição de
idade. Assim como o trabalho de crianças ou jovens, desde que voluntário
e gratuito executado em igrejas, entidades ou organizações não
governamentais (ONGs), não é tido como trabalho infantil. Também não se
confunde com o trabalho infantil a atividade tida de empreendedorismo infantil e ou
para jovens, observadas as hipóteses de exploração definidas pelo Ministério
Público do Trabalho.

Organização Internacional do Trabalho (OIT) em sua convenção de nº 138 fixa


como idade mínima recomendada para o trabalho em geral a idade de 15 anos.

O trabalho infantil é definido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF) como sendo toda forma de trabalho abaixo dos 12 anos de idade;
proibindo o trabalho entre 12 e 14 anos que seja prejudicial ao menor;
na convenção 182, prevê em seu artigo 2º que todo trabalho abaixo dos 18
anos especificamente de ser enquadrado como nas “piores formas de trabalho
infantil”, abrangendo: escravidão ou situação.

Análoga à de escravidão; prostituição ou participação em pornografia;


utilização, recrutamento ou oferta de crianças para a realização de atividades
ilícitas, como tráfico de entorpecentes; trabalho que prejudique a saúde, a
segurança ou o moral das crianças2.

2
Informações retiradas no site: http://oabce.org.br/2014/09/aspectos-do-trabalho-infantil-no-brasil-e-sua-
influenci-na-educacao. Acessado em:11/04/2017.
13

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei 8.069/90) define


como criança à pessoa de 0 a 12 anos incompleta; adolescente a pessoa de 12 a
18 anos incompletos. A Constituição Federal Brasileira, em seu artigo 7º,
XXXIII, proíbe o trabalho dos menores de 18 anos incompletos em local
insalubre, perigoso e na jornada noturna; e qualquer trabalho ao menor de 16
anos incompletos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos (aqui se tem
um permissivo legal de cunho social-educativo, justificado apenas como uma
forma de inserir o adolescente ao mercado de trabalho através do ensinamento de
uma profissão técnica).

Em seu artigo 227, a Constituição Federal, sintetizou todos os


princípios protetivos consubstanciado nas convenções da OIT, pois define:

“Art. 277. E dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à


criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar
e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligencia, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão”.

Do exposto, se tem que a sociedade brasileira é protetiva quanto ao trabalho


da criança e do adolescente, buscando através de sua Carta Magna e legislação
ordinária protegê-la, o que falta é a aplicabilidade das políticas públicas nas quais
estão inseridas a participação do Estado, pois quando há a aplicabilidade do projeto
social, lhe falta o retorno esperado ou a permanência deste projeto no espaço e no
tempo.

1.3- Á Problemática do trabalho infantil.

O argumento que “trabalho enobrece” é usado por muitos para defender que
crianças e adolescentes trabalhem, mas é preciso observar que ele não leva em
14

conta os impactos e as consequências que estão sujeitos os milhões de meninos e


meninas que trabalham. Adultos e crianças são muito diferentes fisiológica e
psicologicamente.
Na infância, a criança encontra-se num processo grande e muito importante
de desenvolvimento. Muitas vezes o que acontece na vida dela pode gerar
impactos permanentes. Os impactos variam de acordo com a criança, com o
trabalho que exerceu, com a aceitação sociocultural, entre outros pontos.
Muitas dessas crianças e adolescentes estão perdendo a sua capacidade de
elaborar um futuro, isso porque podem desenvolver doenças de trabalho que os
incapacitam para a vida produtiva, quando se tornarem adultos – uma das mais
perversas formas de violação dos direitos humanos. Além disso, muitos deles não
estudam, não têm direito a lazer e a um lar digno e são jogados à sorte, sem
perspectiva de vida futura. São meninos e meninas coagidos a trabalhar em
atividades que envolvem riscos físicos e psicológicos, podendo os impactos ser
irreversíveis3.

1.4- Impactos psicológicos

Dependendo do tipo e do contexto social do trabalho, os impactos psicológicos


na criança e no adolescente são muito variáveis, especialmente na capacidade de
aprendizagem e em sua forma de se relacionar.
Nesse sentido, os abusos físico, sexual e emocional são grandes fatores para
desenvolvimento não só de doenças físicas, mas inclusive psicológicas. Trabalhos
como tráfico e exploração sexual, por exemplo, considerados piores formas de
trabalho infantil, trazem uma carga negativa muito grande no psicológico e na
autoestima.

3
: segundo site: http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/impactos-e-
consequencias/. Acessado em:11/04/2017.
15

Outra questão é quando a criança é responsável pelo ingresso de uma parte


significativa da renda familiar. Em vez de brincar, atividade extremamente
necessária para seu desenvolvimento, ela se torna, de certa maneira, chefe de
família, representando uma inversão de papéis.
Tal inversão pode causar dificuldade na inserção em outros grupos sociais da
mesma idade, porque possui assuntos e responsabilidades muito além da idade
adequada. Seus referenciais passam a ser semelhantes aos dos adultos, sendo
comum que meninos e meninas que trabalhem tenham mais facilidade de se
relacionar com adultos do que com pessoas da sua própria idade.

