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WBA0158_V1.

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A Criança como Produtora Cultural
A Criança como Produtora Cultural
Autora: Rosa Maria de Freitas Rogerio
Como citar este documento: ROGERIO, Rosa Maria de Freitas. A Criança como Produtora Cultural.
Valinhos: 2016.

Sumário
Apresentação da Disciplina 04
Unidade 1: A Educação Infantil no Brasil 06
Assista a suas aulas 21
Unidade 2: A Construção Social da Infância 28
Assista a suas aulas 43
Unidade 3: Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-
50
Culturais
Assista a suas aulas 66
Unidade 4: A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas 73
Assista a suas aulas 88

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A Criança como Produtora Cultural
Autora: Rosa Maria de Freitas Rogerio
Como citar este documento: ROGERIO, Rosa Maria de Freitas. A Criança como Produtora Cultural.
Valinhos: 2016.

Sumário
Unidade 5: A Criança Como Produtora de Cultura 95
Assista a suas aulas 111
Unidade 6: A Relação Cuidar e Educar na Educação Infantil 118
Assista a suas aulas 135
Unidade 7: A Importância da Brincadeira na Educação Infantil 142
Assista a suas aulas 158
Unidade 8: Relações Étnico-Raciais na Educação Infantil 165
Assista a suas aulas 181

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Apresentação da Disciplina

A disciplina A criança como Produtora diversos modos de ser criança, contando


Cultural possibilitará a você estudar a com a contribuição das teorias do
educação infantil no Brasil, com destaque desenvolvimento humano fundamentadas
para a reflexão sobre o currículo da em pressupostos sócio-histórico-culturais,
infância, em especial, as Diretrizes com destaque para as teorias de Vygotsky
Curriculares Nacionais para a Educação e Wallon. A infância e suas linguagens
Infantil (DCNEI), que foram elaboradas em serão estudadas a partir da experiência
1999 e revisadas em 2009. Você conhecerá italiana de educação infantil de Reggio
também a experiência de educação infantil Emilia, da ideia das cem linguagens da
pública da Rede Municipal de Ensino de criança de Loris Malaguzzi, da Pedagogia
São Paulo, que completou oitenta anos em da Infância e de como é ser professor
2015. A reflexão sobre a educação infantil na educação infantil sem dar aulas.
apresenta o contexto no qual as crianças Você estudará também a criança como
de zero a cinco anos têm sido acolhidas, produtora de culturas infantis na relação
educadas e cuidadas nas instituições de com as culturas familiares e escolares, a
educação infantil. A partir desse contexto relação indissociável do cuidar e do educar
será possível aprofundar a discussão na educação infantil, a educação e o
sobre a construção social da infância e os cuidado de bebês, o trabalho pedagógico

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no Berçário, a importância da brincadeira
para as crianças e as relações de gênero e
étnico-raciais na educação infantil.

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Unidade 1
A Educação Infantil no Brasil

Objetivos

1. Refletir sobre a educação infantil


no Brasil a partir da legislação
educacional.
2. Apreciar as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil.
3. Conhecer a história dos 80 anos de
educação infantil em São Paulo.

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Introdução

Você sabia que, desde 1º de janeiro de oferecimento de vagas a todas as crianças


2016, a educação infantil, aos 4 e aos 5 e as filas por uma vaga em instituições de
anos de idade, é obrigatória no Brasil? Esse educação infantil crescem a cada ano. Por
avanço para a educação infantil aconteceu outro, a obrigatoriedade tiraria da família
a partir da promulgação da LEI nº 12.796, o direito de decidir se o bebê vai aos
de 4 de abril de 2013, que altera a LDB quatro ou aos seis meses de idade para a
nº 9394/96 e institui que a educação instituição da educação infantil ou se ele
obrigatória e gratuita no Brasil passa a ser fica no seio da família.
dos 4 aos 17 anos de idade. Apesar de ser Você deve pensar: se a LEI que altera
um avanço, a LEI deixou de fora as crianças a LDB é de 2013, por que somente em
de 0 a 3 anos. 2016 ela passou a valer? Os legisladores
Entendemos que a temática sobre entenderam que as redes públicas de
a obrigatoriedade da matrícula de ensino de todo o país precisavam de um
bebês e crianças de 0 a 3 anos, na tempo para se organizar e se preparar para
educação infantil, é de fato complexa atender a todas as crianças de 4 e 5 anos,
porque, por um lado, quando não há a por isso houve esse prazo de adaptação à
obrigatoriedade, as redes públicas de nova LEI.
ensino não são responsabilizadas pelo não
7/188 Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil
A LDB em vigor explica que a educação de pedagogos, sociólogos da infância e
infantil, como “primeira etapa da psicólogos, que explicam que a educação
educação básica, tem como finalidade infantil tem importância e valor em si
o desenvolvimento integral da criança mesma e não é preparação para o ensino
de até 5 anos, em seus aspectos fundamental. Diante desse contexto, o
físico, psicológico, intelectual e social, termo ‘pré-escola’ que ensejava a ideia de
complementando a ação da família e da preparação para a escola fundamental e o
comunidade (artigo 29)”, que ela será termo ‘creche’ que foi criado no contexto
oferecida em “creches ou instituições da assistência social e não da educação
equivalentes para crianças de até três anos têm sido substituídos por centro de
de idade (artigo 30, inciso I)” e em “pré- educação infantil, escola de educação
escolas, para as crianças de 4 e 5 anos infantil, jardim de infância, entre outros.
de idade (artigo 30, inciso II)”. Em grande A educação infantil pública precisa ser
parte das redes públicas de ensino as organizada de acordo com as seguintes
denominações ‘creche’ e ‘pré-escola’ têm regras, previstas na LDB, em seu artigo 31:
sido substituídas por ‘centro de educação
infantil’ ou algum termo equivalente.
Isso tem acontecido devido aos estudos

8/188 Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil


I - avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento
das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao
ensino fundamental;

II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por


um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional;

III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o


turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral;

IV - controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar,


exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de
horas;
V - expedição de documentação que permita atestar os processos de
desenvolvimento e aprendizagem da criança.
O inciso I traz uma orientação bastante importante: a educação infantil por não ser
preparatória para o ensino fundamental, não tem como objetivo a promoção da criança para a
próxima etapa da educação básica. Isso quer dizer que nenhuma criança pode ser ‘reprovada’
9/188 Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil
na educação infantil por não ter alcançado 1. As Diretrizes Curriculares
um pré-requisito para cursar o primeiro Nacionais para a Educação
ano do ensino fundamental. Infantil
A seguir, você estudará as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Você já deve ter ouvido algo sobre os
Infantil, que foram revisadas em 2009 Parâmetros Nacionais Curriculares,
pelo Conselho Nacional de Educação que ficaram conhecidos como PCN na
e pela Câmara de Educação Básica, e década de 1990. O Referencial Curricular
conhecerá a experiência de uma rede Nacional para a Educação Infantil
pública de ensino que já tem oitenta anos (RCNEI), elaborado pelo Conselho Nacional
de educação infantil. de Educação, em 1998, no contexto dos
PCN, contém a origem das Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação
Link Infantil (DCNEI), que foram instituídas em
<http://portal.mec.gov.br/escola-de- 1999.
gestores-da-educacao-basica/323-
secretarias-112877938/orgaos-vinculados-
82187207/14306-cne-historico>.

10/188 Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil


Link Para saber mais
Para saber mais sobre o Referencial Curricular
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/
Nacional para a Educação Infantil, acesse o
pdf/livro01.pdf e http://portal.mec.gov.
artigo “O Referencial Curricular Nacional para a
br/par/195-secretarias-112877938/seb-
Educação Infantil no contexto das reformas”, de
educacao-basica-2007048997/12657-
Ana Beatriz Cerisara. Disponível em:
parametros-curriculares-nacionais-5o-a-
8o-series. <http://www.scielo.br/pdf/es/
v23n80/12935.pdf>.

<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ As DCNEI são balizas norteadoras


rcnei_vol1.pdf>. obrigatórias, porém flexíveis na sua
realização, que orientam o planejamento, o
desenvolvimento e avaliação da Educação
<http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/
Infantil no Brasil. As DCNEI concebem
resolucao_ceb_0199.pdf>
o currículo na Educação Infantil como
“um conjunto de práticas que buscam

11/188 Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil


articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do
patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico” (BRASIL, 2013, p. 86). É preciso estar
atento para o fato de que esse conjunto de práticas acontece em meio a relações sociais que a
criança estabelece com os adultos e com as outras crianças na instituição de educação infantil,
o que contribui para a construção de sua identidade. Os princípios básicos que orientam essas
práticas são:

• Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do


respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas,
identidades e singularidades.

• Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do


respeito à ordem democrática.

• Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade


de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais
(BRASIL, 2010, p. 16).

12/188 Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil


Em relação aos princípios éticos, emoções, seus interesses e suas diferenças
defendemos que a instituição de educação e fazendo com que cada criança perceba
infantil deve promover práticas educativas e respeite as emoções, os interesses e as
nas quais os interesses da criança sejam diferenças das outras crianças.
considerados, sua voz seja ouvida, seus No que diz respeito aos princípios
desejos sejam percebidos, sua curiosidade estéticos, considero que as práticas
seja valorizada, sua autonomia seja educativas na educação infantil precisam
incentivada, suas necessidades sejam estar organizadas no sentido de permitir
atendidas, as questões de gênero que a criança se inspire, crie e produza arte,
e das relações étnico-raciais sejam cultura, brincadeiras, respostas e soluções
problematizadas e os preconceitos sejam para questões do cotidiano a partir de
combatidos. situações motivadoras, desafiadoras,
No rol dos princípios políticos, entendemos estimulantes e seguras.
que a principal questão é a convivência A seguir você conhecerá a experiência de
com os outros, ou seja, a vida em educação infantil pública que completou
sociedade. Dessa forma, as práticas 80 anos em 2015.
educativas precisam promover a formação
integral da criança, considerando suas
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2. Os 80 Anos de Educação
Infantil em São Paulo Para saber mais
Para saber mais, leia a edição especial da Revista
A educação infantil no Brasil surge no Magistério em: <http://portal.sme.prefeitura.
final do século XIX, em São Paulo e no Rio sp.gov.br/Portals/1/Files/24816.pdf>.
de Janeiro, com a criação de jardins de
infância privados e públicos (OLIVEIRA,
A história da educação infantil em São
2007). Foi preciso mais de um século para
Paulo tem início quando Mario de Andrade,
garantir, por força de lei, o direito de parte
então diretor do Departamento de Cultura
das crianças – com quatro e cinco anos
do município, cria três Parques Infantis (PI)
de idade – à educação infantil. É nesse
em 1935, para atender às crianças de 3 a
contexto que apresentamos para você a
12 anos de idade. A educação infantil em
experiência de educação infantil da Rede
São Paulo nasce a partir da relação entre
Municipal de Ensino de São Paulo que
educação, cultura, arte, lazer, recreação e
completou 80 anos em 2015.
desenvolvimento integral da criança, tendo
o caráter lúdico e artístico como articulador
dessa relação. Nos Parques Infantis as
crianças
14/188 Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil
[...] produziam cultura e conviviam com a diversidade da cultura nacional,
quando o cuidado e a educação não estavam antagonizados, e a
educação, a assistência social e a cultura estavam macunaimicamente
integradas, no tríplice objetivo parqueano: educar, assistir e recrear
(FARIA, 1999, p. 62).
Com o passar dos anos, os jogos, as brincadeiras, a liberdade, a ludicidade e a arte que davam
o tom às práticas educativas nos parques infantis foram sendo substituídos pelo modelo
escolarizado do ensino fundamental e os parques infantis ganharam nova nomenclatura:
Escolas Municipais de Educação Infantil. Apesar disso, entendemos que a Rede Municipal de
Ensino de São Paulo tem buscado resgatar a autenticidade e a beleza do projeto de Mario de
Andrade para a educação infantil ao promover formação continuada para os profissionais da
educação na perspectiva da descolonização do currículo da educação infantil e dos estudos da
pedagogia e da sociologia da infância.
Outro capítulo da história da educação infantil na Rede Municipal de Ensino de São Paulo
aconteceu no início dos anos 2000, quando as creches, pertencentes à Secretaria de
Assistência Social, passaram a pertencer à Secretaria Municipal de Educação. Essa passagem da
15/188 Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil
assistência social para a educação conferiu
à creche um salto qualitativo no que diz Para saber mais
respeito ao atendimento das crianças Para saber mais sobre os números da Rede
de zero a três anos. A denominação Municipal de Ensino de São Paulo acesse o
creche deu lugar ao nome centro de portal da Secretaria Municipal de Educação
educação infantil e a criança passou a ser no endereço: <http://portalsme.prefeitura.
considerada como um sujeito de direitos. sp.gov.br/>.
Em 2016, a Rede Municipal de Ensino de
São Paulo atende a cerca de meio milhão Entendemos que a experiência dessa rede
de crianças em 2016 nos Centros de contribui para a educação infantil no
Educação infantil (que atendem a crianças Brasil porque considera a criança como
de zero a três anos), em 545 Escolas ser social e histórico que ao estabelecer
Municipais de Educação Infantil (que múltiplas relações com as pessoas com as
atendem a crianças de quatro e cinco anos) quais convive, produz cultura (as culturas
e em 5 Centros Municipais de Educação infantis), constrói seus saberes, reinventa
Infantil (que atendem a crianças de zero a e cria brincadeiras e são protagonistas de
cinco anos). seu aprendizado e do seu desenvolvimento.

16/188 Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil


Glossário
Primeira infância: período que vai de zero a três anos de vida.
Questões de gênero: modos como a sociedade concebe os diferentes papéis sociais e
comportamentos atribuídos aos homens e às mulheres.
Descolonização do currículo: questionamento do modo como o currículo tradicional tem sido
construído e valorizado e que propõe outros paradigmas para a seleção de conteúdos.

17/188 Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil


?
Questão
para
reflexão

Você frequentou alguma instituição de educação


infantil quando era criança? Escreva uma carta para
sua professora daquela época, contando como foi
essa experiência, relacionando com alguns assuntos
estudados na aula. Se você não frequentou a educação
infantil, escreva uma carta para o secretário de
educação explicando qual o motivo que o levou a não
frequentar a educação infantil e relacione com os
assuntos estudados na aula.
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Considerações Finais

• A educação infantil é a primeira etapa da educação básica e contempla as


crianças de zero a cinco anos de idade.
• A partir de 2016 a educação infantil passou a ser obrigatória para as
crianças de quatro e cinco anos de idade.
• As DCNEI são balizas norteadoras obrigatórias, porém flexíveis na sua
realização, que orientam o planejamento, o desenvolvimento e avaliação da
educação infantil no Brasil.
• A experiência de educação infantil paulistana completou 80 anos em 2015
e considera a criança como ser social e histórico, produtora de cultura,
construtora de saberes e protagonista de seu aprendizado.

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Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares


Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares
nacionais para a educação infantil. Brasília: MEC, SEB, 2010.
FARIA, Ana Lucia Goulart de. A contribuição dos parques infantis de Mario de Andrade para a
construção de uma pedagogia infantil. Educação e Sociedade. Campinas, v. 20, n. 69, p. 60-91,
dez. 1999.
OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação infantil: fundamentos e métodos. 3ª ed. São Paulo:
Cortez, 2007.

20/188 Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil


Assista a suas aulas

Aula 1 - Tema: A Educação Infantil no Brasil - Aula 1 - Tema: A Educação Infantil no Brasil -
Bloco I Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ab-
ecc6f12b3d029e8fba319b4f45561d4c>. 2c995b6dcad5a4297a76d7d1dded8e>.

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Questão 1
1. A educação infantil no Brasil é obrigatória desde:

a) 1 de janeiro de 2013.
b) 1 de janeiro de 2014.
c) 1 de janeiro de 2015.
d) 1 de janeiro de 2016.
e) 4 de abril de 2013.

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Questão 2
2. Pedagogos, sociólogos da infância e psicólogos entendem que:

a) A educação infantil tem importância e valor em si mesma e não é preparação para o ensino
fundamental.
b) A educação infantil tem importância e valor em si mesma e é preparação para o ensino
fundamental.
c) A educação infantil tem importância, mas não tem valor em si mesma e não é preparação
para o ensino fundamental.
d) A educação infantil tem importância, mas não tem valor em si mesma e é preparação para
o ensino fundamental.
e) A educação infantil não tem importância e nem valor em si mesma e não é preparação para
o ensino fundamental.

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Questão 3
3. O que são as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil?

a) São propostas pedagógicas obrigatórias que orientam o planejamento, o desenvolvimento


e avaliação da Educação Infantil no Brasil.
b) São balizas norteadoras obrigatórias, porém flexíveis na sua realização, que orientam o
planejamento, o desenvolvimento e avaliação da Educação Infantil no Brasil.
c) São balizas norteadoras obrigatórias que orientam o planejamento, o desenvolvimento e
avaliação da Educação Infantil no Brasil e que precisam ser cumpridas.
d) São pressupostos obrigatórios que orientam o planejamento, o desenvolvimento e
avaliação da Educação Infantil no Brasil.
e) São orientações, não obrigatórias, sobre o currículo na educação infantil que orientam o
planejamento, o desenvolvimento e a avaliação.

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Questão 4
4. As DCNEI concebem o currículo na Educação Infantil como:

a) Um conjunto de regulações políticas que direcionam as experiências das crianças e os


conhecimentos que fazem parte do patrimônio artístico, científico e tecnológico.
b) Um conjunto de pressupostos filosóficos que orientam as experiências das crianças,
de acordo com os conhecimentos que fazem parte apenas do patrimônio científico e
tecnológico.
c) Um conjunto de orientações pedagógicas sobre as experiências das crianças em relação
aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e
tecnológico.
d) Um conjunto de práticas pedagógicas que direcionam todas as experiências das crianças
que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico.
e) Um conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças
com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e
tecnológico.

