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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ


CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA

JEOVÁ FERNANDES DA SILVA

A REALIDADE DO TRABALHO INFANTIL NO BRASIL

REDENÇÃO DO GURGUÉIA – PI
2021
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JEOVÁ FERNANDES DA SILVA

A REALIDADE DO TRABALHO INFANTIL NO BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Banca Examinadora do Curso de Licenciatura Plena
em História da Universidade Aberta Do Piauí (UAPI)
como requisito parcial para obtenção do grau de
Licenciatura Plena em História.

Orientador: Me. Paulo Ricardo Muniz Silva

REDENÇÃO DO GURGUÉIA – PI
2021
3

JEOVÁ FERNANDES DA SILVA

A REALIDADE DO TRABALHO INFANTIL NO BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Banca Examinadora do Curso de Licenciatura Plena
em História da Universidade Aberta Do Piauí (UAPI)
como requisito parcial para obtenção do grau de
Licenciatura Plena em História.
Data de Aprovação:_______/______/_____

____________________________________________
Me. Paulo Ricardo Muniz Silva
Nome da instituição que pertence
(Orientador)

____________________________________________
Nome com Titulação
Nome da instituição a que pertence
(1º Examinador)

____________________________________________
Nome com Titulação
Nome da instituição a que pertence
(2º Examinador)
4

Eu dedico esse trabalho a meu pai por ter sido


professor por muito tempo assim hoje mim sinto
seguindo os mesmos passo dele, por sempre mim
dar todo apoio pra mim poder chegar até aqui onde
eu sempre sonhei.
5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus a minha família pelo total apoio assim como
o meu professor tutor Everaldo como os demais professores, agradeço também a
escola e meu primo Igor Felepe que também foi essencial para poder está chegando
hoje nessa reta final, pois, praticamente todo esse período de curso sempre estava
pronto pra me ajudar.
6

Ensinar não é transferir conhecimento,


mas criar possibilidades para a sua
própria produção ou a sua construção.
Paulo Freire
7

LISTA DE ABREVIATURA

CF – Constituição Federal
CONAETI - Comissão Nacional para a Eliminação do Trabalho Infantil
ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente
FNPETI - Fórum Nacional de Prevenção e Eliminação do Trabalho Infantil
FUNABEM - Fundação Nacional do Bem Estar do Menor
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
OIT - Organização Internacional do Trabalho
PETI - Programa de Erradicação ao Trabalho Infantil
PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
PSB - Proteção Social Básica
PSE - Proteção Especial
SAM - Serviços de Atendimento ao Menor
SUAS - Sistema Único de Assistência Social
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RESUMO

No Brasil, o trabalho realizado por crianças é ilegal e reconhecido. Devido à


ocorrência de trabalho infantil, tornou-se um problema global, mesmo em países
pobres e ricos. A crescente perda de seus direitos atinge a dignidade e provoca forte
impacto no desenvolvimento da criança, tanto fisicamente, quanto psicologicamente.
Com isso, a problemática desse trabalho, se deu em qual impacto causou no Brasil
as medidas de prevenção dos programas para erradicar o trabalho infantil? Nesse
sentido, a proposta da presente pesquisa foi analisar as questões relacionadas ao
trabalho infantil, com o objetivo geral de investigar o desenvolvimento do processo
da infância e de sua proteção integral, a fim de identificar os avanços e limitações do
processo de erradicação do Trabalho Infantil no Brasil, e os específicos de identificar
e analisar as explorações do trabalho infantil e investigar os instrumentos de
proteção contra a exploração do trabalho infantil. O presente trabalho trata-se de
uma pesquisa bibliográfica qualitativa, para a consolidação do mesmo, constituiu-se
um levantamento bibliográfico, no qual foram utilizados artigos, pesquisas científicas
e publicações em revistas e livros, que abordam o tema e apresenta citações
relevantes para melhor aproveitamento da temática em estudo.Com isso pode
concluir que o trabalho infantil é um fenômeno social abrangente, determinado pelo
modelo econômico, pelas condições e influências sociais e mesmo por fatores
culturais seguidos pelo país. Mas, em certo sentido, a mudança só acontecerá se
cada um der sua contribuição para mudar a história dessas crianças e jovens.

Palavras-chaves: Trabalho Infantil. Criança. Adolescente.


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ABSTRACT

In Brazil, the work done by children is illegal and recognized. Due to the occurrence
of child labor, it has become a global problem, even in poor and rich countries. The
growing loss of their rights affects dignity and has a strong impact on the child's
development, both physically and psychologically. With that, the problem of this work,
what impact did the preventive measures of programs to eradicate child labor have
caused in Brazil? In this sense, the purpose of this research was to analyze issues
related to child labor, with the general objective of investigating the development of
the childhood process and its integral protection, in order to identify the advances
and limitations of the process of eradicating Child Labor. in Brazil, and the specific
ones to identify and analyze the exploitations of child labor and to investigate the
instruments of protection against the exploitation of child labor. The present work is a
qualitative bibliographic research, for the consolidation of it, a bibliographic survey
was constituted, in which articles, scientific research and publications in magazines
and books were used, which approach the theme and present relevant citations for
better use of the theme under study. With this it can be concluded that child labor is a
comprehensive social phenomenon, determined by the economic model, by the
social conditions and influences and even by cultural factors followed by the country.
But, in a sense, the change will only happen if everyone contributes to changing the
history of these children and young people.

Keywords: Child labor. Kid. Teenager.


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 11
2 DESENVOLVIMENTO 14
2.1 O TRABALHO INFANTIL: SUA GENESE 14
2.2 A EXPLORAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL 18
2.3 A HISTÓRIA DO TRABALHO INFANTIL NO BRASIL ATÉ A CONSTITUIÇÃO
FEDERAL DE 1988 19
2.3.1 O tratamento dado ao trabalho infantil após a Constituição Federal de 1988 24
2.4 OS INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO CONTRA A EXPLORAÇÃO DO
TRABALHO INFANTIL 25
2.4.1 Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI 27
2.4.2 Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao
Adolescente Trabalhador 30
2.5 TRABALHO INFANTIL NO BRASIL: CONSEQUÊNCIAS EM TEMPOS DE
PANDEMIA DA COVID-19. 31
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 35
REFERÊNCIAS 37
11

1 INTRODUÇÃO

No Brasil, o trabalho realizado por crianças é ilegal e reconhecido. É


considerado crime de acordo com o artigo XXXIII, parágrafo 7 da Constituição
(Emenda da Constituição nº 20 de 1998). Apesar de rejeitado pela sociedade, o
trabalho infantil ocorre em todo o mundo. O Fórum Nacional de Prevenção e
Eliminação do Trabalho Infantil (FNPETI) destacou que, no Brasil, os principais
motivos desse fenômeno são a pobreza e a baixa escolaridade familiar
(DORNELLAS, 2020).
Devido à ocorrência de trabalho infantil, tornou-se um problema global. Isso
é verdade mesmo em países pobres e ricos. No Brasil, essa realidade é vivida de
acordo com uma pesquisa de Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios- PNAD
2020 organizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE, mostra
que a taxa de trabalho infantil caiu de 5,3% em 2016 para 4,6% em 2019 para o
período de 5 a 17 anos de faixa etária. No entanto, apesar de uma diminuição de
cerca de 357.000 nos últimos três anos, ainda havia 1,8 milhão de crianças e jovens
neste país no ano passado, com 1,3 milhão de atividades econômicas e 463.000
atividades de autoconsumo (BRASIL, 2020).
Comparado com 2016 no Brasil (quando 2,1 milhões de crianças
trabalhavam), o número de crianças e adolescentes em trabalho infantil diminuiu
16,8%. Entre crianças e adolescentes economicamente ativos, 45,9% realizam
trabalhos perigosos. Em termos de números absolutos e rácios populacionais,
observou-se o declínio do trabalho infantil e há ligeiramente mais meninos do que
meninas (CAMPOS, 2020).
O combate ao trabalho infantil tem apelo humanitário, garantir a defesa da
criança e adolescente é uma tarefa complexa, pois o interesse dos mercados pela
mão de obra infantil com objetivo de baratear os custos, ainda é uma prática muito
comum, mesmo em países onde a prática é legalmente proibida, se vincula a
setores econômicos importantes. Em muitos casos, são os próprios pais que
influenciam a atividade laboral de seus filhos. Existem várias formas de combater
esse tipo de atividade, mas elas são realizadas principalmente através da
fiscalização e da condenação dessa exploração por grupos de direitos humanos
(PORFÍRIO, 2020).
12