As crianças e adolescentes se acidentam seis vezes mais do que adultos em


atividades laborais e pelo menos três se acidentaram por dia trabalhando no Brasil,
de 2009 a julho de 2011. Nesse período, no mínimo 37 crianças morreram
trabalhando, sendo que uma delas não chegou sequer aos 13 anos.

Esses dados referentes a acidentes com pessoas com menos de 17 anos


foram coletados pelo Ministério da Saúde, a partir de comunicação de hospitais e
postos de atendimento. Vale lembrar que, crianças e adolescentes estão sujeitos a
acidentes de trabalho que não são devidamente percebidos pelo sistema de saúde,
já que a notificação é precária por se tratar de trabalho ilegal.4

1.5 - Aspectos físicos

Além da perda de direitos básicos, como educação, lazer e esporte, as


crianças e adolescentes que trabalham costumam apresentar sérios problemas de
saúde, como fadiga excessiva, distúrbios do sono, irritabilidade, alergias e
problemas respiratórios. No caso de trabalhos que exigem esforço físico extremo,

4
Informações no site: http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/impactos-e-
consequencias/. Acessado em:11/04/2017.
16

como carregar objetos pesados ou adotar posições antiergonômicas, podem


prejudicar o seu crescimento, ocasionar lesões na coluna e produzir deformidades.

Fraturas, amputações, ferimentos cortantes ou contusos, queimaduras e


acidentes com animais peçonhentos, por exemplo, são comuns em atividades do
tipo rural, em construção, em pequenas oficinas, na pesca e em processamento de
lixo. Devido à pouca resistência, a criança está mais suscetível a infecções e lesões
em relação ao adulto.

É comum que meninos e meninas não apresentem peso ou tamanho suficiente


para o uso de equipamentos de proteção ou ferramentas de trabalho, destinados a
adultos, levando muitas vezes à amputação de membros e até à morte5.

Esse processo de colheita explica, também, a razão de haver tantos


adolescentes e crianças no grupo. Devido a sua altura, eles têm mais
facilidade para catar o algodão, sem precisar ficar se curvando o
tempo todo, como acontece com qualquer pessoa com 1,60 metro
nesse tipo de atividade os pais sabiam disso e levaram os filhos
justamente para ajuda-los na lida. (MARINALVA DANTAS, 2015,
p.193).

1.6- Educação e economia

No âmbito da educação, as crianças e adolescentes que trabalham, em geral,


apresentam dificuldades no desempenho escolar, o que leva muitas vezes ao
abandono dos estudos. Isso acontece porque eles costumam chegar à escola já
cansados, não conseguindo assimilar os conhecimentos passados para
desenvolver as suas habilidades e competências.

5
Segundo site http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/impactos-e-
consequencias/. Acessado em:11/04/2017.
17

É o que mostra os números do estudo “Trabalho Infantil e Adolescente:


impacto econômico e os desafios para a inserção de jovens no mercado de trabalho
no Cone Sul”, realizado pelas Tendências Consultoria, apoiada pela Fundação
Telefônica.

No caso de jornadas de 36 horas semanais, a evasão escolar pode chegar a


40%. Já a queda no rendimento, para a mesma carga de trabalho, varia de 10% a
15%, dependendo da série. Alunos da 8ª série do ensino fundamental que
trabalham quatro horas por dia têm queda de cerca de 4% no desempenho em
Português e Matemática, se comparados aos que não trabalham6.

Os relatos eram, invariavelmente, trágicos. Um deles referia-se a uma


menina, de 13 anos que vivia como escrava sexual do gerente de uma
fazenda em imperatriz, no Maranhão. Na cidade de Paragominas, no
Pará, havia o caso adolescentes que dormiam acorrentados uns aos
outros dentro de um galpão, para não fugirem da fazenda. .(
MARINALVA DANTAS , 2015, p.204).

6
Segundo site: http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/impactos-e-
consequencias/. Acessado em:11/04/2017.
18

2- O Trabalho infantil nas fronteiras do Brasil.

Ação, que envolve Brasil, Argentina e Paraguai, é piloto para que execução
de medidas para erradicação do trabalho infantil possa ser feito em parceria
internacional.

No dia 12/06, e comemorado o Dia Mundial e Nacional de Combate ao


Trabalho Infantil, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a Organização
Internacional do Trabalho (OIT/Brasil), com o apoio da Rede de Apoio à Criança e
ao Adolescente (RACA), divulgam o resultado das operações de resgate de
crianças e adolescentes que trabalham no setor informal nas cidades da tríplice
fronteira: Foz do Iguaçu (Brasil), Cidade de Leste, no Paraguai, e Porto Iguaçu, na
Argentina.