25/188
Questão 5
5. A educação infantil em São Paulo nasce a partir da relação entre:

a) Educação, ciência, arte e desenvolvimento integral da criança, tendo o caráter cientifico e


artístico como articulador dessa relação.
b) Educação, cultura, arte e ciência para o desenvolvimento integral da criança, tendo o
caráter científico e artístico como articulador dessa relação.
c) Educação, cultura, arte, lazer, recreação e desenvolvimento integral da criança, tendo o
caráter lúdico e artístico como articulador dessa relação.
d) Educação, cultura, arte, lazer e desenvolvimento integral da criança, tendo o caráter
preparatório para o ensino fundamental como articulador dessa relação.
e) Educação, cultura, arte e desenvolvimento integral da criança, tendo o caráter científico e
psicológico como articulador dessa relação.

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Gabarito
1. Resposta: D. para fazer alterações de acordo com seu
contexto sócio-histórico-cultural.
A Lei nº 12796 é de 4 de abril de 2013, mas
as redes de ensino tiveram um prazo para 4. Resposta: E.
universalizar a educação infantil de 4 e 5
anos. As DCNEI entendem o currículo a partir da
articulação entre os saberes das crianças e
2. Resposta: A. os saberes sistematizados.

A educação infantil tem importância e 5. Resposta: C.


valor em si mesma e não é preparação para
o ensino fundamental. O currículo dos parques infantis era
elaborado a partir da relação entre
3. Resposta: B. educação, cultura, arte, lazer, recreação e
desenvolvimento integral da criança.
As DCNEI são balizas norteadores
obrigatórias, mas cada rede de ensino
conta com autonomia e flexibilidade

27/188
Unidade 2
A Construção Social da Infância

Objetivos

1. Entender que a infância é construída


social, cultural e historicamente.
2. Compreender a criança como ator
social e sujeito de direitos.
3. Refletir sobre a instituição de
educação infantil e sua relação com
as múltiplas infâncias.

28/188
Introdução

Você tem percebido que os bebês e as criança está inserida. No contexto social
crianças bem pequenas tem se mostrado da década de 1970, o bebê era enrolado
muito espertas e tem interagido com em cueiros e colocado em berço localizado
o mundo a sua volta de modo cada vez em cômodo silencioso e com pouca luz,
mais inventivo, criativo e autoral? Há para que ele não fosse perturbado, o que
pessoas que dizem que ‘hoje as crianças também oferecia poucos estímulos para
já nascem falando’, que ‘hoje os bebês seu desenvolvimento e contribuía para que
dormem menos do que antigamente’ ele dormisse por muito tempo. Nos dias
e que ‘antigamente as crianças eram atuais entende-se que a criança precisa
mais devagar em seu desenvolvimento e ter liberdade de movimentos, utilizando
aprendizagem’. Você se lembra, ou já ouviu roupas confortáveis, e não se faz mais
falar, que os bebês quando nasciam eram uso do cueiro para ‘engessar a criança’. A
embrulhados como um ‘charutinho’ em mãe alimenta o bebê assistindo televisão,
cueiros e que demoravam cerca de sete mexendo no celular, o que implica estímulo
dias para abrir os olhos? Os modos como a sonoro e visual ao bebê. São as condições
criança é cuidada e educada se relacionam de vida do bebê e da criança pequena, em
diretamente às questões culturais do contextos sócio-histórico-culturais, que
contexto histórico e social no qual a têm mudado e que têm gerado mudanças

29/188 Unidade 2 • A Construção Social da Infância


no modo como a infância é cuidada e social de vida imputa à criança modos
educada e isso influencia diretamente a distintos de ser criança e de viver a
aprendizagem e o desenvolvimento das infância. Nessa perspectiva, a criança é
crianças e dos bebês. compreendida como um sujeito de direitos
As ideias do parágrafo anterior ajudam e o adultocentrismo é rechaçado por ser
a entender porque considero que a uma forma de colonização da criança.
infância é construída social, cultural
e historicamente. Para refletir sobre a Para saber mais
construção social da infância conto com o Para saber mais sobre sociologia da infância, leia
conhecimento da sociologia da infância, o artigo ‘Sociologia da Infância no Brasil: uma
que concebe a criança como sujeito área em construção’, disponível no link: <http://
histórico situado em um contexto cultural periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/
e social que influencia diretamente sua view/1602>.
aprendizagem e seu desenvolvimento.
Dessa forma, crianças são diferentes e A sociologia da infância (FARIA; FINCO,
diferentes são também suas infâncias, 2011 e ABRAMOWICZ; OLIVEIRA, 2010) é
por isso não está correta a afirmação um campo teórico da sociologia, surgido
que ‘criança é tudo igual’. Cada contexto no movimento da sociologia da infância
30/188 Unidade 2 • A Construção Social da Infância
na Europa a partir da década de 1980, que A partir do referencial teórico da sociologia
entende a infância como uma construção da infância, a criança é estudada como
social e que busca compreender o um ser ativo no cotidiano, o que sinaliza
modo como a criança percebe o mundo a possibilidade de compreender de que
e interage com ele. Desse modo, a modo ela interage no mundo do adulto,
sociologia da infância contesta as teorias negociando, compartilhando e criando
da psicologia do desenvolvimento e do culturas. Se em outros referenciais teóricos
comportamento – com destaque para a criança foi excluída, silenciada e vista
o que foi proposto por Jean Piaget, pois sempre a partir da visão do adulto, com
a sociologia da infância ela passa a ser
essas teorias apresentam características
compreendida em sua relação ativa com a
prescritivas, normalizantes e moralizantes
cultura e a sociedade. E essa compreensão
para a infância.
ajuda a considerar a existência de múltiplas
infâncias e de variadas formas de se viver
as infâncias.
Link A seguir, você estudará os conceitos de
<https://periodicos.ufsc.br/index.php/
perspectiva/article/view/10282>. criança e infância e refletirá sobre quais são
as contribuições da sociologia da infância
para as instituições de educação infantil.
31/188 Unidade 2 • A Construção Social da Infância
1. Os Conceitos de Infância e de Criança

Você tem a impressão que os conceitos ‘criança’ e ‘infância’ são tão comuns no dia a dia e
nunca parou pra refletir melhor sobre eles? A etimologia da palavra infância deriva do latim
infans que significa ‘aquele que não fala’ e traz a ideia também da ausência de razão, de
irracionalidade.

[...] por não falar, a infância não se fala e, não se falando, não ocupa a
primeira pessoa nos discursos que dela se ocupam. E, por não ocupar
esta primeira pessoa, isto é, por não dizer eu, por jamais assumir o
lugar de sujeito do discurso, e, consequentemente, por consistir sempre
um ele/ela nos discursos alheios, a infância é sempre definida de fora
(LAJOLO, 2006, p. 230).

Link
<http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais16/sem13pdf/sm13ss04_02.pdf>.

32/188 Unidade 2 • A Construção Social da Infância


A infância não é um acontecimento
natural, mas sim produto de um meio Link
social, histórico e cultural, pois as crianças, <http://cchla.ufrn.br/publicacoes/olhar.
ao longo da história sempre foram pdf>.
tratadas, cuidadas e educadas a partir de
interesses políticos, culturais e econômicos
Segundo os estudos do historiados francês
da sociedade, em determinados momentos
Philippe Ariés (2014), a infância foi uma
e lugares. O que me leva a entender que
invenção da modernidade, pois na Idade
a criança tem sido cuidada e educada de
Média a criança era tratada como um
modos distintos ao longo da história e
‘adulto em miniatura’ e não havia uma
de acordo com seu local de nascimento.
divisão significativa entre o que cabia a
Por isso prefiro sempre falar em infâncias
uma criança fazer e como ela deveria ser
no plural e de infâncias concretas, pois
tratada. Por esse motivo, as crianças viviam
não compreendo a infância como algo
vidas semelhantes às dos adultos. Somente
idealizado, homogêneo e universal.
na Idade Moderna a infância ganha outro
sentido devido às várias transformações
pelas quais a sociedade passa, como, por
exemplo, a invenção da imprensa no final
33/188 Unidade 2 • A Construção Social da Infância
do século XV, que imputa à sociedade a Depois de estudar o conceito de infância,
necessidade de que mais pessoas fossem você vai refletir sobre o conceito de criança.
alfabetizadas. Nesse contexto, a criança A etimologia da palavra criança se origina
passa a ser compreendida por outro do latim criar que significa ‘criar, crescer’.
prisma, o que a diferencia do adulto Dessa forma, a criança é um ser humano
e começam estudos (DURAES, 2011 e que está em constante processo de criação
HEYWOOD, 2004) e pesquisas sobre essa e crescimento até doze anos incompletos
etapa específica da vida do ser humano. (Lei nº 8069/90). Nas Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação
Para saber mais Infantil (BRASIL, 2010, p. 12), o conceito de
criança significa
Para saber mais leia o texto “Da infância
sem valor à infância de direitos: diferentes
construções conceituais de infância ao longo do
tempo histórico”, no link: <http://www.pucpr.
br/eventos/educere/educere2008/anais/
pdf/892_632.pdf>.

34/188 Unidade 2 • A Construção Social da Infância


Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas
cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca,
imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona
e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura.
Os conceitos de infância e de criança confirmam a ideia da criança como portadora de história,
construtora de cultura e sujeito de direitos. Nesse contexto a infância adquire uma nova
visibilidade, pois as crianças são seres ativos que desenvolvem interações complexas com os
adultos e com outras crianças.

[...] Portanto, a concepção de criança e infância na qual acreditamos


é a de que ela é um ser histórico, social e político, que encontra
nos outros, parâmetros e informações que lhe permitem formular,
questionar, construir e reconstruir espaços que a cercam. Apostamos
numa concepção que não se fixa num único modelo, que está aberta à
diversidade e à multiplicidade que são próprias do ser humano (KRAMER,
1999, p. 277).

35/188 Unidade 2 • A Construção Social da Infância


A seguir, você verá como as concepções que promove a dependência da criança
de infância e de criança condicionam em relação ao adulto. Nesse contexto,
os modos como elas são tratadas nas a instituição de educação infantil que
instituições de educação infantil. compreende a criança como um ator social
– que tem interesses, curiosidades, saberes
2. A Instituição de Educação e opiniões sobre o cotidiano em que vive
Infantil e as Múltiplas Infâncias – promove práticas educativas que, ao
considerar a criança como um sujeito de
As concepções de criança e de infância direitos, contribui para o desenvolvimento
influenciam diretamente a organização e a de sua autonomia e de seu protagonismo.
gestão da instituição de educação infantil,
Observar a criança e escutar sua voz com
e revelam como as crianças são recebidas,
atenção, cuidado, respeito e curiosidade
acolhidas, cuidadas e educadas pela escola.
permite ao educador conhecer a criança,
A instituição de educação infantil que
considerar seu ponto de vista e promover
proporciona o alcance das crianças aos
práticas educativas que tiram a criança
materiais, aos brinquedos, à experiência
de uma situação de invisibilidade. Dar
de servir-se, de escolher o que quer comer,
visibilidade a uma criança significa
rompe com aquela imagem de instituição
considerá-la como um ator social, sujeito
36/188 Unidade 2 • A Construção Social da Infância
de direitos, inserida em diversos contextos Eu diria que as contribuições são:
concretos de vida que influenciam
• Assunção da criança como ator
diretamente seus modos de viver a
social e sujeito de direitos, portanto,
infância. Cada criança é única, por isso
protagonista de sua aprendizagem e
existem múltiplas infâncias. Diante disso,
de seu desenvolvimento.
pergunto: Como os estudos da sociologia
da infância trazem contribuições para a • Valorização das múltiplas infâncias
educação infantil? e dos múltiplos modos de viver a
infância.

Para saber mais • Entendimento da criança como


produtora de cultura infantil.
Para saber mais, acesse o link: <http://
www.fumec.br/revistas/paideia/article/ • Compreensão da criança como um
download/919/693>. ser do presente, onde a educação
infantil tem um valor em si mesma
e não é etapa preparatória para a
próxima fase da vida.

37/188 Unidade 2 • A Construção Social da Infância


Por tudo que foi dito, as instituições de
educação infantil precisam repensar
suas práticas educativas no sentido de
oportunizar para as crianças a vivência
de experiências enriquecedoras e
desafiadoras no que diz respeito às
múltiplas linguagens, às brincadeiras, ao
convívio coletivo, às rotinas de cuidado e
de alimentação e ao acesso aos saberes, à
cultura, às ciências etc.

38/188 Unidade 2 • A Construção Social da Infância


Glossário
Sócio-histórico-cultural: qualidade de natureza social, histórica e cultural ao mesmo tempo.
Colonização da criança: se refere à atitude do adulto que desconsidera o ponto de vista e o
interesse da criança para impor os seus; é um desrespeito à criança; é uma forma de silenciar a
criança.
Adultocentrismo: poder centrado nas mãos dos adultos; as crianças não são consideradas
como atores sociais que produzem saberes e culturas.

39/188 Unidade 2 • A Construção Social da Infância


?
Questão
para
reflexão

Assista ao documentário Babies, do diretor Thomas


Balmés, que retrata o nascimento e os primeiros
anos de vida de quatro bebês em diferentes partes
do mundo e produza uma dissertação na qual você
explica como cada cultura cuida e educa seu bebê, na
perspectiva da construção social da infância.

Link
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=AXtgjdJ_8DE>.

40/188
Considerações Finais

• A infância não é um acontecimento natural, mas produto de um


contexto social, histórico e cultural.
• Valorização das infâncias no plural e recusa da ideia de infância
como algo idealizado, homogêneo e universal.
• Os conceitos de infância e de criança confirmam a ideia da criança
como portadora de história, construtora de cultura e sujeito de
direitos.
• As concepções de criança e de infância influenciam diretamente a
organização e a gestão da instituição de educação infantil, e revelam
como as crianças são recebidas, acolhidas, cuidadas e educadas.

41/188
Referências

ABRAMOWICZ, Anete; OLIVEIRA, Fabiana de. A sociologia da infância no Brasil: uma área em
construção. Educação (UFSM), Santa Maria, p. 39-52, maio 2010.
ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família. 2ª ed. Rio de Janeiro, LTC, 2014.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares
nacionais para a educação infantil. Brasília: MEC, SEB, 2010.
DURAES, Sarah Jane Alves. Aprendendo a ser professor(a) no século XIX: algumas influências de
Pestalozzi, Froebel e Herbart. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 37, n. 3, p. 465-480, Dec. 2011.
FARIA, Ana Lúcia Goulart de; FINCO, Daniela (Orgs.). Sociologia da infância no Brasil. Belo
Horizonte: Autores Associados, 2011.
HEYWOOD, Colin. Uma história da infância: da Idade Média à época contemporânea no
ocidente. Porto Alegre: Artmed, 2004.
LAJOLO, Marisa. Infância de papel e tinta. In: FREITAS, M. C. (Org.). História social da infância
no Brasil. São Paulo: Cortez, 2006.
KRAMER, Sônia. Infância e produção cultural. Campinas: Papirus, 1999.

42/188 Unidade 2 • A Construção Social da Infância


Assista a suas aulas

Aula 2 - Tema: A Construção Social da Infância Aula 2 - Tema: A Construção Social da Infância
- Bloco I - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
31d7a8ff2ba2830b0cc744863794b32d>. beb3b45bd14bc9a1a1ff930f295c1962>.

43/188
Questão 1
1. A ideia de infância construída social, cultural e historicamente se baseia na:

a) Ideia de criança como sujeito situado em um contexto cultural e social que quase não
contribui para sua aprendizagem e seu desenvolvimento.
b) Concepção de criança como ser frágil, indefeso que precisa ser cuidado e educado de
forma afetuosa.
c) Concepção de criança como sujeito histórico situado em um contexto cultural e social que
influencia diretamente sua aprendizagem e seu desenvolvimento.
d) Ideia de criança como sujeito histórico, mas que passa por etapas biológicas de
desenvolvimento independentemente do contexto cultural.
e) Concepção de criança como sujeito biológico que se desenvolve da mesma forma, pois
pertence à espécie humana.

44/188
Questão 2
2. A sociologia da infância entende a infância como uma construção social
e busca:

a) Entender o modo como os adultos cuidam das crianças e a educam.


b) Contribuir para os estudos da pedagogia behaviorista sobre as crianças.
c) Conhecer as etapas de desenvolvimento da criança.
d) Compreender o modo como a criança percebe o mundo e interage com ele.
e) Refletir sobre o desenvolvimento da criança exclusivamente no espaço escolar.

45/188
Questão 3
3. Por que a infância não é um acontecimento natural?

a) Porque a criança é cuidada e educada de modos distintos ao longo da história e de acordo


com seu local de nascimento.
b) Porque a criança, por ser da espécie humana, se desenvolve do mesmo modo,
independentemente da sua cultura.
c) Porque a infância é um acontecimento universal em que todas as crianças do mundo se
desenvolvem da mesma forma.
d) Porque a infância é entendida a partir dos estágios de desenvolvimento fisiológico,
biológico e psicológico da criança.
e) Porque a criança, ao ser educada de modos distintos, vai se desenvolvendo de acordo com
estágios de maturação.

46/188
Questão 4
4. Qual ideia os conceitos de infância e de criança confirmam?

a) A ideia da criança como ser universal, homogêneo, que se desenvolve por etapas de acordo
com sua maturidade.
b) A ideia da criança como sujeito de direitos, que se desenvolve a partir de estágios, de
acordo com os estímulos que recebe.
c) A ideia de criança como ator social, condicionada por seu desenvolvimento biológico,
fisiológico e psicológico.
d) A ideia da criança como ser humano, que precisa ser cuidada e educada de modo afetuoso
e respeitoso.
e) A ideia da criança como portadora de história, construtora de cultura e sujeito de direitos.

47/188
Questão 5
5. O educador que observa a criança e escuta sua voz com atenção,
cuidado, respeito e curiosidade:

a) Reflete sobre a criança a partir do estágio de desenvolvimento no qual a criança se


encontra.
b) Conhece a criança, considera seu ponto de vista e promove práticas educativas que tiram a
criança de uma situação de invisibilidade.
c) Compreende a criança como sujeito de direitos, que precisa ser cuidada e educada de
modo afetuoso, e de acordo com sua maturidade biológica.
d) Conhece a criança, considera seu ponto de vista e promove práticas pedagógicas a partir
do estágio de desenvolvimento da criança.
e) Entende a criança como ator social, que precisa dos exemplos dos adultos e não das
crianças para poder se desenvolver.