Em relação à educação, a Pesquisa Nacional por Amostra de Famílias


(PnadC 2020) mostra que 1,4 milhão de crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos
estão fora da escola no Brasil, mais de 5,5 milhões de brasileiros nessa faixa etária
não participarão das atividades escolares em 2020 por causa da pandemia do Covid
19 (BRASIL, 2020).
Na proteção dos direitos das crianças e jovens, principalmente na
erradicação do trabalho infantil, a situação no Brasil já enfrenta enormes desafios,
mas na nova realidade que emerge, esses desafios respondem pela proporção dos
dinamarqueses. Tentar medir o impacto da pandemia no combate ao trabalho infantil
é um trabalho da Futurologia, mas esse é um problema real, pois o ambiente
econômico, político, cultural e social indica que as condições decisivas do trabalho
infantil se tornarão mais comuns no futuro. A sociedade criada pelos próximos novos
cenários de pandemia (DORNELAS, 2020).
Segundo a Organização Nacional das Nações Unidas, considerando a
pandemia COVID-19, é urgente esclarecer os três níveis de governo (federal,
estadual e municipal) e os esforços das entidades voltadas para a infância sem
trabalho em ações integradas em todo o território brasileiro, incluindo: A influência
dos departamentos legislativo, executivo e judiciário para combater o COVID-19
inclui crianças e jovens engajados no trabalho infantil e jovens engajados em
estudos profissionais; É urgente fornecer uma política de renda básica universal
para famílias em situação de vulnerabilidade social (BRASIL, 2020).
A crescente perda de seus direitos atinge a dignidade e provoca forte
impacto no desenvolvimento da criança, tanto fisicamente, quanto psicologicamente.
Com sua infância roubada ela se perde em seu processo de desenvolvimento,
sobretudo na construção de sua personalidade, levando a vivências negativas,
resultado do meio no qual está inserida. Também devemos considerar as
dificuldades e os constrangimentos vivenciados durante a jornada de sua exploração
no trabalho infantil (MARQUES; NEVES; NETO, 2002).
Com isso, a problemática desse trabalho, se deu em qual impacto causou no
Brasil as medidas de prevenção dos programas para erradicar o trabalho infantil?
Nesse sentido, a proposta da presente pesquisa foi analisar as questões
relacionadas ao trabalho infantil, tendo como foco o trabalho infantil no Brasil, com o
objetivo geral de investigar o desenvolvimento do processo da infância e de sua
proteção integral, a fim de identificar os avanços e limitações do processo de
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erradicação do Trabalho Infantil no Brasil, e os específicos de identificar e analisar


as explorações do trabalho infantil e investigar os instrumentos de proteção contra a
exploração do trabalho infantil.
A pesquisa pretende contribuir para o estudo sobre as medidas voltadas a
eliminação do trabalho infantil no brasil e sua real eficácia, para tanto o trabalho
conta com conteúdo sobre o desenvolvimento da infância, abrangendo as
legislações que dão suporte aos direitos e proteção das crianças e adolescentes, e
análise de políticas voltadas à luta contra o trabalho prematuro.
O presente trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica qualitativa, para a
consolidação do mesmo, constituiu-se um levantamento bibliográfico, no qual foram
utilizados artigos, pesquisas científicas e publicações em revistas e livros, que
abordam o tema e apresenta citações relevantes para melhor aproveitamento da
temática em estudo. Assim, a partir dessa metodologia de pesquisa, buscou-se
identificar a respeito do trabalho infantil, da exploração, programas de erradicações
e também a respeito da pandeia do covid-19, uma vez que esses constituem para a
sociedade de forma marcante, onde procura-se proteção as crianças e
adolescentes.
14

2 DAR NOME AO CAPÍTULO

2.1 O TRABALHO INFANTIL: SUA GENESE

O trabalho infantil é ilegal no Brasil, é caracterizada por qualquer forma de


trabalho (remunerado ou não) realizado por menores de acordo com as leis de cada
país. Dessa forma, o trabalho infantil priva as crianças e adolescentes de sua
infância normal e os impede de desenvolver todas as habilidades e habilidades
pessoais de maneira saudável (DALDEGAN, 2015).
Na Idade Média, o trabalho infantil era uma forma de complementar a renda
da maioria das famílias extremamente pobres. Esse costume ainda era muito
difundido até o início do século 20, quando se começou a questionar a discussão
sobre o direito à educação universal e os direitos da criança e do jovem
(MAGALHÃES, 1993).
Durante a Revolução Industrial, o uso de trabalho infantil aumentou muito.
Com a ascensão do capitalismo e uma grande demanda por trabalhadores, as
crianças começaram a trabalhar na indústria para aumentar a renda familiar. Essas
crianças começaram a trabalhar aos 6 anos de idade, trabalhando 14 horas por dia,
e seus salários eram equivalentes a um quinto do salário de um adulto (CARVALHO,
2008).
Além das mortes registradas em acidentes de fábrica, essa situação também
fez com que algumas crianças fossem mutiladas em máquinas. Além disso, essas
crianças sofrem abusos físicos e sexuais no local de trabalho (DALDEGAN, 2015).
É atribuído à origem do trabalho infantil na Europa no século XVIII e seu
modelo se expandiu em todo o mundo. No Brasil, é possível constatar que a história
da exploração infantil é indissociável da história do próprio país. Por volta de 1500,
quando os portugueses chegaram com o barco, levavam a bordo crianças, as quais
eram “trazidas na condição de grumetes ou pagens, desempenhando atividades
com a finalidade de poupar os marinheiros adultos durante as viagens”, (LEME,
2012 p.33).
Partindo da hipótese de exploração do trabalho infantil, podemos entender
que ao longo da história do trabalho infantil e até hoje, entende-se
15

Tendo em vista que as causas econômicas, fortemente relacionadas à


pobreza das famílias não é a única determinante para a exploração do
trabalho infantil, há que se apontar que o mesmo também é resultado da
cultura de aceitação existente, cultura essa que justifica o trabalho infantil
para as famílias pobres. Tal justificativa para o trabalho infantil é baseada
em mitos, construções histórica e cultural oriundas dos interesses
dominantes na sociedade brasileira que, por meio das suas instituições e da
produção jurídica do final do século XIX, iniciou um processo de legitimação
tanto do controle social sobre as crianças e adolescentes como da
exploração da mão-de-obra infantil no Brasil. Desde então, cada um desses
mitos representam verdadeiros obstáculos para a erradicação do trabalho
infantil, tendo em vista que mascaram a realidade de exploração
(LEME,2012 p.38,39).

A exploração do trabalho infantil está enraizada nos costumes e na cultura


da sociedade, os debates sobre o tema são muitos e poucas mudanças foram feitas.
Normalmente, as famílias mais pobres colocam seus filhos diante desse abandono
porque é mais fácil vender coisas na rua, o que é conveniente porque as pessoas
sentem que precisam de "ajuda" e não acham que estão realmente contribuindo
para que a situação cresça ainda mais.
O trabalho infantil é a causa e efeito da pobreza e uma oportunidade para a
falta de capacidade de desenvolvimento. Tem um impacto negativo no
desenvolvimento do país e muitas vezes leva ao trabalho forçado na idade adulta,
pois os efeitos físicos e psicológicos do trauma podem ajudar a manter o ciclo de
pobreza e perda da capacidade produtiva na idade adulta (CUSTÓDIO, 2006).
A exploração da mão de obra barata por crianças e adolescentes quase
sempre ocorre no âmbito familiar, principalmente para aprender sobre o comércio e
os sistemas de produção familiar, principalmente as meninas, que devem aprender a
ser boas donas de casa para o futuro estar destinada a se tornar mãe, esposa
subordinada e do lar.
Devido a muito trabalho físico durante o desenvolvimento físico, as crianças
podem apresentar irritabilidade, fadiga excessiva, alterações do sono e
deformidades físicas. Portanto, como as crianças não têm a oportunidade de se
desenvolver plenamente, isso também pode afetar sua conexão e capacidade de
aprendizagem (FAUSTO; CERVINI, 1991).
Dados coletados pela PNAD mostram que, em média, 81,4% das crianças
trabalhadoras de 5 a 17 anos estão estudando. O trabalho costuma interferir nos
estudos dos filhos mais velhos: 98,4% das pessoas ocupadas com 58,4 a 13 anos
estão na escola, enquanto 98,6% dos desocupados. Ao mesmo tempo, 79,5% dos
adolescentes de 14 a 17 anos aceitaram o estudo, enquanto a proporção de
16

