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O CUIDAR E EDUCAR

O Cuidar e o Educar

Cuidar e educar são palavras que acarretam significados diferentes em nossa sociedade, porém nas
duas últimas décadas vem surgindo novos debates e questionamentos sobre o currículo das escolas
de Educação Infantil e seu papel no desenvolvimento das crianças durante os primeiros anos de vida.

Durante o início do século XIII um educador alemão chamado Friedrich Froebel (1782-1852) foi forte-
mente influenciado pelas contribuições pedagógicas de Pestalozzi, e fundou os Kindergarden. Os jar-
dins de infância criados por Froebel tinham como prioridade valorizar a infância, pois ele acreditava
que através das brincadeiras as crianças realizavam aprendizagens e sintetizavam as suas concep-
ções de mundo. Se focou no trabalho com crianças em idade pré-escolar. Segundo Aranha:

Froebel privilegiava a atividade lúdica por perceber o significado funcional do jogo e do brinquedo
para o desenvolvimento sensório-motor e inventou métodos para aperfeiçoar as habilidades. Estava
convencido de que a alegria do jogo levaria a criança a aceitar o trabalho de forma mais tranquila.
(2006, P. 201)

Em contrapartida as creches surgiram tanto no Brasil como na Europa, com o intuito de atender as
necessidades das operárias de possuírem um espaço para guardar seus filhos durante sua jornada
de trabalho. Com um caráter extremamente assistencialista, o único objetivo era atender as necessi-
dades básicas das crianças, tais como, alimentação e sono.

Em nossa sociedade desde o final da década de 1950, prevaleceu a concepção das creches como
um mal necessário, um espaço de má qualidade e poucos recursos. Esta situação só começou a mu-
dar depois da década de 1970, com o final da ditadura e o surgimento de movimentos populares com
o objetivo de reformar o ensino público do ensino primário até o nível superior.

Com a chegada da constituição de 1988 surgiram novas mudanças muito importantes para a educa-
ção pública, pois, a partir desta Lei Magna é que foi estabelecida a Lei de Diretrizes e Bases Da Edu-
cação Nacional nº 9394/96 que está em vigor até hoje e estabelece como deve funcionar a educação
dentro de todo o território nacional nas escolas públicas e privadas.

O atendimento em creches e pré-escolas para crianças de zero a seis anos, que já havia sido garan-
tido na constituição de 1988, passou a ser considerado como Educação Infantil e foi integrado a Edu-
cação Básica como a primeira etapa de ensino.

Entretanto como não se tornou obrigatório ficou sendo de responsabilidade do município e do estado.

Em 2013 a Lei 12.796, de 4 e abril, prevê a obrigatoriedade da matrícula das crianças aos 4 anos de
idade no ensino básico, devido esta medida a Educação infantil passou a ser considerada obrigatória
e ficou sobre a responsabilidade primeiramente dos municípios.

Devido esta medida começaram a surgir novos questionamentos sobre as práticas pedagógicas na
Educação Infantil. O principal ponto questionado foi a participação das crianças em sua aprendiza-
gem, torná-las protagonista do seu processo de desenvolvimento, desfazendo a concepção de que a
criança é uma tábua rasa. Para que a prática pedagógica aconteça de forma significativa é necessá-
rio que haja equilíbrio entre cuidar e educar.

Faz-se preciso pensar e entender que a criança realiza a leitura de seu contexto e reflete suas apren-
dizagens através de brincadeiras. A valorização da criança em seu processo de aprendizagem inicia
com os bebês na primeira infância, um período importante, pois, durante os primeiros meses de vida
o bebê se desenvolve muito rápido e aprende a fazer inúmeras conexões entre o que sente e o
mundo ao seu redor.

É necessário que haja alguém atendo as necessidades físicas e emocionais deste pequeno ser em
formação, pois ele é incapaz de sobreviver sozinho. Segundo Ortiz e Carvalho:

Consideramos que essa ação especifica são o que, no senso comum, chamamos de cuidados bási-
cos ou resposta às necessidades primordiais do bebê [...] o organismo humano é, incapaz de respon-
der a um estado de tensão fisiológica sozinho; o bebê é extremamente dependente do adulto para
sua sobrevivência. (2012, p. 33)

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A Educação Infantil é uma das etapas mais importantes da vida da criança, portanto o Cuidar e o
Educar são essenciais para o seu desenvolvimento neste período. A criança necessita de brincar,
descobrir, aprender e explorar o mundo a sua volta, pois, o contexto sócio-histórico em que a criança
está inserida é de grande importância para que o desenvolvimento dos aspectos físico, cognitivo, afe-
tivo e emocional.

Tanto o Cuidar e o Educar são essenciais ao desenvolvimento das crianças no período que se encon-
tra na Educação Infantil, mas os profissionais não devem esquecer-se de que o trabalho deve ser ela-
borado previamente planejando o que vai realizar, organizando os espaços, preparando o material a
ser usado para que possa desenvolver um bom trabalho e possam assim estar estimulando os pro-
cessos de desenvolvimento da criança num todo. Portanto, neste artigo faz-se uma reflexão sobre o
que consiste o cuidar e o educar, bem como, discute-se as bases do significado de cuidar e educar,
ressaltando seu caráter de unicidade, ao invés de dupla tarefa.