48/188
Gabarito
1. Resposta: C. 3. Resposta: A.

As condições de vida da criança, em A infância é construída socialmente e não


contextos sócio-histórico-culturais, têm naturalmente.
mudado e têm gerado mudanças no modo
como a infância é cuidada e educada, o que 4. Resposta: E.
influencia diretamente sua aprendizagem e
seu desenvolvimento. Por ser uma construção social, a infância
considera a criança a partir de seu contexto
2. Resposta: D. sócio-histórico-cultural.

Com a sociologia da infância a criança 5. Resposta: B.


passa a ser compreendida em sua relação
ativa com a cultura e a sociedade. Esse professor considera a criança como
ator social e sujeito de direitos.

49/188
Unidade 3
Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais

Objetivos

1. Conhecer teorias sobre o


desenvolvimento humano com
base em elementos sócio-histórico-
culturais.
2. Refletir sobre a Teoria Histórico-
Cultural de Vygotsky.
3. Entender a Psicologia Sócio-Histórica
de Wallon.

50/188
Introdução

Você vai estudar duas teorias sobre o desenvolvimento humano que concebem a criança como
ator social e sujeito histórico e que a estudam a partir da ideia da construção social da infância
porque compreendem que a possibilidade da criança aprender a andar, a falar, a controlar
o esfíncter, a imaginar, a pensar de modo raciocinado etc., está diretamente relacionada às
qualidades dos estímulos que a criança recebe do meio em que vive, seja no contexto da família
ou no contexto da instituição de educação infantil.

Embora nessas aquisições a dimensão orgânica da criança se faça presente,


suas capacidades para discriminar cores, memorizar poemas, representar
uma paisagem através de um desenho, consolar uma criança que chora
etc., não são constituições universais biologicamente determinadas e
esperando o momento de amadurecer. Elas são histórica e culturalmente
produzidas nas relações que estabelecem com o mundo material e social
mediadas por parceiros mais experientes. (BRASIL, 2013, p. 86).
Compreendo que a aprendizagem e o desenvolvimento da criança acontecem a partir das
possibilidades de interações entre os sujeitos – crianças ou adultos – e o ambiente social onde
a criança está inserida. Por esse motivo escolhemos as teorias sobre o desenvolvimento
51/188 Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais
humano elaboradas por Vygotsky (2007, da criança acontece de dentro do
1996, 1995 e 1987) e por Wallon (2008 e organismo para fora dele, de acordo com
2007) para estudar o desenvolvimento da a maturidade fisiológica e biológica da
criança. criança. Desse modo, qualquer criança,
por ser da espécie humana, em qualquer
Para saber mais lugar do planeta, se desenvolve de modo
semelhante porque o contexto sócio-
Para saber mais sobre criança, infância
histórico-cultural da criança não é levado
e Teoria Histórico-Cultural acesse o link:
em consideração. É como se fosse possível
<http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/
afirmar que uma criança que nasce e é
TeorPratEduc/article/view/18549>.
criada em uma situação de vulnerabilidade
social e de pouco acesso aos bens
Durante muito tempo o biólogo Jean
culturais e materiais se desenvolva de
Piaget (2002, 1987) foi considerado
modo semelhante a uma criança nascida
um dos principais estudiosos sobre o
e criada numa família com elevado poder
desenvolvimento da criança no meio
aquisitivo que proporciona à criança
pedagógico e psicológico. Piaget (1987)
múltiplas experiências linguísticas, de lazer,
e Piaget & Inhelder (2007) explicam que
de cuidado, de alimentação, de acesso à
a origem do desenvolvimento cognitivo
52/188 Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais
cultura etc. Imagine o bebê do príncipe sócio-histórico-cultural da criança é
Willian, herdeiro do trono inglês e o bebê condicionante para sua aprendizagem e
de João, pedreiro desempregado que reside seu desenvolvimento.
em uma área invadida sem saneamento
básico. Você acredita que esses dois bebês,
em realidades sociais muito distintas,
Link
terão as mesmas oportunidades de <http://www.scielo.br/scielo.
aprendizagem e de desenvolvimento php?script=sci_abstract&pid=S1414-
durante seus primeiros anos de vida? Eu 98932013000200012&lng=pt&nrm=iso&tln
respondo que não porque as condições g=pt>.
concretas de vida na qual cada bebê está
inserido influenciam diretamente os modos Vou apresentar a você alguns elementos
como ele vai ser cuidado e educado e as da Teoria Histórico Cultural (VYGOTSKY,
possibilidades que ele vai ter de acesso aos 2007, 1996, 1995 e 1987) e da Psicologia
bens culturais e materiais, o que provocará Histórico Crítica (WALLON, 2008 e 2007).
aprendizagens e desenvolvimentos
muito diferentes para cada bebê do
exemplo dado. Por isso o contexto

53/188 Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais
1. Vygotsky e a Teoria
Para saber mais Histórico-Cultural
Para saber mais sobre a Teoria Histórico
Cultural leia o artigo disponível em: <http://
Você sabia que Vygotsky (1896-1934)
pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1678-
estudou direito, psicologia, história,
51771996000100002&script=sci_
literatura e medicina? No meio educacional
arttext&tlng=en>.
o estudioso russo é mais conhecido como
psicólogo, pois foi um dos fundadores
da Teoria Histórico-Cultural, que traz
Escolhemos os referenciais teóricos de
contribuições decisivas para o campo
Vygotsky e Wallon porque eles valorizam
educacional, ao formular teorias que
a relação professor-aluno e a escola como
partem do pressuposto que as interações
elementos fundamentais para o processo
sociais e as condições de vida de cada
de desenvolvimento da criança.
pessoa influenciam diretamente seu
aprendizado e seu desenvolvimento.

54/188 Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais
plasticidade cerebral que possibilita aos
Link seres humanos ascender das funções
psicológicas elementares como reflexos
<http://www.scielo.br/scielo. para processos psicológicos superiores
php?script=sci_abstract&pid=S0102- – mais complexos – como, a linguagem,
71822011000300005&lng=pt&nrm=iso&tln o pensamento, a memória, a atenção, a
g=pt>. consciência, o discernimento, o raciocínio
lógico etc. E a ascensão para os processos
Para Vygotsky (2007, 1996 e 1987) a psicológicos superiores se dá através do
aprendizagem acontece a partir do contato aprendizado.
da criança com a sociedade, ou seja, a
A teoria de Vygotsky está fundamentada
partir da interação com as pessoas e com
no método materialista histórico-dialético
o ambiente social, numa relação dialética
(MARX, 2008 e 2006) que considera a
na qual a criança modifica o ambiente e a
história do sujeito e suas condições de vida
cultura e é modificada por esse ambiente
como determinante para seu processo de
e por essa cultura. Vygotsky (2007, 1996
desenvolvimento e que se compromete
e 1987) entende que o que diferencia
com o pleno desenvolvimento da
o ser humano dos outros animais é a
humanização das pessoas. Esse método foi
55/188 Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais
decisivo para Vygotsky compreender que da cultura, a criança adquire formas mais
todos os fenômenos da vida do ser humano complexas em seu psiquismo. E o modo
devem ser estudados como processos em como a criança vai adquirindo essas formas
movimento e em transformação porque mais complexas depende da qualidade dos
as mudanças históricas, sociais e culturais estímulos e da mediação que a criança
ocorridas na sociedade e na vida material recebe em relação aos elementos desse
provocam transformações na consciência mundo humano da cultura.
e no comportamento humano e nos seus
modos de aprender e de se desenvolver.
A criança ao ter contato com as pessoas e Para saber mais
com os objetos da cultura se apropria dos Para saber mais sobre a Teoria Histórico-
elementos dessa cultura (língua, uso dos Cultural para a educação infantil leia o artigo
objetos e instrumentos, costumes, valores, disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
hábitos, lógica e tecnologia) e (re)produz php?script=sci_abstract&pid=S1984-
a humanidade que é externa a ela no 02922015000100039&lng=pt&nrm=iso&tln
momento do nascimento, mas que passa a g=pt>.
fazer parte dela. No contexto psicológico,
ao se relacionar com o mundo humano
56/188 Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais
Duas principais contribuições da Teoria
Histórico Cultural para a educação das Link
crianças são os conceitos de mediação e de <http://www.scielo.br/scielo.
zona de desenvolvimento proximal. A zona php?script=sci_abstract&pid=S1984-
de desenvolvimento proximal é a distância 02922015000100007&lng=pt&nrm=iso&tln
ou o espaço entre aquilo que a criança já g=pt>.
sabe, já domina e aquilo que ela poder vir
a saber através da mediação de alguém
A educação, a atividade da criança como
que saiba mais do que ela ou que seja
protagonista de sua aprendizagem e as
mais experiente que ela, seja um adulto
mediações com as outras pessoas e com
ou uma criança. A mediação se refere ao
o contexto social são premissas para
ato de uma pessoa servir como mediador,
o desenvolvimento das capacidades
servir como elo, entre o conhecimento ou
humanas e das funções psicológicas
a experiência que já se sabe o que se quer
superiores. Nesse contexto, a cultura é
vir a saber. A função do professor nessa
parte essencial na constituição do ser
perspectiva teórica é ser o mediador entre
humano, pois influencia diretamente o
o que a criança já sabe e o que ele pode vir
processo em que o biológico se transforma
a saber.
em sócio-histórico.
57/188 Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais
2. Wallon e a Psicologia Sócio- fisiologia. Apesar da questão biológica
Histórica não determinar o desenvolvimento do
psiquismo, sem o cérebro (que é biológico)
Henri Wallon (1879-1962) foi um não há psiquismo. Por isso há uma
estudioso interdisciplinar formando- integração orgânico-social.
se em filosofia, medicina e psicologia e
dedicou especial atenção às crianças Para saber mais
com deficiência e ao desenvolvimento
Para saber mais sobre o pensamento pedagógico
do psiquismo humano. Wallon também
de Henri Wallon acesse o link: <http://www.
fundamenta seus estudos no método
crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_20_
materialista histórico dialético, o
p033-039_c.pdf>.
que significa que ele também tinha o
compromisso com a plena humanização
Em seus estudos, Wallon chegou à
das pessoas. O psicólogo francês entende
conclusão de que as crianças têm também
que o que o sujeito é se deve às suas
corpo e emoções, não apenas cabeça, na
relações com a realidade, com o contexto
sala de aula. Por isso ele desenvolve sua
sócio-histórico-cultural e não aos fatores
teoria baseado na relação entre cognição,
predeterminados pela biologia ou por sua
afetividade e emoção. O psicólogo francês
58/188 Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais
atribui importância às emoções no desenvolvimento do ser humano ao entender que o primeiro
meio utilizado pelo bebê para se relacionar com o mundo e com as pessoas é a emoção, antes
mesmo da linguagem (WALLON, 2007).

À medida que a criança vai se desenvolvendo, as trocas afetivas vão


ganhando complexidade. As relações permeadas por trocas afetivas por
meio dos contatos epidérmicos durante os meses iniciais de vida vão
sendo substituídas por outras de natureza cognitiva, tais como respeito e
reciprocidade (SOUZA, PETRONI, BREMBERGER, 2007, p.105).
Wallon também enfatiza o papel da afetividade para a aprendizagem e o desenvolvimento
da criança. A afetividade se refere à capacidade do ser humano de ser afetado – tocado,
influenciado – positiva ou negativamente tanto por questões internas (biológicas) como
externas (sociais) (WALLON, 2007). Pode-se dizer que a atividade emocional é social e biológica
ao mesmo tempo (WALLON, 2007).
Wallon entende a criança como pessoa integral, por isso não separa corpo e mente e não
separa emoção de cognição.

59/188 Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais
É contra a natureza tratar a criança fragmentariamente. Em cada idade,
ela constitui um conjunto indissociável e original. Na sucessão de suas
idades, ela é um único e mesmo ser em curso de metamorfoses. Feita
de contrastes e de conflitos, a sua unidade será por isso ainda mais
susceptível de desenvolvimento e de novidade. (WALLON, 2007, p. 198).
Uma das principais contribuições de Wallon para a educação infantil parte de sua concepção
da criança como um sujeito de direitos e desejos, o que implica a necessidade da instituição
de educação infantil repensar suas práticas pedagógicas no sentido de ser promotora do
protagonismo infantil e do desenvolvimento máximo da criança. A Psicologia Sócio-Histórica,
de Henri Wallon, ajuda a pensar a instituição de educação infantil para além do componente
intelectual, valorizando a dimensão integral da criança.

60/188 Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais
Glossário
Psiquismo: conjunto de características psicológicas do ser humano, processos mentais.
Funções psicológicas superiores: são funções mentais conscientes do ser humano: linguagem,
pensamento, atenção, memória, raciocínio etc.
Cognição: ato ou processo de conhecer.

61/188 Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais
?
Questão
para
reflexão

Considerando que os estudos da sociologia da infância


e as teorias de Vygotsky e de Wallon concebem a
criança como sujeito histórico que sofre as influências
da sociedade e da cultura ao mesmo tempo em que as
influencia, quais relações você consegue estabelecer
entre as teorias de Vygotsky e de Wallon e a sociologia
da infância no contexto da educação infantil?

62/188
Considerações Finais

• O contexto sócio-histórico-cultural da criança é condicionante para sua


aprendizagem e seu desenvolvimento.
• Os referenciais teóricos de Vygotsky e Wallon valorizam a relação
professor-aluno e a escola como elementos fundamentais para o processo
de desenvolvimento da criança.
• Vygotsky entende que é pela aprendizagem que o sujeito se desenvolve
como ser humano.
• Wallon entende a criança como pessoa integral, por isso não separa corpo
e mente e não separa emoção de cognição.

63/188
Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares


Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.
MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. 26 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2008, v. 1.
______. Sobre o suicídio. São Paulo: Boitempo, 2006.
PIAGET, Jean. Epistemologia genética. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
______. Seis estudos de Psicologia, Rio de Janeiro: Forense, 1987.
PIAGET, Jean; INHELDER, Bärbel. A psicologia da criança. São Paulo: Difel, 2007.
SOUZA, Maria Cecília Braz Ribeiro de. A concepção de criança para o enfoque histórico-
cultural. Tese (Doutorado em Educação). Marília, SP: Faculdade de Filosofia e Ciências,
Universidade Estadual Paulista, 2007.
SOUZA, Vera Lucia Trevisan; PETRONI, Ana Paula; BREMBERGER, Maria Eufrásia de Faria.
Psicologia, educação e a sociedade contemporânea: reflexões sob a perspectiva da Psicologia
sócio-histórica. Psicólogo informação. Ano 11, n. 11, jan./dez. 2007.

64/188 Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais
VYGOTSKY, Lev Semenovich. Formação social da mente: o desenvolvimento dos processos
psicológicos superiores. 7ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
______. Teoria e método em psicologia. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
______. Obras escogidas. Tomo III. Madrid: Visor, 1995.
______. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
WALLON, Henri. Do ato ao pensamento: ensaio de psicologia comparada. Petrópolis, RJ: Vozes,
2008.
______. A evolução psicológica da criança. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

65/188 Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais
Assista a suas aulas

Aula 3 - Tema: Teorias Sobre o Desenvolvimento Aula 3 - Tema: Teorias Sobre o Desenvolvimento
Humano com Base em Elementos Sócio- Humano com Base em Elementos Sócio-
Histórico-Culturais - Bloco I Histórico-Culturais - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
7f74211871c425b05b907dea640e631e>. 9d670220f80c9c57b2fc809672b52488>.

66/188
Questão 1
1. Como acontecem a aprendizagem e o desenvolvimento da criança para
as teorias sócio-histórico-culturais?

a) A partir das possibilidades de interações entre os sujeitos – crianças ou adultos – e o


ambiente social onde a criança está inserida.
b) A partir da maturação fisiobiológica da etapa na qual a criança se encontra.
c) A partir dos estímulos que a criança recebe do meio, desde que esses estímulos obedeçam
as etapas de desenvolvimento fisiológico da criança.
d) A partir das interações entre a criança e o adulto, levando-se em consideração a
maturação biológica da criança.
e) A partir das interações entre a criança e o adulto, independentemente da condição social
na qual a criança se encontra.

67/188
Questão 2
2. Por que a teoria de Jean Piaget não ajuda a compreender o
desenvolvimento de bebês e crianças?

a) Porque ela se pauta em etapas de desenvolvimento motor e psicológico da criança.


b) Porque ela foi elaborada na metade do século XX e não é mais utilizada, pois o contexto
social mudou muito.
c) Porque Jean Piaget considerou as relações das crianças com outras crianças e adultos em
seu contexto concreto de vida.
d) Porque ele estudou apenas o desenvolvimento de seis crianças em uma aldeia na Suíça.
e) Porque ele não considerou que as condições concretas de vida da criança influenciam
diretamente os modos como ela vai ser cuidada e educada.

68/188
Questão 3
3. Que estudiosos entendem que o desenvolvimento humano acontece
a partir de processos de aprendizagens que contam com elementos
racionais, sensoriais, empíricos, emocionais, culturais, sociais e históricos?

a) Wallon e Piaget.
b) Vygotsky e Piaget.
c) Vygotsky e Wallon.
d) Vygotsky e Skinner.
e) Wallon e Skinner.

69/188
Questão 4
4. Por que os referenciais teóricos de Vygotsky e Wallon contribuem para a
educação infantil?

a) Porque eles apresentam etapas fixas que explicam o desenvolvimento da criança.


b) Porque eles elaboraram teorias que explicam o desenvolvimento da criança a partir de sua
maturação biológica.
c) Porque seus referenciais psicológicos explicam que a criança se desenvolve para poder
aprender.
d) Porque eles valorizam a relação professor-aluno e a escola como elementos fundamentais
para o processo de desenvolvimento da criança.
e) Porque eles explicam que é o desenvolvimento da criança que contribui para seu
aprendizado social.

