UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA A DISTÂNCIA CEDERJ
Disciplina: Monografia 2
Modalidade do trabalho: Artigo

Cuidar e Educar na Educação Infantil

Orientadora: Sara Moitinho da Silva

Nome do Aluno: Luciana Diniz Almeida

Matrícula e Pólo: 17112080408 - Resende
 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE
EDUCAÇÃO E HUMANIDADES FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Artigo de Conclusão de Curso

Cuidar e Educar na Educação Infantil

Luciana Diniz Almeida / 17112080408

Artigo apresentado, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciatura

Plena em Pedagogia, da Faculdade de Educação da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro, em EAD, CEDERJ.

Resumo

O tema Cuidar e Educar na Educação Infantil tem como objetivo analisar as

concepções e divergências enfrentadas pelos educadores da educação infantil com relação à
atuação do cuidar e educar, pois são dois lados indissociáveis que andam juntos. Porque, no
momento que a criança recebe a assistência, ao mesmo tempo ela está sendo educada do que
pode e o que não pode fazer. O primordial no cuidado humano é compreender como ajudar o
outro a se desenvolver como ser humano. Cuidar significa valorizar e ajudar a desenvolver
capacidades. O cuidado é um ato em relação ao outro e a si próprio, que possui uma dimensão
expressiva e implica em procedimentos específicos. Educar na primeira fase da vida não se
deve confundir com cuidar, pois o que deve mediar o debate não são os cuidados e sim de que
forma as crianças devem recebê-los, porque são direitos inalienáveis à infância. Entender sua
importância nas séries iniciais ajudará a compreender a forma de contribuir para o
desenvolvimento cognitivo, linguístico, psicomotor e sócio afetivo da criança. Então
pergunto, quais as concepções dos educadores da Educação Infantil sobre o Cuidar e o
Educar? Será que essas concepções são trabalhadas juntas ou separadas? Para buscar esta
resposta será trabalho uma metodologia de pesquisa bibliográfica, juntamente com a pesquisa
de campo, no qual a pesquisa bibliográfica tem como ferramenta primordial a leitura de
textos, retirando as informações necessárias. Enquanto uma pesquisa de campo é a busca de
informações em espaços educativos para a coleta de dados para a pesquisa. A instituição
conta com nove educadoras e sete auxiliares na Educação Infantil, sendo que a pesquisa será
realizada apenas com quatro educadoras, que analisarei suas atuações dentro e fora de sala,
além de um questionário aplicado. Após explicar o motivo da pesquisa para a direção da
escola e para as professoras, foi entregue o mesmo para ser respondido e organizar os dados
coletados. Além de pesquisar em textos, livros, artigos, PCN1 e LDB2 da Educação Infantil,
terá como teóricos para sustentação ao trabalho como Froebel, Garcia e Signorette.

Palavras chave: Cuidar, Educar, Educação Infantil.

1
PCN – Parâmetro Curricular Nacional

2
LDB – Lei de Diretrizes e Base da Educação
 Caring and Educating in Early Childhood Education

Abstract
The theme Caring and Educating in Early Childhood Education aims to analyze the
conceptions and divergences faced by early childhood educators regarding the role of caring
and educating, as they are inseparable sides that go together. Because, the moment the child
receives assistance, at the same time he is being educated about what he can and cannot do.
The primordial aspect of human care is to understand how to help others to develop as human
beings. Caring means valuing and helping to develop skills. Care is an act in relation to the
other and to oneself, which has an expressive dimension and implies specific procedures.
Educating in the first phase of life should not be confused with caring, because what should
mediate the debate is not care, but how children should receive it, because they are
inalienable rights to childhood. Understanding its importance in the initial grades will help to
understand how to contribute to the child's cognitive, linguistic, psychomotor and affective
social development. So I ask, what are the conceptions of Early Childhood educators about
Caring and Educating? Are these conceptions worked together or separated? To search for
this answer, a bibliographic research methodology will be used, together with field research,
in which bibliographic research has as its primary tool the reading of texts, removing the
necessary information. While a field research is the search for information in educational
spaces for the collection of data for research. The institution has nine educators and seven
assistants in Early Childhood Education, and the research will be carried out with only four
educators, who will analyze their performance inside and outside the classroom, in addition to
an applied questionnaire. After explaining the reason for the research to the school board and
to the teachers, it was handed over to be answered and to organize the collected data. In
addition to researching texts, books, articles, PCN3 and LDB4 of Early Childhood Education,
he will have theorists to support work such as Froebel, Garcia and Signorette.