desocupados é de 86,1%. Mesmo para as crianças que já estão matriculadas, é


difícil acompanhar o progresso do aprendizado devido ao trabalho diário. Muitas
pessoas têm baixa renda, o que dificulta a entrada no mercado de trabalho formal e
a continuidade dos estudos (BRASIL, 2020).
O trabalho infantil também é considerado uma contribuição da menina para
manter as necessidades da família. O trabalho feminino no campo familiar sempre
recebeu pouca atenção, sendo considerado uma atribuição da mulher pelas
condições naturais presumidas. Portanto, desde muito novas, as meninas aprendiam
como comandar uma casa.
Também está naturalizada culturalmente a noção que a atividade doméstica
é exercida preponderantemente por mulheres. As pesquisas demonstram de
forma reiterada que o trabalho no espaço público é exercido, sobretudo
pelos meninos e o trabalho no espaço doméstico pelas meninas. A
aprendizagem do serviço é também usada como uma forma de socialização
do gênero, servindo como preparação e seguida por gerações: mulheres
ensinam às mulheres as atividades (ARRUDA, 2007 apud STENGEL,
2003).

Além da dolorosa exploração, as crianças e os adolescentes não tinham


nenhum valor referente a sentimento e afeto, os adultos apenas os exploram para o
trabalho, mesmo que não tenham forças para enfrentá-los, as relações familiares
não têm absolutamente nenhum vínculo afetivo.
Com efeito, os escravos deveriam trabalhar assim que tivessem
desenvolvimento físico para tanto e, muitas vezes, eram separados dos pais
ainda crianças e vendidos para outros senhores. Aos quatro anos de idade
os escravos desempenhavam tarefas domésticas leves nas fazendas, aos
oito anos poderiam pastorear gado; as meninas aos onze anos costuravam
e, aos catorzes anos, tanto os meninos quanto as meninas, já laboravam
como adultos (LEME, 2012 p.34 Apud GÓES 2000, p.184).

Ao longo da história, a exploração do trabalho infantil tem sido uma prática


muito comum. Além disso, apesar de ser uma prática condenada, ainda é a
realidade de inúmeras crianças no mundo (PORFÍRIO, 2020).
No Brasil, segundo dados do IBGE, mostra que o total de trabalho infantil em
2019 (1,8 milhão) segue a seguinte distribuição: 21,3% têm entre 5 e 13 anos; 14 e
15 anos representam 25,0% e 16,17 anos, representando 53,7% da maioria O
trabalho infantil concentra-se nos homens (66,4%) do que nas mulheres (33,6%). A
proporção de brancos no trabalho infantil (32,8%) é significativamente menor que a
de pretos ou pardos (66,1%). Também há diferença na taxa de frequência escolar,
pois 96,6% da população de 5 a 17 anos são estudantes, enquanto a proporção de
crianças trabalhadoras cai para 86,1% (BRASIL, 2020).
17
18

Imagem 01: Proporção de pessoas em situação de trabalho infantil na população de


5 a 17 anos de idade - Brasil - 2016-2019.

Fonte: Agencia IBGE, 2020. https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-


agencia-de-noticias/releases/29737-em-2019-havia-1-8-milhao-de-criancas-em-situacao-de-trabalho-
infantil-no-pais-com-queda-de-16-8-frente-a-2016.

Os motivos da entrada dos filhos no mercado de trabalho incluem a


vulnerabilidade socioeconômica da família e a necessidade de contribuir para o
aumento da renda, além da baixa perspectiva de vida no futuro. Além disso, a
exploração de menores tem inúmeras consequências. Além das consequências
psicológicas e físicas, o desenvolvimento pessoal da criança também será afetado
(LIEBEL, 2003).
Séculos se passaram e até hoje no Brasil não são raras acontecer o trabalho
infantil, principalmente quando se refere ao trabalho no campo onde a situação de
exploração se assemelha a do passado, porém com uma diferença, antes era
“normal” por conta do aspecto cultural, hoje é considerado crime segundo algumas
leis que vieram para que o direito da criança e do adolescente fossem adquiridos.
No entanto, deve ser enfatizado que as discussões sobre a exploração de
crianças ou "menores" só começaram após a abolição da escravidão. Sobre o
trabalho ou exploração de crianças e jovens em áreas rurais e urbanas, apenas
iremos ter uma regulamentação segura e direcionada a infância na OIT, na
Constituição Federal de 1988(CF/88), no seu art. 227 e no Estatuto da Criança e do
Adolescente – ECA (Lei 8.069/90), e no Programa de Erradicação ao Trabalho
Infantil - PETI, que regulamenta as disposições inerentes aos crimes de trabalho
infantil (BRASIL, 2015).
19

2.2 A EXPLORAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL

A exploração do trabalho infantil e a violência contra a criança e ao


adolescente existem nos mais diversos espaços da sociedade atual, no entanto,
este não é nem mesmo um fato novo, pelo contrário, é um fato que se espalhou na
história séculos após séculos e fica registrado na história de várias gerações.
Observam estatisticamente que o problema da violência aumentava ano a ano ao
longo do tempo. No meio urbano, os meios de comunicação denunciam diariamente
diversas violações dos direitos humanos relacionadas com crianças e jovens, e tem
havido grandes avanços, porém ainda falta muito para ser trabalhado e
conscientizado de fato no âmbito das políticas públicas e da cultura social.
No entanto, existe a preocupação com as crianças e adolescentes que
vivem no campo, que é de suma importância de serem vistas, divulgadas e
trabalhadas, pois acabam sofrendo das mais diversas formas de violência a seus
diretos, pois nesta área quase não há fiscalização devido à dificuldade de obtenção
de políticas sociais, logística de transporte e todas as dificuldades enfrentadas para
atender esta necessidade urgente. No entanto, não ter números exatos ou notícias
frequentes, não quer dizer que essas crianças e jovens não existam ou não esteja
lá, pois o que existe sobre pesquisas, não são pesquisas recentes, mas;
É significativo que em 1999 existiam mais de oito milhões de crianças e
adolescentes entre 10 e 17 anos trabalhando cerca de 40 horas semanais.
Na faixa etária de 10 a 14 anos 3.213.795 e de 15 a17 anos de idade 5.335
337 distribuídos nos setores urbanos e agrícolas (FERREIRA. p 175, 2001).

De acordo com a bibliografia estudada, nos faz perceber que tudo faz parte
da construção histórica e que a questão da violência e da exploração é patrimônio
cultural desde os primórdios da sociedade. Segundo nos afirma SCHERER;
Nas civilizações antigas, os maus-tratos à criança já se faziam presentes
por meio do infanticídio, utilizado para eliminar as crianças que nasciam
com defeitos físicos. Para equilíbrio dos sexos, por motivos religiosos, como
medida econômica nos grandes flagelos ou por não aguentarem longas
caminhadas, crianças também eram mortas ou abandonadas para
morrerem desnutridas ou devoradas por animais. Também era direito do pai
reconhecer ou não o direito de viver de seu filho.