70/188
Questão 5
5.O que é a zona de desenvolvimento proximal?

a) É o espaço ou a distância que anuncia a relação entre os conhecimentos que a criança já


possui.
b) É a distância ou o espaço entre aquilo que a criança já sabe, já domina e aquilo que ela
poder vir a saber.
c) É a distância ou o espaço entre o que a criança já sabe e o que ela pode vir a saber apenas
quando ela vai para a escola.
d) É a distância ou o espaço entre saberes científicos que a criança já conhece.
e) É a distância ou o espaço entre saberes científicos que a criança pode vir a conhecer.

71/188
Gabarito
1. Resposta: A. 4. Resposta: D.

As teorias sócio-histórico-culturais se Porque ambos estudaram também o


fundamentam em elementos sociais, processo de desenvolvimento das crianças
históricos e culturais. em suas relações com a escola.

2. Resposta: E. 5. Resposta: B.

Piaget não considerou os elementos sócio- A zona de desenvolvimento proximal é uma


histórico-culturais da vida das crianças. teorização sobre um processo mental.

3. Resposta: C.

Vygotsky e Wallon são teóricos que


consideram os elementos sócio-histórico-
culturais da vida das crianças.

72/188
Unidade 4
A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas

Objetivos

1. Conhecer a experiência de educação


infantil de Reggio Emilia.
2. Compreender os princípios da
Pedagogia da Infância.
3. Entender como é ser professora e
professor de educação infantil.

73/188
Introdução

Você conhece a experiência de educação crianças, contribuindo, dessa forma, para o


infantil da cidade de Reggio Emilia na desenvolvimento da autonomia da criança
Itália? Essa experiência nasceu no vilarejo e para seu protagonismo nos processos de
de Vila Cella, na região de Reggio Emilia, aprendizagem.
após a Segunda Guerra Mundial, a partir
do interesse coletivo dos familiares das
crianças em promover uma educação
infantil que contribuísse para a formação
integral da criança, na perspectiva da
Link
<http://educacaointegral.org.br/
construção de um mundo melhor. Nesse
experiencias-internacionais/reggio-emilia-
contexto, os familiares e educadores
escolas-feitas-por-professores-alunos-
se uniram para construir uma escola
familiares/>.
da infância que considerasse a criança
como ator social e sujeito de direitos.
Desde a década de 1970 há escolas <https://www.youtube.com/
da infância em Reggio Emilia, que watch?v=4j8mtA_iDss>.
valorizam, respeitam e incentivam as
vontades, os interesses e os desejos das

74/188 Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas


O principal educador que, juntamente com os familiares das crianças de Vila Cella, participou
da concepção do projeto educativo de Reggio Emilia foi Loris Malaguzzi (1920-1994). Ele
escreveu o poema As cem linguagens da criança:

A criança é feita de cem / A criança tem cem mãos / cem pensamentos


/ cem modos de pensar / de jogar e falar. Cem sempre cem / modos
de escutar / de maravilhar e de amar. / Cem alegrias / para cantar e
compreender. / Cem mundos para descobrir / Cem mundos para inventar
/ Cem mundos para sonhar [...] (EDWARD, GANDINI, FORMAN, 1999, p. 23).
O poema As cem linguagens da criança apresenta de modo objetivo as principais ideias de
Loris Malaguzzi sobre e para as crianças. As crianças apreendem o mundo, reinterpretam-
no e se expressam através de várias linguagens: choro, riso, língua materna, desenho, dança,
silêncio, pintura, escultura, colagem etc. Por isso o poema de Malaguzzi é tão esclarecedor
sobre as linguagens da criança. No mesmo poema o educador italiano tece uma crítica às
escolas de educação infantil que não consideram a criança em sua integralidade e em suas
potencialidades:

75/188 Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas


A criança tem cem linguagens / (e depois cem, cem, cem) / mas
roubaram-lhe noventa e nove. / A escola e a cultura / lhe separaram a
cabeça do corpo. / Dizem-lhe: / de pensar sem as mãos / de fazer sem a
cabeça / de escutar e não falar / de compreender sem alegrias / de amar
e de maravilhar-se só na Páscoa e no Natal [...] / Dizem-lhe enfim: que o
cem não existe. / A criança diz: ao contrário as cem existem (EDWARD,
GANDINI, FORMAN, 1999, p. 23-24).
As escolas da infância em Reggio Emilia se organizam a partir da participação dos familiares
das crianças, de membros da comunidade na qual a escola está inserida, das crianças, dos
educadores e de profissionais de diversas áreas nos processos de gestão da escola da infância.

Para saber mais


Para saber mais sobre essa experiência de educação infantil acesse o site: <http://www.
reggiochildren.it/?lang=en>.

76/188 Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas


A experiência de educação infantil de
Reggio Emilia tem sido divulgada como Para saber mais
Abordagem Reggio Emilia e seu currículo Para saber mais sobre a Abordagem
é flexível, pois emerge das ideias, dos Reggio Emilia acesse o site: <http://www.
pensamentos e das observações das reggiochildren.it/centro-internazionale-
crianças, tendo como objetivo principal loris-malaguzzi/?lang=en>.
cultivar uma paixão permanente pela
aprendizagem e pela exploração (RINALDI,
A Abordagem Reggio Emilia está
2012). Na Abordagem Reggio Emilia a
fundamentada na Pedagogia da Escuta
criança é protagonista, investigadora e
(RINALDI, 2012) que se refere a escutar a
comunicadora; o professor é um parceiro,
criança não somente com os ouvidos, mas
um guia, um aprendiz; a arte ganha
com todos os sentidos, de maneira aberta
destaque com suas linguagens expressivas;
e sensível, para compreender sua voz, seus
os familiares das crianças são parceiros dos
anseios, seus desejos, suas percepções
educadores e das crianças nos processos
sobre o mundo e sobre as relações sociais.
de ensino-aprendizagem.
Escutar também é estar aberto às diferenças,
aos múltiplos pontos de vista e às variadas
formas de interpretação do mundo.
77/188 Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas
A contribuição da Abordagem Reggio Emilia A seguir, você vai estudar em que consiste
para a educação infantil no Brasil se revela a Pedagogia da Infância e qual é o papel do
na defesa de que a criança tem o direito professor de educação infantil.
de ser escutada e levada a sério, de ser
compreendida como um ator social com 1. Pedagogia da Infância
direito à voz e à participação nas escolhas
sobre seu cotidiano, de ser valorizada A sociologia da infância e a Abordagem
por suas criações e recriações, de ter o Reggio Emilia revelam a infância que
direito de ver o mundo com seus próprios assume visibilidade, pois as crianças
olhos, elaborando hipóteses sobre ele, deixam de ser consideradas como seres
construindo relações e culturas infantis passivos e passam a ser concebidas como
por meio da apreciação e da expressão atores sociais que desenvolvem interações
nas múltiplas linguagens e nos diferentes complexas com os adultos e com as outras
modos de viver a infância, construindo seus crianças. Nesse contexto ganha destaque
saberes e suas opiniões e contribuindo para outro olhar sobre a pedagogia que lida
que os adultos possam ver o mundo com com as crianças e que teoriza sobre elas: a
‘olhos de criança’. Pedagogia da Infância.

78/188 Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas


A Pedagogia da Infância é construída para e com as crianças (OLIVEIRA-FORMOSINHO,
KISHIMOTO, PINAZZA, 2007).

A pedagogia da infância, ou seja, a organização dos espaços e dos


tempos que privilegia a brincadeira e a voz das crianças, coconstrutoras
de seus pro­cessos de desenvolvimento, de aprendizagem e de
socialização tem como base a participação e a visibilidade das crianças
pequenas e a produção de culturas infantis (NASCIMENTO, 2011, p. 158).

Para saber mais


Para saber mais sobre a Pedagogia da Infância leia o artigo A pedagogia e a educação
infantil, de Eloisa Rocha, disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1413-24782001000100004>.

Os princípios que destaco como fundamentais para a Pedagogia da Infância são: considerar
a criança como principal protagonista da ação educativa, sujeito de direitos, portadora de
história e construtora de culturas infantis; valorizar a diversidade cultural das crianças e de
79/188 Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas
suas famílias; reconhecer e valorizar a aprendizagem e de seu desenvolvimento,
importância do brincar, da ludicidade e que sofre influência de seu contexto sócio-
das expressões das crianças na prática histórico-cultural ao mesmo tempo em
pedagógica; organizar os tempos e espaços que o influencia, que vive a infância a
de aprendizagem de modo estimulador, partir de condições concretas de vida, que
desafiador e encorajador e promover possui saberes e elabora hipóteses sobre
a autonomia e a multiplicidade de o mundo e sobre as coisas, que é curiosa
experiências (SÃO PAULO, 2014). e engenhosa, que se utiliza de diversas
Encontramos várias relações entre a linguagens para entender o mundo e se
Pedagogia da Infância, a sociologia da expressar e que, por isso mesmo, produz
infância, a Abordagem Reggio Emilia, as culturas infantis na relação com outras
teorias do desenvolvimento de Vygotsky crianças e na ressignificação dos elementos
e Wallon e as Diretrizes Curriculares do mundo do adulto. Desse modo, cada
Nacionais para a Educação Infantil, como, criança contribui para o entendimento da
por exemplo, a concepção de criança infância como construção social e para a
como ator social e sujeito de direitos, existência de múltiplas infâncias. Nesse
portadora de história, protagonista de sua contexto, a professora e o professor de
educação infantil precisam estar atento

80/188 Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas


a essa complexidade infantil de modo se tornarem interessantes à medida
a promover práticas pedagógicas e que propõem atividades, experiências e
experiências educativas que contribuam brincadeiras interessantes, as crianças
para a aprendizagem e o desenvolvimento responderão a essas proposições e
das crianças. participarão ou não delas. Então, a
professora e o professor de educação
2. A Professora e o Professor de infantil precisam, necessariamente,
Educação Infantil ser seres brincantes, entusiastas de
descobertas e promotores de experiências
A professora e o professor de educação e atividades curiosas e desafiadoras.
infantil dão aulas? Aulas de quê? Nós
entendemos que não e concordamos
com Danilo Russo (2007) quando explica
que o professor da infância não dá aulas.
Como ser, então, professora e professor
de educação infantil sem dar aulas?
Russo (2007) entende que quanto mais
a professora e o professor da infância

81/188 Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas


[...] O papel do educador(a) da infância é o de criar condições, organizar
tempos e espaços, selecionar e organizar materiais de forma criativa,
observar as crianças, avaliar processos construindo registros que
historicizem o tempo vivido, apoiar as suas descobertas e projetos a fim
de possibilitar a ampliação das experiências das crianças, sem que o
foco esteja centrado nele e sim na ação e invenção dos meninos e das
meninas (SÃO PAULO, 2014, p. 17).
Os registros que historicizam o tempo vivido pela criança na instituição de educação infantil,
que revelam os modos como ela compreende o mundo e interage com ele e que apresentam
suas aprendizagens e seu desenvolvimento constituem a documentação pedagógica.

[...] A sistematização desses registros permite uma reflexão permanente


sobre as ações e pensamentos das crianças e assumem diferentes formas:
relatórios descritivos individuais e do grupo, portfólios individuais e do
grupo, fotos, filmagens, as próprias produções das crianças (desenhos,
esculturas, maquetes, entre outras) [...] (SÃO PAULO, 2014, p. 23).

82/188 Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas


considerada uma aliada da avaliação das
Link aprendizagens e do desenvolvimento das
crianças e dos adultos (RINALDI, 2012).
<https://www.marilia.unesp.br/Home/ Além disso, a documentação pedagógica
Pos-Graduacao/Educacao/Dissertacoes/ expressa o que a criança tem dito, tem feito
mendonca_cn_do_mar.pdf>. e como ela tem brincado, interagido com
A documentação pedagógica também as pessoas e com o ambiente, como ela
se torna um instrumento de avaliação tem (re)criado saberes e cultura etc.
para a professora e para o professor Ser professora/professor da educação
de educação infantil refletir sobre suas infantil sem dar aula implica reinventar
práticas e planejar múltiplas experiências a docência através da brincadeira, da
e atividades para as crianças explorar, ludicidade, da música, das artes, da
apreciar, aprender e se desenvolver. curiosidade, da inventividade, das diversas
Em Reggio Emilia, a documentação manifestações culturais etc.
pedagógica tem fomentado o aprendizado
de crianças e de educadores e tem
modificado o relacionamento entre ensino
e aprendizagem, passando assim a ser
83/188 Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas
Glossário
Coconstrutora: pessoa que constrói junto com outra pessoa.
Ludicidade: qualidade ou característica do que é lúdico.
Historicizar: tornar histórico, buscar informações do passado para entender o presente e
projetar o futuro.

84/188 Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas


?
Questão
para
reflexão

Faça uma visita a uma instituição de educação infantil


e observe como as crianças são acolhidas e tratadas.
Em seguida, redija um relatório contendo: a descrição
da instituição, a contextualização das situações
observadas e a análise comparativa sobre os modos
como as crianças são acolhidas e tratadas nessa
instituição e nas escolas da infância em Reggio Emilia.

85/188
Considerações Finais

• Na Abordagem Reggio Emilia a criança é protagonista, investigadora e


comunicadora; o professor é um parceiro, um guia, um aprendiz.
• A Pedagogia da Infância é construída para e com as crianças.
• A documentação pedagógica historiciza o percurso e o desenvolvimento
da criança na educação infantil.
• Ser professor sem dar aula implica reinventar a docência através da
brincadeira, da ludicidade, das artes etc.

86/188
Referências

EDWARDS, Carolyn; GANDINI, Lella; FORMAN, George. As cem linguagens da criança: a


abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Porto Alegre: Artmed, 1999.
NASCIMENTO, Maria Letícia. Algumas considerações sobre a infância e as políticas de educação
infantil. Educação & Linguagem. v. 14, n. 23/24, pp. 146-159, 2011.
OLIVEIRA-FORMOSINHO, Julia; KISHIMOTO, Tizuko Morchida; PINAZZA, Mônica Apezzato.
(Orgs.). Pedagogia(s) da Infância: dialogando com o passado, construindo o futuro. Porto
Alegre: Artmed, 2007.
RINALDI, Carla. Diálogos com Reggio Emilia: escutar, investigar e aprender. São Paulo: Paz e
Terra, 2012.
RUSSO, Daniela. De como ser professor sem dar aulas na escola da infância. In: FARIA, Ana Lúcia
Goulart (Org.). O coletivo infantil em creches e pré-escolas: falares e saberes. São Paulo:
Cortez, 2007.
SÃO PAULO. Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica. Orientação
Normativa nº 1: avaliação na educação infantil: aprimorando os olhares. São Paulo: SME / DOT,
2014.

87/188 Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas


Assista a suas aulas

Aula 4 - Tema: A Infância e suas Linguagens: Aula 4 - Tema: A Infância e suas Linguagens:
Implicações Pedagógicas - Bloco I Implicações Pedagógicas - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/c9e-
a31d5f09860ec43bb3f3e3476638e499>. 6230b2c16bf42ad3d53d4f70e0e74>.

88/188
Questão 1
1. Como surgiu a experiência de educação infantil em Reggio Emilia?

a) A partir de uma reforma política na educação do norte da Itália que tinha como proposta
principal o desenvolvimento integral da criança, na perspectiva da construção de um
mundo melhor.
b) A partir do interesse de um grupo de pedagogos, psicólogos e sociólogos da infância que
tinha como proposta principal o desenvolvimento integral da criança, na perspectiva da
construção de um mundo melhor.
c) A partir do interesse coletivo dos familiares das crianças em promover uma educação
infantil que contribuísse para a formação integral da criança, na perspectiva da construção
de um mundo melhor.
d) A partir do interesse coletivo de pedagogos e psicólogos da infância em promover uma
educação infantil que contribuísse para a formação integral da criança, na perspectiva da
construção de um mundo melhor.
e) A partir do interesse político do secretário municipal de educação em promover uma
educação infantil que contribuísse para a formação integral da criança, na perspectiva da
construção de um mundo melhor.
89/188
Questão 2
2. O que o poema As cem linguagens da criança apresenta?

a) Os princípios teóricos de Maria Montessori sobre e para as crianças.


b) As principais ideias de Loris Malaguzzi sobre e para as crianças.
c) Os princípios teóricos de Celestin Frenet sobre e para as crianças
d) As principais ideias de Antonio Gramsci sobre e para as crianças.
e) Os princípios teóricos de Lev Vygotsky sobre e para as crianças.

90/188
Questão 3
3. Como acontece a gestão da escola da infância em Reggio Emilia?

a) A partir de uma estrutura hierarquizada que conta com a participação de pedagogos,


psicólogos, sociólogos da infância e artistas dos diversos ramos.
b) A partir da participação exclusiva dos familiares das crianças e das crianças, pois estes são
os principais interessados na qualidade da educação infantil.
c) A partir da participação de profissionais da educação, de membros da comunidade, de
artistas de profissionais de diversas áreas, como, por exemplo, a saúde.
d) A partir da participação dos familiares das crianças, de membros da comunidade na qual a
escola está inserida, das crianças, dos educadores e de profissionais de diversas áreas.
e) A partir da participação de membros da comunidade na qual a escola está inserida, dos
educadores e de profissionais de diversas áreas.

91/188
Questão 4
4. Por que a professora e o professor de educação infantil precisam levar
em conta a complexidade infantil?

a) Para garantir a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças através de atividades


mecânicas e intuitivas.
b) Para conhecer o universo infantil, podendo então moldá-lo de acordo com os interesses da
sociedade.
c) Para organizar atividades nas quais as crianças conseguiam resolver situações problemas,
para otimizarem sua aprendizagem.
d) Para organizar tempos e espaços que ofereçam educação tradicional de qualidade para as
crianças.
e) Para promover práticas pedagógicas e experiências educativas que contribuam para a
aprendizagem e o desenvolvimento das crianças.

92/188
Questão 5
5. Como ser professora e professor de educação infantil sem dar aulas?

a) Tornando-se seres brincantes, entusiastas de descobertas e promotores de experiências


e atividades curiosas e desafiadoras para as crianças.
b) Toda professor e todo professor de educação infantil precisam passar por uma formação
em música, dança e artes cênicas.
c) Adaptando-se ao universo infantil que enxerga o mundo de uma forma multicolorida e
multifacetada.
d) Criando condições para que a criança aprenda a língua materna e desenvolva o
raciocínio matemático.
e) Propondo atividades de expressão corporal e artes plásticas, com destaque para a
produção das crianças.