Keywords: Caring, Educating, Early Childhood Education.

Introdução
3
PCN – Parâmetro Curricular Nacional

4
LDB – Lei de Diretrizes e Base da Educação
 Este trabalho apresenta a experiência vivenciada como estagiária numa escola na
cidade de Resende, o qual buscou averiguar as metodologias aplicadas e as dificuldades
enfrentadas pelos educadores da educação infantil. Também acompanhei as atividades dos
educadores da Educação Infantil na faixa etária de um ano e meio até quatro anos, sobre o
cuidar e educar, no qual o cuidar entende-se como assistencialismo e o educar ao
ensino/aprendizagem, de que são processos intrínsecos e problematiza as percepções que os
mesmo possuem. De acordo Signorette, 2002, o mais importante no cuidado humano é
compreender como ajudar o outro a se desenvolver como ser humano. Cuidar significa
valorizar e ajudar a desenvolver capacidades. O cuidado é um ato em relação ao outro e a si
próprio, que possui uma dimensão expressiva e implica em procedimentos específicos. Já
Garcia, 2001, diz que é importante educar desde o inicio, pois muitas vezes é confundida com
cuidar, sendo que deve intermediar a discussão. Não são os cuidados e sim a maneira que as
crianças devem recebê-la. O Cuidar e educar é a soma da ação pedagógica de consciência e
um olhar integrado ao desenvolvimento da criança, baseando em conceitos que aceitem sua
diversidade, tempo e suas peculiaridades relacionadas à infância. Desta forma, o professor
estar em constante observação para não tornar suas práticas repletas de regras e sim respeitar
uma etapa única, com obrigação social e ética. Acompanhando de perto as crianças na rotina
escolar foi constatado o quanto elas aprendem, desde que as estimule. Porém, algumas
educadoras não incentivavam a interação de algumas crianças ou não sabia como fazê-la, que
acabavam ficando isoladas por não serem compreendidas ou pela falta de sociabilidade. A
postura tomada pelas educadoras, futuramente poderá ocasionar dificuldades em relação ao
convívio na sociedade. De acordo com o RCN 5 para a Educação Infantil (BRASIL, 1998),
educar significa, portanto propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens
orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das
capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude
básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais
amplos da realidade social e cultural. Contudo, educar na primeira fase da vida, do zero aos
seis anos, não se deve confundir com cuidar, pois o que deve mediar o debate não são os
cuidados e sim de que forma as crianças devem recebê-los, porque são direitos inalienáveis à
infância. A criança já nasce com esse direito e não pode ser privada de forma alguma.
Segundo o RCNEI6 (Brasil, 1998, p.23) fala que

5
RCN – Referencial Curricular Nacional
6
RCNEI - Referencial Curricular da Educação Infantil
 “Educar significa, portanto propiciar situações de cuidados, brincadeiras e
aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o
desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar
com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o
acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e
cultural”.