Para o trabalho ser realizado foi elaborado uma pesquisa bibliográfica onde foram consultados diver-
sos autores onde podemos destacar Freire, Oliveira, Vitória e principalmente o Referencial Curricular
Nacional da Educação Infantil. Cuidar e Educar são duas funções diferentes, mas devem ser associa-
das para o desenvolvimento da aprendizagem integral da criança.

Para a criança ter um bom desenvolvimento ela depende do cuidar e do Educar, sendo que o Cuidar
envolve a dimensão afetiva, como por exemplo, os aspectos biológicos do corpo, como a qualidade
de uma boa alimentação, dos cuidados com a saúde, a higiene do corpo o bem estar, etc. Já o Edu-
car está relacionado à educação, a promoção da aprendizagem proporcionando conhecimentos ne-
cessários para sua formação pessoal na vida adulta.

Sabemos que a Educação Infantil é considerada a primeira etapa da educação básica (título V, capi-
tulo II, seção II, art. 29), tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de
idade. Para todos esses aspectos é possível estabelecer elos, interações ou relações desde que à
ação pedagógica esteja permanentemente e em total vigilância.

Não podemos esquecer que o espaço em que a criança convive exige a presença e a mediação dos
adultos para conduzir as atividades e proporcionar um ambiente educativo, seguro e afetivo com pes-
soas qualificadas para poder acompanharem de forma correta as crianças nesse processo de cons-
trução do conhecimento para o desenvolvimento da aprendizagem significativa.

O objetivo da pesquisa é apresentar uma breve discussão para compreender melhor o ato de cuidar e
Educar na Educação Infantil.

Para alcançar o objetivo proposto foi necessária além das experiências pessoais uma pesquisa biblio-
gráfica onde foram consultados diversos autores que podemos destacar dentre eles: Ferreira, Freire,
Vitória e principalmente o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil.

O ato do Cuidar e do Educar implica em reconhecer que o desenvolvimento, a construção dos sabe-
res, a constituição do ser não ocorre em momentos e de maneiras compartimentada. Por isso deve-
mos garantir que o Educar e o Cuidar aconteçam de forma integrada através da ação conjunta de to-
dos os profissionais envolvidos neste contexto educacional.

De acordo com os PCN’s:

“A expansão da Educação Infantil no Brasil e no mundo tem ocorrido de forma crescente nas últimas
décadas, acompanhando a intensificação da urbanização, a participação da mulher no mercado de
trabalho e as mudanças na organização e estrutura das famílias. Por outro lado, a sociedade está
mais consciente da importância das experiências da primeira infância, o que motiva demandas por
uma educação institucional para crianças de zero a seis anos”. (PCN’s, 1998, v.1, p.11).

A Educação Infantil passou por muitas transformações caracterizando-se historicamente pelo assis-
tencialismo, com isso as creches tinham somente a função de cuidar das crianças das mães que tra-
balhavam na indústria e, também como empregadas domésticas, mas, não se preocupava em edu-
car.

Somente a partir da constituição de 88 surge uma nova concepção de Educação Infantil onde começa
a se destacar o cuidar e o educar como pontos fundamentais e imprescindíveis para o trabalho com

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as crianças. Onde ficou assegurado na Constituição Federal de 1988, em seu em seu artigo 208, o
inciso IV: “[...] O dever do Estado para com a educação será efetivado mediante a garantia de oferta
de creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade” (BRASIL, 1988).

O Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNEI) traz no artigo 29 que a Educação In-
fantil tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físicos, psicológi-
cos, intelectual e social, completando a ação da família e da comunidade. As habilidades e as compe-
tências apontadas são desenvolvidas na criança através da interação dela com o meio, e fica clara aí
a valorização a socialização e a discussão, propondo orientações curriculares tendo como embasa-
mento o processo de desenvolvimento e de aprendizagem da criança.

De acordo com Ferreira (1989, p.146) cuidar significa: “imaginar, meditar, cogitar, julgar, supor. Apli-
car atenção, o pensamento, a imaginação. Ter cuidado. Fazer os preparativos. Prevenir-se. Ter cui-
dado consigo mesmo”, em outras palavras podemos dizer que cuidar é dar atenção é se preocupar
com os cuidados básicos para que a criança se sinta bem.

O Cuidar exige que os profissionais fiquem atentos aos imprevistos que possam acontecer com as
crianças e se preocupe com os cuidados necessários ao desenvolvimento. A criança precisa se ali-
mentar, adquirir hábitos de higiene a interagir com o outro, pois tudo isso que ela recebe nesta fase é
muito importante e ajuda no desenvolvimento da aprendizagem da mesma.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNEI, 1998):

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas


de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de rela-
ção interpessoal, de ser, e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito, confi-
ança, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.

(RCNEI, 1998, p.23).

O Educar tem um papel fundamental na Educação Infantil, pois na maioria das vezes vemos as crian-
ças como seres indefesos e inocentes e, até mesmo incapazes, mas isso são formas errôneas de se
ver as crianças. Ao contrário do que pensamos, elas são surpreendentes e capazes de ações e atitu-
des inesperadas pelo adulto e é por meio das capacidades de pensar, agir, sentir das crianças que o
Educar deve ser fortalecido cada vez mais começando pela Educação Infantil.