93/188
Gabarito
1. Resposta: C. 4. Resposta: E.

Após o final da 2ª Guerra Mundial, pais As crianças são portadoras de história,


e educadores se reuniram para construir produtoras de cultura e precisam de uma
experiência mais humana de educação educação infantil que lhe ofereça múltiplas
infantil. experiências.

2. Resposta: B. 5. Resposta: A.

Malaguzzi apresenta sua concepção Ser professora/professor da educação


de infância e seus pressupostos para o infantil sem dar aula pressupõe adentrar o
trabalho pedagógico com as crianças. universo de significações infantis.

3. Resposta: D.

Essa gestão conta com a participação de


todos os interessados em cuidar da escola
da infância a partir de interesses coletivos.

94/188
Unidade 5
A Criança Como Produtora de Cultura

Objetivos

1. Compreender a criança como


produtora de cultura.
2. Conhecer o que são as culturas
infantis.
3. Refletir sobre o encontro das culturas
familiares com a cultura escolar.

95/188
Introdução

Nas primeiras aulas dessa disciplina, você como produtora de cultura, em especial
estudou a educação infantil no Brasil, a de culturas infantis. Você vai estudar agora
construção social da infância, as teorias como a criança pode ser compreendida
do desenvolvimento humano com base como produtora de cultura.
em elementos sócio-histórico-culturais
e a infância e suas linguagens. Você viu
também que a legislação educacional
Para saber mais
brasileira, a sociologia da infância, a Para saber mais sobre a criança e seu mundo,
pedagogia da infância, a Abordagem nessa perspectiva de produtora de cultura,
Reggio Emilia e as teorias de Vygotsky e assista ao vídeo “A criança em seu mundo”,
Wallon concebem a criança como ator no link: <https://www.youtube.com/
social, sujeito de direitos, que vivencia sua watch?v=QFbKRdfxc9U>.
infância de acordo com suas condições
concretas de vida que são condicionadas
por seu contexto sócio-histórico-cultural.
Em alguns momentos, nas aulas anteriores,
você viu que a criança, no referencial
teórico que utilizamos, é considerada

96/188 Unidade 5 • A Criança Como Produtora de Cultura


Cada criança apresenta um ritmo e uma forma própria de colocar-se nos
relacionamentos e nas interações, de manifestar emoções e curiosidade,
e elabora um modo próprio de agir nas diversas situações que vivencia
desde o nascimento conforme experimenta sensações de desconforto
ou de incerteza diante de aspectos novos que lhe geram necessidades
e desejos, e lhe exigem novas respostas. Assim busca compreender o
mundo e a si mesma, testando de alguma forma as significações que
constrói, modificando-as continuamente em cada interação, seja com
outro ser humano, seja com objetos (DNCEB, 2013, p. 86).
Entendemos cultura como tudo aquilo que foi e é produzido pelo ser humano, aquilo que não
é natural. Desse modo, cultura é também construção de significados partilhados por pessoas
em determinadas práticas da vida social. Há culturas que são mais valorizadas que outras,
como por exemplo, as culturas europeias em detrimento das culturas africanas, indígenas e
latino-americanas, ou as culturas da elite econômica em detrimento das culturas das classes
populares. Como entendo que existem múltiplas formas de se viver a infância, compreendo
que há uma pluralidade de infâncias e, por isso, consideramos as crianças como produtoras

97/188 Unidade 5 • A Criança Como Produtora de Cultura


de culturas. Portanto, infâncias, crianças seu local de origem, com destaque para a
e culturas infantis são conceitos que cultura do mundo do adulto, e os modos
precisam ser estudados sempre no plural. como as crianças desenvolvem suas
possibilidades de produção simbólica, suas
capacidades de representações sobre o
Link mundo, suas elaborações de teorias, de
<http://repositorio.furg.br/bitstream/ interpretações e de questionamentos sobre
handle/1/606/CULTURAS%20DA%20 o mundo, sobre as pessoas e sobre suas
INF%c3%82NCIA%20NOS%20 culturas infantis.
ESPA%c3%87OS-TEMPOS%20DO%20
BRINCAR.pdf?sequence=1>.

As crianças têm vivido suas experiências


de infância, ao longo da história e Link
dos seus contextos socioculturais, de <http://www.scielo.br/pdf/es/v27n95/
diversos modos. Essas experiências têm a12v2795.pdf>.
influenciado diretamente o modo como
as crianças se apropriam da cultura do

98/188 Unidade 5 • A Criança Como Produtora de Cultura


Na história cotidiana das interações com diferentes parceiros, vão
sendo construídas significações compartilhadas, a partir das quais a
criança aprende como agir ou resistir aos valores e normas da cultura
de seu ambiente. Nesse processo é preciso considerar que as crianças
aprendem coisas que lhes são muito significativas quando interagem
com companheiros da infância, e que são diversas das coisas que elas se
apropriam no contato com os adultos ou com crianças já mais velhas.
Além disso, à medida que o grupo de crianças interage, são construídas
as culturas infantis (DNCEB, 2013, p. 87).
As crianças são protagonistas de seus processos de socialização nos contextos sócio-histórico-
culturais em que vivem, construindo também culturas, conhecimentos e saberes. Por isso
entendemos que as crianças, ao produzirem culturas infantis, contribuem diretamente para as
questões culturais de toda a sociedade.

99/188 Unidade 5 • A Criança Como Produtora de Cultura


1. Culturas Infantis
Para saber mais
As crianças são atores sociais que agem
Para saber mais sobre culturais infantis e
no mundo e constroem discursos e
protagonismo infantil, acesse o link: <http://
narrativas sobre esse agir, elaborando
www.scielo.br/pdf/paideia/v17n38/
culturais infantis. Essa elaboração é
v17n38a02.pdf>.
sempre coletiva e acontece no grupo social
no qual a criança vivencia sua infância. É
Quando a criança interage, brinca e
na relação com outra(s) criança(s) que a
se relaciona com outra criança, elas
criança produz cultura infantil, por isso,
compartilham modos específicos de
“[...] compreender como vivem e pensam
comunicação, de visão de mundo, de
as crianças, entender suas culturas, seus
regulação de brincadeiras, de assunção
modos de ver, de sentir e de agir, e escutar
de um papel social na brincadeira, de
seus gostos ou preferências é uma das
liderança, de produção de significado
formas de poder compreendê-las como
sobre os elementos e os objetos do seu
grupo humano” (BARBOSA, 2007, p. 1066).
meio sócio-histórico-cultural, pois “[...] as
culturas infantis não são independentes
das culturas adultas, dos meios de
100/188 Unidade 5 • A Criança Como Produtora de Cultura
comunicação de massa, dos artefatos a reelabora utilizando o controle
que elas utilizam cotidianamente, mas remoto.
se estruturam de outra maneira [...]” b) Crianças brincando de ‘casinha’
(BARBOSA, 2007, p. 1067). desempenham papéis sociais – mãe,
Vamos apresentar alguns exemplos de filho, pai, avó, irmão, cachorro – e
elementos e/ou características das culturas se autorregulam na distribuição
infantis. desses papéis durante a brincadeira,
a) A criança que pega um controle incluindo a figura dos animais de
remoto de televisão e brinca como estimação com características
se ele fosse um telefone está humanas como, por exemplo, fala,
atribuindo um significado de um pensamento, raciocínio.
objeto – o telefone – a outro objeto
– o controle remoto, num processo
de ressignificação de objetos da
cultura na qual está inserida. É no
processo de observar os adultos ou
outras crianças utilizando o telefone
que a criança ‘abstrai’ essa ação e
101/188 Unidade 5 • A Criança Como Produtora de Cultura
Através de processos interativos, os significados criados nas brincadeiras
são progressivamente convencionalizados e se sedimentam em um
pequeno repertório de signos/símbolo. Desse modo, encontramos
exemplos de atribuição de significados a objetos ou pontos no espaço
que eram repetidos por diferentes crianças em também diferentes
episódios de brincadeiras em períodos diversos. Por exemplo, num
determinado ponto da parede há uma fonte imaginária, certas fechaduras
das janelas são torneiras, numa certa reentrância da parede está a toca do
lobo etc. (MUSSATI, 2007, p. 37).
A criança produz cultura, mas ao mesmo tempo também ‘recebe’ cultura produzida
especificamente para ela pela indústria de brinquedos, de jogos eletrônicos, de fantasias, de
produtos de aniversário, pela mídia, entre outros. A produção cultural para as crianças, muitas
vezes, estimula o consumismo infantil, principalmente em eventos como festas de aniversário,
natal e dia das crianças. Diante desse panorama, as famílias e os educadores devem estar
atentos para não estimularem as crianças ao consumo exagerado, pois entendo que nenhuma
criança ‘precise’ possuir quinze bonecas diferentes, quatro castelos/casinhas distintas, doze

102/188 Unidade 5 • A Criança Como Produtora de Cultura


jogos de tabuleiros etc. A ação de regular o que a criança consome, seja em relação aos
objetos materiais ou às músicas, filmes, novelas, seriados, livros etc., precisa pautar-se pelo
compromisso de educar as crianças na perspectiva da solidariedade, do compartilhamento dos
objetos materiais e culturais, do enfrentamento ao consumo exagerado e da sustentabilidade.

As crianças se misturam, assimilam e produzem culturas que provêm da


socialização tanto da cultura dos videogames, das princesas, das redes,
dos CDs, como também da cultura dos amigos, do futebol, dos laços
de afeto, da vida em grupo na escola e na família, tudo em um mesmo
espaço e tempo social e pessoal (BARBOSA, 2007, p. 169).
As culturas infantis, assim como as culturas do mundo do adulto, se transformam ao longo do
tempo histórico, e não são mais como eram antigamente, pois se manifestam e se estruturam
a partir de outras lógicas de relacionamento interpessoal, de avanço tecnológico, de conteúdo
cultural etc.

103/188 Unidade 5 • A Criança Como Produtora de Cultura


se entrecruzam com as culturas familiares
Link das outras crianças e com a cultura da
<http://www.efdeportes.com/efd104/o-
instituição de educação infantil.
brincar-das-criancas-aproximacoes-as-
culturas-infantis.htm>. Para saber mais
2. O Encontro das Culturas Para saber mais sobre esse encontro,
Familiares com a Cultura leia o artigo “Culturas infantis, tensões
Escolar na Instituição de e negociações entre adultos e crianças
numa creche domiciliar”, de Ana Cristina
Educação Infantil
Coll Delgado, disponível em: <http://
Cada família tem sua cultura e cada escola www.curriculosemfronteiras.org/
tem sua cultura. Nesse cenário, a criança vol6iss1articles/delgado.pdf>.
que vai para a instituição de educação
infantil se relaciona com um encontro
de culturas familiares com a cultura
escolar, pois cada criança traz elementos e
características de sua cultura familiar que

104/188 Unidade 5 • A Criança Como Produtora de Cultura


O Projeto Político Pedagógico da instituição Pedagógico para que possa, ao se apropriar
de educação infantil apresenta elementos dessa diversidade, incluí-las em suas
e características de sua cultura, tanto no atividades e promover o enfrentamento
âmbito organizacional, quanto no âmbito aos preconceitos culturais.
pedagógico, que perpassa também o Na sociedade contemporânea, a escola
âmbito dos relacionamentos interpessoais. é a única instituição social que todas as
Barbosa (2007) explica que muitas vezes crianças vão ter que frequentar. No Brasil,
as culturas familiares das crianças não esse percurso escolar se inicia aos quatro
dialogam de modo harmonioso com anos de idade. É na escola que muitas
a cultura escolar, pois os saberes, os crianças conhecem outras experiências de
costumes, os hábitos e os valores das socialização para além dos seus núcleos
classes populares se chocam com os familiares, e essas experiências podem
saberes, os costumes, os hábitos e os ser inclusivas ou excludentes. Cabe à
valores defendidos pela cultura escolar escola promover experiências inclusivas
com base na cultura dominante. Por para as crianças ao valorizar as culturas
isso a escola – a instituição de educação que elas trazem de casa. Por isso mesmo,
infantil – precisa incluir a diversidade o encontro das culturas familiares com a
cultural brasileira em seu Projeto Político cultura escolar precisa ser tema de debate
105/188 Unidade 5 • A Criança Como Produtora de Cultura
e estudos por parte dos profissionais de
educação, dos familiares das crianças
e das próprias crianças. Assim como na
Abordagem Reggio Emilia, visto na aula
4 dessa disciplina, é preciso considerar
a voz, o interesse, a vontade, os desejos,
os saberes das crianças sobre o mundo, a
instituição de educação infantil também
deve estar preparada para promover o
entrecruzamento das culturas familiares
com a cultura da escola, na perspectiva da
inclusão e da valorização da diversidade
cultural.

106/188 Unidade 5 • A Criança Como Produtora de Cultura


Glossário
Processos de socialização: processos pelos quais a criança se relaciona com outras pessoas.
Regulação de brincadeiras: as crianças criam regras e combinados antes ou durante a
brincadeira.
Assunção de papel social nas brincadeiras: a criança assume o papel de outra pessoa, por
exemplo, se torna o pai, a mãe, o irmão, a tia etc.
Autorregulação: processo de autocondução, de criação das próprias regras de ‘funcionamento’
da interação social, da brincadeira.

107/188 Unidade 5 • A Criança Como Produtora de Cultura


?
Questão
para
reflexão

Ao fazer uma reflexão sobre sua infância, você


consegue perceber que você foi uma criança produtora
de cultura infantil? Justifique sua resposta com
elementos do texto.

108/188
Considerações Finais

• As crianças são protagonistas de seus processos de socialização nos


contextos sócio-histórico-culturais em que vivem, construindo também
culturas, conhecimentos e saberes.
• As crianças são atores sociais que agem no mundo e constroem discursos
e narrativas sobre esse agir, elaborando culturais infantis.
• As culturas infantis, assim como as culturas do mundo do adulto, se
transformam ao longo do tempo histórico, e não são mais como eram
antigamente.
• A criança que vai para a instituição de educação infantil se relaciona com
outras culturas familiares e com a cultura escolar.

109/188
Referências

BARBOSA, Maria Carmen Silveira. Culturas escolares, culturas de infância e culturas familiares:
as socializações e a escolarização no entretecer destas culturas. Educ. Soc., Campinas, Vol. 28,
n. 100 – Especial, p. 1059-1083, out. 2007.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares
Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.
FARIA, Ana Lúcia Goulart (Org.). O coletivo infantil em creches e pré-escolas: falares e
saberes. São Paulo: Cortez, 2007.
MUSATTI, Tullia. Entre as crianças pequenas: o significado da outra da mesma idade. In: FARIA,
Ana Lúcia Goulart (Org.). O coletivo infantil em creches e pré-escolas: falares e saberes. São
Paulo: Cortez, 2007.

110/188 Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas


Assista a suas aulas

Aula 5 - Tema: A Criança como Produtora de Aula 5 - Tema: A Criança como Produtora de
Cultura - Bloco I Cultura - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ad-
f7e21560e9a60e5cb00c4c22a0d118c0>. f9e9954ddfe05621a03bd20a6c2bc3>.

111/188
Questão 1
1. A cultura é entendida como tudo aquilo que foi e é produzido pelo ser
humano, aquilo que não é natural. Ela também é:

a) Reprodução de significados partilhados por pessoas de uma mesma comunidade.


b) Construção de significados partilhados por pessoas em determinadas práticas da vida
social.
c) Constituição identitária das crianças na educação infantil.
d) Construção de modos de ser e de viver, baseados na cultura dominante.
e) Elaboração coletiva sobre como as pessoas devem se comportar na sociedade.

112/188
Questão 2
2. Quais culturas têm sido mais valorizadas no Brasil?

a) As culturas europeias, africanas e indígenas.


b) As culturas africanas em detrimento das culturas indígenas e latino-americanas
c) As culturas europeias em detrimento das culturas africanas, indígenas e latino-
americanas.
d) As culturas brasileiras em detrimento das culturas africanas, indígenas e latino-
americanas.
e) As culturas indígenas em detrimento das culturas africanas e latino-americanas.

113/188
Questão 3
3. A criança elabora cultura infantil quando:

a) Age no mundo e constrói discursos e narrativas sobre esse agir.


b) Recebe um código cultural do adulto.
c) Conhece os modos de ser e de viver de sua comunidade.
d) É inserida nas práticas culturais da sociedade brasileira.
e) Compreende o mundo pela linguagem da brincadeira.

114/188
Questão 4
4. Sobre a produção cultural para crianças é correto afirmar que ela:

a) Considera a criança como ator social e sujeito de direitos.


b) Reproduz as características de nossa sociedade.
c) Combate o consumismo infantil, principalmente, em eventos como festas de aniversário,
natal e dia das crianças.
d) Estimula o consumismo infantil, principalmente, em eventos como festas de aniversário,
Natal e dia das crianças.
e) Permite que as crianças construam sua própria cultura primeiro.

115/188
Questão 5
5. Sobre as culturas familiares e a cultura escolar é correto afirmar que:

a) As culturas familiares são muito parecidas, já que educar um filho acontece do mesmo
modo em qualquer cultura e a cultura escolar é hegemônica.
b) Elas se entrecruzam no cotidiano da instituição de educação infantil, mas a cultura escolar
é mais valorizada em relação às culturas familiares.
c) Elas se entrecruzam no cotidiano da instituição de educação infantil, mas as culturas
familiares são mais valorizadas do que a cultura escolar.
d) Cada criança traz elementos e características de sua cultura familiar que se entrecruza com
as culturas familiares das outras crianças, mas a cultura da instituição de educação infantil
é a que é mais valorizada.
e) Cada criança traz elementos e características de sua cultura familiar que se entrecruzam
com as culturas familiares das outras crianças e com a cultura da instituição de educação
infantil.

116/188
Gabarito
1. Resposta: B. 4. Resposta: D.

A cultura sempre é partilhada por mais de A cultura infantil é sempre elaborada pelas
uma pessoa, de modo coletivo. crianças em seu contexto sócio-histórico-
cultural.
2. Resposta: C.
5. Resposta: E.
A história da colonização do Brasil colocou
a cultura europeia como a mais importante As culturas familiares são diversas e se
e a melhor. encontram com a cultura da instituição de
educação infantil.
3. Resposta: A.