Ao assumir o papel de cuidar e educar das crianças na educação infantil, muitas

vezes esses papeis são confundidos pelos profissionais da instituição e que são aplicados
apenas no cuidado (higiene, alimentação, etc.) ou no ensino-aprendizagem, achando que
educar/ensino são apenas lápis e papel na mão. Sendo que, na verdade o cuidar e educar deve
caminhar harmonicamente junto, pois são importantíssimos no desenvolvimento tanto
corporal quanto intelectual da criança. Conforme consta na Lei de Diretrizes e Bases 9.394,
art. 29° a educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Ao
observar as educadoras das turmas de dois e três anos, notei que o cuidar só acontecia apenas
na hora da higiene e o educar no processo de aprendizado. Por outro lado, as educadoras da
turma de um ano e meio e quatro anos estimulavam a aprendizagem dos alunos nas
brincadeiras, associando a brincadeira com a atividade que estava acontecendo, as partes do
brinquedo com as formas geométricas, ao ouvir música sobre o corpo ou das cores. A
instituição também possui crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e percebi a
dificuldade de algumas professoras e auxiliares, em relação ao cuidado e o educar desses
alunos. Nesta instituição, as auxiliares e as educadoras apresentavam dificuldades em
trabalhar com estes alunos. Então, a escola fornece palestra sobre o tema “Transtorno do
Espectro Autista”, cujos autores Kanner e Eisenberg falam sobre o assunto para tentar
esclarecer suas dúvidas. Na palestra são abordadas as características que a criança com este
transtorno apresenta e meios para estimular o seu desenvolvimento. Mesmo com as palestras
sobre o TEA, percebo que algumas professoras e auxiliares continuam tendo dificuldades em
relação aos cuidados e ao ensino/aprendizagem com estes alunos. Sabemos que a inclusão
deve ser feita e que toda criança tem o direito a educação, mas as escolas ainda não estão
preparadas o suficiente para recebê-las. Pois a forma como trabalham com os alunos ainda é
muito mecanizada, copiando apenas o modelo apresentado, sem experimentar no concreto.
Contudo, poderia ser diferente, de forma mais dinâmica, que instigasse a criança a
curiosidade e a busca do conhecimento, proporcionando o desenvolvimento gradativo da
criança. Após, ter vivenciado e observado o ambiente escolar e as metodologias usadas pelas
educadoras da instituição, percebi o quanto era importante uma boa relação e uma pedagogia
atrativa, a qual instigue os alunos e contribua para o seu desenvolvimento. Por esse motivo,
este trabalho vem abordar o assunto com o intuito de averiguar as vicissitudes e divergências
enfrentadas pelos educadores da educação infantil com relação à atuação do cuidar e educar,
pois perdura a compreensão do cuidar e o educar como simples junção de duas funções
divergentes: uma relacionada à dedicação, zelo e outra apreensiva com a aplicação dos
conteúdos, fora o cumprimento das normas. Refletindo sobre os materiais de pesquisa, usarei
como metodologia de estudo a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo. Esta pesquisa
será com quatro educadoras, analisando sua atuação dentro e fora de sala e um questionário
com algumas perguntas. Mas vale ressaltar que cuidar e educar são conciliares a prática
pedagógica, constituindo um olhar integrado no desenvolvimento da criança, embasando em
conceitos que refiram a sua disparidade, o tempo e as peculiaridades da infância. Entender
sua importância na educação infantil ajudará a compreender de que forma a contribuir para o
desenvolvimento cognitivo, linguístico, psicomotor e sócio afetivo da criança.

As Perspectivas de Cuidar e Educar na Educação Infantil

Na educação infantil o “cuidar” é parte integrante da educação, embora possa exigir

conhecimentos, habilidades e instrumentos que exploram a dimensão pedagógica. Cuidar de
uma criança em um contexto educativo demanda a integração de vários campos de
conhecimento e a cooperação de profissionais de diferentes áreas.

O mais importante, no cuidado humano, é compreender como ajudar o outro a se

desenvolver como ser humano. Cuidar significa valorizar e ajudar a desenvolver capacidades.
O cuidado é um ato em relação ao outro e a si próprio, que possui uma dimensão expressiva e
implica em procedimentos específicos (SIGNORETTE, 2002).

Para um desenvolvimento integral depende tanto dos cuidados relacionais que

envolvem a dimensão afetiva e dos cuidados com os aspectos biológicos do corpo, como a
qualidade da alimentação e dos cuidados com a saúde, quanto da forma como esses cuidados
são oferecidos e das oportunidades de acesso a conhecimentos variados.

A forma de cuidar, muitas vezes, é influenciada por crenças e valores em torno da

saúde, da educação e do desenvolvimento infantil, embora as necessidades humanas básicas
sejam comuns como, alimentar-se, proteger-se, etc. As formas de identificá-las, valorizá-las e
atendê-las são construídas socialmente. As necessidades básicas podem ser modificadas e
acrescidas de outras de acordo com o contexto sociocultural. Pode-se dizer que além daquelas
que preservam a vida orgânica, as necessidades afetivas são, também, base para o
desenvolvimento infantil.