Os órgãos realizaram, o evento denominado Ação Conjunta de Fiscalização


na Tríplice Fronteira, que faz parte do Plano Regional para Prevenção e
Erradicação do Trabalho Infantil nos países do Mercosul. De acordo com o ministro
do Trabalho e Emprego, esta é uma ação piloto para que o trabalho possa ser feito
em parceria. "A chaga do trabalho infantil é uma incidência internacional, ela
acontece nos países asiáticos e em toda a América Latina", afirma.
Um evento da OIT realizado em Genebra (Suíça), o ministro do Trabalho e
Emprego, defendeu a criação de iniciativas conjuntas entre países da América
Latina, África e Ásia para acelerar a redução do trabalho infantil.
"A cooperação internacional é fundamental para que nós possamos, em uma ação
integrada, combater e eliminar do nosso planeta essa situação problemática e que
não pode continuar".7

7
Segundo site: http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/06/fiscalizacao-contra-
trabalho-infantil-envolve-tres-paises. Acessado em:11/04/2017
19

2.1- O que é o trabalho infantil conforme a Constituição.

Trabalho infantil é toda forma de trabalho exercido por crianças e


adolescentes, abaixo da idade mínima legal permitida para o trabalho, conforme a
legislação de cada país. O trabalho infantil, em geral, é proibido por lei.
Especificamente, as formas mais nocivas ou cruéis de trabalho infantil não apenas
são proibidas, mas também constituem crime, com pena de prisão ou multas
altíssimas

A exploração do trabalho infantil é comum em países subdesenvolvidos, e


países emergentes como no Brasil, onde nas regiões mais pobres este trabalho é
bastante comum.

Na maioria das vezes isto ocorre devido à necessidade de ajudar


financeiramente a família. Muitas destas famílias são geralmente de pessoas
pobres que possuem muitos filhos. Apesar de existir legislações que proíbam
oficialmente este tipo de trabalho, é comum nas grandes cidades brasileiras a
presença de menores em cruzamentos de vias de grande tráfego, vendendo bens
de pequeno valor monetário.

Apesar de os pais serem oficialmente responsáveis pelos filhos, não é hábito


dos juízes puni-los. A ação da justiça aplica-se mais a quem contratam menores,
mesmo assim as penas não chegam a ser aplicadas8

2.2- Causas do trabalho infantil.

Um dos fatores centrais de estímulo ao trabalho infantil é a pobreza. Em famílias de


baixa renda, há maior chance de as crianças e adolescentes terem que trabalhar
para complementar a renda dos pais assim como a busca por mão-de-obra barata.

O auxílio na renda familiar é mais determinante na entrada no mercado de


trabalho para crianças mais novas. Com o aumento da idade, o consumo próprio

8
Segundo site: https://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalho_infantil. Acessado em:11/04/2017
20

passa a ter um peso maior nessa decisão. Ainda nestes casos, o trabalho infantil
vem suprir as deficiências familiares em prover acesso ao lazer e aos bens de
consumo, o que ainda é manifestação da vulnerabilidade social.

Outras características familiares que aumentam a propensão ao trabalho


infantil são a grande quantidade de filhos e a baixa escolaridade dos pais9

2.3- Má qualidade na Educação.

Ao começar a trabalhar, a criança tem seus estudos prejudicados ou até


mesmo deixa a escola. Aí entra outro fator que favorece o trabalho infantil:
educação de má qualidade. Se os pais ou as próprias crianças têm a percepção
de que a escola não agrega ou que oferece poucas perspectivas de melhoras na
condição de vida, aumenta a probabilidade de abandoná-la e ingressarem no
mercado de trabalho precocemente. Essa situação é mais nítida no ensino médio,
onde a principal causa da evasão escolar é o desinteresse dos adolescentes10

2.4- Naturalização.

O modo como a sociedade enxerga o trabalho infantil também influencia a


decisão sobre entrar no mercado de trabalho. Em locais onde o trabalho precoce é
mal visto, famílias são desestimuladas a colocarem os filhos a trabalhar. Entretanto,
se o trabalho de crianças é visto como algo natural ou até mesmo positivo, não há
essa barreira durante a tomada de decisão. A construção desse modo de pensar
tem raízes também na desigualdade social brasileira, cuja origem pode retraçar até
nosso passado colonial escravocrata11.