Como resultado, devido à herança de civilizações antigas, hoje, as violações


dos direitos e a violência de crianças e jovens estão intimamente relacionadas com
20

questões religiosas e culturais, porém, enfocando o problema multifatorial da


vulnerabilidade social em que vivem, infelizmente a pobreza de milhares de famílias
determina a cruel realidade do trabalho escravo e da exploração, isso às vezes é
obviamente irracional, mas pode explicar como milhões de crianças e jovens em
áreas urbanas e rurais sofrem e perdem sua infância, e o único "caminho"
apresentado a eles é o trabalho. A situação nas áreas rurais é ainda mais grave,
onde muitas famílias trabalham no campo, e muitas famílias por diversos motivos
(inclusive culturais), levam seus filhos para o trabalho forçado e manual, se forem
realizadas fiscalizações eficazes, os responsáveis poderão ser punidos.
Um exemplo muito marcante dessa questão é a obra da chamada boias
frias, que fica principalmente no estado de São Paulo, um estudo realizado pelo
Ministério de Relações Públicas em 1995 mostrou que “o trabalho infantil no campo
continua sendo comum”. Da mesma forma, os proprietários de terras usam trabalho
infantil para colher a cana-de-açúcar, que geralmente fica mais barata.
As crianças empregadas na colheita da cana ganham por produção e
chegam a cortar 5 toneladas por dia. [...]O corte da cana é um dos serviços
mais duros: as folhas ferem o rosto e as mãos, por isso as crianças
trabalham com panos enrolados sobre o corpo (CHIAVENATO,1996 p.11).

No entanto, a pesquisa relatada pelo autor nunca impôs nenhuma forma de


punição a esses "patrões", por os mesmos se esconderem atrás de empreiteiros, os
chamados “gatos”, eles “liberam os fazendeiros das obrigações trabalhistas e
permitem que desfrutem do trabalho de adolescentes e até de crianças de 5 anos”
(CHIAVENATO, 1996. p.10).
A violência no Brasil está fortemente ligada à questão da "ocupação" do
direito garantido por lei ao acesso à terra pela utópica reforma agrária. Percebe-se
que a violência contra a sociedade se tornou um fenômeno natural, embora a
situação seja grave, algumas situações não são mais chocantes.

2.3 A HISTÓRIA DO TRABALHO INFANTIL NO BRASIL ATÉ A CONSTITUIÇÃO


FEDERAL DE 1988

A história social da infância do Brasil apresenta por meio da tradição de


violência e exploração contra crianças e adolescentes. Brasil, embora tenha sido
"descoberto" em 1500, suas terras não foram habitadas até 1530, o lugar onde estão
21

também as crianças, sobretudo os grumetes e pajens que chegaram com o navio


português como operários (RAMOS, 1999, p. 19).
Os grumetes eram crianças que realizam as tarefas mais perigosas e
dolorosas, não só são submetidos a comidas impostas e perigos em alto mar, mas
também a vários castigos e abusos sexuais dos marinheiros (CUSTÓDIO, 2007, p.
17).
Portanto, os grumetes eram tratados como um mero objeto, sem direitos
absolutos, nem mesmo uma alimentação saudável. As crianças que embarcavam
como pajens da nobreza realizam menos serviços do que os grumetes, como
arrumar os camarotes, servir mesas e fazer camas. (RAMOS, 1999, p. 28).
Percebe-se que existia um fenômeno de aproveitamento legal de mão de
obra infantil nessa época. Portanto, a exploração de crianças era muito comum,
independentemente de seu estágio de desenvolvimento.
Assim
O recrutamento dos pequenos grumetes variava entre o rapto de crianças
judias e a condição de pobreza vivenciada em Portugal. Eram os próprios
pais que alistavam as crianças para servirem nas embarcações como forma
de garantir a sobrevivência dos pequenos e aliviar as dificuldades
enfrentadas pelas famílias. (RAMOS, 1999, p. 17).

Outro marco importante no fortalecimento do trabalho infantil é a chegada


dos padres jesuítas ao Brasil.
Assim, no dia 29 de março de 1549, desembarcaram na Vila Pereira, quatro
padres e dois irmãos da Companhia de Jesus, liderados pelo padre Manuel
de Nóbrega, onde estes tinham a difícil “missão” de ensinar aos pequenos
os cantos religiosos, ler e escrever, bem como o valor moralizador do ofício.
(CHAMBOULEYRON, p.55).

Por trás das ações dos padres está um objetivo claro e definido, mesmo que
a criança caia em uma ideologia com características cristãs, usando o trabalho para
fazer da pessoa uma pessoa bondosa, honesta e obediente. Desta forma, o trabalho
trazido pelos padres jesuítas é algo que pode “salvar” a humanidade e levá-la para o
céu, porque eles realizarão coisas que são benéficas para a humanidade.
(CUSTÓDIO, 2009, p. 91).
Com o surgimento das operações de caráter assistencial no Brasil, foi
fundada em 1582 a Igreja de Santa Casa de Misericórdia, onde se estabeleceu a
missão de atender todas as crianças por meio da Roda dos Expostos, que só foi
extinta na década de 1950 (MARCÍLIO, 1999, p. 51).
22

No entanto, essas instituições exploravam o trabalho infantil, utilizando-as


em troca de trabalho remunerado ou em trocar moradia e comida. Desta forma, a
roda dos expostos nada mais é do que uma forma de legitimar o trabalho realizado
pelas crianças, pois na maioria das vezes essas crianças vivem na empobrecida
Santa Casa de Misericórdia.
No século XIX, as crianças brasileiras continuavam a ser caracterizadas pelo
estigma da escravidão e, apesar da atenção com as crianças burguesas, outras
ainda eram mantidas como animais de estimação ou mesmo apenas como objetos
(MARCÍLIO 1999, p. 21).
Portanto, a partir do momento em que a criança começa a coisificar, há uma
invasão em seu estágio de crescimento e, portanto, suas ilusões, desejos e direitos
são invadidos.
Desta forma, “enquanto pequeninos, filhos de senhores e escravos
compartilham os mesmos espaços privados: a sala e as camarinhas. A partir dos
sete anos, os primeiros iam estudar e os segundos trabalhar” (PRIORE, 1999, p.
101).
Portanto, mesmo com a transição do trabalho escravo para o trabalho livre,
no Brasil, a ideologia do trabalho ainda é o fator decisivo do "progresso" social.
Assim,
A transição da escravidão para o trabalho livre não viria significar a abolição
da exploração das crianças brasileiras no trabalho, mas substituir um
sistema por outro considerado mais legítimo e adequado aos princípios
norteadores da chamada modernidade industrial (PRIORE, 1999, p. 91).

Ainda no século XIX, com o início da primeira experiência de industrialização


do Brasil, havia um grande número de crianças trabalhando nas fábricas, e com a
falta de cuidado com meninos e meninas acarretava um grande número de sequelas
físicas irreversíveis e morte prematura. (MOURA, 1999, p. 259).
Desse modo, as condições de trabalho dessas crianças são de fato
desumanas, pois além do cansaço da jornada de trabalho e diversos acidentes de
trabalho, elas também desenvolvem atividades em locais insalubres e perigosos
(MOURA, 1999, p. 40).
O discurso do trabalho nessa época tinha uma força sem tamanho, pois foi
necessário o uso da mão de obra infantil por diversos motivos, como baixos salários,
falta de direito de reclamar e a forma como ajudavam suas famílias. Assim, com o
23

fim da escravidão e o estabelecimento de uma república exigiram o estabelecimento


de uma nova identidade para o Brasil, a retirada das ações assistencialistas
filantrópica do setor privado e sua transferência para o Estado. A mobilização em
defesa dos direitos dos trabalhadores passou a incluir a defesa das crianças que
eram exploradas no trabalho, ao mesmo tempo que o Estado começou a se
preocupar com essa situação e a falar sobre a importância do profissionalismo.
No início do século XX, havia um grande número de positivistas no Brasil,
nessa organização, a partir da leitura do corpo humano e da classificação em
normal, anormal e degenerados, o modelo científico substituiu o modelo caritativo.
Desta forma, chegamos ao ponto culminante na discussão da moralização do
“trabalho cura”, portanto, uma nova forma de legalização do trabalho se impõe à
sociedade, ou seja, é preciso “corrigir” os anormais e degenerados, e qual o
remédio? O trabalho. (PRIORE, 1999)
Em seguida, as crianças são regulamentadas pelo Código Penal da
República de 1890, que previa crime de vadiagem e uma forma de inserir um
pequeno número de crianças desempregadas, no interior das fábricas, gerando
desemprego adultos (MOURA, 1999, p. 96).
Naquela época era preciso reeducar e corrigir as crianças, mas Rizzini
(1997, p. 65), destacou que não é por acaso que pobreza e degradação moral estão
sempre ligadas. Aos olhos da elite, os pobres têm uma atmosfera maligna e não se
encaixavam no ideal de nação.
Assim, em 1927 foi criado pelo juiz de menores do Rio de Janeiro José
Cândido de Mello Mattos o primeiro Código de Menores da República, através do
Decreto nº 17.934-A de 12 de outubro de 1927 (RIZZINI, 1997, p. 61).
Veronese (1999, p. 28), acredita que as posições repressivas e punitivas
anteriores foram abandonadas e, como questão básica, a prioridade máxima é a
educação. Portanto, conclui-se que questões relacionadas à infância e à
adolescência devem ser resolvidas fora da perspectiva criminal, ou seja, fora do
Código Penal.
Portanto, na década de 1920, as pessoas consideravam a educação o "
grande problema nacional ", pois tinha a capacidade de "regenerar" a população
brasileira, erradicar doenças e incutir hábitos de trabalho. (CARVALHO, 1999, p.
282).
24