O cuidado precisa considerar, principalmente, as necessidades das crianças, que

quando observadas, ouvidas e respeitadas, podem dar pistas importantes sobre a
qualidade do que estão recebendo. Os procedimentos de cuidado também precisam
seguir os princípios de promoção da saúde. Para se atingir os objetivos dos cuidados
com a preservação da vida e com o desenvolvimento das capacidades humanas, é
necessário que as atitudes e procedimentos estejam baseadas em conhecimentos
específicos sobre desenvolvimento biológico, emocional, e intelectual das crianças,
levando em conta diferentes realidades sócio-culturais (BRASIL, 1998, p. 25).

As ações relativas ao cuidar, por sua vez, são apresentadas de forma a ressaltar o
desenvolvimento integral da criança, envolvendo aspectos afetivos, relacionais, biológicos,
alimentares e concernentes à saúde. O contexto sociocultural aparece como determinante nas
construções humanas e nas necessidades básicas de sobrevivência, diferentes em cada cultura,
com isso, fica claro, no papel designado ao cuidar, a necessidade de envolvimento e
comprometimento do professor com a criança em todos os seus aspectos, e a compreensão
sobre o que ela sente e pensa o que traz consigo, a sua história e seus desejos.
Para cuidar é preciso um comprometimento com o outro, com sua singularidade, ser
solidário com suas necessidades, confiando em suas capacidades. Disso depende a construção
de um vínculo entre quem cuida e quem é cuidado. É preciso que o professor possa ajudar a
criança a identificar suas necessidades e priorizá-las, assim como atendê-las de forma
adequada. Deve-se cuidar da criança como pessoa que está num contínuo crescimento e
desenvolvimento, compreendendo sua singularidade, identificando e respondendo às suas
necessidades. Isso inclui interessar-se sobre o que a criança sente, pensa o que ela sabe sobre
si e sobre o mundo, visando à ampliação desse conhecimento e de suas habilidades, que aos
poucos se tornarão mais independente e mais autônoma.

O Educar na educação infantil é de suma importância que as instituições do ensino

infantil incorporem de maneira integrada as funções de cuidar e educar, não mais
diferenciando, nem hierarquizando os profissionais e instituições que atuam com crianças
pequenas ou àqueles que trabalham com as de mais idade. As novas funções da educação
infantil devem estar associadas a padrões de qualidade. Essa qualidade advém de concepções
de desenvolvimento que consideram as crianças nos seus contextos sociais, ambientais,
culturais e, mais concretamente, nas interações e práticas sociais que lhes fornecem elementos
relacionados às mais diversas linguagens e ao contato com os mais variados conhecimentos
para a construção da autonomia.
 A instituição de educação infantil deve tornar acessível a todas as crianças que a
frequentam, indiscriminadamente, elementos da cultura que enriquecem o seu
desenvolvimento e inserção social. Cumpre um papel socializador, propiciando o
desenvolvimento da identidade das crianças, por meio de aprendizagens
diversificadas, realizadas em situações de interação (BRASIL, 1998, p. 23).

Podem-se oferecer às crianças, condições para as aprendizagens que ocorrem nas

brincadeiras e àquelas advindas de situações pedagógicas intencionais ou aprendizagens
orientadas pelos adultos. Contudo, e importante ressaltar que essas aprendizagens, de
natureza diversa, ocorrem de maneira integrada no processo de desenvolvimento infantil.
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens
orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das
capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude
básica de aceitação, de respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos
mais amplos da realidade social e cultural.

Nesse processo, a educação infantil poderá auxiliar o desenvolvimento das

capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas,
emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes
e saudáveis.

O processo educativo é realizado de várias formas: na família, na rua, nos grupos

sociais e, também, na instituição. Educar, nessa primeira etapa da vida, não pode ser
confundido com cuidar, ainda que crianças (especialmente as de zero a 3 anos) necessitem de
cuidados elementares para garantia da própria sobrevivência. O que deve permear a discussão
não são os cuidados que as crianças devem receber, mas o modo como elas devem recebê-los,
já que alimentar-se, assear-se, brincar, dormir, interagir são direitos inalienáveis à infância
(GARCIA, 2001).
Para educar, faz-se necessário que o educador crie situações significativas de
aprendizagem, se quiser alcançar o desenvolvimento de habilidades cognitivas, psicomotoras
e socioafetivas, mas e, sobretudo, fundamental que a formação da criança seja vista como um
ato inacabado, sempre sujeito a novas inserções, a novos recuos, a novas tentativas.