A cultura infantil é sempre elaborada pelas


crianças em seu contexto sócio-histórico-
cultural.

117/188
Unidade 6
A Relação Cuidar e Educar na Educação Infantil

Objetivos

1. Compreender a relação indissociável


entre cuidar e educar.
2. Conhecer a experiência Lóczy da
educação de bebês.
3. Refletir sobre o trabalho pedagógico
no berçário.

118/188
Introdução

Você já parou para pensar se é possível Cuidar de uma criança remete ao


cuidar de uma criança sem educá-la? Ou planejamento de atividades ou situações
educá-la sem cuidar dela? Na educação que proporcionem a ela a possibilidade
infantil, o binômio educar e cuidar, ou de sentir-se acolhida, de ter a atenção
cuidar e educar tem alcançado cada vez do educador para si, de ser estimulada
mais destaque e tem suscitado a reflexão e desafiada para que ela possa ter suas
sobre o cuidar e o educar como elementos necessidades satisfeitas e também para
indissociáveis da educação de crianças. que possa desenvolver sua autonomia
na satisfação dessas necessidades ao
conseguir fazer sozinha o que antes
Link precisava de ajuda para fazê-lo.

<https://www.youtube.com/
watch?v=RiFXduOjRUI>.

119/188 Unidade 6 • A Relação Cuidar e Educar na Educação Infantil


As atividades de cuidado incluem, além disso, criar um ambiente
que garanta, ao lado do conforto e da segurança física, a segurança
psicológica das crianças e o acompanhamento e estimulação para que
explorem o ambiente e construam sentidos pessoais, à medida que
vão se constituindo como sujeitos com formas de agir, sentir e pensar
culturalmente determinadas, embora apropriadas de modo único e
inovador (SÃO PAULO, 2006, p. 18).
Educar uma criança se refere a inseri-la no mundo da cultura por meio da comunicação
dialógica atenta e cuidadosa para com ela, de modo que haja condições para que possa se
apropriar das linguagens, dos gestos, dos valores, dos hábitos, das crenças e dos modos de viver
de seu contexto sócio-histórico-cultural. A criança ao se apropriar dos modos de viver e das
significações presentes em seu meio social, constitui-se como sujeito histórico.
A criança que frequenta a instituição de educação infantil vivencia experiências onde a
relação entre educar e cuidar é indissociável, não se separa nunca. As atividades e situações
de cuidado também educam e as atividades e situações que educam também cuidam. A seguir
apresentamos alguns exemplos dessa relação indissociável.
120/188 Unidade 6 • A Relação Cuidar e Educar na Educação Infantil
1) No momento da alimentação a seus espaços, ela recebe orientações
criança, ao receber o alimento, é para não se jogar da parte alta do
apresentada ao mundo de sabores e brinquedo, para se segurar na balança,
temperos de sua cultura, é orientada para escorregar adequadamente e
a não desperdiçar o alimento, a não para compartilhar os brinquedos e os
falar com a boca cheia e aprende a se espaços com as outras crianças.
alimentar dos modos considerados 4) Na hora da leitura, quando a
adequados por sua cultura. educadora ou o educador lê para as
2) No momento da higiene (banho, crianças, elas estão sendo inseridas no
troca de fraldas, lavagem das mãos, uso universo da literatura e aprendem a ter
do banheiro etc.) a criança aprende a um comportamento leitor.
utilizar os objetos da cultura material A professora e o professor da educação
(sabonete, papel higiênico, shampoo, infantil são os principais protagonistas da
toalha etc.) para se manter asseada e ação de cuidar e educar, porque
limpa, o que contribui para sua saúde e
bem-estar.
3) Quando a criança brinca no parque
externo e explora seus brinquedos e
121/188 Unidade 6 • A Relação Cuidar e Educar na Educação Infantil
o professor educa e cuida especialmente ao acolher a criança nos
momentos difíceis, ao fazê-la sentir-se confortável e segura, ao orientá-la
quando necessário, ao apresentar-lhe o que há de encantador no mundo
da música e das artes, da natureza e da sociedade [...]. Ele também cuida
e educa quando promove e acolhe as interações que a criança estabelece
com outras crianças e quando organiza e dá oportunidade para que elas
compartilhem experiências e saberes (SÃO PAULO, 2006, p. 19).

Para saber mais


Para saber mais, leia o artigo “A Educação Infantil em busca de identidade: análise crítica do binômio
“cuidar-educar” e da perspectiva antiescolar em Educação Infantil”. Disponível em: <http://pepsic.
bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752008000200005>.

122/188 Unidade 6 • A Relação Cuidar e Educar na Educação Infantil


Quando a professora e o professor da 1. A Experiência Lóczy:
educação infantil são protagonistas da Educação de Bebês e Crianças
ação de cuidar e educar, eles promovem o de Até Três Anos
protagonismo das crianças ao organizar
os ambientes da instituição de educação Você vai conhecer agora uma experiência
infantil de modo desafiador, curioso, de educação de bebês e crianças
criativo, para que as crianças explorem pequenas que surgiu na Hungria, em
esses ambientes, brinquem, convivam 1946: a experiência Lóczy (FALK,
com as outras crianças, compartilhem 2011). Lóczy era o nome da rua onde se
brinquedos, falares, saberes e experiências situava um orfanato para a acolhida de
de forma a desenvolver sua autonomia. crianças órfãs de Budapeste. A pediatra
A seguir, você vai conhecer a experiência Emmi Pikler trabalhou neste orfanato e
Lóczy na educação de crianças de até desenvolveu uma abordagem de cuidado e
três anos e vai refletir sobre o trabalho educação das crianças de zero a três anos
pedagógico no berçário. profundamente respeitosa para com as
crianças. Pikler considerava o educar e o
cuidar numa perspectiva humanizadora
das crianças e destacava a importância

123/188 Unidade 6 • A Relação Cuidar e Educar na Educação Infantil


das relações, principalmente da comunicação com os bebês e com as crianças, no sentido
de comunicar a eles e a elas tudo que ia ser feito com eles e com elas ao longo do dia. Pikler
também defendia que a organização dos espaços onde os bebês ficavam deveria ser seguro,
motivador, criativo e permitir a atividade autônoma dos bebês e das crianças pequenininhas.

Para saber mais


Para saber mais, leia o artigo “Os princípios de Lóczy e a prática pedagógica na educação de
bebês”, de Michelle Zilli Monsú, disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/
handle/10183/67831/000872743.pdf?sequence=1>.

Enquanto aprende a contorcer o abdômen, rolar, rastejar, sentar, ficar de


pé e andar, (o bebê) não apenas está aprendendo aqueles movimentos
como também o seu modo de aprendizado. Ele aprende a fazer algo por
si próprio, aprende a ser interessado, a tentar, a experimentar. Ele aprende
a superar dificuldades. Ele passa a conhecer a alegria e a satisfação
derivadas desse sucesso, o resultado de sua paciência e persistência
(FALK, 2011, p. 32).
124/188 Unidade 6 • A Relação Cuidar e Educar na Educação Infantil
A atividade autônoma do bebê é aquilo que de comunicação e defende que esse
ele faz sem a interferência direta do adulto. momento não pode ser feito com pressa.
Por exemplo: quando o adulto organiza o Quando a educadora ou o educador realiza
ambiente para que o bebê possa explorá- a troca de fraldas do bebê, ela/ele deve
lo livremente, não há uma interferência olhar a criança nos olhos, conversar com
direta do adulto, apenas indireta na ela, oferecendo-lhe segurança, afeto,
organização do ambiente. Isso não quer cuidado etc. “A força do olhar, da palavra,
dizer que o bebê ficará sozinho explorando do gesto, do que temos de mais ‘demasiado
o ambiente. O adulto está sempre lá, humano’, que nos falam de respeito à
acompanhando e cuidando, de modo que o infância e de novas relações entre adultos
bebê saiba que ele não está sozinho e que e pequenos, seguindo a ‘ética do cuidado
pode contar com a ajuda do adulto quando amoroso” (FALK, 2011, p. 51).
for necessário. Mas o bebê tem liberdade A experiência Lóczy de educação de
de movimento para explorar o ambiente e crianças de até três anos mostra que a
se deter naquilo que lhe chama atenção, criança que pode mover-se com liberdade,
que lhe desperta o interesse. com segurança e sem restrições é mais
Emmi Pikler também destaca que o prudente, pois tem aprendido a melhor
momento do cuidar é um momento pleno maneira de cair, tem aprendido como
125/188 Unidade 6 • A Relação Cuidar e Educar na Educação Infantil
se levantar e tem sido encorajada a do bebê e da criança de até três anos
não desistir de explorar determinado como seres potentes, com vontades e
brinquedo ou determinado ambiente. A interesses próprios, que ao mover-se
criança superprotegida, que só se move em liberdade num ambiente organizado,
com limitações, que não é encorajada a seguro, criativo e desafiador, constroem
explorar os brinquedos e ambientes tem seus saberes e suas experiências sobre
mais chances de sofrer quedas e pequenos o mundo e sobre suas maneiras de se
acidentes, pois lhe faltam experiências relacionar com esse mundo.
sobre suas próprias capacidades de
superação das dificuldades. Para saber mais
O Instituto Lóczy passou a se chamar Para saber mais sobre essa experiência, leia o
Instituto Emmi Pikler em 1986 e tem artigo “As contribuições da experiência Lóczy
recebido visitantes do mundo inteiro para a formação do professor de educação
interessados em conhecer essa experiência infantil”. Disponível em: <http://www.
respeitosa de educação e cuidado das plataformadoletramento.org.br/download/
crianças de até três anos. Entendemos que contribuicoes-da-experiencia-de-loczy.
a principal contribuição dessa experiência pdf>.
para a educação infantil é o entendimento
126/188 Unidade 6 • A Relação Cuidar e Educar na Educação Infantil
2. O Trabalho Pedagógico no Berçário

Em 2008 escrevemos um artigo intitulado “Trabalho pedagógico no berçário: possibilidades


e desafios” (ROGERIO, 2008). No momento de escrita deste artigo nós ainda não tínhamos
conhecido a experiência Lóczy (FALK, 2011) de educação de bebês, mas já compreendíamos
que eles são seres potentes, com vontades e interesses, que exploram os brinquedos, os
objetos, os ambientes e que constroem saberes a partir das experiências que vivenciam na
instituição de educação infantil. O nosso entendimento sobre os bebês e as crianças pequenas
não serem seres frágeis, incapazes ou imaturos dialoga com a abordagem Pikler/Lóczy de
educação e cuidado das crianças de até três anos e com os estudos de Paulo Fochi (2015) sobre
o que os bebês fazem no berçário. Este autor explica que

[...] Os afetos, a corporeidade e a cognição dos bebês estão


profundamente conectados, e os modos de articulação entre estas
instâncias, definidas nas relações estabelecidas no percurso de cada
história de vida, possibilitam a emergência das singularidades de cada ser
humano [...] (FOCHI, 2015, p. 24).

127/188 Unidade 6 • A Relação Cuidar e Educar na Educação Infantil


Nacionais para a Educação Infantil, pois,
Link nesses referenciais a criança é sempre
compreendida como um ser ativo,
<http://www.brasil.gov.br/
capaz, criativo, inventivo, protagonista
educacao/2014/12/professora-de-ms-cria- e produtor de cultura. Esses referenciais
projeto-sobre-bebes-e-acao-pedagogica>. também compreendem que as formas
Dois referenciais teóricos de Fochi como as crianças vivenciam suas infâncias
para compreender a aprendizagem dependem dos contextos sócio-histórico-
e o desenvolvimento dos bebês são culturais nos quais essas crianças estão
Loris Malaguzzi, da Abordagem Reggio inseridas.
Emilia, que você estudou na Aula 4 Paulo Fochi (2015) destaca que os sujeitos
dessa disciplina, e a experiência Lóczy. da educação infantil são crianças e não
Compreendo que tanto a experiência Lóczy, alunos. Sobre o trabalho pedagógico no
quanto os estudos de Fochi dialogam berçário, Fochi defende que as professoras
diretamente com a sociologia da infância, e os professores de bebês precisam
a pedagogia da infância, as teorias sócio- promover situações para que o bebê
histórico-culturais do desenvolvimento tenha iniciativas de movimento livres e
humano, a Abordagem Reggio Emilia e os espontâneos. Este autor esclarece que
pressupostos das Diretrizes Curriculares
128/188 Unidade 6 • A Relação Cuidar e Educar na Educação Infantil
[...] a criança, justamente por sua condição de recém-chegada, está
aberta a atuar no mundo de um modo interessado e inteiro, para
descobrir sobre si mesma, sobre os outros e sobre o próprio mundo,
e que isso só é possível pelo fato de ela estar em ação no mundo [...]
(FOCHI, 2015, p. 41).
Diante desse cenário sobre o trabalho pedagógico no berçário, o que cabe à professora e ao
professor de bebês fazer? Creio que cabe a elas e a eles organizar os espaços da instituição
de educação infantil de modo que eles possam se transformar em ambientes interessantes
e seguros para que os bebês os explorem com autonomia e protagonismo. Para além
de promover o protagonismo dos bebês em atividades autônomas, acreditamos que as
professoras e os professores do berçário possam promover também atividades dirigidas de
roda de leitura, teatro de fantoches, pintura com diversos materiais (tinta, cola colorida, giz
de cera etc.), colagens, jogos coletivos etc., que apresentam aos bebês elementos e objetos da
cultura na qual estão inseridos.

129/188 Unidade 6 • A Relação Cuidar e Educar na Educação Infantil


Link
<http://www.uel.br/eventos/
semanadaeducacao/pages/arquivos/
anais/2012/anais/educacaoinfantil/
percepcoesdocuidareeducar.pdf>.

130/188 Unidade 6 • A Relação Cuidar e Educar na Educação Infantil


Glossário
Suscitar: criar, motivar.
Indissociável: aquilo que não se separa.
Corporeidade: capacidade mental de utilizar-se do corpo; o modo como o cérebro reconhece e
utiliza o corpo como instrumento relacional.

131/188 Unidade 6 • A Relação Cuidar e Educar na Educação Infantil


?
Questão
para
reflexão

Escolha um site de buscas, escreva “experiência Lóczy”,


ou “Emmi Pickler” e localize imagens de crianças em
instituições de educação infantil a partir desses termos.
Faça uma análise dessas imagens, relacionando-as
com as informações estudadas. Quais características
da experiência Lóczy podem ser encontradas nessas
imagens?

132/188
Considerações Finais

• A criança que frequenta a instituição de educação infantil vivencia


experiências onde a relação entre educar e cuidar é indissociável.
• A organização dos espaços onde os bebês ficavam deveria ser seguro,
motivador, criativo e permitir a atividade autônoma dos bebês e das
crianças pequenininhas.
• A atividade autônoma do bebê é aquilo que ele faz sem a interferência
direta do adulto.
• A professora e o professor de educação infantil precisam organizar os
ambientes da instituição de educação infantil de modo que eles sejam
interessantes e seguros para que os bebês os explorem com autonomia e
protagonismo.

133/188
Referências

FALK, Judith (Org.). Educar os três primeiros anos: a experiência de Lóczy. Araraquara, SP:
Junqueira & Marin, 2011.
FOCHI, Paulo. Afinal, o que os bebês fazem no berçário? Comunicação, autonomia e saber-
fazer de bebês em um contexto de vida coletiva. Porto Alegre: Penso, 2015.
ROGERIO, Rosa Maria de Freitas. Trabalho pedagógico no berçário: possibilidades e desafios. In:
Direcional Educador, ano 3, edição 38, janeiro/2008.
SÃO PAULO (SP). Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica. Tempos e
espaços para a infância e suas linguagens nos CEIs, creches e EMEIs da cidade de São Paulo.
São Paulo: SME / DOT, 2006.

134/188 Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas


Assista a suas aulas

Aula 6 - Tema: A Relação Cuidar e Educar na Aula 6 - Tema: A Relação Cuidar e Educar na
Educação Infantil - Bloco I Educação Infantil - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/4f-
a80c152ff41e9782d18196bc5d743325>. d475b004f85c5dee2f6d286dbd2f14>.

135/188
Questão 1
1. Por que a relação entre educar e cuidar é indissociável?

a) Porque as atividades e situações de cuidado também educam e as atividades e situações


que educam também cuidam.
b) Porque as atividades e situações de cuidado educam, mas nem todas as atividades e
situações que educam cuidam.
c) Porque os professores da educação infantil são formados em cursos específicos para além
da licenciatura.
d) Porque os gestores da educação infantil são responsáveis por garantir ações de educação e
cuidado para bebês e crianças de até três anos.
e) Porque o educar só separa do cuidar quando há os momentos de higiene das crianças.

136/188
Questão 2
2. O que foi é a experiência Lóczy?

a) É uma experiência metodológica de atenção e cuidado aos bebês de um orfanato.


b) É uma experiência de educação de bebês e crianças pequenas que surgiu na Hungria, em
1946, com a pediatra Emmi Pikler.
c) É uma experiência de cuidado de bebês e crianças pequenas que se desenvolve na região
de Reggio Emilia, na Itália.
d) É uma experiência que conta com estímulos diários ao bebê para que esse de desenvolva
de modo mais rápido.
e) É uma experiência de acolhimento de bebês órfãos, que surge logo após a Primeira Guerra
Mundial, em Budapeste.

137/188
Questão 3
3. Qual defesa Emmi Pikler fazia sobre o espaço onde os bebês passavam
a maior parte dos dias?

a) Os espaços deveriam ser seguros, planos, almofadados e com poucos estímulos para o
bebê se mover livremente.
b) Os espaços deveriam ser seguros e com muitos estímulos para que o bebê possa se
desenvolver mais rapidamente.
c) Os espaços deveriam ser simples, sem brinquedos ou outros objetos.
d) Os espaços deveriam ser apenas em lugares fechados, visto que o contato das crianças
com elementos da natureza poderia prejudicar-lhes a saúde.
e) Os espaços deveriam ser seguros, motivadores, criativos e permitir a atividade autônoma
dos bebês e das crianças pequenininhas.