Em 1934, o Brasil aprovou uma nova constituição, que estipulou a proibição


da exploração do trabalho infanto-juvenil no Brasil, proibindo o trabalho de crianças
menores de 14 anos, o trabalho noturno de crianças menores de 16 anos e em
indústrias insalubres menores de 18 anos (PASSETTI, 1999, p. 354).
Portanto, mesmo de acordo com a Código de Menores de 1927, a Serviços
de Atendimento ao Menor (SAM) foi criada para ajudar menores desfavorecidos por
meio de apoio psicossocial a pacientes internados para que os jovens se recuperem,
pois eles ficariam longe da má influência da sociedade (VERONESE, 1999, p. 32).
Nesse período, crianças e adolescentes são vistos como pessoas influentes,
ou seja, não são capazes de definir seus próprios desejos e vontades, mas outra
pessoa, de preferência um adulto, que seria o sujeito “certo” para decidir por eles.
No entanto, o SAM não conseguiu atingir o seu objetivo, sendo necessário,
em 1941, substituí-lo pela Política Nacional do Bem Estar do Menor, introduzindo a
periculosidade no campo da medicina (PASSETTI, 1999, p. 356).
A Constituição de 1946 buscou flexibilizar as regulamentações em relação à
idade mínima para trabalhar, em certo sentido, atribuir juízes o poder de autorizá-los
a atuar abaixo do limite mínimo de idade, aumentando assim o trabalho noturno para
16 anos.
Percebe-se que o judiciário tinha o poder supremo, pois pode tomar
decisões contrárias à lei com base em sua conveniência, e tratar a vida das crianças
como um jogo ou brincadeira, independentemente das consequências reais de seu
trabalho. Em 1960, houve uma profunda mudança de modelo e de orientação na
assistência abandonada, pois se começa a fase do Estado do Bem Estar Social,
com a criação da FUNABEM, Fundação Nacional do Bem Estar do Menor e em
seguida das FEBEMs, Fundação Educacional do Bem Estar do Menor e, vários
estados (PASSETTI, 1999, p. 256).
Desse modo, com a implantação do Estado do Bem Estar Social, os
menores passaram a ser uma questão de Estado, que por sua vez tem um
importante “missão” de orientar as crianças desfavorecidas como forma de
“defender” a sociedade, utilizando como instrumento a ideologia da segurança
nacional.
A Constituição Federal de 1967 e a subsequente Emenda Constitucional nº
1 de 1969 alteraram a idade mínima para trabalhar para 12 anos, o que significa um
retrocesso em relação a outros países (PASSETTI, 1999, p. 257).
25

Portanto, quanto menor o limite de idade para o trabalho infantil, o mais se


legaliza a desigualdade social, sofrimento, a evasão escolar e abandono, dentre
outras questões importantes na vida de meninos e meninas. Assim, a segunda
edição do Código de Menores foi promulgada em 1979, quase igual à primeira,
basicamente constitui a partir da Política Nacional do Bem Estar do Menor aprovada
em 1964 e enfatiza o uso de todas as formas de exploração de crianças e
adolescentes (PASSETTI, 1999, p. 259).
Com o fim da ditadura de Vargas, devido à organização de diversos
movimentos sociais, o Brasil elaborou outra Constituição, que entrou em vigor em
1988, que incluirá uma série de garantias para crianças e adolescentes.

2.3.1 O tratamento dado ao trabalho infantil após a Constituição Federal de 1988

A Constituição da República Federal do Brasil promulgada em 5 de outubro


de 1988 incorporou o conceito de novos direitos para crianças e adolescentes,
incluindo a democracia participativa e a formulação de políticas públicas como
instrumentos de proteção dos direitos humanos.
Dessa forma, a Constituição Federal inclui direitos sociais em seu artigo 6º,
como o direito à educação, saúde, trabalho, segurança, previdência social, proteção
à maternidade e a infância e assistência aos desamparados.
Nesse sentido, o artigo 227 dispõe:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL, 2008).

Assim, em 1990, por meio da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, foi


promulgado o “Estatuto da Criança e do Adolescente”, que previa uma série de
normas disciplinares sobre os direitos básicos de meninos e meninas, com o objetivo
de implantar um sistema de garantia.
Nesse sentido, no que se refere ao trabalho, a Constituição Federal de 1988
proíbe o trabalho noturno, perigoso e insalubre antes dos 18 anos. Também estipula
a idade mínima para trabalhar de 16 anos, enfatizando a possibilidade de
aprendizagem com o trabalho a partir dos doze anos.
26

No Estatuto da Criança e do Adolescente, é proibido o exercício do trabalho


em determinados locais que não sejam propícios à formação e ao desenvolvimento
físico, psicológico, moral e social dos jovens e onde os menores de 18 anos não
possam frequentar a escola (art. 67, I, III, IV) (BRASIL, 1990).
Portanto, desde 1988, a família, a sociedade e o país têm a
responsabilidade de lutar pelos direitos das crianças e dos adolescentes, e
considerá-los como sujeitos de direitos em fase de desenvolvimento. Portanto, cabe
ao Estado a responsabilidade de garantir e fazer cumprir os direitos básicos, não
devendo mais atuar com repressão e força como antes, mas com políticas públicas
de assistência, promoção, proteção e justiça.
Em 1994, o Brasil começará a acumular uma experiência única na
prevenção e eliminação do trabalho infantil ao estabelecer um Fórum Nacional para
a Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, porque:
Se constatava que no Brasil havia uma importante lacuna: carecíamos de
uma instância que tivesse por objetivo a articulação de diferentes setores da
sociedade que tinham estratégias, movimentos comuns, evitando, assim, a
duplicação de forças, o que poderia inclusive dividir o esforço de erradicar o
trabalho infantil. (PASSETTI, 1999, p. 270).

O governo brasileiro está ciente da extrema gravidade do fenômeno do


trabalho infantil, por isso, com a participação de múltiplos ministérios e comissões,
estabeleceu o Grupo Executivo de Repressão ao Trabalho Forçado, tendo este
grupo o objetivo de combater o trabalho forçado e infantil.
Enfim, o Brasil avançou muito na formulação de políticas públicas para
prevenir e eliminar o trabalho infantil na implementação de diversos planos, como
também por meio de Fóruns de Prevenção do Trabalho Infantil (CUSTÓDIO, 2009,
p. 56).
Tendo em vista a análise de toda a história até o momento, é ingênuo
pensar que o trabalho precoce pode trazer algumas contribuições para as crianças
ou adolescentes, pois ao contrário, quando trabalham, seu rendimento escolar
diminui e sua dignidade é ignorada, formando-se assim um círculo vicioso, a
pobreza e o sofrimento aumenta a cada dia.