9
Segundo site: http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/causas/.
10
Segundo site: http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/causas/
11
Segundo site: : http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/causas/
Acessados em:11/04/2017
21

Era o caso de Divoneide da Silva. Quando a móvel chegou à fazenda


ponta de pedra, o garoto estava há um mês de completar 2 anos de
cativeiro. Àquela altura da carreira, Marinalva já libertará crianças em
diversas operações por mais que isso fosse sempre doloroso o seu
coração de mãe de cidadã brasileira, já perderam capacidade de se
surpreender diante da imagem de meninos e meninas cuja infância era
consumida pela escravidão. A indignação continuava a mesma. Essa
nunca arrefeceria. Mas encontrar crianças cativas era quase rotinas
em suas missões.Divoneide, no entanto tinha particularidade que
ortonava diferente dos demais peões mirins. Nascido no interior de
Goiás, o garoto contrariava o estereótipo dos escravos brasileiros da
atualidade: Era loiro, tinha o cabelo liso, olhos azuis e pele só não era
mais clara pois passava o dia no mato, debaixo do sol.As diferenças
param ai. MARINALVA DANTAS , 2015, p.205).

2.5. Trabalham para a própria família

O que mais acontece no mundo para diminuir ou cortar gastos com a


contratação de funcionários, as crianças e adolescentes podem ser levados a
realizar trabalhos domésticos em suas próprias casas. Assim, os pais podem
realocar seu tempo desenvolvendo outras atividades. As famílias podem também
empregar os próprios filhos em suas empresas ou propriedades rurais.

Sendo ela mesma mãe – e, futuramente, avó -, sentia-se sempre


especialmente tocada e indignada diante da escravidão infantil.
Seriam muitas as operações nas quais encontraria meninos e meninas
sendo forçados a trabalhar até 14 horas por dia e vivendo em
condições degradantes, dormindo no meio do mato, comendo mal,
sem o mínimo de higiene e sujeitos a todo tipo de doenças e de
violência. MARINALVA DANTAS , 2015, p.204).
22

2.6 - Trabalho para terceiros

O trabalho infantil também pode ser encontrado em empresas não familiares


e há diversos motivos que podem levar a isso. A mão de obra de crianças é mais
barata, mais administrável (ou seja, é fácil de administrar (por ser mais difícil que
as crianças reclamem pelos seus direitos) e muitas vezes as crianças não têm
consciência dos perigos da atividade e realizam trabalhos que adultos teriam mais
restrições). Situações de escassez de mão de obra (como períodos de colheita)
podem levar à contratação de crianças.

A informalidade do mercado é um fator importante nesse contexto de demanda


de trabalho infantil. Quando a economia é mais formal, o trabalho infantil tende a
diminuir já que as empresas devem cumprir os requisitos legais de contratação e
estão sujeitas a fiscalizações e sanções.

Ainda não há consenso entre os estudiosos sobre o peso de cada um desses


itens na escolha da família ou da própria criança ou adolescente em começar a
trabalhar. Cada realidade e contexto têm suas características próprias o que pode
fazer com que algum fator seja mais preponderante que outros na decisão.

Outra é a história socioeconômica brasileira, diferenciando o trabalho infantil


tradicional típico dos descendentes de imigrantes europeus, dos trabalhos infantis
nas carvoarias, no cultivo de cana-de-açúcar, de laranja ou pedreiras. Na primeira,
temos um método de transmissão de um ofício e complemento de renda familiar,
não abandonado os estudos complementares. Diferentemente da grande maioria
que pela sua história cultural diferenciada, acabam por trabalhar pesado, sem
frequentar a escola12

12
Informações no site: http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/causas/

Acessado em:11/04/2017.
23

3- Fundamentos jurídicos de combate ao trabalho infantil.

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) busca a conscientização para os


problemas relacionados ao trabalho infantil. Para isso, lançou uma nova campanha,
intitulada "Trabalho Infantil – você não vê, mas existe", composta por seis vídeos
e spots que foram veiculados em rede nacional de rádio e televisão, redes sociais
e cinemas da rede Cinemark.

"Não há democracia plena e desenvolvimento onde existe trabalho infantil", destaca


a ministra do TST Kátia Magalhães Arruda, uma das gestoras nacionais
do Programa de Combate ao Trabalho Infantil da Justiça do Trabalho. Entre as
causas apresentadas pela ministra para a ocorrência do trabalho infantil estão a
pobreza, as desigualdades sociais, a baixa escolaridade e a cultura da exploração.
"Essas questões são causas, mas também são consequências do trabalho infantil.
Ou seja, existe um círculo vicioso nesse processo".

Entre as alternativas elencadas pela ministra está, prioritariamente, o


rompimento, na sociedade, do senso comum de que "é melhor trabalhar do que
roubar". Ela ainda chamou a atenção para o fato de que, apesar da enorme
proteção dedicada às crianças pela Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança
e do Adolescente, são inúmeras as autorizações judiciais concedidas para o
trabalho a partir dos nove anos de idade.

Em 2011, foram concedidas 3.134 autorizações. Entre 2005 e 2010, foram 30


mil. "Fundamentos jurídicos de proteção não nos falta, pois temos convenções
internacionais, a CLT, as garantias constitucionais e o ECA. Não estamos tratando
do que está no papel, mas do que é realizado efetivamente no Brasil", afirmou.