Já o Cuidar, na maioria das vezes é influenciado pela família através dos valores em relação à saúde
e ao desenvolvimento infantil, visto que as necessidades básicas como a alimentação, a medicação,
a proteção, a higiene, enfim tantas outras podem ser modificadas com o contexto sócio cultural.

Sobretudo os professores não podem deixar de lado ainda as necessidades afetivas que servem tam-
bém de base para que desenvolva um trabalho educacional que favoreça e conduza na descoberta e
construção de sua identidade, apropriando-se de saberes necessários à constituição de sua autono-
mia para o desenvolvimento do ensino aprendizagem.

O Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNEI, 1998) diz que o Cuidar, serve de sub-
sídio no momento em que afirma:

O desenvolvimento integral depende dos cuidados relacionais, que envolvem a dimensão afetiva e
dos cuidados com a saúde, quanto da forma como esses cuidados são oferecidos e das oportunida-
des de acesso aos conhecimentos variados, (RCNEI, 1998, p.24).

Através do Cuidar auxiliamos a criança em seus primeiros passos, descobertas, e ajudamos a desen-
volver suas capacidades, explorando sua criatividade. Devemos lembrar que os cuidados não se refe-
rem apenas aos aspectos do corpo, mas envolvem também uma dimensão afetiva, pois a criança
precisa se sentir amada pelas pessoas a sua volta.

Ainda no Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNEI, 1998) a respeito do cuidar diz
que:

O cuidado precisa considerar, principalmente, as necessidades das crianças, que quando observa-
das, ouvidas e respeitadas, podem dar pistas importantes sobre a qualidade do que estão recebendo.

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Os procedimentos de cuidado também precisam seguir os princípios de promoção da saúde. Para se


atingir os objetivos dos cuidados com a preservação da vida e com o desenvolvimento das capacida-
des humanas, são também necessário que as atitudes e procedimentos estejam baseados em conhe-
cimentos específicos sobre desenvolvimento biológico, emocional e intelectual das crianças, levando
em conta diferentes realidades sócio-culturais (RCNEI, 1998, p. 25).

A influência das crenças e dos valores na forma de Cuidar da saúde, da educação e até do desenvol-
vimento infantil podem ser modificadas e acrescidas de outras de acordo com o contexto sócio cultu-
ral em que ela vive. E estas ações podem ressaltar o desenvolvimento integral da criança, visto que
as necessidades básicas para se Cuidar de uma criança como: alimentação, saúde, proteção, higi-
ene, etc., são as mesmas em qualquer situação em que vive. Desta forma fica claro, no papel desig-
nado ao Cuidar, a necessidade de envolvimento e comprometimento do professor com a criança em
todos os seus aspectos, e a compreensão sobre o que ela sente e pensa o que traz consigo a sua
história e seus desejos.

Tanto os professores como as famílias devem valorizar muito esta etapa educacional da vida das cri-
anças.

De acordo com Vitória, 2002:

É fato que o processo educativo é realizado de várias formas: na família, na rua, nos grupos sociais,
e também na escola. Educar, nessa primeira etapa da educação básica, não pode ser confundido
com cuidar, ainda que as crianças necessitem de cuidados elementares. Por isso cuidar e educar são
conceitos que devem estar associados ao tratamento dispensado à criança, já que alem de receber
cuidados básicos, a criança precisa desenvolver sua identidade pessoal e social. (VITÓRIA 2002, p.
18).

Fica claro que o processo educativo acontece em todos os ambientes, não exclusivamente na escola,
pois, a família, o grupo social são os grandes responsáveis pelas experiências que ela adquire. Deve-
mos destacar que os primeiros contatos que a criança recebe com o meio acontecem na família.
Tanto o Cuidar como o Educar serve de base para serem trabalhados no desenvolvimento da apren-
dizagem.

Freire, 1983 destaca que:

Quando se tira da criança a possibilidade este ou aquele espaço da realidade, na verdade se está ali-
enando-a da sua capacidade de construir seus conhecimentos. Porque o ato de conhecer é tão vital
quanto comer ou dormir, e eu não posso comer por alguém, (FREIRE, 1983, p. 36).

O Cuidar e o Educar na Educação Infantil são eixos inseparáveis que, caracterizam e constituem o
espaço e o ambiente escolar nesta etapa da educação, pois um complementa o outro e ambos preci-
sam estar integrados para auxiliarem no processo do desenvolvimento e na construção da autonomia
da criança.

Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil observamos a questão do Cuidar e
Educar:

As instituições de Educação Infantil devem definir em suas propostas pedagógicas, práticas de edu-
cação e cuidados, que possibilitem a integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cog-
nitivo linguísticos e sociais da criança, entendendo que ela é um ser completo, total e indivisível. (Re-
solução nº022/98, artigo 3º inciso III).

Fica claro a proposta de integração entre o Cuidar e o Educar na Educação Infantil, no entanto, são
duas práticas que devem caminhar de maneira indissociável, auxiliando a criança para desenvolver
suas capacidades de conhecer-se e valorizar-se, compreendendo a importância de si mesma e res-
peitando o diferente, o outro, cultivando valores de solidariedade, cooperação e amizade para o seu
desenvolvimento.