2.4 OS INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO CONTRA A EXPLORAÇÃO DO


TRABALHO INFANTIL
27

Desde a promulgação da Constituição Federal em 1988, as crianças são


vistas como sujeitos de direitos, mas a sociedade continua a legitimar o trabalho
precoce como forma de correção, recriando o discurso da dignidade, da honestidade
e do bom caráter.
Leten (2007, p. 29), acredita que a posição cada vez mais frágil do país está
em perigo no processo de globalização. Por definição, o processo de globalização é
a imposição de um "mercado livre" dominado por grandes empresas, onde a riqueza
de algumas pessoas sacrifica seus direitos protegidos. Outros encobrem a real
desigualdade e pobreza na sociedade.
Diante disso, o trabalho infantil se insere como meio de amenizar a pobreza,
pois reduz o desenvolvimento futuro da carreira, maior remuneração e melhores
oportunidades de emprego, o que na verdade é uma violação de direitos básicos.
Assim, “é muito provável que grande contingente de crianças e adolescentes
submetidos ao trabalho infantil, permaneça boa parte de sua vida nos estratos mais
baixos da população, sempre submetidas a trabalho de níveis inferiores ou ao
próprio desemprego” (LIETEN, 2007, p. 27).
Nesta ótica, diante dos diversos prejuízos que o trabalho precoce pode
trazer às crianças, em razão das explicações históricas, como lidar com essa prática
socialmente consolidada?
O primeiro instrumento de proteção para coibir a exploração do trabalho
infantil é a Constituição Federal, que entende que o trabalho precoce envolve todo o
trabalho prestado por crianças ou adolescente menores de 16 anos, com exceção
dos aprendizes a partir de 14 anos. Isso inclui atividades noturnas, perigosas ou
insalubres, e o limite mínimo de idade é 18 anos (art. 7º, XXXIII CF/88) (BRASIL,
2008).
O Estatuto da Infância e do Adolescente também estipula no Artigo 60 que,
exceto como aprendizes, menores de 16 anos estão proibidos de exercer qualquer
trabalho, e estão proibidos de trabalhar em locais que não sejam propícios ao seu
treinamento e desenvolvimento físico, mental e moralmente, bem como aqueles
realizados em horários e lugares onde a escola não é permitida (art. 67, III, IV ECA)
(BRASIL, 1990).
O artigo 402 da Lei de Consolidação da Lei do Trabalho trata da proibição
de trabalhadores menores de 16 anos (exceto aprendizes) a partir dos 14 anos e
28

garante outros direitos em suas cláusulas subsequentes das crianças como


indivíduos em condições especiais de desenvolvimento.
A Organização Internacional do Trabalho é outro meio de combate à
exploração do trabalho infantil, pois é responsável por controlar e divulgar as normas
trabalhistas em todo o mundo e determinar a proteção mínima para os trabalhadores
(LIETEN, 2007, p. 81).
Atualmente, duas convenções internacionais vigentes entraram em vigor e
foram ratificadas pela Convenção n°138 do Brasil, que inclui um limite geral de idade
mínima para trabalhar e a Convenção nº 182, que visa eliminar as piores formas de
trabalho infantil. Ambas, são ferramentas para combater o trabalho precoce
(LIETEN, 2007, p. 98).
Por fim, além de todos esses mecanismos legais para erradicar o trabalho
infantil, também podemos contar com a assistência de políticas de atendimento, dos
Conselhos Tutelares, Conselhos de Direitos, mídia, bem como dos Fóruns de
Direitos da Criança e do Adolescente (CUSTÓDIO, 2009, p. 33).
Porém, como todos sabem, para realizar os direitos básicos da criança e do
adolescente e eliminar o trabalho infantil, não basta participar da formulação de
legislações ou mecanismos nacionais, mas o mais importante é mobilizar e
sensibilizar a sociedade para que realmente garanta os direitos de todas as crianças
e adolescentes, sem distinção.

2.4.1 Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI

O PETI foi implantado no Brasil em 1996 e trouxe uma grande contribuição


Fórum Nacional de Prevenção e Eliminação do Trabalho Infantil - FNPETI em 1994,
o fórum teve como objetivo esclarecer diversos atores sociais institucionais e atuar
de acordo com políticas e planos voltados para a prevenção e erradicação do
trabalho infantil no Brasil (BRASIL, 2010).
Na visão do governo federal, o combate ao trabalho infantil tem assumido
posição de destaque, algumas ações têm sido realizadas com essa finalidade e têm
auxiliado no processo, incluindo a eliminação do trabalho infantil que foi instituído
com o surgimento do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e passou a
constituir um serviço de socioassistenciais.
29

Em 2001, foi aprovada a Portaria nº 458 de 04 de outubro, trazendo em seu


conteúdo as diretrizes e normas de regulamentação e operacionalização do
PETI. Essa Portaria trouxe como objetivo geral: Erradicar, em parceria com
os diversos setores governamentais e da sociedade civil, o trabalho infantil
nas atividades perigosas, insalubres, penosas ou degradantes nas zonas
urbana e rural. E como objetivos específicos: possibilitar o acesso, a
permanência e o bom desempenho de crianças e adolescentes na escola;
implantar atividades complementares à escola - Jornada Ampliada; −
conceder uma complementação mensal de renda - Bolsa Criança Cidadã,
às famílias; − proporcionar apoio e orientação às famílias beneficiadas;
promover programas e projetos de qualificação profissional e de geração de
trabalho e renda junto às famílias (BRASIL, 2001, nº 64, Seção 1, p. 32).

Para utilizar o PETI é preciso que a renda per capita da casa seja de até
meio salário mínimo, que tenha em casa crianças e adolescentes de 7 a 14 anos
trabalhando em atividades insalubre, perigosas, dolorosa ou degradante, onde tem
casos de até 15 anos sendo vítimas de exploração do trabalho em situações
extremamente perigosas
Ainda sobre a portaria nº 458, o padrão para manter famílias no PETI é
dispensar todas as crianças menores de 16 anos de atividades de trabalho e
exploração, dispensar todas as crianças menores de 18 anos de exploração sexual
e apoiar as crianças na escola para participar de atividades de educação social e
participar de programas e projetos relacionados à qualificação profissional e geração
de empregos e renda (Brasil, 2001).
Todos os filhos das famílias incluídas no PETI receberão bolsas todos os
meses, com idade entre 7 e 14 anos, que for retirado do trabalho e que as crianças e
adolescentes forem para as escolas, e que no período oposto participem da jornada
ampliada oferecida pelo programa. Nas seguintes circunstâncias, a bolsa pode ser
encerrada definitivamente quando: completar o limite de idade estabelecido pelo
PETI aos 15 ou 16 anos (para crianças e adolescentes explorados sexualmente) ou
quando atingir o prazo máximo para a família chegar à residência permanente do
PETI é de 4 anos, tempo calculado a partir da adesão ao programa e projeto que
gera trabalho e renda.
Em 2005, o PETI foi inserido no SUAS, que organiza ações de assistência
social em âmbito nacional por meio dos seguintes níveis de proteção social:
Proteção Social Básica (PSB) e Proteção Especial (PSE).
Assumir o compromisso de prevenir e eliminar o trabalho infantil no Brasil,
há uma integração importante entre os níveis de PSB e a PSE principalmente no
30

PETI, dessa forma, pode contribuir com os gestores de diversos órgãos de governo,
criando
uma rede para fortalecer a gestão do plano e criar ofertas de alta qualidade
dos serviços de convivência e fortalecimento de vínculos para crianças e
adolescentes de idades entre 6 a 15 anos (BRASIL, 2010).
A Proteção Social Básica visa prevenir condições de risco e vulnerabilidade,
investir no desenvolvimento de potencialidades e fortalecer os vínculos familiares e
comunitários, e criar a possibilidade de aquisições coletivas e individuais.
De acordo com a Política Nacional de Assistência Social (2004), os serviços
de Proteção Básica de Assistência Social são os que reforçaram a família como
referência, sendo assim fortificando seus elos internos e externos de solidariedade,
onde seus membros ofertam serviços e locais que visam a socialização do amparo
as famílias, onde seus vínculos familiares e comunitários não são rompidos
(BRASIL, 2005).
Por outro lado, a Proteção Social Especial foi definida como nível de
proteção SUAS, Destinando-se a famílias e indivíduos que enfrentam riscos
pessoais e sociais devido a várias formas de violações dos direitos humanos,
abandono, abuso sexual, maus tratos, exploração do trabalho infantil, etc. Por se
tratar de vínculos já rompidos com as famílias, é necessária mais atenção para
evitar violações agravadas dos direitos das crianças e dos jovens e para salvar os
direitos que foram ameaçados ou violados.
A adesão de crianças e adolescentes retirados do trabalho infantil à
convivência e fortalecimento dos serviços de vínculo ou outras atividades de
educação social prestadas é considerada estratégia básica de prevenção e combate
ao trabalho infantil. Estes serviços são responsáveis por criar espaços de
convivência, formar participação e cidadania, e desenvolver o papel das crianças e
dos jovens.
O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do PETI, tem por
objetivo ampliar trocas culturais e de vivências, desenvolver o sentimento de
pertença e de identidade, fortalecer vínculos familiares e incentivar a
socialização e a convivência comunitária. Possui caráter preventivo e
proativo, pautado na defesa e afirmação dos direitos e no desenvolvimento
de capacidades e potencialidades, com vistas ao alcance de alternativas
emancipatórias para o enfrentamento da vulnerabilidade social. (BRASIL,
2004, Ministério do Desenvolvimento Social, p .14).