A Contribuição do Cuidado e da Educação no Desenvolvimento da Educação Infantil

Na Educação Infantil, o cuidar está relacionado à educação, cuja quem cuida

necessita de competências e saberes. Cuidar de crianças na primeira fase dentro do um
ambiente de ensino aprendizagem exige uma integração em parceria entre os vários campos
do conhecimento.

Consequentemente, para cuidar é necessário está envolvido com a outra parte, tendo
a percepção de notar suas exiguidades e tentar sempre ajudar a solucioná-las. Signorette
(2002) diz que é importante o cuidado humano, cujo é entender como auxiliar o outro a se
desenvolver como ser humano e que “Cuidar” significa valorizar e ajudar a desenvolver
capacidades. Conforme o RCNEI (1998, p.25):

Para cuidar é preciso antes de tudo estar comprometido com o outro, com sua
singularidade, ser solidário com suas necessidades, confiando em suas
capacidades. Disso depende a construção de um vínculo entre quem cuida e
quem é cuidado (RCNEI,1998. p. 25).

Em outras palavras, o cuidado é uma parte primordial no desenvolvimento da

criança, pois no decorrer de seu crescimento, ela compreende que sempre terá alguém para
ajuda-la.

Já o Educar, necessita que o educador elabore eventos significativos para seu

aprendizado, de forma que desenvolva as habilidades cognitivas psicomotoras e socioafetivas,
pois é primordial que a formação da criança seja construída constante, para que introduza um
novo capítulo de seu aprendizado.

Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de

apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais,
estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e
saudáveis (BRASIL, 1998, p. 23).

Desta forma, somos capazes de entender o educar como uma mescla de

aprendizagens que aparece de forma conjunta, permitindo a criança se desenvolva das mais
inúmeras formas, desde suas necessidades.

Segundo Signorette (2002, p.06), educar é abranger todos os aspectos da vida do

aluno, desde o atendimento de suas necessidades mais básicas, primárias e elementares, até as
mais elaboradas e intelectualizadas. Com base nesses princípios, podemos concluir que cuidar
e educar são questões a serem tratados de maneira articulada quando se refere ao processo
educacional das crianças.

Metodologia e Trajetória da Pesquisa

 A metodologia usada no trabalho foi por meio de pesquisas bibliográficas e pesquisa
de campo. Uma pesquisa bibliográfica tem como ferramenta primordial a leitura em textos,
cuja retira as informações necessárias. Enquanto uma pesquisa de campo é a busca de
informações em espaços selecionados, no qual complementem os dados da pesquisa.
A pesquisa foi realizada em uma escola no município de Resende, onde oferece a
Educação Infantil até o ensino Médio, cujo conta com cinco professoras e seis
auxiliares/estagiárias que trabalham com crianças na faixa etária de um ano e meio até cinco
anos. A escola é bem organizada, de forma que cada grupo de crianças possuem sanitários
específicos de acordo com sua faixa de idade, além de serem adaptados para atender crianças
que apresentam necessidades físicas. Também conta com um ginásio, sala de vídeo, sala de
informática, uma biblioteca, um pátio coberto, cujas crianças brincam livre e um parquinho
que elas usufruem todos os dias fazendo um rodizio entre as turmas.
Participaram desta pesquisa apenas as educadoras da turma de um ano e meio até
quatro anos, sendo uma formada em Pedagogia, duas com magistério e uma cursando
Pedagogia. Uma das professoras já atuava há dez anos na Educação Infantil, outra há treze
anos no magistério como docente da Educação Infantil, a terceira também com o magistério,
exerce a profissão nove anos, dos quais cinco foram como estagiaria e a última que está
cursando Pedagogia há cinco anos, cujo quatro anos como auxiliar e este seria o seu primeiro
ano como regente da turma. A pesquisa não foi feita com a turma de cinco anos, pois não
acompanhava esta turma.
Observando por um tempo a relação entre as educadoras com as crianças, tendo que o
cuidar e educar foram constatados que, muitas delas sentem dificuldades em efetuar tarefas
relacionadas com o cuidado, pois algumas não possuem experiência na função ou ajuda
suficiente, de maneira que necessitam solucionar tudo de forma satisfatória.
Depois da analise de dados, foi possível ressaltarmos alguns fundamentos norteadores
que deram base à pesquisa, como a relação que existe entre cuidar e educar, as dificuldades
enfrentadas pelos docentes no cuidar e educar e metodologias aplicadas na educação infantil.
Ao responderem o questionário que associa a relação do cuidar e educar na educação
infantil, a maioria das educadoras respondeu que são concepções que indissociáveis e uma
delas respondeu que:
Eu penso que essas concepções estão juntas, até porque não tem como separa-los,
pois no momento que estou ensinando e instigando aquela criança a falar, a se
expressar, a pensar, a criar, eu estou cuidando dela também. (Professora do
Maternal I)
 Assim como foi dito por esta professora, Signorette (2002) também concorda que
cuidar e o educar devem caminhar juntos, porque ela diz que o individuo como um ser global,
logo que não pode ser visto de forma fragmentada. Propõe ainda que todos os momentos e em
todas as situações, o cuidar e o educar contemplam de forma democrática todas as diferenças.
É necessário levar em conta que há momentos em que aparecem dificuldades e que
muita das vezes os profissionais não estão preparados para enfrenta-los. No questionário, uma
das educadoras relatou as dificuldades enfrentadas na sala de aula, de forma que dificulta as
tarefas do cotidiano escolar.
[...] Tenho muitos alunos em sala e apenas uma auxiliar, cujo um deles apresenta o
Transtorno do Espectro autista, não fui preparada para recebê-lo e nem tenho
suportes adequados que atendam. Isso dificulta muito na rotina e no aprendizado
educacional das crianças. (Professora do Maternal II)