Para Cuidar é preciso um comprometimento com o outro, com sua singularidade, ser solidário com
suas necessidades, confiando em suas capacidades. Isso inclui o que a criança sente, pensa o que
ela sabe sobre si e o mundo, visando à ampliação desse desenvolvimento e de suas habilidades,
que, aos poucos, tornarão mais independentes e mais autônomas.

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Já para Educar, é necessário que o professor crie situações significativas de aprendizagem, se quiser
alcançar o desenvolvimento de habilidades cognitivas, psicomotoras e sócio afetivo, e que fundamen-
tal que a formação da criança seja vista como um ato inacabado, sempre é sujeito a novas inserções,
e novos recuos, a novas tentativas.

A equipe da instituição deve trabalhar em conjunto para que a ação do Cuidar e do Educar aconteça
de forma integrada. O professor precisa interagir com essas duas ações em sua prática de uma forma
criativa e dinâmica, onde todos os espaços e momentos vivenciados na escola favoreçam a constru-
ção da aprendizagem.

A formação do educador também de suma importância e deve estar baseada na concepção de Edu-
cação Infantil para entender as reais necessidades das crianças. Ele deve ser criativo, flexível, aten-
dendo à individualidade e ao coletivo, devendo buscar a superação da dicotomia educação/assistên-
cia, levando em conta o duplo objetivo da Educação Infantil de Cuidar e Educar.

Com os estudos chegamos á conclusão que as práticas de Cuidar e Educar são indissociáveis no tra-
balho com a Educação Infantil. Quando atendemos as necessidades das crianças estamos cuidando
e no momento em que ensinamos estamos educando, e esta prática requer que os profissionais te-
nham objetivos em suas ações.

A escola de Educação Infantil deve compreender que o espaço e o tempo em que à criança vive exi-
gem cuidados físicos e crie condições para o desenvolvimento cognitivo, simbólico e emocional pro-
porcionando condições para o desenvolvimento integral da criança.

Como vimos Cuidar e Educar, de acordo com as novas diretrizes deve caminhar junto. O planeja-
mento educacional deve contemplar estas ações sendo que o professor deve ser o mediador para
que a criança se relacione com as demais e também deve estimular a realização das mais diversas
atividades pedagógicas proporcionando às crianças momentos que aprendam a tomar decisões dire-
cionadas ao aprendizado e possam construir hábitos e atitudes corretas.

Portanto no Cuidar e Educar deve estabelecer uma visão integrada do desenvolvimento da criança
com base em concepções que respeitem seus interesses e necessidades para que ocorra desta
forma o desenvolvimento integral da mesma.

A importância para o desenvolvimento da criança deve começar desde os seus primeiros momentos
de vida. Desde os primeiros meses de vida, a criança demonstra sinais de interação com o ambiente
que a cerca, seja no olhar que acompanha os passos da mãe e dos profissionais que estão ao seu
redor no dia-a-dia na unidade, seja no sorriso que dá para quem está presente. O estímulo dado à
criança desde cedo, é que vai determinar seu desenvolvimento. Por isso, é importante saber como
agir para garantir um crescimento saudável e enriquecedor às crianças.

E a educação infantil tem como objetivo não apenas cuidar, mas também educar as crianças que ali
estão, não que devemos assumir o papel de pai e mãe, mas um educar no sentido pedagógico que
venha contribuir para o desenvolvimento integral da criança em todas as áreas. Hoje, a nossa educa-
ção infantil que faz parte da educação básica do País não possui mais um caráter assistencialista
como era antigamente, é também educativo. Sabemos a importância e o papel pedagógico, educativo
e social desta fase da criança, mas infelizmente, algumas pessoas que ainda possuem uma visão er-
rada da nossa educação infantil pensa que ali somente cuida.

Acredito que cuidar e educar estão fundamentados ao ofício e a excelência do verdadeiro educador,
pois quando cuidamos, educamos; essa é a maneira mais saudável e motivadora para garantir o de-
senvolvimento da criança, envolvendo os aspectos físicos, emocionais, sociais, cognitivos. Sentir en-
tusiasmo e ousadia de se construir um profissional com um perfil que se funde em experiências e
competências pedagógicas, capazes de entender as necessidades e interesses das crianças em
cada momento e a realidade vivida por elas.

Entendo que o professor é um mediador de novas conquistas e precisa sempre oferecer diversas
possibilidades educacionais para que a criança descubra suas potencialidades. Atento e carinhoso,
ele amplia e sistematiza os conhecimentos, sempre valorizando e respeitando as hipóteses, interes-
ses, a criatividade e maneiras de expressão das crianças. Portanto, é de grande importância de se

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trabalhar com a construção do vínculo afetivo diante do seu impacto no desenvolvimento humano in-
tegral. Não basta apenas conhecer materiais e técnicas pedagógicas, mas é preciso ter sensibilidade,
elucidação, produzir motivação, ajudar a criança a encontrar o caminho de descobertas e compreen-
são do mundo para que ela possa construir sua própria identidade e se humanizar de maneira lúdica,
colorida e educativa.