O PETI é um programa governamental financiado por um fundo nacional de


assistência social que também é financiada pelos governos estadual e municipal.
31

Com a participação financeira do setor privado e da sociedade civil através do


programa, que visa estimular a ampliação do conhecimento de crianças e jovens por
meio de atividades culturais, esportivas, artísticas e de lazer no período
complementar às atividades escolares, projeto inserido no PETI denominado jornada
ampliada.
Foi consolidado e desenvolvido desde 1996, é fundamental para prevenir e
difundir o combate e a retirada de crianças e adolescentes 7 a 14 anos do trabalho
infantil, o que não só põe em risco sua saúde e segurança, mas também seu
desenvolvimento em geral, sendo essencial que haja a continuidade e apoio do
projeto por parte do Estado e da sociedade civil.

2.4.2 Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao


Adolescente Trabalhador

A Comissão Nacional para a Eliminação do Trabalho Infantil (CONAETI)


formulou o Plano Nacional de Prevenção e Eliminação do Trabalho Infantil e
Proteção do Trabalhador Jovem, com objetivos específicos que incluem o
desenvolvimento de um plano nacional de combate ao trabalho infantil.
A partir de políticas e de ações que preconizam a transversalidade e a
intersetorialidade, sempre contando com o apoio indispensável da sociedade civil, o
Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao
Adolescente Trabalhador busca criar as condições para que cerca de dois milhões
de crianças e adolescentes de cinco a quinze anos de idade sejam retirados do
trabalho e a eles sejam garantidos todos os direitos ligados à condição especial de
pessoas em desenvolvimento.
O plano é uma ferramenta básica para o Brasil e outros signatários
perseguirem as metas perseguidas pelo documento "Trabalho Decente nas
Américas: Uma agenda hemisférica 2006-2015" para alcançar a meta de eliminar as
piores formas de trabalho infantil até 2015 e todo o trabalho infantil até 2020.
Apresentado na 16ª Conferência Regional dos EUA da Organização Internacional do
Trabalho (OIT) realizada em 2006 (BRASIL, 2011)
O objetivo desse plano é coordenar as intervenções de alguns órgãos,
introduzir novas ações, sempre visando garantir a prevenção e eliminar o trabalho
infantil e proteger os trabalhadores adolescentes. Portanto, foi preciso analisar como
32

o trabalho de exploração de crianças e adolescentes ainda se encontra em grandes


quantidades, levando em consideração diferentes aspectos como raça, gênero,
status, tipo de ocupação, diversidade regional, torne-se permanente no país.

2.5 TRABALHO INFANTIL NO BRASIL: CONSEQUÊNCIAS EM TEMPOS DE


PANDEMIA DA COVID-19.

O mundo enfrenta uma pandemia desde de Dezembro de 2019, onde surgiu


na China, o vírus do (SARSCoV-2, Síndrome Respiratório Aguda Grave 2), onde
causa problemas respiratório, denominado de Coronavirus e Covid 19 (BENDER,
2020, p.2).
Nesse sentido, no cenário mundial, em resposta a esta pandemia, o
isolamento social tem sido adotado como medidas não farmacológicas, e estratégias
têm sido adotadas para controlar a disseminação de poluentes na população por
meio da distância física e da mobilidade. Como todos sabemos, são estas as
medidas que podem ser tomadas neste momento, mas não devemos ignorar que a
distância social terá certamente um impacto negativo nos diferentes níveis, a saber
especialmente o impacto nas pessoas; em termos gerais, sob diferentes
desenvolvimentos origens (da perspectiva de antecedentes familiares, comunidade
local, cidade, estado e país); em uma escala global Internacional (LIANG, 2020).
É preciso pensar nas inúmeras consequências que esta pandemia trouxe
para o país, “não apenas de ordem biomédica e epidemiológica em escala global,
mas também repercussões e impactos sociais, econômicos, políticos, culturais e
históricos (FIOCRUZ, p. 1, 2020). Isso inclui a perda de membros da família,
desigualdade social generalizada e problemas sociais existentes que podem
agravar-se, como o trabalho infantil.
Atividades econômicas e/ou atividades de sobrevivência com ou sem
finalidade de lucro, remuneradas ou não, realizadas por crianças ou
adolescentes em idade inferior a 16 anos ressalvada a condição de aprendiz
a partir dos 14 anos, independente da sua condição ocupacional.
(INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION, 2018, p. 14).

Infelizmente, dado que “ações precisam ser tomadas para conter a


mobilidade social, como quarentena”, o aumento do trabalho infantil pode ser
33

resultado do momento que vivemos (FIOCRUZ, 2020, p. 1). Desligou várias pessoas
do mercado de trabalho formal e informal, afetando todas as classes, mas afetando
gravemente os grupos mais vulneráveis. Em outras palavras, “as crianças mais
vulneráveis do mundo sentirão o impacto socioeconômico do COVID-19 mais
fortemente”. (FORE, 2020, p. 1).
De acordo com o último relatório da Organização Internacional do Trabalho
(OIT), devido à crise da COVID-19, milhões de crianças correm o risco de serem
forçadas a ingressar no trabalho infantil, o que pode levar ao primeiro aumento do
trabalho infantil após 20 anos de desenvolvimento (YARDE, 2020).
Deste feito, as medidas tomadas pelos governos “traz desafios para todos
os atores sociais e políticos do Sistema de Garantia de Direitos, nas altas
taxas de desemprego, na pobreza e na exclusão escolar que se encontram
as raízes do trabalho infantil (DORNELLAS, 2020, p.1).

De acordo com Yarde (2020), as crianças que já trabalham podem ter que
trabalhar mais horas ou em piores condições. Muitos deles podem ser forçados a
fazer o pior trabalho, o que prejudicará seriamente sua saúde e segurança.
Uma das consequências da pandemia Covid-19 para a sociedade brasileira
é o aumento do risco de trabalho infantil, que é uma das formas mais nocivas de
exploração do trabalho humano, pois tem a capacidade de frustrar o
desenvolvimento geral de crianças e adolescentes e prejudicar a realização de seus
projetos de vida (SANTOS, 2020).
Dadas as graves consequências da pandemia sobre a renda familiar, muitos
delas, sem apoio algum, poderiam recorrer ao trabalho infantil. A proteção
social é essencial em tempos de crise, pois permite prestar assistência aos
mais vulneráveis (RYDER 2020, p.1).

De acordo com o relatório da OIT (2020), a COVID-19 pode aumentar a


pobreza e, portanto, aumentar o trabalho infantil porque as famílias usam todos os
meios disponíveis para sobreviver. Alguns estudos afirmam que um aumento de 1%
na pobreza levará a um aumento de 0,7% ou mais no trabalho infantil.
Não há meios efetivos de garantir a continuidade do processo educativo
nesse período. Isso se deve à grave desigualdade social do país e à falta de
investimento estrutural no sistema educacional brasileiro (SANTOS, 2020).
34

O governo precisa se concentrar no trabalho infantil. Tomar medidas para


conter a propagação deste problema, pois,
O artigo 227 da Constituição Federal estabelece a absoluta prioridade dos
direitos de crianças e adolescentes, sua condição peculiar de
desenvolvimento, proteção integral e melhor interesse deve ser
responsabilidade solidária entre Estado, família e sociedade garantir esses
direitos” (CONANDA, 2020, p.1).