138/188
Questão 4
4. O que é a atividade autônoma dos bebês?

a) É aquilo que o bebê faz apenas com a ajuda do adulto.


b) É a atividade que o bebê faz quando outra criança a ajuda.
c) É aquilo que o bebê faz sem a interferência direta do adulto.
d) É a atividade que o bebê desenvolve na relação com o educador.
e) É a atividade que o bebê desenvolve na relação com outros bebês.

139/188
Questão 5
5. Paulo Fochi também valoriza a atividade autônoma dos bebês?

a) As professoras e os professores de bebês precisam promover situações para que o bebê


siga suas orientações nas atividades e se desenvolvam.
b) As professoras e os professores de bebês precisam organizar os espaços para que o bebê
receba a ajuda necessária para seu desenvolvimento.
c) As professoras e os professores de bebês precisam promover situações para que o bebê
não tenha iniciativas de movimento livres e espontâneos.
d) As professoras e os professores de bebês precisam promover situações para que o bebê
tenha iniciativas de movimento livres e espontâneos.
e) As professoras e os professores precisam ajudar os bebês a andarem, utilizando o andador.

140/188
Gabarito
1. Resposta: A. 4. Resposta: C.

As atividades na educação infantil É aquilo que o bebê consegue fazer por si


oferecem cuidado e educação ao mesmo só.
tempo.
5. Resposta: D.
2. Resposta: B.
O ambiente precisa ser organizado para
É uma experiência de educação infantil que os bebês o explorem com autonomia.
húngara.

3. Resposta: E.

Os espaços deveriam propiciar a atividade


autônoma dos bebês.

141/188
Unidade 7
A Importância da Brincadeira na Educação Infantil

Objetivos

1. Refletir sobre a importância da


brincadeira na educação infantil.
2. Compreender a brincadeira como
linguagem e expressão da criança.
3. Conhecer brinquedos e brincadeiras
para a educação infantil.

142/188
Introdução
Você já refletiu sobre a brincadeira
como principal atividade da criança? Já
parou para pensar sobre a importância
Para saber mais
da brincadeira na educação infantil? Para saber mais sobre a importância do brincar
Compreendemos a importância da na educação infantil, veja o vídeo “O brincar
brincadeira na educação infantil a partir na educação infantil”, disponível em: <https://
da dimensão social e cultural dessa www.youtube.com/watch?v=09w8a-u-
atividade humana, porque entendemos AUU>.
que a brincadeira existe dentro de um
Você já reparou que a criança quando está
sistema de significação e de interpretação
brincando, não quer parar de brincar?
das atividades humanas. Quando brinca
Isso acontece porque o tempo do brincar
a criança aprende a se relacionar com
para a criança não corresponde ao tempo
um universo simbólico de linguagens,
cronológico do mundo do adulto. Quando
expressões, gestos, de possibilidades de
dizemos para uma criança pequena
relacionamentos interpessoais etc.
“amanhã você brinca de novo”, muitas
vezes, ela tem dificuldade de compreender
essa possibilidade, pois ela se concentra na
atividade do brincar no presente.

143/188 Unidade 7 • A Importância da Brincadeira na Educação Infantil


Uma atividade muito importante para a criança pequena é a brincadeira.
Brincar dá à criança oportunidade para imitar o conhecido e para
construir o novo, conforme ela reconstrói o cenário necessário para que
sua fantasia se aproxime ou se distancie da realidade vivida, assumindo
personagens e transformando objetos pelo uso que deles faz (BRASIL,
2013, p. 87).
O uso que as crianças fazem dos brinquedos são diferentes. Por exemplo: a boneca Barbie pode
ser princesa para uma criança e professora para outra; um cabo de vassoura pode ser um cavalo
para uma criança e uma espada para outra etc. Nesse contexto,

[...] admite-se que o brinquedo represente certas realidades. Uma


representação é algo presente no lugar de algo. Representar é
corresponder a alguma coisa e permitir sua evocação, mesmo em sua
ausência. O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções:
tudo o que existe no cotidiano, a natureza e as construções humanas [...]
(KISHIMOTO, 2001, p. 18).
144/188 Unidade 7 • A Importância da Brincadeira na Educação Infantil
A cultura lúdica (BROUGÈRE, 2002) – do ócio, do entretenimento, da diversão, do jogo – assim
como a cultura em geral, sofre influências diretas do meio social no qual está inserida. Nesse
contexto, a cultura lúdica de uma região do Brasil, pode ser diferente da cultura lúdica de outra
região. Assim como a cultura lúdica de crianças de dois anos e de crianças de nove anos são,
geralmente, diferentes. Os brinquedos são objetos da cultura lúdica e são produzidos com base
em elementos sócio-histórico-culturais do meio no qual as crianças vivem: bonecas, bichos
de pelúcia, carrinhos, videogames, tablets, jogos de tabuleiros, casinhas, castelos, princesas,
super-heróis, entre outros.

[...] A cultura lúdica como toda cultura não é transferida para o


indivíduo. Ele é um coconstrutor. Toda interação supõe efetivamente
uma interpretação das significações dadas aos objetos dessa interação
(indivíduos, ações, objetos materiais), e a criança vai agir em função
da significação que vai dar a esses objetos, adaptando-se à reação dos
outros elementos da interação, para reagir também e produzir assim
novas significações que vão ser interpretadas pelos outros. A cultura
lúdica, visto resultar de uma experiência lúdica, é então produzida pelo
sujeito social [...] (BROUGÉRE, 2002, p. 27).
145/188 Unidade 7 • A Importância da Brincadeira na Educação Infantil
Você pode observar no excerto acima 1. A Brincadeira Como
que a criança é concebida como um ator Linguagem e Expressão da
social, coconstrutora de cultura, pois o Criança
brincar não é meramente uma atividade
de repetição daquilo que se vive, mas, O brincar é o principal modo de expressão
também, uma atividade de criação a partir da criança, por isso é compreendido
daquilo que se vive. É preciso compreender como uma linguagem. A linguagem
também que brincar é anterior a jogar, pois da brincadeira permite à criança
o jogo pressupõe regras e a brincadeira é compartilhar sentidos e significados de
mais livre, espontânea e sem delimitações. sua cultura e que criar novos sentidos e
A seguir, você vai estudar a brincadeira significados para sua cultura. Um exemplo
como linguagem principal para a desse compartilhamento de sentidos e
expressão das ideias, dos sentimentos, dos significados pode ser observado quando
pensamentos e das emoções das crianças a criança aprende a cantar ou a fazer os
e também vai refletir sobre brinquedos e gestos/as coreografias de alguma música
brincadeiras na instituição de educação de sua cultura, ou quando a criança faz de
infantil. conta que é a mãe ou o pai da boneca. Em
nossa experiência na educação infantil,

146/188 Unidade 7 • A Importância da Brincadeira na Educação Infantil


observamos em diversos momentos criança aprende a viver, se apropria dos
as crianças de até três anos brincando elementos da sua cultura e cria cultura. Ao
livremente com objetos e brinquedos. brincar a criança se humaniza porque se
Muitas delas reproduziam situações relaciona com elementos humanos como
do dia a dia do Centro de Educação a representação simbólica, a linguagem, a
Infantil: faziam a roda de leitura para as imaginação, a criatividade, o pensamento
bonecas, ‘davam bronca’ naquelas que etc. e se constitui como ator social e sujeito
não ‘respeitavam o amigo’, entre outras histórico.
situações. Ao mesmo tempo em que
compartilham, ou reproduzem, sentidos
e significados de sua cultura, a criança Link
ao brincar também cria novos sentidos <http://www.scielo.br/scielo.
e significados, por exemplo, quando ela php?script=sci_arttext&pid=S0102-
veste a fantasia de um super-herói e 79722003000100012&lng=pt&nrm=isso>.
diz para as bonecas que ela é um ‘pai
super poderoso’ e que ‘nada de ruim vai
acontecer naquela família’. A brincadeira
é o instrumento por meio do qual a

147/188 Unidade 7 • A Importância da Brincadeira na Educação Infantil


Brincar, para a criança, é uma atividade imaginativa e interpretativa que
compreende o corpo e a mente e revela experiências que envolvem os
sentidos de modo a favorecer que o mundo ganhe sentido e significados
próprios para a criança (SÃO PAULO, 2006, p. 45).
A brincadeira permeia toda a vida da criança, por isso ela brinca com a comida, ela brinca na
hora de tomar banho, ela brinca na hora de usar o banheiro e na hora de lavar as mãos. Além
da brincadeira ser uma linguagem pela qual a criança apreende o mundo e se comunica com
ele, no momento da brincadeira, a criança também cria novos significados para objetos de sua
cultura.

A criança não vê o objeto como ele é, mas lhe confere um novo


significado. Por exemplo: quando a criança monta em uma vassoura
e finge estar cavalgando um cavalo, ela está conferindo um novo
significado ao objeto [...] (BOMTEMPO, 2001, p, 62).

148/188 Unidade 7 • A Importância da Brincadeira na Educação Infantil


No cenário apresentado acima, a criança
quando brinca de faz de conta, quando Para saber mais
cria uma atividade imaginária, se utiliza Para saber mais sobre brincadeira de
dos elementos presentes em seu contexto faz de conta, leia o artigo “A dimensão
de vida, ao mesmo tempo em que recria metarrepresentativa da brincadeira de faz de
esses elementos. Por exemplo: uma caixa conta”, disponível em: <http://www.scielo.br/
de sapato se transforma na cama da scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
boneca, ou no carro da boneca, ou ainda 863X1998000100007&lng=pt&nrm=isso>.
no avião da boneca. Por tudo isso, entendo
que a brincadeira de faz de conta não é A brincadeira precisa ocupar lugar principal
apenas a reprodução do que já existe, mas nas atividades e nas situações que a
a construção de algo novo. instituição de educação infantil planeja
e realiza para e com as crianças. Diante
desse contexto, o papel da professora
e do professor da educação infantil é
ampliar o repertório de brincadeiras
das crianças, promovendo a vivência
de diversas brincadeiras e estimulando
também a possibilidade de criação de
149/188 Unidade 7 • A Importância da Brincadeira na Educação Infantil
outras brincadeiras por parte dos adultos possam selecionar, organizar e dispor
e, principalmente, por parte das crianças. A para as crianças das creches brinquedos,
seguir você vai refletir sobre brinquedos e materiais diversos e brincadeiras. Essa
brincadeiras na educação infantil. publicação também apresenta diversas
maneiras para a organização do espaço,
2. Brinquedos e Brincadeiras na dos tipos de atividades, dos conteúdos, da
Educaçao Infantil diversidade de materiais.

Por meio dos brinquedos e das brincadeiras


as crianças conhecem o mundo, se
relacionam com ele, produzem cultura e
Link
se divertem. Diante do reconhecimento <http://agendaprimeirainfancia.org.
da importância da brincadeira para br/arquivos/publicacao_brinquedo_e_
a educação infantil, o MEC elaborou brincadeiras_completa.pdf>.
uma publicação intitulada Brinquedos
e brincadeiras nas creches – Manual de
orientação pedagógica (BRASIL, 2012),
que traz orientações para que professoras,
professores e gestores da educação infantil

150/188 Unidade 7 • A Importância da Brincadeira na Educação Infantil


Essa iniciativa pretende esclarecer que o brinquedo e a brincadeira são
constitutivos da infância. A brincadeira é, para a criança, um dos principais
meios de expressão que possibilita a investigação e a aprendizagem sobre
as pessoas e o mundo. Valorizar o brincar significa oferecer espaços e
brinquedos que favoreçam a brincadeira como atividade que ocupa o
maior espaço de tempo na infância. (BRASIL, 2012, p. 5).
Defendo que essa publicação do MEC, apesar de ser dirigida para as crianças de até três anos
de idade, é também um guia de orientação para a instituição de educação infantil planejar,
organizar e promover as brincadeiras das crianças maiores também.

Para saber mais


Para saber mais sobre brinquedos e brincadeiras na educação infantil, assista ao programa Salto para o
Futuro, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9ZIIt04V97o>.

151/188 Unidade 7 • A Importância da Brincadeira na Educação Infantil


Essa publicação do MEC categoriza várias • Brincadeiras individuais e coletivas.
dimensões do brincar e da brincadeira, • Brincadeiras livres.
como, por exemplo:
• Brincadeiras e vivências éticas e
• Brinquedos e brincadeiras que estéticas com outras crianças e
favorecem o conhecimento de si e do grupos culturais, para favorecer a
mundo: brincadeiras que estimulem identidade e a diversidade.
o bebê e ajudam a desenvolver seu
• Brincadeiras na relação com o mundo
raciocínio.
físico, social, com o tempo e com a
• Brinquedos e brincadeiras que natureza.
favorecem as linguagens e as formas
Acreditamos que toda professora,
de expressão.
todo professor e todos os gestores da
• Brinquedos e brincadeiras que educação infantil precisam estudar essa
favorecem narrativas, gêneros publicação do MEC para poderem ampliar
textuais, orais e escritos. seu conhecimento sobre a importância
• A brincadeira e o conhecimento do do brincar para a criança, de modo que
mundo matemático. possam promover a valorização do brincar

152/188 Unidade 7 • A Importância da Brincadeira na Educação Infantil


nos tempos e nos espaços da instituição de
educação infantil.

Para saber mais


Para saber mais sobre a importância do
brincar para a criança, leia a publicação
Território do brincar, disponível em: <http://
territoriodobrincar.com.br/wp-content/
uploads/2014/02/Territ%C3%B3rio_do_
Brincar_-_Di%C3%A1logo_com_Escolas-
Livro.pdf>.

153/188 Unidade 7 • A Importância da Brincadeira na Educação Infantil


Glossário
Representação: utilizar uma coisa no lugar de outra.
Lúdico: relativo ao ócio, ao entretenimento, ao brincar, ao jogar.
Espontânea: que ocorre sem planejamento.

154/188 Unidade 7 • A Importância da Brincadeira na Educação Infantil


?
Questão
para
reflexão

Assista ao vídeo “Caramba, carambola: o brincar tá


na escola”, disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=oJSKrU-CKys>. Em seguida, responda à
pergunta: Como o brincar é apresentado no vídeo?

155/188
Considerações Finais

• O brincar não é meramente uma atividade de repetição daquilo que se


vive, mas, também, uma atividade de criação a partir daquilo que se vive.
• A brincadeira é o instrumento por meio do qual a criança aprende a viver,
se apropria dos elementos da sua cultura e cria cultura.
• Ao brincar a criança se humaniza porque se relaciona com elementos
humanos como a representação simbólica, a linguagem, a imaginação, a
criatividade, o pensamento etc.
• A instituição de educação infantil que considera a importância do brincar
para a criança, promove a valorização do brincar nos seus tempos e
espaços.

156/188
Referências

BOMTEMPO, Edda. A brincadeira de faz de conta: lugar do simbolismo, da representação,


do imaginário. In: In: KISHIMOTO, Tizuko Morchida (Org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a
educação. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2001, pp. 57-72.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares
Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Brinquedos e brincadeiras nas
creches – Manual de orientação pedagógica. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Básica, 2012.
BROUGÈRE, Gilles. A criança e a cultura lúdica. In: KISHIMOTO, Tizuko Morchida (Org.). O
brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002, pp. 19-32.
_____. O jogo e a educação infantil. In: KISHIMOTO, Tizuko Morchida (Org.). Jogo, brinquedo,
brincadeira e a educação. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2001, pp. 13-44.
SÃO PAULO (SP). Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica. Tempos e
espaços para a infância e suas linguagens nos CEIs, creches e EMEIs da cidade de São Paulo.
São Paulo: SME / DOT, 2006.

157/188 Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas


Assista a suas aulas

Aula 7 - Tema: A Importância da Brincadeira na Aula 7 - Tema: A Importância da Brincadeira na


Educação Infantil - Bloco I Educação Infantil - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/6a-
bf4f3581ccd852aa636acc514dea35fd>. 50dd1d612abfc45334227f346e1010>.

158/188
Questão 1
1. Compreendemos a importância da brincadeira na educação infantil a
partir da:

a) Ludicidade típica da infância.


b) Espontaneidade das crianças.
c) Metodologia da pesquisa científica.
d) Concepção da criança como ator social.
e) Dimensão social e cultural dessa atividade humana.

159/188
Questão 2
2. O que a criança aprende ao brincar?

a) Aprende a construir o pensamento de forma lúdica.


b) Aprende sua cultura, de modo que pode passar a reproduzi-la.
c) Aprende a cantar, conhece os brinquedos e os objetos, aprende a explorar os brinquedos
nos parques abertos etc.
d) Aprende a se relacionar com um universo simbólico de linguagens, expressões, gestos, de
possibilidades de relacionamentos interpessoais etc.
e) Aprende a ser criança.

160/188
Questão 3
3. Qual é a diferença entre brincar e jogar?

a) Brincar é do universo das crianças e jogar é do universo dos adolescentes e adultos.


b) Brincar refere-se às regras e jogar refere-se à espontaneidade.
c) Brincar é anterior a jogar, pois o jogo pressupõe regras e a brincadeira é mais livre,
espontânea e sem delimitações.
d) Brincar e jogar apresentam o mesmo sentido no texto.
e) Brincar é posterior a jogar, pois a brincadeira também pressupõe regras e combinados.

161/188
Questão 4
4. O que a linguagem da brincadeira proporciona à criança?

a) A linguagem da brincadeira permite à criança se expressar apenas quando essa ainda não
fala.
b) A linguagem da brincadeira permite à criança compartilhar sentidos e significados de sua
cultura e criar novos sentidos e significados para sua cultura.
c) A linguagem da brincadeira proporciona à criança uma possibilidade pobre de
comunicação.
d) A linguagem da brincadeira proporciona à criança uma comunicação simples, quando esta
não compreende aquilo que é dito.
e) A linguagem da brincadeira permite à criança aprender a linguagem oral de sua cultura.