De acordo com Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI (1998), o professor
tem um papel muito importante na construção de uma proposta curricular de qualidade, para tanto se
faz necessário que ele esteja comprometido com a prática educacional, estando, dessa forma, prepa-
rado para lidar com eventuais situações que possam a vir acontecer no decorrer do cotidiano escolar.
O trabalho direto com as crianças pequenas exige que o professor saiba trabalhar com conteúdos de
naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos
provenientes das diversas áreas do conhecimento. E por sua vez, demanda também uma formação
bastante ampla e profissional que deve tornar-se ele também um aprendiz, refletindo constantemente
sobre sua prática, dialogando com as famílias e buscando informações necessárias para o trabalho
que desenvolve.

O professor também deve fazer sua parte, procurando uma contínua formação tentando fazer de
cada momento de cuidado, um momento educativo e lúdico. Deve estar ainda sempre fazendo cursos
que possam facilitar suas práticas no cotidiano escolar, para dessa forma estar preparado para traba-
lhar e enfrentar os obstáculos do dia a dia escolar, assim como incluir em seus planejamentos ativida-
des que integrem o cuidar e o educar de forma prática.

Penso que para ter uma educação infantil de qualidade, é importante que o cuidar e o educar andem
juntos, e que família e escola estejam conscientes de seus papéis, pois, escola não trabalha sozinha,
é preciso da parceria dos pais onde precisam ajudar na educação do filho através do diálogo, dos es-
tímulos, participando das reuniões, levar a crianças todos os dias na creche ou escola, pois a assidui-
dade é de suma importância para que a criança tenha uma boa adaptação e socialização ao ambi-
ente, aos colegas e professores e um bom desenvolvimento no ensino aprendizagem.

Enfim, a família está por trás do sucesso escolar do filho, se colaborar para que isso aconteça, pois
escola e família tem os mesmos objetivos, que é o sucesso na aprendizagem do filho de forma signifi-
cativa.

A realidade tem mostrado as dificuldades instaladas ao longo de décadas de uma prática nas institui-
ções de educação infantil, em que cuidar remete à ideia de assistencialismo e, educar à de en-
sino/aprendizagem.

Buscamos discutir a questão principal partindo do pressuposto: será que os educadores estão cum-
prindo seu papel do cuidar e educar dentro dos espaços das escolas e porque alguns não desenvol-
vem a prática pedagógica e se acomodam exercendo somente o cuidar?

A pesquisa tem como objetivo compreender, e refletir sobre as práticas assistencialistas ainda exis-
tentes em creches e escola, melhorar a qualidade no atendimento para o reconhecimento e valoriza-
ção dos educadores entrevistados.

Os objetivos específicos estão respaldados em:

- Identificar a natureza das relações do cuidar e o educar;

- Analisar o histórico e evolução da educação infantil referente ao cuidar e educar;

- Observar e comparar as concepções dos educadores em relação à verdadeira função da escola.

A pesquisa será embasada no (RECNEI, 2008), pois concebem a qualidade de ensino desse nível de
ensino, tornando se referencia para orientar as práticas pedagógicas. De acordo com o MEC (1995),
os critérios para atendimentos em creches primeiramente devem respeitar os direitos fundamentais
de todas as crianças envolvidas nesse meio.

Conforme consta na Lei de Diretrizes e Bases 9.394, art. 29° a educação infantil, primeira etapa da
educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade,

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em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da co-
munidade. Essa lei evidencia o comprometimento com os educadores, pais, comunidade e poder pú-
blico.

Diante disso, a escolha deste tema surgiu quando comecei a trabalhar em uma escola municipal, no
município de Cuiabá. Antes de começar a trabalhar não sabia qual era papel das escolas, depois com
a convivência e a experiência, pude perceber a ação do cuidar e educar.

O mundo em que vivemos passa por diversas modificações, e uma das maiores preocupações é o
que diz a respeito da educação, principalmente na educação infantil que a criança está em processo
de construção de conhecimento. E na correria do dia a dia os pais colocam seus filhos nas escolas,
alguns se preocupam com os filhos se estão e boas mãos, e se estão cumprindo com o papel peda-
gógico com base nas leis do direito da criança. E a cada dia que passa as exigências no mercado de
trabalho aumentam, e muitos não têm condições de pagar escolas particulares e optam pela escola
confiando na competência da gestão escolar.

Assim investigaremos a consciência do profissional com relação à atuação dos professores e de téc-
nicos de desenvolvimento infantil (TDIs) . Essa pesquisa será através de entrevistas com os Profes-
sores e Técnicos de Desenvolvimento Infantil. Surge também interrogações como futura Pedagoga.

O intuito maior é compreender as concepções dos educadores referentes ao cuidar e educar na edu-
cação infantil. A fim de contribuir para os educadores, para que o trabalho nas creches não continue
no cuidado e assistencialismo.

Metodologia

O tipo de pesquisa utilizado foi a pesquisa de campo, que procede a observação de fenômenos junta-
mente com a análise de dados com fundamentação teórica, objetivando sua compreensão, explica-
ção do problema pesquisado. Os objetivos propostos nesta pesquisa são de cunho qualitativo.

Os sujeitos participantes foram selecionados com critério de estar atuando em creche no mínimo á
um ano. A entrevista foi realizada com 3 (três) Professores e Técnicas de Desenvolvimento Infantil,
em uma escola municipal da cidade de Cuiabá.