Do total de crianças exploradas, 49,8% estão na zona rural e 50,2% na zona


urbana. Desses, 61% não recebem remuneração fixa e 90% sofrem defasagem
escolar. As piores formas do trabalho infantil, ainda segundo a ministra, são o
trabalho escravo, a exploração sexual, a destinação para atividades ilícitas (a
exemplo do tráfico de drogas) e tipos de trabalho prejudiciais à saúde – no lixo,
pedreiras, carvão, trabalho doméstico e nas indústrias do tabaco.
24

A última campanha do TST de combate ao trabalho infantil, em julho deste


ano, contou com a colaboração do jogador de futebol Neymar Júnior, além de
parceria com a revista da TAM.

A edição de outubro da revista foi distribuída nos voos da empresa com


anúncio do programa – um alerta à sociedade de que o trabalho infantil pode estar
em qualquer lugar, da criança explorada que vende balas em semáforos à
adolescente que trabalha como empregada doméstica em casas de família13

3.1- Convenções Internacionais:

 Convenção n° 138 da OIT - fixando idade mínima para o trabalho infantil.


 Convenção n° 182 da OIT - proibindo atividades infantis mais
penosas, prevenção e erradicação da escravidão; trabalhos forçados;
prostituição infantil; atividades ilícitas; e atividades insalubres, perigosos ou
penosos que sejam prejudiciais à saúde, a segurança e a moral das crianças,
criando condições e promovendo o acesso à educação básica.
 Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança - artigo
32 obrigando os Estados-signatários a proteger as crianças contra a
exploração econômica, física e psíquica. Assegurando-lhes também direitos à
liberdade de expressão e informação e a liberdade de reunião, considerando-as
como sujeitos de direitos e liberdades.
 Legislação Nacional
 Constituição Federal de 1988.

13
Segundo site: http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/id/17158126
Acessado em: 11/04/2017.
25

O trabalho no Brasil é proibido para menores de 14 anos e, desta idade até os


15 anos, só é permitido na condição de aprendiz. Entre os 16 e 17 anos o trabalho
é liberado, desde que não comprometa a atividade escolar e que não ocorra em
condições insalubres e com jornada noturna.

As políticas de combate ao trabalho infantil estão a cargo do Ministério do


Desenvolvimento e Combate à Fome (MDS), responsável pelo Programa de
Erradicação do Trabalho Infantil (PETI).

Famílias com crianças e adolescentes de até 16 anos que atuam em carvoarias,


olarias, plantações de fumo, lixões, na cultura de cana-de-açúcar, entre outras
atividades, recebem bolsas que substituem a renda gerada pelo trabalho irregular.
Em contrapartida, devem matricular a criança ou o adolescente na escola e
comprovar frequência mínima de 85% da carga horária escolar mensal.

No caso de crianças menores de 7 anos, os pais devem cumprir o calendário


de vacinação e fazer o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento
infantil14.

14
Segundo site: http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2009/11/menor-de-14-anos-
nao-pode-trabalhar-no-Brasil. Acessado em:11/04/2017.
26

4- Combate ao trabalho infantil no Brasil.

A Constituição Brasileira é clara: menores de 16 anos são proibidos de


trabalhar, exceto como aprendizes e somente a partir dos 14. Não é o que vê na
televisão. Há dois pesos e duas medidas.

É um absurdo ver a exploração de crianças trabalhando nas lavouras de cana,


carvoarias, quebrando pedras, deixando sequelas nessas vítimas indefesas, mas
costumamos aplaudir crianças e bebês que se tornam estrelas mirins em novelas,
apresentações e comerciais.

A UNICEF declarou no Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil (12 de junho)


que os esforços para acabar com o trabalho infantil não serão bem-sucedidos sem
um trabalho conjunto para combater o tráfico de crianças e mulheres no interior dos
países e entre fronteiras.
No Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, a UNICEF disse/referiu com base em
estimativas que o tráfico de Seres humanos começa a aproximar-se do tráfico ilícito
de armas e drogas.
Longe de casa ou num país estrangeiro, as crianças traficadas – desorientadas,
sem documentos e excluídas de um ambiente que as proteja minimamente –
podem ser obrigadas a entrar na prostituição, na servidão doméstica, no casamento
precoce e contra a sua vontade, ou em trabalhos perigosos.
Embora não haja dados precisos sobre o tráfico de crianças, estima-se que
haverá cerca de 1.2 milhões de crianças traficadas por ano15.

4.1- Redes de exploração sexual infantil no Brasil.

O Estatuto da Criança e Adolescência (ECA) já passou de 25 anos de


existência. O ECA foi fruto de inúmeros debates e mobilizações na sociedade para
garantir direitos e leis que protejam a infância e adolescência de qualquer forma de

15
Segundo site:https://br.guiainfantil.com/direitos-das-criancas/450-trabalho-infantil-no-
brasil.html. Acessado em: 11/04/2017
27

violência. Contudo, sua aplicação não impediu que o Brasil ocupasse o primeiro
lugar em exploração sexual infanto-juvenil na América Latina.