"Em tempos de crise, o trabalho infantil se torna um mecanismo de


sobrevivência para muitas famílias ", disse Henrietta Fore, diretora executiva do
UNICEF." À medida que pobreza aumenta, as escolas fecham e a disponibilidade de
serviços sociais diminui, mais crianças são empurradas para o trabalho. Quando
imaginamos o mundo depois da COVID, devemos garantir que as crianças e suas
famílias tenham as ferramentas necessárias para enfrentar tempestades
semelhantes no futuro. Uma educação de qualidade, serviços proteção social e
melhores oportunidades econômicas podem mudar as coisas ".
Na verdade, crianças e adolescentes mais pobres não podem participar de
cursos online, e nem mesmo as escolas podem garantir a realização de cursos não
presenciais. Esta dificuldade decorre do desrespeito histórico pela educação, que
tem levado o nosso país a não ter uma cultura que valorize a educação como parte
indispensável do desenvolvimento pessoal e social, e esta cultura visa o exercício
adequado e pleno da cidadania (SANTOS, 2020).
Portanto, como crianças e adolescentes são privados de oportunidades de
aprendizagem na escola e não têm meios para continuar o processo de
aprendizagem, eles são particularmente vulneráveis ao trabalho de exploração.
O motivo da expansão do trabalho infantil é o aumento da violência e do
crime. O aumento da desigualdade social levará ao aumento da violência social no
Brasil, que buscará criminalmente formas de escapar da pobreza e da exclusão.
Muitas famílias acreditam firmemente que o trabalho é a única alternativa ao crime e
que irão expor crianças e jovens à exploração excessiva do trabalho (SANTOS,
2020)
Assim, como as crianças enfrentam diversos riscos, como acidentes de
trânsito, não há necessidade de expor e chamar o país e a sociedade através das
crianças de rua. O impacto das epidemias nas crianças é bem conhecido, mas
“tentar medir é uma prática da futurologia”. (DORNELLAS, 2020, p.1).
35

Os grupos vulneráveis da população, especialmente aqueles que trabalham


na economia informal e os trabalhadores migrantes, serão os que mais sofrerão com
a recessão econômica, o aumento da informalidade e do desemprego, o declínio
geral dos padrões de vida, choques de saúde e o impacto dos sistemas de proteção
social, entre outras pressões.
Há evidências crescentes de que o trabalho infantil está aumentando à
medida que as escolas fecham durante a pandemia. Atualmente, o fechamento
temporário de escolas afeta 1 bilhão de alunos em mais de 130 países. Mesmo que
as aulas sejam retomadas, alguns pais podem não conseguir mais mandar seus
filhos para a escola (RYDER, 2020).
Como resultado, mais crianças podem ser forçadas a se envolver em
trabalhos exploradores e perigosos. O documento diz que a desigualdade de gênero
pode se tornar mais séria e as meninas são particularmente vulneráveis à
exploração na agricultura e no trabalho doméstico.
O relatório da OIT propôs uma série de medidas para lidar com a ameaça do
aumento do trabalho infantil, incluindo a expansão de proteções sociais mais
abrangentes, tornando mais fácil para as famílias pobres obterem crédito,
promovendo trabalho decente para adultos e medidas para trazer as crianças de
volta à escola, incluindo a abolição da mensalidade e mais recursos são dedicados à
inspeção do trabalho e aplicação da lei (RYDER, 2020).
O momento que vivemos é um momento pleno de desafios. Mais do que
nunca é preciso ter coragem, é preciso ter esperanças para enfrentar o
presente. É preciso resistir e sonhar. É necessário alimentar os sonhos e
concretiza-los dia-a-dia no horizonte de novos tempos mais humanos, mais
justos, mais solidários. (IAMAMOTO, 1998, p. 17).

No entanto, ação urgente e ação temporária são necessárias sem exposição


na mídia, mas o problema ainda existe. Assim, conclui-se com o pensamento de
Iamamoto que reflete o que pensamos as nossas necessidades e perseverança para
construir uma sociedade mais justa e igualitária.
Para Santos (2020), o estado deve implementar medidas que visem a
criação de oportunidades de emprego, como o investimento em projetos de
infraestrutura, que historicamente se revelam fonte de inúmeras oportunidades de
emprego. Com a retomada do emprego formal e o aumento da renda, a tendência
será a redução do trabalho infantil e juvenil.
36

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho examinou o fenômeno do trabalho infantil, especialmente no


Brasil. Mostrar o mundo das crianças e adolescentes trabalhadores e ressaltar que o
trabalho precoce pode prejudicar o desenvolvimento dessas crianças e
adolescentes, o que, de certa forma, contraria as obrigações apenas dos adultos em
muitos aspectos. Destruindo sua educação, deixando rastros em sua vida de
infância, mas não percebendo o uso, as oportunidades e os sonhos, tornando a vida
um pouco frustrante.
O Brasil, possui, o Programa De Erradicação Do Trabalho Infantil, o PETI,
que existe há 22 anos e, além da sociedade civil, desenvolve ações nas áreas de
assistência social, educação, trabalho e demais políticas de combate a essa prática
por meio da prevenção e da proteção social.
Neste trabalho, relatou-se o progresso observado no país na redução do
trabalho infantil entre 2016 e 2019, bem como os desafios que ainda precisam ser
enfrentados para que a sua erradicação seja alcançada. Além disso, ressaltaram-se
as consequências negativas do trabalho infantil sobre a escolaridade e a saúde.
Na verdade, a política do Brasil para eliminar o trabalho infantil tem sido
bem-sucedida, o que diminuiu drasticamente desde o início dos anos quando o
programa começou. Em 2016 tinham 5,3% de crianças e adolescentes trabalhando,
e em 2019 caiu para 4,6%, porém com a pandemia da covid-19 ainda não foi
possível saber o censo de 2020.
Apesar de a melhoria nas condições socioeconômicas das famílias ter
contribuído para o progresso verificado, constata-se que o PETI e as
condicionalidades impostas pelos programas de transferência de renda, como o
Bolsa Família, que exige a frequência à escola, foram mais eficazes para retirar as
crianças do mercado de trabalho.
A pobreza, educação de baixa qualidade e questões culturais são algumas
das causas do trabalho infantil. A entrada de crianças e adolescentes no mercado de
trabalho pode ou não estar relacionada à situação familiar, mas ainda faz parte da
cultura brasileira.
Quando as crianças são exploradas, o trabalho que realizam pode causar-
lhes danos físicos, morais, emocionais e intelectuais, porque não conseguem passar
plenamente o importante período da infância. Tanto as crianças quanto os
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adolescentes estão passando por uma fase em que se encontram em uma situação
especial de desenvolvimento, por isso devem os adultos podem realizar atividades
correspondentes à idade adulta, corpo adulto e personalidade adulta.
Artigo 227 da Constituição Federal de 1988, ECA-Lei 8.069 promulgada em
13 de julho de 1990 e UNICEF surgiram em sua forma mais diversa. Como
“prioridade absoluta”, subsidiar e proteger nossas crianças e jovens.
Tudo isso nos leva a concluir que o trabalho infantil é um fenômeno social
abrangente, determinado pelo modelo econômico, pelas condições e influências
sociais e mesmo por fatores culturais seguidos pelo país. Mas, em certo sentido, a
mudança só acontecerá se cada um der sua contribuição para mudar a história
dessas crianças e jovens.
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NO QUE DIZ RESPEITO À METODOLOGIA: O QUE VOCÊ USOU PARA FAZER A


PESQUISA? QUAIS AS FONTES?
PERCEBER QUE A NOÇÃO DE INFÂNCIA É HISTÓRIA, ASSIM COMO O
TRABALHO DE CRIANÇAS
DAR NORME AOS CAPÍTULOS
COMO VOCÊ VÊ A EDUCAÇÃO COMO CAPACIDADE REGENERADORA DA
POPULAÇÃO

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