A coleta de dados foi feita com perguntas abertas, designadas aos educadores. Com a pretensão de
estimular os entrevistados á desenvolver projetos que estimulem a ação do cuidar e educar.

As entrevistas ocorreram no local de trabalho com as seguintes questões: Qual a sua formação? E há
quanto tempo trabalha como Professor e Técnico de Desenvolvimento Infantil? Qual é sua função
dentro da escola? O que significa o cuidar e educar para você? É possível cuidar e educar ao mesmo
tempo? Por quê? O que você poderia fazer como educador para melhorar o reconhecimento e a valo-
rização da verdadeira função da escola?

As entrevistas foram transcritas para o papel, respeitando a autenticidade da fala de cada um.

Com o objetivo de compreender, e refletir sobre as práticas assistencialistas ainda existentes em es-
cola e melhorar a qualidade no atendimento para melhor reconhecimento e valorização dos educado-
res entrevistados. Foram realizadas em uma única vez pela pesquisadora desse estudo, ocorreu em
19 de novembro de 2012.

Em nenhum momento durante a entrevista foi solicitado o nome dos participantes por motivo de ano-
nimato do pesquisado.
Referencial teórico

A pesquisa partiu de estudos de grandiosos autores: como Paulo Freire (1996), Eulália Bassedas
(1999), Teresa Huguet (1999), Isabel Solé (1999), e o RECNEI (2008). Esses autores contribuíram
teoricamente com o tema abordado.

Uma outra fonte de pesquisa foi a LDB (Leis de Diretrizes e Bases da Educação) documento de suma
importância para educação, que passa por reformulações para atender a educação infantil desde a

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primeira etapa da educação básica, com a ?nalidade do desenvolvimento integral da criança. Já no


titulo VI ressalta a importância dos profissionais da educação, com ênfase na formação para atuar
dentro da sala de aula.

Paulo Freire apontou no livro “Pedagogia da Autonomia” a necessidade da formação do docente, jun-
tamente com a prática reflexiva. Sua preocupação de educador, destacando o leitor á criticidade.

Eulália Bassedas, Teresa Huguet, Isabel Solé, em aprender e ensinar á educação, um livro útil de re-
flexão, análise da prática com ênfase em planejamento, destacando como ferramenta de organização
para o educador.

Por fim na tentativa de compreender o cuidar e o educar na educação infantil a fonte utilizada foi o
RECNEI 2008, volume 1 e 2 que concebem a qualidade de ensino desse nível de ensino, tornando se
referencia para orientar as práticas pedagógicas.

Desenvolvimento da Pesquisa

Histórico da educação infantil

As creches e pré-escolas surgiram a partir da revolução industrial. Com a necessidade de um lugar


fora do lar, para as crianças. Outro fato que deve ser lembrado que para alguns naquela época, es-
sas instituições iriam proporcionar conforto, segurança contra as influencias negativas. Podemos di-
zer então que as creches surgiram a partir de mudanças econômicas, políticas e sociais que ocorre-
ram na sociedade.

E com as mulheres no mercado de trabalho, as famílias foram se organizando, com um novo papel
da mulher e com isso a necessidade de ter um lugar para deixar as crianças aumentou.

A trajetória da creche foi marcada pelo assistencialismo, durante muito tempo para abrigar crianças, a
preocupação era somente com a higiene. Depois de muitos movimentos sociais e reivindicações na
década de 80, chegaram conclusão que as creches visavam o pleno desenvolvimento das crianças.
Finalmente a constituição de 1988 reconhece como direito da criança e dever do Estado o acesso à
educação com creches e pré-escolas.

Formação Do Educador Infantil

O profissional da educação infantil tem que gostar do que faz ter competência com planejamentos,
trabalhar com conteúdos de naturezas diversas e com os cuidados básicos.

O mundo passa por diversas modificações e exige qualificação no mercado de trabalho. O educador
deve estar sempre com seus conhecimentos atualizados. Compete a ele uma participação integral
com a gestão da instituição.

A formação do educador na educação infantil é um direito das crianças e dos próprios educadores.

A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licen-
ciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como
formação mínima para o magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fun-
damental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal. (LDB-9394/96 TITULO VI, ART.62)

A formação de docentes para trabalhar em escolas deve ter nível superior e os Técnicos de Desen-
volvimento Infantil o magistério. Significa um avanço na educação, antigamente qualquer individuo
sem formação, poderia trabalhar nas instituições de ensino, principalmente nas creches, a preocupa-
ção evidenciava somente o cuidado aos pequenos.

Perfil do profissional da Educação Infantil

As atuais reflexões em relação ao papel do adulto na educação de crianças pequenas estão incluídas
na LDB (Lei de Diretrizes e Bases), na nova concepção de creche e pré - escola.

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A função do profissional da educação infantil vem passando por diversas modificações e reformula-
ções ao longo do tempo. Estudo sobre a concepção da criança vem determinando a formação do
educador infantil.

O profissional deve estar atento ás mudanças e á diversidades das crianças com as quais trabalham,
para atender com qualidade no desenvolvimento integral.

Como dizia FREIRE, em Pedagogia da Autonomia, pg. 35: ensinar exige risco, aceitação do novo e
rejeição a qualquer forma de discriminação.