Os dados são alarmantes: a Organização das Nações Unidas (ONU) calcula


que o tráfico de seres humanos para exploração sexual movimenta cerca de U$ 9
bilhões no mundo e só perde em rentabilidade para a indústria das armas e do
narcotráfico. A cada hora, 228 crianças, em especial meninas, são exploradas
sexualmente em países da América Latina e do Caribe.

Dos 5.561 municípios brasileiros, em 937 ocorre exploração sexual de


crianças e adolescentes. O número representa quase 17% dos municípios de todo
país. A Região Nordeste é a que mais cresce em número de visitantes estrangeiros
(cerca de 62% são da União Europeia), segundo o Instituto Brasileiro de Turismo
(Embratur). Cruzam o país ao menos 110 rotas internas e 131 rotas internacionais
relacionadas ao tráfico de mulheres e adolescentes com menos de 18 anos para
fins de exploração sexual.

O Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, uma rede


de organizações não governamentais, estima que existam 500 mil crianças e
adolescentes na indústria do sexo no Brasil16.

4.2- Desafios de prevenir e eliminar a exploração sexual infantil.

A exploração sexual, a pornografia infantil, turismo sexual infanto-juvenil e o


tráfico para fins sexuais fazem parte de uma rede mundial que movimenta bilhões
dólares no mundo e tem como objetivo obter o máximo de lucros com a coação ou
persuasão de um aliciador ou aliciadora (um profissional engana crianças e
adolescentes para explorá-los sexualmente).

16
Fonte site: http://averdade.org.br/2015/08/brasil-e-primeiro-lugar-em-exploracao-sexual-
na-america-latina/. Acessado em: 11/04/2017.
28

A grande maioria das vítimas entra nesse “mundo” com falsas promessas,
suborno, sedução, ou vendidas pelos próprios pais.

Esse comércio se potencializa principalmente nos megaeventos


internacionais, como a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas. Os países que
organizaram as Copas anteriores registraram aumento no número de denúncias no
período dos jogos: na África do Sul, em 2010, o crescimento foi de 66%.

Em outros eventos, como o Carnaval, essa rede de exploração oferece


meninas e meninos a estrangeiros. São crianças aliciadas em outras cidades
menores e levadas para os grandes centros. Outra situação é nas construções dos
estádios ou quaisquer obras de grande porte, onde sempre aumenta a exploração
sexual.

Se existe um contingente de homens em uma localidade vivendo em


subcondições de exploração e de vulnerabilidade, tem sempre uma rede de
exploração sexual infanto-juvenil, além de bebidas e drogas para “amenizar” o peso
da exploração que sofrem esses trabalhadores; os “patrões” mantêm essa rede
para os trabalhadores não se rebelarem devido às pressões do trabalho.

Uma sociedade que faz do ser humano uma simples mercadoria é a prova da
sua decadência. A grande maioria das crianças e jovens que são usados para a
exploração sexual necessita desse dinheiro para sobreviver. Muitas entram e não
consegue sair: começam meninas e continuam na prostituição na sua fase adulta.

Existem muitos atores envolvidos: empresários, clientes, cafetões e cafetinas,


servidores públicos e até Estados. Isso significa que a exploração infanto-juvenil
não pode ser vista apenas como comportamento individual de homens que pagam
menores para fazer sexo. Estamos falando de uma rede mundial que lucra bilhões.

Acabar com essa rede vai além do ECA, do Código Penal, das campanhas
publicitárias e do ativismo de organizações governamentais e não governamentais.
A mercantilização dos corpos de seres humanos desprotegidos só terá seu fim com
a total destruição da atual sociedade. Somente a construção de uma nova
29

sociedade, baseada em outros valores humanos e verdadeiros direitos, será a


solução desse problema social17

17
Segundo site:http//averdade.or.br/2015/08/brasil-e-primeiro-lugar-em-exploracao-sexual-na-america-
latina/ Acessado em: 11/04/2017.
30

5- Ações e Programas Não-Governamentais.

Existem diversos Programas não-Governamentais como exemplo, Fundação


ABRINQ, UNICEF hoje podemos dizer que são as mais conhecidas divido uma
maior divulgação que elas têm hoje através das mídias de TV, Radio, e produtos
que leva o logo dessas ONGs.

Abrinq começou com o programa Nossas Crianças, que nasceu em 1993, e ao


longo dos anos de atuação, tem oferecido apoio técnico e financeiro para
organizações sociais que realizam atendimento direto a crianças e adolescentes
em situação de vulnerabilidade.

Por meio de um processo seletivo, o Programa convenia organizações sociais


por até 24 meses repassando integralmente os recursos arrecadados, junto aos
contribuintes, para que essas possam ampliar o número de vagas e qualificar o
atendimento oferecido.