Já outra, diz o seguinte:

[...] temos várias dificuldades, mais uma delas é quando os pais mandam as
crianças doentes para escola, e nós ficamos sem saber o que fazer, então ligamos
para os pais buscarem e muitos só aparecem na hora da saída. (Professora do
Jardim I)

Essas são algumas dificuldades enfrentadas no cotidiano dessas educadoras, onde

muita das vezes não possui a parceria dos pais, apenas cobrança do desenvolvimento de seu
filho. Na LDB7 Lei 9394 no artigo 62 fala que a formação de docentes para atuar na educação
básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em
universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o
exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino
fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade Normal.
Mesmo o docente possuindo esta formação, ele sempre encontra obstáculos no dia a
dia, os quais não vivenciaram em sua graduação e quando se deparam com ele precisam
buscar meios para solucioná-los.
Quando foi abordada a forma como à inclusão de crianças com necessidades especiais
acontece e que forma é trabalho seu aprendizado, obtive a seguinte resposta:
PMI8: Tento instigá-lo ao máximo, introduzindo-o nas atividades com os colegas
sem forçar. Eu trabalho de maneira que sempre ao realizar uma atividade, ele
ganha algo em troca.

PMII9: Na hora da rodinha, coloco-o sentado para participar da atividade com os

amiguinhos, mais ele nunca fica. Então o deixo por conta da auxiliar e depois que
todos fizeram as atividades eu faço com ele.

7
LDB – Lei de Diretrizes e Bases
8
PMI – Professora Maternal I
9
PMII – Professora Maternal II
 PJI10: Eu trabalho com jogos lúdicos, bem coloridos, de maneira que prende à
atenção de todos. Desta forma, consigo fazê-lo acompanhar a turma e quando vejo
que está disperso, já faço algo novo para envolvê-lo.

PJII11: Tento da melhor forma possível, mas na maioria das vezes não tenho
sucesso, ele é muito agitado. Eu o deixo fazer o que tem vontade na sala e depois
que cansa sento ao lado dele para realizar as atividades que ficaram pendentes.