Significa que para ensinar o educador deverá aceitar as mudanças decorrentes do dia a dia e ampa-
rar qualquer tipo de discriminação.
O professor da educação infantil, precisa de mais formação continuada para ser reconhecido social-
mente e garantir aprendizagens eficazes.
O cuidar e educar como elementos articuladores da ação pedagógica

De acordo com a lei de diretrizes e bases da educação nacional (LDB), o cuidar e o educar devem
agir em conjunto, juntamente com a equipe pedagógica da instituição. Assim garantido uma forma in-
tegrada, nas metodologias aplicadas.

Art. 5º A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, é oferecida em creches e pré-esco-
las, as quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabeleci-
mentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade
no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente
do sistema de ensino e submetidos a controle social.(Resolução CNE/CEB 5/2009. Diário Oficial da
União de Brasília,18 de dezembro de 2009, Seção 1, p. 18.)

Com base na resolução do art. 5° a educação infantil deve ser oferecida em creches para crianças de
0 á 3 anos e pré- escolas de 4 a 5 anos. Antigamente as creches se preocupavam em somente abri-
gar crianças, sem nenhum intuito de aprendizagem. Após varias reivindicações, reconheceram a ne-
cessidade de acrescentar o educar em creches e pré-escolas.

Representa um avanço na qualidade de ensino da educação infantil, com ênfase em incluir o educar,
garantindo melhoria na proposta pedagógica e suprindo as exigências dos novos desafios da educa-
ção.

Existem duas concepções que devem ser articuladas nas instituições (escolas) como:

Compreender o cuidar, na dimensão institucional, é estar atento aos movimentos das crianças, preve-
nindo para que nada de mal aconteça. Por outro lado o cuidar preocupa-se também nos aspectos que
fazem parte da necessidade do individuo, como alimentação, saúde, segurança e afetividade.

Conforme definição da língua portuguesa cuidar significa: imaginar, meditar; cogitar. 2.julgar, supor.
T.i. 3.cuidar (2). 4. aplicar à atenção, o pensamento, a imaginação. 5.ter cuidado (2). 6. fazer os pre-
parativos. 7. cuidar (2). P.8. Prevenir se. 9. ter cuidado consigo mesmo. (FERREIRA, Aurélio Buarque
de Olanda, 1910-1989 miniaurelio século XXI escolar: o minidicionario da língua portuguesa. 4.
ed.rev.ampliada.-Rio de Janeiro: Nova Fronteira,2000.)

Implica, dessa forma, em fazer o melhor para criança, de acordo com a necessidade de cada um. O
termo cuidar é responsabilidade, dedicação. Os profissionais envolvidos se encarregam de estar
atentos ás atitudes e procedimentos tomados dentro da instituição.

O cuidado na UEI (Unidade de Educação Infantil) deve-se basear nos princípios da preservação da
vida para um mundo melhor relevando o seu contexto sociocultural.

Um educador de qualidade respeita as necessidades de cada criança, quando ouvidas, interpretadas


e respeitadas as tomadas de decisões procedimentais são feitas com sucesso.

O cuidar está interligado a tudo o que acontece no dia a dia na escola, desde a alimentação, até a se-
gurança. Na hora da refeição todo cuidado é pouco. A atenção nos atos que a criança faz como não

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O CUIDAR E EDUCAR

jogar o alimento fora, cuidar para que o outro colega não pegue sua refeição e observar e incentivar
as crianças na alimentação são pequenas coisas, mas que fazem parte do seu desenvolvimento inte-
gral.

O educar se refere ao aprendizado da criança. Fator esse que contribui para o processo de formação,
juntamente com o cuidar. A família e a instituição é a base para educá-lo, aspectos esses que devem
se unir para um bom resultado.

Na tendência cognitiva de trabalho na educação infantil a criança concebida como um ser construtor,
que pensa e, como tal, constrói seu conhecimento, reinventa conteúdos, aprende a partir da interação
que estabelece com o meio físico social desde o seu nascimento, passando por diferente estagio de
desenvolvimento com isso o professor tem que ter bastante conhecimento sobre o cognitivo infantil.

Ensinar a criança conhecer, a cuidar de si, a explorar o ambiente é uma forma de educar. Mostrar
para as crianças as transformações que ocorrem no mundo, é colaborar com o ensino e aprendizado,
uma ferramenta fácil, principalmente quando usado os fatos vivenciados no dia a dia.

Análise e Discussão

Esta pesquisa foi realizada em uma escola municipal de Cuiabá, Mato Grosso. Esta instituição atende
crianças de quatro e cinco anos. Atualmente atende 100 crianças, com duas salas no período matu-
tino e duas no período vespertino. O diretor da escola foi educado e entendeu a preocupação a res-
peito do assunto abordado na pesquisa.

A escola conta com 04 professores e 02 técnicos de desenvolvimento infantil, onde em cada sala fi-
cam oito técnicos em cada período com aproximadamente 25 crianças. Na sala onde foi feita a entre-
vista conta com quatro educadoras que já possuem Pedagogia, as outras 2 estão cursando. Sendo
uma efetiva, e cinco contratadas pela prefeitura de Cuiabá.

Ao entrar na instituição com o questionário as educadoras ficaram assustadas, perguntaram o porquê


da entrevista, foi explicado e concordaram em responder o
questionamento. Não aconteceu nenhum tipo de interferência durante a pesquisa.