Pessoas e empresas são mobilizadas para a adoção financeira de crianças


e adolescentes contribuindo assim para a melhoria dos atendimentos ofertados18

5.1- Programa De Erradicação Do Trabalho Infantil (PETI).

Conjunto de ações que têm o objetivo de retirar crianças e adolescentes


menores de 16 anos do trabalho precoce, exceto na condição de aprendiz a partir
de 14 anos. O programa, além de assegurar transferência direta de renda às
famílias, oferece a inclusão das crianças e dos jovens em serviços de orientação e
acompanhamento. A frequência à escola também é exigida.

18
Segundo site: https://fadc.org.br/programas-institucionais/protecao-programa-nossas-
criancas. Acessado em: 11/04/2017.
31

A quem se destina:
Adolescentes e crianças com idade inferior a 16 anos que estejam trabalhando,
exceto aqueles na condição de aprendiz a partir dos 14 anos.

Como solicitar:
A família pode procurar espontaneamente a gestão do Cadastro Único no
município para pedir que seja incluída no Programa. A assistência social do
município pode também identificar trabalho infantil na família e encaminhá-la para
o programa19

Órgão responsável:
Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário

Secretaria Nacional de Assistência Social

19
Segundo site: http://mds.gov.br/assuntos/cadastro-unico/o-que-e-e-para-que-
serve/programa-de-erradicacao-do-trabalho-infantil-peti. Acessado em:11/04/2017.
32

6- Causas de desligamento do Programa.

• quando o filho completar 16 anos;

•quando não participar de atividades sócias educativas e de geração de emprego


e renda oferecida;

• quando a família atingir o limite máximo de quatro anos no Programa, contados a


partir da sua inserção em programas e projetos de geração de renda;

• quando mudar de município;

• quando não cumprir suas obrigações perante o Programa.

Repise-se que em nenhuma hipótese podem ser desenvolvidas


atividades profissionalizantes ou ditas “semiprofissionalizastes” com as crianças
e adolescentes do PETI.
33

CONCLUSÃO.

Diante do trabalho apresentado, tenho a sensação de que o Trabalho infantil


ainda nos é uma realidade a ser vencida.
É notório que a legislação Pátria vigente, aqui entendida toda a forma legal
vigente traduzida principalmente na Constituição Federal, ECA, LDB, CLT,
e demais orientações da OIT, busca minimizar e exterminar a problemática do
trabalho infantil, o que já é digno de elogios, inobstante, temos a necessidade de
continuidade de ações, de comprometimento institucional, vez que a ideias de
fatores que influenciam a existência do trabalho infantil é demasiadamente grande,
o principal deles é a falta de inserção social, a pobreza, a miserabilidade, a falta de
renda, mas não se pode apenas suprir estas faltas com a distribuição de renda e a
inserção momentânea, temos que gerir meios de sustentabilidade, de inserção
continuada.
As ações governamentais apresentadas neste trabalho demonstram que além
da distribuição de renda às camadas mais necessitadas, a inserção educacional,
cultural e profissionalizante é que em conjunto, garante esta sustentabilidade.
A inserção educacional é o meio mais eficaz a garantir a longevidade
dos efeitos buscados nas ações, pois é com o conhecimento adquirido, que a
família, a criança e o adolescente se preparará para enfrentar os desafios do
cotidiano, a retirada deles da situação de risco e imersão é que deve ser o objetivo
inicial, mas a seu desenvolvimento é que é o verdadeiro fim colimado.
Verifica-se que o trabalho infantil no Brasil antes de tudo é segmentado
e atrelado a situação de pobreza e miserabilidade, se o resultado for inserção
de seus vitimados numa situação de melhoria, inclusão e
desenvolvimento, efetivamente erradicaremos esta mazela social.
As medidas Públicas e Privadas de promoção social, são meros meios de
inclusão e sustentabilidade, de resto sobra apenas a própria sorte individual a qual
todos nós estamos inseridos, até mesmo pela nossa própria razão existencial.
O PETI, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, como ação pública é
louvável e de primordial importância.
34

Os programas privados, tais como o da Fundação Abrinq da


Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos, com o Programa Empresa
Amiga da Criança, O Instituto Pró-Criança.
35

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 BUENO, Francisco da Silveira. Dicionário da Língua Portuguesa, 11ª edição,


Editora, cidade e ano.
 COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. São
Paulo: Saraiva, 2001.
 COSTA, Antônio Gomes da. O estatuto da criança e do adolescente e o trabalho
infantil. São Paulo: LTr, 1994.
 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr,
2004.

DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. São Paulo: Saraiva, 1998.