162/188
Questão 5
5. Diante da importância do brincar para a educação infantil, é preciso:

a) Promover a valorização do brincar nos tempos e nos espaços da instituição de educação


infantil.
b) Agregar outras atividades mais significativas no cotidiano da instituição de educação
infantil, como, por exemplo, artes plásticas.
c) Garantir que as crianças possam brincar, pelo menos, uma hora por dia na instituição de
educação infantil.
d) Oferecer à criança a oportunidade de conhecer melhor as brincadeiras valorizadas pela
cultura escolar.
e) Entender que a brincadeira não é a atividade principal da criança.

163/188
Gabarito
1. Resposta: E. 5. Resposta: A.

A brincadeira insere-se num contexto A brincadeira precisa ser valorizada


sócio-histórico-cultural. sempre.

2. Resposta: D.

Tudo que a criança aprende não acontece


dissociado da atividade de brincar.

3. Resposta: C.

Brincar é livre, espontâneo e o jogar


pressupõe regras.

4. Resposta: B.

Proporciona à criança se expressar,


conhecer o mundo e agir nele.
164/188
Unidade 8
Relações Étnico-Raciais na Educação Infantil

Objetivos

1. Refletir sobre as relações étnico-


raciais na educação infantil.
2. Compreender de que modo as
relações étnico-raciais estão
presentes na literatura infantil.
3. Entender as questões étnico-
raciais em meio aos brinquedos e às
brincadeiras da infância.

165/188
Introdução

Você sabia que as crianças aprendem sua infância. Por isso, é imprescindível
o uso das cores e constituem-se como a reflexão sobre as relações étnico-
seres humanos num exercício de raciais na educação infantil. Quantas
reconhecimento e pertencimento étnico, crianças aprenderam e, infelizmente, ainda
cultural e estético? Esses reconhecimento aprendem que o lápis rosa claro é o lápis
e pertencimento referem-se aos ideais ‘cor de pele’. Cor da pele de quem?
de beleza, aos de modos de ser, de vestir-
se, de pentear os cabelos etc. que são
apreciados e valorizados pela sociedade
na qual a criança vive. O aprendizado
Link
da criança ao reconhecer-se em outras <http://www.scielo.br/
pessoas e se sentir pertencida à sociedade scielo.php?script=sci_
acontece em meio às relações sociais arttext&pid=S0104-40602013000100004>.
e culturais na qual a criança vivencia

166/188 Unidade 8 • Relações Étnico-Raciais na Educação Infantil


Eu queria ser como o cabelo ‘sem ser enrolado’”. Perguntei, então, o
que mais ela gostaria de ter diferente. Ela me respondeu: “Queria que
meus olhos fossem iguais aos da Bela Adormecida”. Eu lhe disse: “E você
queria ter a cor igual à da Bela Adormecida, também?” Ela disse: “Queria,
sim”. Perguntei-lhe qual era a cor da Bela Adormecida. Ela então me
disse: “Rosa, cor de pele” (Thamires Hélia, 4 anos, mãe branca e pai sem
identificação). (TRINIDAD, 2012, p. 125).
No Brasil ainda existe o mito da democracia racial, que entende que não há discriminação
e preconceito, mas isso é um equívoco, pois até mesmo na educação infantil (MUNANGA,
2005; FINCO; OLIVEIRA, 2011) tem acontecido práticas que discriminam e que reiteram os
preconceitos de origem étnica, estética e de cor de pele.
As experiências que as crianças vivenciam na instituição de educação infantil influenciam
diretamente a construção de suas identidades, por isso essas experiências precisam ser
inclusivas e promotoras de igualdade racial. Quando falo em igualdade racial, refiro-me à
raça humana e à suas diversidades étnicas, estéticas, culturais, sociais e históricas. Nesse
contexto, a instituição de educação infantil precisa planejar e promover práticas pedagógicas
167/188 Unidade 8 • Relações Étnico-Raciais na Educação Infantil
promotoras de igualdade racial incluiu no currículo da educação básica
respeitando e valorizando as diferenças das a obrigatoriedade do ensino de história e
crianças. cultura afro-brasileira e africana. Essa lei
Há também o componente histórico tem contribuído para a descolonização
brasileiro que tem influenciado a do currículo, para a problematização da
constituição identitária das crianças e cultura dominante e para dar visibilidade
dos adultos, pois a identidade branca tem às culturas africanas e afro-brasileiras.
sido associada às ideias da liberdade e
da soberania, enquanto que a identidade
negra tem sido associada às ideias da
Para saber mais
escravidão e da submissão. Para saber mais sobre a Lei nº 10.639/2003
assista ao vídeo “Dez anos da Lei 10.639/03:
As questões étnico-raciais precisam
balanços e perspectivas”, disponível
estar presentes no currículo da educação
em: <https://www.youtube.com/
infantil para que as discriminações e
watch?v=8WbLZOPcXUs>.
os preconceitos sejam enfrentados
e combatidos. Nesse contexto foi
promulgada a Lei nº 10.639/2003, que

168/188 Unidade 8 • Relações Étnico-Raciais na Educação Infantil


Para saber mais
Para saber mais sobre a descolonização do currículo, leia o livro Superando o Racismo na Escola, disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/racismo_escola.pdf>.

O resgate da memória coletiva e da história da comunidade negra não


interessa apenas aos alunos de ascendência negra. Interessa também
aos alunos de outras ascendências étnicas, principalmente branca, pois
ao receber uma educação envenenada pelos preconceitos, eles também
tiveram suas estruturas psíquicas afetadas. Além disso, essa memória
não pertence somente aos negros. Ela pertence a todos, tendo em vista
que a cultura da qual nos alimentamos quotidianamente é fruto de todos
os segmentos étnicos que, apesar das condições desiguais nas quais se
desenvolvem, contribuíram cada um de seu modo na formação da riqueza
econômica e social e da identidade nacional (MUNANGA, 2005, p. 16).

169/188 Unidade 8 • Relações Étnico-Raciais na Educação Infantil


era criança, havia personagens negros?
Você já parou para pensar que a Quem eram esses personagens? Nos livros
discriminação racial também tem sido que eu conheci na infância, os personagens
produzida no ambiente escolar? Por muito eram brancos, em sua maioria, e quando
tempo o livro didático tem apresentado havia algum personagem negro, ele
e valorizado uma cultura dominante, que estava associado sempre às dimensões
é tida como homogênea e uniforme: a da pobreza, da vulnerabilidade social, da
cultura europeia. A seguir, você estudará escravidão, dos serviços domésticos, da
sobre como as questões étnico-raciais lavoura, do crime ou do folclore.
têm aparecido na literatura infantil e nos
brinquedos e brincadeiras.

1. As Relações Étnico-Raciais na
Literatura Infantil

Quando você se lembra dos livros de


histórias que foram lidos para você na
educação infantil, ou que você leu quando
170/188 Unidade 8 • Relações Étnico-Raciais na Educação Infantil
Geralmente, quando personagens negros entram nas histórias aparecem
vinculados à escravidão. As abordagens naturalizam o sofrimento e
reforçam a associação com a dor. As histórias tristes são mantenedoras
da marca da condição de inferiorizados pela qual a humanidade
negra passou. Cristalizar a imagem do estado de escravo torna-se
uma das formas mais eficazes de violência simbólica. Reproduzi-la
intensamente marca, numa única referência, toda a população negra,
naturalizando-se, assim, uma inferiorização datada. A eficácia dessa
mensagem, especialmente na formatação brasileira, parece auxiliar no
prolongamento de uma dominação social real (LIMA, 2005, p. 103).
Como a criança que tem contato com histórias nas quais os personagens negros são
representados de modo negativo pode construir imagens positivas deles? Como a criança
negra pode se reconhecer nos personagens negros? Como a criança negra pode construir
autoimagem positiva de si? A pesquisa de Souza (2002) mostra que as crianças negras tinham
o desejo de serem brancas, de terem cabelos lisos e se comparavam com os personagens das
histórias infantis, muitas vezes, negando sua cor e suas características físicas, reforçando, de

171/188 Unidade 8 • Relações Étnico-Raciais na Educação Infantil


modo negativo, a imagem que ela faz de si
própria. Para saber mais
No Brasil tem sido publicado cada vez mais Para saber mais sobre a construção da identida-
livros onde os personagens principais de da criança negra, leia o artigo disponível em:
são negros e são apresentados de <http://www.google.com.br/url?url=http://
forma positiva. Isso contribui para que www.unesp.br/Home/debateacademi-
a criança negra reconheça-se de modo co/artigo_revisado_layla_maryzandra-1.
positivo e valorize suas características pdf&rct=j&frm=1&q=&esrc=s&sa=U&ve-
étnicas e estéticas. Não é apenas a criança d=0ahUKEwiv_pTwr6_NAhVJQpAKHdhsD-
negra que ganha com as histórias onde ckQFgg5MAc&usg=AFQjCNGRmFttGB8B-
os personagens principais são negros, as zOIwfR3auOB8F5KRcw>.
crianças não-negras também aprendem
a apreciar e valorizar as características
étnicas e estéticas afro-brasileiras e
africanas.

172/188 Unidade 8 • Relações Étnico-Raciais na Educação Infantil


2. As Relações Étnico-Raciais nos Brinquedos e nas Brincadeiras

Ter em mãos bonecas e bonecos negros é fundamental para o desenvolvimento de uma


educação para a igualdade racial e para a construção de uma autoimagem positiva por parte
das crianças negras.

Link
<https://www.youtube.com/watch?v=cs0zDDixQN0>.

Nas brincadeiras na Educação Infantil, esse racismo aparece quando


as crianças negras são as empregadas domésticas, quando as crianças
brancas temem ou não gostam de dar as mãos para as negras etc. O
racismo aparece na Educação Infantil, na faixa etária entre 0 a 2 anos,
quando os bebês negros são menos “paparicados” pelas professoras do
que os bebês brancos. Ou seja, o racismo, na pequena infância, incide
diretamente sobre o corpo, na maneira pela qual ele é construído,
acariciado ou repugnado (Oliveira; Abramowicz, 2009, p. 185).
173/188 Unidade 8 • Relações Étnico-Raciais na Educação Infantil
O mercado de brinquedos tem produzido
cada vez mais bonecas e bonecos negros.
Nesse contexto, as professoras, os
professores e os gestores da educação
infantil precisam garantir – via aquisição
com verbas públicas ou doações – que
diversos bonecos e bonecas negras
estejam nas prateleiras da instituição
de educação infantil para que todas as
crianças possam brincar com eles e com
elas.
Para além de garantir bonecas e bonecos
negros no cotidiano da instituição de
educação infantil, os educadores precisam
conhecer e explorar outras manifestações
lúdicas de origem africana para
apresentarem-nas para as crianças. Você já
ouviu falar dos jogos mancala?

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Há muito coisa escrita sobre o mancala. [...]. A palavra mancala origina-se do
árabe naqaala, que significa mover. Com o tempo, esse termo passou a ser usado
pelos antropólogos para designar uma série de jogos disputados num tabuleiro
com várias concavidades e com o mesmo princípio de distribuição de peças. A
forma pela qual este se realiza está intimamente associada à semeadura. Esse
fato, aliado ao local de origem, leva a crer que os jogos da família mancala são
talvez os mais antigos do mundo. A origem mais provável é o Egito. A partir do
Vale do Nilo, teriam se expandido para o restante do continente africano e para o
Oriente. Alguns estudiosos supõem que os mancalas têm cerca de 7 mil anos de
idade [...]. Os mancalas são atualmente jogados em toda a África, ao sul da Ásia,
Américas e na maior parte da Oceania [...] (KODAMA et al., 2006, p. 8-9).
Nos brinquedos, nas brincadeiras, nos jogos de tabuleiros, nos jogos coletivos, nas músicas
infantis, na literatura infantil a criança aprende a respeitar e a valorizar as diversas
características étnicas, estéticas e culturais das pessoas. Por isso é muito importante práticas
pedagógicas promotoras de igualdade racial na instituição de educação infantil.

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Link
Educação infantil, igualdade racial e
diversidade: aspectos políticos, jurídicos,
conceituais. Disponível em: <http://portal.
mec.gov.br/index.php?option=com_
docman&view=download&alias=11283-
educa-infantis-conceituais&category_
slug=agosto-2012-pdf&Itemid=30192>.

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Glossário
Pertencimento étnico: sentimento de pertencer a um grupo étnico de modo positivo e
valorizado.
Constituição identitária: construção da identidade social, cultural, étnica, estética etc.
Antiestético: característica negativa que se refere àquilo que não é belo, que não tem bom
gosto.

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?
Questão
para
reflexão

Assista ao documentário Teste da Boneca,


disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=1TCGvOmHtPg> e, a partir do que foi
estudado nessa aula, escreva uma análise sobre as
questões étnico-raciais presentes no documentário.

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Considerações Finais

• As questões étnico-raciais precisam estar presentes no currículo da


educação infantil para que as discriminações e os preconceitos sejam
enfrentados e combatidos.
• A Lei nº 10.639/2003 incluiu no currículo da educação básica a
obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana.
• As crianças não negras também aprendem a apreciar e valorizar as
características étnicas e estéticas afro-brasileiras e africanas.
• É muito importante promover práticas pedagógicas de igualdade racial na
instituição de educação infantil.

179/188
Referências
KODAMA, H. M. Y. et al. O jogo como espaço para pensar: mancala – jogos de transferência.
IBILCE/UNESP-SJRP, XVIII SEMAT – Semana da Matemática – IBILCE/UNESP (2006).
LIMA, Heloisa Pires. Personagens negros: um breve perfil na literatura infantojuvenil. In:
MUNANGA, Kabengele (Org.). Superando o racismo na escola. 2ª ed. Brasília: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005.
MUNANGA, Kabengele (Org.). Superando o racismo na escola. 2ª ed. Brasília: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005.
OLIVEIRA, Fabiana de; ABRAMOWICZ, Anete. O que as práticas educativas na creche podem
nos revelar sobre a questão racial? In: MIZUKAMI, M. G. N.; REALI, A. M. M. R. (Orgs.). Teorização
de práticas pedagógicas: escola, universidade, pesquisa. 1. ed. São Carlos: EDUFSCar, 2009, v.
1, p. 175-197.
SOUZA, Y. C. de. Crianças negras: deixei meu coração embaixo da carteira. Porto Alegre:
Mediação, 2002.
TRINIDAD, Cristina Teodoro. Diversidade étnico-racial: por uma prática pedagógica na
educação infantil. In: BENTO, Maria Aparecida Silva (Org.). Educação infantil, igualdade racial
e diversidade: aspectos políticos, jurídicos, conceituais. São Paulo: Centro de Estudos das
Relações de Trabalho e Desigualdades – CEERT, 2012.

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Assista a suas aulas

Aula 8 - Tema: Relações Étnico-Raciais na Aula 8 - Tema: Relações Étnico-Raciais na


Educação Infantil - Bloco I Educação Infantil - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/0e-
e934861ea49b676edb6fcf06d177b869>. 2da3092a35c3b28be1c27a898609e8>.

181/188
Questão 1
1. A que se referem o reconhecimento e pertencimento étnico, cultural e
estético?

a) Referem-se ao que é valorizado pela cultura dominante.


b) Referem-se aos ideais de beleza, aos modos de ser, de vestir-se, de pentear os cabelos etc.
que são apreciados e valorizados pela sociedade.
c) Referem-se aos ideais de beleza, modos de se vestir e de se comportar que são valorizados
pela cultura dominante.
d) Referem-se ao que o brasileiro herdou das culturas europeias, africanas e indígenas.
e) Referem-se à construção social da identidade.

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Questão 2
2. Por que é imprescindível a reflexão sobre as relações étnico-raciais na
educação infantil?

a) Porque é uma oportunidade de enfrentar os modismos e manter o status quo da sociedade.


b) Porque é uma forma de reproduzir os valores étnico-raciais das culturas dominantes
brasileiras.
c) Porque essa reflexão promove o conhecimento das culturas mais simples e inferiores,
como, por exemplo, as culturas africanas e indígenas.
d) Porque o aprendizado da criança ao reconhecer-se em outras pessoas e se sentir
pertencida à sociedade acontece em meio às relações sociais e culturais.
e) Porque as relações étnico-raciais permitem avaliar as diferenças entre as culturas e
reconhecer qual é mais importante.

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Questão 3
3. O que é o mito da democracia racial?

a) É o mito que diz que não há discriminação e preconceito.


b) É o mito que diz que há discriminação e preconceito.
c) É o mito que diz que só há discriminação, mas não há preconceito.
d) É o mito que diz que só há preconceito, mas não há discriminação.
e) É o mito que diz que não há conflito entre as culturas.

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Questão 4
4. Por que as experiências vividas pela criança na instituição de educa-
ção infantil precisam ser inclusivas e promotoras da igualdade racial?

a) Porque a instituição de educação infantil é a principal agência que tem como objetivo
acabar com o preconceito racial.
b) Porque a criança aprende a ser respeitosa e a entender que há culturas mais elementares e
outras mais elaboradas.
c) Porque a lei nº 10.639/2003 promulga a inclusão e a igualdade racial.
d) Porque essas experiências apresentam pouca influência para a construção da identidade
da criança.
e) Porque essas experiências influenciam diretamente a construção da identidade da criança.

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Questão 5
5. O que a Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, alterou na LDB 9394/96?

a) Determinou que a história e a cultura afro-brasileira e africana precisam ser ensinadas


antes da história e da cultura europeia.
b) Tornou obrigatório o enfrentamento aos preconceitos e à discriminação racial em todas as
áreas do conhecimento.
c) Incluiu no currículo da educação básica a obrigatoriedade do ensino de história e cultura
afro-brasileira e africana.
d) Incluiu no currículo da educação básica a obrigatoriedade do ensino de história e cultura
afro-brasileira, africana, indígena e latino-americana.
e) Incluiu no currículo da educação básica a obrigatoriedade do ensino de história e cultura
indígena.

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Gabarito
1. Resposta: B. 5. Resposta: C.

Referem-se à etnia, a cultura e à Tornou obrigatório o ensino da história e da


sensibilidade. cultura afro-brasileira e africana.

2. Resposta: D.

Em meio à sua cultura, as crianças


aprendem a valorizar as diferentes etnias.

3. Resposta: A.
É um mito, pois ainda há preconceito e
discriminação.

4. Resposta: E.

A constituição identitária se dá em meio às


relações sociais e culturais.

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