Primeiramente foi observado o Plano Político Pedagógico da instituição, onde se encontra em atuali-
zação, pelos educadores e demais funcionários da escola. Muito bem elaborado, mas falta fazer al-
guns ajustes.

De acordo com resolução de Brasília, as creches se caracterizam por ambientes não domésticos,
mas instituições onde se desenvolvem o cuidar e educar tantos públicos ou privados.

Na educação infantil existem dois aspectos articulados, o cuidar e o educar e devem ser compreendi-
dos com a prática, focalizando o atendimento as necessidades físicas, emocionais, afetivas, cogniti-
vas e sociais de forma integrada.

Já a educadora 3: Cuidar de crianças especiais, entende-se que ela somente cuida não educa , e tra-
balha com crianças há 02 anos. Muitos não conhecem sua função e não se valorizam e a mesma
disse que os pais as consideram como babás.

Para que haja sucesso em qualquer tipo de instituição, a proposta pedagógica é á identidade da insti-
tuição, construída coletivamente e concretizada em um bom planejamento. Serve como uma referên-
cia para instituição não podendo ser encarada como uma lei rígida que tem que ser seguida. Deve
ser flexível e de acordo com a realidade e a necessidade do aluno, devendo considerar as orienta-
ções contidas no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RECNEI).

Considerando a dimensão histórica, sobre a educação de crianças até os cinco anos de idade, ado-
tou se três princípios básicos, a saber: éticos, políticos e estéticos.

Art. 6º As propostas pedagógicas de Educação Infantil devem respeitar os seguintes princípios:


I – Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum, ao
meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades.

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O CUIDAR E EDUCAR

II – Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática.


III – Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas dife-
rentes manifestações artísticas e culturais.

Esses princípios devem orientar as práticas educativas, com o objetivo de construção de uma socie-
dade democrática e justa, dando ênfase á valorização da construção de identidades.

Uma atenção particular deve ser voltada para as crianças com necessidades especiais que, devido
ás suas características peculiares, estão mais sujeitas á discriminação. Ao lado dessa atitude geral,
podem criar situações de aprendizagem em que a questão da diversidade seja tema de conversa de
trabalho. (RECNEI 2008, vol. 2, pág.41)

Implica o educador saber trabalhar com criatividade e incluir a criança especial juntamente com as
outras crianças, criando situações de aprendizagens com os recursos que a escola favorece.

O domínio da fala diversifica as modalidades de interação, favorecendo o intercâmbio de idéias, reali-


dades e pontos de vista. A observação das interações espontâneas revela o quanto as crianças con-
versam entre si. Não seria possível inventariar os possíveis temas de conversa, pois o repertório é
infinito, refletindo vivências pessoais, desejos, fantasias, projetos, conhecimentos.

Por exemplo, ao conversarem sobre assuntos do universo familiar de cada um, todos os participantes
se enriquecem, pela oportunidade de expressão e de contato com outras vivências. Dada a importân-
cia do diálogo na construção de conhecimento Para que a deliberação coletiva sobre regras de convi-
vência seja transformada em conteúdo mais sistematizado, pode-se pensar no registro delas.

Dependendo a dificuldade do aluno especial, alguns jogos e brincadeiras de parque ou quintal, envol-
vendo o reconhecimento do próprio corpo, o do outro e a imitação, podem se transformar em ativida-
des da rotina. Bons exemplos são “Siga o Mestre” e “Seu Lobo”3 , porque propõem a percepção e
identificação de partes do corpo e a imitação de movimentos.
Considerações finais

Durante a pesquisa, foi observado que o cuidar e o educar são inseparáveis. Alguns educadores co-
nhecem a verdadeira função da escola, cuidam e educam as crianças nas instituições. Algumas esco-
las ainda lutam com a dicotomia do assistencialismo.

Essa pesquisa foi enriquecedora, pois para as educadoras da escola de Cuiabá MT, que ficaram feli-
zes com a entrevista, e será desenvolvido um projeto para que todos conheçam a função da creche e
o binômio cuidar e educar, voltado para os educadores, comunidade e pais, melhorando assim a va-
lorização do trabalho desenvolvido com as crianças dessa instituição.

Os debates apontaram à necessidade das escolas adotarem de forma integrada o cuidar e o educar,
a fim de permear todo projeto pedagógico da instituição, com um único objetivo o desenvolvimento
integral das crianças respeitando seus aspectos físicos, intelectual e social.

A respeito da formação do educador, precisa melhorar ainda mais, deve haver um comprometimento
com a equipe gestora da instituição e elaborar um método para colocar em prática tudo que é falado
nas reuniões de roda de conversa.

Para concluir com relação á entrevista feita, a equipe gestora deve se unir coletivamente, e estar por
dentro do que acontece no dia a dia da escola, ver se o planejamento está sendo e feito e executado.

Tudo isso contribui para o binômio cuidar e educar, pois o ser humano quando não é cobrado ele
acaba se acomodando, não querendo sair da sua zona de conforto e ficando no comodismo e so-
mente nas práticas assistencialistas.

Compete também o poder público tomar consciência sobre as políticas públicas no que diz a respeito
do direito á infância, para melhorar a forma de atendimento nas instituições de educação infantil.

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