 GOMES, Orlando; GOTTSCHALK, Élson; PINTO, José Augusto Rodrigues. Curso


de Direito do Trabalho. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
 SCHWARTZMAN, Simon, Organização Internacional do Trabalho (Brasil),
Trabalho Infantil no Brasil, 2001.
 SÜSSEKIND, Arnaldo Lopes. Convenções da OIT. 2. ed. São Paulo: LTr, 1998.
 STEPHAN, Claúdia Coutinho. O trabalho adolescente em face das alterações da
EC 20/98. são Paulo:LTr, 2002.
 Emenda Constitucional n° 20, aprovada em 16 de dezembro de 1998.
 Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.
 Sítio de internet: www.trabinfantil.cjb.net Acesso em 04/03/2017
 GOVERNO FEDERAL. ANÁLISE SITUACIONAL DO PROGRAMA
DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL – PETI, Ministério
do desenvolvimento Social e combate a Fome, Secretaria Nacional da Política de
assistência social, Departamento de Desenvolvimento da Política Social, Gerência
do Programa de erradicação do trabalho Infantil e Fundo das nações Unidas
 UNICEF. Brasília, maio de 2004, sítio de
internet: http//www.mds.gov.br/programas/relatorio_final_peti.pdf.Acesso em
04/04/2017

 http://br.guiainfantil.com/direitos-das-criancas/450-trabalho-infantil-no-brasil.html.
Acesso em 19/02/2017
36

Anexo.

40% das crianças no Brasil vivem na pobreza, mostra estudo

Por Agência Brasil


access_time21 mar 2017, 07h55 - Atualizado em 21 mar 2017, 15h27 Revista: EXAME.com

Pobreza: trabalho infantil diminuiu entre 10 e 17 anos, mas aumentou Na faixa etária de 5 a 9
anos (Getty Images/Getty Images)

Cerca de 17 milhões de crianças até 14 anos – o que equivale a 40,2% da população


brasileira nessa faixa etária – vivem em domicílios de baixa renda.
No Norte e no Nordestes, regiões que apresentam as piores situações, mais da
metade das crianças [60,6% e 54%, respectivamente] vivem com renda domiciliar per
capita mensal igual ou inferior a meio salário mínimo.

Desse total, 5,8 milhões vivem em situação de extrema pobreza, caracterizada


quando a renda per capita é inferior a 25% do salário mínimo.

Os dados fazem parte do relatório Cenário da Infância e Adolescência no Brasil,


documento que faz um panorama da situação infantil no país, divulgado pela
Fundação Abrinq.
37

O estudo foi feito utilizando dados de fontes públicas, entre elas o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).

Nesta quarta edição, a publicação reúne 23 indicadores sociais, divididos em temas


como trabalho infantil, saneamento básico, mortalidade e educação. A publicação
também apresenta uma série de propostas referentes às crianças e que estão em
tramitação no Congresso Nacional.

“Nesta edição, além de retratar a situação das crianças no Brasil, também


apresentamos a Pauta Prioritária da Infância e Adolescência no Congresso Nacional.
O conteúdo revela as principais proposições legislativas em trâmite no Senado e na
Câmara dos Deputados, com os respectivos posicionamentos da Fundação Abrinq
baseados na efetivação e proteção de direitos da criança e do adolescente no Brasil”,
disse Heloisa Oliveira, administradora executiva da Fundação Abrinq.

Violência

Um dos temas abordados no documento é a violência contra as crianças e


adolescentes. Segundo o estudo, 10.465 crianças e jovens até 19 anos foram
assassinados no Brasil em 2015, o que corresponde a 18,4% dos homicídios
cometidos no país nesse ano.

Em mais de 80% dos casos, a morte ocorreu por uso de armas de fogo. A Região
Nordeste concentra a maior parte desses homicídios (4.564 casos), sendo 3.904 por
arma de fogo.

A publicação também mostra que 153 mil denúncias de violações de direitos de


crianças e adolescentes chegaram ao Disque 100 em 2015, sendo que em 72,8% das
ligações a denúncia se referia a casos de negligência, seguida por relatos de violência
psicológica (45,7%), violência física (42,4%) e violência sexual (21,3%).
38

Trabalho infantil

Com base em dados oficiais, o documento revelou que as condições do trabalho


infantil estão mais precárias. Embora tenha diminuído o número de crianças e
adolescentes em situação de trabalho infantil na faixa de 10 a 17 anos [redução de
cerca de 659 mil crianças e adolescentes ocupados em 2015 em comparação a 2014],
houve aumento de 8,5 mil crianças de 5 a 9 anos ocupadas.

O universo de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos que trabalhavam somou 2,67


milhões em 2015. Mais de 60% delas são do Nordeste e do Sudeste, mas a maior
concentração ocorre na Região Sul.

O estudo mostrou também dados mais positivos, como a taxa de cobertura em


creches do país, que passou de 28,4% em 2014 para 30,4% em 2015 – ainda distante,
no entanto, da meta estabelecida pelo Plano Nacional de Educação, de chegar a 50%
até 2024.

Os dados completos podem ser vistos no site www.observatoriocrianca.org.br.

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