Conforme foi relatado pelas professoras, de forma geral a inclusão acontece cuja Lei
13.146 em seu artigo 1º fala que destina assegurar e a promover, em condições de igualdade,
o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por essas pessoas com deficiência,
visando à sua inclusão social e cidadania. Já na LDB12 lei 9394, artigo 59 diz que:

IV- Educação Especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em
sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de
inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins,
bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística,
intelectual ou psicomotora. (LDB lei 9394, art. 59, pág. 39)

Para tentar sanar as dúvidas das professoras, a instituição proporciona palestras, as

quais apontam características das crianças que apresentam o Transtorno do Espectro Autista e
formas para estimular o seu desenvolvimento. Mesmo com as palestras, as docentes sentem
dificuldades em trabalhas com as crianças, pois exige muita atenção e uma responsabilidade
enorme, mas tentam fazer o seu melhor.
Quando chegou à última pergunta que se refere à metodologia que elas trabalham em
salas de aula, de maneira que compreendemos o desenvolvimento de suas atividades,
certificando que o cuidar e o educar ocorram de forma conjunta. A metade respondeu ser algo
espontâneo, pois isso ocorre a todo o momento e naturalmente. Em contrapartida, o restante
respondeu que há momentos de cuidado e outros para ensinar.
PMI13: O cuidar está complementando o educar, logo não posso mudar muito menos
dizer que apenas educo, porque a criança ainda não consegue ir ao banheiro
sozinho, ainda não sabe calçar os sapatos, então tenho que ajudar. Em tudo que
estou cuidando, também estou ensinando, pois assim estou trabalhando o seu
desenvolvimento.

PMII: Eu trabalho constantemente a aprendizagem das crianças e na hora do cuidar

eu conto com ajuda da auxiliar, para fazer este processo, Mas quando ela está
ocupada, eu faço a troca de fralda, dou o lanche e ajudo na escovação dos dentes.
Acredito que assim, as crianças assimilam o aprendizado e se desenvolvem.

Depois de averiguar os dados coletados de uma forma geral, constatei que mesmo
com as dificuldades, o cuidar está em todos os momentos, já que são crianças pequenas e
necessitam de cuidados. De uma forma geral, o educar acontece na hora do cuidado, pois elas

10
PJI – Professora Jardim I
11
PJII – Professora Jardim II
12
LDB – Lei de Diretrizes e Bases
13
PMII – Professora Maternal I
ainda sabem algumas coisas e necessitam de ajuda e neste momento é propício para ensiná-
las. Com relação às crianças com TEA14, o cuidar e o educar acontecem de maneira separada,
pois a maioria delas ainda não compreende a concepção do tema na prática.
Baseando nas análises realizadas e na experiência que tive, pude conclui que não é
possível cuidar e não educar, pois não existe cuidado sem educação. O cuidado é o alicerce de
toda ligação que há na educação. Portanto, não há cuidado sem educação e sem cuidado não
existe educação.

Considerações Finais

O trabalho teve como objetivo analisar as concepções e divergências enfrentadas

pelos educadores da educação infantil com relação à atuação do cuidar e educar, pois são dois
lados indissociáveis que andam juntos. Porque, no momento que a criança recebe a
assistência, ao mesmo tempo ela está sendo educada do que pode e o que não pode fazer. A
relação entre cuidar e educar não pode ser compreendida como uma obrigação e sim vista
como um direito da criança.
Com base nas informações obtidas durante a pesquisa, foi constatado que há
necessidade de que o cuidar e o educar precisam ser trabalhados conjuntamente, porque de
acordo que foi relatado por algumas docentes, a maior dificuldade é trabalhar com crianças
com necessidades especiais, pois dizem não estarem preparadas para recebê-las. Diante disso,
faz-se necessário que os profissionais da educação infantil recebam formação continua para
atender este público que hoje está inserido no ambiente escolar.
O docente precisa fazer sua parte, de forma a buscar novos conhecimentos e tentar
aproveitar cada momento do cuidado, uma oportunidade de aprendizado lúdico para a
criança. Desta forma, ao inovar seus conhecimentos, o educador estará preparado para atuar e
vencer as dificuldades que aparecerão no seu cotidiano escolar.
Portanto, uma educação infantil que desenvolva as crianças, é fundamental que o
cuidar e o educar estejam juntos, e que a família forme parceria com a escola, de modo que
contribua com o crescimento do educando.

14
TEA – Transtorno do Espectro Autista
Referências Bibliográficas

ARCE, Alessandra (2002) – Friedrich Froebel – O Pedagogo dos Jardins de Infância –

Petrópolis/RJ: Vozes. 120.p

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Brasil, Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Conhecimento de

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SIGNORETTE, A. E. R. S. ET al. Educação e cuidado: dimensões afetiva e biológica
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